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AVA - LIBRAS

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O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE 
 
 
Libras 
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SURDEZ, ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAS 
O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE 
SURDEZ X DEFICIÊNCIA 
A surdez pode ser vista por três prismas: olhar clínico, educacional e cultural. 
 
• 1. Olhar clínico: 
 
É a incapacidade parcial ou total de audição ou hipoacúsia. É classificada de 
deficiência auditiva e pode ser de nascença ou causada posteriormente por doenças. 
O déficit na audição (surdez) produz uma redução na percepção de sons e dificulta a 
compreensão das palavras. A dificuldade aumenta com o grau da surdez, que pode ser 
leve, moderada, severa e profunda. 
• • Perda auditiva leve: não tem efeito significativo no desenvolvimento desde que 
não progrida; geralmente não é necessário uso de aparelho auditivo. 
 
• • Perda auditiva moderada: pode interferir no desenvolvimento da fala e língua 
oral, mas não chega a impedir que o individuo fale. 
• • Perda auditiva severa: interfere no desenvolvimento da fala e língua oral, mas 
com o uso de aparelho auditivo poderá receber informações utilizando a audição 
para o desenvolvimento da fala e língua oral. 
 
• • Perda auditiva profunda: a fala e a língua oral dificilmente irão ocorrer. 
 
 
 
 
 
 
 pai.pt direitodeouvir.com.br achaja.com 
 
 
 
 
• 2. Olhar educacional: 
Neste ponto de vista, surdez refere-se à incapacidade da criança aprender a língua por 
via auditiva e ter um desempenho acadêmico. A partir da Lei 10.436, o Governo 
brasileiro reconhece a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como língua materna dos 
surdos. Assegurando o direito que as instituições educacionais ministrem aulas em 
Libras, pelo menos com a presença de um TILS (Tradutor e Interprete de Língua de 
Sinais). Pois a surdez não interfere no desenvolvimento cognitivo e sim na diferença 
linguística. Consecutivamente, dar-se-a origem a inclusão nas escolas regulares e novos 
desafios a serem vencidos. 
 
 (FONTE: riopreto.sp.gov.br ) 
 (FONTE:dhepsi.nucleoead.net) 
 
• 3. Olhar na cultura: 
O surdo é visto e respeitado como um ser perfeito, possuidor de uma língua, LIBRAS, 
possui sua gramática específica, que é independente do portugês, está na categoria de 
espaço-visual e por isso nada tem em comum ou derivação ao Português que é uma 
língua oral. 
 
Segundo Quadros (2003, p. 217): 
O povo surdo se auto-identifica como “surdo” que forma um grupo com características 
linguísticas, cognitivas e culturais específicas, sendo considerado como diferença. 
Refletem PERLIN E MIRANDA “(...) ser surdo, a diferença que vai desde o ser líder 
ativo nos movimentos e embates que envolvem uma determinada função ativa, até 
daqueles outros que iniciam contatos nos contornos de fronteiras” . 
 
 
 
 
 vilminha-
deficinciaaud 
 blog-
tuco.blogspot.com 
portaljj.com.br 
 
 
Os deficiêntes auditivos são pessoas que em sua maioria não adotam a Libras como 
primeira língua, já que as famílias adotam o metódo oralista. Possuem identidade 
ouvintista, dessa maneira, não fazendo uso da cultura suda. 
 
 
 
quebarato.com.br jornalportaleste 
 
 
 
Quadro Comparativo 
 
Representação social Representação de povo surdo 
Deficiente “Ser surdo” 
A surdez é deficiência na audição e 
na fala 
Ser surdo é uma experiência visual 
A educação dos surdos deve ter um caráter 
clínico-terapêutico e 
de reabilitação 
A educação dos surdos deve ter 
respeito pela diferença linguística 
cultural 
Surdos são categorizados em graus 
de audição: leves, moderados, 
severos e profundos 
As identidades surdas são múltiplas 
e multifacetadas. 
A língua de sinais é prejudicial aos 
surdos 
A língua de sinais é a manifestação 
da diferença linguística relativa aos 
povos surdos 
(QUADROS, p 32) 
 
Com as conquistas alcançadas pelos surdos nos meios sociais se faz necessário que os 
sujeitos ouvintes busquem informações sobre esse povo e se desfaçam de alguns mitos a 
respeito dos surdos. Dessa maneira trago para vocês algumas informações valiosas. 
 
Mitos: 
• 1.Todo surdo é mudo: 
Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. As pessoas surdas apresentam condições 
físicas e fisiológicas necessárias para falar. Algumas não falam porque não foram 
ensinadas, outras porque acham que a língua favorece a efetivação e a agilidade na 
comunicação, e outras ainda por opção. 
• 2.Todo surdo é bom com atividades manuais: 
Habilidades com atividades manuais nada tem em comum com deficiência, isso não 
funciona como compensação da deficiência, todas pessoas podem desenvolver suas 
habilidades, em qualquer área que desejar. 
• 3.Os surdos são pessoas nervosas: 
A utilização de gestos, da ênfase na expressão facial, do esforço para falar e o fato de 
não escutarem os sons que emitem, fazem com que os ouvintes imaginem que os surdos 
estão “nervosos”. Na realidade, estão somente se comunicando, ou tentando se 
comunicarem. 
Ser nervoso não é uma característica da surdez. 
• 4.Todos os surdos fazem leitura labial: 
A leitura labial não é uma habilidade natural o para os surdos, ela precisa ser ensinada e 
treinada, principalmente quando o ouvinte que está a falar vira para os lados, usa bigode 
ou sai da sua naturalidade para abrir muito a boca, acreditando que dessa maneira estará 
ajudando, pelo contrário está dificultando. 
• 5.A língua de sinais é simplificada e incapaz de expressar conceitos 
abstratos: 
A Língua de sinais tem uma modalidade diferente da Língua oral, é espaço-visual. Sua 
estrutura é formada gramaticalmente por todos os elementos necessários à compreensão 
dos seus usuários. Dessa forma pode sim expressar qualquer mensagem transmitida. 
• 6.Os filhos de pais surdos são intérpretes de língua de sinais: 
Conhecer LIBRAS, não é o mesmo que dominar a língua, muitos filhos de surdos 
sabem o suficiente para se comunicar com seus pais, o que nem sempre é suficiente para 
ser um intérprete. 
 
FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS 
 
A surdez é uma deficiência não aparente, por isso deixamos de nos preocupar com ela, e 
só tomamos as devidas providências quando somos vitimas dela. A audição é o sentido 
que mais nos inclui na sociedade, pois é a maneira pela qual a população majoritária 
comunica-se. 
 
 
 
tribunadonorte.com.br aliancafrancesa... 
 
 
Segundo a Associação Portuguesa de Audiologistas, a deficiência auditiva pode ter 
origens diversas tais como: 
 
• 
• 
• 
• 1.Causas pré-natais (antes do parto) 
 
• • hereditárias, 
 
• • malformações congénitas, adquiridas pelo embrião devido a infecções virais ou 
bacterianas intra-uterinas (ex.: rubéola, sarampo, sífilis, citamegalovirus, herpes 
simplex, toxoplasmose), 
• 
• intoxicações intra-uterinas (ex.: quinino, álcool, drogas), 
• 
• alterações endócrinas (ex.: patologias da tiróide, diabetes), 
 
• • carências alimentares (ex.: vitaminicas), 
• 
• 
• • agentes físicos (ex.: raios X); 
• 
• 
• 
• 
• 
• 2.Causas peri-natais (durante o parto) 
 
• • traumatismos obstétricos (ex.: hemorragias do ouvido interno ou nas 
meninges), 
• 
• anóxia, 
 
• • incompatibilidades sanguíneas (do factor RH que podem provocar danos no 
sistema nervoso central); 
• 3.Causas pós-natais (depois do parto e no decurso da vida do indivíduo) 
 
• • doenças infecciosas, 
 
• • bacterianas (ex.: meningites, otites, inflamações agudas ou crónicas das fossas 
nasais e da naso-faringe), 
• virais (ex.: encefalites, varicela), 
 
• • intoxicações (ex.: alguns antibióticos, ácido acetilsalicílico, excesso de 
vitamina D que pode provocar lesão com hemorragiaou infiltração calcária nas 
artérias auditivas), 
• • trauma acústico (ex.: exposição prolongada a ruídos nos locais de trabalho ou 
em recintos de diversão; sons de elevada intensidade e de curta duração, tais 
como: nas explosões e na caça; diferenças de pressão, como no caso dos 
mergulhadores); 
 
 
medicinageriatrica.com.br 
Como já sabemos existem várias causas que provocam a surdez, o mesmo acontece com 
a prevenção. 
 
• 
• 
• 
• 1.Toda mulher em idade fértil (15 aos 35 anos), devem ser vacinadas contra a 
rubéola. A vacinação é simples e pode ser encontrada nos postos de saúde. 
 
2.Toda mulher gestante deve fazer um acompanhamento do pré-natal e se 
informar com seu médico sobre os riscos de alguns remédios tóxicos que podem 
causar a surdez. 
• 
• 
• 3.Após o nascimento é feito na criança o teste da orelhinha também muito fácil e 
rápido e já encontrado em algumas maternidades públicas. E fazer a vacinação 
da criança no tempo certo, já que existem muitas outras doenças infecciosas. 
 
• 4.No caso de exposição a ruídos pode-se fazer uso de abafadores colocados nos 
ouvidos e testes auditivos. 
A prevenção precoce é melhor maneira de combater a surdez. Ela é importante porque, 
se a deficiência auditiva não for percebida a tempo, causará alterações no 
desenvolvimento normal das vias auditivas cerebrais por falta de estimulação. Em casa 
e na escola, é importante observar o comportamento da criança. Atrasos no 
desenvolvimento da linguagem e da comunicação, alterações de comportamento, 
dificuldade no aprendizado e isolamento são indícios que pedem exames. 
Nas empresas e indústrias, testes de audição periódicamente e proteção de ouvido para 
empregados expostos a muito barulho, ajudam a prevenir a surdez ocupacional, 
relacionada a ruídos em ambiente de trabalho. De modo geral deve-se evitar a exposição 
a ruídos que agridam o ouvido. 
Vejamos o que a Associação Portuguesa de Audiologistas trás para nós: 
Tratamentos da surdez dependem da causa 
• • Se a perda auditiva for devido a um grande acúmulo de cera no canal do 
ouvido, o médico simplesmente fará a remoção usando o instrumento no 
consultório. 
• • Nas perfurações timpânicas e nas lesões e fixação dos ossículos (martelo, 
bigorna, estribo) o tratamento é cirúrgico. 
 
• • No caso de secreção acumulada atrás do tímpano (otite secretora) por mais de 
90 dias, sem melhorar a audição, a cirurgia também é indicada. 
• • Na doença da Meniére o tratamento é clínico, e às vezes cirúrgico. 
 
• • Em casos de tumores, o tratamento indicado pode ser essencialmente cirúrgico, 
radioterápico ou radiocirúrgico. 
• • Aparelho auditivo, cujo a função é ampliar o som. 
 
• • Implante coclear é indicado para os pacientes com surdez severa e profunda 
que não se beneficia com o aparelho auditivo. Os implantes são sistemas 
eletrônicos implantados cirurgicamente, que tem a função de transmitir 
estímulos elétricos ao cérebro através de nervo auditivo. No cérebro esses 
estímulos elétricos são interpretados como som. 
 
 
 
 
babyboomercaretaker.com hotfrog.com.br portalbaraogeraldo.com.br 
 
 
 
Página 01 de 01 
 
 
 
 
 
SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS 
 
 
Libras 
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SURDEZ, ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAS 
SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS 
O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO 
 
A história da humanidade se dá a partir da comunicação, é através dela que são passados 
ensinamentos científicos, morais, éticos entre outros. 
Dessa forma constituímos as sociedades. A história das pessoas com surdez sempre fica 
a margem dessa construção, já que se trata de uma sociedade que é usuária da língua 
oral ou falada e os surdos da língua visual diferença que não permitia a comunicação 
entre esses dois povos. 
A trajetória histórica dos surdos sempre foi marcada pela exclusão da sociedade. 
Vejamos agora alguns pontos relevantes na história dos surdos: 
• • Durante os séculos X a IX a.C, as leis permitiam que os recém-nascidos com 
sinais de debilidade ou algum tipo de má formação fossem lançados ao monte 
Taigeto. 
 
• • (Kanner, 1964, p.5), relatou que "a única ocupação para os retardados mentais 
(todos os deficientes), encontrados na literatura antiga é a de bobo ou de 
palhaço, para a diversão dos senhores e de seus hóspedes". Com a expansão do 
comércio os deficientes passaram a ser um peso para a sociedade, teriam que 
serem ingressados na sociedade, mas não haviam sido adaptados para o trabalho. 
• • Na surdez, as crianças eram consideradas irracionais, obrigadas a fazerem os 
trabalhos mais desprezíveis, viviam sozinhos e abandonados na miséria. Eram 
considerados pela lei da época como imbecis. Não recebiam comunhão nem 
heranças e ainda havia sanções bíblicas contra o casamento de duas pessoas 
surdas. Mais tarde, eram vistos como pessoas castigadas e enfeitiçadas, como 
doentes privados de alfabetização e instrução. 
 
Com o passar dos tempos novas concepções a respeito das pessoas surdas surgiam e 
novas experiências eram realizadas. Com o avanço da tecnologia surgem as próteses 
auditivas e os aparelhos de ampliação cada vez mais potentes, possibilitando ao surdo à 
aprendizagem da fala através de treinamento auditivo. 
Conforme Mazzotti, (1989) a escola aparece como sendo produtora de homens 
educados. Tendo como certo que a educação escolar constitui-se no único caminho 
seguro para a realização da educação dos cidadãos. 
 
 
 
aprendolibras.blogspot.com oconsultoriodamaria... 
 
 
Com a aprovação da lei de LIBRAS e reconhecimento de que a língua de sinais é a 
melhor maneira para a educação dos surdos, os caminhos para a educação sofreram 
grandes mudanças e várias áreas da ciência voltaram seus interesses em pesquisas, e foi 
a Linguística que mais ajudou a comprovar a competência das LIBRAS. 
Vejamos o que Quadros (2000, p. 217) 
 
Os estudos realizados na área da Lingüística têm se tornado ferramentas importantes 
para a comunidade surda garantir o direito a uma abordagem bilíngüe na condução de 
seu processo educacional. Isso se deve muito ao fato de, cada vez mais, as investigações 
lingüísticas apresentarem argumentos definitivos que comprovam ser um equívoco 
pensar na existência de primazia da modalidade oral de linguagem sobre a de sinais. 
Esse é um dogma que não se sustenta cientificamente, pois há muitas evidências de que 
os sistemas lingüísticos das línguas de sinais são o único caminho para as pessoas 
surdas terem linguagem. 
Os estudiosos trazem ainda a relevância das crianças surdas estarem em contato com a 
sua língua desde a tenra idade, da mesma maneira que acontece com os nossos bebes 
ouvintes. Quando isso acontece temos a garantia do bom desenvolvimento do cognitivo, 
nas questões lingusticas e sociais. 
 
 
 
 efeitodomino-sam... efeitodomino-sam... 
 
 
Até a pouco tempo a melhor forma que tínhamos de guardar os registros sobre a língua 
de sinais era as filmagens, hoje já contamos com a escrita das línguas de sinais. 
A Libras não possui sua escrita própria, para tanto se utiliza a língua portuguesa para 
sua grafia. Nos Estados Unidos já existe essa escrita, SignWriting, que um sistema de 
escrita de sinais que consegue expressar os movimentos e formas das mãos, as marcas 
não manuais (como a expressão facial), e os pontos de articulação. Esse metódo de 
grafia começa a ser difundido e bem aceito pelas comunidades surdas no Brasil e já 
contamos com algumas escolas fazendo a experiencia de alfabetizar os surdos também 
com a escrita dos sinais. 
Vejamos agora alguns exemplos: 
 
(FONTES DA 
IMAGEM:http://www.inf.unisinos.br/~swm/signforum/swf_1cinema.php) 
E as lutas não param por aí, já podemos contar com vários profissionais em diversas 
áreas na sociedade, como no teatro, cinema, escolas de artes e no meio acadêmico, com 
pesquisas, em criação de metodologia deensino, em literaturas surdas, ministrando 
aulas tanto para ouvintes como para surdos, entre outros. 
 
 
 
 
 
programamomentoscomjes...
 
curiosidadessobreacom
u. 
programamomentoscomjes.
.. 
 
 
 
PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE 
SURDA 
 
 
O que identidade? 
Segundo a enciclopédia livre Wikipedia: é o conjunto de caracteres próprios e 
exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos 
inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus 
semelhantes. 
Aurélio trás ainda: 
• • Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: nome, idade, 
estado, profissão, sexo, defeitos físicos, impressões digitais, etc. 
• • O aspecto coletivo de um conjunto de características pelas quais algo é 
definitivamente reconhecível, ou conhecido. 
 
Etimologicamente, na origem do Latim, a palavra identidade significa, “ser o mesmo”: 
IDENT + IDEM = o mesmo, idêntico. Por isso a construção da identidade se dá em 
conjunto, ou seja, em sociedade, em trocas, em contato com o outro semelhante a mim. 
A professora e doutora Ronice Muller de Quadros em seu livro, Estudos surdos II, trás a 
participação da Psicóloga e Mestre em Psicologia Social, Gladis Perlin na pesquisa da 
construção subjetiva da identidade surda, na APASFI - Associação de Pais e Amigos 
dos Surdos de Foz do Iguaçu. 
 
[...] As identificações centravam-se em torno da comunidade 
surda, na qual o reconhecimento de si passava pelo sinal próprio(recebido da 
comunidade surda) e não pelo nome próprio (recebido da família). 
...o surdo filho de pais ouvintes internaliza a cultura familiar e de que maneira essa 
internalização colabora para a formação de sua subjetividade. Para a análise, foram 
levados em consideração a diferença de língua e de cultura, o sentimento de 
“estrangeiro” que os surdos afirmaram sentir em relação a sua família de origem e, de 
maneira inversa, o seu sentimento de “familiaridade” quando encontraram a 
comunidade surda, que denominaram de sua “família[...] (QUADROS e PERLIN, 2007, 
p.156 *) 
 
Quando falamos de identidade, estamos falando de reconhecimento de si no outro, isso 
não acontece com a maioria dos surdos, já que 98 % nascem em família de ouvintes e 
devido a isso não tem contato com a língua de sinais no tempo devido para a aquisição 
da língua, e quando também não conseguem desenvolver bem a oralização, enfrentam 
sérios problemas por não ter uma identidade própria, ou seja, não se sente surdo, pois 
não domina a língua de sinais e nem ouvinte, pois não consegue acompanhar os 
usuários nessa modalidade, por consequência não identifica no seu grupo de 
convivência. 
[...] percebe-se com nitidez a existência de uma linha divisória que delineia condições 
contrastantes entre o antes e o depois do encontro com a comunidade surda e a língua de 
sinais. O antes é descrito como um período marcado pelo sofrimento, isolamento e 
alienação a que estavam submetidos por conviver apenas entre pessoas que interagiam 
somente através da oralidade. O depois passa a ser caracterizado como um momento 
repleto de alegria, de encontros agradáveis, de abertura para a vida.[...] (FERNANDES, 
2003. 38) 
 
 
 
vooz.com.br escoladereferencia... sac.org.br 
 
 
[...] Em si tratando de surdez, a terminologia diferença ao invés de deficiencia, nos 
remete a enxergar o outro como direfente de um outro que sou eu, com caracteristicas, 
jeitos, língua, cultura, e não, este outro que não sou eu, como deficiente, pensando 
assim, enxergamos o surdo como possuidor de identidade, desta forma usamos a 
expressão: Sujeitos de Identidades Surdas Múltiplas e Multifacetadas. Atualmente, 
compreendemos que este conceito de Identidades Surdas Múltiplas e Multifacetadas vai 
muito mais além dos sete modelos que a Gladis (2001) pontua, todavia, eles são a base 
para uma boa compreensão desse tema. [...] (SANTOS, 2010, p.34) 
 
Segue o texto na integra de autoria da Drª. em Educação Gladis Teresinha Taschetto 
Perlin, que é Surda. 
1. Identidades Surdas Políticas 
Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela política surda. São mais presentes 
em surdos que pertencem à comunidade surda e apresentam características culturais 
como sejam: 
1.Possuem a experiência visual que determina formas de comportamento, cultura, 
língua, etc. 
2. Carregam consigo a língua de sinais. Usam sinais sempre, pois é sua forma de 
expressão. Eles têm um costume bastante presente que os diferencia dos ouvintes e que 
caracteriza a diferença surda: a captação da mensagem é visual e não auditiva o envio 
de mensagens não usa o aparelho fonador, usa as mãos. 
3. Aceitam-se como surdos, sabem que são surdos e assumem um comportamento de 
pessoas surdas. Entram facilmente na política com identidade surda, onde impera a 
diferença: necessidade de intérpretes, de educação diferenciada, de língua de sinais, etc. 
4. Passam aos outros surdos sua cultura, sua forma de ser diferente; 
5. Assumem uma posição de resistência. 
 6. Assumem uma posição que avança em busca de delineação da identidade cultural. 
7. Assimilam pouco, ou não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem 
dificuldade de entendê-la. 
8. A escrita obedece à estrutura da língua de sinais, pode igualar-se a língua escrita, com 
reservas. 
9. Tem suas comunidades, associações, e/ou órgãos representativos e compartilham 
entre si suas dificuldades, aspirações, utopias. 
 
10.Usam tecnologia diferenciada: legenda e sinais na TV, telefone especial, 
campainha luminosa. 
11.Tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais. 
 
2. Identidades Surdas Híbridas 
Ou seja, os surdos que nasceram ouvintes e com o tempo alguma doença, acidente, etc. 
os deixaram surdos: 
1. Dependendo da idade em que a surdez chegou, conhecem a estrutura do português 
falado e o envio ou a captação da mensagem vez ou outra é na forma da língua oral. 
 
2. Usam língua oral ou língua de sinais para captar a mensagem. Esta identidade 
também é bastante diferenciada, alguns não usam mais a língua oral e usam sinais 
sempre. 
 
3.Assumem um comportamento de pessoas surdas, ex: usam tecnologia para surdos... 
4. Convive pacificamente com as identidades surdas. 
 
5.Assimilam um pouco mais que os outros surdos, ou não conseguem assimilar a ordem 
da língua falada, tem dificuldade de entendê-la. 
 
6. A escrita obedece a estrutura da língua de sinais, pode igualar-se a língua escrita, com 
reservas. 
 
7.Participam das comunidades, associações, e/ou órgãos representativos e compartilham 
com as identidades surdas suas dificuldades, políticas, aspirações e utopias. 
8.Aceitam-se como surdos, sabem que são surdos, exigem intérpretes, legenda e sinais 
na TV, telefone especial, companhia luminosa. 
9. Também em uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com 
animais. 
3. Identidades Surdas Flutuantes 
Os surdos que não têm contato com a comunidade surda. Para Karol Paden são outra 
categoria de surdos visto de não contarem com os benefícios da cultura surda. Eles 
também têm algumas características particulares. 
1. Seguem a representação da identidade ouvinte. 
2. Estão em dependência no mundo dos ouvintes seguem os seus princípios, respeitam-
nos colocam-nos acima dos princípios da comunidade surda, às vezes competem com 
ouvintes, pois que são induzidos no modelo da identidade ouvinte; 
3. Não participam da comunidade surda, associações e lutas políticas. 
4. Desconhecem ou rejeitam a presença do intérprete de língua de sinais 
5. Orgulham-se de saber falar "corretamente". 
6. Demonstram resistências a língua de sinais, cultura surda visto que isto, para eles, 
representa estereotipo. 
 
7. Não conseguiram identificar-se como surdos, sentem-se sempre inferiores aos 
ouvintes; isto pode causar muitas vezes depressão, fuga, suicídio, acusação aos outros 
surdos, competição com ouvintes,há alguns que vivem na angustia no desejo continuo 
de ser ouvintes. 
 
8. São as vitimas da ideologia oralista, da inclusão, da educação clinica, do preconceito 
e do preconceito da surdez. 
9. São surdos, quer ouçam algum som, quer não ouçam, persistem em usar aparelhos 
auriculares, não usam tecnologia dos surdos. 
4. Identidades Surdas Embaçadas 
As identidades surdas embaçadas são outro tipo que podemos encontrar diante da 
representação estereotipada da surdez ou desconhecimento da surdez como questão 
cultural. 
1.Os surdos não conseguem captar a representação da identidade ouvinte. Nem 
consegue compreender a fala. 
2.O surdo não tem condições de usar língua de sinais, não lhe foi ensinada nem teve 
contato com a mesma. 
 
3. São pessoas vistas como incapacitadas. 
4. Neste ponto, ouvintes determinam seus comportamentos, vida e aprendizados. 
5. É uma situação de deficiência, de incapacidade, de inércia, de revolta. 
6. Existem casos de aprisionamento de surdos na família, seja pelo estereotipo ou pelo 
preconceito, fazendo com que alguns surdos se tornem incapacitados de chegar ao saber 
ou de decidirem-se por si mesmos. 
 
7. Na família a falta de informação sobre o surdo é total e geralmente predomina a 
opinião do médico, e algumas clínicas reproduzem uma ideologia contra o 
reconhecimento da diferença. 
8. Estes são alguns mecanismos de poder construído pelos ouvintes sob representações 
clínicas da surdez, colocando o surdo entre os deficientes ou retardados mentais. 
 
5. Identidades Surdas de Transição 
Estão presentes na situação dos surdos que devido a sua condição social viveram em 
ambientes sem contato com a identidade surda ou que se afastam da identidade surda. 
1. Vivem no momento de transito entre uma identidade a outra. 
 
2. Se a aquisição da cultura surda não se dá na infância, normalmente a maioria dos 
surdos precisa passar por este momento de transição, visto que grande parte deles são 
filhos de pais ouvintes. 
 
3. No momento em que esses surdos conseguem contato com a comunidade surda, a 
situação muda e eles passam pela des-ouvintização, ou seja, rejeição da representação 
da identidade ouvinte. 
 
4. Embora passando por essa des-ouvintização, os surdos ficam com sequelas da 
representação, o que fica evidenciado em sua identidade em construção. 
5. Há uma passagem da comunicação visual/oral para a comunicação visual/sinalizada. 
6. Para os surdos em transição para a representação ouvinte, ou seja a identidade 
flutuante se dá o contrário. 
6. Identidades Surdas de Diáspora 
As Identidades de diáspora divergem das identidades de transição. Estão presentes entre 
os surdos que passam de um país a outro ou, inclusive passam de um Estado brasileiro a 
outro, ou ainda de um grupo surdo a outro. Ela pode ser identificada como o surdo 
carioca, o surdo brasileiro, o surdo norte americano. É uma identidade muito presente e 
marcada. 
 
7. Identidades Intermediárias 
O que vai determinar a identidade surda é sempre a experiência visual. Neste caso, em 
vista desta característica diferente distinguimos a identidade ouvinte da identidade 
surda. Temos também a identidade intermediaria geralmente identificada como sendo 
surda. Essas pessoas tem outra identidade pois tem uma característica que não lhes 
permite esta identidade isto é a sua captação de mensagens não é totalmente na 
experiência visual que determina a identidade surda. 
1. Apresentam alguma porcentagem de surdez, mas levam uma vida de ouvintes. 
 
2. Para estes são de importância os aparelhos de audição. 
3. Importância do treinamento oral. 
4. Busca de amplificadores de som... 
5. Não uso de intérpretes de cultura surda, etc... 
6. Quando presente na comunidade surda, geralmente se posiciona contra uso de 
interpretes ou considera o surdo como menos dotado e não entende a necessidade de 
língua de sinais de interpretes... 
7. Tem dificuldade de encontrar sua identidade visto que não é surdo nem ouvinte. 
 
 
 
Conclusão: 
 
As diferentes identidades surdas são bastante complexas, diversificadas. Isto pode ser 
constatado nesta divisão por identidades onde tem-se ocasião para identificar outras 
muitas identidades surdas, ex: surdos filhos de pais surdos; surdos que não tem nenhum 
contato com surdo, surdos que nasceram na cidade, ou que tiveram contato com língua 
de sinais desde a infância etc...Como dissemos, a identidade surda não é estável, está em 
contínua mudança. Os surdos não podem ser um grupo de identidade homogênea. Há 
que se respeitar as diferentes identidades. 
 
Em todo caso para a construção destas identidades impera sempre a identidade cultural, 
ou seja, a identidade surda como ponto de partida para identificar as outras identidades 
surdas. Esta identidade se caracteriza também como identidade política, pois está no 
centro das produções culturais. 
 
QUADROS, Ronice; PERLIN (org.)Estudos Surdos II. Petrópolis: Arara Azul, 2007. 
 
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ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS 
 
 
Leitura e Produção de Texto 
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SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 
ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS 
 
LINGUAGEM X LÍNGUA 
Para iniciarmos esse estudo é preciso que façamos a diferenciação entre os dois temas. 
Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de 
ideias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., 
podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se 
várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil etc., ou, ainda, outras mais 
complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. 
Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou 
palavras, usados para representar conceitos de comunicação, ideias, significados e 
pensamentos. 
 
 
Linguagem técnica de quadrinhos infantil 
 
 
 
(FONTE DAS IMAGENS: 
http://www.dsc.ufcg.edu.br/~pet/jornal/marco2009/images/materias/saude/cerebro-
e-a-linguagem.jpg 
http://www.formalivre.com/img/chickenlanguage.jpg 
http://cybersaude.files.wordpress.com/2007/01/linguagem_criancas.jpg) 
 
 
Língua: é também chamada de língua natural, é usado para a comunicação dos seres 
humanos. Ela é uma atividade mental que abrange os dois níveis de experiência: 
simbolização e conceitualização, construindo comportamentos, valores, costumes, 
tradições comuns. 
 Toda língua possui sua própria gramática. 
 
Linguagem técnica de quadrinhos infantil 
 
 
 
(FONTE DAS IMAGENS: 
www.c-americalatina.pt/scid/calweb/defaultArt... 
efabclc.wordpress.com/.../ 
escolareferencialamacaes.blogs.sapo.pt/2009/03/) 
 
 
Dessa maneira podemos dizer que linguagem todos nós podemos criar, basta que um 
grupo de pessoas esteja usando e se entendendo, enquanto que na língua é preciso mais, 
é preciso que se tenha uma gramática, normas, e todos os usuários passem por esse 
processo de maneira natural. 
Vejamos o que a professora e linguista, Lucinda Ferreira Brito (1993, p.116), da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, trás para nós a seguinte a respeito da língua de 
sinais. 
 
As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram 
espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura permitem a 
expressão de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico, 
concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da 
necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. Por isso, são complexas porque 
dotadas de todos os mecanismos necessários aos objetivos mencionados, porém, 
econômicas e “lógicas” porque servem para atingir todos esses objetivos de forma 
rápida e eficiente e até certo ponto de forma automática. Isto porque, tratando-se muitas 
vezes de significados que demandam operações complexas que devem ser transmitidas 
prontamentediante de diferentes situações e contextos, seus usuários terão que se 
utilizar dos mecanismos estruturais que elas oferecem de forma apropriada sem ter que 
pensar e elaborar longamente sobre como atingir seus objetivos linguísticos. 
 
Como já vivemos anteriormente a LIBRAS é uma língua viso-espacial, ou seja, uma 
língua para ser olhada-sinalizada e não falada como acontece com o Português que é 
oral- auditivo. 
 
Muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas na área da linguística, a respeito da 
aquisição da língua materna nos surdos e suas implicações. 
Abordando o desenvolvimento cognitivo da criança surda, Fernandes (2000, p.51) 
prioriza o suporte linguístico na língua de sinais, pois “saber propiciar a aquisição da 
Língua de Sinais à criança surda, antes de tudo como respaldo e principal instrumento 
para o desenvolvimento dos processos cognitivos, é o primeiro grande e indispensável 
passo para a verdadeira educação deste indivíduo”. Ao considerar os efeitos dos atrasos 
da linguagem, seus estudos trazem, principalmente, as implicações da função de 
organização da linguagem sobre o desenvolvimento cognitivo da criança surda que, 
como já foi apresentado anteriormente, muitas vezes é exposta tardiamente à língua 
materna; tal fato acarreta, portanto, muito mais que uma simples, dificuldade de 
comunicação. 
A estrutura da língua de sinais, diferentemente da língua oral, é analisada a partir de 
quatro parâmetros. São eles: a configuração das mãos, isto é, a forma da mão 
caracterizando o movimento; a alocação, ou seja, o espaço visual de sinalização 
no qual o sinal se desenvolve; a orientação, isto é, a posição da palma da mão em 
relação aos eixos vertical e horizontal do espaço de sinalização e, por último, o 
movimento da mão ou das mãos na articulação do sinal (BEHARES, 1987). 
Atualmente, as línguas de sinais vêm sendo reconhecidas como um sistema linguístico 
organizado, que possui especificidade quanto a funções sintáticas, semânticas, 
morfológicas e fonológicas, como outra língua qualquer. 
Concluímos que é através da LIBRAS que a pessoa surda melhor pode se expressar e 
aprender, já que se trata da sua língua e que é natural. 
 
 
 
(FONTE DAS IMAGENS: www.fimca.com.br/ver_noticia.asp?id=1230 
www.crisanto.jor.br/oktiva.net/2053/nota/109633) 
 
 
LIBRAS: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS 
 
Introdução visual 
 
Nunca ouvi nenhum som sequer: as ondas no mar, o vento, o canto dos pássaros e por aí 
vai. Para mim, entretanto, esses sons nunca foram essenciais para a compreensão do 
mundo, já que cada um deles sempre foi substituído por uma imagem visual, que me 
transmitia exatamente as mesmas emoções que qualquer pessoa que ouve sente, ou 
talvez ainda com mais força, quem sabe? As minhas palavras nunca faltaram, e nunca 
fui uma criança rebelde ou nervosa, por uma simples razão: sempre tive como me 
comunicar, as pessoas em minha volta sempre entendiam o que eu queria, pois 
compartilhavam das mesmas palavras que eu: os Sinais. (ANDRADE; CAMPELLO, p. 
101) 
 
A LIBRAS é uma língua completa, que possui todos os mecanismos necessários para 
transmissão de ideias, valores, cultura entre outros. Seus usuários não precisam recorrer 
a outra língua para a compreensão da mesma, por isso, é muito importante que as 
crianças sejam expostas a ela para que possam internalizá-la no tempo adequado de 
aquisição da língua e desenvolva as competências naturais de uma língua. 
Vejamos agora o que alguns linguistas trazem a respeito das línguas de sinais. 
 
• • Armstrong et al. (1995) enuncia que “todas as sociedades humanas utilizam 
gestos motores para complementarem suas informações sonoras veiculadas por 
meio da fala. Muitas vezes nos parece impossível falar sem movermos nossas 
mãos, nossos olhos e nossos braços. Para os falantes, esses gestos apenas ajudam 
a ilustrar um objeto, indicar uma direção, mostrar um estado emocional, mas 
para indivíduos privados da percepção do estímulo sonoro, eles passam a ser a 
única expressão capaz de ser compreendida. Esses indivíduos aprimoram tanto 
seus gestos que se tornam capazes de se comunicarem exclusivamente por meio 
de uma linguagem de sinais”. 
 
• • Stokoe (1960) relata que “a Língua de Sinais adquiriu reconhecimento pelas 
características linguísticas. A concepção stokeana postula que, para uma língua 
ser considerada natural, ela precisa ser utilizada por uma comunidade, como 
meio de comunicação difusora de valores constituintes de uma identidade que os 
assemelha, e também devem existir falantes que a adquiriram como primeira 
língua”. 
• 
• Marx ressalta o papel da finalidade numa atividade prática de que o homem 
não pode ser um mero expectador e que faz parte da atividade da consciência, 
desenvolvendo um produto ou um objetivo de acordo com o ideal, através da 
produção de conhecimento, formando conceitos, hipóteses, teorias ou leis, 
mediante os quais os homens conhecem a realidade, de acordo com a natureza. É 
transformar o real, objetivo, do mundo natural ou social para satisfazer 
determinada necessidade humana. E a Língua de Sinais Brasileira tem essa 
competência. 
 
• • Campello (2007), trás que “Com o uso da Língua de Sinais as crianças podem 
desenvolver normalmente suas inteligências para poderem levar vidas 
produtivas, auto-suficientes, desenvolvendo uma auto-imagem positiva e gozar 
do respeito de seus pares”. A Língua de Sinais, com a real importância da 
imagem visual e suas implicações, tem levado ao reconhecimento do direito 
linguístico dos surdos no acesso às diversas esferas federais, estaduais e 
municipais, na política (como na execução das leis do reconhecimento da língua 
de sinais), culturais (teatro), língua escrita (como signwriting, denominada de 
escrita de sinais), trabalho (presença dos intérpretes e instrutores de Língua de 
Sinais) e educacionais (professores bilíngues, professores surdos, intérpretes de 
Língua de Sinais, funcionários, diretores das escolas públicas e privadas). 
 
Vejamos agora um pouco sobre a gramática da Língua de Sinais Brasileira: 
Parâmetros da Libras 
O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas e são 
denominados sinais na Libras. 
O sinal é formado a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado 
formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um 
espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos 
fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de 
sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: 
• 
• 
• 
1. Configuração das Mãos: são formas que as mãos podem adotar para 
produzir um sinal, algumas podem ser a partir da datilologia (alfabeto manual) 
ou outras formas não. Alguns ainda podem ser feitos pela mão predominante 
(mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os 
sinais APRENDER, SÁBADO e DESODORANTE SPRAY, têm a mesma 
configuração de mão. 
 
(movimento de abrir e fechar a mão) (movimento circular) 
 
 
(FONTE DA IMAGEM: 
http://3.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/ScftoTuUSrI/AAAAAAAAAJgSLCg9dfu9P
k/s1600-h/ 
 
 
Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo 
esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do 
corpo até a cabeça) e horizontal (à frente do emissor) Os sinais TRABALHAR, 
BRINCAR, PAQUERAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, 
APRENDER e DECORAR são realizados na testa. 
 
 
(FONTE DA IMAGEM: 
http://4.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/Scfu61wf67I/AAAAAAAAAJo/-
UtaY7vasI8/s1600-h/) 
 
Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima tê m 
movimento, como também os sinais RIR, CHORAR e CONHECER, mas AJOELHAR 
e EM-PÉ não tem movimento. Exemplos: 
 
 
(FONTE DA IMAGEM: 
http://2.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/ScfwKNp0lgI/AAAAAAAAAJw/_rQUcbf8rT4/s1600-h/movimento.jpg) 
 
Orientação/direcionalidade: os sinais tê m uma direcionalidade com relação aos 
parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, 
como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e 
FECHAR-PORTA. 
Exemplos: 
 
 
 
(FONTE DA IMAGEM: 
http://1.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/Scfxq2bQrsI/AAAAAAAAAJ4/hRV8P4_ilG
w/s1600-h/) 
 
Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros 
mencionados acima, em sua configuração tê m como traço diferenciador também a 
expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos 
somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e 
expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em que sons e expressões faciais 
complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO e MOTO. 
Exemplos: 
 
 
 
(FONTE DA 
IMAGEM:http://1.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/Scf3Dk9lUBI/AAAAAAAAAK
A/VXuRfWoOugA/s1600-h/expressão.jpg) 
 
Na combinação destes cinco parâmetros tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, 
combinar estes elementos que formam as palavras e em um contexto. 
Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso aprender 
as regras de combinação destas palavras em frases, não esquecendo de que são os 
usuários dessa língua que melhor podem nos ajudar na sua compreensão. Quer dizer 
que: é estando em contato com os surdos que iremos aprimorando a nossa sinalização e 
aprendendo a pedagogia da Libras. 
 
Surdez, Família e Comunicação: Aprendendo A Libras 
A família, de uma forma geral, desempenha a função de cuidar, promover a saúde, o 
bem estar e dar proteção. Em uma família com filho surdo, acrescenta-se a isto a função 
da aprendizagem de uma outra língua, a Libras. 
A LIBRAS é a língua natural dos surdos, porém mais de 95% dos surdos é de família de 
ouvintes, ou seja, não possui a língua de sinais. As famílias na maioria das vezes 
descobrem a surdez da criança e se preocupa em tratar com métodos clínicos 
terapêuticos,deixando para muito tarde o acesso a língua de sinais. 
Geralmente as famílias oferecem a oralização como língua materna para o surdo, pois 
não conhecem a língua de sinais ou não sabe da sua real importância para a criança 
surda. Para o desenvolvimento pleno da criança é necessário que os três pilares de um 
ser seja garantido família, escola e sociedade. Para tanto a comunicação é fundamental. 
 
A família deve ser incluída no trabalho de estimulação precoce do seu filho. O estímulo 
familiar desta criança associado ao trabalho educacional precoce permitirá que haja 
desenvolvimento, e que este bebê tenha condições de adquirir uma comunicação que 
melhor o situe na sociedade mais tarde. 
 
A partir dos 2 a 3 anos, a criança busca conhecer o mundo, se torna cada vez mais 
consciente de si como pessoa no convívio com outras crianças e adultos. 
A criança surda também busca este conhecimento, a partir do uso de sinais espontâneos, 
expressões faciais, que precisam ser valorizadas e significadas pelos pais e professores 
como formas de comunicação. 
 
Com o início da escolaridade em creches e instituições de educação infantil comum, ou 
especial, a criança começa a partilhar com outros das brincadeiras, das conversas, da 
atenção em relação à professora. 
 
Neste período de socialização, a criança surda precisa ser exposta a uma linguagem 
compreensível para ela, assim poderá expressar seus desejos, suas necessidades, 
utilizando os sinais. 
Nas escolas já podemos contar com a inclusão, não podemos dizer que esse processo de 
adaptação físicas das escolas já está completo, pois não seria verdade, porém contamos 
com número crescente de profissionais que se especializam para receber essas crianças 
que precisam de um olhar diferenciado e compreendido pelas pessoas que os cercam. Já 
que se trata de uma diferença linguística. 
O Decreto 5.626, da Lei de LIBRAS, assegura as pessoas surdas: 
Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem 
proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua 
Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos 
e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
As famílias devem saber e exigir os direitos que foram assegurados à seus filhos e as 
escolas devem estar preparadas para receber essas crianças. 
A língua de sinais deve ser aprendida por todas as pessoas que fazem parte da 
convivência dessas crianças, por isso, faz-se necessário o curso de LIBRAS, que são 
encontrados em diversos lugares, tais como: escolas especiais para surdos, associações, 
faculdades, igrejas e até particulares, oferecidos por profissionais já habilitados. Com 
tantas facilidades que temos hoje, nada justifica a falta de comunicação com as crianças 
surdas. 
 
 
 
 
(FONTE DA IMAGEM: WWW.vilminha-
deficinciaauditiva.blogspot.com/2009_03_01_archive.html) 
 
 
O alfabeto manual não é LIBRAS, ele é um empréstimo linguístico, do Português para 
representações de nomes de pessoas, lugares e objetos, pois na LIBRAS são utilizados 
os sinais para essas representações. 
 
 
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CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO 
MUNDO 
 
 
 
Leitura e Produção de Texto 
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SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 
CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO 
MUNDO 
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS 
A Educação Especial tem sido definida em nosso país segundo uma perspectiva mais 
ampla que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especializados tal como 
vinha sendo sua marca nos últimos tempos. Educação Especial é, portanto, um processo 
educacional que se materializa por meio de um conjunto de recursos e serviços 
educacionais especiais, organizados para apoiar, complementar, suplementar e, em 
alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação 
formal e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que 
apresentam necessidades educacionais especiais, diferentes da maioria das crianças, 
jovens e adultos, em todos os níveis e modalidades de educação e ensino. (MEC, 2001). 
A atual Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 
20/12/1996, trata, especificamente, no Capítulo V, da Educação Especial. Define-a por 
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, 
para pessoas com necessidades educacionais especiais. Assim, ela perpassa todos os 
níveis de ensino, desde a Educação Infantil ao Ensino Superior. "Uma criança deficiente 
não é respeitada se for abandonada à sua deficiência, do mesmo modo que não é 
respeitada se negar a realidade da sua deficiência. É respeitada se a sua identidade, a sua 
originalidade, da qual a deficiência também faz parte, for favorecida e quase provocada, 
isto é, se ela for levada a desenvolver-se. Tal é a atitude realista ativa, em situação e em 
relação. Se for ao contrário, temos o realismo inerte". De acordo com Canevaro, 1984, 
(apud PERREIRA, 2008). 
 
Vejamos agora algumas atitudes cabíveis aos alunos com necessidades especiais. 
Alunos com necessidades educacionais especiais 
Apresentam, durante o processo educacional, dificuldades acentuadas de aprendizagem 
que podem ser: não vinculadas a uma causa orgânica específica ou relacionadas a 
condições, disfunções, limitações ou deficiências, abrangendo dificuldades de 
comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, bem como altas 
habilidades/superdotação. 
 
Tipos de atendimento educacional especializado 
Apoio pedagógico especializado. 
 
Atendimento educacional especializado, realizado preferencialmente na rede regular de 
ensino, ou, extraordinariamente, em centrosespecializados para viabilizar o acesso e 
permanência, com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais na 
escola. 
Constitui-se de atividades e recursos como: Ensino e interpretação de Libras, sistema 
Braille, comunicação alternativa, tecnologias assistidas, educação física adaptada, 
enriquecimento e aprofundamento curricular, oficinas pedagógicas, entre outros. 
A escola pode adotar políticas como: 
• • Flexibilização do processo ensino-aprendizagem de modo a atender às 
diferenças individuais; 
 
• • Adoção de currículos abertos e de propostas curriculares diversificadas para 
atender a todos e propiciar o progresso de cada um em função das possibilidades 
e diferenças individuais; 
• • Oferta de subsídios aos professores para a realização dessa tarefa, através de 
estudos de documentos, sugestões de leituras, dinâmicas organizadas pelos 
Serviços de Orientação Educacional e Psicologia Escolar, troca de experiências 
entre os docentes e reuniões com a equipe escolar; 
 
• • Envolvimento de toda comunidade escolar no processo de inclusão através de 
reuniões com a Equipe de Apoio Técnico Pedagógico. 
 
A política da educação inclusiva para os surdos 
A partir do reconhecimento e da aceitação às diferenças, estamos aptos a mudar nosso 
comportamento e a aceitar que o objeto destes sentimentos é uma pessoa como nós, ou 
seja, começaremos a identificar os pontos comuns entre nós e não mais a acentuar as 
diferenças. Poderemos, então, identificar o que nos une e constatar que nossa essência é 
a mesma: somos seres humanos, cuja diversidade indica riqueza de situações e 
possibilidade de intercâmbio de vivências e de aprendizagem. 
 
“É fundamentada na concepção de direitos humanos e impulsionada pelos movimentos 
sociais que buscam reverter processos históricos de exclusão educacional e social, visa a 
garantia do acesso de todos os alunos à escola da sua comunidade, independente de suas 
diferenças sociais, culturais, étnicas, raciais, sexuais, físicas, intelectuais, emocionais, 
linguísticas e outras. Para além da igualdade de oportunidades, a inclusão focaliza a 
valorização das diferenças e desenvolvimento de projetos pedagógicos que atendam as 
necessidades educacionais dos seus alunos, e promovam mudanças nas práticas e 
ambientes escolares, de modo a eliminar as barreiras que impedem o acesso ao currículo 
e o exercício da cidadania... 
Como uma proposta pedagógica, a educação inclusiva não está restrita ao campo de 
atuação da educação especial, altera a estrutura tradicional da escola fundada em 
padrões de ensino homogêneo e critérios de seleção e classificação, passando a orientar 
a construção de sistemas educacionais que efetive o direito de todos à educação. Ao 
assumir o compromisso de alterar as práticas educacionais e fundar uma nova cultura 
escolar que valorize as diferenças, a educação especial supera o caráter restrito 
identificado pela visão clínica e assistencial e passa a produzir avanços na perspectiva 
de inclusão e da acessibilidade.” (Claudia P. Dutra, Secretária de Educação Especial – 
MEC) 
 
Já é assegurado aos surdos o direito de matricular-se em qualquer escola regular, dessa 
forma as instituições devem se organizar para receber esses alunos que possuem uma 
diferença linguística, assumindo novas responsabilidades no desenvolvimento do 
processo educacional, promovendo assim o aprendizado de todos os alunos. 
 
Para os alunos surdos é praticado o ensino na perspectiva da educação bilíngue, ou seja, 
respeito e utilização da LIBRAS por toda comunidade escolar e para tradução em sala 
de aula, em tempo real, com o apoio do intérprete e na escrito do Português, garantindo 
assim a interação com os colegas. 
O Brasil destaca-se porque tem uma política educacional inclusiva, que provoca, 
também, mudanças na estrutura da educação superior pela introdução da Libras como 
disciplina obrigatória em todos os cursos que formam de professores e fonoaudiólogos, 
bem como para a oferta de cursos de licenciatura e de bacharelado em Libras. 
Dentre as principais ações nesta área, destacam-se: 
• • a implementação do Prolibras – Exame Nacional para Certificação de 
Proficiência no ensino da Língua Brasileira de Sinais e para Certificação de 
Proficiência em Tradução e Interpretação de Libras/Língua Portuguesa, 
realizado anualmente pelo MEC/INEP, em todos os estados, desde 2006, 
obtendo 1.380 profissionais certificados para o ensino de Libras e 1.480 
profissionais para a tradução e interpretação da Libras; 
 
• • a criação do Curso de Pedagogia Bilíngue – Libras/Língua Portuguesa, no 
Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, em 2005, que se tornou 
referência como primeiro curso superior bilíngue para a formação de professores 
surdos e ouvintes; 
• • a implantação do Curso Superior de Letras com Licenciatura em Língua 
Brasileira de Sinais/Libras e de Bacharelado em Tradução e Interpretação de 
Libras, em 2006 e 2008, respectivamente, por meio da parceria entre o MEC e a 
Universidade Federal de Santa Catarina com pólos em 30 instituições públicas 
de ensino superior, 
 na modalidade a distância, para mais de 1.000 
alunos; 
 
• • a implantação dos Centros de Formação de Profissionais da Educação e de 
Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS, implementado em parceria entre o 
MEC e todos os estados, com equipamentos e recursos para a oferta dos cursos 
de formação de professores, a produção de material bilíngue e o atendimento 
educacional especializado. 
O profissional intérprete da Língua Brasileira de Sinais 
 
É o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do seu país e que é 
qualificado para fazer a interpretação dessas duas línguas, do Português para LIBRAS, 
da LIBRAS para o Português. Ele também pode dominar outras línguas, como o inglês, 
o espanhol, a língua de sinais americana e fazer a interpretação para a língua brasileira 
de sinais ou vice-versa. 
Qual o papel do intérprete? 
 
Realizar a interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa 
observando os seguintes preceitos éticos: 
• • confiabilidade (sigilo profissional); 
• • imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões 
próprias); 
• • discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a 
atuação); 
• • distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são 
separados); 
• • fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a 
informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o 
objetivo da interpretação é passar o que realmente foi dito). 
 
O que acontece quando há carência de profissionais intérpretes? 
Quando há carência de intérpretes de língua de sinais, a interação entre surdos e pessoas 
que desconhecem a língua de sinais fica prejudicada. As implicações disso são, pelo 
menos, as seguintes: 
• • os surdos não participam de vários tipos de atividades (sociais, educacionais, 
culturais e políticas); 
• • os surdos não conseguem avançar em termos educacionais; 
• • os surdos ficam desmotivados a participarem de encontros, reuniões etc. 
• • os surdos não têm acesso às discussões e informações veiculadas na língua 
falada sendo, portanto, excluído da interação social, cultural e política sem 
direito ao exercício de sua cidadania; 
• 
• os surdos não se fazem "ouvir"; 
• • os ouvintes que não dominam a língua de sinais não conseguem se comunicar 
com os surdos. 
 
 
 
 
 (FONTE DAS IMAGENS: www.xprezz.dk/video/index.php?key=ulbra 
www.feiradesantana.ba.gov.br/noticia.asp?id=1588 
www.es.gov.br/.../show.aspx?noticiaId=99694311) 
 
 
DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA 
Trata dos Princípios, Política e Prática em Educação Especial. Trata-se de uma 
resolução das NaçõesUnidas adotada em Assemble ia Geral, a qual apresenta os 
Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para 
Pessoas Portadoras de Deficiências. 
A Declaração de Salamanca é considerada mundialmente um dos mais importantes 
documentos que visam a inclusão social, juntamente com a Convenção sobre os 
Direitos da Criança (1988) e da Declaração Mundial sobre Educação para Todos 
(1990). Faz parte da tendência mundial que vem consolidando a educação inclusiva. 
Sua origem é normalmente atribuída aos movimentos em favor dos direitos humanos e 
contra instituições segregacioanistas, movimentos iniciados a partir das décadas de 60 e 
70 do século XX. 
Vejamos agora alguns trechos da Declaração. 
• 1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, 
representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assembleia aqui 
em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, reafirmamos o nosso 
compromisso para com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e 
urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos 
com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e 
re-endossamos a Estrutura de Ação em Educação Especial, em que, pelo espírito 
de cujas provisões e recomendações governo e organizações sejam guiados. 
 
• 2. Acreditamos e Proclamamos que: 
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de 
atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, 
• toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de 
aprendizagem que são únicas, 
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam 
ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais 
características e necessidades, 
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, 
que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de 
satisfazer a tais necessidades, 
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais 
eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, 
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais 
escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência 
e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. 
 
 
 
 
(FONTE DAS IMAGENS: cumbre-iberoamericana.org, 
novaaguia.blogspot.com) 
 
 
 
• 3. Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles: 
• atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus 
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, 
independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais. 
• a mobilizar o apoio de organizações dos profissionais de ensino em questões 
relativas ao aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a 
necessidade educacionais especiais. 
 
• Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais especiais 
deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação 
efetiva. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de 
solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus 
colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes 
especiais ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente 
deveriam constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos 
infrequentes onde fique claramente demonstrado que a educação na classe 
regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da 
criança ou quando sejam requisitados em nome do bem-estar da criança ou de 
outras crianças. 
• Coordenação entre autoridades educacionais e as responsáveis pela saúde, 
trabalho e assistência social deveria ser fortalecida em todos os níveis no sentido 
de promover convergência e complementariedade, Planejamento e coordenação 
também deveriam levar em conta o papel real e o potencial que agências 
semipúblicas e organizações não-governamentais podem ter. Um esforço 
especial necessita ser feito no sentido de se atrair apoio comunitário à provisão 
de serviços educacionais especiais. 
 
• Treinamento especializado em educação especial que leve às qualificações 
profissionais deveria normalmente ser integrado com ou precedido de 
treinamento e experiência como uma forma regular de educação de professores 
para que a complementariedade e a mobilidade sejam asseguradas. 
• O sucesso de escolas inclusivas depende em muito da identificação precoce, 
avaliação e estimulação de crianças pré-escolares com necessidades 
educacionais especiais. Assistência infantil e programas educacionais para 
crianças até a idade de 6 anos deveriam ser desenvolvidos e/ou reorientados no 
sentido de promover o desenvolvimento físico, intelectual e social e a prontidão 
para a escolarização. Tais programas possuem um grande valor econômico para 
o indivíduo, a família e a sociedade na prevenção do agravamento de condições 
que inabilitam a criança. Programas neste nível deveriam reconhecer o princípio 
da inclusão e ser desenvolvidos de uma maneira abrangente, através da 
combinação de atividades pré-escolares e saúde infantil. 
 
Com os pontos mostrados acima podemos concluir que muito foi feito, mas a 
caminhada é longa que cada aluno possui suas próprias necessidades, portanto 
precisamos estar atentos aos novos desafios. 
 
 
 
(FONTE DA IMAGEM: http://www.proac.uff.br/novo-site-do-sensibiliza) 
 
 
Derrubando Mitos e Crenças no Trabalho com o Surdo 
Muito se acreditava na incapacidade de inteligência das pessoas surdos devido a sua 
diferença linguística, hoje sabemos que essa hipótese não procede e que a língua de 
sinais possibilita a construção cognitiva dos surdos da mesma forma que acontece com a 
língua portuguesa para os ouvintes. 
Mitos sobre a Perda Auditiva 
 
1. Os problemas auditivos são raros. 
 
Incorreto. Pelo menos 10% da população tem problemas de audição. Infelizmente, 
muitas pessoas não enfrentam o desafio cara-a-cara. Não há porque sentir-se 
constrangido de usar um aparelho auditivo. O constrangimento maior é estar fora de 
sintonia com as pessoas com quem convivemos no dia-a-dia. 
 
2. Os distúrbios auditivos afetam somente as pessoas idosas. 
 
Incorreto. Mais da metade das pessoas com audição reduzida tem menos de 65 anos. O 
problema pode afetar pessoas de todas as idades e classes sociais. 
 
 
3. Quando as pessoas não ouvem bem significa que estão começando a caducar. 
 
Incorreto. As perdas auditivas têm uma variedade de causas, mas não têm nada a ver 
com senilidade. Entretanto, se não forem tratadas, poderão conduzir a problemas de 
comunicação e de isolamento social. 
 
 
4. Eu posso ouvir música no mais alto volume que não me incomoda. Meus ouvidos 
estão acostumados. 
 
A maioria das pessoas com audição normal sente-se incomodadas com música em alto 
volume. O não sentir-se incomodado neste caso pode ser indício de perda auditiva. 
 
5. Pessoas com problemas de audição entendem melhor quando gritamos com elas. 
 
Incorreto. Na realidade, a conversação em voz alta pode doer os ouvidos. Gritar não fará 
um som distorcido mais fácil de entender e, na verdade, poderá piorar a situação. 
 
 
6. Os aparelhos auditivos corrigem a audição em 100%. 
 
Incorreto. Se por um lado os aparelhos auditivos podem compensar por muitas perdas, 
por outro não podem restaurar a audição normal. Os aparelhos ajudam a melhorar a 
audição que ainda lhe resta. 
7. Quando alguém é deficiente auditivo, significa apenas que os sons não são 
suficientemente altos. 
 
Isto é parte do problema. Pode ser que a pessoa tenha dificuldade de entender quando 
está em situações de grupo. Pode ser que ela ouve mas nem sempre entende o que está 
sendo dito. As palavras podem parecerconfusas ou desconectadas. Estes são apenas 
alguns dos sintomas. 
 
 
8. Ouvi dizer que não há solução para o meu tipo de perda auditiva. 
 
Na maioria dos casos, a debilitação do nervo auditivo pode ser compensada com a 
amplificação dos sons. Felizmente, há esperança para aquelas pessoas que antes não 
podiam ser ajudadas. 
 
 
9. Os aparelhos auditivos custam uma fortuna e não funcionam. 
 
Com os modernos avanços tecnológicos, a indústria auditiva tem dado um salto enorme 
no que se refere à qualidade e variedade de aparelhos oferecidos. O fato é que a grande 
maioria das pessoas se beneficiam com o uso de aparelhos auditivos. Embora os 
aparelhos mais sofisticados não estejam ao alcance de todos, não seria exagero afirmar 
que o aparelho auditivo poderá ser o melhor investimento que você fará em seu futuro. 
 
 
11. Toda pessoa que apresentar sangramento pelo ouvido ficará surda. 
Nem sempre a otorragia – saída de sangue pelo ouvido – significa perda auditiva 
permanente. Depende muito do local e causa do sangramento. Isso somente seu médio 
poderá dizer. 
 
15. A Língua de Sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, 
incapaz de expressar conceitos abstratos. 
Ao contrário dessa afirmação, os estudos demonstram que as Línguas de Sinais podem 
sim expressar pensamentos abstratos. Por meio dela é possível discutir política, 
economia, matemática, física, psicologia ou mesmo produzir poemas e peças teatrais. 
 
16. Haveria uma única e universal Língua de Sinais usada por todas as pessoas 
surdas. 
A Língua de Sinais não é universal, cada país tem a sua própria. Dessa forma, quando 
um surdo aprende uma segunda Língua de Sinais, por exemplo, ele utiliza sinais com 
sotaque estrangeiro. 
 
17. As Línguas de Sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos 
ouvintes. 
 
A Língua de Sinais apresenta todos os elementos classificatórios identificáveis de uma 
língua. Ela tem sua estrutura gramatical própria e é reconhecida linguisticamente como 
uma nova modalidade da capacidade de linguagem. Sendo assim, seu aprendizado 
demanda tempo e prática, como em qualquer outra língua. 
 
18. Professores de surdos são intérpretes de língua de sinais. 
 
Não é verdade que professores de surdos sejam necessariamente intérpretes de língua de 
sinais. Na verdade, os professores são professores e os intérpretes são intérpretes. Cada 
profissional desempenha sua função e papel que se diferenciam imensamente. O 
professor de surdos deve saber e utilizar muito bem a língua de sinais, mas isso não 
implica ser intérprete de língua de sinais. O professor tem o papel fundamental 
associado ao ensino e, portanto, completamente inserido no processo interativo social, 
cultural e linguístico. O intérprete, por outro lado, é o mediador entre pessoas que não 
dominam a mesma língua abstendo-se, na medida do possível, de interferir no processo 
comunicativo. 
É preciso que estejamos atentos para os pré-conceitos que foram formados para pessoas 
que são diferentes de nós. Nem sempre o outro é exatamente o que pensamos dele, por 
isso, devemos estar abertos para mudanças de ideias e verdades. 
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