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O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE Libras Voltar para Temas da disciplina SURDEZ, ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAS O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE SURDEZ X DEFICIÊNCIA A surdez pode ser vista por três prismas: olhar clínico, educacional e cultural. • 1. Olhar clínico: É a incapacidade parcial ou total de audição ou hipoacúsia. É classificada de deficiência auditiva e pode ser de nascença ou causada posteriormente por doenças. O déficit na audição (surdez) produz uma redução na percepção de sons e dificulta a compreensão das palavras. A dificuldade aumenta com o grau da surdez, que pode ser leve, moderada, severa e profunda. • • Perda auditiva leve: não tem efeito significativo no desenvolvimento desde que não progrida; geralmente não é necessário uso de aparelho auditivo. • • Perda auditiva moderada: pode interferir no desenvolvimento da fala e língua oral, mas não chega a impedir que o individuo fale. • • Perda auditiva severa: interfere no desenvolvimento da fala e língua oral, mas com o uso de aparelho auditivo poderá receber informações utilizando a audição para o desenvolvimento da fala e língua oral. • • Perda auditiva profunda: a fala e a língua oral dificilmente irão ocorrer. pai.pt direitodeouvir.com.br achaja.com • 2. Olhar educacional: Neste ponto de vista, surdez refere-se à incapacidade da criança aprender a língua por via auditiva e ter um desempenho acadêmico. A partir da Lei 10.436, o Governo brasileiro reconhece a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como língua materna dos surdos. Assegurando o direito que as instituições educacionais ministrem aulas em Libras, pelo menos com a presença de um TILS (Tradutor e Interprete de Língua de Sinais). Pois a surdez não interfere no desenvolvimento cognitivo e sim na diferença linguística. Consecutivamente, dar-se-a origem a inclusão nas escolas regulares e novos desafios a serem vencidos. (FONTE: riopreto.sp.gov.br ) (FONTE:dhepsi.nucleoead.net) • 3. Olhar na cultura: O surdo é visto e respeitado como um ser perfeito, possuidor de uma língua, LIBRAS, possui sua gramática específica, que é independente do portugês, está na categoria de espaço-visual e por isso nada tem em comum ou derivação ao Português que é uma língua oral. Segundo Quadros (2003, p. 217): O povo surdo se auto-identifica como “surdo” que forma um grupo com características linguísticas, cognitivas e culturais específicas, sendo considerado como diferença. Refletem PERLIN E MIRANDA “(...) ser surdo, a diferença que vai desde o ser líder ativo nos movimentos e embates que envolvem uma determinada função ativa, até daqueles outros que iniciam contatos nos contornos de fronteiras” . vilminha- deficinciaaud blog- tuco.blogspot.com portaljj.com.br Os deficiêntes auditivos são pessoas que em sua maioria não adotam a Libras como primeira língua, já que as famílias adotam o metódo oralista. Possuem identidade ouvintista, dessa maneira, não fazendo uso da cultura suda. quebarato.com.br jornalportaleste Quadro Comparativo Representação social Representação de povo surdo Deficiente “Ser surdo” A surdez é deficiência na audição e na fala Ser surdo é uma experiência visual A educação dos surdos deve ter um caráter clínico-terapêutico e de reabilitação A educação dos surdos deve ter respeito pela diferença linguística cultural Surdos são categorizados em graus de audição: leves, moderados, severos e profundos As identidades surdas são múltiplas e multifacetadas. A língua de sinais é prejudicial aos surdos A língua de sinais é a manifestação da diferença linguística relativa aos povos surdos (QUADROS, p 32) Com as conquistas alcançadas pelos surdos nos meios sociais se faz necessário que os sujeitos ouvintes busquem informações sobre esse povo e se desfaçam de alguns mitos a respeito dos surdos. Dessa maneira trago para vocês algumas informações valiosas. Mitos: • 1.Todo surdo é mudo: Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. As pessoas surdas apresentam condições físicas e fisiológicas necessárias para falar. Algumas não falam porque não foram ensinadas, outras porque acham que a língua favorece a efetivação e a agilidade na comunicação, e outras ainda por opção. • 2.Todo surdo é bom com atividades manuais: Habilidades com atividades manuais nada tem em comum com deficiência, isso não funciona como compensação da deficiência, todas pessoas podem desenvolver suas habilidades, em qualquer área que desejar. • 3.Os surdos são pessoas nervosas: A utilização de gestos, da ênfase na expressão facial, do esforço para falar e o fato de não escutarem os sons que emitem, fazem com que os ouvintes imaginem que os surdos estão “nervosos”. Na realidade, estão somente se comunicando, ou tentando se comunicarem. Ser nervoso não é uma característica da surdez. • 4.Todos os surdos fazem leitura labial: A leitura labial não é uma habilidade natural o para os surdos, ela precisa ser ensinada e treinada, principalmente quando o ouvinte que está a falar vira para os lados, usa bigode ou sai da sua naturalidade para abrir muito a boca, acreditando que dessa maneira estará ajudando, pelo contrário está dificultando. • 5.A língua de sinais é simplificada e incapaz de expressar conceitos abstratos: A Língua de sinais tem uma modalidade diferente da Língua oral, é espaço-visual. Sua estrutura é formada gramaticalmente por todos os elementos necessários à compreensão dos seus usuários. Dessa forma pode sim expressar qualquer mensagem transmitida. • 6.Os filhos de pais surdos são intérpretes de língua de sinais: Conhecer LIBRAS, não é o mesmo que dominar a língua, muitos filhos de surdos sabem o suficiente para se comunicar com seus pais, o que nem sempre é suficiente para ser um intérprete. FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS A surdez é uma deficiência não aparente, por isso deixamos de nos preocupar com ela, e só tomamos as devidas providências quando somos vitimas dela. A audição é o sentido que mais nos inclui na sociedade, pois é a maneira pela qual a população majoritária comunica-se. tribunadonorte.com.br aliancafrancesa... Segundo a Associação Portuguesa de Audiologistas, a deficiência auditiva pode ter origens diversas tais como: • • • • 1.Causas pré-natais (antes do parto) • • hereditárias, • • malformações congénitas, adquiridas pelo embrião devido a infecções virais ou bacterianas intra-uterinas (ex.: rubéola, sarampo, sífilis, citamegalovirus, herpes simplex, toxoplasmose), • • intoxicações intra-uterinas (ex.: quinino, álcool, drogas), • • alterações endócrinas (ex.: patologias da tiróide, diabetes), • • carências alimentares (ex.: vitaminicas), • • • • agentes físicos (ex.: raios X); • • • • • • 2.Causas peri-natais (durante o parto) • • traumatismos obstétricos (ex.: hemorragias do ouvido interno ou nas meninges), • • anóxia, • • incompatibilidades sanguíneas (do factor RH que podem provocar danos no sistema nervoso central); • 3.Causas pós-natais (depois do parto e no decurso da vida do indivíduo) • • doenças infecciosas, • • bacterianas (ex.: meningites, otites, inflamações agudas ou crónicas das fossas nasais e da naso-faringe), • virais (ex.: encefalites, varicela), • • intoxicações (ex.: alguns antibióticos, ácido acetilsalicílico, excesso de vitamina D que pode provocar lesão com hemorragiaou infiltração calcária nas artérias auditivas), • • trauma acústico (ex.: exposição prolongada a ruídos nos locais de trabalho ou em recintos de diversão; sons de elevada intensidade e de curta duração, tais como: nas explosões e na caça; diferenças de pressão, como no caso dos mergulhadores); medicinageriatrica.com.br Como já sabemos existem várias causas que provocam a surdez, o mesmo acontece com a prevenção. • • • • 1.Toda mulher em idade fértil (15 aos 35 anos), devem ser vacinadas contra a rubéola. A vacinação é simples e pode ser encontrada nos postos de saúde. 2.Toda mulher gestante deve fazer um acompanhamento do pré-natal e se informar com seu médico sobre os riscos de alguns remédios tóxicos que podem causar a surdez. • • • 3.Após o nascimento é feito na criança o teste da orelhinha também muito fácil e rápido e já encontrado em algumas maternidades públicas. E fazer a vacinação da criança no tempo certo, já que existem muitas outras doenças infecciosas. • 4.No caso de exposição a ruídos pode-se fazer uso de abafadores colocados nos ouvidos e testes auditivos. A prevenção precoce é melhor maneira de combater a surdez. Ela é importante porque, se a deficiência auditiva não for percebida a tempo, causará alterações no desenvolvimento normal das vias auditivas cerebrais por falta de estimulação. Em casa e na escola, é importante observar o comportamento da criança. Atrasos no desenvolvimento da linguagem e da comunicação, alterações de comportamento, dificuldade no aprendizado e isolamento são indícios que pedem exames. Nas empresas e indústrias, testes de audição periódicamente e proteção de ouvido para empregados expostos a muito barulho, ajudam a prevenir a surdez ocupacional, relacionada a ruídos em ambiente de trabalho. De modo geral deve-se evitar a exposição a ruídos que agridam o ouvido. Vejamos o que a Associação Portuguesa de Audiologistas trás para nós: Tratamentos da surdez dependem da causa • • Se a perda auditiva for devido a um grande acúmulo de cera no canal do ouvido, o médico simplesmente fará a remoção usando o instrumento no consultório. • • Nas perfurações timpânicas e nas lesões e fixação dos ossículos (martelo, bigorna, estribo) o tratamento é cirúrgico. • • No caso de secreção acumulada atrás do tímpano (otite secretora) por mais de 90 dias, sem melhorar a audição, a cirurgia também é indicada. • • Na doença da Meniére o tratamento é clínico, e às vezes cirúrgico. • • Em casos de tumores, o tratamento indicado pode ser essencialmente cirúrgico, radioterápico ou radiocirúrgico. • • Aparelho auditivo, cujo a função é ampliar o som. • • Implante coclear é indicado para os pacientes com surdez severa e profunda que não se beneficia com o aparelho auditivo. Os implantes são sistemas eletrônicos implantados cirurgicamente, que tem a função de transmitir estímulos elétricos ao cérebro através de nervo auditivo. No cérebro esses estímulos elétricos são interpretados como som. babyboomercaretaker.com hotfrog.com.br portalbaraogeraldo.com.br Página 01 de 01 SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS Libras Voltar para Temas da disciplina SURDEZ, ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAS SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO A história da humanidade se dá a partir da comunicação, é através dela que são passados ensinamentos científicos, morais, éticos entre outros. Dessa forma constituímos as sociedades. A história das pessoas com surdez sempre fica a margem dessa construção, já que se trata de uma sociedade que é usuária da língua oral ou falada e os surdos da língua visual diferença que não permitia a comunicação entre esses dois povos. A trajetória histórica dos surdos sempre foi marcada pela exclusão da sociedade. Vejamos agora alguns pontos relevantes na história dos surdos: • • Durante os séculos X a IX a.C, as leis permitiam que os recém-nascidos com sinais de debilidade ou algum tipo de má formação fossem lançados ao monte Taigeto. • • (Kanner, 1964, p.5), relatou que "a única ocupação para os retardados mentais (todos os deficientes), encontrados na literatura antiga é a de bobo ou de palhaço, para a diversão dos senhores e de seus hóspedes". Com a expansão do comércio os deficientes passaram a ser um peso para a sociedade, teriam que serem ingressados na sociedade, mas não haviam sido adaptados para o trabalho. • • Na surdez, as crianças eram consideradas irracionais, obrigadas a fazerem os trabalhos mais desprezíveis, viviam sozinhos e abandonados na miséria. Eram considerados pela lei da época como imbecis. Não recebiam comunhão nem heranças e ainda havia sanções bíblicas contra o casamento de duas pessoas surdas. Mais tarde, eram vistos como pessoas castigadas e enfeitiçadas, como doentes privados de alfabetização e instrução. Com o passar dos tempos novas concepções a respeito das pessoas surdas surgiam e novas experiências eram realizadas. Com o avanço da tecnologia surgem as próteses auditivas e os aparelhos de ampliação cada vez mais potentes, possibilitando ao surdo à aprendizagem da fala através de treinamento auditivo. Conforme Mazzotti, (1989) a escola aparece como sendo produtora de homens educados. Tendo como certo que a educação escolar constitui-se no único caminho seguro para a realização da educação dos cidadãos. aprendolibras.blogspot.com oconsultoriodamaria... Com a aprovação da lei de LIBRAS e reconhecimento de que a língua de sinais é a melhor maneira para a educação dos surdos, os caminhos para a educação sofreram grandes mudanças e várias áreas da ciência voltaram seus interesses em pesquisas, e foi a Linguística que mais ajudou a comprovar a competência das LIBRAS. Vejamos o que Quadros (2000, p. 217) Os estudos realizados na área da Lingüística têm se tornado ferramentas importantes para a comunidade surda garantir o direito a uma abordagem bilíngüe na condução de seu processo educacional. Isso se deve muito ao fato de, cada vez mais, as investigações lingüísticas apresentarem argumentos definitivos que comprovam ser um equívoco pensar na existência de primazia da modalidade oral de linguagem sobre a de sinais. Esse é um dogma que não se sustenta cientificamente, pois há muitas evidências de que os sistemas lingüísticos das línguas de sinais são o único caminho para as pessoas surdas terem linguagem. Os estudiosos trazem ainda a relevância das crianças surdas estarem em contato com a sua língua desde a tenra idade, da mesma maneira que acontece com os nossos bebes ouvintes. Quando isso acontece temos a garantia do bom desenvolvimento do cognitivo, nas questões lingusticas e sociais. efeitodomino-sam... efeitodomino-sam... Até a pouco tempo a melhor forma que tínhamos de guardar os registros sobre a língua de sinais era as filmagens, hoje já contamos com a escrita das línguas de sinais. A Libras não possui sua escrita própria, para tanto se utiliza a língua portuguesa para sua grafia. Nos Estados Unidos já existe essa escrita, SignWriting, que um sistema de escrita de sinais que consegue expressar os movimentos e formas das mãos, as marcas não manuais (como a expressão facial), e os pontos de articulação. Esse metódo de grafia começa a ser difundido e bem aceito pelas comunidades surdas no Brasil e já contamos com algumas escolas fazendo a experiencia de alfabetizar os surdos também com a escrita dos sinais. Vejamos agora alguns exemplos: (FONTES DA IMAGEM:http://www.inf.unisinos.br/~swm/signforum/swf_1cinema.php) E as lutas não param por aí, já podemos contar com vários profissionais em diversas áreas na sociedade, como no teatro, cinema, escolas de artes e no meio acadêmico, com pesquisas, em criação de metodologia deensino, em literaturas surdas, ministrando aulas tanto para ouvintes como para surdos, entre outros. programamomentoscomjes... curiosidadessobreacom u. programamomentoscomjes. .. PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SURDA O que identidade? Segundo a enciclopédia livre Wikipedia: é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes. Aurélio trás ainda: • • Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: nome, idade, estado, profissão, sexo, defeitos físicos, impressões digitais, etc. • • O aspecto coletivo de um conjunto de características pelas quais algo é definitivamente reconhecível, ou conhecido. Etimologicamente, na origem do Latim, a palavra identidade significa, “ser o mesmo”: IDENT + IDEM = o mesmo, idêntico. Por isso a construção da identidade se dá em conjunto, ou seja, em sociedade, em trocas, em contato com o outro semelhante a mim. A professora e doutora Ronice Muller de Quadros em seu livro, Estudos surdos II, trás a participação da Psicóloga e Mestre em Psicologia Social, Gladis Perlin na pesquisa da construção subjetiva da identidade surda, na APASFI - Associação de Pais e Amigos dos Surdos de Foz do Iguaçu. [...] As identificações centravam-se em torno da comunidade surda, na qual o reconhecimento de si passava pelo sinal próprio(recebido da comunidade surda) e não pelo nome próprio (recebido da família). ...o surdo filho de pais ouvintes internaliza a cultura familiar e de que maneira essa internalização colabora para a formação de sua subjetividade. Para a análise, foram levados em consideração a diferença de língua e de cultura, o sentimento de “estrangeiro” que os surdos afirmaram sentir em relação a sua família de origem e, de maneira inversa, o seu sentimento de “familiaridade” quando encontraram a comunidade surda, que denominaram de sua “família[...] (QUADROS e PERLIN, 2007, p.156 *) Quando falamos de identidade, estamos falando de reconhecimento de si no outro, isso não acontece com a maioria dos surdos, já que 98 % nascem em família de ouvintes e devido a isso não tem contato com a língua de sinais no tempo devido para a aquisição da língua, e quando também não conseguem desenvolver bem a oralização, enfrentam sérios problemas por não ter uma identidade própria, ou seja, não se sente surdo, pois não domina a língua de sinais e nem ouvinte, pois não consegue acompanhar os usuários nessa modalidade, por consequência não identifica no seu grupo de convivência. [...] percebe-se com nitidez a existência de uma linha divisória que delineia condições contrastantes entre o antes e o depois do encontro com a comunidade surda e a língua de sinais. O antes é descrito como um período marcado pelo sofrimento, isolamento e alienação a que estavam submetidos por conviver apenas entre pessoas que interagiam somente através da oralidade. O depois passa a ser caracterizado como um momento repleto de alegria, de encontros agradáveis, de abertura para a vida.[...] (FERNANDES, 2003. 38) vooz.com.br escoladereferencia... sac.org.br [...] Em si tratando de surdez, a terminologia diferença ao invés de deficiencia, nos remete a enxergar o outro como direfente de um outro que sou eu, com caracteristicas, jeitos, língua, cultura, e não, este outro que não sou eu, como deficiente, pensando assim, enxergamos o surdo como possuidor de identidade, desta forma usamos a expressão: Sujeitos de Identidades Surdas Múltiplas e Multifacetadas. Atualmente, compreendemos que este conceito de Identidades Surdas Múltiplas e Multifacetadas vai muito mais além dos sete modelos que a Gladis (2001) pontua, todavia, eles são a base para uma boa compreensão desse tema. [...] (SANTOS, 2010, p.34) Segue o texto na integra de autoria da Drª. em Educação Gladis Teresinha Taschetto Perlin, que é Surda. 1. Identidades Surdas Políticas Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela política surda. São mais presentes em surdos que pertencem à comunidade surda e apresentam características culturais como sejam: 1.Possuem a experiência visual que determina formas de comportamento, cultura, língua, etc. 2. Carregam consigo a língua de sinais. Usam sinais sempre, pois é sua forma de expressão. Eles têm um costume bastante presente que os diferencia dos ouvintes e que caracteriza a diferença surda: a captação da mensagem é visual e não auditiva o envio de mensagens não usa o aparelho fonador, usa as mãos. 3. Aceitam-se como surdos, sabem que são surdos e assumem um comportamento de pessoas surdas. Entram facilmente na política com identidade surda, onde impera a diferença: necessidade de intérpretes, de educação diferenciada, de língua de sinais, etc. 4. Passam aos outros surdos sua cultura, sua forma de ser diferente; 5. Assumem uma posição de resistência. 6. Assumem uma posição que avança em busca de delineação da identidade cultural. 7. Assimilam pouco, ou não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem dificuldade de entendê-la. 8. A escrita obedece à estrutura da língua de sinais, pode igualar-se a língua escrita, com reservas. 9. Tem suas comunidades, associações, e/ou órgãos representativos e compartilham entre si suas dificuldades, aspirações, utopias. 10.Usam tecnologia diferenciada: legenda e sinais na TV, telefone especial, campainha luminosa. 11.Tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais. 2. Identidades Surdas Híbridas Ou seja, os surdos que nasceram ouvintes e com o tempo alguma doença, acidente, etc. os deixaram surdos: 1. Dependendo da idade em que a surdez chegou, conhecem a estrutura do português falado e o envio ou a captação da mensagem vez ou outra é na forma da língua oral. 2. Usam língua oral ou língua de sinais para captar a mensagem. Esta identidade também é bastante diferenciada, alguns não usam mais a língua oral e usam sinais sempre. 3.Assumem um comportamento de pessoas surdas, ex: usam tecnologia para surdos... 4. Convive pacificamente com as identidades surdas. 5.Assimilam um pouco mais que os outros surdos, ou não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem dificuldade de entendê-la. 6. A escrita obedece a estrutura da língua de sinais, pode igualar-se a língua escrita, com reservas. 7.Participam das comunidades, associações, e/ou órgãos representativos e compartilham com as identidades surdas suas dificuldades, políticas, aspirações e utopias. 8.Aceitam-se como surdos, sabem que são surdos, exigem intérpretes, legenda e sinais na TV, telefone especial, companhia luminosa. 9. Também em uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais. 3. Identidades Surdas Flutuantes Os surdos que não têm contato com a comunidade surda. Para Karol Paden são outra categoria de surdos visto de não contarem com os benefícios da cultura surda. Eles também têm algumas características particulares. 1. Seguem a representação da identidade ouvinte. 2. Estão em dependência no mundo dos ouvintes seguem os seus princípios, respeitam- nos colocam-nos acima dos princípios da comunidade surda, às vezes competem com ouvintes, pois que são induzidos no modelo da identidade ouvinte; 3. Não participam da comunidade surda, associações e lutas políticas. 4. Desconhecem ou rejeitam a presença do intérprete de língua de sinais 5. Orgulham-se de saber falar "corretamente". 6. Demonstram resistências a língua de sinais, cultura surda visto que isto, para eles, representa estereotipo. 7. Não conseguiram identificar-se como surdos, sentem-se sempre inferiores aos ouvintes; isto pode causar muitas vezes depressão, fuga, suicídio, acusação aos outros surdos, competição com ouvintes,há alguns que vivem na angustia no desejo continuo de ser ouvintes. 8. São as vitimas da ideologia oralista, da inclusão, da educação clinica, do preconceito e do preconceito da surdez. 9. São surdos, quer ouçam algum som, quer não ouçam, persistem em usar aparelhos auriculares, não usam tecnologia dos surdos. 4. Identidades Surdas Embaçadas As identidades surdas embaçadas são outro tipo que podemos encontrar diante da representação estereotipada da surdez ou desconhecimento da surdez como questão cultural. 1.Os surdos não conseguem captar a representação da identidade ouvinte. Nem consegue compreender a fala. 2.O surdo não tem condições de usar língua de sinais, não lhe foi ensinada nem teve contato com a mesma. 3. São pessoas vistas como incapacitadas. 4. Neste ponto, ouvintes determinam seus comportamentos, vida e aprendizados. 5. É uma situação de deficiência, de incapacidade, de inércia, de revolta. 6. Existem casos de aprisionamento de surdos na família, seja pelo estereotipo ou pelo preconceito, fazendo com que alguns surdos se tornem incapacitados de chegar ao saber ou de decidirem-se por si mesmos. 7. Na família a falta de informação sobre o surdo é total e geralmente predomina a opinião do médico, e algumas clínicas reproduzem uma ideologia contra o reconhecimento da diferença. 8. Estes são alguns mecanismos de poder construído pelos ouvintes sob representações clínicas da surdez, colocando o surdo entre os deficientes ou retardados mentais. 5. Identidades Surdas de Transição Estão presentes na situação dos surdos que devido a sua condição social viveram em ambientes sem contato com a identidade surda ou que se afastam da identidade surda. 1. Vivem no momento de transito entre uma identidade a outra. 2. Se a aquisição da cultura surda não se dá na infância, normalmente a maioria dos surdos precisa passar por este momento de transição, visto que grande parte deles são filhos de pais ouvintes. 3. No momento em que esses surdos conseguem contato com a comunidade surda, a situação muda e eles passam pela des-ouvintização, ou seja, rejeição da representação da identidade ouvinte. 4. Embora passando por essa des-ouvintização, os surdos ficam com sequelas da representação, o que fica evidenciado em sua identidade em construção. 5. Há uma passagem da comunicação visual/oral para a comunicação visual/sinalizada. 6. Para os surdos em transição para a representação ouvinte, ou seja a identidade flutuante se dá o contrário. 6. Identidades Surdas de Diáspora As Identidades de diáspora divergem das identidades de transição. Estão presentes entre os surdos que passam de um país a outro ou, inclusive passam de um Estado brasileiro a outro, ou ainda de um grupo surdo a outro. Ela pode ser identificada como o surdo carioca, o surdo brasileiro, o surdo norte americano. É uma identidade muito presente e marcada. 7. Identidades Intermediárias O que vai determinar a identidade surda é sempre a experiência visual. Neste caso, em vista desta característica diferente distinguimos a identidade ouvinte da identidade surda. Temos também a identidade intermediaria geralmente identificada como sendo surda. Essas pessoas tem outra identidade pois tem uma característica que não lhes permite esta identidade isto é a sua captação de mensagens não é totalmente na experiência visual que determina a identidade surda. 1. Apresentam alguma porcentagem de surdez, mas levam uma vida de ouvintes. 2. Para estes são de importância os aparelhos de audição. 3. Importância do treinamento oral. 4. Busca de amplificadores de som... 5. Não uso de intérpretes de cultura surda, etc... 6. Quando presente na comunidade surda, geralmente se posiciona contra uso de interpretes ou considera o surdo como menos dotado e não entende a necessidade de língua de sinais de interpretes... 7. Tem dificuldade de encontrar sua identidade visto que não é surdo nem ouvinte. Conclusão: As diferentes identidades surdas são bastante complexas, diversificadas. Isto pode ser constatado nesta divisão por identidades onde tem-se ocasião para identificar outras muitas identidades surdas, ex: surdos filhos de pais surdos; surdos que não tem nenhum contato com surdo, surdos que nasceram na cidade, ou que tiveram contato com língua de sinais desde a infância etc...Como dissemos, a identidade surda não é estável, está em contínua mudança. Os surdos não podem ser um grupo de identidade homogênea. Há que se respeitar as diferentes identidades. Em todo caso para a construção destas identidades impera sempre a identidade cultural, ou seja, a identidade surda como ponto de partida para identificar as outras identidades surdas. Esta identidade se caracteriza também como identidade política, pois está no centro das produções culturais. QUADROS, Ronice; PERLIN (org.)Estudos Surdos II. Petrópolis: Arara Azul, 2007. Página 01 de 01 ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS Leitura e Produção de Texto Voltar para Temas da disciplina SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS LINGUAGEM X LÍNGUA Para iniciarmos esse estudo é preciso que façamos a diferenciação entre os dois temas. Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos. Linguagem técnica de quadrinhos infantil (FONTE DAS IMAGENS: http://www.dsc.ufcg.edu.br/~pet/jornal/marco2009/images/materias/saude/cerebro- e-a-linguagem.jpg http://www.formalivre.com/img/chickenlanguage.jpg http://cybersaude.files.wordpress.com/2007/01/linguagem_criancas.jpg) Língua: é também chamada de língua natural, é usado para a comunicação dos seres humanos. Ela é uma atividade mental que abrange os dois níveis de experiência: simbolização e conceitualização, construindo comportamentos, valores, costumes, tradições comuns. Toda língua possui sua própria gramática. Linguagem técnica de quadrinhos infantil (FONTE DAS IMAGENS: www.c-americalatina.pt/scid/calweb/defaultArt... efabclc.wordpress.com/.../ escolareferencialamacaes.blogs.sapo.pt/2009/03/) Dessa maneira podemos dizer que linguagem todos nós podemos criar, basta que um grupo de pessoas esteja usando e se entendendo, enquanto que na língua é preciso mais, é preciso que se tenha uma gramática, normas, e todos os usuários passem por esse processo de maneira natural. Vejamos o que a professora e linguista, Lucinda Ferreira Brito (1993, p.116), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, trás para nós a seguinte a respeito da língua de sinais. As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura permitem a expressão de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico, concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. Por isso, são complexas porque dotadas de todos os mecanismos necessários aos objetivos mencionados, porém, econômicas e “lógicas” porque servem para atingir todos esses objetivos de forma rápida e eficiente e até certo ponto de forma automática. Isto porque, tratando-se muitas vezes de significados que demandam operações complexas que devem ser transmitidas prontamentediante de diferentes situações e contextos, seus usuários terão que se utilizar dos mecanismos estruturais que elas oferecem de forma apropriada sem ter que pensar e elaborar longamente sobre como atingir seus objetivos linguísticos. Como já vivemos anteriormente a LIBRAS é uma língua viso-espacial, ou seja, uma língua para ser olhada-sinalizada e não falada como acontece com o Português que é oral- auditivo. Muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas na área da linguística, a respeito da aquisição da língua materna nos surdos e suas implicações. Abordando o desenvolvimento cognitivo da criança surda, Fernandes (2000, p.51) prioriza o suporte linguístico na língua de sinais, pois “saber propiciar a aquisição da Língua de Sinais à criança surda, antes de tudo como respaldo e principal instrumento para o desenvolvimento dos processos cognitivos, é o primeiro grande e indispensável passo para a verdadeira educação deste indivíduo”. Ao considerar os efeitos dos atrasos da linguagem, seus estudos trazem, principalmente, as implicações da função de organização da linguagem sobre o desenvolvimento cognitivo da criança surda que, como já foi apresentado anteriormente, muitas vezes é exposta tardiamente à língua materna; tal fato acarreta, portanto, muito mais que uma simples, dificuldade de comunicação. A estrutura da língua de sinais, diferentemente da língua oral, é analisada a partir de quatro parâmetros. São eles: a configuração das mãos, isto é, a forma da mão caracterizando o movimento; a alocação, ou seja, o espaço visual de sinalização no qual o sinal se desenvolve; a orientação, isto é, a posição da palma da mão em relação aos eixos vertical e horizontal do espaço de sinalização e, por último, o movimento da mão ou das mãos na articulação do sinal (BEHARES, 1987). Atualmente, as línguas de sinais vêm sendo reconhecidas como um sistema linguístico organizado, que possui especificidade quanto a funções sintáticas, semânticas, morfológicas e fonológicas, como outra língua qualquer. Concluímos que é através da LIBRAS que a pessoa surda melhor pode se expressar e aprender, já que se trata da sua língua e que é natural. (FONTE DAS IMAGENS: www.fimca.com.br/ver_noticia.asp?id=1230 www.crisanto.jor.br/oktiva.net/2053/nota/109633) LIBRAS: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS Introdução visual Nunca ouvi nenhum som sequer: as ondas no mar, o vento, o canto dos pássaros e por aí vai. Para mim, entretanto, esses sons nunca foram essenciais para a compreensão do mundo, já que cada um deles sempre foi substituído por uma imagem visual, que me transmitia exatamente as mesmas emoções que qualquer pessoa que ouve sente, ou talvez ainda com mais força, quem sabe? As minhas palavras nunca faltaram, e nunca fui uma criança rebelde ou nervosa, por uma simples razão: sempre tive como me comunicar, as pessoas em minha volta sempre entendiam o que eu queria, pois compartilhavam das mesmas palavras que eu: os Sinais. (ANDRADE; CAMPELLO, p. 101) A LIBRAS é uma língua completa, que possui todos os mecanismos necessários para transmissão de ideias, valores, cultura entre outros. Seus usuários não precisam recorrer a outra língua para a compreensão da mesma, por isso, é muito importante que as crianças sejam expostas a ela para que possam internalizá-la no tempo adequado de aquisição da língua e desenvolva as competências naturais de uma língua. Vejamos agora o que alguns linguistas trazem a respeito das línguas de sinais. • • Armstrong et al. (1995) enuncia que “todas as sociedades humanas utilizam gestos motores para complementarem suas informações sonoras veiculadas por meio da fala. Muitas vezes nos parece impossível falar sem movermos nossas mãos, nossos olhos e nossos braços. Para os falantes, esses gestos apenas ajudam a ilustrar um objeto, indicar uma direção, mostrar um estado emocional, mas para indivíduos privados da percepção do estímulo sonoro, eles passam a ser a única expressão capaz de ser compreendida. Esses indivíduos aprimoram tanto seus gestos que se tornam capazes de se comunicarem exclusivamente por meio de uma linguagem de sinais”. • • Stokoe (1960) relata que “a Língua de Sinais adquiriu reconhecimento pelas características linguísticas. A concepção stokeana postula que, para uma língua ser considerada natural, ela precisa ser utilizada por uma comunidade, como meio de comunicação difusora de valores constituintes de uma identidade que os assemelha, e também devem existir falantes que a adquiriram como primeira língua”. • • Marx ressalta o papel da finalidade numa atividade prática de que o homem não pode ser um mero expectador e que faz parte da atividade da consciência, desenvolvendo um produto ou um objetivo de acordo com o ideal, através da produção de conhecimento, formando conceitos, hipóteses, teorias ou leis, mediante os quais os homens conhecem a realidade, de acordo com a natureza. É transformar o real, objetivo, do mundo natural ou social para satisfazer determinada necessidade humana. E a Língua de Sinais Brasileira tem essa competência. • • Campello (2007), trás que “Com o uso da Língua de Sinais as crianças podem desenvolver normalmente suas inteligências para poderem levar vidas produtivas, auto-suficientes, desenvolvendo uma auto-imagem positiva e gozar do respeito de seus pares”. A Língua de Sinais, com a real importância da imagem visual e suas implicações, tem levado ao reconhecimento do direito linguístico dos surdos no acesso às diversas esferas federais, estaduais e municipais, na política (como na execução das leis do reconhecimento da língua de sinais), culturais (teatro), língua escrita (como signwriting, denominada de escrita de sinais), trabalho (presença dos intérpretes e instrutores de Língua de Sinais) e educacionais (professores bilíngues, professores surdos, intérpretes de Língua de Sinais, funcionários, diretores das escolas públicas e privadas). Vejamos agora um pouco sobre a gramática da Língua de Sinais Brasileira: Parâmetros da Libras O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas e são denominados sinais na Libras. O sinal é formado a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: • • • 1. Configuração das Mãos: são formas que as mãos podem adotar para produzir um sinal, algumas podem ser a partir da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas não. Alguns ainda podem ser feitos pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER, SÁBADO e DESODORANTE SPRAY, têm a mesma configuração de mão. (movimento de abrir e fechar a mão) (movimento circular) (FONTE DA IMAGEM: http://3.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/ScftoTuUSrI/AAAAAAAAAJgSLCg9dfu9P k/s1600-h/ Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até a cabeça) e horizontal (à frente do emissor) Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, PAQUERAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e DECORAR são realizados na testa. (FONTE DA IMAGEM: http://4.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/Scfu61wf67I/AAAAAAAAAJo/- UtaY7vasI8/s1600-h/) Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima tê m movimento, como também os sinais RIR, CHORAR e CONHECER, mas AJOELHAR e EM-PÉ não tem movimento. Exemplos: (FONTE DA IMAGEM: http://2.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/ScfwKNp0lgI/AAAAAAAAAJw/_rQUcbf8rT4/s1600-h/movimento.jpg) Orientação/direcionalidade: os sinais tê m uma direcionalidade com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA. Exemplos: (FONTE DA IMAGEM: http://1.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/Scfxq2bQrsI/AAAAAAAAAJ4/hRV8P4_ilG w/s1600-h/) Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração tê m como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em que sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO e MOTO. Exemplos: (FONTE DA IMAGEM:http://1.bp.blogspot.com/_DZTi86SNxsM/Scf3Dk9lUBI/AAAAAAAAAK A/VXuRfWoOugA/s1600-h/expressão.jpg) Na combinação destes cinco parâmetros tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos que formam as palavras e em um contexto. Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso aprender as regras de combinação destas palavras em frases, não esquecendo de que são os usuários dessa língua que melhor podem nos ajudar na sua compreensão. Quer dizer que: é estando em contato com os surdos que iremos aprimorando a nossa sinalização e aprendendo a pedagogia da Libras. Surdez, Família e Comunicação: Aprendendo A Libras A família, de uma forma geral, desempenha a função de cuidar, promover a saúde, o bem estar e dar proteção. Em uma família com filho surdo, acrescenta-se a isto a função da aprendizagem de uma outra língua, a Libras. A LIBRAS é a língua natural dos surdos, porém mais de 95% dos surdos é de família de ouvintes, ou seja, não possui a língua de sinais. As famílias na maioria das vezes descobrem a surdez da criança e se preocupa em tratar com métodos clínicos terapêuticos,deixando para muito tarde o acesso a língua de sinais. Geralmente as famílias oferecem a oralização como língua materna para o surdo, pois não conhecem a língua de sinais ou não sabe da sua real importância para a criança surda. Para o desenvolvimento pleno da criança é necessário que os três pilares de um ser seja garantido família, escola e sociedade. Para tanto a comunicação é fundamental. A família deve ser incluída no trabalho de estimulação precoce do seu filho. O estímulo familiar desta criança associado ao trabalho educacional precoce permitirá que haja desenvolvimento, e que este bebê tenha condições de adquirir uma comunicação que melhor o situe na sociedade mais tarde. A partir dos 2 a 3 anos, a criança busca conhecer o mundo, se torna cada vez mais consciente de si como pessoa no convívio com outras crianças e adultos. A criança surda também busca este conhecimento, a partir do uso de sinais espontâneos, expressões faciais, que precisam ser valorizadas e significadas pelos pais e professores como formas de comunicação. Com o início da escolaridade em creches e instituições de educação infantil comum, ou especial, a criança começa a partilhar com outros das brincadeiras, das conversas, da atenção em relação à professora. Neste período de socialização, a criança surda precisa ser exposta a uma linguagem compreensível para ela, assim poderá expressar seus desejos, suas necessidades, utilizando os sinais. Nas escolas já podemos contar com a inclusão, não podemos dizer que esse processo de adaptação físicas das escolas já está completo, pois não seria verdade, porém contamos com número crescente de profissionais que se especializam para receber essas crianças que precisam de um olhar diferenciado e compreendido pelas pessoas que os cercam. Já que se trata de uma diferença linguística. O Decreto 5.626, da Lei de LIBRAS, assegura as pessoas surdas: Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação. As famílias devem saber e exigir os direitos que foram assegurados à seus filhos e as escolas devem estar preparadas para receber essas crianças. A língua de sinais deve ser aprendida por todas as pessoas que fazem parte da convivência dessas crianças, por isso, faz-se necessário o curso de LIBRAS, que são encontrados em diversos lugares, tais como: escolas especiais para surdos, associações, faculdades, igrejas e até particulares, oferecidos por profissionais já habilitados. Com tantas facilidades que temos hoje, nada justifica a falta de comunicação com as crianças surdas. (FONTE DA IMAGEM: WWW.vilminha- deficinciaauditiva.blogspot.com/2009_03_01_archive.html) O alfabeto manual não é LIBRAS, ele é um empréstimo linguístico, do Português para representações de nomes de pessoas, lugares e objetos, pois na LIBRAS são utilizados os sinais para essas representações. Página 01 de 01 CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO MUNDO Leitura e Produção de Texto Voltar para Temas da disciplina SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICAS PEDAGÓGICAS CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO MUNDO EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS A Educação Especial tem sido definida em nosso país segundo uma perspectiva mais ampla que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especializados tal como vinha sendo sua marca nos últimos tempos. Educação Especial é, portanto, um processo educacional que se materializa por meio de um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais, organizados para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, diferentes da maioria das crianças, jovens e adultos, em todos os níveis e modalidades de educação e ensino. (MEC, 2001). A atual Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20/12/1996, trata, especificamente, no Capítulo V, da Educação Especial. Define-a por modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para pessoas com necessidades educacionais especiais. Assim, ela perpassa todos os níveis de ensino, desde a Educação Infantil ao Ensino Superior. "Uma criança deficiente não é respeitada se for abandonada à sua deficiência, do mesmo modo que não é respeitada se negar a realidade da sua deficiência. É respeitada se a sua identidade, a sua originalidade, da qual a deficiência também faz parte, for favorecida e quase provocada, isto é, se ela for levada a desenvolver-se. Tal é a atitude realista ativa, em situação e em relação. Se for ao contrário, temos o realismo inerte". De acordo com Canevaro, 1984, (apud PERREIRA, 2008). Vejamos agora algumas atitudes cabíveis aos alunos com necessidades especiais. Alunos com necessidades educacionais especiais Apresentam, durante o processo educacional, dificuldades acentuadas de aprendizagem que podem ser: não vinculadas a uma causa orgânica específica ou relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências, abrangendo dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, bem como altas habilidades/superdotação. Tipos de atendimento educacional especializado Apoio pedagógico especializado. Atendimento educacional especializado, realizado preferencialmente na rede regular de ensino, ou, extraordinariamente, em centrosespecializados para viabilizar o acesso e permanência, com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola. Constitui-se de atividades e recursos como: Ensino e interpretação de Libras, sistema Braille, comunicação alternativa, tecnologias assistidas, educação física adaptada, enriquecimento e aprofundamento curricular, oficinas pedagógicas, entre outros. A escola pode adotar políticas como: • • Flexibilização do processo ensino-aprendizagem de modo a atender às diferenças individuais; • • Adoção de currículos abertos e de propostas curriculares diversificadas para atender a todos e propiciar o progresso de cada um em função das possibilidades e diferenças individuais; • • Oferta de subsídios aos professores para a realização dessa tarefa, através de estudos de documentos, sugestões de leituras, dinâmicas organizadas pelos Serviços de Orientação Educacional e Psicologia Escolar, troca de experiências entre os docentes e reuniões com a equipe escolar; • • Envolvimento de toda comunidade escolar no processo de inclusão através de reuniões com a Equipe de Apoio Técnico Pedagógico. A política da educação inclusiva para os surdos A partir do reconhecimento e da aceitação às diferenças, estamos aptos a mudar nosso comportamento e a aceitar que o objeto destes sentimentos é uma pessoa como nós, ou seja, começaremos a identificar os pontos comuns entre nós e não mais a acentuar as diferenças. Poderemos, então, identificar o que nos une e constatar que nossa essência é a mesma: somos seres humanos, cuja diversidade indica riqueza de situações e possibilidade de intercâmbio de vivências e de aprendizagem. “É fundamentada na concepção de direitos humanos e impulsionada pelos movimentos sociais que buscam reverter processos históricos de exclusão educacional e social, visa a garantia do acesso de todos os alunos à escola da sua comunidade, independente de suas diferenças sociais, culturais, étnicas, raciais, sexuais, físicas, intelectuais, emocionais, linguísticas e outras. Para além da igualdade de oportunidades, a inclusão focaliza a valorização das diferenças e desenvolvimento de projetos pedagógicos que atendam as necessidades educacionais dos seus alunos, e promovam mudanças nas práticas e ambientes escolares, de modo a eliminar as barreiras que impedem o acesso ao currículo e o exercício da cidadania... Como uma proposta pedagógica, a educação inclusiva não está restrita ao campo de atuação da educação especial, altera a estrutura tradicional da escola fundada em padrões de ensino homogêneo e critérios de seleção e classificação, passando a orientar a construção de sistemas educacionais que efetive o direito de todos à educação. Ao assumir o compromisso de alterar as práticas educacionais e fundar uma nova cultura escolar que valorize as diferenças, a educação especial supera o caráter restrito identificado pela visão clínica e assistencial e passa a produzir avanços na perspectiva de inclusão e da acessibilidade.” (Claudia P. Dutra, Secretária de Educação Especial – MEC) Já é assegurado aos surdos o direito de matricular-se em qualquer escola regular, dessa forma as instituições devem se organizar para receber esses alunos que possuem uma diferença linguística, assumindo novas responsabilidades no desenvolvimento do processo educacional, promovendo assim o aprendizado de todos os alunos. Para os alunos surdos é praticado o ensino na perspectiva da educação bilíngue, ou seja, respeito e utilização da LIBRAS por toda comunidade escolar e para tradução em sala de aula, em tempo real, com o apoio do intérprete e na escrito do Português, garantindo assim a interação com os colegas. O Brasil destaca-se porque tem uma política educacional inclusiva, que provoca, também, mudanças na estrutura da educação superior pela introdução da Libras como disciplina obrigatória em todos os cursos que formam de professores e fonoaudiólogos, bem como para a oferta de cursos de licenciatura e de bacharelado em Libras. Dentre as principais ações nesta área, destacam-se: • • a implementação do Prolibras – Exame Nacional para Certificação de Proficiência no ensino da Língua Brasileira de Sinais e para Certificação de Proficiência em Tradução e Interpretação de Libras/Língua Portuguesa, realizado anualmente pelo MEC/INEP, em todos os estados, desde 2006, obtendo 1.380 profissionais certificados para o ensino de Libras e 1.480 profissionais para a tradução e interpretação da Libras; • • a criação do Curso de Pedagogia Bilíngue – Libras/Língua Portuguesa, no Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, em 2005, que se tornou referência como primeiro curso superior bilíngue para a formação de professores surdos e ouvintes; • • a implantação do Curso Superior de Letras com Licenciatura em Língua Brasileira de Sinais/Libras e de Bacharelado em Tradução e Interpretação de Libras, em 2006 e 2008, respectivamente, por meio da parceria entre o MEC e a Universidade Federal de Santa Catarina com pólos em 30 instituições públicas de ensino superior, na modalidade a distância, para mais de 1.000 alunos; • • a implantação dos Centros de Formação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS, implementado em parceria entre o MEC e todos os estados, com equipamentos e recursos para a oferta dos cursos de formação de professores, a produção de material bilíngue e o atendimento educacional especializado. O profissional intérprete da Língua Brasileira de Sinais É o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do seu país e que é qualificado para fazer a interpretação dessas duas línguas, do Português para LIBRAS, da LIBRAS para o Português. Ele também pode dominar outras línguas, como o inglês, o espanhol, a língua de sinais americana e fazer a interpretação para a língua brasileira de sinais ou vice-versa. Qual o papel do intérprete? Realizar a interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa observando os seguintes preceitos éticos: • • confiabilidade (sigilo profissional); • • imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões próprias); • • discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a atuação); • • distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são separados); • • fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o objetivo da interpretação é passar o que realmente foi dito). O que acontece quando há carência de profissionais intérpretes? Quando há carência de intérpretes de língua de sinais, a interação entre surdos e pessoas que desconhecem a língua de sinais fica prejudicada. As implicações disso são, pelo menos, as seguintes: • • os surdos não participam de vários tipos de atividades (sociais, educacionais, culturais e políticas); • • os surdos não conseguem avançar em termos educacionais; • • os surdos ficam desmotivados a participarem de encontros, reuniões etc. • • os surdos não têm acesso às discussões e informações veiculadas na língua falada sendo, portanto, excluído da interação social, cultural e política sem direito ao exercício de sua cidadania; • • os surdos não se fazem "ouvir"; • • os ouvintes que não dominam a língua de sinais não conseguem se comunicar com os surdos. (FONTE DAS IMAGENS: www.xprezz.dk/video/index.php?key=ulbra www.feiradesantana.ba.gov.br/noticia.asp?id=1588 www.es.gov.br/.../show.aspx?noticiaId=99694311) DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA Trata dos Princípios, Política e Prática em Educação Especial. Trata-se de uma resolução das NaçõesUnidas adotada em Assemble ia Geral, a qual apresenta os Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências. A Declaração de Salamanca é considerada mundialmente um dos mais importantes documentos que visam a inclusão social, juntamente com a Convenção sobre os Direitos da Criança (1988) e da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990). Faz parte da tendência mundial que vem consolidando a educação inclusiva. Sua origem é normalmente atribuída aos movimentos em favor dos direitos humanos e contra instituições segregacioanistas, movimentos iniciados a partir das décadas de 60 e 70 do século XX. Vejamos agora alguns trechos da Declaração. • 1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assembleia aqui em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, reafirmamos o nosso compromisso para com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-endossamos a Estrutura de Ação em Educação Especial, em que, pelo espírito de cujas provisões e recomendações governo e organizações sejam guiados. • 2. Acreditamos e Proclamamos que: • toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, • toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, • sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, • aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades, • escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. (FONTE DAS IMAGENS: cumbre-iberoamericana.org, novaaguia.blogspot.com) • 3. Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles: • atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais. • a mobilizar o apoio de organizações dos profissionais de ensino em questões relativas ao aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a necessidade educacionais especiais. • Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efetiva. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente deveriam constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infrequentes onde fique claramente demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam requisitados em nome do bem-estar da criança ou de outras crianças. • Coordenação entre autoridades educacionais e as responsáveis pela saúde, trabalho e assistência social deveria ser fortalecida em todos os níveis no sentido de promover convergência e complementariedade, Planejamento e coordenação também deveriam levar em conta o papel real e o potencial que agências semipúblicas e organizações não-governamentais podem ter. Um esforço especial necessita ser feito no sentido de se atrair apoio comunitário à provisão de serviços educacionais especiais. • Treinamento especializado em educação especial que leve às qualificações profissionais deveria normalmente ser integrado com ou precedido de treinamento e experiência como uma forma regular de educação de professores para que a complementariedade e a mobilidade sejam asseguradas. • O sucesso de escolas inclusivas depende em muito da identificação precoce, avaliação e estimulação de crianças pré-escolares com necessidades educacionais especiais. Assistência infantil e programas educacionais para crianças até a idade de 6 anos deveriam ser desenvolvidos e/ou reorientados no sentido de promover o desenvolvimento físico, intelectual e social e a prontidão para a escolarização. Tais programas possuem um grande valor econômico para o indivíduo, a família e a sociedade na prevenção do agravamento de condições que inabilitam a criança. Programas neste nível deveriam reconhecer o princípio da inclusão e ser desenvolvidos de uma maneira abrangente, através da combinação de atividades pré-escolares e saúde infantil. Com os pontos mostrados acima podemos concluir que muito foi feito, mas a caminhada é longa que cada aluno possui suas próprias necessidades, portanto precisamos estar atentos aos novos desafios. (FONTE DA IMAGEM: http://www.proac.uff.br/novo-site-do-sensibiliza) Derrubando Mitos e Crenças no Trabalho com o Surdo Muito se acreditava na incapacidade de inteligência das pessoas surdos devido a sua diferença linguística, hoje sabemos que essa hipótese não procede e que a língua de sinais possibilita a construção cognitiva dos surdos da mesma forma que acontece com a língua portuguesa para os ouvintes. Mitos sobre a Perda Auditiva 1. Os problemas auditivos são raros. Incorreto. Pelo menos 10% da população tem problemas de audição. Infelizmente, muitas pessoas não enfrentam o desafio cara-a-cara. Não há porque sentir-se constrangido de usar um aparelho auditivo. O constrangimento maior é estar fora de sintonia com as pessoas com quem convivemos no dia-a-dia. 2. Os distúrbios auditivos afetam somente as pessoas idosas. Incorreto. Mais da metade das pessoas com audição reduzida tem menos de 65 anos. O problema pode afetar pessoas de todas as idades e classes sociais. 3. Quando as pessoas não ouvem bem significa que estão começando a caducar. Incorreto. As perdas auditivas têm uma variedade de causas, mas não têm nada a ver com senilidade. Entretanto, se não forem tratadas, poderão conduzir a problemas de comunicação e de isolamento social. 4. Eu posso ouvir música no mais alto volume que não me incomoda. Meus ouvidos estão acostumados. A maioria das pessoas com audição normal sente-se incomodadas com música em alto volume. O não sentir-se incomodado neste caso pode ser indício de perda auditiva. 5. Pessoas com problemas de audição entendem melhor quando gritamos com elas. Incorreto. Na realidade, a conversação em voz alta pode doer os ouvidos. Gritar não fará um som distorcido mais fácil de entender e, na verdade, poderá piorar a situação. 6. Os aparelhos auditivos corrigem a audição em 100%. Incorreto. Se por um lado os aparelhos auditivos podem compensar por muitas perdas, por outro não podem restaurar a audição normal. Os aparelhos ajudam a melhorar a audição que ainda lhe resta. 7. Quando alguém é deficiente auditivo, significa apenas que os sons não são suficientemente altos. Isto é parte do problema. Pode ser que a pessoa tenha dificuldade de entender quando está em situações de grupo. Pode ser que ela ouve mas nem sempre entende o que está sendo dito. As palavras podem parecerconfusas ou desconectadas. Estes são apenas alguns dos sintomas. 8. Ouvi dizer que não há solução para o meu tipo de perda auditiva. Na maioria dos casos, a debilitação do nervo auditivo pode ser compensada com a amplificação dos sons. Felizmente, há esperança para aquelas pessoas que antes não podiam ser ajudadas. 9. Os aparelhos auditivos custam uma fortuna e não funcionam. Com os modernos avanços tecnológicos, a indústria auditiva tem dado um salto enorme no que se refere à qualidade e variedade de aparelhos oferecidos. O fato é que a grande maioria das pessoas se beneficiam com o uso de aparelhos auditivos. Embora os aparelhos mais sofisticados não estejam ao alcance de todos, não seria exagero afirmar que o aparelho auditivo poderá ser o melhor investimento que você fará em seu futuro. 11. Toda pessoa que apresentar sangramento pelo ouvido ficará surda. Nem sempre a otorragia – saída de sangue pelo ouvido – significa perda auditiva permanente. Depende muito do local e causa do sangramento. Isso somente seu médio poderá dizer. 15. A Língua de Sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos. Ao contrário dessa afirmação, os estudos demonstram que as Línguas de Sinais podem sim expressar pensamentos abstratos. Por meio dela é possível discutir política, economia, matemática, física, psicologia ou mesmo produzir poemas e peças teatrais. 16. Haveria uma única e universal Língua de Sinais usada por todas as pessoas surdas. A Língua de Sinais não é universal, cada país tem a sua própria. Dessa forma, quando um surdo aprende uma segunda Língua de Sinais, por exemplo, ele utiliza sinais com sotaque estrangeiro. 17. As Línguas de Sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes. A Língua de Sinais apresenta todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua. Ela tem sua estrutura gramatical própria e é reconhecida linguisticamente como uma nova modalidade da capacidade de linguagem. Sendo assim, seu aprendizado demanda tempo e prática, como em qualquer outra língua. 18. Professores de surdos são intérpretes de língua de sinais. Não é verdade que professores de surdos sejam necessariamente intérpretes de língua de sinais. Na verdade, os professores são professores e os intérpretes são intérpretes. Cada profissional desempenha sua função e papel que se diferenciam imensamente. O professor de surdos deve saber e utilizar muito bem a língua de sinais, mas isso não implica ser intérprete de língua de sinais. O professor tem o papel fundamental associado ao ensino e, portanto, completamente inserido no processo interativo social, cultural e linguístico. O intérprete, por outro lado, é o mediador entre pessoas que não dominam a mesma língua abstendo-se, na medida do possível, de interferir no processo comunicativo. É preciso que estejamos atentos para os pré-conceitos que foram formados para pessoas que são diferentes de nós. Nem sempre o outro é exatamente o que pensamos dele, por isso, devemos estar abertos para mudanças de ideias e verdades. Página 01 de 01
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