Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTORNO DE GRÃO São regiões de transição (ordenadas ou desordenadas) entre dois cristais e possuem espessura de algumas distâncias interatômicas. Os contornos de grãos são formados durante os processos de solidificação, sinterização, deformação plástica etc. PROPRIEDADES DO CONTORNOS DE GRÃOS 1- A densidade de ligação é mais baixa no contorno é associada com uma energia superficial de contorno; 2- A estrutura mais aberta do contorno pode dar difusão muito mais rápido no plano de contorno do que no cristal que está de qualquer dos lados dele; 3- O espaço extra facilita a dissolução de impurezas de tamanho acima do normal no contorno (nucleação e formação de precipitados. TIPOS DE IMPERFEIÇÕES Cunha (Tilt): discordâncias em linhas; Helicoidal (Twist): discordâncias em hélices. Mista: exibe componentes dos dois tipos anteriores. ÂNGULOS PARA OS CONTORNOS DE GRÃOS BAIXO ÂNGULO ALTO ÂNGULO • Pequeno ângulo de desorientação (θ até 10º); • Quando menor a desorientação, maior o coeficiente de difusão; • Ao redor das discordâncias, os cristais são distorcidos e entre elas, ordenados, resultando em grão com pouco espaço aberto. • Alto ângulo de desorientação θ >10-15º; • O contorno de grão é mais aberto devido ao desajuste alto entre os cristais; • Maior energia interfacial devido ao grau de desorientação. MACLAS • Não apresentam regiões abertas e distorcidas; EQUILÍBRIOS EM POLICRISTAIS POLICRISTAIS Os contornos de grão tendem a formar planos, e esses planos tentem a formar ângulos de 120º. 𝛾23 𝑠𝑒𝑛 𝜃1 = 𝛾13 𝑠𝑒𝑛 𝜃2 = 𝛾12 𝑠𝑒𝑛 𝜃3 O equilíbrio metaestável é alcançado quando 𝜃1 = 𝜃2 = 𝜃3 = 0, levando a formação de um ∅ de equilíbrio e de equilíbrio de forças 𝛾𝛼𝛼 e 𝛾𝑠𝑣. De modo que conhecendo o valor de 𝛾𝑠𝑣 e medindo o ângulo ∅, é possível calcular 𝛾𝛼𝛼: 𝛾𝛼𝛼 = 2 𝛾𝑠𝑣 cos ∅ 2 Se os contornos de grãos são curvados, existirá uma força no sentido ao centro de curvatura de modo que o equilíbrio metaestável será alcançado quando os contornos ficarem planos. Os grãos com superfícies côncavas para cima desaparecerão, enquanto os de superfícies côncavos para baixo vão crescer. Esse processo é conhecido como crescimento de grãos e a microestrutura metaestável possui grãos com contornos planos. CRESCIMENTO DE GRÃO Conforme os grãos aumentam de tamanho, a área total dos contornos diminui, produzindo uma redução na energia total; essa é a força motriz para o crescimento de grão. O crescimento de grão ocorre pela migração dos contornos de grão e, este movimento dos contornos consiste apenas na difusão em curta distâncias, dos átomos de um lado para outro do contorno. Nem todos os grãos podem aumentar de tamanho, porém os maiores crescem à custa dos menores, que diminuem. Desta forma, o tamanho médio aumenta com o tempo fazendo com que exista uma faixa de tamanhos de grãos. As direções do movimento do contorno e do movimento dos átomos são opostas entre si. ESTABILIDADE RELATIVA DE GRÃOS CRISTALINOS Como dG = -SdT + VdP, para T constante, dG = VdP, o efeito do contorno de grão com curvatura é no sentindo de criar um ∆G entre os grãos, que causa a migração dos contornos em direção ao centro de curvatura (sentindo oposto a migração dos átomos nos contornos). ∆𝐺 = 2𝛾 𝑟 . 𝑉𝑚 ∆𝐺 é a diferença de energias livres entre dois grãos e, é a força que puxa os contornos de grãos no sentido de maior energia. 𝐹 = ∆𝐺 𝑉𝑚 , representa a força por unidade de área, que puxa um contorno curvado par o centro de curvatura, e pode ser aplicado para qualquer contorno de grão cuja migração cause redução da energia livre. MIGRAÇÃO DE CONTORNO DE GRÃO Fluxo de 1 para 2: 𝐴2𝑛1𝑣1 exp (− ∆𝐺𝑎 𝑅𝑇 ) [m-2s-1] Fluxo de 2 para 1: 𝐴1𝑛2𝑣2 exp (− ∆𝐺𝑎+ ∆𝐺 𝑅𝑇 ) [m-2s-1] Fluxo resultante de 1 para 2: 𝐽𝑛𝑒𝑡 = 𝐴2𝑛1𝑣1 exp (− ∆𝐺𝑎 𝑅𝑇 ) {1 − exp − ∆𝐺 𝑅𝑇 } [m-2s-1] ∆𝐺 ↑ = 𝐽 ↑ Onde: 𝐴2 – probabilidade para os átomos da área de contorno do grão 1 se acomodem na área de contorno do grão 2; 𝑛1- número de átomos , por área, em posições favoráveis para salto; 𝑣1- frequência de vibração; 𝑣1 exp (− ∆𝐺𝑎 𝑅𝑇 ) – probabilidade de sucesso de um salto. Se ∆𝐺 = 0, o contorno está em equilíbrio e a microestrutura está em equilíbrio metaestável. A velocidade de migração (𝑣) de contorno de grão é proporcional a força motriz de migração (∆𝐺/𝑉𝑚). 𝑣 = 𝐴2𝑛1𝑣1𝑉𝑚 2 𝑁𝑎𝑅𝑇 exp(− ∆𝐺𝑎 𝑅𝑇 ) ∆𝐺 𝑉𝑚 E a mobilidade do contorno (M) é dada por: 𝑀 = { 𝐴2𝑛1𝑣1𝑉𝑚 2 𝑁𝑎𝑅𝑇 exp( ∆𝑆𝑎 𝑅 )}exp (− ∆𝐻𝑎 𝑅𝑇 ) M aumenta exponencialmente com T CINÉTICA DO CRESCIMENTO DE GRÃO Em um material monofásico, a velocidade de crescimento de grão pode ser descrita em função da mobilidade (M) e a diferença de energia livre entre dois grãos (∆𝐺). �̅� = 𝛼𝑀 2𝛾 �̅� ≅ 𝑑�̅� 𝑑𝑡 Onde: �̅� – raio médio de curvatura ~ diâmetro médio do grão. 𝛼 – constante A velocidade de crescimento é: 1- Inversamente proporcional ao diâmetro do grão; 2- Aumenta com T, pois a mobilidade (M) aumenta. Em temperaturas mais baixas, as curvas são lineares. Além disso, o grão cresce mais rapidamente com o aumento da temperatura; isto é, as curvas são deslocadas para cima, para maiores tamanhos de grãos. Isso é explicado pelo aumento da taxa de difusão. A velocidade de migração não é linear e muda com o tempo. Além disso, podem existir crescimentos anômalos ocasionados pela existência de precipitados ou poros que reduzem/impedem o crescimento normal. INTERFACES COERENTE Ocorre quando dois cristais possuem encaixe perfeito no plano interfacial, ou seja, este tipo de interface ocorre em direções e planos cristalográficos bem definidos. Não há ligações deformadas ou discordâncias. Nas interfaces há uma mudança de composição e, portanto, os átomos estão ligados ao vizinho “errado”. Esse defeito causa a contribuição química à energia de interface (𝛾𝑐ℎ), que é o único termo que contribui à 𝛾 numa interface completamente coerente. 𝛾𝑐ℎ = 𝛾 Quando os distâncias interplanares nas interfaces são diferentes, ainda é possível manter a coerências, mas a interface sobrerá alguma deformação e terá mais energia associada. A deformação associada a esse tipo de interface aumenta com o aumento de desajuste entre as duas redes, ou seja, a deformação fica maior à medida que o contorno cresce. Deste modo, começa a ficar mais favorável energéticamente que esta interface seja substituida por uma semicoerente. SEMICOERENTE São formadas discordâncias em linhas, desta forma, os campos de deformação são limitados apenas as regiões das discordâncias. O desajuste (δ) é definido como: 𝛿 = 𝑑𝛽 − 𝑑𝛼 𝑑𝛼 Onde 𝑑𝛼 e 𝑑𝛽 são distâncias interplanares. Em uma direção, o desajuste pode ser acomodado sem geração de um campo de deformação de longo alcance, pela formação de um conjunto de discordâncias em linhas, com espaçamento igual a: 𝐷 ≅ 𝑏 𝛿 ; b = (𝑑𝛼 + 𝑑𝛽)/2 Na prática o desajuste existe ao longo de duas dimensões, deste modo são necessários dois grupos de discordâncias com os espaçamentos: 𝐷1 = 𝑏1 𝛿1 e 𝐷2 = 𝑏2 𝛿2 A energia interfacial é dada pela soma de duas contribuições: • Química (vizinhança “errada”) - 𝛾𝑐ℎ • Estrutural (distorção da rede em torno dos núcleos de discordâncias - 𝛾𝑠𝑡 𝛾𝑠𝑒𝑚𝑖𝑐𝑜𝑒𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝛾𝑐ℎ + 𝛾𝑠𝑡 A γ aumenta mais devagar para altos desajustes, tornando-se constante para δ ≥ 0,25. Acima desse valor, existe uma discordância para cada 4 distânciasinterplanares, tornando a interface incoerente. INCOERENTE É como um contorno de grão por meio do qual também existe uma mudança em composição química. Essa interface possui alta energia. MUDANÇAS DE FASES A mudança de fase é dividida em duas etapas: 1- Formação de núcleos da nova fase (nucleação); 2- Os núcleos crescem em tamanho, até que todo o material seja transformado (crescimento). NUCLEAÇÃO Pode envolver: (a) Reunião de certas espécies de átomos por difusão ou outros tipos de movimentos; (b) Mudança estrutural em uma, ou mais estruturas intermediárias instáveis; (c) Formação de núcleos da nova fase. Deve-se esperar que cada etapa possua uma energia de ativação. CRESCIMENTO Etapas típicas do crescimento: (a) Transferências de material por difusão, no seio da antiga fase; (b) Transferência para a nova fase, através do contorno de grão; (c) Transferência para o interior da nova fase por difusão. Todas as etapas do crescimento são processos termicamente ativos, isto é, as barreiras podem ser superadas pela energia térmica.
Compartilhar