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Capítulo 10 10.4 Estados Metaestáveis versus Estados de Equilíbrio A maneira mais utilizada para induzir uma transformação de fases é a variação de temperatura. Isso corresponde a cruzar uma fronteira entre fases, no diagrama de composição-temperatura, na medida que um liga com dada composição é aquecida ou resfriada; A maioria das transformações exige um tempo finito para ser concluída e a velocidade dessa transformação é importante na relação entre o tratamento térmico e o desenvolvimento da microestrutura. Uma limitação dos diagramas de fases é a incapacidade de indicar o tempo necessário para o equilíbrio ser atingido. Em um resfriamento que não seja o de equilíbrio, as transformações são deslocadas para temperaturas mais baixas do que as indicadas no diagrama de fases; o mesmo raciocínio serve para o aquecimento. Esses fenômenos são denominados de sub- resfriamento e superaquecimento. O grau de cada um depende da taxa de variação da temperatura; quando mais rápido, maior o sub-resfriamento ou superaquecimento. 10.5 Diagrama de Transformações Isotérmicas Perlita Essa microestrutura é formada a partir do lento resfriamento por meio da temperatura eutetoide e, consiste em camadas alternadas ou lamelas das duas fases (α + Fe3C), que se formam simultaneamente durante a transformação. A perlita existe como grãos, que se denominam colônias; dentro de cada colônia as camadas estão orientadas essencialmente na mesma direção, que varia de uma colônia para outra. As camadas claras, mais grossas, são a fase ferrita (α), enquanto a fase cemetita (Fe3C) aparece como lamelas finas e coloração escura. A perlita apresenta propriedades intermediárias entre a ferrita, macia e dúctil, e a cemetita, dura e frágil. As camadas alternadas de formam porque a composição da fase que lhe deu origem [nesse caso, a austenita 0,76%p C] é diferente de ambas as fases geradas como produto (ferrita 0,022%p C e cemetita 6,70%p C), e porque a transformação requer que haja uma redistribuição do carbono por difusão. Os átomos de carbono se difundem para longe das regiões de ferrita, contendo 0,022%p C, e em direção às camadas de cemetita, com 6,70%p C, conforme a perlita se estende do contorno de grão para o interior do grão não reagindo com a austenita. A perlita se forma em camadas pois os átomos de carbono se difundem ao longo de distâncias mínimas. A forma mais conveniente de apresentar a dependência do tempo e da temperatura para a formação da perlita, está representado como o gráfico com curvas na forma de “C”, que são chamados de diagramas de transformações isotérmicas, ou gráficos de transformação-tempo- temperatura (“TTT”). A temperatura eutetoide (727ºC) está indicada por uma linha horizontal; acima da eutetoide, apenas a austenita existirá. A formação da perlita só vai ocorrer quando a liga for super-resfriada até abaixo da eutetoide, e essa transformação é dependente da temperatura. À esquerda da curva de início da transformação, apenas autenita (instável) estará presente, enquanto que a direita da curva de término da transformação haverá perlita. Em temperaturas imediatamente abaixo da eutetoide (pequeno grau de sub-resfriamento) é necessário um tempo muito longo (da ordem de 105 segundos) para haver transformação de 50%, portanto, a taxa de reação é muito lenta. A taxa da transformação aumenta com a diminuição da temperatura. RESTRIÇÕES: Esse gráfico específico é válido apenas para uma liga ferro- carbono com composição eutetoide; em outras composições as curvas serão diferentes; Esses gráficos são exatos somente para a transformação em que a temperatura da liga é mantida constante ao longo de toda a reação (temperaturas isotérmicas). Em temperaturas logo abaixo da eutetoide, são produzidas camadas relativamente grossas tanto de ferrita α quanto da fase Fe3C; essa microestrutura é chamada de perlita grossa. Nessas temperaturas, as taxas de difusão são relativamente altas, de modo que os átomos de carbono podem difundir-se ao longo de distâncias relativamente grandes, o que resulta na formação de lamelas grossas. Com a diminuição da temperatura, a taxa de difusão do carbono diminui, e as camadas tornam- se progressivamente mais finas, essas camadas são chamadas de perlita fina e são formadas a aproximadas 540ºC. Bainita A microestrutura da bainita consiste nas fases ferrita e cemetita; dessa forma, processos difusionais estão envolvidos na sua formação. A bainita se forma como agulhas ou placas, dependendo da temperatura de transformação. A colônia de bainita é composto por uma matriz de ferrita e partículas alongadas de Fe3C. Adicionalmente, a fase que envolve a agulha é martensita. A dependência tempo-temperatura da transformação também pode ser representada no gráfico “TTT”. A bainita ocorre em temperaturas abaixo daquelas em que a perlita se forma; as curvas para o início, o final e a metade da reação são extensões daquelas para a transformação perlítica. A bainita se forma em temperaturas entre cerca de 215ºC e 540ºC. As transformações perlítica e bainítica são, na realidade, concorrentes entre si, e uma vez que uma dada porção de uma liga tenha se transformado em perlita ou bainita, a transformação no outro microconstituinte não será possível sem um reaquecimento para formar austenita. Esferoidita Se im aço tende uma microestrutura perlítica ou bainítica for aquecido e deixado em uma temperatura abaixo da eutetoide durante um período de tempo suficientemente longo (700ºC por 18 a 24h), a esferoidita irá se formar. Em vez de lamelas alternadas como a perlita, ou a bainita, a fase Fe3C aparecerá na forma de partículas com aspecto esférico, dispersas em uma matriz contínua da fase α. Essa transformação ocorre mediante uma difusão adicional do carbono, sme qualquer mudança nas composições ou na quantidade relativa das fases ferrita e cemetita. A força motriz para essa transformação é a redução na área da fronteira entre as fases α e Fe3C. A cinética dessa transformação não está incluída nos gráficos “TTT”.
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