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Economia de empresas
Autoria
Rafael dos Santos da Silva /
Charlles Franklin Duarte
ECONOMIA DE
EMPRESAS
Reitor:
Prof. Cláudio Ferreira Bastos
Pró-Reitor Administrativa Financeiro:
Prof. Rafael Rabelo Bastos
Pró-Reitor de Relações Institucionais:
Prof. Cláudio Rabelo Bastos
Pró-Reitor Acadêmico:
Prof. Valdir Alves de Godoy
Coordenação Pedagógica:
Profa. Maria Alice Duarte G. Soares
Coordenação NEAD:
Profa. Luciana R. Ramos Duarte
Supervisão de Produção NEAD:
Francisco Cleuson do Nasc. Alves
EXPEDIENTE
Ficha Técnica
Autoria: Rafael dos Santos da Silva /
Charlles Franklin Duarte
Designer Instrucional:
Antonio Carlos Vieira /
João Paulo S. Correia
Projeto Gráfico e Diagramação:
Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Capa:
Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Tratamento de Imagens:
Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Revisão Técnica:
Emanuelle Oliveira da Fonseca
Revisão Textual:
João Paulo S. Correia
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou
parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia
fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedi-
dos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo,
deverão ser dirigidos à Reitoria.
FICHA CATALOGRÁFICA
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENEU
SILVA, Rafael dos Santos da; DUARTE, Charlles Franklin. Economia de
empresas. - Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2018.
136 p.
ISBN: 978-85-5468-007-7
1. Economia. 2. Sistema econômico. 3. Empresa. 4. Intervenção. I.
Centro Universitário Ateneu.
Caro estudante,
Este material tem o objetivo de apresentar, de forma sucinta,
elementos importantes e ajudá-lo a compreender, discutir e dialo-
gar com maior criticidade sobre assuntos da Economia que, muitas
vezes, passam despercebidos no dia a dia. Se você, estudante, ao
concluir a leitura que se segue, ficar interessado em interpelar seu
professor, compreender a movimentação da ciranda da Economia
que passa ao seu redor e tentar influenciá-la de alguma forma, este
material terá cumprido seu papel, que é muito mais que decodificar
informações e transferi-las; é também instigar novas reflexões, pen-
samentos e a capacidade de não aceitar “as coisas dadas”.
Pretendemos fazer com que a Economia seja útil a você, con-
duzindo-o a enxergar os processos econômicos a partir de sua re-
alidade. E mais, compreender como a realidade é modificada pelas
atividades desta Ciência. Nos esforçamos em apresentar um assun-
to de tamanha extensão lançando um olhar para as coisas simples
do dia a dia. “Por que precisamos compreender aspectos da micro-
economia? Quando esta parte da Ciência Econômica influencia mi-
nha vida? Será que ela está presente nos ônibus que circulam pela
cidade, no combustível dos veículos ou no pão que consumimos?”
É com essa pretensão que somaremos forças nesta etapa de sua
vida. Queremos favorecer não apenas seu crescimento profissional,
mas, sobretudo, sua capacidade humana de pensar e influenciar a
vida da sociedade.
Rafael dos Santos da Silva
Charlles Franklin Duarte
Seja bem-vindo!
SU
M
Á
R
IO
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
1. A economia ............................................................................. 8
2. Tipos de necessidades .....................................................14
2.1. Instituições das necessidades básicas...............16
2.2. Instituições das necessidades derivadas..........18
3. As atividades econômicas e a sua relação
com os agentes econômicos ...................................... 20
3.1. A empresa como agente econômico .................21
3.2. A família como agente econômico ...................24
3.3. O setor público enquanto agente
econômico ......................................................................25
Referências ................................................................................ 30
SISTEMA ECONÔMICO
1. Sistema econômico Material Complementar ........36
1.1. Quando o sistema econômico se reduz ao
mercado...........................................................................38
1.1.1. Competição X colaboração: ideias
para um comportamento inteligente
no mercado ...........................................................41
1.2. O funcionamento da empresa ...........no sistema
capitalista de produção .......................................... 50
1.2.1. Demanda ................................................................52
1.2.2. Oferta ........................................................................53
1.3. Papel dos preços relativos .....................................55
Referências .................................................................................57
SU
M
Á
R
IO
ELASTICIDADE, A EMPRESA, A PRODUÇÃO
E O LUCRO, AS ESTRUTURAS DE MERCADO
1. Elasticidade: conceitos e aplicações ........................60
2. A empresa, a produção e o lucro ................................71
3. Teoria dos custos .............................................................78
4. Estruturas de mercado no curto e no
longo prazos .........................................................................87
Referências .............................................................................. 96
O PAPEL INTERVENTOR DO ESTADO:
RENDA NACIONAL E POLÍTICA SALARIAL
1. O enfoque macroeconômico: renda nacional e
outros agregados .............................................................. 98
2. Intervenção do estado
na economia: política fiscal ........................................... 101
3. O financiamento da economia:
dinheiro e bancos .............................................................. 116
4. Controle da quantidade de moeda pelo
banco central ....................................................................... 119
Referências ............................................................................... 133
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 97
REFERÊNCIAS
BAUMGARTEN, Maíra. Conhecimento, planificação e sustentabilida-
de. Perspec. v. 16. n. 3. São Paulo, 2002. Disponível em: <http://
dx.doi.org/10.1590/S0102-88392002000300005>. Acesso em: 24
fev. 2014.
DEMING, Edwards. A nova Economia: para a indústria, o Governo e
a educação. Tradução de Heloísa Martins Costa. Rio de Janeiro: Ed
Qualitymark, 1997.
MANKIW, G. N. Introdução à Economia: princípios de micro e ma-
croeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
POLANYI, K. A grande transformação: as origens da nossa época. 2.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
SINGER, P. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora
Fundação Perseu Abramo, 2002.
TROSTER, L. R.; MOCHÓN F. Introdução à Economia. Edição am-
pliada e revisada. São Paulo: Makron Books, 2002.
Anotações
CAPÍTULO 04
O PAPEL INTERVENTOR DO ESTADO:
RENDA NACIONAL E POLÍTICA SALARIAL
Apresentação
Esta unidade abre o debate sobre a macroeconomia e tem
por objetivo apresentar um determinado conjunto de conceitos e
exemplos, principalmente sobre o papel do Estado na Economia.
Um desses conceitos é o que chamamos de Produto Interno
Bruto (PIB). A partir dele, o Estado tem condições de analisar o
consumo e o investimento, observar a liquidez do seu mercado e
mensurar o tamanho da participação governamental nos ambien-
tes de trocas.
Você observará que a adoção desse instrumento possibilitará
ao Governo calcular a produção da riqueza de um país e sua distri-
buição. Isso permitirá, entre outras coisas, enxergar mecanismos de
controle e indicar caminhos que melhorem a qualidade de vida da
sociedade nos seus aspectos mais básicos, como saúde, educação
e renda.
Acreditamos que, neste espaço, você poderá encontrar
alguns elementos constitutivos para uma noção generalista da
grande Economia, portanto, terá excelentes reflexões e profun-
dos debates.
98 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
• Compreender sobre a macroeconomia;• Discutir sobre o papel do Estado na Economia;
• Entender alguns mecanismos de controle e indi-
car caminhos para melhorar a qualidade de vida
da sociedade.
Objetivo de
Aprendizagem
1. O ENFOQUE MACROECONÔMICO: RENDA
NACIONAL E OUTROS AGREGADOS
1.1. Política macroeconômica
Em um modelo simples, sem governo e investimento (sem
poupança), as famílias são os únicos possuidores dos fatores de
produção. No modelo simplificado do produto nacional como um
fluxo de despesa e renda, o setor empresarial é o único produtor de
bens e serviços e contrata os fatores de produção (capital, mão de
obra, recursos naturais e capacidade empresarial) possuídos pelo
setor das famílias. As famílias, por seu turno, despendem suas ren-
das todas em consumo e recebem bens e serviços produzidos pelo
setor das empresas. A parte mais alta do fluxo circular mostra que
o produto nacional é igual à soma das despesas de consumo das
famílias em bens e serviços, ao passo que a parte mais baixa mede
o produto nacional pela soma das receitas do setor familiar de sa-
lários, aluguéis, juro e lucro. A parte interna do fluxo circular traça o
intercâmbio de serviços de fator pelo produto final.
A poupança (não gastar em consumo) permite investimentos
em prédios, equipamentos e estoques. Adicionando a poupança ao
modelo simples, o dispêndio em investimento se torna um segundo
componente do fluxo de despesas monetárias para bens e serviços.
O investimento em prédios, equipamento e estoques (investimento
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 99
bruto) é igual às adições de capital (investimento líquido) mais o
capital de reposição (depreciação). Incluir o capital de reposição na
declaração do valor do produto nacional requer que se diferencie
o produto nacional bruto (PNB) do produto nacional líquido (PNL).
Isto é, PNB = PNL + Depreciação. Tanto o PNB como o PNL medem
o valor do mercado total de todos os bens e serviços finais produ-
zidos em uma Economia durante o período de um ano. O PNL é
considerado por muitos como a medida mais útil porque omite a
reposição de capital e mede somente o fluxo de produto disponível
para consumo e acumulação de capital.
A adição de um setor governamental que imponha impostos
diretos sobre o governo de produção exige que o PNL seja dife-
renciado da renda nacional (RN). A renda nacional é a soma de
salários, juro, aluguéis e lucros auferidos pelos fatores de produção,
RN é igual a PNL menos impostos indiretos. Assim, em um mo-
delo como poupança e um setor governamental, o PNB abordado
do lado da despesa é igual ao consumo, mais investimento bruto,
mais dispêndio do Governo em bens e serviços, mais as exporta-
ções líquidas. Isto é, PNB = consumo + investimento bruto + gas-
tos do governo + exportações líquidas. Na abordagem da renda ou
do custo, o PNB é igual à depreciação, mais os impostos indiretos,
mais a renda nacional.
1.2. A contabilidade nacional e seus principais agregados
Iniciamos debatendo a renda nacional e outros agregados.
Produto ou renda nacional é a soma dos bens e serviços produzi-
dos em uma Economia. A contabilidade da renda nacional propor-
ciona medidas agregadas do valor de mercado dos bens e serviços
finais produzidos na Economia durante o período de um ano. O
produto nacional bruto (PNB), o produto nacional líquido (PNL) e a
renda nacional (RN) são medidas diferentes deste produto agrega-
do. Em um modelo simplificado sem Governo e sem investimento
(isto é, sem poupança), o valor de mercado dos bens e serviços
finais produzidos é igual às despesas totais para os bens e serviços
finais e a soma dos salários, juros, aluguéis e lucros recebidos pelos
recursos econômicos para a produção destes bens e serviços finais.
100 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
1.3. Emprego e distribuição da renda nacional
Embora os indivíduos (famílias) sejam proprietários de re-
cursos econômicos em uma Economia de livre empresa, a renda
nacional não é igual à renda pessoal (isto é, o montante da renda
recebida pelas famílias durante um dado ano). Há necessidade de
ajustamentos na renda nacional a fim de determinar a renda pessoal
porque alguns indivíduos receberão pagamentos de transferências
das empresas e/ou do Governo, apesar de não terem produzido
bens e serviços, outros indivíduos recebem menos do que sua ren-
da total ganha, já que têm que fazer contribuições previdenciárias
ao Governo, ou a empresa pagará somente uma parte dos lucros
aos seus acionistas. Portanto, a fim de ser obtida a renda pessoal,
os lucros das firmas e as contribuições previdenciárias precisam
ser deduzidos da renda nacional, ao passo que são adicionados os
dividendos, as transferências do Governo e das firmas e os paga-
mentos de juros de compras a prazo por parte do Governo e dos
consumidores.
1. Em um modelo simples, sem Governo e investimento (sem
poupança), suponhamos que o produto agregado consis-
te em 100 itens que têm um preço de mercado de R$ 2,00
por unidade. O custo para a obtenção desse produto con-
siste em salários, R$ 120,00, juro de R$ 35,00, renda eco-
nômica de R$ 20,00 e lucro de R$ 25,00. Qual o valor do
Produto Nacional?
Pratique
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 101
1.3. Emprego e distribuição da renda nacional
Embora os indivíduos (famílias) sejam proprietários de re-
cursos econômicos em uma Economia de livre empresa, a renda
nacional não é igual à renda pessoal (isto é, o montante da renda
recebida pelas famílias durante um dado ano). Há necessidade de
ajustamentos na renda nacional a fim de determinar a renda pessoal
porque alguns indivíduos receberão pagamentos de transferências
das empresas e/ou do Governo, apesar de não terem produzido
bens e serviços, outros indivíduos recebem menos do que sua ren-
da total ganha, já que têm que fazer contribuições previdenciárias
ao Governo, ou a empresa pagará somente uma parte dos lucros
aos seus acionistas. Portanto, a fim de ser obtida a renda pessoal,
os lucros das firmas e as contribuições previdenciárias precisam
ser deduzidos da renda nacional, ao passo que são adicionados os
dividendos, as transferências do Governo e das firmas e os paga-
mentos de juros de compras a prazo por parte do Governo e dos
consumidores.
1. Em um modelo simples, sem Governo e investimento (sem
poupança), suponhamos que o produto agregado consis-
te em 100 itens que têm um preço de mercado de R$ 2,00
por unidade. O custo para a obtenção desse produto con-
siste em salários, R$ 120,00, juro de R$ 35,00, renda eco-
nômica de R$ 20,00 e lucro de R$ 25,00. Qual o valor do
Produto Nacional?
Pratique
2. INTERVENÇÃO DO ESTADO
NA ECONOMIA: POLÍTICA FISCAL
2.1. Intervenção do Estado e seus objetivos
As intervenções do Estado, segundo algumas correntes do
pensamento econômico, seguem, por exemplo, a concepção mar-
xista que se concretiza pela crítica sistemática à ideia de desenvol-
vimento capitalista. Nesse sentido, o pensamento apontou para o
modelo de produção como sendo o grande elemento de explora-
ção do trabalho e do trabalhador. Seus argumentos seguiram até
alcançar o Estado Liberal dominado pela classe proprietária dos
meios de produção, acusando-a de exploração servil da classe ope-
rária sintetizada na clássica crítica da mais-valia.
Figura 01: Os modelos de produção industrial
são estratégias realizadas por aqueles que
detêm a posse sobre os meios de produção.
Fonte: https://goo.gl/Z3sRoj
102 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
Karl Marx afirma que o sistema capitalista represen-
ta a própria exploração do trabalhador por parte do dono
dos meios de produção, na disputa desigual entre capital e
proletário sempre o primeiro sai vencedor. Desse modo, o
ordenado pago representa um pequeno percentual do re-
sultado final do trabalho (mercadoria ou produto). Tal dis-
paridade configura concretamente a chamada mais-valia,
dando origem a uma lucratividade maior para o capitalista.
Fonte: http://goo.gl/7HOzXz
Curiosidade
Nesse contexto,Marx arguiu uma série de ideias em torno
da função e do papel do Estado enquanto agente interventor, ca-
bendo-lhe assegurar as condições necessárias de produção e re-
gulação das intervenções sociais no limite da subordinação entre
a classe produtora e a classe proprietária. Caberia ao Estado in-
terventor o papel de guardião da ordem e do progresso, elemento
que o levou a cunhar a célebre frase entre os seus seguidores, “o
Estado é o grande balcão de negócios da burguesia”, justamente
por ser capaz de institucionalizar os interesses dos proprietários
sob a aparência do sigilo.
Em intensa oposição à corrente marxista, os neoclássicos ob-
servaram que a sociedade se constituía por um conjunto de indi-
víduos e fenômenos inteiramente distintos das relações entre as
classes e que as relações distributivas se dariam considerando o
ponto de partida daqueles que detinham os meios de produção.
Em outras palavras, o fruto do trabalho deveria ser destinado ao
dono das forças produtivas, não necessariamente ao trabalhador.
Logo, não caberia ao Estado intervir; no máximo, seria possível uma
intervenção muito moderada e somente em situações de resolução
extremamente difícil.
É importante lembrar que a Economia neoclássica vê impor-
tância no funcionamento do mercado, mas, quando ocorrem falhas,
é principalmente em função da lógica do seu modelo de desenvol-
vimento, cabendo ao Estado agir e consertar tais falhas. Assim, o
Estado não seria um interventor, mas um regulador.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 103
O Governo pode objetivar a consecução de muitos objetivos
da política econômica, por exemplo, de promoção do máximo ní-
vel de emprego, de produção, de poder aquisitivo, vamos analisar,
a partir de agora, as medidas fiscais que o Governo Federal pode
tomar para promover estabilidade econômica.
Com a introdução de um setor público no modelo econômico,
o dispêndio governamental e os impostos passaram a ser duas vari-
áveis adicionais que afetam o nível de renda e emprego. O aumento
do dispêndio do Governo desloca a curva de demanda agregada
no sentido ascendente em montante igual a um aumento no inves-
timento líquido. A diminuição de impostos ocasiona deslocamentos
ascendentes na demanda agregada porque os impostos de renda
da pessoa física afetam a renda disponível das famílias, o que, por
sua vez, altera os níveis de poupança e consumo. Na abordagem de
vazamentos-injeção à determinação de renda, o aumento de dis-
pêndio governamental, uma injeção, desloca em sentido ascenden-
te a curva de investimento mais dispêndio do Governo, ao passo,
que uma diminuição de impostos, um vazamento, desloca a curva
de poupança mais impostos para a direita.
Fique
Atento
Política fiscal discricionária envolve mudanças deli-
beradas ao nível de dispêndio governamental e/ou receitas
tributárias líquidas a fim de ser alcançado o nível de renda
desejado. As receitas tributárias líquidas do Governo são
iguais às receitas tributárias brutas menos as transferên-
cias, as receitas tributárias líquidas baixam quando as re-
ceitas tributárias brutas diminuem e/ou aumentam os pa-
gamentos de transferência do Governo. Se existe um hiato
inflacionário, o governo pode aumentar a demanda agre-
gada para o nível de renda de pleno emprego, aumentando
seu dispêndio ou diminuindo as receitas tributárias líquidas.
104 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
Imposto de renda e programas sociais, como compensação por
desemprego, pagamentos de bem-estar e subsídios a famílias, geram
mudanças automáticas nas receitas tributárias à medida que a Econo-
mia se afasta (ou se aproxima) do nível de renda de pleno emprego.
Essas mudanças automáticas nas receitas tributárias líquidas mode-
ram as flutuações na renda disponível das famílias e no consumo agre-
gado e diminuem a severidade das flutuações econômicas. Apesar
de benefícios no curto prazo, porque podem impedir que a demanda
agregada cresça a mesma taxa que a oferta agregada. Como resul-
tado dos efeitos potenciais de longo prazo dos estabilizadores auto-
máticos, os economistas constataram ser útil analisar a necessidade
de política econômica discricionária em termos de um orçamento de
pleno emprego e não do orçamento real.
O Bolsa Família (BF) é um programa de transfe-
rência direta de renda que beneficia famílias em situa-
ção de pobreza e de extrema pobreza em todo o país.
O programa integra o Plano Brasil Sem Miséria, que tem
como foco de atuação os milhões de brasileiros com
renda familiar per capita inferior a R$ 77 mensais e está
baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no
acesso aos serviços públicos.
O BF possui três eixos principais: a transferência
de renda promove o alívio imediato da pobreza; as con-
dicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais bá-
sicos nas áreas de educação, saúde e assistência social;
e as ações e programas complementares objetivam o
desenvolvimento das famílias, de modo que os benefi-
ciários consigam superar a situação de vulnerabilidade.
Fonte: http://goo.gl/lBM7lI
Curiosidade
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 105
Com todos os barulhos criados em torno da intervenção mí-
nima do Estado em relação ao mercado, forjados no berço do libe-
ralismo econômico, as ideias de ações keneysianas foram revistas
à função da Economia como mero instrumento que trata de ne-
gócios, que afetam diretamente a vida, mas são apenas negócios
medidos pelo relacionamento da moeda e regulados por critérios
meramente quantitativos. Essa revisão, para Adiseshian (1973), se
deu no resgate de outras vertentes importantes à vida humana e
aos seus relacionamentos quando da sua ação pautada pelas res-
ponsabilidades do Estado.
Outro aspecto a ser considerado nesse contexto é o da renda
nacional e da política salarial que são instrumentos de intervenção
do Estado. A clássica definição de renda nacional ocorre quando
Mankiw (2002) afirma que, na Economia (considerada em sua tota-
lidade), a renda gerada deve ser igual ao conjunto de despesas rea-
lizadas. Segundo ele, o esforço central na avaliação de uma econo-
mia ocorre quando os formuladores de políticas públicas buscam
mensurar o equilíbrio entre a renda e os gastos, ou seja, o compor-
tamento da força da oferta e sua relação com o preço.
Caso fale-se aqui de um indivíduo, é preciso identificar o que
faz, e principalmente quanto ganha, ou seja, sua renda. Mas se o
elemento do estudo for um país, o que precisamos saber é o seu
Produto Interno Bruto – PIB. Mankiw (2002) argumenta haver dois
movimentos importantes nesse indicador: (I) renda total gerada na
Economia e (II) despesa total gerada na Economia. Isso somente se
torna possível porque os conceitos de ambos os movimentos são
exatamente iguais. Para os especialistas, esse tipo de cálculo indica
o PIB nominal. Para compreender melhor este assunto, observe, a
seguir, o diagrama do fluxo circular.
106 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
Figura 02: Diagrama do fluxo circular.
Receita
(= PIB)
Bens e
serviços
vendidos
Insumos para
produção
Salários, aluguéis e
lucro.
(= PIB)
Terra,
trabalho e
capital
Bens e
serviços
comprados
FamíliaEmpresa
Receita
(= PIB)
Mercado de bens
e serviços
Mercado de
fatores de
produção
Renda (= PIB)
= Fluxo de bens e serviços
= Fluxo de moeda
Fonte: adaptado de Mankiw (2002).
O que ocorre na prática é que as famílias compram bens ou
serviços e as empresas utilizam a receita proveniente do movimen-
to das famílias para pagar salários aos trabalhadores produtores,
aluguéis e outros elementos envolvidos com a produção e obter
lucro. Se esse círculo for contínuo (ou seja, se a moeda fluir natural-
mente das famílias para as empresas), a teoria afirma que, olhando
para uma determinada sociedade, os gastos enxergados são exa-
tamente iguais às receitas geradas. Esse fluxo é chamado de PIB.
Fique
Atento
PIB é a soma da riqueza produzida por um país em um
determinado períodode tempo. Contudo, como toda regra,
nesta também há exceções. Produtos ilícitos, como drogas,
ou produtos piratas, como as hortaliças domésticas, não são
contabilizados. Outro detalhe importante são os aluguéis de
pessoas que possuem casa própria. Estes são estimados pelo
Governo e podem não representar a totalidade.
Seu cálculo exige um pouco mais de atenção e pode ser re-
alizado de duas maneiras. A primeira consiste no somatório das
despesas totais das famílias ou de suas receitas, que podem ser
observadas pelo conjunto (aluguel, salário e lucro). A segunda for-
ma considera um movimento um pouco mais complexo: a partici-
pação do Governo. É o que os especialistas chamam de PIB real.
Nesse cálculo, são considerados os impostos pagos aos Governos,
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 107
as poupanças feitas por famílias ou empresas, as aquisições e os
investimentos realizados por Governos e empresas como fruto
de planejamento futuro e assim por diante. Em outros termos, o
cálculo do PIB real se diferencia da primeira abordagem quando
considera a ação governamental e movimentos financistas, como
aplicação na poupança ou no mercado financeiro, ou, ainda, inves-
timentos de longo prazo.
Como você já viu, o PIB é uma medição sofisticada capaz de
identificar o consumo de gasolina gasto para uma família se des-
locar para o supermercado. Isso implica que quando você está em
algum restaurante almoçando ou uma companhia aérea adquire
um avião para sua nova frota, essas riquezas serão calculadas. Ba-
sicamente se utiliza de quatro componentes:
• Consumo (C): onde o consumo é calculado pelas despesas
realizadas pelas famílias;
• Investimento (i): significa despesas com equipamentos de
capital, estoques e construções;
• Aquisições Governamentais (G): despesas com bens e ser-
viços realizadas pelos Governos Federais, Estaduais e Mu-
nicipais;
• Exportações Líquidas (EL): exportação menos importação.
Se chamarmos o PIB de Y (como poderia ser qualquer variá-
vel), temos a seguinte fórmula:
Y = C + I + G + EL
O instrumento PIB real é utilizado por Governos ne-
oclássicos e liberais como instrumento de controle e in-
tervenção na sociedade. Como, a partir deste mecanismo,
é possível conhecer o nível de consumo das famílias e de
investimentos das empresas, há expectativas de controle
inflacionário, pois quanto maior for o consumo e o investi-
mento maior será a inflação gerada naquele mercado.
Atenção
108 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
Como outras linhas de pensamento, temos, por exemplo, as
de Amartya Sen e Jonh Maynard Keynes, especialistas que discu-
tiram os reais impactos do PIB na qualidade de vida da sociedade.
Eles se dividem entre aqueles que acreditam haver profunda influ-
ência na expectativa de vida, na taxa de alfabetização e na melhoria
da renda e aqueles que não veem relação direta deste instrumento
com variáveis relacionadas ao bem-estar do cidadão.
Amartya Sen foi um dos precursores do Índice de Desenvol-
vimento Humano (IDH), cuja base de cálculo se dá no PIB e PIB
per capita, ou seja, a divisão da riqueza pela quantidade de habi-
tantes do local. Apesar de sua ideia ter influenciado um dos mais
conhecidos índices entre os economistas, Sen, ganhador do prêmio
Nobel de Economia em 1999, afirma que, nesse cálculo, há muitos
inconvenientes, como não ser real que trabalhadores assalariados
no Brasil possuam renda de R$ 14.000,00, apesar de ser exata-
mente isso que se afirma no cálculo do PIB per capita desse país.
O gráfico a seguir legitima a defesa do autor ao apresentar relação
assimétrica entre o PIB e a expectativa de vida nas seis primeiras
décadas do século passado.
Observe que a linha pontilhada representa a evolução do PIB,
enquanto a linha contínua apresenta a evolução da expectativa de
vida para os países estudados (especialmente países europeus com
forte grau de industrialização, como a Inglaterra). Nesse estudo, é
possível observar a pouca ou nenhuma influência do crescimento
do PIB em relação ao tempo de vida do cidadão.
Gráfico 01: Relação entre PIB e expectativa de vida para os
primeiros 60 anos do século XX.
8
7
6
5
4
3
2
1
1901–11 1911–21 1921–31 1931–41 1940–51 1951–60
Fonte: adaptado de Sen (2000).
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 109
Assimetricamente ao pensamento seniano está a contribui-
ção do economista John Maynard Keynes. Este entende que o go-
verno melhorará as condições de vida da sociedade se possibilitar
as bases para um crescimento substancial do seu Produto Interno
Bruto, pois, ao assim proceder, estará promovendo o aumento au-
tomático do PIB per capita, que é a divisão do PIB por sua popula-
ção. Para Keynes, o aumento da renda per capita significa melhores
condições de vida para a população que se traduzem na Economia
pelo seu impacto no sistema produtivo. Diferente de Sen, Keynes
desconsidera o inconveniente da distribuição e se apega à ideia
central do aumento das condições de vida pela geração de maior
riqueza, como instrumento influenciador da expectativa de vida.
Observe as conclusões keynesianas no quadro a seguir.
Tabela 01: Evolução do PIB, expectativa de vida
ao nascer e taxa de alfabetização de adultos
comparados entre os anos de 1993 e 2011.
País
1993 2011
PIB real
per capta
(em R$)
Expectati-
va de vida
ao nascer
(anos)
Taxa de
alfabeti-
zação de
adultos
(%)
PIB real
per capta
(em US$)
Expectati-
va de vida
ao nascer
(anos)
Taxa de
alfabeti-
zação de
adultos
(%)
EUA 29.010 70 99 42.486 78,5 98
Japão 24.070 80 99 24.818 83,4 89
Alemanha 21.260 77 99 34.437 80,4 97,7
México 8.370 72 90 12.776 77 80
Brasil 6.480 67 84 10.278 73,5 87
Rússia 4.370 67 99 14.808 68,8 85
Indonésia 3.490 65 85 4.094 69,4 76
China 3.130 70 83 7.418 73,5 70
Paquistão 1.670 63 53 2.224 63,4 44
Fonte: adaptado do Relatório de Desenvolvimento Humano de 1993 e 2013.
110 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
Segundo o pensamento keynesiano, o aumento da expecta-
tiva de vida do cidadão se relaciona e é influenciado diretamente
pelo aumento do nível de renda per capita do seu país, fato que
pode ser comprovado pelo quadro, onde se observa, entre os anos
comparados, que a expectativa de vida evoluiu em todas as socie-
dades em que se viu a evolução da renda per capita.
2. Qual o principal papel do Estado na Economia segundo a
ideia marxista?
3. Cite as variáveis que o PIB real visa calcular.
Pratique
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 111
Segundo o pensamento keynesiano, o aumento da expecta-
tiva de vida do cidadão se relaciona e é influenciado diretamente
pelo aumento do nível de renda per capita do seu país, fato que
pode ser comprovado pelo quadro, onde se observa, entre os anos
comparados, que a expectativa de vida evoluiu em todas as socie-
dades em que se viu a evolução da renda per capita.
2. Qual o principal papel do Estado na Economia segundo a
ideia marxista?
3. Cite as variáveis que o PIB real visa calcular.
Pratique
2.2. Instrumentos do Setor Público: a Política
Fiscal e o Orçamento do Setor Público
Política fiscal é o nome dado às ações do Governo destinadas
a ajustar seus níveis de gastos, assim, monitorando e influencian-
do a economia de um país. Nos diversos manuais de Economia, a
política fiscal está intimamente ligada à política monetária, poden-
do-se afirmar, em termos bastante simplistas, que as duas políticas
econômicas são como irmãs, pois ambas buscam influenciar um
aspecto da Economia: a política monetária modificará o comporta-
mento da moeda, e a política fiscal operará frente aos gastos esta-
tais. Todo o Governo invariavelmente utilizará as duas políticas sob
várias combinações e graduações, em um esforço para orientar as
metas econômicas de um país.
Basicamente, a forma de articular uma política fiscal dá-se
através da efetiva arrecadação de impostos, aplicando seus recur-
sos da forma mais racional e eficazpossível. Isso equivale a uma
interferência também no setor tributário, modificando as despesas
do setor privado. Uma maior arrecadação de impostos influenciará
diretamente a disponibilidade de moeda no mercado, provocan-
do uma redução de recursos que particulares poderão destinar ao
consumo e à poupança. Assim, quanto maior a carga de impostos
ditada pela política fiscal do Governo, haverá menor renda disponí-
vel para a população em geral, inibindo o consumo. Esta é uma das
armas disponíveis aos governos para controlar a taxa de inflação,
pois têm como objetivo atingir a demanda. É a ação do Estado no
que se refere às receitas e despesas do Governo.
• Receitas: tudo o que o governo arrecada em um determi-
nado período de tempo. As principais fontes de receita
são: arrecadação de tributos e venda/concessão de servi-
ços públicos;
• Despesas: tudo o que o Governo gasta em um determi-
nado período de tempo. Principais despesas do Governo:
pagamento dos funcionários, manutenção da máquina ad-
ministrativa e investimentos públicos.
112 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
A política fiscal pode ser restritiva ou expansiva. Uma política
restritiva reduz a quantidade de moeda em circulação. A política
expansiva aumenta a liquidez da Economia. Para praticar a política
fiscal, o Governo conta com instrumentos como: alíquotas de im-
postos; gastos públicos; concessão de subsídios; carga tributária e
menos recursos terão os contribuintes para poupar e/ou consumir.
Política fiscal tem atuação à arrecadação de impos-
tos e aos gastos públicos, buscando diminuir os gastos pú-
blicos ou aumentar a carga tributária, ocasionando a inibi-
ção do consumo da população; pode também aumentar a
demanda se for esse o objetivo.
Memorize
2.3. O caráter automático da política fiscal
No mundo real, os impostos podem variar com o produto na-
cional. Geralmente, os impostos são de natureza proporcional, sen-
do assim, produzem receitas que supõem uma determinada por-
centagem do produto nacional.
A visão da política fiscal como um instrumento estabilizador
da atividade econômica pode dar a ideia de que apenas ajuda a
controlar a Economia se forem adotadas políticas fiscais que exi-
gem medidas explícitas, pois dependem da decisão dos conduto-
res da política fiscal, porém o sistema impositivo tem alguns efeitos
automáticos sobre a evolução da atividade da Economia sobre a
expansão e as depressões (período prolongado de baixa atividade
econômica e elevado desemprego).
Quando os impostos são proporcionais isso também resulta
em uma alteração automática da forma de arrecadação, aumentan-
do à medida que se aumenta o produto nacional. Com isso, reduz
a força de expansão e dá lugar à recessão, portanto, os impostos
proporcionais cumprem o papel de estabilizadores automáticos
das atividades econômicas, pois não necessitam de medidas explí-
citas para reduzir mecanicamente as forças de recessão ou expan-
são da demanda.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 113
Durante a fase de recessão, aumenta o desemprego e os
subsídios aos empregados; nos anos de forte crescimento, quan-
do reduz o desemprego, esses pagamentos de subsídios diminuem
aumentando gradativamente os fundos de arrecadação do seguro
social em forma de cotas tanto do empregado quanto do emprega-
dor, dessa forma, o seguro desemprego também exerce uma pres-
são estabilizadora contribuindo para a redução da demanda quan-
do ela é excessiva ou colaborando para manter o nível de consumo
se a atividade for descendente.
Portanto, nem todos os estabilizadores originam-se pela
atuação do setor público, sendo assim, mesmo que o papel de-
sempenhado pelos estabilizadores automáticos seja importante,
não são suficientes para estabilizar a atividade econômica por re-
duzirem parte da flutuação na Economia, porém, não eliminam
completamente.
2.4. O déficit público e o seu financiamento
Fluxo circular de renda, incluindo, agora, um novo personagem:
o Governo. Vamos examinar este item crucial que são os gastos do
governo (G). Para isso, é interessante observar o mercado financeiro.
Figura 03: Fluxo circular da renda.
Y = Renda
Merc. Fin.
Família T
GOV
Empresas
G
Fatores
de produção
Bens e
serviçosConsumo
Sp
Y = PIB
Receita
Salários,
aluguéis.
lucros e
dividendos
I
Fonte: adaptado de Mankiw (2002).
114 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
Um Governo tem para gastar aquilo que ele arrecada de im-
postos menos o que ele transfere de volta para as famílias via apo-
sentadorias etc. Vamos chamar o total da arrecadação do governo
de T. Para simplificar o raciocínio, suponha que as empresas não
pagam impostos, transferindo todos os lucros e dividendos para as
famílias, que são taxadas pelo Governo.
Então, podemos comparar T (arrecadação líquida de impos-
tos) com G (gastos do Governo). Se o Governo gastar mais do que
arrecada: T – G < 0 = > existe um déficit fiscal. Se o Governo arre-
cadar mais do que gasta: T – G > 0 = > existe um superávit fiscal. Se
o Governo gastar exatamente o que arrecadar: T – G = 0 = > existe
um orçamento equilibrado.
Na equação da poupança nacional, podemos introduzir a se-
guinte modificação: Y – C – T + T – G = Sn
Observe que foi introduzido: – T + T, que é igual a zero, não
interferindo na validade da equação. Com esse artifício, dividimos a
poupança total desta Economia (Poupança Nacional) em duas par-
celas: Y – C – T = > poupança do setor privado. (Representado por
SP, no modelo). A poupança privada é a renda das famílias, menos
o seu consumo, menos a transferência líquida de impostos para o
Governo: T – G = > poupança do Governo (SG).
Pode-se perceber que, se T – G < 0, isto é, se existe um dé-
ficit fiscal (o Governo gasta mais do que arrecada), na verdade, a
poupança do Governo é uma “despoupança”. O Governo, ao invés
de contribuir para a poupança nacional, está consumindo parte
da poupança privada. Se lembrarmos que a poupança nacional re-
presenta a oferta de fundos emprestáveis no mercado financeiro.
Vemos que um déficit governamental implica em uma diminuição
da oferta. Como em qualquer mercado, uma diminuição da oferta
faz subir o preço do produto (fundos emprestáveis) = > sobre a
taxa de juros.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 115
Voltamos, agora, às ideias vistas anteriormente. O crescimen-
to de um país e o padrão de vida de um povo dependem funda-
mentalmente dos investimentos. Ao promover um gasto excessivo
(T – G < 0), o Governo, na verdade, disputa com o setor privado
os fundos emprestáveis (poupança) e diminui o espaço do investi-
mento privado via alta dos juros. Diz-se que o déficit público pro-
voca o fenômeno de crowding out, literalmente, expulsão do inves-
timento privado. Como podemos ver, em uma Economia fechada, a
poupança nacional é o principal determinante do crescimento eco-
nômico no longo prazo. Ao utilizar parte da poupança privada para
financiar seu déficit, o Governo reduz os recursos disponíveis para
investimento em capital novo; portanto, pode deprimir os padrões
de gerações futuras. A lei de responsabilidade fiscal, recentemente
aprovada pelo congresso, vai ao coração dessa questão.
Em muitos sentidos, os mercados financeiros são bem pa-
recidos com outros mercados. O preço dos fundos emprestáveis
– a taxa de juros – é governado pelas forças de oferta e demanda,
como os demais preços na Economia. Contudo, os mercados finan-
ceiros são especiais, diferentemente da maioria dos outros mer-
cados, têm a importante função de ligar o presente com o futuro.
Os que oferecem fundos emprestáveis – os poupadores – o fazem
porque desejam converter parte de sua renda corrente em poder
aquisitivo futuro. Os que demandam fundos emprestáveis – os to-
madores de empréstimos – o fazem porque desejam investir hoje
a fim de contar com suficiente capital (maquinário, tecnologia etc.)
para produzir bens e serviços no futuro. Assim, o bom funciona-
mento dos mercados financeiros é importantenão só para a gera-
ção atual mas também para as gerações futuras que herdarão os
benefícios resultantes.
116 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
3. O FINANCIAMENTO DA ECONOMIA:
DINHEIRO E BANCOS
Assim como outras instituições financeiras, os bancos comer-
ciais aceitam depósitos e fazem empréstimos. Todavia, esses ban-
cos são organismos especiais, porque seus empréstimos aumen-
tam os depósitos à vista e a oferta de moeda.
3.1. Dinheiro
O papel-moeda é um instrumento ao portador, mas a moeda
do depósito à vista pode ser transferida a terceiros por uma solici-
tação do seu possuidor ao banco comercial, já que os depósitos à
vista são uma maneira mais segura de reter moeda, são a forma de
moeda mais frequentemente usada.
A menos que sejam regulamentados, os bancos comerciais
encontram-se em posição de criar depósitos à vista (moeda) a seu
livre arbítrio. Normalmente, a expansão dos depósitos nos bancos
comerciais é regulamentada pelo Governo através da imposição de
uma reserva legal ou encaixe. A reserva legal é uma regra que exige
que um banco comercial limite seus depósitos à vista a um múltiplo
fixo de um de seus ativos líquidos. Em consequência de seu desejo
de renda e lucros e de seu entendimento de que os depósitos à
vista são a forma de moeda preferida, um banco comercial tende
a expandir seus empréstimos e depósitos à vista em um montante
igual à sua detenção de reservas em excesso.
Figura 04: O papel-moeda é dinheiro ou moeda
escritural oficial de um país, dessa forma,
sendo emitido pela autoridade oficial.
Fonte: https://goo.gl/KucXNu
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 117
3.2. Processo de financiamento
Os bancos comerciais, usualmente, são de propriedade priva-
da. Na busca de lucro para os acionistas, tendem a expandir os em-
préstimos e a criar depósitos todas as vezes em que detêm excesso
de reservas porque os empréstimos produzem a renda de juro que
é a fonte de ganhos bancários. Visto que existe grande número de
bancos comerciais, em geral, a expansão de depósitos à vista por
um banco resulta em uma perda de reserva para um outro. Com
cada banco comercial efetuando empréstimos em montante igual
a seu excesso de reservas, a expansão dos depósitos à vista se
torna um múltiplo do aumento nas reservas detidas pelo sistema
bancário comercial.
Visto no agregado, o aumento potencial nos depósitos à vista
para o sistema bancário comercial é especificado como ΔD = dΔR,
onde ΔD é a variação potencial no volume de depósitos à vista, d
é a recíproca da reserva legal (isto é, d = 1/r) e ΔR é a variação em
reservas para o sistema bancário comercial.
Figura 05: Os empréstimos produzem a
renda de juro que é a fonte de ganhos bancários.
Fonte: https://goo.gl/zzskRe
118 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
3.3. Bancos e dinheiro bancário
Na medida em que os lucros sejam o principal objetivo de
um banco comercial, a sobrevivência exige que cada banco per-
maneça solvente e que detenha liquidez adequada para os casos
em que os depositantes desejem converter os depósitos à vista
em moeda corrente. Consegue-se solvência por empréstimos aos
tomadores cuja probabilidade de inadimplemento seja mínima, isto
é, pela detenção de ativos de dívida que não sejam moeda corren-
te que tenham alta probabilidade de resgate. Obtém-se liquidez
pela detenção de alguns papéis negociáveis que possam ser rapi-
damente convertidos em moeda corrente sem perda de seu valor
nominal. Assim, o portfólio de um ativo do banco (a composição
de seu ativo) depende das oportunidades de investimento que lhe
são abertas e da necessidade de segurança e liquidez na operação
diária do banco.
3.4. Os bancos e a criação de dinheiro
Dada uma definição de moeda M, uma variação na oferta de
moeda consiste em uma alteração nos depósitos à vista mais a mo-
eda corrente, isto é, ΔM = ΔD + ΔC, onde D são os depósitos à vista
e C é a moeda corrente, quer dizer que um aumento nas reservas
dos bancos comerciais pode ocasionar um aumento múltiplo nos
depósitos à vista. Considerando-se que as detenções de moeda
corrente, em geral, se relacionam positivamente com o volume de
depósitos à vista, um pouco das reservas adicionais criadas pelo
Banco Central será retido como moeda corrente.
Fique
Atento
Dada a possibilidade que os bancos comerciais tam-
bém podem reter excesso de reservas, a variação na oferta
de moeda é dada como: ΔM = ΔB x {(1 + C) / (r + c + e)},
onde r é o encaixe mínimo sobre os depósitos à vista, c é
a razão de moeda corrente para os depósitos à vista e e é
a razão de encaixe de reservas para os depósitos à vista.
ΔB consiste nas reservas detidas pelo sistema bancário co-
mercial, mais a moeda corrente em circulação.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 119
4. CONTROLE DA QUANTIDADE DE MOEDA
PELO BANCO CENTRAL
4.1. Controle da oferta monetária e o BACEN
O executor do controle monetário é o Banco Central (BACEN)
por meio da emissão do papel-moeda e dos bancos comerciais,
que, apesar de não poderem emitir, podem, no entanto, criar ou
destruir moeda.
É importante levarmos em consideração alguns conceitos
monetários, a saber: PME (papel-moeda emitido pelo Banco Cen-
tral), PMC (papel-moeda em caixa nos Bancos Comerciais, moeda
corrente), PMP (papel-moeda em poder do público). Assim como o
que vêm a ser os meios de pagamento M1 – representados pelo pa-
pel-moeda em poder do público, também chamado de moeda ma-
nual ou moeda corrente, e pelos depósitos à vista do público nos
bancos comerciais ou moeda escritural, assim M1 = PMP + DVBC. Há
um mecanismo muito importante na Economia que é o de criação
e destruição de moeda, por exemplo, se ↑ (aumento) M1 → (implica
em) criação de moeda, mas se ↓ (diminui) M2 → (implica em) des-
truição de moeda.
Fique
Atento
Há os efeitos nulo – quando um indivíduo efetua
um depósito à vista, por exemplo, nesse caso, há apenas
uma transferência de moeda manual para moeda escritu-
ral – e multiplicador da moeda – quando os bancos co-
merciais podem criar moeda na medida em que somente
uma fração do total de depósitos à vista é utilizada pelo
público depositante, possibilitando aos bancos realizar
operações de empréstimos, os quais, por sua vez, geram
novos depósitos bancários. Dessa forma, verifica-se o me-
canismo que deriva o efeito multiplicador da moeda.
120 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
4.2. Política monetária e seus instrumentos
Política monetária pode ser definida como o controle da ofer-
ta de moeda (quantidade de dinheiro), taxas de juros e do crédito
em geral, que garante a liquidez ideal para a Economia.
Os mecanismos de controle da oferta monetária são, basica-
mente, aqueles em que o BACEN atua na capacidade dos bancos
criarem meios de pagamentos, a saber:
• Depósitos compulsórios: depósitos obrigatórios que os
bancos comerciais têm que fazer junto ao Banco Central;
• Redesconto ou assistência financeira de liquidez: é um em-
préstimo (socorro) que o Banco Central fornece aos ban-
cos comerciais para atender suas necessidades de caixa
(problemas de liquidez) decorrentes de maior demanda
por empréstimos por parte do público. Através desse ins-
trumento, o M1 pode ser expandido e reduzido. Como ins-
trumento de política monetária, sua utilização encontra-se:
taxa de juros cobrados pelo BACEN; limitação no volume
de empréstimos; fixação dos prazos das operações; con-
trole da frequência de utilização dos empréstimos; restri-
ções quanto aos tipos de títulos redescontáveis;
• Open market (mercado aberto): consiste na compra e na
venda de títulos públicos por parte do Banco Central. Este
pode ser considerado o mecanismo mais ágil (flexibilidade
e rapidez) de política monetária de que dispõe o BC;
• Contingenciamento do crédito: pode ser feito através do
controle e da destinação do crédito, controle das taxas de
juros e da determinação dos prazos, dos limites e das con-
dições dos empréstimos.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIADE EMPRESAS 121
4.2. Efeitos da política monetária
Conforme você leu, o Banco Central realiza o controle da
oferta monetária com os seguintes instrumentos: depósitos com-
pulsórios, redesconto ou assistência financeira de liquidez e opera-
ções de open market. Quando há criação de moeda, alguns casos
podem acontecer como quando um banco compra títulos públi-
cos da dívida pública possuídos pelo público, pagando em moeda
corrente ou em moeda escritural, um banco compra cambiais dos
exportadores pagando em moeda corrente ou em moeda escritural
ou uma empresa leva a um banco duplicatas para desconto.
Quando há destruição de moeda, alguns casos podem acon-
tecer como quando um indivíduo efetua um depósito a prazo em
um determinado banco comercial, um indivíduo paga um emprésti-
mo contraído em um banco, um banco vende cambiais aos impor-
tadores, um banco vende títulos ao público em geral.
Fique
Atento
Se ↑ depósitos compulsórios → ↓ quantidade de di-
nheiro disponível pelos bancos para empréstimos.
Se ↓ depósitos compulsórios → ↑ quantidade de di-
nheiro disponível pelos bancos para empréstimos.
Se a intenção da autoridade monetária for ↓ M1, en-
tão, ↑ i do redesconto - ↓ prazos de resgate - ↓ limites
operacionais - ↑ restrições quanto ao tipo de títulos re-
descontáveis.
Se a intenção da autoridade monetária for ↓ M1, en-
tão, ↑ i do redesconto - ↓ prazos de resgate - ↓ limites
operacionais - ↑ restrições quanto ao tipo de títulos re-
descontáveis.
Em relação às operações com títulos públicos, P/ ↑
M1 → o BACEN compra títulos públicos no mercado. P/ ↓
M1 → o BACEN vende títulos públicos no mercado. Resu-
mindo:
P/ ↑ M1 → ↓ compulsório - ↓ i redesconto – compra
de títulos públicos por parte do BACEN.
P/ ↓ M1 → ↑ compulsório - ↑ i redesconto - vende
títulos públicos no mercado.
122 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
5. MERCADO DE CÂMBIO
5.1. Taxa de câmbio nominal e real
Taxa de câmbio nominal é a taxa aplicada quando da troca
da moeda de um país pela moeda de outro. Os jornais publicam
diariamente a cotação da véspera do Real em relação às principais
moedas no mundo. Por exemplo: você abre a Gazeta Mercantil e lê
que, no câmbio comercial, 1 Dólar = 2,15 Reais. Essa é taxa de câm-
bio nominal. Se, no dia seguinte, 1 Dólar = 2,18 Reais, dizemos que o
Real se desvalorizou em frente ao Dólar ou que o Dólar se apreciou
em relação ao Real. Se a taxa do dia seguinte for de 1 Dólar = 2,10
Reais, dizemos que o Real se valorizou ou que o Dólar se depreciou
frente ao Real.
Taxa de câmbio real é a taxa que se pode trocar os bens e os
serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. Por exem-
plo: imagine que você vai às compras e vê uma caixa de cerveja ale-
mã que custa o dobro do valor de uma caixa de cerveja, da mesma
qualidade, americana. Você poderia dizer que a taxa de câmbio real
é de 1/2 caixa de cerveja americana. No caso, a taxa de câmbio real
é expressa em termos de produtos e não de moeda. Obviamente,
ao se estudar a Economia como um todo, são comparadas cestas
de produtos e não um produto individual.
Imagine o beneficiador do arroz Uncle Bens nos EUA. Ele
compra sacos de arroz tanto no mercado interno quanto no ex-
terior e o beneficia (com vitaminas) para se tornar o produto que
mais vende no mercado. Ao comprar suas sacas de arroz, ele levará
em consideração, entre outras coisas, a taxa de câmbio real para
ver qual o mais barato.
Uma depreciação da taxa de câmbio real do Brasil significa
que os produtos brasileiros se tornam mais baratos que os estran-
geiros. Em consequência, as exportações brasileiras crescem e as
importações caem, ambos os fatos contribuindo para o crescimen-
to da Balança Comercial.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 123
5.2. O comércio internacional
O comércio internacional se constitui no intercâmbio de bens,
serviços e capitais entre os diversos países. Muitos teóricos em
Economia tentaram explicar as razões que levam os países a co-
mercializarem entre si. A diversidade de condições de produção, a
possibilidade de redução de custos, a obtenção de economias de
escala na produção de certos bens vendidos no mercado interna-
cional foram algumas das explicações sugeridas pelos economistas
ao longo dos anos.
Fundamentalmente, o comércio internacional surge pela im-
possibilidade de os países produzirem todos os bens que neces-
sitam. Isso ocorre ou porque os países não dispõem de matérias-
-primas necessárias à sua produção ou porque não dispõem de
tecnologia e conhecimento suficientes para produzir determina-
dos bens.
Muitas vezes, as diferenças entre capacidades tecnológicas
e disponibilidade de recursos produtivos justificam o intercâmbio
de bens e serviços que poderiam ser produzidos dentro do próprio
país devido, segundo o Princípio das Vantagens Comparativas, ao
fato de que cada nação deveria se especializar na produção daque-
la mercadoria em que é mais eficiente ou que tenha custos relativa-
mente menores. A existência de uma diferença nos custos relativos
seria, então, suficiente para que cada um deles se especializasse
naquela produção para a qual um país disponha de uma vanta-
gem comparativa em relação a outro e troquem o produto entre si.
Esta especialização resulta em uma ampliação da produção mun-
dial, ampliando a capacidade do sistema econômico de satisfazer
os desejos dos indivíduos.
Embora as vantagens do livre comércio sejam evidentes,
existem situações em que se faz necessária a adoção de medidas
protecionistas, seja para proteger uma indústria considerada es-
tratégica para o país, para fomentar a industrialização e a criação
de empregos, para tornar possível o desenvolvimento de indústrias
ainda embrionárias ou até mesmo para combater os déficits na ba-
lança comercial.
124 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
As principais medidas protecionistas seriam a implementação
de impostos de importação ou tarifas aduaneiras, estabelecimento
de quotas para importação, subsídios à exportação.
As informações relevantes para a decisão de importar ou ex-
portar são preços domésticos, preços externos e taxa de câmbio.
Tabela 02: Crescimento do comércio mundial (1950-2001).
Período Exportações mundiais (média no período)
us$ bilhões
1950-1960 91,2
1961-1970 195,7
1971-1980 986,2
1981-1990 2302,3
1991-2001 4995,8
Fonte: FMI – International Financial Statistics – dados apresentados em Ipeadata.
5.3. Comércio entre países e os
obstáculos ao livre comércio
As políticas externas, que atuam sobre as variáveis relaciona-
das ao setor externo da Economia, dividem-se em política cambial
e política comercial. A política cambial refere-se à atuação do Go-
verno sobre a taxa de câmbio, a política comercial diz respeito aos
instrumentos de estímulo às exportações, controle ou abertura das
importações.
Os fluxos financeiros são afetados por expectativas e políti-
cas cambiais e monetárias das diferentes economias. Quando as
taxas de juros de um país forem superiores às taxas de juros de
outro país, pode-se esperar um fluxo positivo de recursos. Assim,
a manipulação da taxa de juros acaba se configurando também
como um instrumento de política externa.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 125
O desenvolvimento e a velocidade dos movimentos financei-
ros têm levado à necessidade de uma maior coordenação de po-
líticas dentro do país, e até mesmo entre os diferentes países. As
alterações de políticas monetárias, fiscais, cambiais e comerciais,
muitas vezes, podem gerar impactos em toda a Economia mundial,
dependendo do nível de integração do país no comércio interna-
cional e nos fluxos financeiros internacionais.
5.4. As transações internacionais e
o balanço de pagamentos
Com o crescimento do comércio internacional surgiu a ne-
cessidade de medi-lo. O balanço de pagamentos é o registro es-
tatístico-contábil sistemático de todas as transações econômicas
realizadas entre os residentes do país com os residentes dos de-
maispaíses.
Estão registradas no balanço de pagamentos todas as opera-
ções com mercadorias, capitais físicos, financeiros, serviços e obri-
gações entre o país e o resto do mundo: importações, exportações,
fretes, seguros, empréstimos obtidos no exterior etc.
As importações são os bens ou as mercadorias e os servi-
ços que os residentes nacionais compram dos estrangeiros. As ex-
portações são as vendas de bens e serviços feitos por residentes
nacionais a estrangeiros. O saldo de um balanço, por sua vez, é a
diferença entre as entradas e os pagamentos.
No Brasil, a contabilização iniciou-se em 1947, feitos
pelo Banco do Brasil e pela FGV, hoje é função do Ban-
co Central. Há uma padronização das contas dos países
que foi feita pelo FMI a nível internacional e os balanços
de pagamentos de países membros passaram, então, a ser
divulgados internacionalmente.
Curiosidade
126 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
As principais finalidades do Balanço de Pagamentos são:
• Informar como o país se comporta diante do comércio in-
ternacional;
• Instrumento para o Governo tomar decisões e corrigir pro-
blemas do comércio internacional;
• Medir o efeito das medidas tomadas.
A contabilidade dessas transações segue as normas gerais
da contabilidade geral, utilizando-se o método das partidas dobra-
das (débito e crédito). Contudo, no caso das transações externas,
não existe propriamente uma conta caixa, e, para se contornar tal
situação, usa-se uma conta especial chamada haveres e obrigações
no exterior (HOE) – quando há ingresso de dinheiro no país, debi-
tamos na conta HOE; quando há saída de dinheiro, creditamos na
conta HOE.
A HOE apresenta três tipos de transações: divisas (moedas
estrangeiras); ouro monetário (é aceito como meio de pagamento
no comércio internacional); direitos especiais de saque (DES): uma
espécie de “cheque especial” que os países têm junto ao FMI, cujo
limite varia inversamente com a renda per capita e com a participa-
ção no comércio internacional.
Fique
Atento
As contas do balanço de pagamentos referem-se
apenas ao fluxo em um dado ano e não indicam o total
de endividamento externo e de reservas internacionais do
país (que são os estoques). No entanto, é possível saber a
variação da dívida externa, obtida pela diferença entre a
entrada de empréstimos e financiamentos, e os pagamen-
tos efetuados (amortizações e liquidação de atrasados co-
merciais).
A variação das reservas internacionais, que são as divisas es-
trangeiras, ouro e DES que estão em poder do Banco Central ou de-
positados no FMI, é dada pela conta haveres e obrigações no exterior.
O balanço de pagamentos apresenta as seguintes subdivisões:
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 127
• Balança comercial: essa conta compreende basicamente o
comércio de mercadorias – se as exportações FOB (free
on board, isto é, isentas de fretes e seguros) excedem as
importações FOB, temos um superávit no balanço do co-
mércio; caso contrário, temos um déficit.
As exportações serão afetadas pelos preços externos em
moeda estrangeira, pelos preços internos em reais, pela taxa de
câmbio, pela renda mundial e pelos subsídios e incentivos às ex-
portações. As importações serão afetadas pelos preços externos
em moeda estrangeira, pelos preços internos em reais, pela taxa
de câmbio, pela renda e produto nacional, pelas tarifas e barreiras
às importações.
• Balanço de serviços: além das mercadorias, todo país com-
pra e vende serviços. Por exemplo, os residentes no Brasil
podem passar suas férias no exterior, pagando por diver-
sos serviços que são englobados sob a rubrica generaliza-
da de turismo.
Registram-se, portanto, todos os serviços pagos e/ou recebi-
dos pelo Brasil, tais como: seguros, lucros, fretes, juros, royalties e
assistência técnica, viagens internacionais.
Os serviços que representam remuneração a fatores de
produção externos (juros, lucros, royalties, assistência técnica)
são chamados de serviços de fatores, são a renda líquida do ex-
terior. Os serviços de não-fatores correspondem aos itens do
balanço de serviços que se referem a pagamentos às empresas
estrangeiras pela prestação de serviços de fretes, seguros, trans-
porte, viagens etc.
• Transferências unilaterais: também conhecidas como conta
de donativos, registram as doações interpaíses. Os donati-
vos podem ser em divisas ou em mercadorias.
128 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
O somatório dos balanços comercial, de serviços e de transfe-
rências unilaterais resulta no saldo em conta corrente e/ou balanço
de transações correntes. Se temos um saldo do balanço de transa-
ções correntes negativo, temos uma formação de poupança ex-
terna, dando indicativo de que o país aumentou seu endividamen-
to externo, em termos financeiros, mas absorveu bens e serviços
em termos reais no exterior. Se o balanço de transações correntes
apresentar um saldo positivo, podemos dizer que o país enviou um
volume maior do que o que recebeu de bens e serviços para o ex-
terior – em termos reais, é uma poupança externa negativa.
Fique
Atento
Quando um país registra um déficit no balanço de tran-
sações correntes, ele tem duas opções: pedir empréstimos
ao exterior ou vender ativos, isto é, propriedades imobiliárias,
propriedades diretas de empresas, ações etc. a estrangeiros.
Esse tipo de transação aparece no balanço de conta capital,
que informa quais os possíveis desequilíbrios do balanço de
transações correntes que podem ser compensados pelo sal-
do favorável no balanço de conta de capital.
• Movimento de capitais ou balanço de capitais: nesta con-
ta, também chamada de conta de capital, aparecerão as
operações que produzem variações no ativo e no passivo
externo do país e que, portanto, modificam sua posição
devedora ou credora perante o resto do mundo. Esse con-
junto de transações que refletem a disponibilidade do país
em financiar a formação de capital ou modificar a posição
credora ou devedora frente ao resto do mundo engloba
quatro tipos de operações, todas elas integrantes do ba-
lanço de conta de capital. Nesta conta são registrados:
a) os investimentos diretos tais como a compra de um terre-
no ou uma casa por estrangeiro; b) investimentos em carteira, isto
é, quando se compra ou se vende a menor fração de uma empresa,
suas ações, por exemplo; c) créditos a longo prazo, recebidos do
exterior por prazo superior a um ano ou concedidos ao exterior, e
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 129
devolução dos créditos concedidos ou recebidos (em moeda ou
em títulos); d) capital a curto prazo, isto é, créditos recebidos ou
concedidos e sua devolução, quando o prazo de vencimento é infe-
rior a um ano (em moeda ou em títulos); e) variações nas reservas
centrais de divisas.
As reservas são as possessões que um país tem na forma de
divisas e de outros ativos, que podem ser utilizadas para satisfa-
zer a demanda de divisas e que situam o país como credor frente
ao exterior, dado que representam ativos em relação ao resto do
mundo.
A conta de capital subdivide-se em duas: movimentos autô-
nomos de capital e movimentos induzidos de capital. Movimentos
autônomos de capital, na forma de investimentos diretos de em-
presas multinacionais, de empréstimos e financiamentos para pro-
jetos de desenvolvimento do país e de capitais financeiros de curto
prazo, aplicados no mercado financeiro nacional. Movimentos indu-
zidos de capital, para financiar o saldo do balanço de pagamentos,
incluem as contas haveres e obrigações no exterior (HOE), atrasa-
dos comerciais (quando as obrigações do país não são pagas no
dia de vencimento) e empréstimos de regularização do FMI (quan-
do o país apresenta dificuldades de liquidez internacional), ou seja,
são as formas pelas quais é financiado o saldo do balanço de paga-
mentos: ou sai do caixa, ou toma emprestado, ou deixa de pagar.
Esse item é denominado financiamento do resultado e corresponde
ao saldo do balanço de pagamentos,com o sinal trocado.
Erros e omissões são a diferença entre o saldo do balanço
de pagamentos e o financiamento do resultado que surge quando
se tenta compatibilizar transações físicas e financeiras e as vá-
rias fontes de informações (Banco Central, Departamento de Co-
mércio Exterior, Receita Federal etc.). Como o Banco Central tem
maior controle sobre o item financiamento do resultado, supõe-se
seu saldo correto, e joga-se a diferença entre esse item e a soma
das transações correntes e movimento de capitais autônomos em
erros e omissões.
130 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
O saldo do balanço de pagamentos é igual ao saldo do balan-
ço de transações correntes mais o saldo do balanço da conta capi-
tal, sem incluir a variação das reservas. O balanço de pagamentos
tem um superávit quando a conta corrente mais a de capital autô-
nomo apresentam superávit em conjunto e as divisas estão aumen-
tando. O Banco Central terá suas reservas de divisas aumentadas.
Quando as divisas procedentes das transações correntes e da
conta de capital autônomo se reduzem isso indica a existência de
um déficit no saldo do balanço de pagamentos. Quando isso ocor-
re, o banco central reduz suas reservas de divisas. Um déficit no ba-
lanço de pagamentos corresponde a uma importação de poupança
externa, que se canaliza para investimentos domésticos.
Historicamente, a Economia brasileira tem apresentado em
todos os anos uma balança comercial superavitária, mas um balan-
ço de serviços deficitário, principalmente, devido ao pagamento de
juros da dívida externa mas também devido à remessa de lucros e
pagamentos de fretes e seguros.
Como o saldo negativo do balanço de serviços tem superado,
na maior parte das vezes, o saldo positivo da balança comercial e
das transferências unilaterais, o balanço de transações correntes
tem sido quase sempre negativo. Esse déficit em conta corrente
tem sido financiado pela entrada líquida de capitais externos, o que
torna o saldo do balanço de pagamentos positivo.
Conecte-se
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 131
O saldo do balanço de pagamentos é igual ao saldo do balan-
ço de transações correntes mais o saldo do balanço da conta capi-
tal, sem incluir a variação das reservas. O balanço de pagamentos
tem um superávit quando a conta corrente mais a de capital autô-
nomo apresentam superávit em conjunto e as divisas estão aumen-
tando. O Banco Central terá suas reservas de divisas aumentadas.
Quando as divisas procedentes das transações correntes e da
conta de capital autônomo se reduzem isso indica a existência de
um déficit no saldo do balanço de pagamentos. Quando isso ocor-
re, o banco central reduz suas reservas de divisas. Um déficit no ba-
lanço de pagamentos corresponde a uma importação de poupança
externa, que se canaliza para investimentos domésticos.
Historicamente, a Economia brasileira tem apresentado em
todos os anos uma balança comercial superavitária, mas um balan-
ço de serviços deficitário, principalmente, devido ao pagamento de
juros da dívida externa mas também devido à remessa de lucros e
pagamentos de fretes e seguros.
Como o saldo negativo do balanço de serviços tem superado,
na maior parte das vezes, o saldo positivo da balança comercial e
das transferências unilaterais, o balanço de transações correntes
tem sido quase sempre negativo. Esse déficit em conta corrente
tem sido financiado pela entrada líquida de capitais externos, o que
torna o saldo do balanço de pagamentos positivo.
Conecte-se
4. Em sua opinião, qual das visões (de Keynes e Sen) mais
representa a realidade em que você vive?
5. Qual a importância da taxa de câmbio real?
Pratique
132 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
Relembre
Nesta unidade, você acompanhou alguns elemen-
tos conceituais importantes para conhecer a ação do Es-
tado na Economia. Observou que, em seu estado natural,
o comportamento do ser humano na sociedade tende a
conduzi-lo a processos estressantes diante do aumento de
demandas em meio a recursos cada vez mais escassos.
Esse modelo, conhecido inicialmente por liberalismo, apre-
senta limites que podem conduzir a sociedade a caminhos
turbulentos.
Em seguida, apresentamos três pensamentos clássi-
cos a respeito da intervenção do Estado na Economia. O
primeiro, de perspectiva marxista, roga pela presença do
Estado no seu papel mais acentuado de intervenção. Ou
seja, o filósofo previa que do Estado se espera o contro-
le sobre a produção e a distribuição. O segundo modelo
apresentou as ideias neoclássicas em que se prevê a in-
tervenção do Estado somente quando e onde o merca-
do apresentar pontos de desequilíbrio, desde que tal ação
não seja demasiadamente prolongada. Em outras palavras,
o papel do Estado seria apenas de regular a Economia e
nunca de intervir. Finalmente, o pensamento clássico, que
prevê ausência completa de regulação ou de intervenção
por parte do Estado no comportamento econômico. Se-
gundo esse pensamento, o mercado per se é suficiente-
mente capaz de se autorregular.
Em seguida, você estudou o modelo de bem-estar
como instrumento de intervenção do Estado e sua crise
conduzida por ações geopolíticas do período pós-guerra.
Finalmente, você viu outro instrumento de inter-
venção do Estado: a renda. Seu controle, sua medida e os
elementos que permitem ao Estado controlar o consumo,
o investimento, os impostos e a liquidez de suas receitas,
que indicam o conjunto de políticas públicas, o grau e o
momento de intervenção ou regulação dos mercados.
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 133
Referências
ADISESHIAN, S. M. O papel do homem no desenvolvimento. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1973.
ESPING-ANDERSEN, G. As três economias políticas do Welfare Sta-
te. In: Revista Lua Nova. n. 24. 1991.
MANKIW, G. N. Introdução à Economia: princípios de micro e ma-
croeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
MÉSZÁROS, I. Para além do Capital. São Paulo: Editora Boitempo,
2002.
POLANYI, K. A Grande Transformação: as origens da nossa época.
2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
STIGLITZ, Joseph E. El rumbo de las reformas: Hacia una nueva agen-
da para América Latina. In: Revista de la CEPAL. n. 80. ago. 2002.
TROSTER, L. R.; MOCHÓN F. Introdução à Economia. Edição am-
pliada e revisada. São Paulo: Makron Books, 2002.
VICENTE, M. M. História e comunicação na ordem internacional [on-
-line]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica,
2009. 214 p.
Anotações
134 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS 135
136 ECONOMIA DE EMPRESAS ECONOMIA DE EMPRESAS
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Telefone (85) 3033.5199
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Economia de empresas 2017.2_2ª edição - combinado