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Apostila de Psicologia Aplicada à Saúde Organização: Professor Paulo César. São Luís – MA Introdução Conceito e objeto da psicologia A Psicologia é derivada de palavras gregas que significam "estudo da mente ou da alma". Hoje em dia é comumente definida como a ciência que estuda o comportamento humano. Os psicólogos estudam os mais variados assuntos entre eles: o desenvolvimento, as bases fisiológicas do comportamento, a aprendizagem, a percepção, a consciência, a memória, o pensamento, a linguagem, a motivação, a emoção, a inteligência, a personalidade, o ajustamento, o comportamento anormal, o tratamento do comportamento anormal, as influências sociais, o comportamento social, etc. Áreas da psicologia A psicologia se insere em todo contexto em que o ser humano vive e se comporta para compreendê-lo melhor e para exercer suas atividades. –Psicologia Clínica: psicólogo clínico –Psicologia Jurídica: psicólogo jurídico –Psicologia do Trabalho: psicólogo organizacional –Psicologia Social: psicólogo comunitário –Psicologia da Educação: psicólogo escolar –Psicologia da Saúde: psicólogo hospitalar –Outros: Psicologia do Esporte, Psicologia do Consumidor, Psicologia do Turismo, Psicologia da Religião, Psicologia Militar, Psicologia da Arte, Psicofarmacologia. Qual a importância da psicologia para as profissões? a. Procurar entender as necessidades do individuo e sociedade e estratégias para supri-las e preveni-las, b. Estudar o papel da inteligência emocional; Orientar, selecionar e identificar métodos e técnicas para uma vida melhor, c. Identificar distúrbios, falhas e procurar meios de saná-los ou amenizá-los. d. Trabalhar relacionamento intrapessoal e interpessoal, e. Identificar perfil, potencial, treiná-los e acompanhá-los. A Psicologia Aplicada à Saúde tem como objetivo apresentar como a psicologia compreende o ser humano e sua relação com os processos de saúde e doença; possibilitar a compreensão das variáveis que interferem na formação de sintomas e nos comportamentos de saúde; e abrir espaço para a discussão da relação entre o profissional de saúde e o paciente. PSICOLOGIA DO SENSO COMUM X PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA Todos nós usamos o que poderia ser chamado de psicologia de senso comum em nosso cotidiano. Observamos e tentamos explicar o nosso próprio comportamento e o dos outros. Tentamos predizer quem fará o que, quando e de que maneira. E muitas vezes sustentamos opiniões sobre como adquirir controle sobre a vida (Ex: o melhor método para criar filhos, fazer amigos, impressionar as pessoas e dominar a cólera). Entretanto, uma psicologia construída a partir de observações casuais tem algumas fraquezas críticas. O tipo de psicologia do senso comum que se adquire informalmente leva a um corpo de conhecimentos inexatos por diversas razões. O senso comum não proporciona diretrizes sadias para a avaliação de questões complexas. As pessoas geralmente confiam muito na intuição, na lembrança de experiências pessoais diversas ou nas palavras de alguma autoridade (como um professor, um amigo, uma celebridade da TV). A ciência proporciona diretrizes lógicas para avaliar a evidência e técnicas bem raciocinadas para verificar seus princípios. Em consequência, os psicólogos (psicologia cientifica) geralmente confiam no método científico para as informações sobre o comportamento e os processos mentais. Perseguem objetivos científicos, tais como a descrição e a explicação. Usam procedimentos científicos, inclusive observação e experimentação sistemática, para reunir dados que podem ser observados publicamente. Tentam obedecer aos princípios científicos. Esforçam-se, por exemplo, por estudar seu trabalho contra suas distorções pessoais e conservar-se de espírito aberto. A Psicologia é um ramo das Ciências Humanas, e, portanto, tudo que diz respeito ao homem poderia ser seu objeto de estudo, tal como o seu comportamento, a sua consciência ou a sua cognição. De forma geral, podemos dizer que a matéria-prima da psicologia é o homem, o humano em todas as suas expressões, as visíveis (comportamento) e as invisíveis (sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos todos assim). E tudo isso pode ser compreendido no termo subjetividade: A subjetividade é formada de ideias, significados e emoções construídos pelo sujeito segundo as relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica, é fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. Em resumo, a subjetividade é a maneira de sentir, pensar e fazer de cada um; é o que constitui o nosso modo de ser. Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata ao indivíduo; ela é construída a partir do contato com o mundo social e cultural, ou seja, das relações que o sujeito estabelece com o seu ambiente. Assim, com o estudo da subjetividade, a Psicologia contribui para a compreensão da totalidade da vida humana. Psicologia e História Para compreender a diversidade que a Psicologia se encontra hoje, é indispensável recuperar sua história. As exigências de conhecimento da humanidade, às demais áreas de conhecimento humano e aos novos desafios colocados pela realidade econômica e social e pela insaciável necessidade do homem de conhecer a si mesmo. Entre os filósofos gregos surge a primeira tentativa de sistematizar a psicologia. Os filósofos pré-socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção. Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou o homem vê o mundo que já existe. Havia uma oposição entre os idealistas (a ideia forma o mundo) e os materialistas (a matéria que forma o mundo já é dada para a percepção). A psicologia com Sócrates (469-399 a.C.) ganha consistência, sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Desta forma postulava que a principal característica do homem era a razão. A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seria a base da irracionalidade. Platão (427-347 a.C.) discípulo de Sócrates dá o passo seguinte. O filósofo procurou definir um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem. A medula seria, portanto, o elemento de ligação da alma e do corpo. Este elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Aristóteles (384-322 a.C.) discípulo de Platão foi um dos mais importantes da história da Filosofia. Postulou que a alma e o corpo não poderiam ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma. A Psicologia Cientifica O berço da psicologia moderna foi na Alemanha no final do século 19. Seu status de ciência é obtido à medida que se “liberta” da Filosofia, que marcou sua história até aqui, e atrai novos estudiosos e pesquisadores, que sob novos padrões de produção passam: Definir seu objeto de estudo (o comportamento, a vida psíquica, a consciência); Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento, como Filosofia e Fisiologia; Formular métodos de estudo desse objeto; Formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimentos na área. Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da metodologia científica, isto é, deve-se buscar a neutralidade do conhecimento científico, os dados devem ser passíveis de comprovação, e o conhecimento deve ser cumulativo e servir de ponto de partida para outros experimentos e pesquisas na área. AS 3 (TRÊS) PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA MODERNA BEHAVIORISMO OU COMPORTAMENTALISMOOs psicólogos behavioristas (John Watson) estudavam os eventos ambientais (estímulos), o comportamento observável (respostas) e como a experiência influenciava o comportamento, as aptidões e os traços das pessoas mais do que a hereditariedade. Frederick Skinner vai além do behaviorismo de Watson e com ele nasce o behaviorismo radical que também considera os eventos ambientais, o comportamento observável (ações do indivíduo), mas também considera os comportamentos internos ou privados (pensar, sentir, etc). GESTALT A Psicologia da Gestalt pode ser também vista como a Psicologia da forma. Os gestaltistas estão preocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade. Max Wertheimer (1880-1943) fundou o movimento da Gestalt. "O todo é diferente da soma das partes", este é o slogan do movimento da Gestalt. O que a pessoa é (o todo) são junções de várias características próprias dela (as partes). PSICANÁLISE Para quem nunca estudou psicologia antes, é provável não ter ouvido falar de Watson, Skinner ou Max Wertheimer, entretanto, provavelmente já ouviu falar de Sigmund Freud (1856-1939), o médico vienense que se especializou no tratamento de problemas do sistema nervoso e em particular de desordens neuróticas. Freud adotou a hipnose para ajudar as pessoas a reviverem as experiências traumáticas do passado que pareciam associadas com seus sintomas atuais. Entretanto, nem todos podiam atingir um estado de transe e a hipnose parecia resultar em curas temporárias, com o aparecimento posterior de novos sintomas. Freud então desenvolveu o método da associação livre no qual os pacientes deitavam num divã e eram encorajados a dizer o que quer que lhes viesse à mente (desejos, conflitos, temores, pensamentos e lembranças), sendo também convidados a relatar seus sonhos. Freud tratava dos seus pacientes tentando trazer à consciência aquilo que estava inconsciente. Insistia que todos os detalhes se ajustam perfeitamente entre si. A personalidade é formada durante a primeira infância. A exploração das lembranças dos primeiros cinco anos de vida é essencial ao tratamento. O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria e a um método de investigação, além da prática profissional; enquanto teoria se caracteriza por um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Como método de investigação, a psicanálise caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas realizações imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. Freud, em seu livro A interpretação dos sonhos, apresentou a primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento da personalidade. Essa teoria se refere à existência de três sistemas psíquicos: o inconsciente, o pré- consciente e o consciente. • O inconsciente é o conjunto dos conteúdos não presentes no campo da consciência. É formado por conteúdos reprimidos pela ação de censuras internas. • O pré-consciente é o sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência, que podem ser acessados a qualquer momento. • O consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Destaca-se a percepção, a atenção e o raciocínio. Um ponto de destaque nas obras de Freud é a atenção dada ao estudo da sexualidade humana. Ele descrevia que a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos por seus pacientes referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida, ou seja, que na vida infantil estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas das neuroses. Posteriormente, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos três sistemas da personalidade. a. ID – É de origem orgânica e hereditária. Apresenta a forma de instintos inconscientes que impulsionam o organismo. Há duas formas de instintos: o da vida, tais como fome, sede, sexo, etc.; e os da morte, que representam a forma de agressão. O id não tolera tensão e utiliza o prazer para descarregá-la. b. EGO – O ego opera pelo princípio da realidade, isto é pelo que a nossa realidade considera correta. Para satisfazer o id, o ego pensa, percebe, planeja, decidi. c. SUPEREGO – É o representante das normas e valores sociais que foram transmitidas pelos pais através de castigos e recompensas impostos á criança. As principais funções do superego são: a. inibir os impulsos do id (principalmente os de natureza agressiva e sexual) e lutar pela perfeição. O componente psicológico e o superego o componente social. De maneira geral, o id é considerado o componente biológico da personalidade, o ego o comportamento do adulto normal é o resultado da interação recíproca dos três sistemas, pelo equilíbrio do organismo. Outro ponto importante da teoria freudiana são os mecanismos de defesa. Freud observou que diante da percepção de um acontecimento doloroso ou desorganizador, as pessoas podem suprimir a realidade para evitar o sofrimento. Esses mecanismos são processos realizados pelo ego e são inconscientes, ou seja, ocorrem de forma independente da vontade do indivíduo. Todos os mecanismos de defesa podem ser encontrados em pessoas saudáveis, e sua presença excessiva é, via de regra, indicação de possíveis problemas neuróticos. Repressão: afasta da consciência uma ideia que provoca ansiedade, contudo o material reprimido continua fazendo parte da mente, exigindo grande quantidade de energia para mantê-lo assim. Ex.: doenças psicossomáticas. As fobias e impotência ou a frigidez derivem de sentimentos reprimidos. Negação: é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o ego. Os adultos têm a tendência de fantasiar que certos acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou que na verdade nunca aconteceram. A notável capacidade de lembrar-se incorretamente de fatos é a forma de negação encontrada com maior frequência. Racionalização: é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis. Formação Reativa: inversão clara e em geral inconsciente, do verdadeiro desejo. Como outros mecanismos de defesa, as formações reativas são desenvolvidas, em primeiro lugar na infância. Projeção: é o ato de atribuir a uma pessoa, animal ou objeto, as qualidades, sentimentos ou intenções que se originam em si próprio. Regressão: é um retorno a um nível do desenvolvimento anterior ou a um modo de expressão mais simples ou mais infantil. Sublimação: a energia a impulsos e instintos constrangedores é, canalizada para atividades socialmente reconhecidas. Deslocamento: é um mecanismo psicológico de defesa onde a pessoa atribui sua intenção para outra mais aceita socialmente. Fantasia: satisfação ilusória para desejos que não se podem realizar. Em dose exagerada a pessoa pode se desviar da realidade, acostumando-se a um mundo irreal, sentindo dificuldades de viver sua realidade. Fuga: o indivíduo não procura obter satisfação de suas necessidades, pois ele se recusa a participar de qualquer situação que possa provocar fracasso. Quando somos submetidos s constantes frustrações, aprendemos a encarar tudo pelo lado negativo e a esperar o pior. As formas mais comuns de fuga são o isolamento, a fantasia e a timidez. Pessoas que possuem um complexo de inferioridade podem desenvolver este mecanismo de defesa por não se acharem capazes. A fuga também está presente no alcoolismo, no uso de drogas e até mesmo na ingestão de doces ou alimentos. Sentimento de Culpa – quando a pessoafaz ou pensa em fazer algo que contraria sua consciência, é dominada por um complexo de culpa ou ódio de si mesma. O complexo de culpa é uma espécie de termômetro que indica que nossa autoestima está ameaçada. Para fugir dessa situação, que é dolorosa, a pessoa desenvolve mecanismos de defesa. Os principais mecanismos de defesa são: racionalização, formação reativa e projeção. A PSICOLOGIA DA SAÚDE A Psicologia da Saúde é uma área da psicologia que aplica princípios e pesquisas psicológicas para melhoria, tratamento e prevenção de doenças. Inclui como variáveis de interesse as condições sociais (como disponibilidade de serviços de saúde), os fatores biológicos (como longevidade da família e as vulnerabilidades hereditárias a certas doenças) e até mesmo os traços de personalidade ou padrões de comportamentos (como extroversão e sociabilidade). Psicologia da saúde foi definida, pela Associação Americana de Psicologia, como: Ela abrange o ensino e a prática de qualquer tipo de fenômeno de saúde e de interações entre pessoas, como as relações profissionais-pacientes, as relações humanas dentro de uma instituição de saúde, a questão das doenças agudas e crônicas, o papel das reações adaptativas ao adoecer, a perda, a morte e os recursos terapêuticos. O QUE É SAÚDE Para compreender melhor como trabalha a psicologia da saúde, é necessário entender o que é saúde. A interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais é atualmente considerada fundamental na compreensão do contínuo saúde-doença. Pensando nisso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2015) propôs a definição de saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doenças ou enfermidades", como era a definição anterior de saúde. Essa definição afirma que a saúde é um estado positivo e multidimensional que envolve três domínios: saúde física, saúde psicológica e saúde social. • Saúde física: implica em ter um corpo saudável e livre de doenças, com um bom desempenho dos sistemas do nosso corpo e a capacidade de resistir a ferimentos físicos. Ela também envolve hábitos relacionados com o estilo de vida que aumentem a saúde física. • saúde psicológica: significa ser capaz de pensar de forma clara, ter uma boa autoestima e um senso geral de bem-estar. Inclui a criatividade, as habilidades de resolução de problemas e a estabilidade emocional. •saúde social: envolve ter habilidades interpessoais, relacionamentos significativos com amigos e família e apoio social em épocas de crise. Está relacionada também com fatores socioculturais em saúde, como o status socioeconômico, a educação, a cultura e o gênero. MODELO BIOMÉDICO DA SAUDE. Até a primeira parte do século 20, a medicina apoiava-se na fisiologia e na anatomia na busca por uma compreensão mais profunda da saúde e da doença. Esse era o modelo biomédico de saúde, que sustentava que a doença sempre tinha causas biológicas. Esse modelo tornou-se aceito de forma ampla durante o século 19 e representou a visão dominante na medicina até recentemente. O modelo biomédico pressupõe que a doença é o resultado de um patógeno (vírus, bactéria ou algum outro microrganismo que invade o corpo), e não faz menção às variáveis psicológicas, sociais ou comportamentais na doença. Neste sentido, este modelo é reducionista, considerando que fenômenos complexos, como a saúde ou a doença, são derivados de um único fator primário. De acordo com este padrão, a saúde nada mais é do que a ausência de doenças. Dessa forma, aqueles que trabalham apoiados nesta perspectiva concentram-se em investigar as causas das doenças físicas em vez daqueles fatores que promovem a vitalidade física, psicológica e social. O modelo biomédico avançou o tratamento de saúde de maneira significativa, entretanto, foi incapaz de explicar transtornos que não apresentavam causa física observável. NOVAS CONCEPÇÕES DE SAÚDE O pensamento de que determinadas doenças poderiam ser provocadas por conflitos psicológicos foi desenvolvida durante a década de 1940 pelo trabalho do psicanalista Franz Alexander. Ele trabalhava com pacientes com artrite reumática, e, quando a equipe médica não encontrava agentes infecciosos ou outras causas diretas para a doença, Alexander ficava desconfiado pela possibilidade de que fatores psicológicos pudessem estar envolvidos. Ele desenvolveu então o modelo do conflito nuclear, no qual defendia que a presença de determinados conflitos inconscientes poderia levar à presença de reclamações físicas. Segundo esse modelo, “cada doença física é o resultado de um conflito psicológico fundamental ou nuclear”. Alexander acreditava que indivíduos com "personalidade reumática", que tendem a reprimir a raiva e são incapazes de expressar as emoções, seriam mais propensos a desenvolver artrite. A partir desses estudos, um grande número de transtornos físicos foi descritos como presumivelmente causados por conflitos psicológicos, surgindo, assim, a medicina psicossomática (psico = mente; soma = corpo), um movimento reformista dentro da medicina que buscava estudar o diagnóstico e o tratamento de doenças físicas supostamente causadas por processos deficientes na mente. A medicina psicossomática apresentou um importante avanço para a compreensão da saúde, quando comparada ao modelo biomédico, no entanto, foi questionada pela categorização aparentemente arbitrária de algumas doenças como sendo de natureza completamente física e outra completamente psicológica. Sua metodologia de pesquisa era fundamentada principalmente em estudos de caso de pacientes individuais, o que fez surgirem críticas em relação à sua confiabilidade, além disso, a medicina psicossomática, assim como o modelo biomédico, apoiava-se no reducionismo, de que um único problema psicológico seria suficiente para desencadear a doença. Atualmente, a compreensão dos processos de saúde--doença evoluiu, de forma a serem compreendidos como o resultado da interação de múltiplos fatores, incluindo as condições biológicas, o ambiente e os aspectos psicológicos. Essa tendência contemporânea de ver a doença e a saúde como algo multifatorial é resultado da aproximação entre a medicina e a psicologia. Outro exemplo dessa aproximação é a medicina comportamental, que foi concebida com base nos princípios do behaviorismo. Esse campo começou a explorar o papel do condicionamento respondente e operante na saúde e na doença. Um de seus principais resultados foi a pesquisa de Neal Miller, que utilizou técnicas de condicionamento operante para ensinar animais e humanos a adquirirem controle sobre certas funções corporais. Ele demonstrou que as pessoas podem adquirir algum nível de controle sobre a sua pressão sanguínea e relaxar a frequência cardíaca quando estiveram cientes desses estados. Essa técnica recebeu o nome de biofeedback, e é muito utilizada até hoje na recuperação de diversas patologias. O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA DA SAÚDE A Psicologia da Saúde foi criada com o objetivo de estudar, de forma científica, as causas e origens de determinadas doenças, principalmente as origens psicológicas, comportamentais e sociais da doença. Ela busca investigar por que as pessoas se envolvem em comportamentos que comprometem a saúde, como fumar e sexo inseguro, e como facilitar a prática de comportamentos que pode preservar, restabelecer ou promover a saúde, como ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos. Também se preocupa com a prevenção e o tratamento de doenças, por meio de programas que auxiliem no processo de adaptação à enfermidade e estratégias para facilitar a adesão ao tratamento. Alguns fatores contribuíram para o surgimento de um campo da Psicologia que se ocupasse exclusivamente de investigar e promover saúde. Segundo Straub (2005), são quatro tendênciasque desafiaram a medicina e a saúde pública e impulsionaram a criação da psicologia da saúde: •Aumento da expectativa de vida: com a melhoria dos serviços de saúde e os avanços da medicina, a expectativa de vida aumentou na maioria dos países. Com as pessoas vivendo mais, existe maior consciência publica das questões relacionadas com a saúde, incluindo a preocupação com as questões psicológicas. • Surgimento de transtornos relacionados ao estilo de vida: até o século 19, as pessoas morriam principalmente de doenças que eram causadas por falta de água potável, por alimentos contaminados, ou por infecções contraídas no contato com pessoas doentes. Não era incomum que centenas ou mesmo milhares de pessoas morressem em uma única epidemia de varíola, febre amarela, difteria, gripe ou sarampo. Melhorias em higiene pessoal, nutrição e saúde pública (como tratamentos de esgotos) levaram a um declínio no número de mortes por doenças infecciosas. Porém, apenas após a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928, a saúde pública deu um passo verdadeiramente decisivo. Isso levou a uma mudança no padrão das principais causas de morte, que, antes do século 20, eram transtornos agudos, como tuberculose, gripe e pneumonia, e atualmente está relacionado a doenças crônicas, nas quais a pessoa precisa tratar por muitos anos para prevenir mortes prematuras e manter a qualidade de vida. • Modificação no modelo biomédico: os questionamentos em relação ao reducionismo do modelo biomédico levaram à necessidade de pensar em saúde e doença de forma mais abrangente, como já foi discutido anteriormente. A medicina tradicional encontrou dificuldade para explicar por que o mesmo conjunto de fatores de risco algumas vezes desencadeia doenças e outras não. Isso induziu os pesquisadores a descobrir que fator psicológico como a maneira como cada pessoa reage ao estresse, se combinam com fatores de risco físicos para determinar o risco à saúde do indivíduo. • Aumento dos custos do atendimento em saúde: o crescente aumento nos custos dos serviços de saúde ajudou a focar a atenção na eficácia do custo de promover e manter a saúde. A ênfase da psicologia da saúde em modificar os comportamentos de risco das pessoas, antes que eles causem doenças, tem o potencial de reduzir os custos com a saúde de forma expressiva. PERSPECTIVAS DA PSICOLOGIA DA SAÚDE A Psicologia da Saúde desenvolveu alguns modelos ou perspectivas para orientar seu trabalho, objetivando compreender de forma mais ampla os processos de saúde e doença. Cada um desses modelos investiga de forma diferente a mesma coisa e se complementam para a compreensão total da saúde. O primeiro modelo é a perspectiva do curso de vida, que se concentra em investigar os aspectos da saúde e da doença relacionados com a idade e com os ciclos de vida. Essa perspectiva também examina as principais causas de morte que acometem certos grupos etários. Por exemplo, o uso de substâncias psicoativas é mais frequente em adolescentes, enquanto que as doenças crônicas afetam de forma mais significativa pessoas idosas. Outra perspectiva é a sociocultural, que se dedica a conhecer a forma como os como fatores sociais e culturais contribuem para a saúde e para a doença. O termo cultura é compreendido como comportamentos, valores e costumes persistentes que um grupo de pessoas desenvolveu ao longo dos anos e transmitiu à próxima geração. Em culturas ou etnias diferentes existe muita diversidade em relação à expectativa de vida e ao nível de saúde, e algumas dessas diferenças refletem uma variação no status socioeconômico. Por exemplo, se compararmos a saúde da população residente no interior do Estado de São Paulo com a saúde da população que vive em pequenas comunidades no interior da Amazônia, encontrarão grandes diferenças relacionadas a estruturas de saneamento básico e estilos de vida. Outro exemplo refere-se às religiões que pregam um estilo de vida mais saudável, sem uso de álcool ou alimentos à base de carne animal, hábitos normalmente associados à melhor saúde. Há também a perspectiva de gênero, que se concentra no estudo de problemas de saúde específicos de cada gênero. Homens e mulheres diferem no risco que apresentam para uma variedade de transtornos, como o índice de doenças cardiovasculares que, historicamente, tem sido maior em pacientes do sexo masculino, embora essa realidade esteja se modificando. Outro exemplo é a depressão, que acomete mulheres em uma frequência muito maior que homens. MODELO BIOPSICOSSOCIAL DA SAUDE Todas essas perspectivas se sobrepõem e todas veem a saúde e a doença como produtos da interação de fatores. Elas diferem apenas nos fatores que enfatizam e se complementam. Essas perspectivas se agrupam na perspectiva biopsicossocial, que engloba todas as questões tratadas anteriormente. A perspectiva biopsicossocial defende que variáveis biológicas, psicológicas e sociais agem em conjunto para determinar a saúde e a vulnerabilidade do indivíduo à doença. Dessa forma, a saúde e a doença devem ser explicadas em relação aos contextos biológico, psicológico e social. • O contexto biológico: são os aspectos do nosso corpo que influenciam a saúde e a doença: nossa conformação genética e nosso sistema nervoso, imunológico e endócrino. A biologia e o comportamento interagem de forma constante. Por exemplo: alguns indivíduos são mais vulneráveis a doenças relacionadas ao estresse porque reagem com agressividade aos problemas enfrentados. Uma das tarefas da psicologia da saúde é explicar como essa influência mútua entre biologia e comportamento ocorre. • O contexto psicológico: a psicologia da saúde preconiza que a saúde e a doença estão sujeitas às influências psicológicas. Por exemplo, um fator fundamental para determinar o quanto uma pessoa consegue lidar com uma experiência de vida estressante é a forma como o evento é avaliado e interpretado. Eventos avaliados como avassaladores, invasivos e fora do nosso controle nos custam mais do ponto de vista físico e psicológico do que os que são avaliados como desafios menores, temporários e superáveis. De fato, algumas evidências sugerem que, independentemente de um evento ser realmente experimentado ou simplesmente imaginado, a resposta do corpo ao estresse é, de modo aproximado, a mesma. Os psicólogos da saúde pensam que algumas pessoas podem ser cronicamente depressivas e mais vulneráveis a certos problemas de saúde porque revivem eventos difíceis muitas vezes em suas mentes, o que pode ser funcionalmente equivalente a passar repetidas vezes pelo evento real. O pensamento, a percepção, a motivação, a emoção, a aprendizagem, a atenção e a memória têm implicações para a saúde. Os fatores psicológicos também desempenham um importante papel no tratamento de condições crônicas. As intervenções psicológicas ajudam os pacientes a administrar sua tensão, diminuindo, assim, as reações negativas ao tratamento. Aqueles pacientes mais tranquilos em geral são mais capazes e mais motivados para seguir as instruções de seus médicos. Também auxiliam os pacientes a administrar o estresse da vida cotidiana, que parece exercer um efeito cumulativo sobre o sistema imunológico. Eventos negativos na vida, como a perda de um ente querido, o divórcio, a perda de emprego ou uma mudança, podem estar ligados à diminuição do funcionamento imunológico e à maior suscetibilidade a doenças. • O contexto social: a forma como cada pessoa se relaciona com a outra e com o ambiente também influencia em sua saúde. O gênero de cada um, por exemplo, implica determinado papel social que lhe dá um senso de ser mulher ou homem. Além disso, você é membro de determinada família, comunidade e nação, dessa forma, também tem certa identidade racial, cultural e étnica e vive dentro de uma classe socioeconômica específica.Cada um desses elementos do seu contexto social único influencia suas crenças e comportamentos – incluindo aqueles relacionados com a saúde. Em resumo, a perspectiva biopsicossocial enfatiza as influências mútuas entre os contextos biológicos, psicológicos e sociais, que atuam em conjunto na determinação da saúde, como exemplificamos na Tabela 1: Tabela 1 O modelo biopsicossocial de saúde e doença. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1) Sobre a subjetividade, assinale a alternativa incorreta: a) Ela é construída a partir do contato com mundo social e cultural. b) É composta de ideias, significados e emoções construídos pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica. c) Ela é inata ao indivíduo, ou seja, acompanha-o desde seu nascimento. d) É o que constitui o nosso modo de ser. 2) Sobre o behaviorismo, está correto o que se afirma em: a) O comportamento não é entendido como uma ação isolada, mas sim como uma interação entre o organismo e o seu ambiente. b) O comportamento respondente é uma resposta emitida pelo organismo que produz uma consequência no ambiente, e é afetado (controlado) por essas consequências. c) O comportamento operante é caracterizado por respostas do organismo que são eliciadas (produzidas) por estímulos do ambiente. d) Essa teoria se refere à existência de três sistemas psíquicos: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. 3) São fatores que contribuíram para o surgimento da psicologia da saúde, exceto: a) Surgimento de transtornos relacionados ao estilo de vida. b) Modificação no modelo biomédico. c) A escolha da psicanálise como abordagem teórica prevalente na área da Saúde. d) Aumento da expectativa de vida. 4) Em relação à definição de saúde, assinale a alternativa incorreta: a)Saúde social envolve ter habilidades interpessoais, relacionamentos significativos com amigos e família e apoio social em épocas de crise. b) Saúde física implica ter um corpo saudável e livre de doenças. c) Considera a interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. d) Concentra sua definição na ausência de doenças ou condições negativas. 5) Sobre as perspectivas em saúde da família, assinale a alternativa correta: a) A perspectiva de gênero que se concentra em investigar os aspectos da saúde e da doença relacionados com a idade e ciclos de vida. b) Homens e mulheres não devem ser diferentes no risco que apresentam para transtornos e doenças. c) A perspectiva sociocultural defende que variáveis biológicas, psicológicas e sociais agem em conjunto para determinar a saúde e a vulnerabilidade do indivíduo à doença. d) Todas as perspectivas se sobrepõem e todas veem a saúde e a doença como produtos da interação de fatores. SAÚDE E COMPORTAMENTO A Psicologia no campo da Saúde vem se constituindo como uma das formas de se compreender o adoecimento e as maneiras pelas quais a pessoa pode manter-se saudável. De forma geral, a Psicologia da Saúde é um campo que estuda as influencias psicológicas na saúde, os fatores responsáveis pelo adoecimento e as mudanças de comportamento das pessoas no adoecer.Ela pode ser compreendida como um domínio da Psicologia que utiliza vários conhecimentos resultantes de estudos e de pesquisas psicológicas, com o intuito de promover e proteger a saúde. É também seu objetivo prevenir e tratar enfermidades, bem como identificar etiologias e disfunções associadas às doenças. A saúde pode ser influenciada por variadas condições, tais como: 1) diferenças individuais (experiência e história de vida); 2) traços de personalidade; 3) sistema de crenças; 4) padrão de comportamento; 5) redes de suporte social; 6) meio ambiente. A principal causa de morte no mundo atualmente são as doenças cardiovasculares, seguida pelo câncer. Essas doenças são significativamente influenciadas por fatores comportamentais e ambientais, como o hábito de fumar, a falta de exercício físico, comer excessivamente e temperamentos hostis. Por essa razão, houve uma mudança no foco da doença como estritamente fisiológica, para causas fisiológicas e psicológicas. É difícil imaginar uma atividade ou comportamento que não influencie a saúde de alguma forma, direta ou indiretamente, para melhor ou para pior. O consumo excessivo de álcool é um exemplo de comportamento que tem impacto negativo direto sobre a saúde física. Algumas características pessoais como a hostilidade ou a passividade também podem afetar a saúde. Alguns comportamentos afetam a saúde imediatamente, como envolver-se em um acidente de carro sem estar usando o cinto de segurança. No entanto, outros comportamentos afetam a saúde em longo prazo, como é o exemplo do consumo excessivo de gorduras e sódio. Já alguns comportamentos produzem tanto efeitos imediatos quanto em longo prazo, como o uso abusivo de álcool e a prática de exercícios físicos. Podemos dividir os efeitos dos comportamentos sobre a saúde em dois tipos: efeitos positivos e efeitos negativos. Efeitos Positivos: Comportamentos ou hábitos que apresentam efeito protetor sobre a saúde trazem benefícios ao indivíduo. Por exemplo: a prática regular de exercícios físicos, o uso de filtro solar, uma dieta equilibrada, sexo seguro, o uso de equipamentos de segurança etc. Todos esses comportamentos ajudam a "imunizar" a pessoa contra doenças e ferimentos. Outros comportamentos como ter atividades prazerosas, tirar férias regularmente, rir, ter amigos, entre outros, também podem produzir efeitos positivos à saúde. Essas atividades ajudam muitas pessoas a manejar o estresse e a manter uma perspectiva de vida otimista. Efeitos Negativos: São comportamentos ou hábitos relacionados ao estilo de vida que prejudicam a saúde. Entre os mais comuns estão fumar, comer de forma excessiva, consumir substâncias tóxicas, práticas inseguras no trânsito e comportamentos sexuais de risco. Além desses, a raiva, o estresse, a tristeza, a hostilidade, entre outros, também podem prejudicar a saúde. A partir da evidência da relação entre o estilo de vida e a saúde, muita pesquisas tem se dedicado ao estudo da prevenção de doenças. Os pesquisadores diferenciaram três tipos de prevenção, que são adotados antes, durante e depois que uma doença ataca. TIPOS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE Prevenção Primária: Refere-se a ações para promover a saúde que é adotada para prevenir a ocorrência de doenças ou ferimentos. Exemplo: o uso do cinto de segurança, o uso de camisinha, uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos, evitar fumar e fazer exames de saúde com regularidades. Prevenção Secundária: Envolve ações adotadas para identificar e tratar a doença ainda no seu início. Exemplo: realizar exames regulares para monitorar sintomas, usar medicações e modificar hábitos não saudáveis. Implica ações adotadas para conter ou retardar danos, uma vez que a doença já tiver progredido além de seus estágios iniciais. Prevenção Terciária: Envolvem tratamentos mais avançados, como quimioterapia e radioterapia, medicamentos mais fortes, procedimentos cirúrgicos, entre outros. A prevenção terciária tenta a máxima reabilitação possível. TEORIAS DE COMPORTAMENTO E SAÚDE A psicologia da Saúde desenvolveu diversas teorias na tentativa de explicar porque as pessoas praticam ou não determinados comportamentos que promovem ou prejudicam a saúde. Algumas dessas teorias se concentram em prever a maneira como as pessoas tomam decisões sobre determinado comportamento, com base na ideia de que as pessoas são racionais e entram em um processo de pesar os prós e os contras de praticarem determinado comportamento que poderia afetar sua saúde. No entanto, as teses mais amplamente aceitas na Psicologia da Saúde são as teorias com estágios, que pressupõem que a decisão de adotar determinado comportamento saudável seja umprocesso dinâmico, envolvendo mais de uma decisão e que normalmente requer diversas etapas ou estágios. Dentre as teorias com estágios, o Modelo Transteórico, também conhecido como estágios de prontidão para a mudança, formulado por Prochaska e DiClemente (1984), é o mais amplamente utilizado na compreensão da modificação de comportamentos não saudáveis. Essa teoria foi inicialmente desenvolvida para explicar o comportamento envolvido no uso abusivo de substancias psicoativas (drogas), mas posteriormente foi ampliado para todos os comportamentos aditivos e comportamentos relacionados à saúde. O modelo transteórico sustenta que as pessoas progridem por meio de cinco estágios ao alterar comportamentos relacionados com a saúde. Os estágios são definidos em termos de comportamentos passados e intenções de ações futuras. Esse modelo está focado na mudança intencional, referindo-se à tomada de decisão do indivíduo, e não nas influências sociais ou biológicas sobre o comportamento. Dessa forma, a mudança de comportamento tende a se mover ao longo de uma série de estágios, independentemente de a pessoa estar ou não inserida em um plano de tratamento. Os estágios de motivação para a mudança representam a dimensão temporal do modelo transteórico e indicam quando mudanças particulares nas atitudes, intenções e comportamentos tendem a acontecer, possibilitando que o acesso ao estágio de prontidão para mudança no qual o cliente se encontra permita uma adequação das intervenções terapêuticas direcionadas a esse paciente. São definidos cinco estágios, descritos na Figura a seguir: Para compreender melhor esses estágios de prontidão para a mudança, vamos imaginar um paciente com obesidade mórbida, que foi diagnosticado com hipertensão e diabetes. Além do tratamento medicamentoso, este paciente foi orientado pela equipe de saúde que precisa mudar radicalmente seus hábitos alimentares e praticar algum exercício físico. Trata-se, portanto, de uma importante mudança no estilo de vida desse paciente. No primeiro estágio do modelo transteórico, a pré-contemplação, esse paciente provavelmente diria: "- Imagina, este médico está exagerando. Não tem nada a ver uma coisa com a outra! Comer me dá prazer, e se eu for ficar preocupado com isso, ai sim vou ficar doente!". Nota-se que há uma ausência de intenção de mudança e o paciente não avalia seu comportamento como problemático. Na segunda fase, a contemplação, este paciente passa a reconhecer a necessidade de alteração de comportamento, mas ainda não realiza nenhuma mudança de fato: "- Eu preciso parar de comer estas coisas gordurosas, mas não consigo. Eu adoro tudo isso, churrasco, fritura, sorvete. Parar de comer como? Não tem jeito". Na etapa seguinte, o estágio de preparação, o paciente se organiza no sentido de buscar a ajuda necessária para conseguir mudar seu comportamento. Nosso paciente, por exemplo, agenda consulta com nutricionistas, pesquisa possíveis atividades físicas que poderia realizar e solicita apoio da sua esposa para conseguir mudar seus hábitos alimentares. Já na fase de ação, nosso paciente coloca em prática as orientações fornecidas pela equipe de saúde, seguindo a dieta proposta para perder peso, diminuindo o consumo de gordura e praticando exercícios físicos diariamente. Este é o estágio no qual a mudança de fato ocorre. Em seguida, o paciente busca manter esses ganhos obtidos e evita recaídas, o que configura a etapa de manutenção. PERSONALIDADE E SAÚDE Há algumas décadas, pesquisadores vêm tentando descobrir padrões de comportamentos que se correlacionem com as doenças. Há o interesse de verificar se há um perfil psicológico comum a algumas doenças, pois se esse perfil fosse precocemente identificado nos indivíduos, seria possível realizar intervenções de forma a minimizar os danos causados por esses padrões de comportamento. Pesquisas sobre desenvolvimento e evolução das enfermidades físicas, emocionais e psicossomáticas têm descrito tipos de personalidades que predispõe o indivíduo a contrair certas enfermidades como, por exemplo, cardiopatias e câncer. O primeiro padrão de comportamento descrito foi a personalidade tipo A, que foi fortemente associada ao aparecimento de doenças cardiovasculares. Os comportamentos característicos dessa personalidade seriam a impaciência, a competitividade, a urgência de tempo e a hostilidade. Assim, pessoas que apresentam esse padrão de comportamento são mais vulneráveis a doenças cardíacas. Contrapondo-se ao tipo A, também foi descrita a personalidade tipo B, que seria a presença de comportamentos opostos ao do tipo A. Pessoas com este padrão de comportamento são mais tranquilas e capazes de se recuperar mais rapidamente de situações estressantes do que os indivíduos tipo A. Dessa forma, seriam indivíduos com menor chance de desenvolverem doenças cardiovasculares. Acompanhando a sequência do alfabeto latino, temos também a personalidade tipo C, que se refere ao padrão de enfrentamento, inicialmente identificado em pacientes com câncer. Esse enfrentamento inadequado é associado à baixa frequência de expressão emocional e comunicação empobrecida dessas emoções e necessidades, e uma preocupação com as necessidades e emoções das outras pessoas. As pesquisas mostraram que pessoas com estas características estavam mais vulneráveis a apresentarem tumores malignos. Atualmente, novos estudos foram realizados e foi verificado que outro padrão de comportamento parece estar mais associado ao aparecimento de doenças cardiovasculares do que o tipo A. Esse padrão foi chamado de personalidade tipo D, devido à palavra distressed, que pode ser traduzida como aflito ou angustiado. Pessoas com personalidade tipo D apresentam afetividade negativa associada à presença de inibição social. São indivíduos que estão mais suscetíveis a vivenciar dificuldades emocionais e interpessoais, ficando vulneráveis a outros fatores de risco psicossociais, como estresse, exaustão vital, depressão, ansiedade e isolamento social. Além disso, são indivíduos que tendem a se engajar menos no tratamento, emitem menor frequência de comportamentos de busca de ajuda e até seu comportamento em consultas e interações com profissionais de saúde em geral é obstáculo para a manutenção de um autocuidado minimamente satisfatório. A definição desses padrões de comportamentos não significa, necessariamente, que todas as pessoas que se enquadrarem nesses tipos de personalidade desenvolverão as respectivas doenças. Apenas sinaliza quais grupos de pessoas são mais vulneráveis a contraí-las. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1) Em relação às influencias sobre o processo de saúde e doença, assinale a alternativa INCORRETA: a) A saúde pode ser influenciada por variadas condições, tais como, diferenças individuais, traços de personalidade, sistema de crenças, comportamentos, redes de suporte social e meio ambiente. b) Os processos psicológicos e os estados emocionais estão diretamente relacionados com a etiologia e a disseminação de doenças. c) Nosso comportamento pode ter efeito positivo ou negativo sobre nossa saúde. d) Diante das evidências da influencia de fatores psicológicos e comportamentais na saúde, podemos dizer que as variáveis biológicas são irrelevantes. 2) Sobre prevenção em saúde, assinale a alternativa INCORRETA: a) Prevenção terciária implica ações adotadas para conter ou retardar danos, uma vez que a doença já tiver progredido além de seus estágios iniciais. b) A prevenção secundária é a forma mais comum de tratamento de saúde. c) O atraso da consequência de um comportamento e os modelos familiares inadequados são exemplos de barreiras à prevenção. d) Prevenção primária refere-se a ações para promover a saúde que são adotadas para prevenir a ocorrência de doenças ou ferimentos.4) Descreva os cinco estágios de prontidão para mudança de acordo com o Modelo transteórico. 5) Sobre personalidade e saúde, assinale a alternativa INCORRETA: a) Doenças cardiovasculares foram inicialmente associadas à personalidade Tipo A. No entanto, novas evidências científicas mostram uma relação maior entre cardiopatas e personalidade Tipo D. b) A personalidade Tipo C refere-se ao padrão de enfrentamento identificado em pacientes com câncer. c) A impaciência, a competitividade, a urgência de tempo e a hostilidade são comportamentos característicos da personalidade Tipo B. d) Pessoas com personalidade Tipo D apresentam afetividade negativa associada à presença de inibição social. ANSIEDADE, ESTRESSE, DEPRESSÃO E DOENÇA. ANSIEDADE Um dos maiores problemas da mente é encontrar meios para resolver ou amenizar a ansiedade. A ansiedade é um aumento esperado ou previsto de tensão e pode aparecer em uma situação real ou imaginária. A ansiedade é uma sensação que se manifesta através de vários sintomas, fazem parte da vida de muitas pessoas, principalmente moradoras os centros urbanos. Sintomas Físicos – falta de ar, taquicardia, nervosismo, suores, problemas digestivos (prisão de ventre, enjoos, gases), fome exagerada, falta de apetite, etc. Esses sintomas indicam que seu emocional não esta bem, portanto não adianta tratar as causas emocionais que geram esta ansiedade. Sintomas Psicológicos – medos sem sentido, sentimento exagerado de irritação, ingestão exagerada de bebidas alcoólicas ou calmantes, mania de perfeição, medo de críticas, medo de errar, sentimentos de inveja, etc. O QUE DEVEMOS FAZER? Aprender a lidar positivamente com nossas ansiedades, não mascarando nossos sentimentos, mas tentando entender as causas deles. Se a ansiedade não for entendida, resolvida ou descarregada, poderá ameaçar o corpo e a mente através da negação ou deformação da situação e a isso damos o nome de Mecanismo de Defesa. ESTRESSE É um conjunto de sensações físicas e químicas do organismo, desencadeadas pelo cérebro, para tornar a pessoa apta a enfrentar uma situação nova, que exige adaptação. O termo é utilizado para definir diferentes sensações (nervoso, cansado, etc.). Nem sempre o estímulo que dispara o estresse é ruim (paixão, emprego, etc.), provocando alterações no equilíbrio interno do organismo, situações essas que precisam ser adaptadas. Se o indivíduo consegue lidar com o estímulo estressor, eliminando ou aprendendo a lidar com a situação, o organismo volta ao equilíbrio, mas se o estímulo persistir sendo entendido como estressor, irá haver uma evolução pra sintomas maiores, mais graves e até doenças. As causas variam de pessoa para pessoa, ou seja, saber até que ponto uma fonte de estresse afeta uma pessoa é relativo e depende de seu modo de vida, sua classe social; ex. preocupações, contrariedade, insatisfação no trabalho, demissão inesperada, problemas de relacionamento, etc. Os sintomas também variam de pessoa para pessoa, e podem ser: irritabilidade, ansiedade excessiva, insônia ou excesso de sono, dores de cabeça e nas costas, fraqueza, cansaço constante, dificuldade de concentração, perda ou excesso de apetite, falhas de memória, alterações repentinas no estado emocional (agressividade), fobias, diminuição da criatividade, perda de interesse sexual, dificuldades de digestão, maior vulnerabilidade ás doenças. E de onde vem o stress? Aquilo que gera stress é chamado de estressor ou fonte de stress. Existem vários tipos de estressores e muitas vezes o que estressa uma pessoa não estressa outra. Para facilitar a identificação do que está criando stress, dividimos os estressores em duas categorias: fontes externas e internas. As fontes externas são constituídas de tudo aquilo que ocorre em nossas vidas e que vem de fora do nosso organismo: a profissão, a falta de dinheiro, brigas, Assalto, perdas, falecimentos. Tudo o que exija do organismo uma maior adaptação cria stress. Pela definição, compreende-se que não são somente os acontecimentos negativos que dão origem ao stress. Determinados eventos, mesmo que nos tragam muita felicidade, podem também exigir uma adaptação grande e, por isso, se tornam fontes positivas de stress. As fontes internas se referem ao nosso modo de serem, nossas crenças e valores, nosso modo de agir. Os estressores externos são mais fáceis de serem identificados porque são passíveis de inspeção objetiva de qualquer um. Sabemos perfeitamente bem que qualquer um que passou pela morte de um ente querido deve estar sob um stress excessivo. Mas quando nos referimos àquilo que está dentro do ser humano, escondido, às vezes dormente, torna-se muito difícil de avaliar. A própria pessoa muitas vezes não consegue perceber que certos modos de pensar e Analisar o mundo podem estar lhe criando stress. FASES DE STRESS Pensava-se que o stress se desenvolvia apenas em três fases: alerta, resistência e exaustão. Após 15 anos de pesquisas, Marilda Lipp identificou uma fase intermediária, chamada de "fase de quase-exaustão", situada entre a "fase da resistência" e a “fase da exaustão". A fase de alerta é considerada a fase “positiva” do stress. O organismo produz adrenalina, que deixa o indivíduo cheio de energia e vigor. Libido alta, dificuldade de dormir, em função da adrenalina, respiração mais ofegante que o normal e humor eufórico são algumas características desta fase. Se a causa do stress é eliminada logo, a pessoa volta a seu equilíbrio normal sem nenhum problema. Mas, se o stress continua presente por tempo indeterminado, chega- se à "fase de resistência", em que a pessoa automaticamente tenta lidar com os seus estressores de modo a manter sua homeostase (equilíbrio) interna. Muitos dos sintomas da fase de alerta desaparecem, dando lugar a uma sensação de desgaste e cansaço. Dificuldade de memória é algo comum nesse estágio do stress. A terceira fase, a fase de quase-exaustão, é caracterizada pelo enfraquecimento da pessoa, que não mais está conseguindo se adaptar ou resistir ao fator estressor. Nesta fase de quase-exaustão, o processo de adoecimento se inicia e os órgãos que possuírem maior vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deterioração. Embora apresentando desgaste e outros sintomas, a pessoa ainda consegue trabalhar e atuar na sociedade, ao contrário do que ocorre em exaustão, quando a pessoa pára de funcionar adequadamente e, na maioria das vezes, não consegue trabalhar ou se concentrar. Na fase de exaustão, a fase final do stress pode ocorrer doenças graves, como enfarte, úlceras e psoríase, dentre outros. A depressão passa a fazer parte do quadro de sintomas do stress na "fase de quase-exaustão" e se prolonga na "fase de exaustão". Ninguém consegue passar pela vida sem viver situações de stress. O ideal é aprender a gerenciar a “fase de alerta” de modo eficiente, alternando entre estar em alerta e sair de alerta. O organismo precisa “descansar” após uma permanência em alerta para que se recupere. Não há dano em entrar de novo em alerta após a recuperação. Doenças começam a ocorrer se não há um período de recuperação, pois o organismo se exaure e o stress fica excessivo. A quarta-fase: exaustão. Nesta fase as doenças já estão se instalando. Para se proteger do stress excessivo, as recomendações principais concentram-se na alimentação, relaxamento, atividade física, estabilidade emocional e qualidade de vida. A alimentação deve ser rica em legumes, verduras e frutas, para repor as energias, vitaminas e nutrientes consumidos nos momentos de maior stress. Recomenda-se evitar gordura, chocolate, café, refrigerantes e sal. LEVANTAMENTO DE SINTOMAS DE STRESS Marque na tabela de respostas quantas vezes na última semana você sentiu o descrito abaixo: 01. Tensão muscular, tais como aperto de mandíbula,dor na nuca etc.; 02. Hiperacidez estomacal (azia) sem causa aparente; 03. Esquecimento de coisas corriqueiras, como o número de um telefone que usa com freqüência, onde pôs a chave etc.; 04. Irritabilidade excessiva; 05. Vontade de sumir de tudo; 06. Sensação de incompetência, de que não vai conseguir lidar com o que está ocorrendo; 07. Pensar em um só assunto ou repetir o mesmo assunto; 08. Ansiedade; 09. Distúrbio do sono, ou dormir demais ou de menos; 10. Cansaço ao levantar; 11. Trabalhar com um nível de competência abaixo do seu normal; 12. Sentir que nada mais vale à pena. Verifique o significado de sua pontuação Considere apenas o número de itens assinalados que apresentaram mais de quatro reincidências Nenhum item assinalado Parabéns, seu corpo está em pleno funcionamento no que se refere ao stress. De 1 a 3 itens assinalados. A vida pode estar um pouco estressante para você. Avalie o que está ocorrendo. Veja o que está exigindo demais de sua resistência. Pode ser o mundo lá fora, pode ser você mesmo. Fortaleça o seu organismo. De 4 a 8 itens assinalados. Seu nível de stress está alto, algo está exigindo demais do seu organismo. Você pode estar chegando ao seu limite. Considere uma mudança de estilo de vida e de hábitos. Analise em que o seu próprio modo de ser pode estar contribuindo para a tensão que está sentindo. Mais de 8 itens assinalados. Seu nível de stress está altíssimo. Cuidado. Procure ajuda de um psicólogo especializado em stress. Sem dúvida você tem fontes de stress representadas pelo mundo ao seu redor (pode ser família, ocupação, sociedade etc.) e fontes internas (seu modo de pensar, de sentir, de ser) com as quais precisa aprender a lidar. Fonte: Centro Psicológico de Controle do Stress de São Paulo. Consequências fisiológicas do excesso de estresse: Males menores: taquicardia, gastrite, alergias e problemas respiratórios; Males maiores: ataque cardíaco, derrame cerebral ou outros distúrbios fatais; Consequências emocionais do excesso de estresse: Aumento das tensões físicas e psicológicas; Aumento da hipocondria; Mudanças nos traços de personalidade; Enfraquecem as restrições de ordem moral e emocional; Depressão e sensação de desamparo; Autoestima diminui de forma aguda. Controle do Stress MUDANÇA DE VIDA E DE ATITUDE - A prática de atividade física é muito importante para o metabolismo, pois elimina a adrenalina e produz beta-endorfina. ATITUDE POSITIVA PERANTE A VIDA – É sempre importante saber as várias alternativas que a vida nos coloca. Sempre considerar o lado que pode ser melhor na tomada de decisões, reestruturar o pensamento e não fazer o relógio como seu maior adversário sem ter tempo para mais nada a não ser o trabalho. INVESTIR EM RELACIONAMENTOS – Valorizar o relacionamento interpessoal (família, amigos). É através dos relacionamentos que é possível o desenvolvimento pessoal. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL – Repor os nutrientes perdidos durante os períodos de stress. IDENTIFICAR ATIVIDADES QUE GOSTA DE FAZER DEPRESSÃO É uma doença afetiva causada por alterações químicas no cérebro, que afeta seus pensamentos, sentimentos, saúde e comportamento. Pode ser causada por fatores biológicos e por fatores psicológicos. É uma doença afetiva ou do humor. A depressão ocorre quando um dos neurotransmissores químicos chamados serotonina (molécula responsável pela transmissão de impulsos nervosos) que regula o humor, o sono, o apetite, a memória, a agressividade, estão em desequilíbrio. O indivíduo apresenta sintomas de generalizar situações de forma negativa. Entre os fatores desencadeadores da depressão, estão: doenças físicas, medicamentos, drogas e álcool genéticos e história familiar, personalidade. Percebe-se que uma pessoa está deprimida quando permanece apática, tristonha, chorando por qualquer motivo, sem vontade de realizar alguma atividade, etc. Psicologia – busca de causas e trabalho com as mesmas, ou auxilio para que a pessoa estabeleça objetivos em sua vida, recuperando o entusiasmo em viver. Entre os medicamentos estão: a. Tranquilizantes – que acalmam os sintomas dolorosos, como angustia perturbações sexuais, perturbações do apetite, do sono, etc.. São os tratamentos de apoio ao tratamento antidepressivo. b. Antidepressivos – ajudam a restaurar o equilíbrio das substâncias químicas no cérebro. SÍNDROME DE BURNOUT A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, foi definida como o estado de exaustão física e psicológica relacionada com o trabalho. Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. O sintoma típico da síndrome de burnout é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, falhas de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima. Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome. De maneira mais específica, o esgotamento é uma síndrome multidimensional caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e redução em realizações pessoais. A exaustão emocional refere-se a sentimentos de ter seus recursos emocionais esgotados, com a correspondente perda de energia e sentimentos de fadiga. A despersonalização refere-se à perda de idealismo no local de trabalho, desencadeando atitudes negativas para com aqueles que recebem o serviço ou a atenção do empregado. A redução em realizações pessoais refere-se à perda de sentimentos de competência e realização no trabalho. Segundo Varella (2015) “a síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso”. Os empregos que envolvem responsabilidade com outras pessoas, em vez de responsabilidade com produtos, parecem causar níveis elevados de esgotamento. Os trabalhadores da área da saúde parecem ser especialmente suscetíveis a esse tipo de estresse no trabalho. Pesquisas mostraram profissionais de saúde que relatam sintomas relacionados com o estresse suficientemente sérios, a ponto de serem considerados sinais de maior risco de problemas psiquiátricos. A síndrome de burnout normalmente se desenvolve durante o período de alguns anos, no entanto, alguns sinais de aviso podem aparecer mais cedo. Entre eles, inclui-se: sentimentos de exaustão física e mental; perda de significado no próprio trabalho e na vida em geral; dificuldade em se concentrar; aumento de doenças relacionadas com o estresse, como dores de cabeça, dores nas costas e depressão; e temperamento explosivo. É importante observar que essa síndrome não é a consequência inevitável de estar empregado em determinadas áreas profissionais. Como nos lembra o modelo biopsicossocial, a suscetibilidade à maioria das condições de saúde – favoráveis ou desfavoráveis – é o produto de fatores sobrepostos em todos os domínios da saúde. Por exemplo, os profissionais da área de saúde que se depara com pacientes crônicos que mantêm uma visão esperançosa e otimista da vida apresentam menos probabilidade de experimentar esgotamento profissional do que os mais pessimistas, ressaltando, assim, a função protetora de certos padrões de comportamentos. NOÇÕES DE PSICOPATOLOGIA O comportamento normal e o patológico (anormal / doença mental) A divisão entre o normal e o patológico é tênue, entretanto, a normalidade possui 3 características importantes: a flexibilidade, a alegria e a autoestima.A flexibilidade para o novo, para a mudança, para uma nova maneira de ser, não querer ser o dono da verdade são traços de normalidade. Na patologia ocorre a rigidez, no sentido de que a pessoa acha que sabe tudo, não aceita o novo. A rigidez é um traço patológico. A alegria é característica de pessoas sãs e a melancolia de pessoas doentes. Essa alegria pode ser psíquica e/ou corporal. Na pessoa deprimida falta a alegria. O conhecimento da etiologia dos distúrbios psíquicos ainda é rudimentar, embora esteja se desenvolvendo. Assim, a classificação dos distúrbios psíquicos é insatisfatória, mas como os profissionais da saúde precisam antecipar as consequências de qualquer doença, pesquisar e se comunicar entre si, torna-se necessária uma classificação. Os psiquiatras clínicos descrevem a personalidade em termos de estrutura mental que está constante e regularmente presente em uma pessoa. Uma síndrome é constituída por um certo número de sintomas que, quando agrupados, formam um padrão reconhecível. Para que os profissionais da área da saúde reconheçam da mesma maneira um portador de transtornos mentais ou psíquicos há dois sistemas classificatórios importantes das doenças mentais e que foram desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Associação Psiquiátrica Americana (APA). O primeiro é o CID-10, publicado em 1992 e que contém a 10ª revisão do capítulo sobre Transtornos Mentais e de Comportamento. Todas as tradições e escolas da psiquiatria estão ali representadas, o que dá a este trabalho seu caráter excepcionalmente internacional. A classificação e as diretrizes foram produzidas e testadas em muitas línguas. Nesta classificação os transtornos mentais estão elencados em 11 categorias maiores compreendendo 99 tipos de doenças mentais. É oferecida uma secção com as descrições clínicas e diretrizes diagnósticas que deve ser de conhecimento de todo o profissional. Outro sistema de classificação foi coordenado pela Associação Psiquiátrica Americana e é amplamente conhecido como DSM-IV ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4ª edição. É um manual mais específico, completo e complexo. Como as classificações dos transtornos mentais são complexas, salientaremos as 3 principais estruturas dentro da psicopatologia, que são: a neurose, a psicose e a perversão. NEUROSE A pessoa neurótica reconhece que está doente, embora não possa associar seus sintomas com um conflito emocional óbvio. Ele permanece em contato com a realidade. Pode continuar a adaptar-se socialmente porque a pessoa neurótica não gosta da realidade que vive, mas se adapta a ela da sua maneira. O neurótico sofre de reminiscências, quer dizer, o que ele passou no passado, ele sofre no presente, atualiza no presente, o que significa um sofrimento inútil. Como exemplos de distúrbios neuróticos temos a: Neurose obsessiva-compulsiva Neurose histérica Neurose fóbica / síndrome do pânico Neurose hipocondríaca a.1.) Neurose obsessiva-compulsiva A pessoa com personalidade obsessiva é excessivamente asseada, pontual e de confiança. Ela costuma conferir tudo o que faz muitas vezes (rituais). Não gosta de mudança e fica contrariada com qualquer alteração em sua rotina. Tem atividades compulsivas, como por exemplo: gastar dinheiro demais ou ser muito avarento, comer demais e ser obeso, ser muito organizado no sentido de ser perfeccionista. Gosta de sentir que tem o completo controle de si mesmo e de seu mundo. Mantém suas emoções sob controle e raramente perde a calma. Seu senso de humor é limitado. Parece que precisa controlar completamente seu meio ambiente ou então não fazer nenhuma tentativa neste sentido, nenhum meio-termo é possível. Possui a moral muito rígida principalmente com relação a regras e horários. Tem medo exagerado que pode chegar a uma paranoia. É muito bom para os outros, mas pensa pouco em si mesmo, sendo às vezes auto agressivo e possuindo auto exigência (perfeccionismo). Sacrifica-se pelos outros. Tudo tem que ter sacrifício, tem que complicar as coisas mais simples. a.2.) Neurose histérica A pessoa com personalidade histérica é diferente. Ela precisa sentir que é o centro das atenções. Um pequeno desprezo será encarado como um insulto mortal, uma palavra impensada tornar-se-á uma declaração de amor ou prova de que não é mais amada. É perfeccionista no sentido estético pois gosta de se sentir bonito para seduzir as pessoas. É um bom "ator", faz "teatro" em várias situações para dar a visão que está tudo bem. É muito bom consigo mesmo, pensando mais em si do que nos outros, não sacrifica pelos outros por isso se permite viver mais. É decidido, seguro de si. Pacientes assim nunca são monótonos. Não é de estranhar a possibilidade de que as personalidades histéricas e obsessivas sejam atraídas umas pelas outras! a.3.) Neurose fóbica/ Síndrome do Pânico Uma das principais angústias do homem é o medo de ficar só, o medo da solidão. O que significa estar só? Para ser só a pessoa tem que entrar em contato consigo mesma, ser independente e para isso ela deve ter uma boa autoestima e saber lidar com os próprios sentimentos. A neurose fóbica se caracteriza pelo medo excessivo e evitação de algum objeto normalmente inofensivo. A Síndrome do Pânico tem vários sintomas físicos quanto psicológicos. Eis alguns exemplos: Físicos: palpitação, taquicardia, falta de ar, tremores, dormência no corpo, sudorese, tontura, medo de perder o controle, medo de ficar louco, medo de morrer (medo de o coração parar), etc. Psicológicos: sensação de vazio, sensação de desamparo, medo de ficar sozinho, culpa pelo fracasso, fragilidade, perda da identidade, baixa resistência à frustração, medo da morte, necessidade da mentira, vira escrava do próprio medo, etc. a.4.) Neurose hipocondríaca Caracteriza-se pela preocupação com doenças imaginárias e outros sintomas corporais. PSICOSE O psicótico tem maior comprometimento psíquico. É o verdadeiro doente mental A pessoa psicótica tem sua personalidade inteiramente distorcida pela doença. Aceita seus sintomas como reais e a partir deles passa a reconstruir seu ambiente, recriando um mundo que somente ele pode reconhecer, tem delírios e alucinações diversas (distúrbios de percepção). O psicótico não aceita a realidade, por isso cria uma nova realidade para viver. Torna-se incapaz de continuar seu trabalho ou até mesmo de viver com a família porque seu senso de autopreservação fica seriamente perturbado. A vida do psicótico é um eterno drama. O que fica do mundo para ele é a hostilidade. Para se chegar a psicose, a sua história de vida foi muito horrível, a hostilidade foi a marca que mais ficou para ele e o que mantêm seu psiquismo vivo são os delírios e as alucinações. Possui dificuldades afetivas, sexuais e nos seus relacionamentos. Acha que não precisa das outras pessoas porque ele delira e cria uma pessoa que seja ideal para ele. É muito instável de humor, são antissociais e possuem uma inteligência média para superior porque ele tem um "jogo psíquico" que não se encontra nas outras estruturas. Eles querem ter certeza de tudo e serem os donos da verdade. Quando essa certeza é atingida, o psicótico se defende com o autoritarismo e agressividade. Usa de palavras que por serem francas demais podem magoar alguém e isso ocorre porque ele não tem noção de limites, não tem noção do outro. Os pacientes psicóticos são os mais difíceis de tratar, pois têm um ressentimento em relação à pessoa que cuida dele, devido à autoridade que essa pessoa representa. São persuasivos e manipuladores, porém podem ser amáveis e racionais. A melhor atitude a adotar é manter uma firmeza amistosa. b.1) Esquizofrenia A etimologia da palavra esquizofrenia vem de Esquizo= cisão e Frenia = personalidade. Esquizofrenia é a dupla personalidade ou personalidade múltipla. A pessoa com personalidade esquizoide é tímida, acanhada e "fechada". É emocionalmente fria, incapaz de se relacionar e formar amizades profundas. Frequentemente é excêntrica em seus hábitos e leva uma vida própria, à parte das outras pessoas. É também característica dos esquizofrênicos possuírem: comportamentos bizarros ou estranhos; o isolamento, pois têm dificuldade de socialização; dificuldades sexuais como a dificuldade de ereção tendo satisfação pela masturbação ou pela humilhação, agressão e mágoa a pessoa com quem está tendo relações sexuais. Faz muitas generalizações, como por exemplo: "Todos os homens não prestam", "Todas as mulheres traem". É irônico, debochado, busca um ponto fraco da pessoa para atacar. É rígido, de pouca brincadeira e quando brinca é através da ironia. b.2) Paranoia Pelo DSM-IV, a paranoia está incluída na esquizofrenia. A pessoa com personalidade paranoide é desconfiada de todos e o delírio mais constante é o delírio de perseguição. Ela é sensível e também lhe falta senso de humor. Tem uma ideia superior de suas próprias habilidades, sendo difícil trabalhar com ela, pois é rígida e inadaptável. Tem poucos amigos. b.3) Psicose maníaco-depressiva (PMD) A pessoa com PMD vive episódios de depressão com mania, ou seja, períodos de abatimento e desinteresse e outros de alegria contagiante e superatividade. Riscos a suicídio. PERVERSÃO OU PSICOPATIA Ainda é chamada de parafilias sexuais no DSM-IV. Está ligada a sexualidade. O perverso tem o objetivo de manipular o outro. Vive transgredindo normas e valores, como por exemplo, a corrupção. Acha que ele é o melhor, que no mundo só há idiotas e por isso ele nunca vai ser pego nas suas transgressões. Geralmente, o prazer dele está não no ato errado em si, mas fazendo o errado, ou seja, transgredir, já lhe causa prazer. c.1) Sadomasoquismo Sente prazer pela violência sexual. c.2) Exibicionismo Os exibicionistas são capazes de ereção e orgasmo quando se expõem a uma mulher desconhecida e amedrontada. c.3) Voyerismo Os espreitadores ou voyeurs masturbam-se até o orgasmo enquanto observam uma mulher/homem desconhecida se despir. O indivíduo pode também fazer um telefone obsceno e atingir o orgasmo enquanto fala com uma mulher desconhecida. c.4) Fetichismo Algumas pessoas são atraídas por objetos e não por seres humanos. São os fetichistas e o objeto de seu desejo sexual chama-se fetiche. Os fetiches mais comuns são roupas femininas, especialmente roupa íntima, sapatos, cabelos, seda, etc. Um fetichista pode ser capaz de ter relação sexual e atingir o clímax, desde que possa fantasiar seu fetiche. Identificação de ideias suicidas nos pacientes: "Se a pessoa em crise receber ajuda adequado, isto é, um tipo de ajuda que lhe permita pensar sobre o problema e chegar a algumas conclusões sobre soluções alternativas aceitáveis, a experiência pode levar a novos níveis de adaptação mais amadurecida", Beland, em 1979. Quando a pessoa está doente há elementos tanto de angústia como de medo, que se manifestam das mais variadas formas e geralmente iguais àqueles que aprenderam a enfrentar durante os perigos da vida. Há pacientes que expressam verbalmente seus temores, outros negam sua existência; alguns reagem com hostilidade, outros choram, e assim por diante. O profissional de saúde tendo conhecimento de que a reação de uma pessoa é geralmente resultado de experiências anteriores, deverá identificar suas necessidades, respostas à doença e tratamento e conservar a identidade pessoal do paciente chamando-o pelo nome. A identificação e aceitação de seus hábitos e atitudes e esforço para ajudá-lo a adaptar-se a situações que colocam em perigo sua saúde contribuirão para que conserve sua identidade e mostrando-lhe, dessa forma, que o respeita como pessoa, fator essencial para que a segurança e a confiança dele sejam reforçadas. Possuindo amplos conhecimentos fisiopatológicos e psicossociais, o técnico juntamente com os outros profissionais de saúde que também cuidam desse paciente num perfeito entrosamento, será capaz de identificar ideias suicidas dos pacientes sob seus cuidados e tomar as medidas necessárias. DOENÇA PSICOSSOMÁTICA A somatização é um transtorno psiquiátrico em que a pessoa apresenta múltiplas queixas físicas, localizadas em diversos órgãos do corpo, como dor, diarreia, tremores e falta de ar, mas que não são explicadas por nenhuma doença ou alteração orgânica. Geralmente, uma pessoa com doença psicossomática está frequentemente em consultas médicas ou pronto-socorros devido a estes sintomas, e o médico costuma ter dificuldade em encontrar a causa. Esta situação também é chamada de transtorno de somatização, e é comum em pessoas ansiosas e depressivas, por isso, para o adequado tratamento é fundamental a realização de psicoterapia, além do acompanhamento com o psiquiatra, que poderá indicar medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos para ajudar a aliviar o problema. Doenças psicossomáticas mais comuns: Cada pessoa pode manifestar fisicamente as suas tensões emocionais em diferentes órgãos, podendo simular ou piorar muitas doenças. Os principais exemplos são: 1. Estômago: dor e queimação no estômago, sensação de enjoo, piora de gastrites e úlceras gástricas; 2. Intestino: diarreia, prisão de ventre; 3. Garganta: sensação de nó na garganta, irritações mais fáceis constantes na garganta e amígdalas; 4. Pulmões: sensações de falta de ar e sufocamento, podendo simular doenças pulmonares ou cardíacas; 5. Músculos e articulações: tensão, contraturas e dores musculares; 6. Coração e circulação: sensação de dores no peito, que pode, até, ser confundido com infarto, além de palpitações, surgimento ou piora da pressão alta; 7. Rins e bexiga: sensação de dor ou dificuldade para urinar, que pode imitar doenças urológicas; 8. Pele: coceira, ardência ou formigamentos; 9. Região íntima: piora da impotência e diminuição do desejo sexual, dificuldade para engravidar e alterações do ciclo menstrual; 10. Sistema nervoso: crises de dor de cabeça, enxaqueca, alterações da visão, do equilíbrio, da sensibilidade (dormências, formigamentos) e da motricidade, podendo simular doenças neurológicas. AUTO-ESTIMA É o conjunto de atividades que cada pessoa tem sobre si mesma, uma percepção avaliativa sobre si própria, que podem ser positivas ou negativas. Apresentam altos e baixos, revelando-se nos acontecimentos sociais, emocionais e psico-fisiológicos (psicossomáticos), emitindo sinais detectáveis em vários graus. Ninguém deixa de pensar em si mesmo, todos temos tendência a nos avaliar, porém o fazemos de um modo diferente, distinto, cada um à sua maneira, levando em conta o mundo ao redor. São traços do que seria uma auto-estima positiva: ter segurança e confiança em si mesmo; procurar a felicidade; reconhecer nossas qualidades sem maiores vaidades; não considerar-se superior e nem inferior aos outros; saber admitir limitações e aspectos menos favoráveis da personalidade; ser aberto e compreensivo; ser capaz de superar os fracassos com categoria; saber estabelecer relações sociais saudáveis; ser crítico construtivo; e, principalmente, ser coerente e consequente consigo mesmo e com os outros. Baixa auto-estima e auto-imagem se constituem em uma doença grave, que favorece o egoísmo e tende a criar dependência, minando as relações interpessoais. Não é uma regra, mas possuir auto-imagem e auto-estima mais positiva, nos deixa bastante mais livre de tensões, frustrações e intranquilidades, portanto seríamos capazes de ir mais além. DESENVOLVIMENTO DA AUTO-ESTIMA. Não existe fórmula milagrosa para desenvolver a auto-estima, mas uma série de recomendações que
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