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PSICOLOGIA EM ODONTOLOGIA

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TÓPICO I 
 
Introdução à Psicologia: 
Nesta aula iremos estudar o senso comum e a ciência. Abordaremos sobre o objeto do estudo da 
psicologia. Veremos o que é subjetividade e, por fim, iremos diferenciar a psicologia científica do 
misticismo. 
 
Senso comum 
O senso comum é o tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano por meio da 
realidade, ou seja, da nossa vida cotidiana. Ele é intuitivo, espontâneo e, ainda, produz uma 
determinada visão de mundo. É ele que nos ensina que não precisamos colocar a mão no fogo para 
saber que ele queima. 
Às vezes ele se apropria da ciência para "rotularmos" uma pessoa, como por exemplo "menina 
histérica". Nós usamos esse jargão para dizer que a menina grita muito e não no sentido dessa 
menina possuir algum distúrbio mental. 
Um outro comportamento que temos é quando dizemos que agimos como psicólogo ao ouvir um 
amigo ou amiga se desabafando porque foi demitido do trabalho. Na verdade esse último exemplo 
podemos dizer que foi utilizado a "psicologia" do senso comum que é a psicologia usada no dia-a-dia 
pelas pessoas em geral. 
 
 
 
 
TÓPICO II 
A Evolução da Psicologia como Ciência 
Compreender algo em profundidade significa recuperar sua história. Por isso, nesta aula traçaremos 
um esboço histórico da evolução da ciência psicológica, a fim de compreender suas principais linhas 
teóricas. 
 
A psicologia entre os gregos: os primórdios 
Entre os filósofos gregos surgiu a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. Eles definiram 
o termo psicologia da seguinte forma: 
 
Psyché= alma - Logos = razão/estudo 
 
Etimologicamente "psicologia é o estudo da alma". 
Na psicologia, alma ou espírito é a parte imaterial do ser humano que abarca o pensamento, os 
sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção. 
Filósofos pré-socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo por meio da 
percepção. 
Dessa maneira temos os: 
 
Idealistas – A ideia forma o mundo. 
Materialistas – A matéria que forma o mundo já é dada para a percepção. 
 
Os filósofos que se destacaram nessa época foram: 
Sócrates (469-399 a.C.) – Preocupou-se com o limite que separa o homem dos animais. Suas teorias 
defendem que a principal característica humana era a razão. 
 
Platão (427-347 a.C.) – A alma do homem encontra-se na cabeça. A medula seria, portanto, o elemento de 
ligação da alma com o corpo. Esse elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma 
separada do corpo. 
 
Aristóteles (384-322 a.C) – Alma e corpo não podem ser dissociados. A psyché seria o princípio ativo da 
vida. Tudo aquilo que cresce se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma. Ele realizou um 
estudo sistematizado das diferenças entre a razão, a percepção e a sensação, que foi considerado como o 
primeiro tratado em psicologia intitulado Da anima. 
 
Os gregos formularam duas "teorias": 
Platônica – que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do corpo. 
Aristotélica – que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo. 
 
 
A psicologia no Império Romano e na Idade Média 
Ocorre o aparecimento e desenvolvimento do cristianismo que teve grande influência na ciência. 
Duas pessoas merecem destaque nessa época: 
Santo Agostinho (354-430) – Fez a cisão entre alma e corpo. A alma não era somente a sede da razão, mas 
a prova de uma manifestação divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a 
Deus. E, sendo a alma também a sede do pensamento, a Igreja passou a se preocupar também com sua 
compreensão. 
São Tomás de Aquino – Fez a distinção entre a essência e a existência. Relatou que o homem, na sua 
essência, buscou a perfeição por meio de sua existência e que essa busca de perfeição seria a busca de 
Deus. Ele encontrou argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo para 
ela o monopólio do estudo do psiquismo. 
 
Segue abaixo as imagens de Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, respectivamente. 
 
A psicologia, portanto, passou a ser relacionada ao conhecimento religioso, a Igreja monopolizava o 
saber e o estudo do psiquismo. 
 
Principais linhas teóricas do século XIX 
No século XIX, então, surgiram três principais linhas teóricas da psicologia. 
Funcionalismo - Willian James – Defende a compreensão do funcionamento da consciência na medida em 
que o homem a usa para adaptar-se ao meio. 
Estruturalismo - Edward Titchener – Estudou a consciência enquanto estrutura do sistema nervoso central 
(SNC). 
Associacionismo - Edward Lee Thorndike – Relata que a aprendizagem se dá por um processo de 
associação de ideias, partindo das mais simples para as mais complexas. 
 
Principais linhas teóricas do século XX 
Behaviorismo (behavior – que significa comportamento, em inglês) surgiu com Watson, que definiu o fato 
psicológico de modo concreto, a partir da noção de comportamento. Seu objeto de estudo foi o 
comportamento. 
 
A Gestalt surgiu na Europa, como negação da fragmentação das ações e processos humanos e postulou a 
necessidade de entender o homem como totalidade. Seu objeto de estudo foi a percepção. 
A psicanálise nasceu com Freud, na Áustria, e postulou o inconsciente como objeto de estudo, quebrando 
a tradição da psicologia como ciência da consciência e da razão. 
TÓPICO III 
A Psicanálise 
Nesta aula aprenderemos os conceitos da psicanálise elaborados por Sigmund Freud. 
 Sigmund Freud (1856 – 1939)
 
 
Freud foi um médico vienense que investigou os problemas do sistema nervoso e que se interessou 
pelas desordens neuróticas, condições caracterizadas por ansiedade excessiva e, em alguns casos, 
depressão, fadiga, insônia ou paralisia. 
Os sintomas foram atribuídos, por Freud, a experiências que a pessoa teve em sua vida. Portanto 
ele viu como problemas científicos, as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, enfim, a 
interioridade do homem. 
Freud queria entender porque os pacientes esqueciam tantos fatos de sua vida. Portanto, ele 
deixou seus pacientes falarem livremente e mencionou que esses conteúdos psíquicos estão 
localizados no inconsciente. Dessa forma, para esse novo método de investigação e cura result ante 
ele denominou de psicanálise. 
 
A primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico 
Freud formulou a primeira ideia sobre a estrutura e funcionamento do aparelho psíquico referindo -
se a três sistemas psíquicos. São eles: inconsciente, pré-consciente e consciente. 
Consciente: é o que está acontecendo aqui e agora. Estão presentes a percepção do mundo 
exterior, o raciocínio e a atenção. Por exemplo, imagine o desktop de um computador, você está 
vendo a imagem consciente. 
Pré-consciente: é o conteúdo psíquico de fácil acesso à consciência. Você consegue lembrar-se 
facilmente. É quando você quer um arquivo e encontra-o rapidamente no computador, como por 
exemplo, nos meus documentos. 
Inconsciente: é o local onde ficam os conteúdos reprimidos, de difícil acesso ao pré-consciente e 
ao consciente. Por exemplo, os conteúdos que ficam numa pasta antiga que você usa-os raramente, 
como algo a ser localizado no painel de controle. 
Freud abordou sobre três sistemas da personalidade: id, ego, superego. 
 Id: Fica no inconsciente e é regido pelo princípio do prazer. É como uma criança mimada que quer 
tudo a toda hora. 
 Ego: É o equilíbrio entre o id e o superego e é regido pelo princípio da realidade. Suas funções 
básicas são: percepção, memória, sentimentos, pensamentos. 
 Superego: Está no inconsciente e é regido pelo princípio da moral. 
Primeiro surge o id, no qual tudo quer e tudo pode. Depois surge o ego para controlar os desejos do 
id e lidar com a realidade. E, por último, o superego separa-se do ego a partir do momento em que 
adquirimos valores e padrões tentando atingir a perfeição por meio da moral e bons costumes, 
portanto refere-se a exigências sociais e culturais. 
 
Mecanismos de defesa 
São processos realizados pelo egoe são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente de nossa 
vontade. Tem como objetivo evitar o desprazer protegendo o aparelho psíquico. Esses mecanismos 
são vários. Vamos conhecer alguns: 
 Repressão: É o primeiro dos mecanismos e a base de todos os outros. O ego faz desaparecer da 
consciência um conteúdo desagradável ou inoportuno. 
Ele suprime a percepção do que está acontecendo e esse fato não é percebido pelo indivíduo e 
deforma o sentido do todo. Um exemplo é quando entendemos uma proibição como permissão 
porque não "ouvimos" o "não". 
 Projeção: O indivíduo atribui ao outro as características de personalidade que não aceita em si. 
Exemplo, aquele indivíduo que não suporta críticas. 
 Regressão: É a volta da fase anterior ou das fases anteriores do desenvolvimento. Exemplo, não 
querer tomar injeção porque tem medo de agulha, mesmo sabendo que é importante para o 
tratamento de sua doença. 
 Racionalização: O indivíduo constrói uma argumentação intelectualmente convincente e 
aceitável, que justifica os estados "deformados" da consciência. Isto é, uma defesa que justifica as 
outras. 
 
Na racionalização, portanto, o ego coloca a razão a serviço do irracional e utiliza, para isso, o 
material fornecido pela cultura, ou mesmo, pelo saber científico. Exemplos: o pudor excessivo 
(formação reativa), justificado com argumentos morais e as justificativas ideológicas para os 
impulsos destrutivos que eclodem na guerra, como o preconceito ou a defesa da pena de morte. Ou, 
ainda, as justificações racionais que tentam explicar de forma "aceitável" a falta a um exame 
médico, a agressão contra uma mulher etc. 
A descoberta da sexualidade infantil 
Freud investigando sobre causas e funcionamento das neuroses descobriu que a maioria dos desejos 
e pensamentos recalcados referia-se a conflitos de ordem sexual, localizado nos primeiros anos de 
vida, sendo esses conteúdos de ordem traumática e que deixavam marcas no psiquismo. 
A função sexual, então, existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento. E os conflitos que 
existirem nos primeiros anos de vida deixarão marcas profundas na estruturação da pessoa. 
O processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, tem a função sexual ligada à 
sobrevivência. A partir disso, Freud formulou o conceito de sexualidade infantil elaborando as 
seguintes fases: 
 
Fase oral (0 - 2 anos) 
A libido é organizada ao redor da boca (lábios, língua e garganta). O objeto de desejo é o único com 
o qual mantém relação: o seio. É quando se estabelecem as bases para as futuras relações 
emocionais. O bebê começa a se separar da mãe e passa pelo nascimento dos dentes. 
 
 
 
Fase anal: (2 - 4 anos) 
A libido encontra-se mais concentrada na região anal e uretral. O prazer está ligado às funções 
excretoras e os objetos de desejo, as fezes e urina. A criança reluta em abandonar seus 
excrementos. Quer senti-los pelo tato. Está na fase em que abandona as fraldas e a mãe leva a 
criança para o banheiro e fala "tchau xixi". 
 
 
Fase fálica: (4 - 7 anos) 
A libido concentra-se nos genitais. Quer chamar a atenção do genitor do sexo oposto. 
 
 
Fase de latência: (7 - 11 anos) 
O interesse pelo corpo é transformado em interesse pelas ideias. Preocupações escolares, visão 
científica e social do meio. Traço de caráter na fixação: Tendência ao isolamento social, alta 
produção intelectual e identificação profissional. 
 
 
Fase genital: (11 anos em diante) 
A libido concentra-se homogeneamente por todo o corpo. O objeto de erotização ou de desejo não 
está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao corpo – o outro. Nessa fase espera-se um 
desenvolvimento satisfatório do indivíduo sendo capaz de amar, produzir e ser feliz. Não se fala em 
fixação nessa fase, ela é a última. 
 
 
TÓPICO IV 
Behaviorismo 
Nesta aula abordaremos as contribuições para o behaviorismo e os principais conceitos dessa 
abordagem que também é conhecida como teoria comportamental. 
 
Contribuições para o behaviorismo: 
Edward Lee Thorndike (1874 – 1949) 
Ele criou o conexionismo relatando que a aprendizagem ocorre por meio da associação (conexão) 
entre estímulo e resposta e que a inteligência é uma função do número de conexões aprendidas. Ele 
elaborou três leis: 
 
Lei do efeito: Recompensa – repetição do comportamento – associar a situação a outras semelhantes. 
 
Lei da prontidão: O comportamento tenderá a não acontecer se o organismo for punido após sua 
ocorrência. 
 
Lei do exercício: As conexões tornam-se fortalecidas com a prática e enfraquecidas quando a prática é 
descontinuada. 
 
Ele fez experimentos com animais para ilustrar como ocorre a aprendizagem. Um dos seus 
experimentos foi com um gato, utilizando-se do equipamento conhecido como caixa problema. 
O gato, privado de comida, ficava preso na caixa problema, que era fechada por vários trincos, da 
qual o animal precisava aprender a escapar puxando (estímulo) uma alavanca, abrindo a porta 
(resposta), para, assim, poder alimentar-se com a comida que estava fora da caixa. 
Primeiramente, o gato apresentava vários comportamentos até que teve o comportamento correto 
de pressionar a alavanca e, tão logo, era colocado na caixa problema ele puxava a alavanca e abria 
o trinco. 
Ivan Pitrovitch Pavlov (1849 – 1936) 
Ele estudou as secreções glandulares e os movimentos musculares objetivos e quantificáveis, 
contribuindo para estudos da aprendizagem. Ele descobriu: 
 
Comportamento respondente (inato): Não há necessidade de aprendizagem para que isso ocorra. A 
resposta da salivação, quando o pão era colocado na boca do animal, era uma resposta reflexa natural do 
sistema digestivo. Os respondentes incluem os reflexos da musculatura reflexa (estremecer, retirar a mão 
de algo quente...), as reações emocionais imediatas (raiva, medo, alegria) e outras controladas pelo 
sistema nervoso autônomo (enjoo, salivação...). 
 
Comportamento respondente condicionado: A resposta depende de uma associação ou conexão. Salivar 
diante da visão da comida é uma resposta que tem de ser aprendida. 
Pavlov fez o seguinte experimento: Cão – campainha – salivação à vista de um pedaço de carne. 
Sempre que apresentamos ao cão um pedaço de carne, a visão da carne e sua olfação provocam 
salivação no animal. Qual será o efeito sobre o animal se tocarmos uma campainha? 
Se tocarmos a campainha e em seguida mostrarmos a carne, repetidamente, depois de certo 
número de vezes o simples tocar da campainha provoca salivação no animal, preparando o seu 
aparelho digestivo para receber a carne. 
 
 
Ele mostrou, portanto, que comportamento essencialmente biológico como salivação não era apenas 
de natureza fisiológica, mas podia ser controlado por fatores ambientais e psicológicos. 
Surgimento do Behaviorismo 
Behavior, em inglês, significa comportamento. Dessa forma, Behaviorismo é uma tendência teórica 
que tem como seu objeto de estudo o comportamento humano. Esse comportamento é visto como 
uma interação entre a ação do indivíduo (resposta) e o ambiente onde ele atua (estímulo). 
Segundo Davidoff (2001): 
 
[...] entende-se por comportamento a conduta, emoções, formas de comunicação, processo de 
desenvolvimento, processos mentais (formas de cognição ou de conhecimento: perceber, 
participar, lembrar, raciocinar, resolver problemas, sonhar, fantasiar, desejar, ter esperança [...]. 
 
John B. Watson (1878 – 1958) 
É considerado o fundador do Behaviorismo. Ele utilizou as ideias de Pavlov e levou a psicologia ao 
status de ciência, levando em conta o comportamento como um objeto observável e mensurável e 
os experimentos como sendo possíveis de reprodução. 
Burrbus Frederic Skinner (1904 – 1990) 
Foi o fundador do behaviorismo radical. Skinner elaborou o conceito de comportamento operante 
que inclui todos os movimentos de um organismo. Exemplo: digitar um texto, abrir uma porta, 
tomar um medicamento. 
Um de seus experimentos ocorreu da seguinte forma: colocou um rato, privado de comida numa 
caixa,que recebeu seu nome (caixa de Skinner). 
Seu objetivo era saber se o rato aprenderia pressionar a barra para ganhar alimento para saciar sua 
fome. 
O comportamento observável, portanto, é o de pressionar a barra. O rato no começo explorou a 
caixa (ambiente), batendo a pata em todo canto até que acidentalmente ele tocou na barra e 
ganhou o alimento, então ocorreu o aprendizado. 
Dessa forma, ele precisou aprender a tocar na barra para ganhar alimento e esse comportamento é 
chamado de comportamento operante condicionado. 
Comportamento respondente (clássico ou pavloviano):Responde a estímulos específicos (reflexos), 
acontece involuntariamente e é controlado pelo sistema nervoso autônomo, portanto não precisa de 
aprendizagem. Exemplo: fechamento das pálpebras ao bater um fio de cabelo. 
Comportamento operante (skinneriano):É voluntário e controlado pelo sistema nervoso central, 
portanto precisa de aprendizagem. 
 
Tanto um quanto o outro pode ser condicionado, ou seja, eles são modificados devido às condições 
que são oferecidas. 
 
Na próxima aula vamos entender mais sobre o condicionamento dos comportamentos. 
 
TÓPICO V 
Aprofundando o conhecimento sobre o Behaviorismo 
Nesta aula abordaremos o conceito de comportamento e de condicionamento. Além disso, veremos 
como condicionar os comportamentos respondentes e operantes. 
Comportamento 
Para Davidoff (2001): Entende-se por comportamento a conduta, as emoções, formas de 
comunicação, o processo de desenvolvimento, os processos mentais (formas de cognição ou de 
conhecimento: perceber, participar, lembrar, raciocinar, resolver problemas, sonhar, fantasiar, 
desejar, ter esperança...). 
 
Como vimos na aula passada, todo comportamento pode ser modificado pelo condicionamento, ou 
seja, eles são modificados devido às condições que são oferecidas. 
 
Comportamento respondente 
O comportamento respondente é desencadeado por um estímulo eliciador. Ou seja, um evento que 
imediatamente acontece antes do comportamento. Esse comportamento inclui os reflexos da 
musculatura reflexa (estremecer, retirar a mão de algo quente...), as reações emocionais imediatas 
(raiva, medo, alegria) e outras controladas pelo sistema nervoso autônomo (enjôo, salivação, 
transpiração...). 
 
Condicionamento do comportamento respondente 
As etapas para condicionar um comportamento respondente são (Davidoff, 2008, p. 101): 
a) Estímulo incondicionado (EI): É um estímulo eliciador que produz um comportamento 
respondente automático. 
b) Resposta incondicionada (RI): É o comportamento respondente produzindo automaticamente 
pelo estímulo incondicionado (EI). 
c) Estímulo neutro (EN): É qualquer evento, objeto ou experiência que não elicia (produz) a 
resposta incondicionada até que o condicionamento seja iniciado. Precisa acontecer o 
emparelhamento do estímulo neutro (EM) com o estímulo incondicionado (EI). 
d) Resposta condicionada (RC): É desencadeada após o estímulo neutro (EN) ser associado ao 
estímulo incondicionado (EI) e estímulo condicionado (EC) ocorre quando o estímulo neutro (EN) 
tiver começado a produzir a resposta condicionada (RC). 
 
Leia com atenção o exemplo para melhor entender o condicionamento do comportamento 
respondente: 
 
Exemplo: Profissional de branco (EI) gera medo em crianças (RI). A visão do profissional de branco é 
associado a um hospital (EN), que no início não provoca medo. Depois que o hospital é 
repetidamente associado ao profissional de branco, apenas ao ver o profissional já evoca uma 
resposta emocional de medo. 
 
Comportamento operante 
O comportamento operante vem depois de ter ocorrido um estímulo, portanto o comportamento 
governado pelas consequências. 
 
Comportamento operante condicionado 
Se o comportamento operante é seguido, repetidamente, de respostas agradáveis ao indivíduo ele 
tende a repeti-lo, mas se forem desagradáveis ele tende a acontecer com menor frequência sob as 
mesmas circunstâncias. Então o aumento da frequência de resposta chama-se condicionamento 
operante. A resposta condicionada é iniciada pelo indivíduo e o reforçamento ocorre depois da 
resposta condicionada. 
 
Contingência 
É a probabilidade que um evento tem de ser afetado ou causado por outros eventos. O enunciado de 
uma contingência é feito em forma de afirmações do tipo se..., então... Exemplos: Quem fizer o 
trabalho terá meio ponto na nota. Sua consulta foi marcada para as 14 horas. 
No primeiro exemplo, portanto, temos: Se você fizer o trabalho (comportamento), então ganhará 
meio ponto (ajuda a você a passar de ano), mas se não fizer corre o risco de ficar retido na 
disciplina. No segundo exemplo: Se você estiver no horário da consulta (14 horas), então será 
atendido (se for até a clínica, lógico). Isso significa que na contingência há relação de dependência. 
 
Contingência por reforçamento 
Tanto no comportamento respondente quanto no comportamento operante, o reforçamento 
fortalece o comportamento. Para ocorrer o reforçamento é necessário o estímulo reforçador que 
varia de um indivíduo para outro assim como de uma situação para outra. 
Ele pode ser intrínseco (satisfazer a fome ou a vontade de dançar) ou extrínseco (quando a criança 
vai ao dentista e se ela se comportar bem ela ganha uma bexiga, quando alguém ri de sua piada e 
você se anima para contar outras piadas – elogios, quando se tira dez na prova e essa nota leva a 
aprovação na disciplina). 
Dessa maneira podem ocorrer: 
Reforçamento no condicionamento respondente: O reforçamento precede o ato fortalecido. O 
emparelhamento do estímulo neutro com o incondicionado (o reforçamento) vem antes da aprendizagem 
da resposta condicionada. São reforçados pelo par formado pelos estímulos 
 
Reforçamento no condicionamento operante: O reforçamento sucede o ato fortalecido. São reforçados 
pelo par formado pelas consequências agradáveis para o indivíduo. Ele pode ser positivo ou negativo. 
 
Reforçamento positivo: Evento que aumenta a probabilidade futura de resposta que o produz (aumenta a 
taxa de resposta). 
 
Reforçamento negativo: Todo evento que aumenta a probabilidade futura de resposta que o remove ou 
atenua (diminui taxa de resposta). Pode acontecer a esquiva e a fuga. 
 
Esquiva: O primeiro estímulo aversivo evita ou diminui o segundo estímulo com uma ação 
(condicionamento operante – necessidade de reduzir o estímulo). Exemplo: O indivíduo precisa tomar uma 
injeção para curar a sua gripe. Ele procura um hospital e toda vez que o profissional da saúde vai aplicar a 
injeção ele tira o braço. 
 
Fuga: Comportamento reforçador termina com um estímulo aversivo já em andamento. O indivíduo 
precisa tomar uma injeção para curar a sua gripe. O indivíduo não aparece para o tratamento. 
 
No reforçamento ainda pode acontecer a extinção e a punição. A extinção ocorre quando a resposta 
deixa abruptamente de ser reforçada e diminui a frequência do comportamento até ser extinto. 
Quando a extinção começa é esperado que a frequência da resposta aumente para só depois 
começar a cair lentamente até que a probabilidade de ser emitida alcance índices próximos de 
zero. 
Exemplo: Uma pessoa faz dieta e não emagrece, ela tenta várias dietas e o resultado é o mesmo: 
não consegue perder peso, até que ela desiste de fazer dieta. 
A punição que é a diminuição temporária do comportamento, como por exemplo uma mãe que tira o 
brinquedo do filho porque ele está brigando com outras crianças. Um efeito que pode vir da punição 
é o contra-controle, ou seja, a criança pode revidar a mãe brigando com ela, então os controlados 
passam a agir, a revidar. 
Quando se é punido por alguma resposta, os sentimentos que podem ser gerados são os de raiva, de 
sentir-se manipulado pelos outros, sentimentos de que algo está sendo imposto a você, de que você 
está sendo obrigado a agir de determinada forma. 
Muitos dos problemas psicológicos se devem à punição, pois o indivíduo pode utilizar diversas rotas 
de fuga como: depressão e suicídio. 
 
Controle de estímulos 
De acordocom Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 53) "quando a frequência ou a forma da resposta 
é diferente sob estímulos diferentes, diz-se que o comportamento está sob o controle de 
estímulos". 
Discriminação: Saber que diante de uma dada situação eu posso fazer isso e em outra não. Exemplo: 
Sempre que precisamos de medicamento vamos a uma farmácia (e não a um açougue). 
 
Generalização: Aprende a incluir várias coisas dentro de uma classe de respostas e comportamentos. 
Exemplo: Sempre que ficamos doentes procuramos um profissional da saúde, não necessariamente um 
médico. 
 
TÓPICO VI 
Saúde 
Nesta aula veremos o conceito de saúde, doença e processo saúde-doença. 
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948, definiu saúde como um "estado de completo bem-
estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças". 
O artigo 196 da Constituição Federal Brasileira de 1988 afirma que a saúde é um "direito de todos e 
dever do Estado, garantido mediante políticas públicas, sociais e econômicas que visam a redução 
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços, 
para sua promoção, proteção e recuperação". 
A definição de saúde da OMS está ultrapassada porque ainda faz destaque entre as dimensões física, 
mental e social. 
Vamos entender o que é promoção e proteção da saúde. Esses termos são abordados dentro do que 
se denomina prevenção primária. A prevenção primária ocorre no período pré-patogênico, ou seja, 
antes da instalação da doença e é composto de dois níveis: promoção à saúde e proteção específica. 
A proteção específica compreende aplicação de medidas dirigidas a determinado agravo à saúde 
com objetivo de interceptar suas causas antes mesmo que atinjam o indivíduo. Exemplo: 
imunização, quimioprofilaxia para certas doenças, proteção contra acidentes, controle de vetores, 
aconselhamento genético etc. 
No entanto, a promoção e as medidas adotadas não são dirigidas a nenhuma doença ou agravo em 
particular, mas causam impacto positivo sobre a saúde da população. 
Exemplo: alimentação e moradia adequadas, educação em todos os níveis, condições de trabalho, 
lazer etc. 
Promoção da saúde, portanto, é o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria 
da sua capacidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo. 
E a recuperação? A recuperação, também conhecida como prevenção terciária objetiva, resgata a 
capacidade total ou parcial do indivíduo, por meio dos processos de reabilitação e de 
aproveitamento da capacidade funcional, é o que nós mais estamos acostumados a ouvir falar. 
Então, podemos dizer que a saúde apresenta basicamente duas vertentes: a curativa e a preventiva. 
Enquanto futuros profissionais da saúde vocês devem entender o que significa saúde para saber 
atuar na sua área. 
Bom, então até o momento podemos dizer que a saúde é o completo bem-estar físico, mental, 
social, ambiental e espiritual. Mas não é só isso. 
Quando faz referência à palavra completo podemos, pensar que é praticamente impossível de 
atingir, ou seja, é utopia querermos estar bem em todas as dimensões, mesmo porque estão todas 
interligadas. Por exemplo, quem está bem fisicamente e mentalmente, pode estar com problema de 
relacionamento no trabalho ou está com problema financeiro. 
Dessa forma, fica melhor substituir a palavra completo pelo termo relativo. 
Também não devemos esquecer do significado de bem-estar. 
Lembrem-se do que vimos sobre a definição subjetividade na primeira aula "a subjetividade é o 
mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas 
relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas 
manifestações afetivas e comportamentais" 
Agora sim, saúde é um relativo bem-estar, que varia de pessoa para pessoa, físico, mental, social, 
ambiental e espiritual e não apenas ausência de doença. 
É bom ressaltar que as dimensões se complementam, destacando um ser humano mais completo e 
que saúde é visto como um processo continuado e interdependente de preservação da vida. 
 
Doença e processo saúde-doença 
 
O conceito de saúde está interligado com o conceito de doença. Entende-se por doença a alteração 
ou desvio do estado de equilíbrio de um indivíduo com o meio 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1987). 
E a relação saúde-doença é entendida pelo processo saúde-doença que é o "modo pelo qual ocorre, 
nos grupos da coletividade, o processo biológico de desgaste e reprodução, destacando como 
momentos particulares à presença de um funcionamento biológico diferente, com consequências 
para o desenvolvimento regular das atividades cotidianas, isto é, o surgimento da doença". 
TÓPICO VII 
Modelos explicativos do processo saúde-doença 
Nesta aula trabalharemos com os conceitos de modelo biomédico e biopsicossocial. 
Breve histórico 
Na antiguidade, a doença era vista como uma transgressão da natureza e a cura era feita pelos 
feiticeiros, sacerdotes e xamãs. A doença era pensada como um castigo, e o tratamento era 
sobrenatural. Essa medicina ficou conhecida como mágico-religiosa. 
Houve um avanço na medicina quando a ideia do sobrenatural foi deixada de lado e começaram a 
enxergar a doença como algo natural, passível de compreensão. Esse avanço teve seus primórdios 
no Egito e recebeu o nome de medicina empírico-racional. 
Depois, a medicina avançou com os conhecimentos de Hipócrates (Teoria dos humores – exemplo: 
fala-se em veneno na determinação da doença), entre outros. A escola hipocrática aborda sobre a 
prevenção de doenças e recuperação da saúde, valorizando as condições do ambiente de trabalho, 
moradia e alimentação para a determinação do bom estado de saúde. 
Surge o Galenismo que trata sobre o exame clínico do doente como um exame minucioso e 
cuidadoso, verificando seu temperamento, sua alimentação além das condições ambientais e da 
época do ano. 
As causas de morbidade podem ser internas, externa ou ambas. Para Galeno, o tratamento deveria 
receber mais destaque para o medicamento fitoterápico. 
Para Celso representa a transição entre o galenismo e o modelo biomédico. Uma de suas 
contribuições foi a descoberta da silicose que é uma patologia causada pela sílica e apresenta um 
risco ocupacional para trabalhadores de minas. 
Variável característica das comunidades de seres vivos refere-se ao conjunto de indivíduos que 
adquiriram doenças num dado intervalo de tempo. Comportamento das doenças e dos agravos à 
saúde em uma população exposta. 
Para conhecer mais sobre os modelos explicativos do processo saúde-doença leia o que José Augusto 
C. Barros escreveu: 
"Na trajetória evolutiva das concepções e da prática sobre a saúde e a doença poderiam ser 
considerados alguns paradigmas que, começando com a visão mágico-religiosa, na antiguidade, 
termina na abordagem do modelo biomédico, predominante nos tempos de hoje." www.scielo.br 
 
http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v11n1/08.pdf
Modelo biomédico 
O modelo biomédico aconteceu no Renascimento e também é conhecido como um modelo 
mecanicista. Como nós estudamos na segunda aula, é nesse período que ocorre o estudo do corpo 
humano morto levando ao avanço da anatomia e da fisiologia. Cada parte desse corpo é estudada 
separadamente tanto com o corpo morto quanto com o corpo vivo. 
Trabalha-se também com a ideia dos sintomas. A saúde passa a ser vista com ausência de doença e 
a eliminação de sintomas é considerada a cura. 
Nessa época René Descartes faz a distinção de corpo e mente. Darwin fala sobre a identidade 
biológica com o reino animal. E há o reducionismo de estruturas e funcionamento do corpo humano 
levando às especializações. A era das especializações médicas. 
No Brasil, entre 1964 e 1974, os cursos de medicina desconheciam, de modo geral, a realidade 
sanitária da população brasileira, pois estavam voltados para a especialização, para a sofisticação 
tecnológica e para as últimas descobertas das indústrias farmacêuticase de equipamentos médico -
hospitalares. 
 
 
Modelo biopsicossocial 
Na França e na Alemanha, por volta de 1850, concebia-se a medicina como uma ciência social. 
Entre os princípios afirmados estava o de que as relações entre saúde e doença e condições 
econômico-sociais deveriam ser submetidas à investigação científica. 
No Brasil, na década de 1970, aconteceu o movimento da reforma sanitária em que se tinha a ideia 
de medicina social e os programas de medicina comunitária propõem a desmedicalização da 
sociedade, com programas alternativos de autocuidado da saúde, com atenção primária realizada 
por pessoal sem capacitação e a valorização da medicina tradicional. Com a medicina social surge o 
modelo biopsicossocial. 
 
São características desse modelo: 
1-O ser humano é visto de forma integral sendo a doença causada por diversos fatores, relacionados às 
suas dimensões bio (vírus, bactérias), psico (comportamento, estresse), social (etnia, trabalho). 
2- O homem é visto como responsável pela sua doença ou pelo seu tratamento, pois recebe informações a 
respeito de prevenção de doenças por meio de campanhas. 
3- Não há preocupação somente com os sintomas, mas com o indivíduo que apresenta esses sintomas. 
4- Pelo fato de o paciente ter informação a respeito do seu estado de saúde ele, juntamente à equipe de 
saúde, passa a ser responsável pelo seu tratamento, tendo o direito de rejeitar o mesmo. 
5- O indivíduo pode estar saudável e doente ao mesmo tempo, ou seja, ele pode estar doente fisicamente, 
mas saudável nas dimensões sociais e psicológicas. 
A psicologia tem papel importante ao tratar as consequências psicológicas, assim como influenciam na 
etiologia (causa) de doenças. 
TÓPICO VIII 
Humanização 
De onde vem à humanização? O que é? Existe política pública que garante a humanização? Que 
benefícios trazem para os atores (paciente, profissional da saúde e instituição de saúde) da 
humanização? É nesta aula que essas questões serão respondidas. 
 
Humanização no atendimento a saúde 
Conforme vimos anteriormente, a definição de saúde da OMS, que fragmenta o ser humano nas 
dimensões, físico, mental e social assim como a visão de uma medicina fragmentada como visto no 
modelo biomédico, fez com que o atendimento ao paciente passasse a ser bem reducionista, com 
foco apenas nos sinais e sintomas, esquecendo de que junto a uma patologia existe um ser humano. 
Além disso, houve o avanço tecnológico, no qual cada vez mais os aparelhos fazem parte do 
atendimento esquecendo-se de que uma boa anamnese resolve vários diagnósticos. 
Com esses fatos, ocorreram transformações na formação médica, assim como nos demais cursos na 
área da saúde. Deve-se levar em conta também o grande contingente de pessoas que precisam de 
algum tipo de atendimento de saúde e as más condições de trabalho em alguns lugares. 
Houve a necessidade de um atendimento diferenciado para esse ser humano que possui suas 
crenças, valores, emoções, comportamentos, subjetividades que interferem no seu processo de 
adoecimento. Dessa maneira, com a mudança do modelo biomédico para o modelo biopsicossocial, o 
olhar para o indivíduo mudou, fazendo com que exista a necessidade de tornar o atendimento mais 
humano e menos mecanicista. 
 
Indicação de leitura 
Vamos ver como o Ministério da Saúde posiciona-se diante do assunto humanização: "No campo da 
saúde, humanização diz respeito a uma aposta ético-estético-política: ética porque implica a 
atitude de usuários, gestores e trabalhadores de saúde comprometidos e co-responsáveis; estética 
porque é relativa ao processo de produção da saúde e de subjetividades autônomas e protagonistas; 
política porque se refere à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na 
rede do SUS. O compromisso ético-estético-político da humanização do SUS se assenta nos valores 
de autonomia e protagonismo dos sujeitos, de co-responsabilidade entre eles, de solidariedade dos 
vínculos estabelecidos, dos direitos dos usuários e da participação coletiva no processo de gestão." 
Portanto, quando se fala em humanização, dizemos que precisa haver troca de informações, ou 
seja, de saberes, entre os pacientes, profissionais e as instituições de saúde fazendo com que 
ocorra o trabalho em equipe. O usuário passa a ser ativo na discussão de sua patologia e de seu 
tratamento. 
Humanização no hospital 
O hospital é tido como um ambiente "frio", tenso e que gera insegurança tanto para o paciente 
quanto para o seu familiar e que altera o ritmo de vida a que estavam acostumados, pois passa a 
existir novos horários, exames, além de não apresentar o conforto da própria casa. Com o intuito de 
melhorar essa imagem do hospital, que nos parece um pouco traumática surge a humanização no 
hospital. 
O Ministério da Saúde, em 2000, criou o Programa Nacional de Humanização da Assistência 
Hospitalar (PNHAH) com o objetivo de proporcionar melhorias na instituição hospitalar e na 
formação de educação dos profissionais da saúde, aprimorando as relações entre profissional de 
saúde e usuário, dos profissionais entre si, e do hospital com a comunidade, apontando, portanto, 
para uma requalificação dos hospitais públicos. Visa também a redução de custos excessivos e 
desnecessários decorrentes da falta de informação, do descaso e do despreparo das entidades 
envolvidas. 
 
Indicação de leitura 
Ao valorizar a dimensão humana e subjetiva, presente em todo ato de assistência à saúde, o PNHAH 
aponta para uma requalificação dos hospitais públicos, que poderão tornar-se organizações mais 
modernas, dinâmicas e solidárias, com condições de atender às expectativas de seus gestores e da 
comunidade. 
Em 2003 foi criado o Humaniza SUS que é uma política de saúde que visa garantir a humanização da 
assistência e na gestão em saúde. 
Segundo Mota, Martins e Vêra (2006), quando se trabalha com humanização, a melhora do ambiente 
hospitalar traz benefícios, como a redução do tempo de internação, aumento do bem-estar geral 
dos pacientes e funcionários e diminuição das faltas de trabalho entre a equipe de saúde e, como 
consequência, o hospital também reduz seus gastos, trazendo benefícios para todos. A 
humanização, portanto, retoma o paciente como um ser humano levando em conta a sua 
subjetividade, seus sentimentos e comportamentos, beneficiando o paciente e reduzindo o seu 
tempo de internação. Vale a pena ressaltar que para haver a humanização também é importante 
levar em conta a comunicação não-verbal, como a expressão facial, a contração da musculatura em 
alguns casos de dor. 
 
TÓPICO IX 
 
O adoecer e a doença 
Nesta aula veremos o que é adoecer, por que a doença é vista como uma ameaça de nosso destino, 
qual o impacto da doença na vida de uma pessoa e os ganhos que a doença pode proporcionar. 
 
Conforme Camon (1996), adoecer é estar em contato com a possibilidade da doença, conviver com 
patologias que até então existiam apenas como meras possibilidades, sem chance efetiva de se 
tornarem realidade. 
E até o diagnóstico clínico ser confirmado, o indivíduo pode ficar tenso, preocupado, angustiado, 
alterar seu comportamento, entre outras reações." 
A doença também está ligada à cultura, seja ela oriental, seja ocidental. Na cultura oriental não é 
visto somente a doença, mas é visto o ser humano como uma unidade corpo-mente, já a cultura 
ocidental visualiza somente os sinais e sintomas, ou seja, somente o corpo, deixando de lado a 
história pessoal, familiar e social do paciente. 
Devemos, porém, partir da ideia de que o indivíduo é indivisível e que está inserido numa sociedade 
e que vive num ambiente, portanto devemos abordá-lo holisticamente. 
A doença pode ser vista com uma ameaça do destino, pois ela irá alterar o cotidiano do doente. 
Muitas vezes o impede de trabalhar, de se divertir; algumas vezes, de se relacionar e quando 
internado, tira-o do convívio familiar e social, assim como do conforto de sua casa. 
Ninguém mais do que o doente para dizer como se sente, mesmoque, enquanto futuros 
profissionais, em algumas ocasiões, têm a tendência em dizer ao mesmo que dor que ele sente não 
é nada e vai passar. 
A doença física pode ser acompanhada de manifestações psíquicas, mas o inverso também pode 
acontecer. E, ambos também influenciarão o contexto social do paciente. 
Segundo Freitas apud Campos (1994), as alterações psicológicas podem afetar o padrão evolutivo da 
doença. Em estados de estresse ou depressão, o organismo perde a capacidade de reconhecer e 
anular células malignas mutantes que passam a se reproduzir livremente, impedindo o organismo de 
responder positivamente ao tratamento. 
Portanto, na situação de doença, internação ou cirurgia, a intensa ansiedade é capaz de 
desencadear comportamentos regredidos que, muitas vezes, é estimulado pelos próprios familiares 
por superproteger o doente. 
A reação de cada paciente, frente à doença, irá depender de sua subjetividade e do contexto 
familiar, então seu modo de adoecer será único. Veja a figura abaixo. 
De acordo com Perestrello apud Campos (1994): 
 
A doença não é algo que vem de fora e se superpõe ao homem, e sim um modo peculiar de a pessoa 
se expressar em circunstâncias adversas. É, pois como suas outras manifestações, um modo de 
existir, ou coexistir, já que o homem não existe, coexiste. E, como o ser humano não é um sistema 
fechado, todo o seu ser se comunica com o ambiente, com o mundo, e mesmo quando, 
aparentemente, não existe comunicação, isto já é uma forma de comunicação, como o silêncio, às 
vezes, é mais eloqüente do que a palavra. 
Ele utiliza a expressão "não há doenças, mas doentes", mostrando que uma enfermidade produz 
efeitos diferentes nos diversos pacientes, especialmente do ponto de vista psicológicos, pois as 
manifestações da pessoa, tanto no estado de saúde como no da doença, comunicam algo do seu 
mundo interior, podendo desencadear uma série de sentimentos como impotência, desesperança, 
desvalorização, temor, apreensão etc. É uma dolorosa ferida no sentimento de onipotência e de 
imortalidade. 
Deve-se levar em conta o tipo e intensidade das reações vão variar de acordo com uma série de 
características da doença e do próprio indivíduo: 
 Caráter breve e duradouro da doença e seu prognóstico. 
 Personalidade e capacidade de tolerância a frustrações do indivíduo. 
 Relação com o médico e demais membros da equipe de saúde. 
Pode-se dizer que tais reações variam em torno de três possibilidades: 
 Pacientes que se entregam à doença, à dor e ao desespero; são aqueles que não lutam. 
 Pacientes que tratam a doença como se fosse banal, mesmo sendo grave. 
 Pacientes que promovem mudanças em sua vida, tentando adaptar-se à situação adversa. 
Apesar de todos esses sofrimentos provocados pelo fato de estar doente, pode-se dizer que os 
pacientes têm certos "ganhos" chamados de diretos ou primários e secundários. 
As gratificações diretas referem-se ao conflito inicial (interno) que gerou o sintoma psíquico. Para 
evitar o contato com a ansiedade que o conflito gera a pessoa "desenvolve" o sintoma e concentra 
sua atenção nele (e não no conflito e na ansiedade). 
Já os ganhos secundários relacionam-se aos ganhos externos que a pessoa recebe em consequência 
da doença: mais atenção, afastamento do trabalho ou de alguém, ganhos materiais etc. 
Todo processo de adoecer ativa mecanismos fisiológicos que restabelece a homeostase e mobiliza 
defesas psicológicas no paciente. Entre as possíveis reações emocionais podemos destacar: 
regressão, negação, minimização, raiva e culpa, depressão, rejeição etc. 
Qualquer profissional da área da saúde é capaz de relembrar muitas situações nas quais sentiu essas 
mesmas emoções ao tratar seus pacientes. Isso é um grande aprendizado! Não são somente os 
pacientes que se sentem frustrados, atemorizados, mas também toda a família, amigos e 
profissionais envolvidos. 
O papel dos profissionais da saúde é ver o paciente como um todo, ser sensível às suas reações e 
mostrar as perspectivas reais que existem quanto a sua recuperação. Deve-se respeitar o "tempo 
interno" do doente e não forcá-lo a aceitar toda a verdade de uma vez! 
 
TÓPICO X 
 
Doenças crônicas 
Nesta aula trataremos sobre o que é doença crônica, como ela se caracteriza, quais seus fatores de 
risco e como prevenir-se dela. Além disso, veremos quais os fatores psicológicos de portadores de 
doenças crônicas. 
O modo de viver da população mudou ao longo do tempo devido às transformações ocorridas na 
sociedade. Esse modo de viver, agir e pensar está relacionado ao comportamento adquirido, ou 
seja, ao comportamento operante que é reforçado pela própria sociedade. 
Tais comportamentos, entretanto, facilitam ou dificultam o acesso às condições mais favoráveis à 
saúde que repercutem na alteração dos padrões de adoecimento. Colesterol elevado, tensão 
arterial elevada, obesidade, tabagismo e consumo de álcool são considerados fatores de risco para 
doença crônica não-transmissível (DCNT). 
Tais doenças, atualmente, são consideradas epidemia e constituem um sério problema de saúde 
pública, independentemente da condição econômica do país, ou seja, tanto em países 
desenvolvidos quanto em desenvolvimento. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças crônicas as doenças cardiovasculares 
(cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, as doenças respiratórias crônicas, diabetes mellitus e 
recentemente podemos elencar a síndrome da imunodeficiência adquirida. 
A OMS também inclui nesse rol aquelas doenças que contribuem para o sofrimento dos indivíduos, 
das famílias e da sociedade, tais como as desordens mentais e neurológicas, as doenças bucais, 
ósseas e articulares, as desordens genéticas e as patologias oculares e auditivas. 
Considera-se que todas elas requerem contínua atenção e esforços de um grande conjunto de 
equipamentos de políticas públicas e das pessoas em geral. 
Essas doenças representam cerca de 59% do total de 57 milhões de mortes por ano e 46% do total de 
doenças. No ano de 2005, cerca de 35 milhões de pessoas morreram de doenças crônicas no mundo, 
o que corresponde ao dobro das mortes relacionadas às doenças infecciosas. 
Deve-se ressaltar que as DCNT estão relacionadas a incapacidades e, muitas vezes, pode acontecer 
de forma prematura. 
Outro ponto importante a respeito desses dados é que pode ocorrer a subnotificação dos dados de 
mortalidade, ou seja, em algumas mortes a notificação pode não ter ocorrido. E segundo a 
Organização Pan-Americana, 388 milhões de pessoas, em todo o mundo, morrerão de uma doença 
crônica nos próximos dez anos. 
Caracterização das DCNT 
As DCNT se caracterizam por ter uma etiologia múltipla, muitos fatores de risco, longos períodos de 
latência, curso prolongado, origem não infecciosa e, também, por sua associação a deficiências e 
incapacidades funcionais. 
A etiologia múltipla das DCNT não permite que elas possuam causas claramente definidas. No 
entanto, as investigações biomédicas tornaram possível identificar diversos fatores de risco. 
Fatores de risco 
Os fatores de risco podem ser classificados em "não-modificáveis" (sexo, idade e herança genética) 
e "comportamentais" (tabagismo, alimentação, inatividade física, consumo de álcool e outras 
drogas). Os fatores de risco comportamentais são potencializados pelos fatores condicionantes 
socioeconômicos, culturais e ambientais. 
Prevenção de doenças crônicas e seus agravos 
A prevenção de doenças crônicas ou o seu agravo deve ser feita por mudança de comportamento, ou 
seja, há a necessidade alterar os hábitos como alimentação, prática de atividade física e evitar o 
álcool e o tabaco, dentre outros. Tais mudanças refletem na redução dos fatores de risco em mais 
de 80% dos casos de ocorrência de doenças cardíacas coronárias, 90% dos casos de diabetes de tipo 
2 e de um terço das ocorrências de cancro. 
 
Aspectos psicológicos de pacientes portadores de doença crônica 
Dos idosos, 69% relatam ter pelo menos uma doença crônica, sendoa hipertensão e a artrite as mais 
comuns (Lima-Costa, Barreto e Giatti, 2003). Essas patologias estão ligadas à incapacidade funcional, ou 
seja, o idoso sente dificuldade em realizar as atividades de vida diária e este fato interfere nos fatores 
psicológicos do idoso. É natural que se instalem, sentimentos de ansiedade, revolta, medo do futuro, 
cansaço e desalento. 
A incapacidade para lidar com uma situação nova que normalmente é muito exigente, afeta as 
relações familiares gerando situações estressantes. Outro exemplo é o indivíduo que recebe o 
diagnóstico de câncer. Ele sente um grande impacto por essa patologia possuir vários estigmas. 
O paciente pode manifestar diferentes sentimentos que variam de acordo com a história de cada 
paciente, de seu momento de vida, de suas experiências anteriores e das informações que recebeu 
no convívio familiar, social e cultural que nasceu e cresceu, podendo apresentar medo, angústia, 
raiva, culpa, ressentimento, revolta, em geral, permeados pela incerteza e insegurança de futuro. 
Esses são sentimentos comuns e podem gerar quadros de ansiedade e depressão. 
Uma vez doente, o indivíduo passa a deparar-se com sentimentos de impotência e dependência, 
além das alterações em sua imagem corporal decorrentes do tratamento. 
Com frequência, essa patologia prejudica ou impede o indivíduo de desempenhar seu papel no 
âmbito familiar e profissional, como também, geram importantes mudanças no aspecto físico. Além 
disso, a incerteza relacionada à eficácia do tratamento proposto está presente o tempo todo. 
 
 
TÓPICO XI 
 
Cuidados paliativos e dor crônica 
Nesta aula iremos conhecer brevemente como surgiu e o que significa cuidado paliativo. O foco 
desta aula será o cuidado paliativo na dor crônica. 
 
Cuidados paliativos 
Com o avanço da tecnologia e da medicina, os tratamentos se modificaram e, com isso, houve um 
prolongamento da vida e às vezes podemos dizer que houve também um prolongamento do 
sofrimento. Além do aumento das doenças crônicas não-transmissíveis e, consequentemente, do 
número de pacientes que não se curam. Antes o tratamento era voltado para o modelo biomédico 
em que o foco era a doença. E hoje é voltado para o indivíduo em sua totalidade, como vimos em 
aulas anteriores. Por tal fato, tornou-se importante pensar em como melhorar a qualidade de vida 
desse paciente, falando-se em cuidados paliativos. 
Dessa forma, aconteceu o movimento moderno dos cuidados paliativos, iniciado na Inglaterra no 
final da década de 1960, que ficou conhecido como filosofia do moderno movimento hospice, e que 
posteriormente se expandiu ao Canadá, aos Estados Unidos e mais recentemente, no final do século 
XX, a toda Europa. 
Foi uma movimento que chamou a atenção para o sofrimento dos pacientes incuráveis, para a falta 
de respostas por parte dos serviços de saúde e para a especificidade dos cuidados que teriam de ser 
dispensados a essa população. 
Inicialmente conhecido como "assistência hospice", o termo "cuidados paliativos" foi sendo absorvido 
pela comunidade científica, dentro de uma perspectiva que inclui, além dos cuidados 
administrados, o ensino e a pesquisa. 
Paliativo deriva de pallium, palavra latina que significa capa, manto, dando uma excelente imagem 
para os cuidados paliativos: um manto protetor e acolhedor, que ocultaria o que está subjacente; 
no caso, os sintomas decorrentes da progressão da doença. 
Os cuidados paliativos definem-se como uma resposta ativa aos problemas decorrentes da doença 
prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de 
proporcionar a máxima qualidade de vida possível a esses doentes e suas famílias. São cuidados de 
saúde ativos, rigorosos, que combinam ciência e humanismo. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cuidados paliativos são vistos como uma 
"abordagem que melhora a qualidade devida dos pacientes e de seus familiares, em face de uma 
doença terminal, através da prevenção e do alívio do sofrimento por meio da identificação precoce, 
da avaliação rigorosa e do tratamento da dor e de outros problemas, físicos, psicossociais e 
espirituais". 
Em síntese, os cuidados paliativos buscam, por meio de medidas vigorosas, combater os sintomas 
mais estressores que acometem o paciente com doença avançada e em fase terminal para, a partir 
deste controle, tentar melhorar a qualidade de seu cotidiano, ou minimizar sofrimento, e oferecer 
os meios cabíveis para que o processo possa ser considerado mais digno, acordando com o paciente 
os passos a serem seguidos. Visam, portanto, a ajudá-lo a participar ativamente do processo 
decisório acerca de sua vida, se assim o desejar ou estiver em condições de fazê-lo, preservando, 
desta maneira, sua competência ou capacidade autônoma e auxiliando-o, ativamente e de um modo 
abrangente, na fase final de sua doença, a ter o que tem sido designado como uma "boa 
morte"(FLORIANI e SCHRAMM, 2007, p. 2074). 
Infelizmente, atualmente, esse tipo de cuidado ainda não é muito divulgado e acessível aos que 
necessitam dele. 
Dor 
Um dos objetivos do cuidado paliativo é o tratamento realizado para a dor. A dor é um fenômeno 
multidimensional e subjetivo, pois depende das características do indivíduo, tais como sua cultura, suas 
emoções, os fatores biológicos, sociais e ambientais. Quanto à temporalidade ela se divide em aguda e 
crônica. A dor aguda surge de forma súbita e tem como função alertar o indivíduo para o perigo de uma 
lesão. A dor crônica é considerada aquela com duração maior de três meses ou que ultrapassa o período 
usual de recuperação esperado para a causa desencadeante da dor. Admitir, então, a importância do 
alívio da dor desde o início do tratamento de uma doença até as últimas horas de vida é condição 
fundamental para todos que trabalham com doentes em qualquer especialidade. O conhecimento do seu 
controle deve ser parte da formação obrigatória de todos os profissionais da área de saúde, sobretudo do 
médico, responsável pela prescrição de medicamentos imprescindíveis para o seu alívio. 
 
Dor crônica 
Segundo Dráuzio Varella, cerca de um terço da população apresentará algum tipo de dor crônica 
durante a vida, em decorrência dos anos vividos pela população e pelos problemas atrelados a essa 
idade. Alguns autores preconizam acima de três meses e outros acima de seis meses para 
caracterizar a dor crônica. Dores crônicas podem ser causadas tanto por desordens do sistema 
responsável pela percepção quanto por inibição da dor. A fibromialgia, por exemplo, uma doença 
debilitante, causadora de dores musculares crônicas, muitas vezes, não diagnosticada pelos 
médicos, é tida hoje como consequente a um desarranjo nos mecanismos de inibição da dor. Dor 
crônica é uma doença debilitante com consequências ruins para as condições física, psicológica e o 
comportamento. Seus portadores desenvolvem aumento da irritabilidade, depressão mental, 
preocupação com o corpo e afastamento dos interesses externos, insônia, diminuição do desejo 
sexual e alteração do apetite, deficiências psicomotoras, lembranças e sensações de perda que 
muitas vezes guardam pouca relação com o quadro doloroso. 
Além disso, os pacientes que sofrem de dor crônica podem querer afastar-se das pessoas mais 
próximas e apresentar incapacidade ocupacional. 
 
TÓPICO XII 
Transtornos de ansiedade 
Nesta aula veremos o que é ansiedade, quais são seus fatores predisponentes, suas manifestações, 
seus sintomas e alguns de seus transtornos. 
Conceito 
A ansiedade é um vago e incômodo sentimento de desconforto ou temor, acompanhado por uma 
resposta autonômica. A fonte é, frequentemente, não específica ou desconhecida para o indivíduo. 
Trata-se de um sentimento de apreensão causado pela antecipação de perigo. É um sinal variável 
que alerta para um perigo iminente e pertinente ao indivíduo, convocando-o a tomar medidas para 
lidar com a ameaça. É entendida como um estado emocional que tem componentes psicológicos e 
fisiológicos,que faz parte do espectro normal das experiências humanas, sendo propulsora do 
desempenho. 
A ansiedade passa a ser patológica quando é desproporcional à situação que a desencadeia. Ou seja, 
ela está presente na maior parte do tempo, ou sem nenhuma razão aparente, quando não existe um 
objeto específico a que se direcione. 
Os portadores de transtorno de ansiedade apresentam alterações do pensamento, humor, 
comportamento e da atividade fisiológica. Os transtornos de ansiedade são, geralmente , 
acompanhados de outras doenças psiquiátricas, especialmente o transtorno de humor e o abuso de 
drogas e álcool. 
Fatores predisponentes da ansiedade 
Alguns transtornos ansiosos são transmitidos hereditariamente, como por exemplo, o transtorno do 
pânico e o obsessivo-compulsivo. Outros por fatores bioquímicos, tendo os portadores desse 
transtorno uma vulnerabilidade biológica ao estresse, que os torna mais suscetíveis a estímulos 
ambientais. 
Desequilíbrios nos neurotransmissores e anormalidades da respiração também podem contribuir para 
os transtornos de ansiedade. 
Existem ainda os fatores neuroanatômicos, com destaque para as anormalidades da amígdala 
(regula o medo, a memória e as emoções) e o hipocampo (desempenha papel nas emoções e no 
armazenamento de memórias) e os fatores psicológicos. 
 
Tipos de manifestações corporais involuntárias 
Os mais comuns são: • Secura na boca. • Sudorese. • Palpitações. • Vômitos. • Arrepios. • Tremor. 
 
Principais transtornos de ansiedade 
Todos têm a ansiedade como manifestação principal. É comum que haja sobreposição de sintomas e 
assim uma pessoa pode apresentar sintomas de mais de um tipo de transtorno de ansiedade ao 
mesmo tempo. 
No geral, os transtornos de ansiedade respondem muito bem ao tratamento psicológico. 
 
Transtorno de estresse pós-traumático 
Estado ansioso com expectativa recorrente de reviver uma experiência que tenha sido muito 
traumática. Por exemplo, depois de ter sido assaltado, ficar com medo de que ocorra de novo, ter 
medo de sair na rua, ter pesadelos etc. Geralmente após um evento traumático a ansiedade diminui 
logo no primeiro mês sem maiores consequências. Porém, em alguns casos, os sintomas persistem 
por mais tempo ou mesmo aparecem só depois de um tempo, levando a um estado denominado 
como estresse pós-traumático. 
 
Transtorno de ansiedade generalizada 
Estado de ansiedade e preocupação excessiva sobre diversos aspectos da vida. Esse estado aparece 
com frequência e se acompanha de alguns dos seguintes sintomas: irritabilidade, dificuldade em 
concentrar-se, inquietação,fadiga e humor deprimido. 
 
Síndrome do pânico 
A síndrome do pânico é caracterizada pela ocorrência de frequentes e inesperados ataques de 
pânico. Os ataques de pânico ou crises consistem em períodos de intensa ansiedade e são 
acompanhados de alguns sintomas específicos como taquicardia, perda do foco visual, dificuldade 
de respirar, sensação de irrealidade etc. 
 
Fobia simples 
Medo irracional relacionada a um objeto ou situação específico. Na presença do estímulo fóbico, a 
pessoa apresenta uma forte reação de ansiedade, podendo chegar a ter um ataque de pânico. Um 
exemplo é uma pessoa que tem fobia de sangue, de animais, de altura, de elevador, de lugares 
fechados ou abertos, fobia de dirigir etc. Há muitas formas possíveis de fobia, v isto que o estímulo 
fóbico assume um lugar substituto para os reais motivos de ansiedade da pessoa. O motivo original 
vai ser descoberto na terapia. 
 
Fobia social 
Ansiedade intensa e persistente relacionada a uma situação social. Pode aparecer ligado a situações 
de desempenho em público ou em situações de interação social. A pessoa pode temer, por exemplo, 
que os outros percebam seu "nervosismo" pelo seu tremor, suor, rubor na face, alteração da voz 
etc. Pode levar à evitação de situações sociais e um certo sofrimento antecipado. A pessoa pode 
também, por exemplo, evitar comer, beber ou escrever em público com medo de que percebam o 
tremor em suas mãos. 
 
Transtorno obsessivo-compulsivo – TOC 
Estado em que se apresentam obsessões ou compulsões repetidamente, causando grande sofrimento 
à pessoa. Obsessões são pensamentos, ideias ou imagens que invadem a consciência da pessoa. Há 
vários exemplos, como dúvidas que sempre retornam (se fechou o gás, se fechou a porta etc.), 
fantasias de querer fazer algo que considera errado (machucar alguém, xingar etc.), entre vários 
outros. 
As compulsões são atos repetitivos que têm como função tentar aliviar a ansiedade trazida pelas 
obsessões. Assim, a pessoa pode lavar a mão muitas vezes para tentar aliviar uma ideia recorrente 
de que está sujo ou verificar muitas vezes se uma porta está fechada, fazer contas para afastar 
algum pensamento, arrumar as coisas, repetir atos etc. 
PARA REFLETIR O que é normal e o que não é normal em nossa vida mental? É importante notar que todos 
nós apresentamos alguns comportamentos "estranhos" uma vez ou outra. A vida psicológica normal é cheia 
de estados emocionais variados, de transições e crises. 
Todos nós temos alguns medos ilógicos, algumas ideias intrusas em nossa consciência e 
diversos estados mais intensos de ansiedade. O que caracteriza um estado como patológico é quando essa
s situações dominam a nossa vida mental, quando os estados que nos causam sofrimento 
emocional (ansiedade, desânimo etc.) passam a ocupar o primeiro plano em nossas vidas e 
nos impedem de viver outras experiências. Nessas situações necessitamos de ajuda. A ajuda 
psicológica nos impulsiona a sair desses estados de paralisia, a transformar nossas vidas e, assim, a 
construir uma vida mais plena. 
 
Melhor é impossível [Título original: As good as it gets]. Estados Unidos, 1997, direção de James L. 
Brooks. O personagem principal é portador de TOC – transtorno obsessivo-compulsivo. 
 
 
 
 
 
TÓPICO XIII 
 
Depressão 
Nesta aula veremos o que é depressão, seus sintomas, sua classificação, suas causas, seus fatores 
predisponentes e seu tratamento. 
Conceito 
Todo mundo se sente triste de vez em quando. De fato, as alterações do humor são normais. No 
entanto, quando um humor triste persiste e causa dificuldade de alimentação, sono ou 
concentração, pode estar presente uma depressão clínica. 
A depressão é uma síndrome clínica constituída de sintomas básicos, tais como humor básico 
deprimido, inibição mental, inibição do impulso vital e transtornos do sono. 
Além desses, podem ocorrer os sintomas chamados associados que são ansiedade, transtornos do 
caráter e perturbações físicas. Os quadros clínicos dos estados depressivos são muito variados, de 
acordo com a predominância de determinados sintomas. 
A Depressão é uma doença "do corpo como um todo", que compromete seu corpo, humor e 
pensamento. Ela afeta a forma como você se alimenta, dorme e como se sente em relação a 
si próprio e como pensa sobre as coisas. Uma doença depressiva não é uma "fossa" ou um "baixo astral" 
passageiro. Também não é sinal de fraqueza ou uma condição que possa ser superada 
apenas pela vontade ou com esforço. As pessoas com doença depressiva (estimasse que 8% das pessoas 
adultas sofram de uma doença depressiva em algum período da vida) não podem simplesmente recompor-
se e melhorar por conta própria. Sem tratamento, os sintomas podem durar semanas, meses ou 
anos. O tratamento adequado, entretanto, pode ajudar a maioria das pessoas que sofrem de depressão. 
O termo depressão tem sido usado para designar tanto um estado afetivo emocional (isolamento 
social e tristeza), quanto um sintoma, uma síndrome ou várias doenças”. 
(ACCACIO, 2004, p.11) 
Porém o que caracteriza uma depressão é o conjunto de sintomas relacionados exacerbados numa 
determinada situação. 
Sintomas 
A depressão apresenta uma gama variada de sintomas cognitivos, fisiológicos e comportamentais, 
como por exemplo, pensamentos negativos, distúrbios do sono, dores, desânimo generalizado entre 
outros, porém paracaracterizar a depressão alguns são necessários que ocorram, tais como: 
 Perda de energia ou interesse. 
 Humor deprimido. 
 Dificuldade de concentração. 
 Alterações do apetite e do sono. 
 Lentificação das atividades físicas e mentais. 
 Sentimento de pesar ou fracasso. 
 Alteração do batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. 
Vale a pena ressaltar que não há necessidade do todos esses sintomas ocorrerem ao mesmo tempo. 
 
Veja outros sintomas que podem vir associados aos sintomas principais: 
 
Sintomas cognitivos: 
• Autoestima baixa. 
• Pessimismo. 
• Motivação reduzida. 
• Generalização de atitudes negativas. 
• Exagero quanto à seriedade dos problemas. 
• Processos de pensamentos mais lentos. 
• Dificuldades com a memória. 
 
Sintomas fisiológicos: 
• Distúrbios do apetite. 
• Distúrbios do sono. 
• Distúrbios da libido. 
 
Sintomas comportamentais: 
• Labilidade emocional. 
• Retraimento social. 
• Comportamento suicida. 
• Face depressiva. 
• Desânimo generalizado. 
 
Classificação 
Exógenas: São conhecidas também como reativas ou secundárias, pelo fato do indivíduo reagir a um 
evento externo. 
Endógenas: São decorrentes de fatores genéticos. Esses indivíduos tendem a ter uma história pessoal ou 
familiar de depressão. 
Unipolar: Apresenta como característica essencial humor cronicamente deprimido na maior parte do 
tempo. 
Bipolar: Apresenta como característica essencial episódios maníacos e depressivos de uma forma 
alternada. 
Mas, o que causa a depressão? 
Existem algumas hipóteses sobre a causa da depressão. Dessa forma, podemos dizer que as causas 
de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença. Deve-se a questões 
constitucionais da pessoa, como fatores genéticos sendo que os indivíduos deprimidos tendem mais 
que os não deprimidos a ter parentes em primeiro grau com depressão. Outra hipótese são os 
fatores psicológicos, tais como perdas reais, luto, agentes estressores, desordem familiar, 
desamparo e visão negativa de si mesmo, somados a fatores sociais e ambientais. E a h ipótese mais 
aceita é aquela que justifica a depressão pela menor quantidade ou disponibilidade de 
neurotransmissores na junção entre os neurônios. 
 
Alguns fatores predisponentes: 
• Perda do papel familiar. 
• Poucos recursos de autoafirmação. 
• Desamparo aprendido. 
• Autocrítica exacerbada. 
• Necessidade do “papel de doente”. 
• História de fracassos e fatores traumáticos. 
• Fatores genéticos. 
Tratamento 
 Exames físico e psicológico – Determina se o indivíduo tem uma doença depressiva e de que tipo. 
 Uma boa avaliação diagnóstica também deve incluir um histórico completo de seus sintomas. 
 Uso de álcool e drogas, e se pensa em morte ou suicídio. 
 Ocorrência da doença depressiva em seus familiares, e eventuais tratamentos e qual sua eficácia. 
 Formas de tratamento: 
Eletroconvulsoterapia (ECT) – É utilizada em pacientes com depressão grave que apresentam risco de 
suicídio ou resistência ao tratamento com antidepressivos. 
Psicoterapia (associada) – Tem como objetivo ajudar o paciente a superar sentimentos de inabilidade, 
incompetência e insuficiência. 
Antidepressivos tricíclicos – Provocam muitos efeitos colaterais (constipação, sudorese, dificuldades na 
micção, sexualidade, ansiedade, arritmias). 
Antidepressivos de terceira geração: ISRS (Fluoxetina, Paroxetina) – Os efeitos colaterais são raros. 
O tratamento deve ser mantido por, pelo menos, seis meses após a remissão do quadro agudo para evitar 
o reaparecimento da doença. 
Considera-se que de 50% a 85% dos indivíduos que apresentam um episódio voltarão a ter outro. 
Recomenda-se tratamento preventivo após o segundo episódio depressivo, que pode ser de longa duração. 
 
TÓPICO XIV 
Estresse 
Nesta aula conheceremos a origem do estresse psicológico, seu conceito, seus tipos, suas fases e 
seu tratamento. 
 
O ser humano é capaz de adaptar-se ao meio ambiente desfavorável, mas essa adaptação não 
acontece impunemente. 
Podemos dizer que o estresse está presente em nossa vida cotidiana e que precisamos aprender a 
conviver com ele para que não tenhamos prejuízos. Então, atualmente, a palavra estresse tem sido 
muito empregada e associada às sensações de desconforto, sendo cada vez maior o número de 
indivíduos que se definem como estressados. É claro que existem diversos fatores que determinam o 
estresse, mas a personalidade e a maneira de encarar a vida estão intimamente ligadas ao estresse. 
A mesma situação que, para alguns representa uma oportunidade, para outros, pode significar uma 
ameaça, ou seja, todas as pessoas têm um limite para suportar a pressão e, quando ela não está em 
um nível tolerável, o resultado é o estresse. 
O estresse psicológico ou emocional é conceitualmente entendido como um processo complexo e 
multidimensional, em que atuam estressores agudos ou crônicos. 
Dessa maneira, criam um estado de excitação emocional, agradável ou desagradável, que, ao 
perturbarem a homeostase (o equilíbrio), disparam um processo de adaptação que produz diversas 
reações sistêmicas, com distúrbios fisiológicos e psicológicos. E podem ser entendido como uma 
relação entre a pessoa e o ambiente, ou seja, entre o estímulo e a resposta. 
A definição de estímulo foca em eventos ambientais, que avalia situações normalmente 
estressantes, mas não as diferenças individuais na avaliação dos eventos. 
A definição de resposta, que tem sido prevalente na biologia e na medicina se refere ao status de 
estresse, ou seja, como a pessoa reage a esses eventos. 
No entanto, as primeiras referências à palavra "stress", com significado de "aflição" e "adversidade", 
datam do século XIV. No século XVII, o vocábulo de origem latina passou a ser utilizado em inglês 
para designar "opressão", "desconforto" e "adversidade". 
Hans Selye, médico endocrinologista, foi o primeiro cientista a utilizar o termo "stress" na área da 
saúde. Ele observou que muitas pessoas sofriam de doenças físicas e reclamavam de sintomas 
comuns. 
Tais observações o levaram as investigações científicas em laboratórios, com animais e, em 1936, a 
definir "stress" como "o resultado inespecífico de qualquer demanda sobre o corpo, seja de efeito 
mental ou somático, e ?estressor?, como todo agente ou demanda que evoca reação de estresse, 
seja de natureza física, mental ou emocional". 
Em seus estudos, Selye observou que o estresse produzia reações de defesa e adaptação frente ao 
agente estressor. A partir dessas observações, ele descreveu a Síndrome Geral de Adaptação (SAG), 
que pode ser entendida como "o conjunto de todas as reações gerais do organismo que acompanham 
a exposição prolongada do estressor". 
Tal síndrome apresenta três fases ou estágios: alarme, resistência e exaustão. Hans Selye 
apresentou dois "tipos" de estresse: 
 
Eustresse (do grego eu-, bem): que seria o "bom" estresse, consequente da pressão e dos desafios das 
demandas de nosso cotidiano. Possui um tempo de duração, em que é pró-ativo, sendo alternado por 
momentos de relaxamento. 
 
Distresse (de di-, mal): o "mal" estresse, que seria o desenvolvimento de um estado crônico de estresse, 
em que a reação permanece mesmo após o cumprimento das tarefas e dos desafios diários. Geralmente, 
está ligado a estressores, como a depressão, a solidão e a falta de esperança. 
 
Embora Selye tenha identificado três fases do estresse, a psicóloga Marilda Lipp, no decorrer de 
seus estudos, identificou uma outra fase do processo de estresse, tanto clínica como 
estatisticamente. 
A essa nova fase foi dado o nome de quase-exaustão, por se encontrar entre a fase de resistência e 
a de exaustão. Essa fase recém-identificada caracteriza-se por um enfraquecimento da pessoa que 
não está conseguindo adaptar-se ou resistir ao estressor. 
Daí as doenças começam a surgir, porém ainda não são tão graves como na fase de exaustão. 
Para Marilda Lipp (2001, p. 20), estresse é definidocomo uma reação do organismo, com 
componentes físicos e/ou psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem 
quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite, amedronte, 
excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz. 
O estresse, portanto, pode ser definido como um"estado de tensão mental e físico que produz um 
desequilíbrio no funcionamento global do ser humano e enfraquece seu sistema imunológico, 
deixando-o sujeito a infecções e doenças"(LIPP, 2001, p. 15). 
Lipp (2002), uma das mais reconhecidas psicólogas nos estudos do estresse, elaborou um 
instrumento de avaliação de estresse intitulado Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de 
LIPP (ISSL) reconhecido inclusive pelos órgãos fiscalizadores da Psicologia (CRP/CFP) como uma 
ferramenta que possibilita a coleta de dados acerca de estresse via levantamento de sintomas 
físicos e psicológico é um exemplo claro e objetivo das tentativas de categorizar e identificar 
sintomas de estimulação e reações ligadas ao estresse. 
Para elaboração de seu inventário, LIPP (2002) parte da ideia de que o estresse pode ser 
categorizado e identificado via sintomatologia física e psicológica, em diferentes níveis, sendo 
passíveis de identificação, observação e análise a depender de: a) Frequência em que 
ocorrem/aparecem determinados sintomas; b) Presença de Sintomas de ordem física e/ou 
psicológica e c) Relação de sintomas frequentemente presentes relacionados entre si. 
A autora pressupõe e indica que compreendamos o estresse na seguinte divisão, pois assim seremos 
capazes, a partir do nível de estresse e/ou frequência de estimulação física e/ou psicológica, de 
orientar o tratamento adequado: 
 
A autora pressupõe e indica que compreendamos o estresse na seguinte divisão, pois assim 
seremos capazes, a partir do nível de estresse e/ou frequência de estimulação física e/ou psicológica, de 
orientar o tratamento adequado: 
1) Fase de Alerta: Nessa fase o indivíduo comporta se para adaptar se ao momento estressor. Há presença 
de elevado índice de dopamina, adrenalina e outros sistemas fisiológicos que acionam o organismo 
para reagir. 
2) Fase de Resistência: Nessa fase a elevação do cortisol que ataca o sistema imunológico pode ser 
identificada, uma vez que o sujeito fica sensível à aquisição de doenças derivadas de vírus e bactérias. 
3) Fase Quase Exaustiva: Nessa fase, é comum a presença de gastrites, geralmente de fundo 
emocional, enxaquecas e doenças dermatológicas como forma de reação do organismo ao estresse. 
4) Fase Exaustiva: Nessa, classificada como última fase e mais perigosa do estresse, além de já ter 
passado pelo sofrimento das reações anteriores, o indivíduo ganha sérios comprometimentos em sua 
vida particular, emocional, sexual e familiar, podendo chegar a ataques cardíacos e problemas de 
pressão. 
Embora Lipp (2002) concorde que a presença do psicólogo seja de grande importância na avaliação 
e tratamento das quatro fases do estresse, a partir da terceira fase (Quase exaustão) é 
imprescindível o acompanhamento médico para intervir nas questões fisiológicas, químicas e 
biológicas do organismo, uma vez que se encontram maior frequência e presença de sintomas 
físicos. 
O estresse, quando presente no indivíduo, pode desencadear uma série de doenças. Se nada é feito 
para aliviar a tensão, a pessoa cada vez mais se sentirá exaurida, sem energia e depressiva. 
Na área física, muitos tipos de doenças podem ocorrer, dependendo da herança genética da pessoa. 
Uns adquirem úlceras, outros desenvolvem hipertensão, outros ainda têm crise de pânico, de herpes 
e outras doenças. 
A partir daí, sem tratamento especializado e de acordo com as características pessoais, existe o 
risco de ocorrerem problemas graves, como enfarte, acidente vascular encefálico, entre outros. 
O estresse, portanto, quando persistente e exagerado, poderá ser danoso à saúde do indivíduo. Ele 
pode ser de natureza física, psicológica ou social, podendo desencadear um conjunto de reações 
fisiológicas, inclusive agravar uma patologia já existente, ou facilitar o seu aparecimento, desde 
que o indivíduo tenha uma predisponibilidade a desenvolver tal patologia. 
 
TÓPICO XV 
 
Estresse ocupacional ou síndrome de Burnout 
O Nesta aula veremos o que é estresse ocupacional ou síndrome de Burnout, suas causas, 
estressores e seus sintomas. 
 
O estresse, enquanto definido como um quadro de má adaptação psíquica do indivíduo às exigências 
psicológicas de sua vida, também gera alguns sintomas e doenças. 
Os principais são decorrentes do estado de tensão excessiva (dores musculares, cefaleias, enfarte 
precoce, fadiga fácil, taquicardia), sintomas decorrentes da preocupação e insegurança (úlcera, 
abafamento no peito, palpitações, dores abdominais generalizadas), decorrentes do estado de 
frustrações e angústias (dores generalizadas no corpo, dores musculares, artrite, cansaço fácil, 
adinamia, urticária e asma) e decorrentes da obstinação em conseguir resultados e dos estados de 
desajustamento (úlcera gástrica ou duodenal, emagrecimento, infeções graves). 
O tema estresse ocupacional tem merecido especial atenção nos dias atuais. O estresse ocupacional 
gera um custo humano e organizacional com consequências na saúde do trabalhador e na 
produtividade da organização. 
O estresse ocupacional, em geral, é a associação de uma carga horária de trabalho à insatisfação 
profissional e à tensão e responsabilidade decorrente da profissão. Se um número exagerado de 
horas de trabalho representa uma sobrecarga física e emocional, porque, além disso, limita o tempo 
disponível para descanso e lazer, maior ainda será o desgaste se o exercício prolongado da 
atividade profissional estiver ligado a uma insatisfação por determinada atividade (Oliveira,1982). 
Existe, de fato, a possibilidade de exigir-se demais das forças de uma pessoa, mas raramente isso 
ocorre no caso de excelentes condições econômicas. Geralmente, se trata de certa insatisfação 
básica com a vida, que surge a partir de condições de prosperidade e acaba diminuindo a disposição 
de uma pessoa. 
Dessa forma, os estressores ocupacionais estão frequentemente ligados à organização do trabalho, 
como pressão para produtividade, retaliação, condições desfavoráveis à segurança no trabalho, 
indisponibilidade de treinamento e orientação, relação abusiva entre supervisores e subordinados, 
falta de controle sobre a tarefa e os ciclos trabalho-descanso incoerentes com limites biológicos. 
Independentemente da teoria ou modelo que se adota, podemos tentar resumir o estresse 
ocupacional como um conjunto de perturbações psicológicas ou sofrimento psíquico, associado às 
experiências de trabalho e que incluem distúrbios emocionais (ansiedade, depressão, angústia, 
sensação de fadiga e/ou tristeza crônica, hipersensibilidade a acontecimentos em geral, 
agressividade e/ou irritabilidade aumentadas), problemas ou mudanças comportamentais (consumo 
excessivo de álcool e/ou tabaco e uso de outras drogas), diversas formas de disfunções 
psicossomáticas (distúrbios gastrointestinais, digestivos), psicofisiológicos (distúrbios de sono, 
sensibilidade crônica aumentada ao ruído, à luz), sintomas psicopatológicos e/ou sofrimento 
psíquico, sem qualquer doença mental, desencadeados por um excesso de exigências "mentais" 
(cognitivas, psíquicas) provenientes do trabalho e, mais especificamente, da organização do 
trabalho. 
Numa situação particular, o estresse relacionado ao trabalho é definido como aquelas situações em 
que a pessoa percebe o seu ambiente de trabalho como ameaçador, suas necessidades de realização 
pessoal e profissional e/ou sua saúde física ou mental, prejudicando sua interação com o trabalho e 
com o ambiente de trabalho, na medida em que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, 
ou que ela não contém recursos adequados para enfrentar tais situações. 
O termo estresse é utilizado por três condições:

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