Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TÓPICO I Introdução à Psicologia: Nesta aula iremos estudar o senso comum e a ciência. Abordaremos sobre o objeto do estudo da psicologia. Veremos o que é subjetividade e, por fim, iremos diferenciar a psicologia científica do misticismo. Senso comum O senso comum é o tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano por meio da realidade, ou seja, da nossa vida cotidiana. Ele é intuitivo, espontâneo e, ainda, produz uma determinada visão de mundo. É ele que nos ensina que não precisamos colocar a mão no fogo para saber que ele queima. Às vezes ele se apropria da ciência para "rotularmos" uma pessoa, como por exemplo "menina histérica". Nós usamos esse jargão para dizer que a menina grita muito e não no sentido dessa menina possuir algum distúrbio mental. Um outro comportamento que temos é quando dizemos que agimos como psicólogo ao ouvir um amigo ou amiga se desabafando porque foi demitido do trabalho. Na verdade esse último exemplo podemos dizer que foi utilizado a "psicologia" do senso comum que é a psicologia usada no dia-a-dia pelas pessoas em geral. TÓPICO II A Evolução da Psicologia como Ciência Compreender algo em profundidade significa recuperar sua história. Por isso, nesta aula traçaremos um esboço histórico da evolução da ciência psicológica, a fim de compreender suas principais linhas teóricas. A psicologia entre os gregos: os primórdios Entre os filósofos gregos surgiu a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. Eles definiram o termo psicologia da seguinte forma: Psyché= alma - Logos = razão/estudo Etimologicamente "psicologia é o estudo da alma". Na psicologia, alma ou espírito é a parte imaterial do ser humano que abarca o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção. Filósofos pré-socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo por meio da percepção. Dessa maneira temos os: Idealistas – A ideia forma o mundo. Materialistas – A matéria que forma o mundo já é dada para a percepção. Os filósofos que se destacaram nessa época foram: Sócrates (469-399 a.C.) – Preocupou-se com o limite que separa o homem dos animais. Suas teorias defendem que a principal característica humana era a razão. Platão (427-347 a.C.) – A alma do homem encontra-se na cabeça. A medula seria, portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. Esse elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Aristóteles (384-322 a.C) – Alma e corpo não podem ser dissociados. A psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma. Ele realizou um estudo sistematizado das diferenças entre a razão, a percepção e a sensação, que foi considerado como o primeiro tratado em psicologia intitulado Da anima. Os gregos formularam duas "teorias": Platônica – que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do corpo. Aristotélica – que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo. A psicologia no Império Romano e na Idade Média Ocorre o aparecimento e desenvolvimento do cristianismo que teve grande influência na ciência. Duas pessoas merecem destaque nessa época: Santo Agostinho (354-430) – Fez a cisão entre alma e corpo. A alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma manifestação divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a Deus. E, sendo a alma também a sede do pensamento, a Igreja passou a se preocupar também com sua compreensão. São Tomás de Aquino – Fez a distinção entre a essência e a existência. Relatou que o homem, na sua essência, buscou a perfeição por meio de sua existência e que essa busca de perfeição seria a busca de Deus. Ele encontrou argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo. Segue abaixo as imagens de Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, respectivamente. A psicologia, portanto, passou a ser relacionada ao conhecimento religioso, a Igreja monopolizava o saber e o estudo do psiquismo. Principais linhas teóricas do século XIX No século XIX, então, surgiram três principais linhas teóricas da psicologia. Funcionalismo - Willian James – Defende a compreensão do funcionamento da consciência na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio. Estruturalismo - Edward Titchener – Estudou a consciência enquanto estrutura do sistema nervoso central (SNC). Associacionismo - Edward Lee Thorndike – Relata que a aprendizagem se dá por um processo de associação de ideias, partindo das mais simples para as mais complexas. Principais linhas teóricas do século XX Behaviorismo (behavior – que significa comportamento, em inglês) surgiu com Watson, que definiu o fato psicológico de modo concreto, a partir da noção de comportamento. Seu objeto de estudo foi o comportamento. A Gestalt surgiu na Europa, como negação da fragmentação das ações e processos humanos e postulou a necessidade de entender o homem como totalidade. Seu objeto de estudo foi a percepção. A psicanálise nasceu com Freud, na Áustria, e postulou o inconsciente como objeto de estudo, quebrando a tradição da psicologia como ciência da consciência e da razão. TÓPICO III A Psicanálise Nesta aula aprenderemos os conceitos da psicanálise elaborados por Sigmund Freud. Sigmund Freud (1856 – 1939) Freud foi um médico vienense que investigou os problemas do sistema nervoso e que se interessou pelas desordens neuróticas, condições caracterizadas por ansiedade excessiva e, em alguns casos, depressão, fadiga, insônia ou paralisia. Os sintomas foram atribuídos, por Freud, a experiências que a pessoa teve em sua vida. Portanto ele viu como problemas científicos, as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, enfim, a interioridade do homem. Freud queria entender porque os pacientes esqueciam tantos fatos de sua vida. Portanto, ele deixou seus pacientes falarem livremente e mencionou que esses conteúdos psíquicos estão localizados no inconsciente. Dessa forma, para esse novo método de investigação e cura result ante ele denominou de psicanálise. A primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico Freud formulou a primeira ideia sobre a estrutura e funcionamento do aparelho psíquico referindo - se a três sistemas psíquicos. São eles: inconsciente, pré-consciente e consciente. Consciente: é o que está acontecendo aqui e agora. Estão presentes a percepção do mundo exterior, o raciocínio e a atenção. Por exemplo, imagine o desktop de um computador, você está vendo a imagem consciente. Pré-consciente: é o conteúdo psíquico de fácil acesso à consciência. Você consegue lembrar-se facilmente. É quando você quer um arquivo e encontra-o rapidamente no computador, como por exemplo, nos meus documentos. Inconsciente: é o local onde ficam os conteúdos reprimidos, de difícil acesso ao pré-consciente e ao consciente. Por exemplo, os conteúdos que ficam numa pasta antiga que você usa-os raramente, como algo a ser localizado no painel de controle. Freud abordou sobre três sistemas da personalidade: id, ego, superego. Id: Fica no inconsciente e é regido pelo princípio do prazer. É como uma criança mimada que quer tudo a toda hora. Ego: É o equilíbrio entre o id e o superego e é regido pelo princípio da realidade. Suas funções básicas são: percepção, memória, sentimentos, pensamentos. Superego: Está no inconsciente e é regido pelo princípio da moral. Primeiro surge o id, no qual tudo quer e tudo pode. Depois surge o ego para controlar os desejos do id e lidar com a realidade. E, por último, o superego separa-se do ego a partir do momento em que adquirimos valores e padrões tentando atingir a perfeição por meio da moral e bons costumes, portanto refere-se a exigências sociais e culturais. Mecanismos de defesa São processos realizados pelo egoe são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente de nossa vontade. Tem como objetivo evitar o desprazer protegendo o aparelho psíquico. Esses mecanismos são vários. Vamos conhecer alguns: Repressão: É o primeiro dos mecanismos e a base de todos os outros. O ego faz desaparecer da consciência um conteúdo desagradável ou inoportuno. Ele suprime a percepção do que está acontecendo e esse fato não é percebido pelo indivíduo e deforma o sentido do todo. Um exemplo é quando entendemos uma proibição como permissão porque não "ouvimos" o "não". Projeção: O indivíduo atribui ao outro as características de personalidade que não aceita em si. Exemplo, aquele indivíduo que não suporta críticas. Regressão: É a volta da fase anterior ou das fases anteriores do desenvolvimento. Exemplo, não querer tomar injeção porque tem medo de agulha, mesmo sabendo que é importante para o tratamento de sua doença. Racionalização: O indivíduo constrói uma argumentação intelectualmente convincente e aceitável, que justifica os estados "deformados" da consciência. Isto é, uma defesa que justifica as outras. Na racionalização, portanto, o ego coloca a razão a serviço do irracional e utiliza, para isso, o material fornecido pela cultura, ou mesmo, pelo saber científico. Exemplos: o pudor excessivo (formação reativa), justificado com argumentos morais e as justificativas ideológicas para os impulsos destrutivos que eclodem na guerra, como o preconceito ou a defesa da pena de morte. Ou, ainda, as justificações racionais que tentam explicar de forma "aceitável" a falta a um exame médico, a agressão contra uma mulher etc. A descoberta da sexualidade infantil Freud investigando sobre causas e funcionamento das neuroses descobriu que a maioria dos desejos e pensamentos recalcados referia-se a conflitos de ordem sexual, localizado nos primeiros anos de vida, sendo esses conteúdos de ordem traumática e que deixavam marcas no psiquismo. A função sexual, então, existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento. E os conflitos que existirem nos primeiros anos de vida deixarão marcas profundas na estruturação da pessoa. O processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, tem a função sexual ligada à sobrevivência. A partir disso, Freud formulou o conceito de sexualidade infantil elaborando as seguintes fases: Fase oral (0 - 2 anos) A libido é organizada ao redor da boca (lábios, língua e garganta). O objeto de desejo é o único com o qual mantém relação: o seio. É quando se estabelecem as bases para as futuras relações emocionais. O bebê começa a se separar da mãe e passa pelo nascimento dos dentes. Fase anal: (2 - 4 anos) A libido encontra-se mais concentrada na região anal e uretral. O prazer está ligado às funções excretoras e os objetos de desejo, as fezes e urina. A criança reluta em abandonar seus excrementos. Quer senti-los pelo tato. Está na fase em que abandona as fraldas e a mãe leva a criança para o banheiro e fala "tchau xixi". Fase fálica: (4 - 7 anos) A libido concentra-se nos genitais. Quer chamar a atenção do genitor do sexo oposto. Fase de latência: (7 - 11 anos) O interesse pelo corpo é transformado em interesse pelas ideias. Preocupações escolares, visão científica e social do meio. Traço de caráter na fixação: Tendência ao isolamento social, alta produção intelectual e identificação profissional. Fase genital: (11 anos em diante) A libido concentra-se homogeneamente por todo o corpo. O objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao corpo – o outro. Nessa fase espera-se um desenvolvimento satisfatório do indivíduo sendo capaz de amar, produzir e ser feliz. Não se fala em fixação nessa fase, ela é a última. TÓPICO IV Behaviorismo Nesta aula abordaremos as contribuições para o behaviorismo e os principais conceitos dessa abordagem que também é conhecida como teoria comportamental. Contribuições para o behaviorismo: Edward Lee Thorndike (1874 – 1949) Ele criou o conexionismo relatando que a aprendizagem ocorre por meio da associação (conexão) entre estímulo e resposta e que a inteligência é uma função do número de conexões aprendidas. Ele elaborou três leis: Lei do efeito: Recompensa – repetição do comportamento – associar a situação a outras semelhantes. Lei da prontidão: O comportamento tenderá a não acontecer se o organismo for punido após sua ocorrência. Lei do exercício: As conexões tornam-se fortalecidas com a prática e enfraquecidas quando a prática é descontinuada. Ele fez experimentos com animais para ilustrar como ocorre a aprendizagem. Um dos seus experimentos foi com um gato, utilizando-se do equipamento conhecido como caixa problema. O gato, privado de comida, ficava preso na caixa problema, que era fechada por vários trincos, da qual o animal precisava aprender a escapar puxando (estímulo) uma alavanca, abrindo a porta (resposta), para, assim, poder alimentar-se com a comida que estava fora da caixa. Primeiramente, o gato apresentava vários comportamentos até que teve o comportamento correto de pressionar a alavanca e, tão logo, era colocado na caixa problema ele puxava a alavanca e abria o trinco. Ivan Pitrovitch Pavlov (1849 – 1936) Ele estudou as secreções glandulares e os movimentos musculares objetivos e quantificáveis, contribuindo para estudos da aprendizagem. Ele descobriu: Comportamento respondente (inato): Não há necessidade de aprendizagem para que isso ocorra. A resposta da salivação, quando o pão era colocado na boca do animal, era uma resposta reflexa natural do sistema digestivo. Os respondentes incluem os reflexos da musculatura reflexa (estremecer, retirar a mão de algo quente...), as reações emocionais imediatas (raiva, medo, alegria) e outras controladas pelo sistema nervoso autônomo (enjoo, salivação...). Comportamento respondente condicionado: A resposta depende de uma associação ou conexão. Salivar diante da visão da comida é uma resposta que tem de ser aprendida. Pavlov fez o seguinte experimento: Cão – campainha – salivação à vista de um pedaço de carne. Sempre que apresentamos ao cão um pedaço de carne, a visão da carne e sua olfação provocam salivação no animal. Qual será o efeito sobre o animal se tocarmos uma campainha? Se tocarmos a campainha e em seguida mostrarmos a carne, repetidamente, depois de certo número de vezes o simples tocar da campainha provoca salivação no animal, preparando o seu aparelho digestivo para receber a carne. Ele mostrou, portanto, que comportamento essencialmente biológico como salivação não era apenas de natureza fisiológica, mas podia ser controlado por fatores ambientais e psicológicos. Surgimento do Behaviorismo Behavior, em inglês, significa comportamento. Dessa forma, Behaviorismo é uma tendência teórica que tem como seu objeto de estudo o comportamento humano. Esse comportamento é visto como uma interação entre a ação do indivíduo (resposta) e o ambiente onde ele atua (estímulo). Segundo Davidoff (2001): [...] entende-se por comportamento a conduta, emoções, formas de comunicação, processo de desenvolvimento, processos mentais (formas de cognição ou de conhecimento: perceber, participar, lembrar, raciocinar, resolver problemas, sonhar, fantasiar, desejar, ter esperança [...]. John B. Watson (1878 – 1958) É considerado o fundador do Behaviorismo. Ele utilizou as ideias de Pavlov e levou a psicologia ao status de ciência, levando em conta o comportamento como um objeto observável e mensurável e os experimentos como sendo possíveis de reprodução. Burrbus Frederic Skinner (1904 – 1990) Foi o fundador do behaviorismo radical. Skinner elaborou o conceito de comportamento operante que inclui todos os movimentos de um organismo. Exemplo: digitar um texto, abrir uma porta, tomar um medicamento. Um de seus experimentos ocorreu da seguinte forma: colocou um rato, privado de comida numa caixa,que recebeu seu nome (caixa de Skinner). Seu objetivo era saber se o rato aprenderia pressionar a barra para ganhar alimento para saciar sua fome. O comportamento observável, portanto, é o de pressionar a barra. O rato no começo explorou a caixa (ambiente), batendo a pata em todo canto até que acidentalmente ele tocou na barra e ganhou o alimento, então ocorreu o aprendizado. Dessa forma, ele precisou aprender a tocar na barra para ganhar alimento e esse comportamento é chamado de comportamento operante condicionado. Comportamento respondente (clássico ou pavloviano):Responde a estímulos específicos (reflexos), acontece involuntariamente e é controlado pelo sistema nervoso autônomo, portanto não precisa de aprendizagem. Exemplo: fechamento das pálpebras ao bater um fio de cabelo. Comportamento operante (skinneriano):É voluntário e controlado pelo sistema nervoso central, portanto precisa de aprendizagem. Tanto um quanto o outro pode ser condicionado, ou seja, eles são modificados devido às condições que são oferecidas. Na próxima aula vamos entender mais sobre o condicionamento dos comportamentos. TÓPICO V Aprofundando o conhecimento sobre o Behaviorismo Nesta aula abordaremos o conceito de comportamento e de condicionamento. Além disso, veremos como condicionar os comportamentos respondentes e operantes. Comportamento Para Davidoff (2001): Entende-se por comportamento a conduta, as emoções, formas de comunicação, o processo de desenvolvimento, os processos mentais (formas de cognição ou de conhecimento: perceber, participar, lembrar, raciocinar, resolver problemas, sonhar, fantasiar, desejar, ter esperança...). Como vimos na aula passada, todo comportamento pode ser modificado pelo condicionamento, ou seja, eles são modificados devido às condições que são oferecidas. Comportamento respondente O comportamento respondente é desencadeado por um estímulo eliciador. Ou seja, um evento que imediatamente acontece antes do comportamento. Esse comportamento inclui os reflexos da musculatura reflexa (estremecer, retirar a mão de algo quente...), as reações emocionais imediatas (raiva, medo, alegria) e outras controladas pelo sistema nervoso autônomo (enjôo, salivação, transpiração...). Condicionamento do comportamento respondente As etapas para condicionar um comportamento respondente são (Davidoff, 2008, p. 101): a) Estímulo incondicionado (EI): É um estímulo eliciador que produz um comportamento respondente automático. b) Resposta incondicionada (RI): É o comportamento respondente produzindo automaticamente pelo estímulo incondicionado (EI). c) Estímulo neutro (EN): É qualquer evento, objeto ou experiência que não elicia (produz) a resposta incondicionada até que o condicionamento seja iniciado. Precisa acontecer o emparelhamento do estímulo neutro (EM) com o estímulo incondicionado (EI). d) Resposta condicionada (RC): É desencadeada após o estímulo neutro (EN) ser associado ao estímulo incondicionado (EI) e estímulo condicionado (EC) ocorre quando o estímulo neutro (EN) tiver começado a produzir a resposta condicionada (RC). Leia com atenção o exemplo para melhor entender o condicionamento do comportamento respondente: Exemplo: Profissional de branco (EI) gera medo em crianças (RI). A visão do profissional de branco é associado a um hospital (EN), que no início não provoca medo. Depois que o hospital é repetidamente associado ao profissional de branco, apenas ao ver o profissional já evoca uma resposta emocional de medo. Comportamento operante O comportamento operante vem depois de ter ocorrido um estímulo, portanto o comportamento governado pelas consequências. Comportamento operante condicionado Se o comportamento operante é seguido, repetidamente, de respostas agradáveis ao indivíduo ele tende a repeti-lo, mas se forem desagradáveis ele tende a acontecer com menor frequência sob as mesmas circunstâncias. Então o aumento da frequência de resposta chama-se condicionamento operante. A resposta condicionada é iniciada pelo indivíduo e o reforçamento ocorre depois da resposta condicionada. Contingência É a probabilidade que um evento tem de ser afetado ou causado por outros eventos. O enunciado de uma contingência é feito em forma de afirmações do tipo se..., então... Exemplos: Quem fizer o trabalho terá meio ponto na nota. Sua consulta foi marcada para as 14 horas. No primeiro exemplo, portanto, temos: Se você fizer o trabalho (comportamento), então ganhará meio ponto (ajuda a você a passar de ano), mas se não fizer corre o risco de ficar retido na disciplina. No segundo exemplo: Se você estiver no horário da consulta (14 horas), então será atendido (se for até a clínica, lógico). Isso significa que na contingência há relação de dependência. Contingência por reforçamento Tanto no comportamento respondente quanto no comportamento operante, o reforçamento fortalece o comportamento. Para ocorrer o reforçamento é necessário o estímulo reforçador que varia de um indivíduo para outro assim como de uma situação para outra. Ele pode ser intrínseco (satisfazer a fome ou a vontade de dançar) ou extrínseco (quando a criança vai ao dentista e se ela se comportar bem ela ganha uma bexiga, quando alguém ri de sua piada e você se anima para contar outras piadas – elogios, quando se tira dez na prova e essa nota leva a aprovação na disciplina). Dessa maneira podem ocorrer: Reforçamento no condicionamento respondente: O reforçamento precede o ato fortalecido. O emparelhamento do estímulo neutro com o incondicionado (o reforçamento) vem antes da aprendizagem da resposta condicionada. São reforçados pelo par formado pelos estímulos Reforçamento no condicionamento operante: O reforçamento sucede o ato fortalecido. São reforçados pelo par formado pelas consequências agradáveis para o indivíduo. Ele pode ser positivo ou negativo. Reforçamento positivo: Evento que aumenta a probabilidade futura de resposta que o produz (aumenta a taxa de resposta). Reforçamento negativo: Todo evento que aumenta a probabilidade futura de resposta que o remove ou atenua (diminui taxa de resposta). Pode acontecer a esquiva e a fuga. Esquiva: O primeiro estímulo aversivo evita ou diminui o segundo estímulo com uma ação (condicionamento operante – necessidade de reduzir o estímulo). Exemplo: O indivíduo precisa tomar uma injeção para curar a sua gripe. Ele procura um hospital e toda vez que o profissional da saúde vai aplicar a injeção ele tira o braço. Fuga: Comportamento reforçador termina com um estímulo aversivo já em andamento. O indivíduo precisa tomar uma injeção para curar a sua gripe. O indivíduo não aparece para o tratamento. No reforçamento ainda pode acontecer a extinção e a punição. A extinção ocorre quando a resposta deixa abruptamente de ser reforçada e diminui a frequência do comportamento até ser extinto. Quando a extinção começa é esperado que a frequência da resposta aumente para só depois começar a cair lentamente até que a probabilidade de ser emitida alcance índices próximos de zero. Exemplo: Uma pessoa faz dieta e não emagrece, ela tenta várias dietas e o resultado é o mesmo: não consegue perder peso, até que ela desiste de fazer dieta. A punição que é a diminuição temporária do comportamento, como por exemplo uma mãe que tira o brinquedo do filho porque ele está brigando com outras crianças. Um efeito que pode vir da punição é o contra-controle, ou seja, a criança pode revidar a mãe brigando com ela, então os controlados passam a agir, a revidar. Quando se é punido por alguma resposta, os sentimentos que podem ser gerados são os de raiva, de sentir-se manipulado pelos outros, sentimentos de que algo está sendo imposto a você, de que você está sendo obrigado a agir de determinada forma. Muitos dos problemas psicológicos se devem à punição, pois o indivíduo pode utilizar diversas rotas de fuga como: depressão e suicídio. Controle de estímulos De acordocom Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 53) "quando a frequência ou a forma da resposta é diferente sob estímulos diferentes, diz-se que o comportamento está sob o controle de estímulos". Discriminação: Saber que diante de uma dada situação eu posso fazer isso e em outra não. Exemplo: Sempre que precisamos de medicamento vamos a uma farmácia (e não a um açougue). Generalização: Aprende a incluir várias coisas dentro de uma classe de respostas e comportamentos. Exemplo: Sempre que ficamos doentes procuramos um profissional da saúde, não necessariamente um médico. TÓPICO VI Saúde Nesta aula veremos o conceito de saúde, doença e processo saúde-doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948, definiu saúde como um "estado de completo bem- estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças". O artigo 196 da Constituição Federal Brasileira de 1988 afirma que a saúde é um "direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas públicas, sociais e econômicas que visam a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços, para sua promoção, proteção e recuperação". A definição de saúde da OMS está ultrapassada porque ainda faz destaque entre as dimensões física, mental e social. Vamos entender o que é promoção e proteção da saúde. Esses termos são abordados dentro do que se denomina prevenção primária. A prevenção primária ocorre no período pré-patogênico, ou seja, antes da instalação da doença e é composto de dois níveis: promoção à saúde e proteção específica. A proteção específica compreende aplicação de medidas dirigidas a determinado agravo à saúde com objetivo de interceptar suas causas antes mesmo que atinjam o indivíduo. Exemplo: imunização, quimioprofilaxia para certas doenças, proteção contra acidentes, controle de vetores, aconselhamento genético etc. No entanto, a promoção e as medidas adotadas não são dirigidas a nenhuma doença ou agravo em particular, mas causam impacto positivo sobre a saúde da população. Exemplo: alimentação e moradia adequadas, educação em todos os níveis, condições de trabalho, lazer etc. Promoção da saúde, portanto, é o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua capacidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo. E a recuperação? A recuperação, também conhecida como prevenção terciária objetiva, resgata a capacidade total ou parcial do indivíduo, por meio dos processos de reabilitação e de aproveitamento da capacidade funcional, é o que nós mais estamos acostumados a ouvir falar. Então, podemos dizer que a saúde apresenta basicamente duas vertentes: a curativa e a preventiva. Enquanto futuros profissionais da saúde vocês devem entender o que significa saúde para saber atuar na sua área. Bom, então até o momento podemos dizer que a saúde é o completo bem-estar físico, mental, social, ambiental e espiritual. Mas não é só isso. Quando faz referência à palavra completo podemos, pensar que é praticamente impossível de atingir, ou seja, é utopia querermos estar bem em todas as dimensões, mesmo porque estão todas interligadas. Por exemplo, quem está bem fisicamente e mentalmente, pode estar com problema de relacionamento no trabalho ou está com problema financeiro. Dessa forma, fica melhor substituir a palavra completo pelo termo relativo. Também não devemos esquecer do significado de bem-estar. Lembrem-se do que vimos sobre a definição subjetividade na primeira aula "a subjetividade é o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais" Agora sim, saúde é um relativo bem-estar, que varia de pessoa para pessoa, físico, mental, social, ambiental e espiritual e não apenas ausência de doença. É bom ressaltar que as dimensões se complementam, destacando um ser humano mais completo e que saúde é visto como um processo continuado e interdependente de preservação da vida. Doença e processo saúde-doença O conceito de saúde está interligado com o conceito de doença. Entende-se por doença a alteração ou desvio do estado de equilíbrio de um indivíduo com o meio (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1987). E a relação saúde-doença é entendida pelo processo saúde-doença que é o "modo pelo qual ocorre, nos grupos da coletividade, o processo biológico de desgaste e reprodução, destacando como momentos particulares à presença de um funcionamento biológico diferente, com consequências para o desenvolvimento regular das atividades cotidianas, isto é, o surgimento da doença". TÓPICO VII Modelos explicativos do processo saúde-doença Nesta aula trabalharemos com os conceitos de modelo biomédico e biopsicossocial. Breve histórico Na antiguidade, a doença era vista como uma transgressão da natureza e a cura era feita pelos feiticeiros, sacerdotes e xamãs. A doença era pensada como um castigo, e o tratamento era sobrenatural. Essa medicina ficou conhecida como mágico-religiosa. Houve um avanço na medicina quando a ideia do sobrenatural foi deixada de lado e começaram a enxergar a doença como algo natural, passível de compreensão. Esse avanço teve seus primórdios no Egito e recebeu o nome de medicina empírico-racional. Depois, a medicina avançou com os conhecimentos de Hipócrates (Teoria dos humores – exemplo: fala-se em veneno na determinação da doença), entre outros. A escola hipocrática aborda sobre a prevenção de doenças e recuperação da saúde, valorizando as condições do ambiente de trabalho, moradia e alimentação para a determinação do bom estado de saúde. Surge o Galenismo que trata sobre o exame clínico do doente como um exame minucioso e cuidadoso, verificando seu temperamento, sua alimentação além das condições ambientais e da época do ano. As causas de morbidade podem ser internas, externa ou ambas. Para Galeno, o tratamento deveria receber mais destaque para o medicamento fitoterápico. Para Celso representa a transição entre o galenismo e o modelo biomédico. Uma de suas contribuições foi a descoberta da silicose que é uma patologia causada pela sílica e apresenta um risco ocupacional para trabalhadores de minas. Variável característica das comunidades de seres vivos refere-se ao conjunto de indivíduos que adquiriram doenças num dado intervalo de tempo. Comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população exposta. Para conhecer mais sobre os modelos explicativos do processo saúde-doença leia o que José Augusto C. Barros escreveu: "Na trajetória evolutiva das concepções e da prática sobre a saúde e a doença poderiam ser considerados alguns paradigmas que, começando com a visão mágico-religiosa, na antiguidade, termina na abordagem do modelo biomédico, predominante nos tempos de hoje." www.scielo.br http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v11n1/08.pdf Modelo biomédico O modelo biomédico aconteceu no Renascimento e também é conhecido como um modelo mecanicista. Como nós estudamos na segunda aula, é nesse período que ocorre o estudo do corpo humano morto levando ao avanço da anatomia e da fisiologia. Cada parte desse corpo é estudada separadamente tanto com o corpo morto quanto com o corpo vivo. Trabalha-se também com a ideia dos sintomas. A saúde passa a ser vista com ausência de doença e a eliminação de sintomas é considerada a cura. Nessa época René Descartes faz a distinção de corpo e mente. Darwin fala sobre a identidade biológica com o reino animal. E há o reducionismo de estruturas e funcionamento do corpo humano levando às especializações. A era das especializações médicas. No Brasil, entre 1964 e 1974, os cursos de medicina desconheciam, de modo geral, a realidade sanitária da população brasileira, pois estavam voltados para a especialização, para a sofisticação tecnológica e para as últimas descobertas das indústrias farmacêuticase de equipamentos médico - hospitalares. Modelo biopsicossocial Na França e na Alemanha, por volta de 1850, concebia-se a medicina como uma ciência social. Entre os princípios afirmados estava o de que as relações entre saúde e doença e condições econômico-sociais deveriam ser submetidas à investigação científica. No Brasil, na década de 1970, aconteceu o movimento da reforma sanitária em que se tinha a ideia de medicina social e os programas de medicina comunitária propõem a desmedicalização da sociedade, com programas alternativos de autocuidado da saúde, com atenção primária realizada por pessoal sem capacitação e a valorização da medicina tradicional. Com a medicina social surge o modelo biopsicossocial. São características desse modelo: 1-O ser humano é visto de forma integral sendo a doença causada por diversos fatores, relacionados às suas dimensões bio (vírus, bactérias), psico (comportamento, estresse), social (etnia, trabalho). 2- O homem é visto como responsável pela sua doença ou pelo seu tratamento, pois recebe informações a respeito de prevenção de doenças por meio de campanhas. 3- Não há preocupação somente com os sintomas, mas com o indivíduo que apresenta esses sintomas. 4- Pelo fato de o paciente ter informação a respeito do seu estado de saúde ele, juntamente à equipe de saúde, passa a ser responsável pelo seu tratamento, tendo o direito de rejeitar o mesmo. 5- O indivíduo pode estar saudável e doente ao mesmo tempo, ou seja, ele pode estar doente fisicamente, mas saudável nas dimensões sociais e psicológicas. A psicologia tem papel importante ao tratar as consequências psicológicas, assim como influenciam na etiologia (causa) de doenças. TÓPICO VIII Humanização De onde vem à humanização? O que é? Existe política pública que garante a humanização? Que benefícios trazem para os atores (paciente, profissional da saúde e instituição de saúde) da humanização? É nesta aula que essas questões serão respondidas. Humanização no atendimento a saúde Conforme vimos anteriormente, a definição de saúde da OMS, que fragmenta o ser humano nas dimensões, físico, mental e social assim como a visão de uma medicina fragmentada como visto no modelo biomédico, fez com que o atendimento ao paciente passasse a ser bem reducionista, com foco apenas nos sinais e sintomas, esquecendo de que junto a uma patologia existe um ser humano. Além disso, houve o avanço tecnológico, no qual cada vez mais os aparelhos fazem parte do atendimento esquecendo-se de que uma boa anamnese resolve vários diagnósticos. Com esses fatos, ocorreram transformações na formação médica, assim como nos demais cursos na área da saúde. Deve-se levar em conta também o grande contingente de pessoas que precisam de algum tipo de atendimento de saúde e as más condições de trabalho em alguns lugares. Houve a necessidade de um atendimento diferenciado para esse ser humano que possui suas crenças, valores, emoções, comportamentos, subjetividades que interferem no seu processo de adoecimento. Dessa maneira, com a mudança do modelo biomédico para o modelo biopsicossocial, o olhar para o indivíduo mudou, fazendo com que exista a necessidade de tornar o atendimento mais humano e menos mecanicista. Indicação de leitura Vamos ver como o Ministério da Saúde posiciona-se diante do assunto humanização: "No campo da saúde, humanização diz respeito a uma aposta ético-estético-política: ética porque implica a atitude de usuários, gestores e trabalhadores de saúde comprometidos e co-responsáveis; estética porque é relativa ao processo de produção da saúde e de subjetividades autônomas e protagonistas; política porque se refere à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na rede do SUS. O compromisso ético-estético-político da humanização do SUS se assenta nos valores de autonomia e protagonismo dos sujeitos, de co-responsabilidade entre eles, de solidariedade dos vínculos estabelecidos, dos direitos dos usuários e da participação coletiva no processo de gestão." Portanto, quando se fala em humanização, dizemos que precisa haver troca de informações, ou seja, de saberes, entre os pacientes, profissionais e as instituições de saúde fazendo com que ocorra o trabalho em equipe. O usuário passa a ser ativo na discussão de sua patologia e de seu tratamento. Humanização no hospital O hospital é tido como um ambiente "frio", tenso e que gera insegurança tanto para o paciente quanto para o seu familiar e que altera o ritmo de vida a que estavam acostumados, pois passa a existir novos horários, exames, além de não apresentar o conforto da própria casa. Com o intuito de melhorar essa imagem do hospital, que nos parece um pouco traumática surge a humanização no hospital. O Ministério da Saúde, em 2000, criou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) com o objetivo de proporcionar melhorias na instituição hospitalar e na formação de educação dos profissionais da saúde, aprimorando as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si, e do hospital com a comunidade, apontando, portanto, para uma requalificação dos hospitais públicos. Visa também a redução de custos excessivos e desnecessários decorrentes da falta de informação, do descaso e do despreparo das entidades envolvidas. Indicação de leitura Ao valorizar a dimensão humana e subjetiva, presente em todo ato de assistência à saúde, o PNHAH aponta para uma requalificação dos hospitais públicos, que poderão tornar-se organizações mais modernas, dinâmicas e solidárias, com condições de atender às expectativas de seus gestores e da comunidade. Em 2003 foi criado o Humaniza SUS que é uma política de saúde que visa garantir a humanização da assistência e na gestão em saúde. Segundo Mota, Martins e Vêra (2006), quando se trabalha com humanização, a melhora do ambiente hospitalar traz benefícios, como a redução do tempo de internação, aumento do bem-estar geral dos pacientes e funcionários e diminuição das faltas de trabalho entre a equipe de saúde e, como consequência, o hospital também reduz seus gastos, trazendo benefícios para todos. A humanização, portanto, retoma o paciente como um ser humano levando em conta a sua subjetividade, seus sentimentos e comportamentos, beneficiando o paciente e reduzindo o seu tempo de internação. Vale a pena ressaltar que para haver a humanização também é importante levar em conta a comunicação não-verbal, como a expressão facial, a contração da musculatura em alguns casos de dor. TÓPICO IX O adoecer e a doença Nesta aula veremos o que é adoecer, por que a doença é vista como uma ameaça de nosso destino, qual o impacto da doença na vida de uma pessoa e os ganhos que a doença pode proporcionar. Conforme Camon (1996), adoecer é estar em contato com a possibilidade da doença, conviver com patologias que até então existiam apenas como meras possibilidades, sem chance efetiva de se tornarem realidade. E até o diagnóstico clínico ser confirmado, o indivíduo pode ficar tenso, preocupado, angustiado, alterar seu comportamento, entre outras reações." A doença também está ligada à cultura, seja ela oriental, seja ocidental. Na cultura oriental não é visto somente a doença, mas é visto o ser humano como uma unidade corpo-mente, já a cultura ocidental visualiza somente os sinais e sintomas, ou seja, somente o corpo, deixando de lado a história pessoal, familiar e social do paciente. Devemos, porém, partir da ideia de que o indivíduo é indivisível e que está inserido numa sociedade e que vive num ambiente, portanto devemos abordá-lo holisticamente. A doença pode ser vista com uma ameaça do destino, pois ela irá alterar o cotidiano do doente. Muitas vezes o impede de trabalhar, de se divertir; algumas vezes, de se relacionar e quando internado, tira-o do convívio familiar e social, assim como do conforto de sua casa. Ninguém mais do que o doente para dizer como se sente, mesmoque, enquanto futuros profissionais, em algumas ocasiões, têm a tendência em dizer ao mesmo que dor que ele sente não é nada e vai passar. A doença física pode ser acompanhada de manifestações psíquicas, mas o inverso também pode acontecer. E, ambos também influenciarão o contexto social do paciente. Segundo Freitas apud Campos (1994), as alterações psicológicas podem afetar o padrão evolutivo da doença. Em estados de estresse ou depressão, o organismo perde a capacidade de reconhecer e anular células malignas mutantes que passam a se reproduzir livremente, impedindo o organismo de responder positivamente ao tratamento. Portanto, na situação de doença, internação ou cirurgia, a intensa ansiedade é capaz de desencadear comportamentos regredidos que, muitas vezes, é estimulado pelos próprios familiares por superproteger o doente. A reação de cada paciente, frente à doença, irá depender de sua subjetividade e do contexto familiar, então seu modo de adoecer será único. Veja a figura abaixo. De acordo com Perestrello apud Campos (1994): A doença não é algo que vem de fora e se superpõe ao homem, e sim um modo peculiar de a pessoa se expressar em circunstâncias adversas. É, pois como suas outras manifestações, um modo de existir, ou coexistir, já que o homem não existe, coexiste. E, como o ser humano não é um sistema fechado, todo o seu ser se comunica com o ambiente, com o mundo, e mesmo quando, aparentemente, não existe comunicação, isto já é uma forma de comunicação, como o silêncio, às vezes, é mais eloqüente do que a palavra. Ele utiliza a expressão "não há doenças, mas doentes", mostrando que uma enfermidade produz efeitos diferentes nos diversos pacientes, especialmente do ponto de vista psicológicos, pois as manifestações da pessoa, tanto no estado de saúde como no da doença, comunicam algo do seu mundo interior, podendo desencadear uma série de sentimentos como impotência, desesperança, desvalorização, temor, apreensão etc. É uma dolorosa ferida no sentimento de onipotência e de imortalidade. Deve-se levar em conta o tipo e intensidade das reações vão variar de acordo com uma série de características da doença e do próprio indivíduo: Caráter breve e duradouro da doença e seu prognóstico. Personalidade e capacidade de tolerância a frustrações do indivíduo. Relação com o médico e demais membros da equipe de saúde. Pode-se dizer que tais reações variam em torno de três possibilidades: Pacientes que se entregam à doença, à dor e ao desespero; são aqueles que não lutam. Pacientes que tratam a doença como se fosse banal, mesmo sendo grave. Pacientes que promovem mudanças em sua vida, tentando adaptar-se à situação adversa. Apesar de todos esses sofrimentos provocados pelo fato de estar doente, pode-se dizer que os pacientes têm certos "ganhos" chamados de diretos ou primários e secundários. As gratificações diretas referem-se ao conflito inicial (interno) que gerou o sintoma psíquico. Para evitar o contato com a ansiedade que o conflito gera a pessoa "desenvolve" o sintoma e concentra sua atenção nele (e não no conflito e na ansiedade). Já os ganhos secundários relacionam-se aos ganhos externos que a pessoa recebe em consequência da doença: mais atenção, afastamento do trabalho ou de alguém, ganhos materiais etc. Todo processo de adoecer ativa mecanismos fisiológicos que restabelece a homeostase e mobiliza defesas psicológicas no paciente. Entre as possíveis reações emocionais podemos destacar: regressão, negação, minimização, raiva e culpa, depressão, rejeição etc. Qualquer profissional da área da saúde é capaz de relembrar muitas situações nas quais sentiu essas mesmas emoções ao tratar seus pacientes. Isso é um grande aprendizado! Não são somente os pacientes que se sentem frustrados, atemorizados, mas também toda a família, amigos e profissionais envolvidos. O papel dos profissionais da saúde é ver o paciente como um todo, ser sensível às suas reações e mostrar as perspectivas reais que existem quanto a sua recuperação. Deve-se respeitar o "tempo interno" do doente e não forcá-lo a aceitar toda a verdade de uma vez! TÓPICO X Doenças crônicas Nesta aula trataremos sobre o que é doença crônica, como ela se caracteriza, quais seus fatores de risco e como prevenir-se dela. Além disso, veremos quais os fatores psicológicos de portadores de doenças crônicas. O modo de viver da população mudou ao longo do tempo devido às transformações ocorridas na sociedade. Esse modo de viver, agir e pensar está relacionado ao comportamento adquirido, ou seja, ao comportamento operante que é reforçado pela própria sociedade. Tais comportamentos, entretanto, facilitam ou dificultam o acesso às condições mais favoráveis à saúde que repercutem na alteração dos padrões de adoecimento. Colesterol elevado, tensão arterial elevada, obesidade, tabagismo e consumo de álcool são considerados fatores de risco para doença crônica não-transmissível (DCNT). Tais doenças, atualmente, são consideradas epidemia e constituem um sério problema de saúde pública, independentemente da condição econômica do país, ou seja, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças crônicas as doenças cardiovasculares (cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, as doenças respiratórias crônicas, diabetes mellitus e recentemente podemos elencar a síndrome da imunodeficiência adquirida. A OMS também inclui nesse rol aquelas doenças que contribuem para o sofrimento dos indivíduos, das famílias e da sociedade, tais como as desordens mentais e neurológicas, as doenças bucais, ósseas e articulares, as desordens genéticas e as patologias oculares e auditivas. Considera-se que todas elas requerem contínua atenção e esforços de um grande conjunto de equipamentos de políticas públicas e das pessoas em geral. Essas doenças representam cerca de 59% do total de 57 milhões de mortes por ano e 46% do total de doenças. No ano de 2005, cerca de 35 milhões de pessoas morreram de doenças crônicas no mundo, o que corresponde ao dobro das mortes relacionadas às doenças infecciosas. Deve-se ressaltar que as DCNT estão relacionadas a incapacidades e, muitas vezes, pode acontecer de forma prematura. Outro ponto importante a respeito desses dados é que pode ocorrer a subnotificação dos dados de mortalidade, ou seja, em algumas mortes a notificação pode não ter ocorrido. E segundo a Organização Pan-Americana, 388 milhões de pessoas, em todo o mundo, morrerão de uma doença crônica nos próximos dez anos. Caracterização das DCNT As DCNT se caracterizam por ter uma etiologia múltipla, muitos fatores de risco, longos períodos de latência, curso prolongado, origem não infecciosa e, também, por sua associação a deficiências e incapacidades funcionais. A etiologia múltipla das DCNT não permite que elas possuam causas claramente definidas. No entanto, as investigações biomédicas tornaram possível identificar diversos fatores de risco. Fatores de risco Os fatores de risco podem ser classificados em "não-modificáveis" (sexo, idade e herança genética) e "comportamentais" (tabagismo, alimentação, inatividade física, consumo de álcool e outras drogas). Os fatores de risco comportamentais são potencializados pelos fatores condicionantes socioeconômicos, culturais e ambientais. Prevenção de doenças crônicas e seus agravos A prevenção de doenças crônicas ou o seu agravo deve ser feita por mudança de comportamento, ou seja, há a necessidade alterar os hábitos como alimentação, prática de atividade física e evitar o álcool e o tabaco, dentre outros. Tais mudanças refletem na redução dos fatores de risco em mais de 80% dos casos de ocorrência de doenças cardíacas coronárias, 90% dos casos de diabetes de tipo 2 e de um terço das ocorrências de cancro. Aspectos psicológicos de pacientes portadores de doença crônica Dos idosos, 69% relatam ter pelo menos uma doença crônica, sendoa hipertensão e a artrite as mais comuns (Lima-Costa, Barreto e Giatti, 2003). Essas patologias estão ligadas à incapacidade funcional, ou seja, o idoso sente dificuldade em realizar as atividades de vida diária e este fato interfere nos fatores psicológicos do idoso. É natural que se instalem, sentimentos de ansiedade, revolta, medo do futuro, cansaço e desalento. A incapacidade para lidar com uma situação nova que normalmente é muito exigente, afeta as relações familiares gerando situações estressantes. Outro exemplo é o indivíduo que recebe o diagnóstico de câncer. Ele sente um grande impacto por essa patologia possuir vários estigmas. O paciente pode manifestar diferentes sentimentos que variam de acordo com a história de cada paciente, de seu momento de vida, de suas experiências anteriores e das informações que recebeu no convívio familiar, social e cultural que nasceu e cresceu, podendo apresentar medo, angústia, raiva, culpa, ressentimento, revolta, em geral, permeados pela incerteza e insegurança de futuro. Esses são sentimentos comuns e podem gerar quadros de ansiedade e depressão. Uma vez doente, o indivíduo passa a deparar-se com sentimentos de impotência e dependência, além das alterações em sua imagem corporal decorrentes do tratamento. Com frequência, essa patologia prejudica ou impede o indivíduo de desempenhar seu papel no âmbito familiar e profissional, como também, geram importantes mudanças no aspecto físico. Além disso, a incerteza relacionada à eficácia do tratamento proposto está presente o tempo todo. TÓPICO XI Cuidados paliativos e dor crônica Nesta aula iremos conhecer brevemente como surgiu e o que significa cuidado paliativo. O foco desta aula será o cuidado paliativo na dor crônica. Cuidados paliativos Com o avanço da tecnologia e da medicina, os tratamentos se modificaram e, com isso, houve um prolongamento da vida e às vezes podemos dizer que houve também um prolongamento do sofrimento. Além do aumento das doenças crônicas não-transmissíveis e, consequentemente, do número de pacientes que não se curam. Antes o tratamento era voltado para o modelo biomédico em que o foco era a doença. E hoje é voltado para o indivíduo em sua totalidade, como vimos em aulas anteriores. Por tal fato, tornou-se importante pensar em como melhorar a qualidade de vida desse paciente, falando-se em cuidados paliativos. Dessa forma, aconteceu o movimento moderno dos cuidados paliativos, iniciado na Inglaterra no final da década de 1960, que ficou conhecido como filosofia do moderno movimento hospice, e que posteriormente se expandiu ao Canadá, aos Estados Unidos e mais recentemente, no final do século XX, a toda Europa. Foi uma movimento que chamou a atenção para o sofrimento dos pacientes incuráveis, para a falta de respostas por parte dos serviços de saúde e para a especificidade dos cuidados que teriam de ser dispensados a essa população. Inicialmente conhecido como "assistência hospice", o termo "cuidados paliativos" foi sendo absorvido pela comunidade científica, dentro de uma perspectiva que inclui, além dos cuidados administrados, o ensino e a pesquisa. Paliativo deriva de pallium, palavra latina que significa capa, manto, dando uma excelente imagem para os cuidados paliativos: um manto protetor e acolhedor, que ocultaria o que está subjacente; no caso, os sintomas decorrentes da progressão da doença. Os cuidados paliativos definem-se como uma resposta ativa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade de vida possível a esses doentes e suas famílias. São cuidados de saúde ativos, rigorosos, que combinam ciência e humanismo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cuidados paliativos são vistos como uma "abordagem que melhora a qualidade devida dos pacientes e de seus familiares, em face de uma doença terminal, através da prevenção e do alívio do sofrimento por meio da identificação precoce, da avaliação rigorosa e do tratamento da dor e de outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais". Em síntese, os cuidados paliativos buscam, por meio de medidas vigorosas, combater os sintomas mais estressores que acometem o paciente com doença avançada e em fase terminal para, a partir deste controle, tentar melhorar a qualidade de seu cotidiano, ou minimizar sofrimento, e oferecer os meios cabíveis para que o processo possa ser considerado mais digno, acordando com o paciente os passos a serem seguidos. Visam, portanto, a ajudá-lo a participar ativamente do processo decisório acerca de sua vida, se assim o desejar ou estiver em condições de fazê-lo, preservando, desta maneira, sua competência ou capacidade autônoma e auxiliando-o, ativamente e de um modo abrangente, na fase final de sua doença, a ter o que tem sido designado como uma "boa morte"(FLORIANI e SCHRAMM, 2007, p. 2074). Infelizmente, atualmente, esse tipo de cuidado ainda não é muito divulgado e acessível aos que necessitam dele. Dor Um dos objetivos do cuidado paliativo é o tratamento realizado para a dor. A dor é um fenômeno multidimensional e subjetivo, pois depende das características do indivíduo, tais como sua cultura, suas emoções, os fatores biológicos, sociais e ambientais. Quanto à temporalidade ela se divide em aguda e crônica. A dor aguda surge de forma súbita e tem como função alertar o indivíduo para o perigo de uma lesão. A dor crônica é considerada aquela com duração maior de três meses ou que ultrapassa o período usual de recuperação esperado para a causa desencadeante da dor. Admitir, então, a importância do alívio da dor desde o início do tratamento de uma doença até as últimas horas de vida é condição fundamental para todos que trabalham com doentes em qualquer especialidade. O conhecimento do seu controle deve ser parte da formação obrigatória de todos os profissionais da área de saúde, sobretudo do médico, responsável pela prescrição de medicamentos imprescindíveis para o seu alívio. Dor crônica Segundo Dráuzio Varella, cerca de um terço da população apresentará algum tipo de dor crônica durante a vida, em decorrência dos anos vividos pela população e pelos problemas atrelados a essa idade. Alguns autores preconizam acima de três meses e outros acima de seis meses para caracterizar a dor crônica. Dores crônicas podem ser causadas tanto por desordens do sistema responsável pela percepção quanto por inibição da dor. A fibromialgia, por exemplo, uma doença debilitante, causadora de dores musculares crônicas, muitas vezes, não diagnosticada pelos médicos, é tida hoje como consequente a um desarranjo nos mecanismos de inibição da dor. Dor crônica é uma doença debilitante com consequências ruins para as condições física, psicológica e o comportamento. Seus portadores desenvolvem aumento da irritabilidade, depressão mental, preocupação com o corpo e afastamento dos interesses externos, insônia, diminuição do desejo sexual e alteração do apetite, deficiências psicomotoras, lembranças e sensações de perda que muitas vezes guardam pouca relação com o quadro doloroso. Além disso, os pacientes que sofrem de dor crônica podem querer afastar-se das pessoas mais próximas e apresentar incapacidade ocupacional. TÓPICO XII Transtornos de ansiedade Nesta aula veremos o que é ansiedade, quais são seus fatores predisponentes, suas manifestações, seus sintomas e alguns de seus transtornos. Conceito A ansiedade é um vago e incômodo sentimento de desconforto ou temor, acompanhado por uma resposta autonômica. A fonte é, frequentemente, não específica ou desconhecida para o indivíduo. Trata-se de um sentimento de apreensão causado pela antecipação de perigo. É um sinal variável que alerta para um perigo iminente e pertinente ao indivíduo, convocando-o a tomar medidas para lidar com a ameaça. É entendida como um estado emocional que tem componentes psicológicos e fisiológicos,que faz parte do espectro normal das experiências humanas, sendo propulsora do desempenho. A ansiedade passa a ser patológica quando é desproporcional à situação que a desencadeia. Ou seja, ela está presente na maior parte do tempo, ou sem nenhuma razão aparente, quando não existe um objeto específico a que se direcione. Os portadores de transtorno de ansiedade apresentam alterações do pensamento, humor, comportamento e da atividade fisiológica. Os transtornos de ansiedade são, geralmente , acompanhados de outras doenças psiquiátricas, especialmente o transtorno de humor e o abuso de drogas e álcool. Fatores predisponentes da ansiedade Alguns transtornos ansiosos são transmitidos hereditariamente, como por exemplo, o transtorno do pânico e o obsessivo-compulsivo. Outros por fatores bioquímicos, tendo os portadores desse transtorno uma vulnerabilidade biológica ao estresse, que os torna mais suscetíveis a estímulos ambientais. Desequilíbrios nos neurotransmissores e anormalidades da respiração também podem contribuir para os transtornos de ansiedade. Existem ainda os fatores neuroanatômicos, com destaque para as anormalidades da amígdala (regula o medo, a memória e as emoções) e o hipocampo (desempenha papel nas emoções e no armazenamento de memórias) e os fatores psicológicos. Tipos de manifestações corporais involuntárias Os mais comuns são: • Secura na boca. • Sudorese. • Palpitações. • Vômitos. • Arrepios. • Tremor. Principais transtornos de ansiedade Todos têm a ansiedade como manifestação principal. É comum que haja sobreposição de sintomas e assim uma pessoa pode apresentar sintomas de mais de um tipo de transtorno de ansiedade ao mesmo tempo. No geral, os transtornos de ansiedade respondem muito bem ao tratamento psicológico. Transtorno de estresse pós-traumático Estado ansioso com expectativa recorrente de reviver uma experiência que tenha sido muito traumática. Por exemplo, depois de ter sido assaltado, ficar com medo de que ocorra de novo, ter medo de sair na rua, ter pesadelos etc. Geralmente após um evento traumático a ansiedade diminui logo no primeiro mês sem maiores consequências. Porém, em alguns casos, os sintomas persistem por mais tempo ou mesmo aparecem só depois de um tempo, levando a um estado denominado como estresse pós-traumático. Transtorno de ansiedade generalizada Estado de ansiedade e preocupação excessiva sobre diversos aspectos da vida. Esse estado aparece com frequência e se acompanha de alguns dos seguintes sintomas: irritabilidade, dificuldade em concentrar-se, inquietação,fadiga e humor deprimido. Síndrome do pânico A síndrome do pânico é caracterizada pela ocorrência de frequentes e inesperados ataques de pânico. Os ataques de pânico ou crises consistem em períodos de intensa ansiedade e são acompanhados de alguns sintomas específicos como taquicardia, perda do foco visual, dificuldade de respirar, sensação de irrealidade etc. Fobia simples Medo irracional relacionada a um objeto ou situação específico. Na presença do estímulo fóbico, a pessoa apresenta uma forte reação de ansiedade, podendo chegar a ter um ataque de pânico. Um exemplo é uma pessoa que tem fobia de sangue, de animais, de altura, de elevador, de lugares fechados ou abertos, fobia de dirigir etc. Há muitas formas possíveis de fobia, v isto que o estímulo fóbico assume um lugar substituto para os reais motivos de ansiedade da pessoa. O motivo original vai ser descoberto na terapia. Fobia social Ansiedade intensa e persistente relacionada a uma situação social. Pode aparecer ligado a situações de desempenho em público ou em situações de interação social. A pessoa pode temer, por exemplo, que os outros percebam seu "nervosismo" pelo seu tremor, suor, rubor na face, alteração da voz etc. Pode levar à evitação de situações sociais e um certo sofrimento antecipado. A pessoa pode também, por exemplo, evitar comer, beber ou escrever em público com medo de que percebam o tremor em suas mãos. Transtorno obsessivo-compulsivo – TOC Estado em que se apresentam obsessões ou compulsões repetidamente, causando grande sofrimento à pessoa. Obsessões são pensamentos, ideias ou imagens que invadem a consciência da pessoa. Há vários exemplos, como dúvidas que sempre retornam (se fechou o gás, se fechou a porta etc.), fantasias de querer fazer algo que considera errado (machucar alguém, xingar etc.), entre vários outros. As compulsões são atos repetitivos que têm como função tentar aliviar a ansiedade trazida pelas obsessões. Assim, a pessoa pode lavar a mão muitas vezes para tentar aliviar uma ideia recorrente de que está sujo ou verificar muitas vezes se uma porta está fechada, fazer contas para afastar algum pensamento, arrumar as coisas, repetir atos etc. PARA REFLETIR O que é normal e o que não é normal em nossa vida mental? É importante notar que todos nós apresentamos alguns comportamentos "estranhos" uma vez ou outra. A vida psicológica normal é cheia de estados emocionais variados, de transições e crises. Todos nós temos alguns medos ilógicos, algumas ideias intrusas em nossa consciência e diversos estados mais intensos de ansiedade. O que caracteriza um estado como patológico é quando essa s situações dominam a nossa vida mental, quando os estados que nos causam sofrimento emocional (ansiedade, desânimo etc.) passam a ocupar o primeiro plano em nossas vidas e nos impedem de viver outras experiências. Nessas situações necessitamos de ajuda. A ajuda psicológica nos impulsiona a sair desses estados de paralisia, a transformar nossas vidas e, assim, a construir uma vida mais plena. Melhor é impossível [Título original: As good as it gets]. Estados Unidos, 1997, direção de James L. Brooks. O personagem principal é portador de TOC – transtorno obsessivo-compulsivo. TÓPICO XIII Depressão Nesta aula veremos o que é depressão, seus sintomas, sua classificação, suas causas, seus fatores predisponentes e seu tratamento. Conceito Todo mundo se sente triste de vez em quando. De fato, as alterações do humor são normais. No entanto, quando um humor triste persiste e causa dificuldade de alimentação, sono ou concentração, pode estar presente uma depressão clínica. A depressão é uma síndrome clínica constituída de sintomas básicos, tais como humor básico deprimido, inibição mental, inibição do impulso vital e transtornos do sono. Além desses, podem ocorrer os sintomas chamados associados que são ansiedade, transtornos do caráter e perturbações físicas. Os quadros clínicos dos estados depressivos são muito variados, de acordo com a predominância de determinados sintomas. A Depressão é uma doença "do corpo como um todo", que compromete seu corpo, humor e pensamento. Ela afeta a forma como você se alimenta, dorme e como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas. Uma doença depressiva não é uma "fossa" ou um "baixo astral" passageiro. Também não é sinal de fraqueza ou uma condição que possa ser superada apenas pela vontade ou com esforço. As pessoas com doença depressiva (estimasse que 8% das pessoas adultas sofram de uma doença depressiva em algum período da vida) não podem simplesmente recompor- se e melhorar por conta própria. Sem tratamento, os sintomas podem durar semanas, meses ou anos. O tratamento adequado, entretanto, pode ajudar a maioria das pessoas que sofrem de depressão. O termo depressão tem sido usado para designar tanto um estado afetivo emocional (isolamento social e tristeza), quanto um sintoma, uma síndrome ou várias doenças”. (ACCACIO, 2004, p.11) Porém o que caracteriza uma depressão é o conjunto de sintomas relacionados exacerbados numa determinada situação. Sintomas A depressão apresenta uma gama variada de sintomas cognitivos, fisiológicos e comportamentais, como por exemplo, pensamentos negativos, distúrbios do sono, dores, desânimo generalizado entre outros, porém paracaracterizar a depressão alguns são necessários que ocorram, tais como: Perda de energia ou interesse. Humor deprimido. Dificuldade de concentração. Alterações do apetite e do sono. Lentificação das atividades físicas e mentais. Sentimento de pesar ou fracasso. Alteração do batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. Vale a pena ressaltar que não há necessidade do todos esses sintomas ocorrerem ao mesmo tempo. Veja outros sintomas que podem vir associados aos sintomas principais: Sintomas cognitivos: • Autoestima baixa. • Pessimismo. • Motivação reduzida. • Generalização de atitudes negativas. • Exagero quanto à seriedade dos problemas. • Processos de pensamentos mais lentos. • Dificuldades com a memória. Sintomas fisiológicos: • Distúrbios do apetite. • Distúrbios do sono. • Distúrbios da libido. Sintomas comportamentais: • Labilidade emocional. • Retraimento social. • Comportamento suicida. • Face depressiva. • Desânimo generalizado. Classificação Exógenas: São conhecidas também como reativas ou secundárias, pelo fato do indivíduo reagir a um evento externo. Endógenas: São decorrentes de fatores genéticos. Esses indivíduos tendem a ter uma história pessoal ou familiar de depressão. Unipolar: Apresenta como característica essencial humor cronicamente deprimido na maior parte do tempo. Bipolar: Apresenta como característica essencial episódios maníacos e depressivos de uma forma alternada. Mas, o que causa a depressão? Existem algumas hipóteses sobre a causa da depressão. Dessa forma, podemos dizer que as causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença. Deve-se a questões constitucionais da pessoa, como fatores genéticos sendo que os indivíduos deprimidos tendem mais que os não deprimidos a ter parentes em primeiro grau com depressão. Outra hipótese são os fatores psicológicos, tais como perdas reais, luto, agentes estressores, desordem familiar, desamparo e visão negativa de si mesmo, somados a fatores sociais e ambientais. E a h ipótese mais aceita é aquela que justifica a depressão pela menor quantidade ou disponibilidade de neurotransmissores na junção entre os neurônios. Alguns fatores predisponentes: • Perda do papel familiar. • Poucos recursos de autoafirmação. • Desamparo aprendido. • Autocrítica exacerbada. • Necessidade do “papel de doente”. • História de fracassos e fatores traumáticos. • Fatores genéticos. Tratamento Exames físico e psicológico – Determina se o indivíduo tem uma doença depressiva e de que tipo. Uma boa avaliação diagnóstica também deve incluir um histórico completo de seus sintomas. Uso de álcool e drogas, e se pensa em morte ou suicídio. Ocorrência da doença depressiva em seus familiares, e eventuais tratamentos e qual sua eficácia. Formas de tratamento: Eletroconvulsoterapia (ECT) – É utilizada em pacientes com depressão grave que apresentam risco de suicídio ou resistência ao tratamento com antidepressivos. Psicoterapia (associada) – Tem como objetivo ajudar o paciente a superar sentimentos de inabilidade, incompetência e insuficiência. Antidepressivos tricíclicos – Provocam muitos efeitos colaterais (constipação, sudorese, dificuldades na micção, sexualidade, ansiedade, arritmias). Antidepressivos de terceira geração: ISRS (Fluoxetina, Paroxetina) – Os efeitos colaterais são raros. O tratamento deve ser mantido por, pelo menos, seis meses após a remissão do quadro agudo para evitar o reaparecimento da doença. Considera-se que de 50% a 85% dos indivíduos que apresentam um episódio voltarão a ter outro. Recomenda-se tratamento preventivo após o segundo episódio depressivo, que pode ser de longa duração. TÓPICO XIV Estresse Nesta aula conheceremos a origem do estresse psicológico, seu conceito, seus tipos, suas fases e seu tratamento. O ser humano é capaz de adaptar-se ao meio ambiente desfavorável, mas essa adaptação não acontece impunemente. Podemos dizer que o estresse está presente em nossa vida cotidiana e que precisamos aprender a conviver com ele para que não tenhamos prejuízos. Então, atualmente, a palavra estresse tem sido muito empregada e associada às sensações de desconforto, sendo cada vez maior o número de indivíduos que se definem como estressados. É claro que existem diversos fatores que determinam o estresse, mas a personalidade e a maneira de encarar a vida estão intimamente ligadas ao estresse. A mesma situação que, para alguns representa uma oportunidade, para outros, pode significar uma ameaça, ou seja, todas as pessoas têm um limite para suportar a pressão e, quando ela não está em um nível tolerável, o resultado é o estresse. O estresse psicológico ou emocional é conceitualmente entendido como um processo complexo e multidimensional, em que atuam estressores agudos ou crônicos. Dessa maneira, criam um estado de excitação emocional, agradável ou desagradável, que, ao perturbarem a homeostase (o equilíbrio), disparam um processo de adaptação que produz diversas reações sistêmicas, com distúrbios fisiológicos e psicológicos. E podem ser entendido como uma relação entre a pessoa e o ambiente, ou seja, entre o estímulo e a resposta. A definição de estímulo foca em eventos ambientais, que avalia situações normalmente estressantes, mas não as diferenças individuais na avaliação dos eventos. A definição de resposta, que tem sido prevalente na biologia e na medicina se refere ao status de estresse, ou seja, como a pessoa reage a esses eventos. No entanto, as primeiras referências à palavra "stress", com significado de "aflição" e "adversidade", datam do século XIV. No século XVII, o vocábulo de origem latina passou a ser utilizado em inglês para designar "opressão", "desconforto" e "adversidade". Hans Selye, médico endocrinologista, foi o primeiro cientista a utilizar o termo "stress" na área da saúde. Ele observou que muitas pessoas sofriam de doenças físicas e reclamavam de sintomas comuns. Tais observações o levaram as investigações científicas em laboratórios, com animais e, em 1936, a definir "stress" como "o resultado inespecífico de qualquer demanda sobre o corpo, seja de efeito mental ou somático, e ?estressor?, como todo agente ou demanda que evoca reação de estresse, seja de natureza física, mental ou emocional". Em seus estudos, Selye observou que o estresse produzia reações de defesa e adaptação frente ao agente estressor. A partir dessas observações, ele descreveu a Síndrome Geral de Adaptação (SAG), que pode ser entendida como "o conjunto de todas as reações gerais do organismo que acompanham a exposição prolongada do estressor". Tal síndrome apresenta três fases ou estágios: alarme, resistência e exaustão. Hans Selye apresentou dois "tipos" de estresse: Eustresse (do grego eu-, bem): que seria o "bom" estresse, consequente da pressão e dos desafios das demandas de nosso cotidiano. Possui um tempo de duração, em que é pró-ativo, sendo alternado por momentos de relaxamento. Distresse (de di-, mal): o "mal" estresse, que seria o desenvolvimento de um estado crônico de estresse, em que a reação permanece mesmo após o cumprimento das tarefas e dos desafios diários. Geralmente, está ligado a estressores, como a depressão, a solidão e a falta de esperança. Embora Selye tenha identificado três fases do estresse, a psicóloga Marilda Lipp, no decorrer de seus estudos, identificou uma outra fase do processo de estresse, tanto clínica como estatisticamente. A essa nova fase foi dado o nome de quase-exaustão, por se encontrar entre a fase de resistência e a de exaustão. Essa fase recém-identificada caracteriza-se por um enfraquecimento da pessoa que não está conseguindo adaptar-se ou resistir ao estressor. Daí as doenças começam a surgir, porém ainda não são tão graves como na fase de exaustão. Para Marilda Lipp (2001, p. 20), estresse é definidocomo uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz. O estresse, portanto, pode ser definido como um"estado de tensão mental e físico que produz um desequilíbrio no funcionamento global do ser humano e enfraquece seu sistema imunológico, deixando-o sujeito a infecções e doenças"(LIPP, 2001, p. 15). Lipp (2002), uma das mais reconhecidas psicólogas nos estudos do estresse, elaborou um instrumento de avaliação de estresse intitulado Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de LIPP (ISSL) reconhecido inclusive pelos órgãos fiscalizadores da Psicologia (CRP/CFP) como uma ferramenta que possibilita a coleta de dados acerca de estresse via levantamento de sintomas físicos e psicológico é um exemplo claro e objetivo das tentativas de categorizar e identificar sintomas de estimulação e reações ligadas ao estresse. Para elaboração de seu inventário, LIPP (2002) parte da ideia de que o estresse pode ser categorizado e identificado via sintomatologia física e psicológica, em diferentes níveis, sendo passíveis de identificação, observação e análise a depender de: a) Frequência em que ocorrem/aparecem determinados sintomas; b) Presença de Sintomas de ordem física e/ou psicológica e c) Relação de sintomas frequentemente presentes relacionados entre si. A autora pressupõe e indica que compreendamos o estresse na seguinte divisão, pois assim seremos capazes, a partir do nível de estresse e/ou frequência de estimulação física e/ou psicológica, de orientar o tratamento adequado: A autora pressupõe e indica que compreendamos o estresse na seguinte divisão, pois assim seremos capazes, a partir do nível de estresse e/ou frequência de estimulação física e/ou psicológica, de orientar o tratamento adequado: 1) Fase de Alerta: Nessa fase o indivíduo comporta se para adaptar se ao momento estressor. Há presença de elevado índice de dopamina, adrenalina e outros sistemas fisiológicos que acionam o organismo para reagir. 2) Fase de Resistência: Nessa fase a elevação do cortisol que ataca o sistema imunológico pode ser identificada, uma vez que o sujeito fica sensível à aquisição de doenças derivadas de vírus e bactérias. 3) Fase Quase Exaustiva: Nessa fase, é comum a presença de gastrites, geralmente de fundo emocional, enxaquecas e doenças dermatológicas como forma de reação do organismo ao estresse. 4) Fase Exaustiva: Nessa, classificada como última fase e mais perigosa do estresse, além de já ter passado pelo sofrimento das reações anteriores, o indivíduo ganha sérios comprometimentos em sua vida particular, emocional, sexual e familiar, podendo chegar a ataques cardíacos e problemas de pressão. Embora Lipp (2002) concorde que a presença do psicólogo seja de grande importância na avaliação e tratamento das quatro fases do estresse, a partir da terceira fase (Quase exaustão) é imprescindível o acompanhamento médico para intervir nas questões fisiológicas, químicas e biológicas do organismo, uma vez que se encontram maior frequência e presença de sintomas físicos. O estresse, quando presente no indivíduo, pode desencadear uma série de doenças. Se nada é feito para aliviar a tensão, a pessoa cada vez mais se sentirá exaurida, sem energia e depressiva. Na área física, muitos tipos de doenças podem ocorrer, dependendo da herança genética da pessoa. Uns adquirem úlceras, outros desenvolvem hipertensão, outros ainda têm crise de pânico, de herpes e outras doenças. A partir daí, sem tratamento especializado e de acordo com as características pessoais, existe o risco de ocorrerem problemas graves, como enfarte, acidente vascular encefálico, entre outros. O estresse, portanto, quando persistente e exagerado, poderá ser danoso à saúde do indivíduo. Ele pode ser de natureza física, psicológica ou social, podendo desencadear um conjunto de reações fisiológicas, inclusive agravar uma patologia já existente, ou facilitar o seu aparecimento, desde que o indivíduo tenha uma predisponibilidade a desenvolver tal patologia. TÓPICO XV Estresse ocupacional ou síndrome de Burnout O Nesta aula veremos o que é estresse ocupacional ou síndrome de Burnout, suas causas, estressores e seus sintomas. O estresse, enquanto definido como um quadro de má adaptação psíquica do indivíduo às exigências psicológicas de sua vida, também gera alguns sintomas e doenças. Os principais são decorrentes do estado de tensão excessiva (dores musculares, cefaleias, enfarte precoce, fadiga fácil, taquicardia), sintomas decorrentes da preocupação e insegurança (úlcera, abafamento no peito, palpitações, dores abdominais generalizadas), decorrentes do estado de frustrações e angústias (dores generalizadas no corpo, dores musculares, artrite, cansaço fácil, adinamia, urticária e asma) e decorrentes da obstinação em conseguir resultados e dos estados de desajustamento (úlcera gástrica ou duodenal, emagrecimento, infeções graves). O tema estresse ocupacional tem merecido especial atenção nos dias atuais. O estresse ocupacional gera um custo humano e organizacional com consequências na saúde do trabalhador e na produtividade da organização. O estresse ocupacional, em geral, é a associação de uma carga horária de trabalho à insatisfação profissional e à tensão e responsabilidade decorrente da profissão. Se um número exagerado de horas de trabalho representa uma sobrecarga física e emocional, porque, além disso, limita o tempo disponível para descanso e lazer, maior ainda será o desgaste se o exercício prolongado da atividade profissional estiver ligado a uma insatisfação por determinada atividade (Oliveira,1982). Existe, de fato, a possibilidade de exigir-se demais das forças de uma pessoa, mas raramente isso ocorre no caso de excelentes condições econômicas. Geralmente, se trata de certa insatisfação básica com a vida, que surge a partir de condições de prosperidade e acaba diminuindo a disposição de uma pessoa. Dessa forma, os estressores ocupacionais estão frequentemente ligados à organização do trabalho, como pressão para produtividade, retaliação, condições desfavoráveis à segurança no trabalho, indisponibilidade de treinamento e orientação, relação abusiva entre supervisores e subordinados, falta de controle sobre a tarefa e os ciclos trabalho-descanso incoerentes com limites biológicos. Independentemente da teoria ou modelo que se adota, podemos tentar resumir o estresse ocupacional como um conjunto de perturbações psicológicas ou sofrimento psíquico, associado às experiências de trabalho e que incluem distúrbios emocionais (ansiedade, depressão, angústia, sensação de fadiga e/ou tristeza crônica, hipersensibilidade a acontecimentos em geral, agressividade e/ou irritabilidade aumentadas), problemas ou mudanças comportamentais (consumo excessivo de álcool e/ou tabaco e uso de outras drogas), diversas formas de disfunções psicossomáticas (distúrbios gastrointestinais, digestivos), psicofisiológicos (distúrbios de sono, sensibilidade crônica aumentada ao ruído, à luz), sintomas psicopatológicos e/ou sofrimento psíquico, sem qualquer doença mental, desencadeados por um excesso de exigências "mentais" (cognitivas, psíquicas) provenientes do trabalho e, mais especificamente, da organização do trabalho. Numa situação particular, o estresse relacionado ao trabalho é definido como aquelas situações em que a pessoa percebe o seu ambiente de trabalho como ameaçador, suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou sua saúde física ou mental, prejudicando sua interação com o trabalho e com o ambiente de trabalho, na medida em que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não contém recursos adequados para enfrentar tais situações. O termo estresse é utilizado por três condições:
Compartilhar