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Tema: Aula 04 Professor: Luiz Eduardo Alves de Siqueira DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (“DISREGARD OF THE LEGAL ENTITY”) • - Criação por Rolf Serick (Alemanha), espalhando-se pela Europa, e chegando ao Brasil com Rubens Requião. • Objetivo • Pretende justificar o afastamento temporário da personalidade da PJ, permitindo que credores lesados possam receber seus créditos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador. Desconsideração x despersonalização • A desconsideração é superar momentaneamente a personalidade da PJ. A empresa continua a funcionar depois, se possível. • Já a despersonificação é mais séria: termina- se com a própria PJ. Desconsideração x despersonalização x corresponsabilidade x solidariedade • Diferentemente das duas, a corresponsabilidade ocorre no caso de tributos deixados de serem recolhidos em razão de atos ilícitos ou praticados com excesso de poderes por administradores de sociedades. Essa responsabilidade já está prevista em lei, não dependendo de fraude, abuso ou desvio de finalidade. • Solidariedade: está prevista na legislação societária, nos casos em que genericamente os administradores das sociedades atuem com excesso de poderes ou pratiquem atos ilícitos. • Importante: o art. 1.015 do Código Civil consagra a teoria “ultra vires societatis”, que diz ser inválido ou ineficaz ato praticado por sócio que ultrapasse limites do contrato social, protegendo a própria PJ. Requisitos (TEORIA MAIOR) Benefício direto ou indireto • Ampliação de responsabilidades do sócio ou administrador que, direta ou indiretamente, beneficiou-se com o abuso. Desvio de finalidade • Uso da PJ para lesar credores ou para a prática de atos ilícitos (art. 50, § 1º). • Não é desvio de finalidade a mera expansão ou alteração da finalidade original da atividade econômica. • Confusão patrimonial • É a mistura do patrimônio da PJ com o dos sócios, tais como: • - cumprimento repetitivo da sociedade de obrigações do sócio ou administrador. • - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor insignificante. • - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. Antes de 2019 (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. “Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. Desconsideração inversa • Não se considera o sócio e se alcança a sociedade (dívidas de alimentos e divórcios, p. ex.). Compram para si, mas em nome da sociedade. Desconsideração e grupos econômicos • A mera existência de grupo econômico não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica. Desconsideração em outras normas • No CDC (art. 28) e Lei 9.605/98, art. 4º (ressarcimento à qualidade do meio ambiente) – abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos e contrato social. Também ocorre quando houver falência, insolvência, encerramento ou inatividade provocado por má administração. (TEORIA MENOR – exige apenas o prejuízo). • Aspecto processual • Código de Processo Civil (arts. 133 a 137): • - não cabe de ofício; • - cabe em todas as fases do processo; • - se for incidental, suspende processo. BENS (arts. 79-103) • Bem jurídico é toda utilidade física ou ideal objeto de direito subjetivo. A noção de bem jurídico é genérica, abrangendo utilidades materiais (coisas), bem como utilidades ideais (honra ou a própria vida). • Patrimônio jurídico – universalidade de direitos e de obrigações. • Patrimônio de afetação – segurança jurídica nas relações imobiliárias, destacando-se patrimônio específico independentemente da incorporadora para garantir a obra (“spe”) • Considerados em si mesmos • Tangibilidade • – corpóreos (existência corpórea e são materiais, podendo ser tocados) – casa e carro • - incorpóreos (existência abstrata, não podem ser tocados) – direitos autorais, propriedade industrial, hipoteca Mobilidade • - imóveis (79-81) – não podem ser removidos sem que sejam deteriorados. • - por natureza – solo, subsolo e o que se incorporar a ele. • - por acessão física, industrial ou artificial (plantio, edifícios) – incorporação pelo homem – Porém, art. 81. • - acessão física intelectual – emprego intencional para exploração industrial, aformoseamento ou comodidade – pertenças. • - disposição legal – sucessão aberta, hipoteca (barcos e navios) e penhor agrícola. • - móveis (82-4) – podem ser transportados sem deterioração ou destruição. • - por natureza – semoventes ou força alheia (gás, energia elétrica). • - por antecipação – imóveis que viram móveis – colheita de plantação. • - por determinação legal – lei estabelece o que é móvel (arts. 83-4). • Questões: tradição e registro, por exemplo. • Fungibilidade (85-6) – geralmente, são bens móveis. • - infungíveis – não podem ser substituídos por outro da mesma espécie – Carro comprado, quadro. • - fungíveis – podem ser substituídos – papel moeda, carro na loja, comida. • Questões: comodato e mútuo. • Consuntibilidade (85-6). • - consumível – uso importa em destruição. • - inconsumível – uso reiterado sem destruição • Divisibilidade (87-8). • - divisíveis – fracionamento sem alteração da substância (aspectos físicos), sem diminuição considerável do valor. • - indivisíveis – fracionamento termina o todo perfeito (diamante) – Por determinação legal também – hipoteca e direito à herança. • Individualidade (89-91). • - Singulares – considerados individualmente. • - Universais – considerado como um todo. • - de fato – por vontade humana – biblioteca. • - de direito – pela lei – massa falida, herança. Reciprocamente considerados • - Principal – existe por si, de forma autônoma e independente. • - Acessório – depende do principal. • - Frutos – originam-se no principal, mas mantêm a integridade. • - naturais – fruto na árvore. • - industriais – por atividade humana – torta feita por loja. • - civis – relação econômica – aluguéis e juros. • - pendentes – a colher. • - percebidos – já colhidos. • - estantes – colhidos e armazenados. • - percipiendos– deveriam ter sido colhidos, mas não foram. • - consumidos – colhidos e consumidos, não existem mais. • Produtos – bens que saem da coisa principal e a exaurem – mina e jazida de petróleo. • Pertenças – bens destinados a servir a outro bem, que é o principal (caminhonete em fazenda, ventilador em sala), mobílias, mas não seguem seu destino. • Benfeitorias – bens acessórios introduzidos em bem móvel ou imóvel para melhorar sua utilidade. • - necessárias – conservar ou evitar que se deteriore. • - úteis – aumentam ou facilitam o uso da coisa. • - voluptuárias – mero recreio ou deleite. • Bens particulares – pertencem a particular. • Bens públicos – pertencem a PJDP – (98-103). • - uso geral (ou uso comum do povo) – não há necessidade permissão (praças, ruas, estradas). * Não cabe alienação nem usucapião. • - uso especial – bens e terrenos usados pelo Estado (repartições, veículos). Não cabe alienação nem usucapião. • - dominicais – patrimônio disponível - $ em conta. Cabe alienação, mas não usucapião. • Desafetação. BEM DE FAMÍLIA Bem de família involuntário ou legal - Lei nº 8009/1990 Bem de família voluntário – arts. 1711-22 Código Civil Goza de proteção por força de lei Goza de proteção por ato de vontade do possuidor Efeitos de imediato Efeitos quando houver registro no RI Não há limites de valor, mas se houver mais de um imóvel, a proteção recairá sobre o de menor valor O valor do bem não poderá exceder a 1/3 do patrimônio líquido quando da instituição Bem torna-se impenhorável Bem torna-se impenhorável e inalienável Não admite sub-rogação Admite sub-rogação Não admite renúncia Admite renúncia BIBLIOGRAFIA BRASIL. LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 21 set. 2020. BRASIL. LEI Nº 8.009, DE 29 DE MARÇO DE 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htm. Acesso em: 21 set. 2020. BRASIL. LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 21 set. 2020. BRASIL. LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Acesso em: 21 set. 2020. REALE, Miguel. Visão geral do novo código civil. Anais do “Emerj debate o novo código civil”. Rio de Janeiro: Emerj, 2002. p. 38-44.