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Procura-se Um Sócio

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PROCURA-SE 
UM SÓCIO
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A série SAIBA MAIS esclarece as dúvidas mais frequentes 
dos empresários atendidos pelo SEBRAE nas mais diversas 
áreas: organização empresarial, finanças, marketing, produção, 
informática, jurídica, comércio exterior.
DÚVIDAS OU SUGESTÕES, CONSULTE O SEBRAE 0800 570 0800
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Conselho Deliberativo
Presidente: Abram Szajman (FECOMERCIO)
ACSP Associação Comercial de São Paulo
ANPEI Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia 
das Empresas Inovadoras
Banco Nossa Caixa S. A.
FAESP Federação da Agricultura do Estado de São Paulo
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
FECOMERCIO Federação do Comércio do Estado de São Paulo
ParqTec Fundação Parque Alta Tecnologia de São Carlos
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Secretaria de Estado de Desenvolvimento
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SINDIBANCOS Sindicato dos Bancos do Estado de São Paulo
CEF Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal
BB Superintendência Estadual do Banco do Brasil
Diretor - Superintendente
Ricardo Luiz Tortorella
Diretores Operacionais
José Milton Dallari Soares
Paulo Eduardo Stabile de Arruda
Projeto e desenvolvimento - SEBRAE-SP
Autor
Bóris Hermanson
Diagramação e ilustrações
Ceolin e Lima Serviços Ltda. / Antonio Eder 
Impressão - 
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PROCURA-SE UM SÓCIO!
Atualmente a injeção de capital é uma grande necessidade das empresas, 
especialmente quando tratamos de micro e pequenas. Motivos para se manter 
um bom nível de capital nas empresas não faltam. Imagine como manter uma 
política agressiva de vendas, através da criação e manutenção de um sistema 
próprio de crediário, numa empresa que carece de capital? Tente também imagi-
nar como manter estoques suficientes para atender ao aumento da demanda que 
tal política mais agressiva de vendas provavelmente iria gerar sem os recursos 
financeiros suficientes? Impossível, não é mesmo? 
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Esta necessidade de capital fica cada dia mais difícil de ser resolvida no mer-
cado financeiro, isto tanto pelas altas taxas de juros como também pela burocracia 
envolvendo a concessão de empréstimos (garantias reais e não existência de 
restrições cadastrais). Diante desse tipo de dificuldades, muitos empreendedores 
se lançam à busca, porque não dizer a uma verdadeira caçada por investidores 
fora do mercado financeiro/bancário. Mas como conseguir tal investidor para 
sua empresa? 
No Brasil, infelizmente nossa cultura de investimentos se restringe quase sem-
pre ao mercado financeiro. Normalmente quando alguém pensa em investimento, 
pensa logo em alguma aplicação financeira e não numa aplicação direta numa 
atividade produtiva. Entretanto, o retorno do capital investido em atividades 
produtivas pode ser maior do que aquele propiciado por investimentos no mer-
cado financeiro, especialmente se levarmos em conta a tributação e os custos 
de tais aplicações (nos investimentos com taxas de juros mais atrativos, além da 
cobrança de taxa de administração por parte das instituições financeiras, existe 
também a tributação gerada pela cobrança do IOF - Imposto sobre Operações 
Financeiras e do IR - Imposto de Renda). 
Assim, o primeiro desafio será encontrar no mercado pessoas que com recur-
sos financeiros e disposição para investirem em novos negócios ou mesmo em 
empresas que já estejam em atividade. Como descobrir pessoas nestas condições? 
De que forma pode tais pessoas investir em empresas? Quais as formalidades 
legais a serem tomadas? Quais os riscos e cuidados a serem tomados?
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Iniciemos nosso trabalho com a analise de como procurar tal tipo de inves-
tidor no mercado.
Existem poucas formas seguras de se buscar investidores para este tipo de 
empreendimento. Uma das formas mais seguras e eficientes de se realizar tal 
busca está na criação e manutenção de uma rede de contatos, também conhe-
cida como networking. 
Neste sentido, devemos procurar um ambiente favorável, onde costumei-
ramente se encontrem empreendedores e empresários, e ali iniciarmos nossa 
rede de contato. Uma sugestão é a da utilização de sua participação nos cursos 
e palestras promovidos pelo Sebrae-SP. Aproveite os intervalos nestes eventos 
para se apresentar aos demais participantes. 
Fale de suas idéias e de seus planos e veja quem mais está interessado neles. 
Procure manter contato com tais pessoas interessadas e faça uma analise prelimi-
nar sobre o perfil delas, inclusive sobre a disponibilidade de recursos financeiros 
que ela possui. 
Com sua participação constante nestes eventos, será possível criar uma carteira 
com potenciais investidores. Existem também empresas, normalmente consulto-
rias especializadas no processo de busca desse tipo de investidores. Entretanto, 
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devido aos custos desse tipo de serviços, consideramos tal opção inviável no 
mundo dos micros e pequenos negócios. Ainda, alguns empreendedores pro-
curam investidores através de anúncios veiculados em jornais. Tal procedimento, 
além de ter uma eficácia duvidosa, podem resultar em problemas legais, pois 
não há garantia de que um eventual interessado não esteja simplesmente interes-
sado em utilizar-se do negócio desse empreendedor como forma de “lavagem 
de dinheiro”, ou seja, uma maneira de legalizar capital de origem duvidosa (em 
alguns casos produto de atividades criminosas).
Vencida esta etapa, deveremos partir para o segundo passo, a saber, como 
demonstrar a esses eventuais candidatos a investidores a lucratividade de nossa 
empresa ou de nosso futuro negócio? 
Uma forma eficaz para se realizar tal 
demonstração é a apresentação de um 
plano de negócios. Numa visão clássica, 
o plano de negócios deveria demonstrar 
a viabilidade financeira e mercadológica 
de um determinado negócio, já existente 
ou ainda em fase de planejamento. É de 
suma importância que neste plano este-
jam destacados os aspectos positivos do 
seu negócio, seus diferenciais competi-
tivos (as vantagens que ele apresenta em 
relação à concorrência), o potencial de 
mercado/clientes a ser alcançado, enfim 
tudo o que torne o negócio mais atrativo 
possível. Ainda, será essencial que este 
plano apresente também, de maneira 
mais transparente possível, a taxa e o 
tempo de retorno que se pretende alca-
nçar em relação ao capital investido.
Também será importante apresentar no seu plano um quadro comparativo 
entre a taxa/tempo de retorno que seu negócio irá propiciar ao investidor e as 
taxas que as principais aplicações financeiras disponíveis no mercado pagariam 
para tal investimento nestas mesmas condições (valor/prazo). Não se esqueça 
de destacar em tais demonstrativos os impostos incidentes sobre tais aplicações 
financeiras (IOF e IR), além das eventuais taxas de administração cobradas por tais 
instituições. Sobre a elaboração do plano de negócios, o interessado encontrará 
dicas úteis no portal do Sebrae/SP (www.sebraesp.com.br). Deixe claro ao pos-
sível investidor as vantagens que o investimento no seu negócio terá em relação 
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àquelas aplicações, mas não se esqueça de mencionar os riscos envolvidos em 
cada uma das opções (não são apenas empresas que quebram, mas bancos 
também). Lembre-se, no mundo dos negócios, quando maior a lucratividade 
pretendida, maior o risco assumido. Mas, qual o risco de se investir no setor 
produtivo? Bem, os principais riscos estão diretamente relacionados à administra-
ção do negócio, seja no que se refere à competência do administrador, seja pela 
sua idoneidade. Neste sentido será essencial que o empreendedor demonstre, 
de forma completa seu nível de conhecimento e experiência no que se refere 
à gestão empresarial, sua honestidade, seu senso de ética.Esta demonstração 
se dá de várias formas, mas uma que podemos indicar é a formulação de um 
currículo contendo o histórico do empreendedor. 
Para ajudar ao empreendedor a formular tal currículo, aconselhamos que ele 
analise todo material que conseguir institucional. Isto feito, ou seja, estabelecida 
uma rede de contatos, encontrado um investidor com perfil e capital adequado, 
elaborado um plano de negócios que demonstre de forma clara e objetiva a 
lucratividade do seu negócio, demonstrada a competência e idoneidade do 
administrador, qual o próximo passo? 
Bem, o próximo passo será o 
da formalização do investimento. 
Neste aspecto, as duas principais 
formas são o contrato de mútuo e 
o contrato de constituição de so-
ciedade (outras possibilidades são 
o arrendamento, a incorporação, a 
fusão e mesmo a formação de joints 
ventures, porém, não analisaremos 
tais opções neste trabalho).
O contrato de mútuo, ou seja, 
contrato de empréstimo financeiro 
entre pessoas físicas (quando estamos 
ainda na fase de planejamento 
do novo negócio) ou entre uma 
pessoa física (investidor) e uma 
jurídica (empresa) é pouco utilizado 
na prática, isto em decorrência 
de alguns entraves legais. Um 
desses entraves está na restrição, 
estabelecida na legislação, sobre o 
valor dos juros a serem cobrados 
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como remuneração do capital investido. Isto porque somente as instituições 
financeiras estão autorizadas pelo Banco Central do Brasil a praticarem juros de 
mercado. Nos demais casos valem as regras estabelecidas no Código Civil e pela 
Lei de Usura (Dec. n. 22.626/33). Atualmente, em que pesem entendimentos 
divergentes por parte de alguns estudiosos do Direito, a média dos juros cobrados 
no caso de contrato de mútuo firmado fora do meio bancário é de 12% ao 
ano, mais correção monetária, não se admitindo a capitalização desses juros 
(capitalização é a cobrança de juros sobre juros, ou seja, na cobrança dos juros, 
estes são mensalmente adicionados ao valor do principal para efeitos do cálculo 
dos juros do mês subsequente). Eventuais excessos em relação à essa taxa de 
juros podem, inclusive, configurar crime de usura (agiotagem). 
A outra maneira de se formalizar tal investimento será através da constituição 
de sociedade entre os interessados. Em relação à constituição de sociedade, te-
mos duas análises distintas, uma no caso da criação de um novo negócio, outra 
a ser aplicada no caso de um negócio já existente. Vejamos primeiro a criação 
de um novo negócio.
Inicialmente cabe esclarecer que a constituição de uma nova sociedade, onde 
existirão dois tipos de sócios, ou seja, um deles será apenas investidor (sócio 
investidor ou sócio capitalista) e o outro, além de ingressar com parte do capital 
também contribuirá com seu trabalho na empresa, sendo o sócio empreendedor 
que poderá ou ser o administrador da sociedade. 
Neste caso, o primeiro 
passo para a formalização 
da sociedade será o de 
determinar qual o valor do 
capital social da nova socie-
dade. O capital social nada 
mais é do que os recur-
sos, financeiros e/ou físicos 
(veículos, equipamentos, 
imóveis etc) necessários à 
constituição e funciona-
mento de uma empresa. 
O valor do capital social 
será estabelecido no plano 
de negócios. A parte desse 
capital que caberá a cada 
um dos sócios e a sua forma de integralização (processo de ingresso de tal capital 
e/ou bens na sociedade) serão descritos no contrato social da nova sociedade. Para 
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informações sobre o processo de abertura e legalização de um empreendimento, 
em especial no que se refere à responsabilidade de cada um dos sócios inclusive 
perante terceiros (fornecedores, clientes, empregados, e o fisco) aconselhamos a 
leitura do amplo material disponível no site do Sebrae-SP ou diretamente num 
de nossos escritórios regionais ou postos de atendimentos, cujos endereços estão 
disponíveis no mencionado site (www.sebraesp.com.br). 
Devemos lembra que a constituição de uma sociedade envolve não só a 
disponibilidade de recursos financeiros, mas também a confiança entre os 
envolvidos. Não tenha medo de pesquisar a idoneidade do candidato a só-
cio. Pesquise junto à bancos, cartórios, entidades de proteção ao crédito se 
realmente não existe nenhuma restrição em relação ao seu futuro sócio. Nesta 
pesquisa utilize sempre a orientação de um profissional, preferencialmente da 
área jurídica. Outra questão importante é saber se sua personalidade é ou não 
compatível com a dele. Veja os pontos em comum, as afinidades, mas preste 
especial atenção aos pontos de discordância. Lembre-se, tratar com pessoas 
sempre é muito delicado. 
Uma vez que tenha sido todos os fatores acima mencionados, os sócios 
deverão decidir qual a participação que cada um deles terá sobre o resultado 
das atividades desenvolvidas pela sociedade. Este resultado, que é apurado nor-
malmente uma vez por ano, através da apuração do balanço, pode ser positivo 
(neste caso teremos o tão aguardado lucro) ou negativo (prejuízo). Sobre este 
resultado encontrado nesta apuração anual e que caberá aos sócios decidirem 
sobre sua distribuição. A distribuição poderá ou não ser feita baseado no critério 
de proporcionalidade do número de quotas do capital social que cada sócios 
possui (quotas equivalem ao percentual do capital social que cabe a cada um 
dos sócios), podendo ou não ser distribuída nestes mesmos porcentuais. 
Aconselhamos que a decisão sobre a distribuição dos resultados seja muito 
bem pensando entre os sócios, levando-se em conta sempre dois fatores, a saber, 
a preservação da capacidade de investimento da empresa e o retorno esperado 
pelo sócio investidor. Neste aspecto é importante observar a ocorrência de um 
paradoxo, ou seja, de um lado teremos o sócio empreendedor desejando que 
o máximo de lucro gerado fique dentro da sociedade, com o objetivo de dar-
lhe maior segurança financeira e, por conseguinte maior viabilidade. Do outro 
lado, entretanto, teremos o sócio investidor desejoso de retirar o máximo do 
lucro gerado na sociedade. Isto é uma situação normal que deverá ser controlada 
através do diálogo e transparência permanente entre as partes envolvidas. 
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É importante ressaltar a importância de se manter o sócio investidor sempre 
estimulado, pois caso isto não ocorra este poderá se retirar da sociedade, podendo 
tal retirada invialibizar as suas atividades. Mas por outro lado, a manutenção de 
parte dos lucros gerados pela sociedade dentro desta será sempre bem vindo, 
especialmente para financiar novos investimentos. E se o resultado for negativo? 
Bem, neste caso caberá a cada um dos sócios suportar os prejuízos na mesma 
proporção que havia sido combinada caso o resultado fosse positivo (lucro). 
Normalmente o prejuízo apurado no final do expediente é transferido para o 
próximo exercício, através da escrituração contábil específica, de modo que, 
havendo lucro naquele exercício, tal lucro será utilizado para amortizar o prejuízo 
acumulado. Deve-se lembrar que a ocorrência de resultado negativo (prejuízo) 
é um sinal de alerta para que o sócio administrador realize o diagnóstico de suas 
causas e corrija os rumos do negócio!
Como vimos então, uma forma alternativa altamente viável para ingresso de capital 
num negócio é através da formação de sociedade com o investidor. Esperamos que 
este trabalho tenha colaborado para esta finalidade. 
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