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Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva

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Funções específicas considerando os 
movimentos na atividade física esportiva
APRESENTAÇÃO
No estudo da Cinesiologia e da Biomecânica, é fundamental o conhecimento das principais 
funções atribuídas a cada uma das estruturas que compõem o sistema musculoesquelético. 
Deve-se conhecer as ações promovidas pelos diferentes músculos, bem como as características e 
funções dos tendões, ligamentos, cápsulas articulares e ossos na mobilidade geral. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as ações dos principais músculos 
esqueléticos encontrados no corpo, bem como aprender sobre a influência das estruturas 
anatômicas no movimento em geral, que pode repercutir no desempenho esportivo. Também vai 
entender a aplicação dos conceitos básicos da Biomecânica nos movimentos esportivos, 
compreendendo os métodos de análise do movimento, sejam qualitativos ou quantitativos. Além 
disso, vai conhecer uma forma prática de aplicação de análise biomecânica e como 
determinados desequilíbrios musculares podem resultar em alterações posturais e em quadros 
dolorosos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as funções específicas nos movimentos na atividade física esportiva.•
Analisar as mobilidades e funções das estruturas anatômicas em movimentos esportivos.•
Descrever os princípios mecânicos dos movimentos na atividade física esportiva.•
DESAFIO
Atualmente tem-se observado um aumento no número de pessoas com queixas decorrentes de 
desvios posturais. As atividades diárias, o uso constante de aparelhos celulares, posições 
incorretas durante atividade laborais ou mesmo no lazer contribuem para essas disfunções.
Analise o caso a seguir, de um indivíduo que deseja iniciar um programa de exercícios para 
auxiliar na redução de suas dores e desvio postural.
Avaliando essa situação:
1) estabeleça um plano de intervenção apresentando quais testes você poderia utilizar para a 
avaliação e quais exercícios poderia prescrever para auxiliá-lo nessa condição;
2) descreva as orientações que poderiam ser passadas ao aluno para auxiliá-lo nessa condição.
INFOGRÁFICO
Uma das funções mais importantes do corpo é a respiração, de tal modo que os músculos 
respiratórios trabalham o tempo todo, em ritmos alternados de funcionamento. O estudo das 
funções musculares se torna completo quando se entende, também, o papel dos músculos 
envolvidos na respiração, que podem ter influência direta no desempenho esportivo, pois a 
fadiga e outras disfunções nesses músculos comprometem a capacidade de realizar trocas 
gasosas.
No Infográfico a seguir, são apresentadas as principais fases da respiração e os músculos que 
atuam em cada uma.
CONTEÚDO DO LIVRO
Os movimentos humanos são altamente complexos e permitem a interação com o ambiente. Um 
dos pontos centrais no estudo da Cinesiologia é o papel exercido por cada estrutura na 
realização dos movimentos. Dessa forma, a compreensão das ações exercidas por cada 
músculo bem como da influência de outras estruturas não musculares na mobilidade são 
fundamentais.
No capítulo Funções especificas considerando os movimentos na atividade física esportiva, da 
obra Estudo do movimento: Cinesiologia, você vai estudar as funções exercidas pelos principais 
grupos musculares envolvidos nas mais diversas atividades, bem como o papel de todas as 
estruturas do sistema musculoesquelético na mobilidade. Ainda, vai compreender a aplicação 
prática dos conceitos básicos da Biomecânica na análise do movimento, tanto qualitativa quanto 
quantitativa.
Bons estudos.
ESTUDO DO 
MOVIMENTO: 
CINESIOLOGIA
Gustavo Leite Camargos
Funções específicas 
considerando os movimentos 
na atividade física esportiva
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as funções específicas nos movimentos na atividade física 
esportiva.
  Analisar as mobilidades e funções das estruturas anatômicas em mo-
vimentos esportivos.
  Descrever os princípios mecânicos dos movimentos na atividade 
física esportiva.
Objetivos de aprendizagem
A prática esportiva exige a interação de diferentes estruturas que têm 
como objetivo permitir a realização de vários movimentos para atingir 
uma determinada meta. Dessa forma, é fundamental conhecer o papel 
exercido por cada componente no movimento humano, e um dos pontos 
centrais no estudo da cinesiologia é justamente o papel exercido pelas 
mais diversas estruturas corporais na realização dos movimentos.
Neste capítulo, você conhecerá os movimentos realizados pelos princi-
pais músculos e o papel exercido pelos ligamentos, tendões, articulações 
e cápsulas articulares na nossa mobilidade. Além disso, verá como os 
princípios básicos da biomecânica podem ser aplicados na prática, de 
forma a otimizar a performance esportiva.
1 Funções específicas em movimentos 
na atividade física 
Ao se descrever um movimento humano, deve-se tomar como base de referência 
a posição anatômica, em que todas as articulações são consideradas em posição 
neutra, ou a 0° (BEHNKE, 2014). Partindo-se dessa posição, pode-se descrever 
que os movimentos ocorrem em um plano em torno de um eixo. Quem cria 
esses movimentos são os diferentes grupos musculares (HALL, 2016). 
Existem três planos possíveis de movimento: o plano sagital, plano ho-
rizontal e o plano frontal. O plano sagital (plano anteroposterior) divide o 
corpo ou parte dele em lado esquerdo e direito. Este plano roda em torno do 
eixo frontal (anterolateral), permitindo os movimentos de flexão e extensão. 
O plano horizontal (planto transverso) forma segmentos superior e inferior e 
o seu movimento ocorre no eixo vertical, permitindo a realização de rotação. 
O plano frontal (plano lateral) faz a divisão entre anterior e posterior; os mo-
vimentos permitidos são a abdução e a adução, que ocorrem no eixo sagital 
(anteroposterior) (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O estudo das funções musculares na realização dos movimentos deve ter 
como base tais planos e eixos. Além disso, é importante compreender que os 
diferentes músculos apresentam diferentes papéis no movimento, dependendo 
do gesto realizado. Sempre que um músculo produzir o movimento de um 
segmento corporal em uma articulação, ele será classificado como agonista, 
podendo ainda ser dividido em agonista primário ou agonista assistente, 
dependendo da sua contribuição em determinado movimento. Aqueles que 
apresentam ações opostas às dos agonistas são definidos como antagonistas, 
ou opositores (HALL, 2016). 
Os grupos musculares identificados no corpo humano podem ser divididos 
em músculos da cabeça, do pescoço, do tronco, dos membros superiores e dos 
membros inferiores. Ao se estudar os movimentos musculares relacionados 
à prática esportiva, dá-se uma atenção especial aos movimentos do cíngulo 
do membro superior, da articulação do ombro, do cotovelo, do punho e da 
mão, do tronco, do cíngulo do membro inferior, da articulação do quadril, 
do joelho, do tornozelo e do pé (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; 
HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Cíngulo do membro superior
O termo cíngulo do membro superior é utilizado para descrever as ativi-
dades da escápula e da clavícula e, em menor grau, do esterno. As arti-
culações esternoclavicular e acronoclavicular permitem a realização dos 
movimentos dessa estrutura, incluindo elevação, abaixamento, protusão, 
retração, rotação superior e inferior da escápula. Existem cinco músculos 
inseridos na escápula e/ou na clavícula que permitem a realização desses 
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva2
movimentos: trapézio, levantador da escápula, romboides, serrátil anterior 
e peitoral menor (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O trapézio é dividido funcionalmente em porção descendente, transversa e 
ascendente, que possuem diferentes linhas de tração. A porção descendente é 
um agonista primário naelevação e rotação superior da escápula e um agonista 
secundário na retração da mesma. A porção transversa é mais eficaz para promover 
a retração da escápula, mas é assessória no movimento de rotação superior da 
escápula. Já a parte ascendente é eficaz no abaixamento e também na rotação 
superior da escápula, assim como a porção descendente, participa assessoriamente 
no movimento de rotação. Assim, é possível perceber que as três porções atuam 
de forma sinérgica na retração escapular. As porções descendente a ascendente, 
apesar de antagônicas na elevação e abaixamento, são agonistas na rotação superior 
(rotação lateral) (BEHNKE, 2014; HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O levantador da escápula, como o próprio nome diz, promove a elevação 
da mesma; no entanto, ele também é um agonista primário na rotação inferior 
e é secundário na retração escapular (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Os romboides, localizados mais profundamente que o trapézio, são ago-
nistas primários na retração e elevação da escápula e, juntamente com o 
levantador da escápula, auxiliam na rotação inferior da escápula (HALL, 
2016; LIPPERT, 2013).
O serrátil anterior é agonista primário na protusão da escápula e ainda 
auxilia na sua rotação superior. Além disso, ele é importante para manter a 
margem medial da escápula junto da caixa torácica. A ausência ou ineficiência 
dessa função gera o que se denomina de “escápula alada”. É praticamente im-
possível levantar o braço acima da cabeça sem a ação desse músculo (HALL, 
2016; LIPPERT, 2013). 
Se observarmos a ação dos músculos descendente do trapézio, ascendente do trapézio 
e serrátil anterior, identificaremos a ação conjunta de rotação superior da escápula, 
que pode ser observada, por exemplo, nos movimentos de elevação lateral do braço 
acima da cabeça. A ação conjunta de músculos para realizar esse tipo de movimento 
é chamada de binário de forças. Em sentido oposto, outro binário de força identificado 
na escápula é a ação conjunta dos músculos romboides, peitoral menor e levantador 
da escápula, que geram a rotação inferior escapular quando, por exemplo, realizamos 
à adução do ombro (BEHNKE, 2014; LIPPERT, 2013).
3Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
O peitoral menor é o único músculo do cíngulo superior localizado anterior-
mente. Ele é agonista primário no abaixamento, rotação inferior e inclinação 
da escápula (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Articulação do ombro
Apesar dessa divisão, é importante destacar que a análise biomecânica do 
ombro necessariamente inclui a escápula, pois envolve a articulação glenou-
meral. Nesse sentido, dá-se o nome de complexo do ombro, constituído pela 
escápula, clavícula, esterno, úmero e a caixa torácica. Os movimentos possíveis 
realizados pelo ombro são fl exão, extensão e hiperextensão (plano sagital); 
abdução e adução (plano frontal); abdução e adução horizontal; e rotação 
medial e lateral (planto transversal). Os principais músculos que participam 
no movimento do ombro são: deltoide, peitoral maior, latíssimo do dorso, 
supraespinhal, infraespinhal, redondo menor, subescapular, bíceps braquial 
e a cabeça longa do tríceps braquial (BEHNKE, 2014; DUFOU; PILLU, 2016; 
HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O deltoide é dividido funcionalmente em três porções: anterior, média e 
posterior. A parte anterior é agonista primária na adução horizontal, flexão e 
rotação medial. A porção média participa na abdução e abdução horizontal. 
Por fim, a porção posterior realiza extensão, abdução horizontal e rotação 
lateral. É importante observar que durante a abdução da articulação do ombro 
também ocorre movimento do cíngulo do membro superior. De fato, para cada 
2° de abdução, ocorre mais ou menos 1° de rotação escapular, o que é chamado 
de ritmo escapuloumeral. Esse movimento de rotação superior permite o 
alongamento do deltoide (principalmente a porção medial), o que restaura o 
seu potencial contrátil, possibilitando sua ação durante toda a amplitude de 
movimento (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O músculo peitoral maior é eficaz na adução e na rotação medial da articu-
lação do ombro. Ele é dividido em porção clavicular e esternocostal. Ambas 
participam ativamente na adução horizontal e na rotação medial do ombro. 
No entanto, são antagonistas nos movimentos de flexão e extensão, realizados 
pela porção clavicular e esternocostal, respectivamente. Em movimentos em 
que os braços estejam fixados, por exemplo, a porção esternocostal auxilia 
na elevação do tronco, ao realizar a extensão do ombro, até aproximadamente 
120° (BEHNKE, 2014; HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O latíssimo do dorso é motor primário nos movimentos de extensão, hi-
perextensão, adução, rotação medial e abdução horizontal da articulação 
glenoumeral (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva4
O músculo supraespinhal participa na abdução do braço durante toda a 
amplitude de movimento e auxilia na rotação lateral. É um importante músculo 
para promover a estabilização do úmero na cavidade glenoidal. Inferiormente 
a ele, localiza-se o infraespinhal, que contribui nos movimentos de rotação 
lateral, extensão e abdução horizontal (LIPPERT, 2013).
O redondo menor é agonista primário nos movimentos de rotação lateral 
e abdução horizontal. Juntamente com o supraespinhal e o infraespinhal, eles 
formam os músculos SIR (sigla formada pela primeira letra de cada músculo). 
Estes, mais o subscapular, formam o manguito rotador, importante na esta-
bilização da cabeça do úmero. O subescapular tem ação primária na rotação 
medial e auxilia na adução do ombro (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013).
O bíceps braquial apresenta duas cabeças, uma longa e uma curta. A pri-
meira ajuda na abdução do ombro enquanto a cabeça curta auxilia na flexão, 
adução, rotação medial e adução horizontal. Por fim, a cabeça longa do tríceps 
braquial é um agonista secundário na extensão e adução do ombro. As cabeças 
longas do bíceps e do tríceps também auxiliam reforçando a aderência da 
cabeça do úmero contra a cavidade glenoidal durante a ação da articulação 
do cotovelo (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). Na flexão intensa do cotovelo, o 
bíceps promove essa estabilização, enquanto em posição de abdução próximo 
a 90° do ombro a cabeça longa do tríceps reforça essa aderência durante 
movimentos de articulação do cotovelo (a cabeça longa do tríceps garante, 
por exemplo, a relação ombro–cotovelo durante o movimento de machadada 
ou mesmo de lançamento de algum objeto) (BEHNKE, 2014; HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013).
Articulação do cotovelo
Funcionalmente, o complexo do cotovelo envolve a articulação do cotovelo e 
a articulação do rádio e da ulna, tanto proximal quanto distal. Os movimentos 
básicos na articulação do cotovelo são a fl exão e a extensão, enquanto a articu-
lação radioulnar realiza os movimentos de pronação e supinação do antebraço, 
muito utilizados nos gestos esportivos. A partir da posição neutra, ocorre 
aproximadamente 90° de supinação e 80° de pronação. Os principais músculos 
do cotovelo e do antebraço são: braquial, bíceps braquial, braquiorradial, 
supinador, pronador redondo, pronador quadrado, tríceps braquial e ancôneo 
(BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O músculo braquial é mais profundo em relação ao bíceps braquial e se 
mostra um flexor muito forte do cotovelo em qualquer posição do antebraço 
5Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
(conhecido como o “burro de carga” da articulação do cotovelo) (BEHNKE, 2014; 
LIPPERT, 2013). Em contrapartida, o bíceps braquial, além de auxiliar na flexão 
do ombro e na flexão do cotovelo, contribui secundariamente para o movimento 
de supinação do antebraço, pois se insere obliquamente no rádio. Quando, por 
exemplo, removemos a rolha de uma garrafa usando um saca-rolhas, é possível 
perceber a ação supinadora do bíceps braquial, realizando um movimento de“desenrolar” ou “destorcer” o antebraço (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
O músculo braquiorradial é eficaz na flexão do cotovelo quando o antebraço 
está em posição neutra, contribuindo com a supinação a partir da posição de 
pronação a neutra e de pronação a partir da posição em supino (HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013). 
O supinador associa-se ao bíceps braquial na supinação do antebraço. 
Contrariamente a este, o pronador redondo e o pronador quadrado promovem 
a pronação do antebraço; porém, o primeiro ainda participa como agonista 
secundário na flexão da articulação (LIPPERT, 2013).
O tríceps braquial é motor primário na extensão do cotovelo. Este mo-
vimento também é auxiliado pelo ancôneo (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Articulação do punho e da mão
No estudo do movimento aplicado aos esportes e atividades físicas de maneira 
geral, torna-se mais importante compreender os movimentos realizados pelos 
principais músculos que atravessam a articulação radiocarpal e que apresentam 
sua ação primária nessa articulação. Os principais movimentos identifi cados 
na articulação do punho são fl exão, extensão, hiperextensão, desvio radial 
(abdução) e desvio ulnar (adução). Os principais músculos são fl exor ulnar 
do carpo, fl exor radial do carpo, palmar longo, fl exor superfi cial dos dedos e 
fl exor profundo dos dedos. Como os próprios nomes já indicam, esses músculos 
participam nos movimentos de fl exão do punho e dos dedos. Tais movimentos 
são importantes, pois a maioria das atividades envolve à apreensão de objetos 
(BEHNKE, 2014; HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
Opondo-se aos movimentos de flexão estão os extensores do punho e dos 
dedos, cujos principais são o extensor radial do carpo, o extensor curto do 
carpo e o extensor ulnar do carpo. De maneira geral, cada ação que movimenta 
a mão na articulação radiocarpal pode ser vinculada aos seguintes músculos 
agonistas primários (LIPPERT, 2013):
  flexão: flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo;
  extensão: extensores radiais longo e curto do carpo, extensor ulnar do carpo;
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva6
  abdução: flexor radial do carpo, extensor longo do carpo;
  adução: flexor ulnar do carpo, extensor ulnar do carpo.
Articulações do tronco
Ao se trabalhar o tronco, na verdade deve-se compreender o funcionamento 
da coluna vertebral, que constitui e mantém o eixo longitudinal do corpo. 
É preciso lembrar que a coluna vertebral divide-se nas porções cervical, 
torácica, lombar e sacral. Ela é considerada triaxial, apresentando, portanto, 
movimentos nos três eixos e planos espaciais. Sendo assim, realiza fl exão, 
extensão e hiperextensão (plano sagital), fl exão lateral ou inclinação late-
ral (plano frontal) e rotação (planto transverso) (DUFOUR; PILLU, 2016; 
LIPPERT, 2013).
Os principais músculos do pescoço e do tronco podem ser divididos em 
grupos anteriores e posteriores. No pescoço, os anteriores são o esternocleido-
mastóideo e os escalenos, enquanto posteriormente encontram-se o esplênio 
da cabeça e do pescoço e o eretor da espinha. Já no tronco, anteriormente 
encontram-se o reto do abdômen, os oblíquos internos e externos e o transverso 
do abdômen, enquanto na região posterior encontram-se o eretor da espinha 
e o quadrado do lombo (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 
2016; LIPPERT, 2013).
O esternocleidomastóideo (ECOM) é considerado o maior flexor do pes-
coço, mas também participa na extensão da cabeça, flexão lateral e rotação 
para o lado oposto. A contração no lado direito, por exemplo, permite a rotação 
da cabeça e do pescoço para se olhar sobre o ombro esquerdo. Cabe ressaltar 
que ele tende a hiperestender a cabeça, o que pode acentuar a posição de 
“cabeça protusa” comum na má postura, e que pode ocorrer, por exemplo, 
durante a realização de exercícios abdominais. Uma forma de neutralizar essa 
ação pode ser a de encostar o queixo no peito antes de realizar os exercícios 
(HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
Por sua vez, a função dos escalenos consiste primariamente na flexão 
lateral (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
Os músculos esplênio da cabeça e do pescoço realizam rotação e flexão da 
cabeça e do pescoço para o mesmo lado, quando contraem unilateralmente. 
Sua contração bilateral promove a extensão do pescoço e, no caso do esplênio 
da cabeça, promove a extensão da cabeça (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O eretor da espinha participa na extensão, flexão lateral e rotação para o 
lado oposto. Ele é importante no controle postural sobre a atração gravitacional 
da cabeça na flexão (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
7Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
O reto do abdômen participa ativamente na flexão do tronco, bem como 
na sua flexão lateral. É importante observar que, quando realizamos a flexão 
do tronco em direção ao quadril, os flexores do quadril também participam 
desse movimento se os tornozelos ou as pernas estiverem fixados ao solo. Já 
a flexão dos quadris e dos joelhos removendo o tornozelo do solo promove o 
encurtamento dos flexores do quadril, o que diminui sua eficiência (DUFOUR; 
PILLU, 2016; HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Quando contraído bilateralmente, o oblíquo externo contribui com a flexão 
do tronco; no entanto, sua contração unilateral promove flexão do tronco 
para o mesmo lado e rotação para o lado oposto. No caso do oblíquo interno, 
também ocorre flexão do tronco com contração bilateral, mas na contração 
unilateral o movimento de flexão lateral e o de rotação do tronco são ambos 
para o mesmo lado (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
O transverso do abdômen, localizado profundamente, não tem participação 
efetiva no momento do tronco. Sua função principal é auxiliar na compressão 
do abdômen e na sustentação do conteúdo da cavidade abdominal. De fato, ele 
é extremamente importante durante a realização da maioria dos movimentos, 
dando suporte para o conteúdo abdominal, estabilizando o tronco (DUFOUR; 
PILLU, 2016; HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Os eretores da espinha são compostos por três grupos, um medial (músculos 
espinhais), um lateral a estes (longuíssimos) e o outro mais lateral ainda (ilio-
costais). Ambos são agonistas primários na flexão lateral e, quando contraídos 
bilateralmente, contribuem fortemente na extensão da coluna vertebral (HALL, 
2016; LIPPERT, 2013). Vale a pena destacar que, devido ao fato dos músculos 
espinhal e longuíssimos se inserirem no occipital, eles participam na extensão 
da cabeça em relação ao pescoço (DUFOUR; PILLU, 2016). 
O quadrado do lombo (quadrado lombar) é eficaz no movimento de flexão 
lateral da coluna. No entanto, ele pode apresentar inversão de sua ação quando 
a sua inserção inferior é tracionada na direção da inserção superior, o que 
promove a elevação do quadril. Isso permite, por exemplo, retirar o pé do chão 
sem a flexão do joelho (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Cíngulo do membro inferior e quadril
O cíngulo do membro inferior (pelve) é formado por sacro, cóccix e os dois 
ossos do quadril (composto pelo ílio, ísquio e púbis). Dessa forma, as articu-
lações envolvidas são as sacroilíacas direita e esquerda, a sínfi se púbica e a 
lombossacral. Os principais movimentos ocorrem nas articulações lombossacra 
e nas duas articulações do quadril. Os movimentos da pelve envolvem a in-
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva8
clinação anterior (anterversão pélvica), em que ocorre deslocamento anterior 
da espinha ilíaca anterossuperior (EIAS), a inclinação posterior (retroversão 
pélvica), quando ocorre deslocamento da EIAS posteriormente, inclinação 
lateral, em que há desnivelamento das EIAS no plano frontal, e a rotação 
pélvica, que ocorre no plano horizontal em torno do eixo longitudinal. Na 
rotação, observa-se o movimento de um lado da pelve anterior ou posterior-
mente em relação ao outro lado. Este movimento ocorre porque a pelve se 
move na articulação do quadril.(BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; 
HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
A articulação do quadril é extremamente importante nas atividades com 
sustentação de peso e na marcha. Os movimentos possíveis são flexão (120°), 
extensão e hiperextensão (15°) (plano sagital); abdução (45°) e adução (25° 
além da posição anatômica) (planto frontal); e rotações medial e lateral (45° 
em cada direção) (plano horizontal). Os principais músculos que atuam no 
cíngulo do membro inferior, incluindo o quadril, são: iliopsoas, reto femoral, 
sartório, pectíneo, adutor longo, adutor curto, adutor magno, grácil, rotadores 
profundos, isquiotibiais, glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, ten-
sor da fáscia lata (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013).
O iliopsoas é composto pelo ilíaco e pelo psoas. Sua função principal é 
promover a flexão da coxa na articulação do quadril; no entanto, devido à 
inserção do psoas maior nas vértebras, quando o fêmur está estabilizado, ele 
promove a flexão do tronco (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O reto femoral, que faz parte do quadríceps, além da sua ação na extensão 
do joelho, é um agonista primário na flexão do quadril (LIPPERT, 2013).
O músculo sartório, devido à sua linha de tração diagonal, também auxilia 
na flexão, abdução e rotação lateral da coxa na articulação do quadril, e ainda 
auxilia a extensão do joelho. Ele se torna mais efetivo quando realiza os 
quatro movimentos, por exemplo, ao cruzarmos um dos membros inferiores, 
colocando o pé sobre o joelho oposto (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013). 
Por sua vez, o pectíneo participa na flexão, adução e rotação medial (LI-
PPERT, 2013). 
Os três adutores monoarticulares do quadril, como o próprio nome já os 
define, realizam a adução desta articulação. A diferença é que os adutores 
magno e curto auxiliam na rotação do quadril, enquanto o adutor longo 
auxilia na sua flexão. Um quarto músculo adutor, porém biarticular, é o 
músculo grácil, que também auxilia na flexão do joelho (HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013). 
9Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
Os rotadores profundos são formados por seis pequenos músculos (piri-
forme, gêmeo superior, gêmeo inferior, quadrado femoral, obturador interno 
e obturador externo), que realizam a rotação lateral do quadril (HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013).
Os isquiotibiais são formados por semitendíneo, semimembranáceo e bíceps 
femoral. Além de sua função na flexão do joelho, também são agonistas no 
movimento de extensão do quadril (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
O grupo muscular dos glúteos é composto por três músculos. O glúteo 
máximo é agonista primário e muito forte na extensão, hiperextensão e rotação 
lateral do quadril. O glúteo médio, localizado mais lateralmente em relação 
ao máximo, tem como funções promover à abdução e a rotação medial do 
quadril. Já o glúteo mínimo, mais profundo do que o anterior, também é capaz 
de realizar à abdução e a rotação medial (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). Outra 
função importante atribuída aos glúteos médio e mínimo é a de estabilizar 
a articulação do quadril quando se está na posição em pé apoiado em um só 
membro inferior. A ativação desses músculos evita a queda excessiva do lado 
oposto da pelve, como ocorre, por exemplo, durante uma caminhada ou uma 
corrida (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016). 
Por fim, o tensor da fáscia lata auxilia na flexão e na abdução do quadril, 
mas revela-se mais forte ao cumprir os dois movimentos ao mesmo tempo, 
quando, por exemplo, realizamos uma abdução em sentido ligeiramente 
anterior, o que acaba resultando em leve rotação medial (HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013).
Articulação do joelho
A articulação do joelho é, na verdade, composta de três articulações, duas 
articulações entre os côndilos medial e lateral da tíbia e do fêmur (articulações 
tibiofemorais) e a articulação patelofemoral. Essa é uma das articulações mais 
complexas do corpo, estando o joelho totalmente sustentado pelos músculos 
e ligamentos, sem a presença de uma estabilidade óssea. Os movimentos 
possíveis dessa articulação são a fl exão (120°–135°) e a extensão (até a posição 
neutra), e em alguns casos de frouxidão ligamentar pode haver hiperextensão 
(5°). Além disso, é observado leve movimento acessório de rotação que acom-
panha a extensão e fl exão do joelho. Os principais músculos biarticulares que 
atuam no joelho já foram apresentados, como o reto femoral, que realiza sua 
extensão, e os isquiotibiais, que promovem fl exão e rotação medial (semiten-
díneo e semimembranáceo) e rotação lateral (bíceps femoral). Além desses, 
os principais músculos são os outros componentes do quadríceps, o poplíteo 
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva10
e o gastrocnêmio (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013).
Os outros componentes do quadríceps são o vasto lateral, o vasto medial e 
o vasto intermédio. Assim como o reto femoral, todos participam na extensão 
do joelho (HALL, 2016; LIPPERT, 2013).
O músculo poplíteo é um pequeno músculo monoarticular localizado na 
fossa poplítea. Sua função é promover a flexão e a rotação medial do joelho. 
Ele possui uma ação especial em “destravar” o joelho no início da sua flexão 
(HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
O gastrocnêmio é um músculo biarticular que passa pelas articulações 
do joelho e do tornozelo. No joelho, ele participa na flexão, mas quando o 
indivíduo se encontra com o pé no solo, mantendo a perna (segmento distal) 
estacionária, ele desenvolve uma inversão de sua ação, na qual o fêmur (seg-
mento proximal) é tracionado posteriormente (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Essa característica permite que uma pessoa fique em pé sem a necessidade 
de utilizar o quadríceps (DUFOUR; PILLU, 2016).
Articulações do tornozelo e pé
A perna é formada pela tíbia e pela fíbula, que se articulam distalmente 
com o tálus, formando a articulação do tornozelo. A verdadeira articulação 
do tornozelo (articulação talocrural) é composta pela face articular inferior 
na extremidade distal da tíbia, que se articula com o tálus. Os principais 
movimentos encontrados na articulação do tornozelo são a fl exão plantar e a 
dorsefl exão do tornozelo, a abdução e a adução do pé e a inversão e eversão. 
Os principais músculos do tornozelo e do pé são: tibial anterior, extensor 
longo do hálux, extensor longo dos dedos, fi bular longo, fi bular curto, fi bular 
terceiro, gastrocnêmio, sólio, tibial posterior, fl exor longo dos dedos e fl exor 
longo do hálux (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013).
O tibial anterior atua na dorseflexão e na inversão do pé. Assim como ele, 
o extensor longo do hálux também realiza a dorseflexão e a inversão, mas sua 
principal ação é estender o hálux (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
O extensor longo dos dedos, localizado mais lateralmente do que os dois 
anteriores, também contribui com a dorseflexão, mas apresenta papel principal 
na extensão do 2º ao 5º dedo do pé (HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
Tanto o fibular longo quanto o fibular curto promovem a flexão plantar e 
a eversão do pé. Já o fibular terceiro atua na dorseflexão e na eversão do pé 
(HALL, 2016; LIPPERT, 2013). 
11Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
O músculo gastrocnêmio, abordado anteriormente, é um músculo biarticular 
que cruza a articulação do joelho e a articulação talocrural. É um agonista 
forte da flexão plantar do pé. Inferiormente a ele, localiza-se o músculo sólio, 
que se une ao gastrocnêmio, formando o tendão calcâneo. Dessa forma, ele 
também é um agonista primário da flexão plantar do pé. A junção desses dois 
músculos forma o complexo muscular chamado tríceps sural (HALL, 2016; 
LIPPERT, 2013). 
Os músculos tibial posterior, flexor longo dos dedos e flexor longo do 
hálux promovem os movimentos de flexão plantar e inversão do pé. Além 
disso, o flexor longo dos dedos ainda promove a flexão do 2º ao 5º dedos dopé, enquanto o flexor longo do hálux promove a flexão do hálux (HALL, 
2016; LIPPERT, 2013). 
2 Mobilidades e funções das estruturas 
anatômicas em movimentos esportivos
O estudo e a análise do movimento envolvem reconhecer as forças externas 
que agem sobre o corpo, bem como as forças internas que mantêm o corpo 
unido e contribuem com sua mobilidade e função. Os principais componentes 
anatômicos envolvidos nessa mobilidade são os ossos, os músculos esqueléticos, 
as articulações, os ligamentos, os tendões e as cartilagens (BEHNKE, 2014; 
DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 2015). 
A realização de um movimento envolve interagir com determinada força 
externa. De fato, quando essas forças agem sobre o corpo, impõem cargas que 
afetam suas estruturas internas. Dessa forma, é importante compreender as 
propriedades mecânicas dessas estruturas, o que permite entender melhor os 
fatores associados à mobilidade esportiva (MCGINNIS, 2015). 
Todas essas estruturas apresentam propriedades mecânicas que as distin-
guem entre si. Durante a realização dos movimentos, observa-se a geração 
de uma tensão que tende a promover a deformação da estrutura ou tecido. A 
relação entre a tensão e a deformação pode ajudar a explicar o comportamento 
de um material sob carga e como ele irá se comportar durante o movimento. 
As estruturas apresentam comportamento elástico e plástico com densidades 
diferentes (DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 2015).
O componente elástico demonstra que determinada estrutura pode ser 
alongada sob tração, mas que retorna à sua posição original quando a carga 
é removida (MCGINNIS, 2015). Os ossos apresentam maior rigidez quando 
comparados aos ligamentos e tendões, ou seja, menor elasticidade; no entanto, 
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva12
apresentam maior resistência à deformação permanente (DUFOUR; PILLU, 
2016; MCGINNIS, 2015). Já o comportamento plástico está associado a uma 
tensão capaz de gerar uma deformação na estrutura. Geralmente, o compo-
nente plástico é atingido quando a carga aplicada é superior ao componente 
elástico. Esse limite recebe o nome de limine elástico. A maioria das estruturas 
envolvidas no movimento apresenta esses dois componentes (MCGINNIS, 
2015; SCHLEIP, 2020).
Aqui, deve-se ter cuidado, pois muitas vezes, por equívoco, acreditamos 
que estruturas com maior rigidez não apresentam elasticidade; na verdade, 
a rigidez refere-se à resistência à deformação e não a ausência de elastici-
dade. Um material não precisa ser feito de elástico para mostrar elasticidade. 
A elasticidade pode ser entendida como uma medida da diferença entre a 
rigidez (resistência à deformação) e o retorno elástico (reformação). Como 
mencionado anteriormente, forças que ultrapassam o limite elástico podem 
afetar o componente plástico. A elasticidade não se refere apenas ao quanto 
podemos alongar, mas sim à capacidade de restaurar uma mudança de forma. 
Ao forçarmos um alongamento, por exemplo, a capacidade dos tecidos de se 
restaurar pode ficar comprometida (SCHLEIP, 2020).
O tecido muscular e o tecido conectivo compõem o sistema musculoes-
quelético. Os tecidos conectivos mais importantes são ossos, cartilagens, 
ligamentos e tendões. Todos os tecidos conectivos são formados por células 
e componentes extracelulares (colágeno, elastina, substância fundamental, 
minerais e água). A composição desse tecido acaba influenciando suas 
propriedades mecânicas. Tecidos com maior densidade de colágeno, por 
exemplo, são mais rígidos, enquanto aqueles com maior proporção de elas-
tina apresentam maior elasticidade (BEHNKE, 2014; MCGINNIS, 2015; 
SCHLEIP, 2020).
Alguns fatores, como a idade e a inatividade ou atividade física, afetam as 
propriedades mecânicas dos tecidos conectivos. De fato, já é bem demonstrado 
que a resistência dos ossos, cartilagens, tendões e ligamentos aumenta com 
ciclos regulares de carga e descarga, o que ocorre geralmente devido ao aumento 
do tamanho de sua secção transversa (MCGINNIS, 2015; SCHLEIP, 2020). 
Durante a realização de qualquer gesto esportivo, estão envolvidos di-
versos componentes funcionais, desde as estruturas neurológicas até os 
componentes musculares e os tecidos conectivos (DUFOUR; PILLU, 2016; 
MCGINNIS, 2015). Todos esses fatores influenciam diretamente na quali-
dade do gesto e na amplitude do movimento. Para realizar um movimento 
de chute, por exemplo, o plano motor, elaborado em estruturas neurológicas 
superiores, deve ser enviado para os músculos agonistas realizar o movimento; 
13Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
porém, ao mesmo tempo, os músculos antagonistas devem ser inibidos 
de seu movimento, pois do contrário iriam comprometer esse movimento 
(SCHLEIP, 2020). Durante a realização do movimento em si, observa-se 
um estiramento (alongamento) dos antagonistas. Essa modificação gera 
tensão intramuscular, que, por sua vez, promove a ativação de um proprio-
ceptor chamado fuso muscular. Sua resposta desencadeia reflexamente a 
ativação contrátil desse músculo, o que se opõe ao movimento. A literatura 
já demonstrou que a prática específica de um determinado gesto esportivo 
promove maior eficiência nesse sistema, elevando seu limiar de ativação, o 
que acaba resultando em maior potência e maior amplitude de movimento 
(DUFOUR; PILLU, 2016; SCHLEIP, 2020). 
A amplitude de movimento articular também é influenciada pela orga-
nização anatômica articular e pelo comprimento longitudinal dos músculos 
envolvidos. A articulação do cotovelo, por exemplo, apresenta uma limitação 
na extensão devido à sua estrutura, ou seja, pelo contato do olecrano da ulna 
com a fossa do olecrano do úmero, enquanto a articulação do joelho deve 
ser fortemente protegida por estruturas musculotendinosas e ligamentares 
(MCGINNIS, 2015). Além disso, a quantidade de músculo ou tecido adiposo 
também pode limitar o movimento articular (SCHLEIP, 2020).
Os tendões e ligamentos parecem responder, mesmo que levemente, com 
ganhos de comprimento a alongamentos realizados de forma lenta e mantida, 
com os tecidos envolvidos sob tensão constante. Além disso, sob pequenas 
tensões os ligamentos e tendões se mostram flexíveis, mas a partir de de-
terminada magnitude, eles se tornam muito rígidos, contribuindo com suas 
funções protetoras e estabilizadoras das articulações (MCGINNIS, 2015; 
SCHLEIP, 2020).
Os músculos também respondem ao alongamento lento e sustentado, 
gerando o que se denomina de hipertrofia em série, associado à formação 
de sarcômeros próximos a inserções tendinosas (DUFOUR; PILLU, 2016; 
MCGINNIS, 2015). Atualmente, tem sido demonstrado como os tecidos 
conectivos que envolvem as fibras musculares e os tendões (fáscia mus-
cular, epimísio, perimísio e endomísio) também determinam a mobilidade 
articular durante os movimentos (SCHLEIP, 2020). A tensão máxima nos 
músculos, quando comparada aos tendões, ligamentos e ossos, é menor, 
mas sua capacidade de se deformar antes do ponto de ruptura é maior, em 
função da capacidade de seus filamentos contráteis de deslizar uns pelos 
outros, acompanhando o aumento do comprimento do músculo (BEHNKE, 
2014; MCGINNIS, 2015). 
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva14
A hipermobilidade articular é uma condição em que uma ou mais articulações po-
dem ser movidas além dos limites normais. Esse distúrbio pode advir de alterações 
hereditárias, constitucionais, estruturais ou funcionais. Indivíduos que apresentam 
hipermobilidade em várias articulações podem ser diagnosticados clinicamente com 
hipermobilidade articular generalizada (HAG). Tais indivíduos apresentam maior risco de 
lesões, especialmente no joelho. A hipermobilidade parece estar associada a alterações 
na extensibilidade de vários tecidos mole, como nas propriedades viscoelásticas dos 
ligamentos, das cápsulas articulares e dos tendões. Um possível teste utilizado na 
avaliação dessa condição é o teste de Beighton,que apresenta nove subtestes. Para 
crianças, o ponto de corte para definir a HAG varia de cinco a sete subtestes positivos, 
enquanto para adultos varia de quatro a cinco (SCHLEIP, 2020).
3 Princípios mecânicos dos movimentos 
na atividade física esportiva
A maioria dos movimentos envolve a combinação complexa de componentes 
de movimentos lineares e angulares. O primeiro tipo envolve o movimento 
dos segmentos na mesma direção e na mesma velocidade. Esse tipo de mo-
vimento também é conhecido como translação e pode seguir um trajeto em 
linha reta (movimento retilíneo) ou em linha curva (movimento curvilíneo). 
Um exemplo seria um ciclista, em postura sem movimento, com a bicicleta 
avançando em uma trajetória reta. Nesse momento, todo seu corpo está se 
movendo em modo retilíneo. Se ele realizar um salto com a bicicleta, tanto 
o ciclista quanto a bicicleta estarão realizando um movimento curvilíneo 
enquanto estiverem no ar (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; MC-
GINNIS, 2015). 
Nos movimentos angulares, observa-se uma rotação de uma linha central 
imaginária, denominada de eixo de rotação. Quando um ginasta realiza um 
salto mortal, seu corpo realiza uma rotação em torno de um eixo imaginário 
que se move juntamente com o seu corpo. Quase todos os movimentos reali-
zados pelo ser humano envolvem a rotação de um segmento em torno de um 
eixo (DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 2015). 
A combinação dos movimentos de rotação e translação resulta em um 
movimento geral que engloba praticamente todos os tipos de movimento 
humano. Durante uma corrida, por exemplo, o atleta sofre translação por 
15Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
meio de movimentos angulares provocados pelo quadril, joelho e tornozelo 
(DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 2015). 
A biomecânica é um dos métodos para estudar a maneira como os seres 
vivos (principalmente os seres humanos) se adaptam às leis da mecânica 
quando realizam movimentos voluntários. Segundo Nigg (1995), trata-se 
da ciência que estuda estruturas e funções dos sistemas biológicos usando o 
conhecimento e os métodos da mecânica. 
A biomecânica estuda diferentes áreas relacionadas ao movimento do ser 
humano e dos animais, incluindo o funcionamento de músculos, tendões, 
ligamentos, cartilagens e ossos; cargas e sobrecargas de estruturas específicas; 
e fatores que influenciam a performance física. A biomecânica do esporte se 
dedica ao estudo do corpo humano e do movimento esportivo em relação a 
leis e princípios físico-mecânicos, incluindo os conhecimentos anatômicos e 
fisiológicos do corpo humano (AMADIO; DUARTE, 1996).
A análise biomecânica do movimento pode ser qualitativa ou quantitativa. 
A análise qualitativa de uma tarefa esportiva promove um exame dos elementos 
básicos envolvidos no movimento. Esse tipo de análise tem um caráter mais 
objetivo e envolve a observação do desempenho do atleta. Já a análise quanti-
tativa tem por objetivo realizar medidas ou quantificar aspectos específicos da 
prática esportiva e envolve a utilização de instrumentos. Esta última costuma 
ser reservada a atletas de alto rendimento, devido, muitas vezes, a seu custo 
elevado (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 2015). 
Na avaliação qualitativa, o gesto ou técnica a ser avaliada deve ter como 
base um padrão que seja considerado a técnica ideal. Cada fase do gesto deve 
ser avaliada, incluindo a duração, a amplitude dos movimentos corporais e 
o resultado final (BEHNKE, 2014; DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 
2015). Essa avaliação pode ser dividida em duas etapas. Na primeira, devem 
ser identificados erros ou deficiências no desempenho real e, uma vez que 
tenham sido identificados, devem ser avaliados para determinar qual será o 
foco da correção. Nessa etapa, é preciso levar em consideração se tal erro 
expõe o atleta ao risco de lesão, quem são os indivíduos avaliados (iniciantes, 
atletas, etc.), se tal gesto é fácil de ser corrido, se a falha é resultado de um 
erro que ocorreu antes do desempenho, qual a magnitude do erro sobre o 
desempenho e se tal erro ou deficiência está associado ao uso de material 
inadequado. Após avaliação de cada item, basta decidir quais falhas corrigir 
em qual ordem (MCGINNIS, 2015). 
A segunda etapa da avaliação envolve a instrução do executante sobre 
seus erros e como corrigi-los. Muitas vezes, o executante não tem consci-
ência do seu erro ou do gesto que desencadeia o erro. Para corrigi-lo, três 
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva16
passos devem ser cumpridos. Primeiramente, ele deve ser comunicado de 
forma clara quanto ao que está fazendo incorretamente. Segundo, deve ser 
orientado, também de forma clara, sobre medidas de correção. Terceiro, 
devem ser criados meios para que o executante possa corrigir seus erros 
(MCGINNIS, 2015). 
Digamos, por exemplo, que, ao avaliar o golpe de forehand de um tenista, 
você é percebe uma baixa velocidade no impacto gerado na bola. Isso foi 
identificado pela baixa velocidade horizontal da cabeça da raquete no im-
pacto. A fim de corrigir essa deficiência, o atleta deve ser conscientizado da 
importância desse movimento. Ao mesmo tempo, ele pode ser informado de 
que é possível alongar o deslocamento horizontal da cabeça da raquete durante 
o golpe rodando o tronco e a pelve para o lado da mão dominante. Outra 
orientação pode ser quanto à posição da empunhadura da raquete. Fazer uma 
empunhadura mais longe da cabeça e mais próxima do cabo também alonga 
o deslocamento horizontal, aumentando o raio efetivo do golpe (DUFOUR; 
PILLU, 2016; MCGINNIS, 2015). 
Um dos princípios fundamentais do treinamento é o princípio da especifi-
cidade, que determina que um treinamento técnico ou um exercício esportivo 
deve ser o mais específico possível para tal gesto ou atividade (SCHLEIP, 
2020). De fato, diversos trabalhos demonstram uma falha na transferência até 
mesmo em sistemas de treinamento que se parecem bastante com a tarefa. 
Para dar um exemplo, um treinamento de corrida estacionário utilizando um 
instrumento de reboque não melhora o desempenho na corrida de rua. Dessa 
forma, para o desempenho ser aprimorado, os exercícios devem ser orientados 
o mais próximo possível dos gestos utilizados na própria atividade. Assim, uma 
maneira pela qual a biomecânica pode contribuir para aprimorar o treinamento 
técnico é a identificação de exercícios e treinos que simulem rigorosamente 
o gesto específico a ser trabalhado (DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 
2015; SCHLEIP, 2020).
Se determinada capacidade ou gesto técnico deve ser melhorado, antes 
de mais nada é preciso definir as características de tal movimento. Portanto, 
é preciso determinar se o movimento é concêntrico ou excêntrico, se ocorre 
em cadeia cinética aberta ou fechada, quais são os planos e eixos envolvidos 
no movimento, se o movimento envolve contração isotônica ou isométrica 
e quais são os músculos ativos em cada fase do movimento. Digamos, por 
exemplo, que um idoso relata sensação de fraqueza nos membros inferiores 
ao descer escadas; a solução biomecânica seria trabalhar exercícios bas-
tante específicos, que envolvam, nesse caso, movimentos excêntricos e em 
cadeia cinética fechada, que trabalhem os músculos extensores do quadril 
17Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
e extensores do joelho, bem como os estabilizadores dessas articulações 
(DUFOUR; PILLU, 2016; MCGINNIS, 2015).
Observe que no exemplo anterior o movimento de descer escada envolve 
uma alteração na estabilidade devido à modificação do centro de gravidade 
durante a realização do movimento. Dessa forma, os exercícios devem 
trabalhar os aspectos do equilíbrio, principalmente o equilíbrio dinâmico 
(MCGINNIS, 2015).
Na análise do movimento esportivo, é preciso definir por meio de métodos 
e princípios biomecânicos quais são os parâmetros que influenciam a estrutura 
técnica da modalidade. Os principais métodos utilizadosna biomecânica 
para avaliar os diversos componentes do movimento são a antropometria, a 
dinamometria, a cinemetria e a eletromiografia. A utilização desses instru-
mentos permite uma avaliação bastante quantitativa de cada caso (LEITE, 
2010; MCGINNIS, 2015). 
A antropometria tem como objetivo fornecer dados sobre dimensões cor-
porais convencionais e a geometria do corpo e das massas corporais. Ela 
busca modelos que possam ser utilizados para representar o corpo humano, 
identificando, portanto, quais são as médias de densidade corporal dos seg-
mentos, a proporção média dos segmentos, a distribuição da massa, os braços 
de alavanca, as vantagens mecânicas, as posições articulares, dentre outros 
(LEITE, 2010; MCGINNIS, 2015). Um exemplo de sua aplicação é o estudo 
da distribuição do centro de gravidade e da carga da massa dos seguimentos 
corporais no movimento do chute, principalmente na perna de apoio. Durante 
esse gesto, a perna de apoio deve ser firmada corretamente no chão, ao lado 
da bola, e quando ocorre essa fixação do pé no solo, o centro de gravidade 
do corpo se desloca para fora, em direção à essa perna. Quanto mais distante 
a perna de apoio ficar da bola, maior será esse deslocamento, maior será sua 
exposição a forças de cisalhamento e maior será a necessidade de estabilização 
nas articulações do quadril, joelho e tornozelo (SCHLEIP, 2020).
Por sua vez, a dinamometria envolve todos os tipos de análises e medidas 
da força e ainda a distribuição da pressão. Nesse sentido, pode-se avaliar, 
por exemplo, a distribuição da força na superfície plantar durante a execução 
de vários movimentos, o que permite compreender possíveis alterações na 
marcha. Um aparelho básico de dinamometria é a plataforma de força, que 
mede a força de reação do solo e o ponto de aplicação dessa força. Outro 
exemplo, atualmente muito utilizado na avaliação de fragilidade em idosos, 
é a dinamometria de preensão manual, que permite predizer a força geral 
do idoso (LEITE, 2010; MCGINNIS, 2015). E um exemplo prático que tem 
sido muito utilizado no meio esportivo é a cadeira isocinética, que permite 
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva18
avaliar o padrão funcional da força e do equilíbrio muscular, sendo uma ótima 
ferramenta na prevenção de lesões. Além disso, existe a cadeira de extensão e 
flexão isométricos do joelho, que permite avaliar a relação dinâmica de força 
entre os agonistas e antagonistas do joelho (LEONARDI; MARTINELLI; 
DUARTE JUNIOR, 2012).
Já na cinemetria o objetivo é avaliar os parâmetros cinemáticos do mo-
vimento, como a posição inicial, a orientação, a velocidade e a aceleração. 
Portanto, é uma área da biomecânica que se preocupa com a análise dos 
movimentos, independentemente das forças que produzem. O instrumento 
básico para a avaliação cinemática envolve câmeras de vídeo, que registram o 
movimento para posterior análise de programas específicos de software, que 
calculam as variáveis cinemáticas de interesse (LEITE, 2010; MCGINNIS, 
2015). Isso pode ser utilizado, por exemplo, na avaliação do chute no futebol, 
geralmente usando duas ou mais câmeras, em que são filmados os membros 
inferiores dos avaliados durante a execução do gesto, que pode ser realizado 
em diferentes condições, seja na “bola parada”, seja em movimento dinâmico 
do jogador e da bola, com chute forte, chute de precisão, etc. Após a coleta, 
as imagens tratadas pelo software permitem a análise de cada segmento no 
espaço em relação ao tempo, em um plano tridimensional. Essa análise permite 
mapear os padrões de movimento fornecidos por cada tipo de chute e de cada 
participante (adulto, criança, homem, mulher, etc.) (LEITE, 2010).
O com o advento e desenvolvimento de tecnologias, cada vez mais podemos ter 
acesso a ferramentas simples que contribuem para nossa atuação profissional. Acesse 
o link a seguir para conhecer um aplicativo para smartphone que nos permite realizar 
a cinemetria de forma simples e objetiva.
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Por fim, a eletromiografia (EMG) consiste no registro das atividades elé-
tricas associadas às contrações musculares. Isso permite compreender quais 
músculos estão envolvidos na execução de um exercício, como no caso do 
agachamento, em diferentes situações, como a barra apoiada ao longo do 
ombro, à frente do corpo, com o joelho ultrapassando a ponto do pé ou se 
limitando a ponta do pé. Para essa avaliação, são utilizados eletrodos na 
19Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
superfície da pele (LEITE, 2010; MCGINNIS, 2015). Usando novamente o 
futebol como exemplo, a EMG poderia ser utilizada para avaliar a ativação 
muscular dos segmentos do quadríceps, como o reto femoral, o vasto medial, 
vasto intermédio e o vasto lateral. Assim, poderia ser realizada uma avaliação 
prévia a uma intervenção e, após a conclusão, uma nova avaliação para aferir 
se houve melhora no padrão de recrutamento ou na contração voluntária má-
xima isométrica (SILVA et al., 2011). Já foi demonstrado que alguns jogadores 
apresentam menor ativação do vasto medial na perna de chute, o que pode ser 
justificado pelo fato desse movimento ocorrer em cadeia cinética aberta, não 
exigindo estabilização da articulação do joelho em termos de rotação tibial 
em relação ao fêmur (SCHLEIP, 2020) 
É possível compreender, então, que a aplicação dos conceitos de biomecâ-
nica nas modalidades esportivas é fundamental para elaboração de programas 
de intervenção que possam promover aprimoramento nos desempenhos e 
gestos técnicos. As análises qualitativas e quantitativas revelam-se de grande 
relevância nesses objetivos, sendo fundamentais para melhorar a técnica e o 
treinamento. Além disso, o conhecimento nessa área permite ao profissional 
atuar de forma mais assertiva na prevenção de lesões musculoesqueléticas, 
principalmente no que concerne o treinamento e a prática esportiva. 
Trata-se de uma área em franco crescimento e que envolve a participação 
de todos os profissionais que trabalham com o movimento e a reabilitação, 
sendo necessária, portanto, a consciência do trabalho multi e transdisciplinar. 
Cada vez mais se exige dos profissionais atuantes que se especializem no 
conhecimento da cinesiologia e da biomecânica, sendo esta disciplina fun-
damental para uma atuação profissional com embasamento científico e com 
métricas corretas e individuais, seja por análises qualitativas ou quantitativas. 
AMADIO, A.C.; DUARTE, M. (Coord.). Fundamentos biomecânicos para análise do movi-
mento. São Paulo: USP, 1996. 
BEHNKE, R. S. Anatomia do movimento. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
DUFOUR, M.; PILLU, M. Biomecânica funcional: membros, cabeça, tronco. São Paulo: 
Manole, 2016.
HALL, S. J. Biomecânica básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva20
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
LEITE, W. S. S. Biomecânica aplicada ao esporte: contribuições, perspectivas e desa-
fios. Efdeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.15, n. 145, jun. 2010. Disponível em: 
https://www.efdeportes.com/efd145/biomecanica-aplicada-ao-esporte.htm. Acesso 
em: 11 fev. 2020.
LEONARDI, A. B. A.; MARTINELLI, M. O.; DUARTE JUNIOR, A. Existe diferença nos testes 
de força da dinamometria isocinética entre jogadores profissionais de futebol de 
campo e de futebol de salão. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 47, n. 3, p. 368–374, 2012.
LIPPERT, L. S. Cinesiologia clínica e anatomia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2013.
MCGINNIS, P. M. Biomecânica do esportee do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2015.
SCHLEIP, R. Fáscia no esporte e no movimento. São Paulo: Manole, 2020.
SILVA, A. B. et al. EMG de superfície como método de avaliação funcional em jogado-
res de futebol com osteíte púbica. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio 
Ambiente, v. 2, n. 1, p.1–12, 2011.
Leituras recomendadas
AMADIO, A. C. et al. Introdução à análise do movimento humano: descrição e aplicação 
dos métodos biomecânicos de medição. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 3, n. 2, p. 
41–45, 1999. 
FLOYD, R. T. Manual de cinesiología estrutural. 19. ed. São Paulo: Manole, 2016.
LIMA, C. S.; PINTO, R. S. Cinesiologia e musculação. Porto Alegre: Artmed, 2007.
NIGG, B. M.; HERZOG, W. (Ed.). Biomechanics of the musculo-skeletal system. Chichester: 
Jonh Wiley, 1995.
OATIS, C. A. Cinesiologia: a mecânica e a patomecânica do movimento humano. 2. ed. 
São Paulo: Manole, 2014.
WEINECK, J. Anatomia aplicada ao esporte. 18. ed. São Paulo: Manole, 2013.
21Funções específicas considerando os movimentos na atividade física esportiva
DICA DO PROFESSOR
A análise biomecânica é fundamental para o diagnóstico de disfunções funcionais bem como 
para o desenvolvimento de estratégias de intervenção voltadas à melhora das capacidades 
motoras e ao desempenho esportivo. 
Umas das aplicações da análise biomecânica é a avaliação da marcha. Estudos já foram 
conduzidos a fim de compreender quais são as fases da marcha e as relações da velocidade 
da marcha com outras capacidades, como, por exemplo, as funções cognitivas. 
Acompanhe nesta Dica do Professor uma abordagem quantitativa de análise do ciclo da marcha.
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EXERCÍCIOS
1) Os movimentos articulares são realizados por meio das ações musculares e, 
geralmente, envolvem um conjunto de músculos, que atuam como agonistas 
primários e auxiliares. Além disso, um mesmo músculo pode atuar em diferentes 
movimentos. Um exemplo é o latíssimo do dorso, que, além de promover a extensão 
do ombro, também contribui para a rotação medial da articulação glenoumeral, que 
pode ser auxiliada pelo:
A) redondo menor.
B) supraespinhal.
C) subescapular.
D) infraespinhal.
E) serrátil anterior.
2) O músculo ___________________, além de promover a flexão do joelho como no 
exercício de mesa flexora, auxilia na extensão do quadril, por exemplo, durante um 
salto horizontal.
Qual das opções a seguir completa a lacuna?
A) Bíceps femoral.
B) Tensor da fáscia lata.
C) Iliopsoas.
D) Grácil.
E) Sartório.
3) Ao ficar em posição unipodal com o membro inferior esquerdo apoiado no chão, um 
indivíduo apresentou um abaixamento da pelve no lado direito. Essa avaliação indica 
a necessidade de se fortalecer:
A) o quadrado lombar do lado direito.
B) o glúteo máximo do lado esquerdo.
C) o glúteo médio do lado esquerdo. 
D) o ilíaco do lado direito. 
E) o glúteo mínimo do lado direito.
4) No processo de investigação do movimento em Biomecânica, busca-se a definição de 
um método para a orientação da análise experimental, procedimento que 
pode envolver uma técnica ou um conjunto delas, permitindo o esclarecimento de 
problemas na estrutura da investigação.
Por exemplo, a medição dos movimentos e posturas dos gestos desportivos realizados 
pelos atletas, por meio de imagens, registro de trajetórias, decurso de tempo, 
determinação de curvas de velocidade e de aceleração, entre outras variáveis 
derivadas, é um desses métodos, conhecido como:
A) antropometria.
B) cinemetria.
C) dinamometria.
D) termometria.
E) eletromiografia.
Os músculos, tendões e ligamentos possuem propriedades teciduais que influenciam 
a mobilidade articular. Essas propriedades irão determinar a elasticidade, rigidez e 
plasticidade de cada componente. A respeito dessas características, analise as 
afirmativas a seguir:
I. A elasticidade se refere à capacidade de um material de mudar de forma sob força 
externa e de resistir internamente, retornando, assim, à sua forma anterior.
II. A plasticidade se refere à resistência que um objeto ou estrutura apresenta para se 
deformar.
III. Os componentes elásticos são encontrados apenas nas estruturas que apresentam 
5) 
a capacidade de se alongarem.
É correto o que se afirma:
A) apenas em I.
B) apenas em II.
C) apenas em III.
D) apenas em I e II.
E) apenas em I e III.
NA PRÁTICA
O conhecimento das ações e funções musculares permite compreender como ocorrem os 
principais desvios posturais, tanto de forma estática quanto de forma dinâmica. Muitas 
condições álgicas estão associadas a essas alterações.
Acompanhe, Na Prática, o caso de um jovem adulto que apresenta lombalgia. Fique atento aos 
testes utilizados, seus significados e possíveis formas de intervenção.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Tipos de análise biomecânica
Neste vídeo, você poderá ver o que é a análise biomecânica e a diferença entre as análises 
qualitativa e quantitativa.
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A adição de exercícios específicos do core ao treinamento funcional não influencia a 
performance em tarefas de força rápida
Este estudo demonstra um resultado interessante que justifica o princípio da especificidade do 
treinamento. Ele avaliou se a inclusão de exercícios específicos para o core promove melhora 
em tarefas de força rápida.
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Comparação do exercício agachamento nas superfícies estável e instável sobre a 
eletromiografia e percepção subjetiva de esforço
Neste artigo, os pesquisadores demonstram a atividade eletromiográfica dos músculos vasto 
lateral, reto abdominal, oblíquo externo e longuíssimo no exercício de agachamento em base de 
apoio tanto estável quanto instável.
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