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E-book - Direito das Obrigações [Prof Patrícia Strauss]

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Direito das Obrigações – Arts. 233-420 do Código Civil 
 
I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
Elementos constitutivos da obrigação: 
->Credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo); 
->Elemento objetivo imediato: prestação 
->Elemento imaterial: vínculo 
No Direito Obrigacional temos os sujeitos envolvidos que são o credor (polo ativo) 
e o devedor (polo passivo). O credor tem o direito de exigir o cumprimento da 
obrigação e o devedor tem a obrigação de prestá-la. 
 
1.1: Fontes das obrigações: 
* Lei, contratos (tidos como principais fontes das obrigações), atos ilícitos e abuso 
de direito, atos unilaterais etc. 
 
II - MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES: 
As modalidades de obrigações são: dar, fazer, não fazer, alternativas, indivisíveis e 
solidárias. 
 
1: Obrigação de Dar se divide em: dar coisa certa e dar coisa incerta. 
A obrigação de dar coisa certa (Artigos 233-242), por sua vez, se divide em 
obrigação de dar coisa certa, modalidade entregar e obrigação de dar coisa certa, 
modalidade restituir. Tanto na de entregar ou na obrigação de restituir, o devedor 
se compromete a ENTREGAR ou RESTITUIR algo específico, que pode ser tanto bem 
móvel quanto imóvel. 
 
1.1 Obrigação de dar coisa certa 
A - Modalidade entregar. 
Um dos exemplos desta modalidade é o contrato de compra e venda, no qual, após 
efetuar o pagamento do preço, o comprador se torna CREDOR e o vendedor se 
torna DEVEDOR. 
Para o Código Civil o importante é quando o devedor NÃO cumpre com sua 
obrigação. Ao não cumprir, a lei então disciplina a solução. 
 
 
 
 Perecimento (perda total) *Com culpa: A obrigação se resolve 
(volta ao “status quo ante”) e o devedor 
deverá pagar ao credor perdas e danos. 
 
*Sem culpa: A obrigação se resolve 
(volta ao “status quo ante”). 
Deterioração (perda parcial) *Com culpa: Credor terá duas opções: 
Resolver a obrigação ou ficar com a 
coisa como se encontra exigindo, em 
qualquer dos casos, perdas e danos. 
*Sem culpa: Credor terá duas opções: 
receber o bem como se encontra com 
abatimento ou resolver a obrigação 
(voltar ao estado inicial) 
➔ Resolver a obrigação significa voltar ao estado inicial, ao “status quo ante”. 
Assim o devedor devolveria o dinheiro ao credor. 
 
B - Obrigação de dar coisa certa: modalidade restituir: 
 Um dos exemplos de tal modalidade é o contrato de comodato (empréstimo 
gratuito de bens), uma vez que o bem dado em comodato, teremos de um lado o 
comodante como CREDOR e o comodatário como devedor (com obrigação de 
restituir, de devolver ao comodante). 
Da mesma forma, aqui o Código Civil se preocupa quando o devedor NÃO cumpre 
com a obrigação: 
Perecimento *Com culpa: Responderá o comodatário 
pelo equivalente do valor do bem mais 
perdas e danos. 
*Sem culpa: Se a coisa se perde e não é 
culpa do devedor, então ARCARÁ O 
CREDOR com a perda. Suporta o credor 
o prejuízo. 
Deterioração *Com culpa: Credor poderá escolher 
ficar com a coisa como se encontra OU 
exigir o equivalente, com perdas e 
danos. 
*Sem culpa: Sofre o credor a perda e 
deverá receber o bem no estado em 
que se encontra. 
 
 
 
 
Importante: 
 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos 
e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, 
poderá o devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os 
pendentes. 
->Se entre o contrato e a entrega do bem, por exemplo, sobreveio melhoramentos 
no bem, o devedor poderá exigir aumento no preço a ser pago e se o credor não 
concordar, poderá então o devedor pedir a resolução do contrato. 
Artigos do Código Civil para cada tipo de Obrigação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DAR COISA 
CERTA
Art. 233 a 242 
do CC
Entregar
Perecimento 
(perda total)
Com culpa
Art. 234, 2ª parte 
do CC
Sem culpa
Art. 234, 1ª parte, 
do CC
Deterioração 
(perda parcial
Com culpa
Art. 236, CC
Sem culpa
Art. 235, CC
Restituir
Perecimento 
(perda total)
Com culpa
Art. 239, CC
Sem culpa
Art. 238, CC
Deterioração 
(perda parcial)
Com culpa
Art. 240, CC
Sem culpa
Art. 240, CC
Exemplo: 
compra e venda 
 
 
 
1.2: Obrigação de dar coisa incerta (Artigos 243 – 246): 
O objeto da obrigação não é algo específico, mas precisa ser, ao menos, indicado 
por gênero e quantidade. Assim, o objeto deve ser, ao MENOS, determinável, ou 
seja, que vai vir a ser determinado. 
Como exemplo, podemos pensar em um contrato em que credor e devedor 
estabelecem que o devedor irá entregar um cavalo da sua fazenda. É, assim, possível 
que se contrate um objeto determinável, mas que, precisará ser escolhido e 
separado, para que então, possa ser entregue. 
Como regra, aqui e em outros momentos do Código Civil, se nada foi estipulado 
pelas partes de outra maneira, a escolha cabe ao devedor. 
Há um momento em que a obrigação de dar coisa incerta se torna obrigação de dar 
coisa certa. Isso ocorre quando a escolha é feita E o credor é cientificado de tal 
escolha. Após a ocorrências destes DOIS fatos, então iremos buscar respostas para 
o caso de inadimplemento do devedor, na parte que trata de obrigação de dar coisa 
certa, já que após a escolha E cientificação, o que era incerto passou a ser certo. 
IMPORTANTE: 
Artigo 246: Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração 
da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 
->Por este artigo, o “gênero nunca perece”. Assim, antes da escolha a obrigação 
continuava sendo INCERTA e se houver o perecimento/deterioração, não poderá o 
devedor alegar em defesa, ainda que tais fatos tenham ocorrido por caso fortuito 
ou força maior. 
2 – Obrigação de Fazer: Artigo 247-249 do Código Civil: 
Neste caso, não se tem a obrigação um objeto móvel ou imóvel e sim a PRESTAÇÃO 
consiste no cumprimento de uma tarefa ou a realização de um serviço, por exemplo. 
A obrigação de fazer pode ser fungível ou infungível. 
2.1: Obrigação de fazer infungível: Possui natureza personalíssima. Em caso de o 
devedor não cumprir com a obrigação, o credor terá as seguintes opções: 
A – Exigir o cumprimento da obrigação, por força do artigo 497 do CPC, com 
cominação de multa ou 
B – Resolver a obrigação e pedir perdas e danos. 
*No entanto, se não for culpa do devedor (pintor perde o movimento dos braços e 
não consegue mais realizar a pintura que tinha se obrigado) então teremos a 
obrigação será resolvida (artigo 248). 
 
 
 
 
Fixação: 
Personalíssima 
Somente a pessoa que pode cumprir com o seu contrato. 
Exemplo: João foi contratado para fazer um show na cidade de Santa Cruz do Sul, 
logo, somente João poderá cumprir o contrato. 
- Com culpa: resolve + indenização por perdas e danos. 
- Sem culpa: o contrato somente se resolve (se desfaz). 
 
2.2: Obrigação de fazer fungível: É aquela que pode ser cumprida por outra pessoa. 
Em caso de não cumprimento pelo devedor, poderá o credor optar: 
A – exigir o cumprimento forçado da obrigação, no termos do 497 do CPC; 
B – pedir o cumprimento da obrigação por terceiro, à custa do devedor originário; 
C – Poderá requerer a conversão em perdas e danos. 
Fixação: 
Não personalíssima 
Ocorre quando a obrigação pode ser cumprida por terceiro. 
Exemplo: Paulo é contratado para pintar a casa de Ana. Caso Paulo não faça a 
pintura da casa, há a possibilidade de outra pessoa fazer o serviço. Sendo assim, 
um terceiro executa o serviço, e Paulo realiza o pagamento ao mesmo. 
Vejamos o que dispõe o art. 248 do Código Civil e seu parágrafo único: 
“Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-
lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da 
indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de 
autorização judicial, executar ou mandar executaro fato, sendo depois ressarcido.” 
 
3 – Obrigação de não fazer: (Artigos 250-251): 
Importante destacar o momento em que a pessoa se torna inadimplente na 
obrigação de não fazer. O artigo 390 do Código Civil, dispõe que, nas obrigações 
negativas, o devedor será considerado inadimplente a partir do dia em que executar 
o ato no qual deveria se abster. 
A obrigação de não fazer, extingue-se quando não é possível abster-se do ato a 
qual se obrigou a não praticar, desde que o devedor não tenha culpa (art. 250, CC). 
A – Quando o devedor praticou o ato que deveria ser abster, mas é possível 
desfazer o que foi feito, é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 251. 
 
 
- Regra: necessária autorização do juiz: Art. 251 do Código Civil. 
- Exceção: Se for urgente, conforme disposto no art. 251, parágrafo único do Código 
Civil, não será necessária autorização do juiz. 
B – Quando o devedor praticou o ato que deveria se abster, mas não é possível 
desfazê-lo, não é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 250. 
- Com culpa: ocorrerá a extinção do contrato, e a pessoa será condenada a pagar 
indenização por perdas e danos. 
- Sem culpa: só será feita a extinção do contrato. 
 
Obs.: Artigo 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente 
desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. 
 
4 – Obrigações Alternativas: Artigos 252 – 256 do Código Civil: 
 
 Nas obrigações alternativas é possível o cumprimento da obrigação através 
da escolha de um OU de outro objeto. A obrigação será adimplida no momento em 
que se efetuar o cumprimento de 1 dos objetos. Assim, se Maria, devedora, se 
obrigou a pagar para João 1000 sacas de arroz OU 1000 sacas de farinha, com a 
entrega de somente um deles, teremos o adimplemento da obrigação. 
 Se nada foi estipulado, a escolha caberá ao devedor. Não poderá o credor 
(João) exigir, por exemplo, que Maria entregue parte em farinha e parte em arroz. 
Da mesma forma que não pode João solicitar tal feito à Maria, também não pode 
Maria solicitar tal feito para João (entrega em partes de cada objeto). 
 Além disso, se a obrigação se estipulou de forma que ocorram através de 
prestações periódicas (todo mês Maria precisa entregar, por exemplo) esta escolha 
poderá ser exercida em cada período. 
 O artigo 253 nos informa que se uma das duas prestações não puder ser 
objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Assim, se uma das obrigações não puder ser executada (se tornou proibida por lei, 
por exemplo) então o que era antes obrigação alternativa, passa a ser obrigação 
simples, já que o débito subsistirá com relação à outra prestação. 
Artigo 254: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das 
prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o 
valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso 
determinar 
*Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca. Por 
culpa de Maria, os dois animais morreram, impossibilitando o cumprimento da 
prestação. Se a escolha couber a Maria ou terceiro, por exemplo, temos que ficará 
Maria obrigada a pagar o valor da que por último se impossibilitou (o último animal 
que morreu, por exemplo) mais perdas e danos. 
 
 
 
Artigo 255: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se 
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação 
subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, 
ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de 
qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. 
*Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca. Aqui, 
um dos objetos se tornou impossível (um animal morreu, por exemplo) por culpa 
do devedor poderá o credor João exigir o outro animal OU o valor do animal que 
morreu com perdas e danos. Se os dois morreram por culpa de Maria, então o 
credor poderá reclamar o valor de um OU de outro, além de indenização por perdas 
e danos. Vale lembrar que neste artigo, a escolha cabia para João. 
 
Já se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, 
extinguir-se-á a obrigação, conforme artigo 256 do CC. 
 
5 – Obrigações Divisíveis e Indivisíveis Artigos 257 – 263. 
 A classificação em divisível ou indivisível somente possui relevância 
quando tivermos mais de um devedor ou mais de um credor. 
Obrigação divisível: pode ser cumprida de maneira fracionada. Exemplo: 
1000 sacas de arroz. 
Obrigação indivisível: não pode ser cumprida em partes. Exemplo: 1 cavalo. 
 
5.1: Obrigação divisível: 
O artigo 257 trata sobre a obrigação divisível e nos informa que sendo a 
obrigação assim, ela será dividida entre tantos credores e devedores houver. Assim, 
se Maria e Carla são devedoras de R$100.000,00 (cem mil reais) de João, que é o 
credor, de acordo com o artigo 257, João somente poderá exigir R$50.000,00 
(cinquenta mil reais) de cada uma: “Havendo mais de um devedor ou mais de um 
credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, 
iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”. 
5.2: Obrigação indivisível: 
 
Segundo o artigo 258 a obrigação é indivisível A obrigação é indivisível 
quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, 
por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante 
do negócio jurídico. Pode assim, a indivisão ser natural (animal, por exemplo) por 
motivo de ordem econômica (um pedra preciosa) ou então legal (imposta pela lei). 
 
 
 
Regras da obrigação indivisível: 
A – PLURAL DE DEVEDORES: 
Maria e Carla são devedoras de 1 animal (indivisível) para João (credor). João 
poderá cobrar a dívida toda (animal) somente de uma. Aquela que entregar para 
João o animal, poderá cobrar da outra a quota parte do valor do animal. 
Artigo 259: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for 
divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do 
credor em relação aos outros coobrigados. 
B – PLURAL DE CREDORES: 
Maria é devedora de 1 animal para João e Carlos, que são os credores de 
Maria. Tanto João quanto Carlos poderão exigir de Maria o animal, mas Maria só se 
desobriga da dívida entregando para João e Carlos em conjunto ou então 
entregando para João, que dará caução (garantia) que o outro credor irá ratificar. 
Artigo 260: Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir 
a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
 
Lembrando que aquele credor que receber o animal, deverá pagar em 
dinheiro a quota parte dos outros credores (artigo 261). 
 
C – REMISSÃO: Artigo 262 
Se um dos credores perdoar (remitir) a dívida, não teremos a extinção dela, 
mas tão somente o desconto da quota do credor que perdoou. Isso também ocorre 
em caso de transação, novação, compensação ou confusão. 
 
D – PERDA DA QUALIDADE DE INDIVISÍVEL: Artigo 263. 
A obrigação indivisível perde esta qualidade, quando se converter em perdas 
e danos. Perdas e danos é uma obrigação de dar e que é divisível. Se todos os 
devedores foram culpados, todos responderão em partes iguais. Se somente um for 
o culpado, fica o culpado com a responsabilidade de pagar perdas e danos. 
 
6 – Obrigações solidárias: Artigos 264-285. 
Tanto quanto na divisibilidade e indivisibilidade, somente há importância em 
se discutir sobre obrigações solidárias se tivermos MAIS de um credor ou devedor. 
E, como regra principal da solidariedade, temos que cada CREDOR pode exigir de 
 
 
cada DEVEDOR o cumprimento da obrigação por inteiro. Da mesma forma, cada 
DEVEDOR pode pagar a qualquer um deseus CREDORES, a dívida toda. 
 
IMPORTANTE: 
A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
 
6.1: Solidariedade ativa: Artigos 267 - 274 
 
Regras da solidariedade ativa: 
 
A – CREDOR PODE EXIGIR A PRESTAÇÃO POR INTEIRO: 
De acordo com o artigo 267, cada credor poderá exigir o cumprimento da 
obrigação por inteiro. Além disso, enquanto algum credor não ajuizou ação contra 
o devedor, este mesmo devedor poderá pagar para qualquer um dos credores e 
estará liberado (artigo 268). 
Em adição, a dívida será extinta até o valor que for pago. Assim, se Maria 
deve R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para João e Carlos, seus credores, e pagar 
R$40.000,00 para um deles, ainda assim ficará devendo R$10.000,00 (dez mil 
reais). 
B – FALECIMENTO DE UM DOS CREDORES SOLIDÁRIOS: 
Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes 
herdeiros somente terá direito a exigir e receber a quota de crédito que corresponde 
ao seu quinhão hereditário, salvo se for obrigação indivisível. 
Digamos que Maria, devedora, deve R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para 
João e Carlos, seus credores solidários. João tem 2 filhos, A e B. João falece. Sendo 
a quota de João o valor de R$25.000,00, cada filho poderia cobrar de Maria a 
quantia de R$12.500,00. 
Um ponto muito importante na solidariedade ativa é a de que ainda que 
qualquer um dos credores possa cobrar a dívida toda, ele não terá direito ao valor 
todo. Após cobrar a totalidade da dívida, por exemplo, deverá entregar as quotas 
partes aos demais credores. 
 
C – MANUTENÇÃO DA SOLIDARIEDADE 
Ao contrário da indivisibilidade, se a prestação se converter em perdas e 
danos, a solidariedade se mantém (artigo 271). 
 
D – REMISSÃO POR UM DOS CREDORES: 
 
 
Se um dos credores remitiu a dívida, responde aos demais pelas partes que 
lhes caibam. Assim, se João perdoou a dívida de Maria, que era de R$50.000,00 
deverá responder para com as quotas partes dos demais, já que os demais não 
perdoaram. 
 
E – EXCEÇÕES PESSOAIS: 
 
Exceções pessoais são defesas de mérito que podem ser arguidas como, por 
exemplo, vícios do consentimento (erro, dolo...) e também incapacidades, por 
exemplo. Na obrigação solidária ativa o devedor não poderá opor essas defesas 
contra os demais credores, somente contra aquele credor que fez negócio viciado. 
 
6.2: Solidariedade Passiva: Artigos 275 – 285. 
 
Regras da solidariedade passiva: 
A – COBRANÇA DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA 
A principal regra aqui é a de que, havendo mais de um devedor, o credor 
poderá exigir de qualquer um o pagamento da dívida toda. 
Assim, se Maria e Carla são devedoras de R$50.000,00, Carlos seu credor, 
poderá cobrar a totalidade da dívida somente de Maria, por exemplo. 
Se o pagamento foi parcial, ainda assim continuam as duas devedores como 
obrigadas à totalidade da dívida. 
 
B – MORTE DE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS: 
 
Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes 
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, 
salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como 
um devedor solidário em relação aos demais devedores. 
Assim, se Maria e Carla são devedores de R$50.000,00 e Maria falece, 
deixando dois herdeiros: A e B. Cada um dos herdeiros será responsável apenas 
pela sua quota parte. Assim, João-credor, somente poderia cobrar de A o valor de 
R$12.500,00, por exemplo. 
 
C – REMISSÃO E PAGAMENTO PARCIAL: 
 
Se o pagamento parcial foi realizado por um dos devedores, ou houve o 
perdão da dívida para um dos devedores, isso não irá atingir os demais devedores 
 
 
solidários. O que os demais devedores terão é um desconto na parte paga parcial 
ou na parte remitida (perdoada). 
 
D – IMPOSSIBILIDADE DE PRESTAÇÃO: 
Se a prestação por culpa de um dos devedores solidários ficar 
impossibilitada, a obrigação irá subsistir para TODOS de pagar o valor desta 
obrigação. Pelas perdas e danos somente responderá o culpado. 
E – EXCEÇÕES PESSOAIS: 
Segundo o artigo 281 o devedor demandado por opor ao credor as exceções 
que lhes forem pessoais e as comuns a todos. Como exemplo, podemos pensar que 
qualquer devedor poderá alegar a prescrição da divida, já que são defesas comuns. 
Já vícios do consentimento, por exemplo (exceções pessoais) somente poderão ser 
usados pelo devedor que sofreu. 
F – RENÚNCIA: 
É possível que o credor renuncie de forma parcial a solidariedade (somente 
para um devedor, por exemplo) ou total (em favor de todos os devedores). 
Exemplo: João credor e possui 3 devedoras: Maria, Carla e Joana, que devem 
R$30.000,00. João renunciou a solidariedade com relação à Maria. Assim, Maria 
somente poderá ser cobrada de R$10.000,00, enquanto Carla e Joana poderão ser 
demandadas por R$20.000,00. 
G – DEVEDOR INSOLVENTE: 
O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um 
dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, 
se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. 
Assim, no caso de João credor ter três devedoras solidárias: Maria, Carla e 
Joana. Se uma delas efetuar o pagamento da obrigação, poderá solicitar que as 
demais paguem as quotas partes de cada. Se uma delas for insolvente, a sua quota 
parte será dividida entre os outros co-devedores. 
IMPORTANTE: 
Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos 
devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem 
consentimento destes. 
 
 
III – DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES: Artigos 286 – 303. 
É importante destacar o título da matéria a ser examinada: As obrigações 
são transmitidas. Assim, não há o adimplemento, inadimplemento etc. O que há é a 
transmissão de uma obrigação de um sujeito para o outro. 
 
 
 
3.1: Cessão de crédito: (Art. 286 – 298). 
 
*Negócio jurídico bilateral; 
*Gratuito ou oneroso; 
*Credor transfere a outra pessoa total ou parcialmente a sua posição da relação 
obrigacional. 
Partes da cessão de crédito: Cedente e Cessionário. 
 
 Com a cessão se transfere todo o crédito, inclusive com seus acessórios. Um 
ponto muito importante é que para que ocorra a cessão não é necessário o 
consentimento do devedor. 
OBS.: 
*Não é possível ceder o crédito em alguns casos (alimentos, por exemplo); 
*A impossibilidade de cessão pode estar no documento (instrumento obrigacional) 
que então impede qualquer tipo de cessão. 
*A regra proibitiva de cessão não pode ser oposta ao cessionário de boa-fé se não 
constar no próprio instrumento. 
 
->Como as demais regras do CC, a cessão entre partes possui total eficácia, não 
necessitando inclusive forma escrita. Porém, para que tenha eficácia perante 
terceiros, é necessária a celebração de um acordo escrito, por meio de instrumento 
público ou particular. 
 
->Ainda que para que ocorra a cessão de crédito não seja necessária a participação 
do devedor (já que o credor-cedente está cedendo o crédito para outra pessoa – 
cessionário), é porém imprescindível que o devedor seja notificado. Esta notificação 
pode ocorrer de forma judicial ou extrajudicial (artigo 290). Também pode ocorrer 
a notificação presumida, na qual no próprio documento de cessão de cedente para 
cessionário, o devedor informa que está ciente da cessão. 
 Em decorrência do princípio da boa-fé, o devedor que não sabia que tinha 
havido a cessão de crédito (não foi notificado, por exemplo) e que paga ao devedor 
primitivo, não terá que pagar novamente. 
 De acordo com o artigo 294 as exceções (defesas) que o devedor poderia 
opor ao seu antigo credor (cedente) poderão ser opostas também contra o novo 
(cessionário). 
 
 
 
 
MUITO IMPORTANTE: 
Na cessão onerosa (cessionário cobra algo do cedente pela cessão de crédito, por 
exemplo) o cedente fica responsável pela EXISTÊNCIAda dívida para com o 
cessionário, mas não pelo pagamento a ser feito pelo devedor. 
Exemplo de cessão onerosa: “Factoring” (cheques são vendidos por valores 
menores). 
Além disso, o cedente não responde pela solvência do devedor. Se o devedor não 
pagar ao cessionário, não poderá o cessionário cobrar a dívida do cedente. Salvo 
disposição em contrário (conforme artigo 296). 
Se ficar estipulado que o cedente responde pela solvência do devedor (artigo 297) 
o cessionário responderá apenas com relação ao que recebeu do cessionário, com 
respectivos juros. 
 
3.2: Assunção de Dívida: (Artigos 299-303). 
 
 Negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor com a anuência do credor 
transfere a um terceiro a posição de devedor em uma obrigação. Consoante artigo 
299: É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento 
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao 
tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. 
 Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na 
assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. 
 Por exemplo: João é credor e Maria devedora. Carla, amiga de Maria, se 
oferece para ASSUMIR a dívida que Maria tem para com João. Com a concordância 
de João, Maria se libera da obrigação, nada mais devendo para João (a não ser que 
Carla era insolvente, caso em que Maria voltaria para o polo passivo da obrigação). 
O novo devedor é chamado de terceiro assuntor (Carla). 
 Diz o artigo 300 que a partir da assunção deverão ser consideradas extintas 
as garantias especiais dadas pelo devedor primitivo (Maria). Salvo se Maria 
concordar que tais garantias irão permanecer. 
 Já o artigo 301 trata que se a substituição do devedor vier a ser anulada, o 
débito será restaurado, com todas as garantias, salvo as prestadas por terceiro (a 
não ser que este terceiro estava mancomunado com o devedor primitivo, que sabia 
do vício). 
 
 
 
 
IV – ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: 
 
1 – DO PAGAMENTO: 
 
Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação 
(e, como consequência a extinção de credor e devedor) é necessário que se cumpra 
o pagamento com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se paga, o que se paga, 
onde se paga e quando se paga. Uma vez cumpridas tais exigências, teremos a 
extinção da obrigação através do pagamento. Se uma delas não for cumprida, 
poderá ser aplicado o ditado de que: “quem paga mal, paga duas vezes.” 
 
 
 
 
 
 REQUISITOS 
 
 
 
 
1.1: De quem deve pagar: Artigos 304-307. 
 
 Um ponto muito importante aqui é que usa as palavras solvens (que paga) 
e accipiens (quem recebe) e não exatamente credor e devedor. Isso porque 
outras pessoas além do devedor podem pagar e outras pessoas além do credor 
podem receber. 
 MUITO IMPORTANTE: 
Quem paga: 
->Devedor 
->Terceiro interessado. (por exemplo: fiador): Ao pagar, se sub-roga nos direitos 
do credor primitivo. 
->Terceiro não interessado: (amigo, por exemplo). Ao pagar, não se sub-roga, 
mas tem direito de regresso contra o devedor. Isso se fizer o pagamento em seu 
nome. Se fizer em nome do devedor, será como uma doação e então não terá 
direito à reembolso. 
Quem paga;
Para quem se paga;
Qual o objeto do pagamento;
Lugar do pagamento;
Tempo do pagamento.
 
 
*Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor 
se opuser poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento. 
 
*Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba 
ou em oposição ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para 
o devedor, se este último tinha meios para ilidir a ação. 
 
1.2: Para quem se paga: 
 O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este 
credor. 
 MUITO IMPORTANTE: 
*Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado 
que depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309). 
*Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, mas 
se provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será válido. 
 
-> Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo 
se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. 
 
1.3: Objeto de pagamento e sua prova: Artigos 313 - 326 
 
• Objeto do pagamento: Art. 313 a 318 do Código Civil 
• Prova: Art. 319 a 326 do Código Civil 
 1.3.1: OBJETO 
 Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados 
a pagar ou receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais 
valiosos. Da mesma forma, sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor 
partilhar a prestação se assim não se estipulou 
 
Princípio do Nominalismo: Artigo 315. As dívidas em dinheiro devem ser pagas em 
moeda corrente nacional e pelo valor nominal. 
 
É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento, de 
acordo com o artigo 316: É lícito convencionar o aumento progressivo de 
prestações sucessivas. 
 
 
Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual 
por fato superveniente. Para que ocorra é necessária uma imprevisibilidade somada 
a uma onerosidade excessiva. Estaria aqui consagrada a teoria da imprevisão. 
 
MUITO IMPORTANTE: Contratação de pagamento em moeda estrangeira e 
em ouro, quando não há autorização legislativa, é tida como NULA – Artigo 318. 
Para o STJ não há nulidade caso o pagamento seja cotado em moeda 
estrangeira ou em ouro, mas há o valor correspondente em reais, por conversão. 
REsp 1.323.219/RJ 
 
 1.3.2: PROVA: 
 
 O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o 
pagamento, se não lhe for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do 
pagamento. Seus requisitos se encontram no artigo 320: A quitação, que sempre 
poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida 
quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do 
pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a 
quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. 
 Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os 
requisitos do “caput” do artigo 320. Contudo, caso não possua todos requisitos, 
poderá ainda assim o pagamento ser comprado por outros meios. 
 
PRESUÇÕES DE PAGAMENTO: São presunções relativas (admitem prova em 
contrário). 
***Artigo 322: Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última 
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. 
***Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se 
pagos. 
Juros são acessórios. Uma vez pago o principal, presume-se que os acessórios 
também foram pagos. 
***Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. 
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em 
sessenta dias, a falta do pagamento. 
***Art. 325: Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a 
quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa 
acrescida. 
 
 
 
1.4: Do lugar de pagamento: Artigos 327 – 330. 
 
 Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no 
domicílio do devedor. Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o 
devedor para buscar o pagamento. 
Domicílio do devedor – dívida quesível ou quérable. 
Domicílio do credor ou outro domicílio escolhido dívida portável ou portable. 
 
 Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio 
será efetuado o pagamento. Importante lembrar que se o pagamento consistir na 
tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-áno lugar onde 
situado o bem. 
 
Muito importante: Artigo 330: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz 
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. 
Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a 
aplicação da “SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”. 
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar 
do tempo. Já a “SURRECTIO” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por 
exemplo, perde o direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o 
devedor ganha um novo domicílio para efetuar o pagamento. 
 
1.5: Do tempo de pagamento: Artigos 331-333. 
 Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, 
se não houver data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá se exigido 
à vista (cuidar o contrato de mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC). 
 Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da 
dívida. Isso ocorre: 
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por 
outro credor; 
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, 
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. 
 
 Para a doutrina, esse rol não é taxativo e sim exemplificativo. 
 
 
 
 
2 – Da consignação em pagamento: 334 - 345 
Depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que consiga 
se liberar da obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no 
Código de Processo Civil, artigos 539 e seguintes do CPC. 
 O depósito pode ser feito de forma judicial ou em estabelecimento bancário 
da coisa devida (neste caso, somente dinheiro e é chamada de consignação 
extrajudicial). 
 Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do 
devedor, que não será inadimplente e, assim, não terá contra ele as 
consequencias do inadimplemento. 
 As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335: 
A consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, 
ou dar quitação na devida forma; 
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição 
devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, 
ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; 
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do 
pagamento; 
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
*Para vários doutrinadores, este rol seria exemplificativo. 
 Como a consequencia da consignação é a liberação do devedor, como se 
tivesse realizado o pagamento, para que a consignação tenha então FORÇA DE 
PAGAMENTO, é necessário que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo 
e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. 
MUITO IMPORTANTE: 
 A consignação deverá ser requerida no LUGAR do pagamento – artigo 337 
do CC. 
 Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora 
o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores. 
 O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, 
se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, 
assumirá o risco do pagamento. 
Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem 
mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação. Este é o único 
caso em que um credor pode pedir a consignação. 
 
 
 
3 – Do pagamento com sub-rogação: Art. 346 - 351 
 A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por 
outra, realizada através do pagamento. 
 O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do 
devedor, para que não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o 
credor sai da relação obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador 
passa a ser o novo credor do devedor (que não pagou e então continuará 
devendo, mas agora para o novo credor, que era seu antigo fiador). 
 Importante destacar que na sub-rogação não há a EXTINÇÃO da dívida e 
sim a substituição de uma pessoa por outra através do pagamento. Não há o 
surgimento de nova dívida. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os 
direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o 
devedor principal e os fiadores. 
 Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional: 
 
Sub-rogação legal ou automática 
(deriva da lei). Está no artigo 346: 
Sub-rogação convencional (deriva do 
contrato). Está no artigo 347: 
I - do credor que paga a dívida do 
devedor comum; 
II - do adquirente do imóvel hipotecado, 
que paga a credor hipotecário, bem 
como do terceiro que efetiva o 
pagamento para não ser privado de 
direito sobre imóvel; (alguém pode 
pagar a dívida para se afastar de 
eventual evicção). 
III - do terceiro interessado, que paga a 
dívida pela qual era ou podia ser 
obrigado, no todo ou em parte. 
 
I - quando o credor recebe o 
pagamento de terceiro e 
expressamente lhe transfere todos os 
seus direitos; 
II - quando terceira pessoa empresta ao 
devedor a quantia precisa para solver a 
dívida, sob a condição expressa de ficar 
o mutuante sub-rogado nos direitos do 
credor satisfeito. 
 
Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do 
credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. 
 
4 – Da imputação em pagamento: Artigos 352-355 
 
 Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias 
dívidas com um mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor 
poderá escolher qual delas ele quer pagar. 
 
 
Requisitos para a imputação: 
-Mesmo credor e devedor 
-Plural de dívidas 
-Líquidas e vencidas 
-Débitos da mesma natureza. 
Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). 
Se o devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor (Artigo 
353). Caso nem o devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação 
legal, ou seja, a lei, no seu artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: 
Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à 
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as 
dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na 
mais onerosa. Assim: 
1 – Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros/ 
2– A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar; 
3 – Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita 
na mais onerosa. 
 
4 – Dação em pagamento: Artigo 356-359: 
 
A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do 
contratado. Assim, se exige uma obrigação previamente criada e um acordo 
posterior em que o credor aceita receber objeto diverso do contratado. 
 
 Para que haja dação, podemos ter então a substituição de dinheiro por 
bens móvel ou imóvel, de uma coisa por outra, de dinheiro por fato etc. 
Muito importante: Artigo 359: 
Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a 
obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de 
terceiros. 
 
5 – Novação : Artigo 360 – 367 
Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de 
uma nova. O principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus 
acessórios e garantias. 
Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o 
for feita novação sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado. 
 
 
Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O animo de novar está 
expresso no artigo 361. 
Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo367). 
Assim, a obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação. 
No artigo 360 temos as hipótese de novação. 
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e 
substituir a anterior; 
->Temos aqui a novação REAL. 
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; 
->Chamada de novação subjetiva passiva, já que além da criação de nova 
dívida, extinguindo a anterior, também temos a troca do polo passivo (devedor). 
->Se o devedor original não foi chamado para consentir (artigo 363) teremos 
a novação subjetiva passiva por expromissão. 
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, 
ficando o devedor quite com este. 
->Chamada de novação subjetiva ativa, já que além da criação de nova dívida, 
extinguindo a anterior, também temos a troca do polo ativo (troca de credor). 
 
 Súmula 286 STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão de 
dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades nos 
contratos anteriores.” 
 
6 – Compensação: Artigos 368 – 380 
 
Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora 
umas das outras, extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem. 
 
Requisitos: 
-sujeitos são credores e devedores entre eles; 
-dívidas líquidas vencidas e fungíveis; 
-se houver determinação de qualidade, somente se compensam se for a mesma 
qualidade. 
 
 
 A compensação pode ser: 
A – legal: decorre da lei e independe da vontade das partes. 
B – convencional: decorre de acordo de vontades entre as partes. Não há 
necessidade de pressupostos como dívidas líquidas e vencidas, etc., já que sendo 
Direito Privado, as partes podem convencionar como lhes aprouver. 
 
 
 
*Prazos de favor não obstam a compensação (artigo 372). Prazos de favor são 
prazos que os credores dão para seus devedores, de forma a aumentar o prazo 
para pagamento. 
*A diferença da causa, do motivo pela qual a compensação pode ocorrer, não 
impede compensação. No entanto, há casos em que não é possível a compensação 
(artigo 373): 
I - se provier de esbulho, furto ou roubo (presença de atos ilícitos); 
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; 
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. 
Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no 
caso de renúncia prévia de uma delas. 
Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem 
compensar sem dedução das despesas necessárias à operação. 
Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão 
observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do 
pagamento. 
 
7 – Confusão: Artigo 381 – 384 
 
A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confunde as figuras de credor 
e devedor. Pode ocorrer por um ato “inter vivos” ou “causa mortis”. 
Ela pode ser total ou parcial, ou seja, ocorrer com relação a toda a dívida ou 
somente de parte dela. 
Como exemplo, podemos pensar que alguém deve uma quantia ao seu pai. 
Esse pai então falece e esse filho irá receber herança. Teremos a extinção da 
dívida, já que o filho irá receber a herança. 
 
8 – Remissão de dívidas: Artigos 385 – 388 
 
A remissão é o perdão da dívida que é concedida pelo credor ao devedor. 
No entanto, para que se tenha a liberação do devedor, é necessário que ele 
ACEITE o perdão. Assim, é um negócio jurídico bilateral. 
A remissão pode recair sobre a dívida inteira ou sobre parte dela. 
 
 
Há formas de perdão expresso (escrito) e também tácito. Um exemplo de remissão 
tácita ocorre no artigo 386, em que o credor devolve o título da obrigação (cheque, 
por exemplo) ao devedor. No entanto, se devolver, restituir o objeto empenhado 
(garantia do penhor) não significa que perdoou a dívida, mas sim que não quer mais 
a garantia – artigo 387. 
 
Para não confundir: 
Consignação: quando se quer realizar o pagamento, no sentido de cumprir com a 
obrigação, mas não se consegue, então se consigna. 
Sub-rogação: substituição de uma pessoa por outra realizada através do 
pagamento. 
Imputação: escolhe qual dívida, líquida e vencida, se quer pagar. 
Dação: quando o credor aceita receber um objeto diferente do contratado. 
Novação: contratação de nova dívida para extinguir a anterior. 
Compensação: mesmo credor e devedor com reciprocidade de dívidas líquidas e 
vencidas. 
Remissão: Perdão e que precisa da concordância do devedor. 
Confusão: confunde na mesma pessoa, as figuras do credor e devedor. 
 
 
V – DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: 
 
Capítulo I – Das disposições gerais: 389-393. 
 O Código Civil dá grande importância para o inadimplemento das 
obrigações. Temos aqui a responsabilidade civil contratual, que se encontra nos 
artigos 389 e seguintes. 
 A partir do inadimplemento, nasce o dever de indenizar perdas e danos 
(artigos 402, 403 e 404 do CC). 
 Temos dois tipos de inadimplemento: 
*Inadimplemento relativo, parcial ou mora: Descumprimento parcial em que a 
obrigação ainda pode ser adimplida. 
*Inadimplemento total ou absoluto: A obrigação não pode mais ser cumprida. Ela 
se tornou inútil para o credor. 
 Como regra, de acordo com o artigo 389 não cumprida a obrigação, 
responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária 
 
 
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. No 
entanto, (artigo 393) o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso 
fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Caso fortuito é evento totalmente imprevisível. Força maior é evento previsível, 
porém inevitável. Na parte final do artigo 393 é dito que se a parte assumir o risco 
(Cláusula de assunção convencional) então mesmo em caso fortuito/força maior irá 
responder. 
 
Capítulo II – Da mora: Artigos 394 - 401 
 Mora é atraso, retardamento ou até mesmo o cumprimento inexato da 
obrigação que, então, traduz o não cumprimento do contrato e, assim, a mora. A 
mora pode ser tanto do credor quanto do devedor. 
 Estar em mora é não cumprir a obrigação no tempo, forma, objeto, enfim, a 
maneira como foi originalmente contratado. 
Mora do devedor: Artigo 394: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o 
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei 
ou a convenção estabelecer. 
O devedor em mora responde pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, 
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, e honorários de advogado (artigo 395). 
->Chamada de “mora solvendi” ou “mora debendi”. 
Obs.: Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora 
(artigo 396). Assim, se a obrigação não for cumprida em razão de algo que não seja 
culpa do devedor, não teremos a caracterização da mora. Esse aspecto é bem 
importante, já que informa que para que haja a mora, é necessário que haja a CULPA 
do inadimplente. Se não houver culpa, não teremos mora. 
 
Classificação da mora: 
A – Mora “ex re” ou mora automática: Se houver data para adimplemento da 
obrigação e não for cumprida, temos que o seu inadimplemento já constitui 
automaticamente em mora o devedor. 
B – Mora “ex persona” ou mora pendente: Se não houver data (termo), a mora 
precisa primeiro ser constituída através de interpelação judicial ou extrajudicial. 
C – Mora irregular ou presumida: Artigo 398: Nas obrigações provenientes de ato 
ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. 
 
Mora do credor: Artigo 400: A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à 
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas 
empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável 
 
 
ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o 
da sua efetivação.->A mora do credor é chamada de mora “accipiendi, creditoris ou credenti”. 
 
->Há ainda a colocação do artigo 399, que trata sobre a responsabilidade do 
devedor que, em mora, responde pela impossibilidade da prestação, mesmo que 
essa impossibilidade resulta de caso fortuito ou força maior. O devedor poderá se 
isentar de tal responsabilidade se comprovar que o dano sobreviria ainda quando 
a obrigação fosse cumprida pelo devedor. 
 Como com a mora (inadimplemento relativo) é possível o cumprimento da 
obrigação, podemos ter então a chamada PURGA DA MORA: Artigo 401: 
Art. 401. Purga-se a mora: 
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos 
prejuízos decorrentes do dia da oferta; 
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se 
aos efeitos da mora até a mesma data. 
 
Inadimplemento absoluto da obrigação: Não cumprida a obrigação, temos o artigo 
389, que diz que o inadimplente responde pelo valor do objeto, mais perdas e 
danos, juros, cláusula penal (se prevista) atualização monetária, custas e honorários 
do advogado (somente teremos honorários se o advogado participou efetivamente). 
Entende a doutrina que a menção aos honorários no artigo 389 e também no 404 
é de honorários contratuais e não sucumbenciais. 
 
Obs.: Entendimentos doutrinários: 
->Mora “ex re”: Juros moratório passam a contar a partir do vencimento da 
obrigação. 
->Mora “ex persona”: Juros moratórios passam a contar a partir da citação. 
->Mora presumida ou irregular: a partir da ocorrência do evento danoso. Súmula 
54 do STJ: “OS JUROS MORATORIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO, EM 
CASO DE RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL”. 
 
*Súmula 380 STJ: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe 
a caracterização da mora do autor. 
*Súmula 369 STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja 
cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para 
constituí-lo em mora. 
*Súmula 412 STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de 
arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em 
 
 
dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a título de perdas e danos, 
salvo os juros moratórios e os encargos do processo. 
*Súmula 562 STF: Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe 
a atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, os 
índices de correção monetária. 
*Súmula 426 STJ: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir 
da citação. 
 
Capítulo III – Das perdas e danos: Artigos 402-405 
 Segundo o artigo 402 as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além 
do que ele efetivamente perdeu (danos emergentes ou positivos), o que 
razoavelmente deixou de lucrar (lucros cessantes ou danos negativos). 
 Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só 
incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, 
sem prejuízo do disposto na lei processual. Assim, não é possível a reparação de 
dano hipotético ou eventual. 
 
 
Capítulo IV – Dos juros legais: Artigos 406-407 
 
 Um dos principais efeitos do inadimplemento contratual é a incidência de 
juros. 
Classificação dos juros: 
A. convencionais: decorrem de um contrato entre as partes; 
B. legais: decorrem da lei 
C. moratórios: Decorrem do descumprimento parcial da obrigação (que é o 
significado de mora). São devidos desde a constituição da mora e não dependem 
de alegação/comprovação do prejuízo (artigo 407). 
Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa 
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a 
taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à 
Fazenda Nacional. 
D. compensatórios ou remuneratórios: decorrem de uma utilização acordada de 
determinado capital. 
 
 Observar Súmulas relativas ao tema: 
Súmula 283 do STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são 
instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não 
 
 
sofrem as limitações da Lei de Usura. 
 
Súmula 596 STF: As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas 
de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições 
públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional. 
Súmula 530 STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa 
de juros efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou pela falta de 
juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada 
pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for 
mais vantajosa para o devedor 
 
 
 
Capitulo V – Da cláusula penal: Artigos 408 - 416 
 
 Clausula penal é uma punição, penalidade de natureza CIVIL e tem a ver com 
o inadimplemento obrigacional. Também é chamada de multa contratual ou pena 
convencional. 
 Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do 
contrato. É uma obrigação acessória e tem o fim de obter o cumprimento do 
contrato. 
 A cláusula penal pode ser classificada em: clausula penal moratória e clausula 
penal compensatória. 
1 – Clausula penal moratória: caso de inadimplemento parcial, em que ainda é 
possível o cumprimento. Serve para a punição de quem retardou em efetuar o 
pagamento. Não compensa o inadimplemento, nem substitui o pagamento. 
A doutrina entende que a multa moratória deve ter um teto de até 10% sobre o 
valor da dívida. Já para contratos de consumo, o valor é de até 2%. 
O artigo 411 trata especificadamente da clausula penal moratória, já que diz: 
Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial 
de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da 
pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. Assim, 
quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento da 
obrigação E o cumprimento da clausula penal moratória. 
 
2 – Clausula penal compensatória: no caso de inexecução total da obrigação. Ela 
tem a função de antecipar as perdas e danos 
 Aqui temos a aplicação da regra do artigo 412: O valor da cominação 
imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. 
 
 
 Neste caso não poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação E 
também a multa compensatória: Quando se estipular a cláusula penal para o caso 
de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a 
benefício do credor (artigo 410). 
*Se a clausula penal tiver um valor excessivo, deverá o juiz reduzir: A penalidade 
deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido 
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, 
tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. (artigo 413). 
Importa lembrar que o STJ entende que se houver clausula penal para uma parte 
do contrato e quem infringiu foi a outra parte (que não tem previsão de cláusula 
penal) ela deve ser aplicada para ambos os contratantes, indistintamente, ainda que 
redigida para a aplicação de apenas uma das partes. 
->Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar 
a incidência da clausula penal: Para exigir a pena convencional, não é necessário 
que o credor alegue prejuízo (artigo 416). 
 Ainda que o prejuízo exceda o previsto na clausula penal, não pode o credor 
exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. e o tiver sido, a 
pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo 
excedente. 
***Assim, não se pode cumular multa compensatória com indenização por perdas e 
danos decorrentes do inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato 
estiver previsto tal possibilidade, a multacompensatória será já o mínimo de 
indenização. Cabe ao credor então comprovar o prejuízo excedente. 
Capítulo VI – Arras ou Sinal: Artigos 417 - 420 
 
 Como o próprio nome nos ensina, arras é um sinal dado em um negócio, em 
dinheiro ou outro bem móvel entregue por uma parte à outra. Tal sinal irá constar 
em um contrato preliminar. São muito comuns em promessa de compra e venda de 
imóvel. 
 Há dois tipos de arras: 
1 – Confirmatórias: Quando não há a possibilidade de arrependimento quanto à 
celebração do contrato definitivo. Teremos então o artigo 418: 
Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por 
desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem 
as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, 
com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, 
juros e honorários de advogado. 
->A parte que sofreu com o inadimplemento do outro poderá pedir indenização 
suplementar ou execução: “A parte inocente pode pedir indenização suplementar, 
se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte 
inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras 
como o mínimo da indenização.” – Artigo 419. 
 
 
->Como não há possibilidade de arrependimento, não cumprido o contrato, já incide 
as arras. 
->Sem clausula de arrependimento e com perdas e danos. 
2 – Penitenciais: Quando consta no contrato a possibilidade de arrependimento. 
Aqui as arras terão função unicamente indenizatória, já que as partes podiam se 
arrepender, se assim quisessem. Está no artigo 420: Se no contrato for estipulado 
o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função 
unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da 
outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os 
casos não haverá direito a indenização suplementar. 
Com clausula de arrependimento e sem perdas e danos 
 
Obs.: Súmula 412 do STF: Súmula 412 
No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução 
do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dôbro, por quem o recebeu, exclui 
indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os 
encargos do processo. 
 
(XXIV Exame– FGV) Após se aposentar, Álvaro, que mora com sua esposa em Brasília, 
adquiriu de Valério um imóvel, hipotecado, localizado na cidade do Rio de Janeiro, por 
meio de escritura pública de cessão de direitos e obrigações. 
Com a intenção de extinguir a hipoteca, Álvaro pretende pagar a dívida de Valério, mas 
encontra obstáculos para realizar o seu desejo, já que a instituição credora hipotecária 
não participou da aquisição do imóvel e alega que o pagamento não pode ser realizado 
por pessoa estranha ao vínculo obrigacional. 
Diante dessa situação, responda aos itens a seguir. 
A) Qual é a medida judicial mais adequada para assegurar o interesse de Álvaro? (Valor: 
0,85) 
Gabarito comentado FGV: Álvaro é terceiro interessado no pagamento desta dívida, 
sendo, portanto, parte legítima para ingressar com uma ação de consignação em 
pagamento, meio mais adequado conducente à exoneração do devedor, nos termos do 
Art. 304 do Código Civil. 
B) Qual o foro competente para processar e julgar a referida medida? (Valor: 0,40) 
Gabarito comentado FGV: O foro competente é o da cidade do Rio de Janeiro, o lugar 
do pagamento, como prescreve o Artigo 540 do CPC/15. 
 
 
 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 
ITEM PONTUAÇÃO 
A. Ação de consignação em pagamento (0,45), já que Álvaro 
é terceiro interessado e, portanto, parte legítima (0,30), nos 
termos do art. 304 do CC OU do art. 539 do CPC/15. 
0,00 / 0,45 / 0,55 /0,75 
/ 0,85 
B. O foro competente é o da cidade do Rio de Janeiro (0,30), 
conforme o art. 540 do CPC/15 (0,10). 
0,00 / 0,30 / 0,40 
 
 
(XX Exame Reaplicação Porto Velho / RO - FGV) Avelino, Ferdinando e Tábata, 
engenheiros recém-formados, resolveram iniciar em conjunto um negócio, sem 
constituir pessoa jurídica, cujo objeto seria a reforma de imóveis usados. Para dar início 
à empreitada, os três se utilizaram de financiamento bancário, assumido em caráter 
solidário, com prazo de pagamento de dois anos. O negócio se desenvolveu bem, 
mostrando-se lucrativo, e os três engenheiros foram compondo uma reserva financeira 
que se destinaria a pagar o empréstimo. A quantia necessária acaba por ser amealhada 
com seis meses de antecedência. 
Avelino, responsável pela gestão econômico-financeira do empreendimento, decidiu 
manter o dinheiro aplicado até o vencimento da dívida, em vez de antecipar o 
pagamento. Ocorre que Avelino esqueceu de pagar a dívida, razão pela qual, Ferdinando 
e Tábata, receberam interpelação do banco credor, exigindo o pagamento imediato da 
dívida, acrescida da multa contratual e dos juros de mora. 
Com vistas a evitar maiores constrangimentos e na impossibilidade de se comunicar com 
Avelino, um deles, Ferdinando, resolveu quitar, com recursos próprios, a dívida toda. 
Com base no caso narrado, responda aos itens a seguir. 
A) O que Ferdinando poderá exigir de cada um dos demais devedores solidários? (Valor: 
0,70) 
Gabarito comentado FGV: Tratando-se de solidariedade passiva, todos os três 
devedores são obrigados, perante o credor, pela dívida toda (Art. 275 do Código Civil). 
Na hipótese de um deles efetuar o pagamento, este se sub-roga nos direitos do credor 
em face dos demais, podendo exigir, de cada um, a sua cota-parte, conforme Art. 283 
do Código Civil. No entanto, apenas o devedor culpado responde, perante os demais, 
pelos acréscimos derivados da mora, segundo o Art. 280 do Código Civil. Sendo assim, 
se Ferdinando pagar a dívida toda, poderá exigir de Tábata o equivalente a um terço da 
obrigação principal e de Avelino o equivalente a um terço da obrigação principal, além 
do valor integral da multa e dos juros de mora. 
B) Se Ferdinando fosse citado pelo banco, em ação de cobrança ajuizada sob o 
procedimento comum, poderia ele promover a inclusão dos demais devedores na 
relação processual, a fim de exigir-lhes o que de direito nos mesmos autos? De que 
forma? (Valor: 0,55) 
 
 
Gabarito comentado FGV: Sim. Para isso, Ferdinando deverá promover o chamamento 
ao processo dos demais devedores solidários, com fundamento no Art. 130, inciso III, do 
CPC/15. 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 
ITEM PONTUAÇÃO 
A) Fernando poderá exigir de Tábata um terço da obrigação 
principal (0,20) (art. 283 do CC)(0,10). Fernando poderá 
exigir de Avelino um terço da obrigação principal e, ainda, a 
integralidade dos acréscimos moratórios – multa penal e 
juros de mora (0,30) (art. 280 do CC) (0,10). 
0,00 / 0,20 / 0,30 / 
0,40 / 0,50 / 0,60 / 
0,70 
B) Sim. Meio adequado à pretensão: chamamento ao 
processo (0,45), conforme o art. 130, inciso III, do CPC/15 
(0,10). 
0,00 / 0,45 / 0,55 
 
(XVII Exame – FGV) Mario e Henrique celebraram contrato de compra e venda, tendo 
por objeto uma máquina de cortar grama, ficando ajustado o preço de R$ 1.000,00 e 
definido o foro da comarca da capital do Rio de Janeiro para dirimir quaisquer conflitos. 
Ficou acordado, ainda, que o cheque nº 007, da Agência nº 507, do Banco X, emitido por 
Mário para o pagamento da dívida, seria pós-datado para ser depositado em 30 dias. 
Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Mário ficou desempregado. Decorrido o prazo 
convencionado, Henrique efetuou a apresentação do cheque, que foi devolvido por 
insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo 
mesmo motivo, acarretando a inclusão do nome de Mário nos cadastros de 
inadimplentes. 
Passados dez meses, Mário conseguiu um novo emprego e, diante da inércia de 
Henrique, que permanece de posse do cheque, em cobrar a dívida, procurou-o a fim de 
quitar o débito. Entretanto, Henrique havia se mudadoe Mário não conseguiu 
informações sobre seu paradeiro, o que inviabilizou o contato pela via postal. 
Mário, querendo saldar a dívida e restabelecer seu crédito perante as instituições 
financeiras procura um advogado para que sejam adotadas as providências cabíveis. 
Com base no caso apresentado, elabore a peça processual adequada. (Valor: 5,00) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo 
legal não confere pontuação. 
Gabarito comentado FGV (ATENÇÃO: NESTE EXAME FOI UTILIZADO O CPC/73): A peça 
cabível consiste em uma Ação de Consignação em Pagamento, nos termos dos artigos 
890 a 900 do CPC e dos artigos 334 a 345 do Código Civil. A demanda deverá ser proposta 
perante uma das Varas Cíveis da Comarca do Rio de Janeiro. Deverá Mário figurar no 
polo ativo e Henrique no polo passivo, atendendo-se aos requisitos previstos no Art. 282 
do CPC. 
 
 
Na abordagem dos fatos e fundamentos, deve o examinando salientar a existência de 
relação jurídica contratual entre as partes, destacar a existência de dívida pendente e a 
pretensão de liberar-se da obrigação pelo pagamento, o que não ocorreu em virtude do 
fato de que o credor reside em local desconhecido, o que autoriza a consignação. 
Deverá, ainda, requerer o depósito da quantia devida, pedindo-se a antecipação dos 
efeitos de tutela jurisdicional, com determinação da retirada do nome de Mário dos 
cadastros de inadimplentes, a citação por edital do réu para levantar a quantia 
depositada ou oferecer resposta, deduzir pretensão declaratória de extinção da 
obrigação pelo pagamento, a condenação em custas e os honorários advocatícios e a 
produção de prova por todos os meios admitidos. 
Ao final, deve o examinando indicar o endereço do advogado, o valor da causa, o local, 
a data e a assinatura do advogado, além de comprovar o pagamento das custas. 
OBSERVAÇÃO 
Correspondências entre o CPC/73 e o CPC/15: 
CPC 1973 CPC 2015 
Artigos 890 a 900 do CPC Artigos 539 a 549 do CPC 
Artigo 282 do CPC Artigo 319 do CPC 
Tutela antecipada Tutela provisória 
Artigo 273 do CPC Art. 294 e seguintes do CPC 
Artigo 269, I, do CPC Art. 487, I, do CPC 
 
 
 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 
ITEM PONTUAÇÃO 
Endereçamento ao juízo correto: Juízo de uma das Varas Cíveis 
da comarca da capital do Rio de Janeiro (0,10) 
0,00 / 0,10 
Indicação correta do polo ativo (0,10) com qualificação (0,10) e 
passivo (0,10) com qualificação (0,10) 
0,00 / 0,10 / 0,20 / 
0,30 / 0,40 
Fundamentos legais: CPC, artigos 890 a 900 OU CC, artigos 334 
a 345 (0,20) 
Obs.: A simples menção ao dispositivo não pontua 
0,00 / 0,20 
Fundamentação: 
1 – afirmação de existência da relação contratual; (0,20) 
2 - existência de dívida pendente e o interesse em quitá-la.; 
(0,20) 
3 - não localização da residência do credor para receber o 
pagamento; (0,20) 
0,00 / 0,20 /0,40 / 
0,60 
Demonstração do cumprimento dos requisitos da tutela 
antecipada (0,45), nos termos do disposto no art. 273 do CPC 
(0,15) 
Obs.: A simples menção ao dispositivo não pontua. 
0,00 / 0,45 / 0,60 
Pedidos: 
1 - depósito da quantia devida; (0,30) 
0,00 / 0,30 / 
2 - citação do réu (0,10) por edital (0,10) para levantar o 
depósito ou oferecer resposta; (0,10) 
0,00 / 0,10 / 0,20 / 
0,30 
3- Concessão de tutela antecipada, com determinação da 
retirada do nome de Mário dos cadastros de inadimplentes; 
(0,30) 
0,00 / 0,30 / 
4 - a procedência da ação (0,20), conforme art. 269, I, do CPC 
(0,15) , para confirmar a antecipação de tutela (0,20) e declarar 
extinta a obrigação pelo pagamento (0,20) 
0,00 / 0,20 / 0,35 / 
0,40 / 0,55 /0,60 
/0,75 
5 - a condenação do réu ao pagamento de custas (0,15) e 
honorários advocatícios; (0,15) 
0,00 /0,15 / 0,30 
Protesto pela produção de provas (Art. 282, do CPC) (0,20) 0,00 / 0,20 
Indicação de pagamento de custas processuais ou pedido de 
gratuidade de justiça (0,10) 
0,00 / 0,10 
Estruturação adequada da peça: Fato (0,10), fundamento (0,20) 
e pedido (0,25) 
0,00 /0,10 / 0,20/ 
0,25, /0,30/ 0,35/ 
0,45 /0,55 
Valor da Causa (Art. 282, do CPC) (0,20) 0,00 / 0,20 
Local, data, assinatura e OAB do advogado (0,10) 0,00 / 0,10

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