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Imunologia veterinária - Vacinas

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CENTRO UNIVERSITARIO UNIVERITAS 
MEDICINA VETERINARIA 
 
 
 
GUILHERME FELIPE A RODRIGUES – 01332983 
GABRIELA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIROSES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
Vacinas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE 
2021 
Sumário 
Tecnologia de Vacinas Modernas ........................................................................................................... 3 
Antígenos Gerados por Clonagem Gênica (Categoria I) ...................................................................... 3 
Organismos Geneticamente Atenuados (Categoria II) ....................................................................... 4 
Organismos Vivos Recombinantes (Categoria III) ............................................................................... 5 
Vacinas de Polinucleotídeos (Categoria IV) ......................................................................................... 8 
Estratégias de Sensibilização e Reforço (Prime- Boost) .................................................................. 9 
Vacinologia Reversa .......................................................................................................................... 10 
Características de um bom antígeno .................................................................................................... 11 
Tipos de vacinas .................................................................................................................................... 11 
Vacinas replicativas ............................................................................................................................... 12 
Vacinas com vírus patogênico ........................................................................................................... 12 
Vacinas com vírus de espécie heteróloga ......................................................................................... 12 
Vacinas com vírus atenuado ............................................................................................................. 12 
Vírus naturalmente atenuado ....................................................................................................... 12 
Atenuação por passagens em cultivo celular ................................................................................ 12 
Atenuação por passagens em ovos embrionados............................................................................. 13 
Atenuação por passagens em espécie heteróloga ............................................................................ 13 
Vírus temperatura-sensíveis (TS) ...................................................................................................... 13 
Vírus atenuados por deleção de genes ............................................................................................. 13 
Vírus com marcadores antigênicos ................................................................................................... 13 
Vetores vacinais .................................................................................................................................... 13 
Vacinas não-replicativas ........................................................................................................................ 13 
Vacinas com vírus inativado .............................................................................................................. 13 
Vacinas de subunidades virais ........................................................................................................... 14 
Vacinas de proteínas recombinantes ................................................................................................ 14 
Vacinas de peptídeos sintéticos ........................................................................................................ 14 
Vacinas de DNA e RNA .......................................................................................................................... 14 
Vacinas monovalentes e polivalentes ................................................................................................... 14 
Resposta imune celular ......................................................................................................................... 15 
Resposta imune humoral ...................................................................................................................... 15 
Referência bibliográfica......................................................................................................................... 17 
 
 
Tecnologia de Vacinas Modernas 
Embora tanto as vacinas vivas modificadas quanto as inativadas tenham demonstrado sucesso no 
controle de várias doenças infecciosas, é sempre necessário torná-las mais eficazes, baratas e 
seguras. 
 
 
O uso de técnicas moleculares modernas pode produzir vacinas novas e melhoradas. Estas vacinas 
podem ser divididas em diversas categorias. 
Classificação do USDA para Produtos Biológicos Veterinários Desenvolvidos por Engenharia Genética 
I Vacinas que contêm organismos recombinantes inativados ou antígenos purificados 
derivados de organismos recombinantes. 
II Vacinas contendo organismos vivos que contenham deleções gênicas ou genes heterólogos 
marcadores. 
III Vacinas que contêm vetores de expressão ativos expressando genes heterólogos para 
antígenos imunizantes ou outros estimulantes. 
IV Outras vacinas geneticamente modificadas, como vacinas de polinucleotídeos. 
 
Antígenos Gerados por Clonagem Gênica (Categoria I) 
A clonagem gênica pode ser utilizada na produção de grandes quantidades de antígeno purificado de 
cultivo. Neste processo, o DNA que codifica para um antígeno de interesse é, primeiramente, isolado 
do patógeno. Este DNA é inserido em uma bactéria ou levedura, de forma que o gene seja funcional 
e expresse o antígeno recombinante em grandes quantidades. A primeira aplicação bem-sucedida da 
clonagem gênica para a preparação de um antígeno desta forma envolveu o vírus da febre aftosa, o 
qual é extremamente simples. 
 
O antígeno protetor (VP1) é bem conhecido e os genes que codificam para essa proteína foram 
mapeados. O genoma do RNA do vírus da febre aftosa foi isolado e transcrito em DNA pela enzima 
transcriptase reversa. O DNA foi, em seguida, cuidadosamente clivado por endonucleares de 
restrição, de forma que contivesse apenas o gene para o VP1. Este DNA, então, foi inserido em um 
plasmídeo inserido em uma E. coli e as bactérias foram cultivadas. As bactérias sintetizaram grandes 
quantidades de VP1, o qual foi recuperado, purificado e incorporado a uma vacina. O processo é 
altamente eficaz, uma vez que 4 × 10 7 doses da vacina contra a febre aftosa podem ser obtidas a 
partir de 10 L de E. coli cultivados a 10 12 organismos por mililitro. Infelizmente, a imunidade 
produzida é inferior à gerada pelo vírus inativado, exigindo uma dose 1.000 vezes maior para a 
indução de uma proteção equivalente. 
 
Organismos Geneticamente Atenuados (Categoria II) 
A atenuação por meio de cultura prolongada em tecidos pode ser considerada uma forma primitiva 
de engenharia genética. O resultado desejado é o desenvolvimento de uma cepa do organismo que 
seja incapaz de causar a doença. Este pode ser um objetivo difícil de atingir, e sempre existe o risco 
de reversão da virulência. As técnicas de genética molecular, no entanto, possibilitam a modificação 
de genes de um organismo, de tal forma que ele se torne irreversivelmente atenuado. Eles são 
classificados como vacinas da categoria II. Estas vacinas estão disponíveis contra o herpesvírus 
causador da doença de Aujeszky em suínos. A enzima timidina quinase (TK) é necessária para que os 
herpesvírus se repliquem em células indivisíveis, como os neurônios. Os vírus dos quais o gene TK foi 
removido podem infectar células nervosas, mas não podem se replicar nem causar a doença. 
 
Como resultado, essas vacinas, além de conferiremproteção eficaz, também bloqueiam a invasão 
celular por vírus da doença de Aujeszky, prevenindo o desenvolvimento de um estado de portador 
persistente. 
 
Organismos Vivos Recombinantes (Categoria III) 
Os genes que codificam para antígenos proteicos podem ser clonados diretamente em uma 
variedade de organismos. Em vez do antígeno purificado, o próprio organismo recombinante pode 
ser utilizado como vacina. Estes organismos são classificados como vacinas da categoria III. 
 
As vacinas recombinantes experimentais têm utilizado como vetores adenovírus, herpesvírus e 
bactérias como BCG ou Salmonella, entretanto, os organismos mais empregados para este propósito 
são poxvírus, como vaccínia, avipoxvírus e canaripox. Estes vírus são facilmente administrados por 
raspagem cutânea ou por ingestão. Possuem genomas extensos e estáveis, o que torna a inserção de 
um novo gene relativamente fácil (até 10% de seu genoma pode ser substituído por DNA exógeno), e 
podem expressar concentrações elevadas do novo antígeno. Além disso, as proteínas recombinantes 
são submetidas a etapas adequadas de processamento, incluindo a glicosilação e o transporte 
através da membrana do poxvírus. Os poxvírus aviários, como canaripox, são vetores especialmente 
efetivos em mamíferos. Eles não se replicam e a expressão de antígeno dura apenas cerca de 6 
horas. Como resultado, estas vacinas são muito seguras, não podem ser transmitidas por artrópodes 
e não são excretadas nos fluidos corporais. É interessante destacar que não estimulam imunidade no 
vetor viral, característica que ocorre na utilização de outros vetores e que pode evitar imunizações 
subsequentes. Vacinas vetorizadas com canaripox muitas vezes são capazes de ultrapassar o 
bloqueio de anticorpos maternos, primando animais jovens. Elas não conseguem reverter-se a 
virulentas novamente. Em consequência, vacinas vetorizadas com canaripox são amplamente 
utilizadas para doenças como leucemia felina, vírus do Nilo Ocidental, parvovirose canina, cinomose, 
influenza equina e raiva. Outro exemplo de uma vacina viva recombinante é a vacina antirrábica 
vetorizada com vaccínia. O gene da glicoproteína do envelope da raiva, ou proteína G, é inserido no 
vírus vaccínia. A glicoproteína é o único antígeno da raiva capaz de induzir anticorpos neutralizantes 
contra o vírus, conferindo proteção contra a doença. A infecção pela vacina antirrábica de vaccínia 
recombinante resulta na produção de anticorpos contra a proteína G, levando ao desenvolvimento 
da imunidade. Essa vacina obteve sucesso quando administrada por via oral, por meio de iscas, a 
carnívoros selvagens. Esta forma de vacina pode ser distribuída a partir de aeronaves. Assim, na 
Bélgica, a vacina oral contra a raiva, lançada por via aérea, exterminou efetivamente a raiva em 
raposas espalhadas pelas Ardenas. 
 
A vacina foi utilizada em Ontário para prevenir a disseminação da raiva em raposas; em Nova Jersey, 
para prevenir a disseminação da raiva em guaxinins, e no Texas, para bloquear a disseminação da 
raiva em coiotes. Por exemplo, desde 1995, 17,5 milhões de doses da vacina antirrábica vetorizada 
com vaccínia foram lançados por via aérea ao longo de 661.745 km2 do Texas com grande sucesso. 
Custo-Benefício da Vacinação 
A raiva é uma doença cara. Se um animal não vacinado morde um humano, os custos incluem os da 
vacinação pós-exposição da vítima, bem como a quarentena ou a eutanásia do animal. O cérebro do 
animal deve ser examinado para a presença do vírus. Estes custos, é claro, não levam em 
consideração o estresse e a preocupação associada à doença. No Texas, a vacinação aérea, pela 
distribuição de iscas alimentares contendo a vacina vetorizada antirrábica, tem sido empregada para 
imunizar coiotes contra a raiva. O total de gastos com o programa inclui: vacinas, alimentos, aviões, 
combustível, e assim por diante. Os benefícios foram economias associadas à profilaxia humana pós-
exposição e aos testes para a raiva animal na área afetada. Foi calculado que o programa de 
vacinação contra a raiva custou cerca de U$ 26 milhões. Os benefícios foram estimados entre U$ 89 e 
U$ 346 milhões! Dependendo da frequência de profilaxia pós-exposição e testes em animais, a 
relação custo-benefício variou de 3,38 a 33,13. 
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Shwiff SA, Kirkpatrick KN, Sterner RT: Economic evaluation of an oral rabies vaccination program for 
control of a domestic dog-coyote rabies epizootic: 1995-2006, J Am Vet Med Assoc 233: 1736–1741, 
2008. 
 
Vacinas de Polinucleotídeos (Categoria IV) 
Outro método de vacinação envolve a injeção, não de um antígeno proteico, mas do DNA que 
codifica para antígenos estranhos. Por exemplo, o DNA que codifica para o antígeno de uma vacina 
pode ser inserido em um plasmídeo bacteriano, ou seja, uma sequência de DNA circular que atua 
como vetor. 
 
O gene do antígeno vacinal é inserido sob o controle de uma sequência promotora forte em 
mamíferos. Quando o plasmídeo modificado geneticamente é injetado em um animal por via 
intramuscular, ele é incorporado pelas células do hospedeiro. O DNA, então, é transcrito em mRNA e 
traduzido em uma proteína vacinal endógena. 
 
O plasmídeo, ao contrário dos vetores virais, não pode se replicar em células de mamíferos. O 
conhecimento já adquirido tem demonstrado que a incorporação do plasmídeo é aprimorada com o 
uso de alguns “adjuvantes”, que podem incluir complexos lipídicos, microcápsulas e copolímeros não 
iônicos. O fosfato de alumínio parece particularmente efetivo na melhoria da eficácia vacinal. As 
células do hospedeiro transfectadas processam a proteína vacinal e apresentam-na, como um 
antígeno endógeno, associada a moléculas do MHC classe I. Isso leva ao desenvolvimento de não 
apenas anticorpos neutralizantes, mas também de linfócitos T citotóxicos, uma vez que o antígeno é 
endógeno. Os antígenos expressos apresentam modificações pós-traducionais e estruturas terciárias 
adequadas, como a glicosilação. A resposta imunológica também é acentuada devido ao fato de que 
o DNA bacteriano contém motivos CpG não metilados, os quais são reconhecidos pelo receptor do 
tipo toll 9 (TLR9) e ativam células dendríticas. Esta ativação, por sua vez, promove uma intensa 
resposta Th1. Esse tipo de vacina é utilizado para proteger equinos contra a infecção pelo vírus do 
Nilo Ocidental. A vacina comercial consiste em um vetor plasmidial construído para expressar altas 
concentrações das proteínas do envelope viral (E) e pré-membrana (prM). Além disso, o plasmídeo 
contém promotores e genes marcadores. Quando injetado, combinado a um adjuvante oleoso 
biodegradável, o plasmídeo penetra nas células, levando-as a expressar a proteína viral. Uma 
segunda vacina de DNA foi aprovada para prevenção da necrose hematopoiética infecciosa em 
salmões no Atlântico. Outra vacina de DNA aprovada destina-se ao tratamento de cães com câncer 
letal, o melanoma. Os animais vacinados têm o tempo de vida prolongado significativamente. 
 
Estratégias de Sensibilização e Reforço (Prime- Boost) 
Há muito tempo costuma-se utilizar exatamente a mesma vacina para a primeira imunização do 
animal e para o reforço da resposta imunológica. A abordagem apresenta diversas vantagens, como 
a simplicidade na fabricação e regulamentação para produzir as vacinas. Entretanto, não há razão 
que impeça a utilização de diferentes formas de uma vacina na primeira imunização e no reforço. 
Esta abordagem é conhecida como estratégia de sensibilização (prime) e reforço (boost). Em 
determinadas circunstâncias, a técnica pode resultar na melhoria significativa da eficácia vacinal. De 
certa forma, o protocolo de sensibilização e reforço é empírico e os pesquisadores podem 
simplesmente testar várias combinações de vacinas para determinar qual atinge os melhoresresultados. A estratégia de sensibilização e reforço vem sendo amplamente investigada na tentativa 
de melhorar a eficácia das vacinas de DNA. Em geral, as combinações envolvem a sensibilização com 
uma vacina de DNA, porém o reforço é com outra vacina de DNA, talvez administrada com outro 
vetor, ou com antígenos proteicos recombinantes. 
 
Vacinologia Reversa 
Com a atual disponibilidade de genomas microbianos completos, é possível identificar todas as 
proteínas de um patógeno por análise computacional. A análise pode ser utilizada para a seleção de 
potenciais epitopos protetores deste repertório. Isto pode levar à identificação de antígenos 
específicos ou desconhecidos, que podem ser testados experimentalmente – um processo 
denominado vacinologia reversa. 
 
Os procedimentos envolvidos incluem o sequenciamento completo dos antígenos de interesse, 
seguido pela identificação dos epitopos importantes, especialmente os que se ligam a moléculas de 
MHC e são preferencialmente reconhecidos por linfócitos T CD4+ e CD8+. A predição dos epitopos 
pode ser realizada por modelos computacionais para proteínas ou pelo uso de anticorpos 
monoclonais que identifiquem componentes essenciais à proteção. Uma vez identificados, os 
epitopos protetores podem ser sintetizados quimicamente e testados em animais. As vacinas 
experimentais de linfócitos T têm sido desenvolvidas desta forma contra os vírus da febre aftosa, o 
parvovírus canino e o da influenza A. 
 
Características de um bom antígeno 
Uma molécula para ser reconhecida pelo sistema imune têm que ter características diferentes 
daquelas presentes no hospedeiro. Se a molécula for idêntica a alguma outra, presente no 
hospedeiro, será mais difícil induzir uma resposta. Este reconhecimento depende, inclusive, da 
distância filogenética entre o hospedeiro e a molécula estranha. Por exemplo, os seres humanos 
reconhecem bem antígenos bacterianos e virais porque na escala filogenética existe uma grande 
distância entre estas espécies, aumentando as diferenças presentes nas suas moléculas. 
A molécula para serem reconhecidas precisam ter um tamanho que permita que após o 
processamento, por células fagocíticas, ainda apresentem um tamanho mínimo para serem 
apresentadas para os linfócitos T. Moléculas de baixo peso molecular tais como a insulina (5.700 
daltons) e as histonas (6.000 daltons) atuam como háptenos enquanto que a toxina ou o toxóide 
tetânico possuem peso molecular aproximado de 10.500 daltons e atuam como ótimos antígenos. 
Bons antígenos normalmente são proteicos e pesam acima de 10.000 daltons. 
Além do tamanho, a molécula para ser imunogênica precisa ter uma estrutura primária que permita 
um melhor reconhecimento e isso depende da complexidade da sua estrutura básica. Uma proteína 
é formada por aminoácidos que de acordo com a sua sequência formam diferentes determinantes 
antigênicos propiciando uma resposta mais ampla. Os polissacarídeos complexos podem ter uma 
estrutura que também propicia uma boa resposta. As proteínas quando se associam a açúcares, 
lipídeos ou ácidos nucleicos formando, respectivamente, glicoproteínas, lipoproteínas ou 
ribonucleoproteínas também propiciam uma boa ativação dos linfócitos. 
A configuração espacial de uma molécula é importante porque um anticorpo reconhece não apenas 
a sequência de aminoácidos mas também a sua configuração espacial. 
 
Tipos de vacinas 
Diferentes tipos de vacina contra vírus estão licenciados para uso veterinário, sendo a maioria 
composta por vírus inativados ou por vírus vivos atenuados. A utilização de novas tecnologias, 
principalmente envolvendo a manipulação genética (tecnologia de DNA recombinante), tem 
originado inúmeros estudos e expectativas no surgimento de novas opções de vacinas. Algumas 
vacinas recombinantes já estão no mercado, enquanto várias outras estão em fase de 
desenvolvimento ou de testes. Para algumas dessas vacinas, no entanto, muitos estudos ainda são 
necessários para a comprovação de sua segurança e eficácia; motivo pelo qual ainda possuem pouca 
participação no mercado veterinário. Por outro lado, algumas vacinas produzidas por métodos 
clássicos, há décadas, ainda conservam o seu espaço devido à sua efi cácia e segurança. Vacinas 
autógenas de uso individual, produzidas com material coletado do animal a ser vacinado, são ainda 
uma das melhores formas de controle da papilomatose bovina e canina, demonstrando maior 
eficiência se comparadas com outros tipos de vacinas. Os diferentes tipos de vacinas contra vírus, já 
licenciadas ou ainda em fase de desenvolvimento, estão apresentados na tabela. 
 
Vacinas replicativas 
Vacinas com vírus patogênico 
Em casos específicos, os próprios vírus com potencial patogênico, sem atenuação ou tratamento 
prévio, podem ser utilizados como vacina. 
 
Vacinas com vírus de espécie heteróloga 
Alguns vírus, que são antigenicamente relacionados com outros vírus, podem ser utilizados para 
induzir imunidade em determinadas espécies nas quais não causam doença. 
 
Vacinas com vírus atenuado 
Vírus que apresentam maior patogenicidade e virulência precisam ser submetidos a procedimentos 
específicos para reduzir o seu potencial patogênico e viabilizar a sua utilização como vacinas 
replicativas. Do contrário podem produzir doença e, até mesmo, mortalidade nos animais vacinados. 
 
Vírus naturalmente atenuado 
Determinadas cepas virais são naturalmente pouco virulentas e, assim, podem ser utilizadas em 
vacinas vivas sem a necessidade de atenuação prévia. Um exemplo está na utilização de vírus dos 
sorotipos 2 e 3 do vírus da doença de Marek, para proteger os pintos contra o sorotipo 1 oncogênico. 
 
Atenuação por passagens em cultivo celular 
Utilizada na profilaxia da varicela, a vacina resultante é capaz de induzir uma forte imunidade frente 
ao vírus sem produzir sinais clínicos nos indivíduos vacinados, ou seja, o vírus vacinal é desprovido de 
patogenicidade e virulência, propriedades que caracterizam a atenuação viral. 
 
Atenuação por passagens em ovos embrionados 
A realização de múltiplas passagens em embriões de galinha também tem sido utilizada como forma 
de se atenuar vírus para uso em vacinas. Esse procedimento pode ser utilizado tanto para vírus de 
aves como para vírus de mamíferos que replicam em embriões de galinha. 
 
Atenuação por passagens em espécie heteróloga 
Os vírus destinados para uso em vacinas também podem ser atenuados por múltiplas passagens em 
uma espécie heteróloga, geralmente animais de laboratório (coelhos, camundongos, cobaias). 
 
Vírus temperatura-sensíveis (TS) 
Vírus atenuados para uso em vacinas podem também ser obtidos pela seleção de variantes que 
apresentam capacidade limitada de replicar sob temperatura corporal (37°C), mas que replicam com 
eficiência sob temperaturas mais baixas (30- 33°C). 
 
Vírus atenuados por deleção de genes 
Quando os genes envolvidos na virulência de um vírus são conhecidos, é possível introduzir 
alterações direcionadas no genoma viral através de manipulação genética. Vacinas deletadas são 
obtidas pela remoção ou inativação de genes relacionados com a virulência, utilizando técnicas de 
DNA recombinante. 
 
Vírus com marcadores antigênicos 
Vacinas com marcadores antigênicos – também denominadas vacinas diferenciais – são aquelas que 
induzem uma resposta sorológica nos animais vacinados que pode ser distinguida da resposta à 
infecção natural. 
 
Vetores vacinais 
Vírus natural ou artificialmente atenuados podem ser utilizados para carrear um ou mais genes que 
codificam antígenos virais imunoprotetores de outros vírus. Esses vírus funcionam, assim, como 
vetores vivos para a imunização de animais. O gene de interesse pode ser inserido no genoma do 
vírus vetor por manipulação genética. O resultado é um microorganismo recombinante que expressa 
as suas próprias proteínas e também a proteína heteróloga. Como consequência, a vacinação com 
estevírus induz resposta imunológica contra as proteínas do vetor e também contra a proteína do 
vírus heterólogo. 
 
Vacinas não-replicativas 
Vacinas com vírus inativado 
Vacinas inativadas, também chamadas de vacinas mortas, são obtidas a partir do vírus infectivo 
original, que passa pela eliminação irreversível da sua infectividade por métodos físicos ou químicos. 
São, portanto, vacinas compostas de partículas víricas íntegras, porém inertes e sem capacidade 
replicativa. 
 
Vacinas de subunidades virais 
O sistema imunológico – por meio de suas células e moléculas – não reconhece a estrutura completa 
do vírus. Ao contrário, reconhece e interage com pequenas regiões das proteínas que compõem as 
partículas víricas. Essas regiões, que na realidade são determinadas sequências de aminoácidos, são 
denominadas epitopos ou determinantes antigênicos. 
 
Vacinas de proteínas recombinantes 
A base dessas vacinas é semelhante às anteriores, com a diferença que a proteína viral de interesse 
não é extraída dos vírions, e sim produzida em organismos recombinantes. O gene de interesse é 
removido do vírus e inserido no genoma de bactérias ou leveduras, que passam a produzir a proteína 
em grande quantidade, possibilitando a sua purificação e administração na forma de vacina. 
 
Vacinas de peptídeos sintéticos 
Por maior que seja a molécula do antígeno, somente alguns epitopos são importantes para o 
reconhecimento pelos linfócitos B e indução da resposta imunológica. Assim, os epitopos virais, que 
são bem conhecidos e caracterizados por apresentarem maior capacidade imunoprotetora, podem 
ser sintetizados em laboratório, resultando em uma vacina de peptídeos sintéticos. Ou seja, essas 
vacinas contêm apenas as sequências de aminoácidos correspondentes aos epitopos relevantes, 
produzidas sinteticamente em laboratório. 
 
Vacinas de DNA e RNA 
A elaboração de uma vacina de DNA necessita a identificação prévia de um gene que codifica uma 
determinada proteína imunodominante e indutora de resposta protetora, o qual é inserido em um 
plasmídeo de expressão. Esse plasmídeo, que serve como vetor vacinal, contém um promotor 
eucariótico forte e um marcador de seleção para a produção do DNA em grande escala em bactérias. 
Uma grande quantidade desses plasmídeos é produzida em E. coli, sendo, então, purificada e 
inoculada no hospedeiro. Uma vez no organismo hospedeiro, o DNA é transportado até o núcleo das 
células locais, onde o gene será transcrito, a proteína produzida e, posteriormente, apresentada ao 
sistema imunológico. O resultado é a estimulação de resposta imunológica humoral e celular contra 
esta proteína e, como consequência, contra o vírus que a possui em sua estrutura. As vias de 
administração mais utilizadas para as vacinas de DNA são a intramuscular e a intradérmica, através 
das quais os plasmídeos podem ser injetados associados a lipídeos catiônicos ou através da 
metodologia de balística (gene-gun). 
 
Vacinas monovalentes e polivalentes 
Várias vacinas de uso humano e animal contêm antígenos de mais de um vírus – e também de 
bactérias – em sua formulação. O objetivo de se formular vacinas di-, tri-, tetra- ou polivalentes é o 
de facilitar o manejo da vacinação, ou seja, imunizar os animais contra vários patógenos em apenas 
uma ocasião. Dentre as vacinas multivalentes, podem-se mencionar dois tipos, de acordo com o 
objetivo e abrangência: a) vacinas multivalentes direcionadas contra síndromes clínicas definidas; b) 
vacinas multivalentes direcionadas contra vírus não-relacionados, mas que são prevalentes na 
população. 
 
Resposta imune celular 
A resposta imune específica mediada por células é representada pela atividade dos linfócitos T, pois 
a participação das demais células (macrófagos, DCs e células NK) faz parte da resposta inata e ocorre 
de forma inespecífica. Os mecanismos efetores dos linfócitos Th e Tc são distintos. Os linfócitos Th 
modulam a resposta imunológica através das citocinas, que agem estimulando e modulando a 
atividade de uma variedade de células do sistema imune. Os linfócitos Tc possuem a função precípua 
de identificar e destruir células infectadas por vírus. 
Na resposta imune celular, as moléculas de reconhecimento ficam aderidas a membrana dos 
linfócitos T. Os linfócitos sensibilizados são efetores nos casos de: 
Hipersensibilidade do tipo tardia 
Rejeição de transplantes (em parte) 
Reação do transplante contra o receptor 
Resistência por parte dos tumores 
Imunidade contra inúmeros agentes bacterianos e virais (sobretudo intracelular) 
Certas alergias medicamentosas 
Certas doenças auto-imunes 
Nos fenomenos de citotoxicidade e MLR 
 
Esse tipo de imunidade pode ser transferido a um animal não imunizado através de injeção de células 
sensibilizadas e não através do soro ou plasma. 
 
Resposta imune humoral 
A resposta específica humoral é mediada pelas imunoglobulinas (Igs), popularmente conhecidas 
como anticorpos. As Igs são produzidas e secretadas pelos plasmócitos, que são células originadas da 
proliferação e diferenciação dos linfócitos B em resposta a antígenos. 
 
As Igs apresentam cinco classes principais, com estrutura e funções diferentes: IgG, IgM, IgA, IgE e 
IgD. Imunoglobulinas das classes IgM e IgD são também encontradas na superfície dos linfócitos B, 
onde servem de receptores (BCRs) para o reconhecimento de antígenos por essas células. 
Classe Sub-classes Cadeia Pesada Cadeia Leve 
 
IgG 
IgG1 
IgG2 
IgG3 
IgG4 
 
g 1 
g 2 
g 3 
g 4 
 
 
Kappa/Lambda 
IgA IgA1 
IgA2 
a 1 
a 2 
Kappa/Lambda 
IgM IgM1 (?) 
IgM2 (?) 
m 1 
m 2 
Kappa/Lambda 
IgD - d Kappa/Lambda 
IgE - e Kappa/Lambda 
 
O efeito das Ig podem ser benéficas (anticorpos protegendo contra inumeros microrganismos 
infecciosos, toxinas...) ou maléficas (alergias, anafilaxia...). Os anticorpos podem recobrir certas 
células ou aindas agir em conjunto com o sistema complemente permitindo a distruição da célula 
(citólise). 
 
Referência bibliográfica 
 
Virologia do Eduardo Flores; 
Tizard de Imunologia Veterinária; 
Aula de antígenos do Professor Flávio Gimenis – D.Sc flaviogimenis@micro.ufrj.br; 
Faculdade de Ciências Médicas Universidade Estadual de Campinas (www.fcm.unicamp.br); 
 
mailto:flaviogimenis@micro.ufrj.br
http://www.fcm.unicamp.br/

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