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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS Curso de Direito Leonardo Felix Nogueira RA: 3028734 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) Discussão interpretativa de precedentes jurisprudências que norteiam princípios do processo penal SÃO PAULO 2021 Os princípios norteadores do processo penal, em sua maioria, podemos encontrar na atual Constituição Federal, ou seja, aborda direitos e garantias que todos devem aplicar e respeitar. São vários e cada um contem sua importância, na jurisprudência que veremos logo abaixo, podemos ver que foram citados 3 dos diversos princípios que conhecemos: a ampla defesa, o direito ao contraditório e a verdade real, onde, segundo a minha própria compreensão, um está coligado ao outro. O contraditório, está situado no art. 5º LV, da CF – “- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; ” De forma básica e sucinta, estamos abordando do direito do acusado de responder as acusações que lhe forem feitas, ou seja, uma manifestação contrária daquilo que a outra parte afirma. O réu, a partir do momento que se depara com as acusações, deve conhece-las para que possa contraria-la abertamente, e assim, ao aplicar este princípio estamos excluindo a possibilidade do réu seu condenado sem que seja ouvido, sem que tenha a oportunidade de contestar aquilo que a acusação alega. É necessário, portanto que exista a comunicação entre todas as partes do processo, todos devem permanecer igualmente comunicados dos atos processuais tomados pela outra lide. A ampla defesa está diretamente conectada ao contraditório, sendo que por sua vez, a ampla defesa consiste no dever do Estado de proporcionar a todos a defesa completa, podendo ser a autodefesa (o próprio acusado faz sua defesa) e a defesa técnica (feita por um advogado), disponibilizando todos os meios de provas legais. Também foi baseado no Art. 5°, LV da Constituição Federal, devendo sempre ser respeitado como garantia constitucional e direito básico. Diferente do contraditório, que pode ser realizado pelas duas partes, a ampla defesa tem apenas um destinatário, o acusado, ou seja, esta garantia é especificamente do réu dentro do processo. Juntos, a ampla defesa e o contraditório compõe um princípio básico para o andamento do processo penal, validando lembrar que em caso de não cumprimento desta garantia, o processo pode ser absolutamente anulado. Já a verdade real, consiste basicamente na busca da conformidade das provas apresentadas no caso, pretendendo compreender o que realmente ocorreu, dessa maneira o Juiz pode buscar por evidências que demonstrem a realidade dos fatos, permitindo ir além das provas apresentadas. Diferente do processo civil, dentro do processo penal apenas a verdade formal não basta, o ius puniendi necessita de uma concretização com grande eficácia e baixa probabilidade de erros. O Art. 156 do CPP cita esta interpretação da busca da verdade real, sendo “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008” Assim, este princípio é essencial para a formação e certeza da decisão do juiz, que irá sentenciar o indiciado segundo as provas buscadas e apresentadas. Dessa forma, juntos, estes 3 princípios facilitam e colaboram com o bom funcionamento das garantias constitucionais e de uma decisão judicial mais justa. Na jurisprudência abaixo, podemos ver um exemplo de julgado onde entra em questão os princípios aqui abordados e sua aplicação no caso concreto. Vejamos: “EMENTA: PROCESSO PENAL - CORREIÇÃO PARCIAL - PESQUISA DO ENDEREÇO DE TESTEMUNHA ARROLADA PELO RÉU - EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS PELO PODER JUDICIÁRIO - NECESSIDADE - CONSAGRAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA, DO CONTRADITÓRIO E DA BUSCA DA VERDADE REAL. - A expedição de ofícios às repartições públicas, como a Receita Federal e o Detran, e também às empresas privadas, a exemplo das companhias telefônicas, pelo Poder Judiciário, com o intuito de obter informações acerca do endereço de testemunha arrolada pelo réu no processo penal, é medida imprescindível que consagra os mais nobres princípios processuais penais, como o da ampla defesa, do contraditório e da busca da verdade real, além de garantir a simétrica paridade de armas com o órgão acusador, pois o acusado não possui os mesmos poderes requisitórios do Ministério Público - E uma vez que o requerente na presente Correição Parcial não é o Ministério Público, mas sim o próprio acusado na ação penal de origem, não se aplica à espécie o recente enunciado de súmula aprovado pelo Órgão Especial deste e. TJMG no sentido de que: "Não configura erro de procedimento a decisão de indeferimento de diligência que pode ser requisitada diretamente pelo Ministério Público de Minas Gerais". (TJ-MG - COR: 10000180963357000 MG, Relator: Otávio Portes, Data de Julgamento: 04/11/2019, Data de Publicação: 08/11/2019)” O julgado acima, trata de ação interposta por Marco Aurélio Pereira da Silva com o objetivo de correição parcial do caso julgado pelo juiz da 3° Vara Criminal, uma vez que, o requerente alega não ter exercido seu direito de ampla defesa e ao contraditório pois não foi ouvido, e ainda, afirmando que seu pedido foi deferido sem justa causa, já que não houve prescrição. Dessa forma, uma vez que Marco Aurélio não foi ouvido, não houve, portanto, o cumprimento de um terceiro exercício já retratado que chamamos de busca da verdade real. Diante do descumprimento destas bases no processo penal, ou seja, dos princípios fundamentais para o andamento do processo, foi pedido a reforma da decisão proferida. Ainda assim, o Desembargador Valdez Leite Machado, entendeu que não configurou o chamado “erro in procedendo” e obtivemos o indeferimento das diligências usadas pela empresa privada para a localização de testemunhas, aqui vale ressaltar que, o direito a prova testemunhal faz parte das características presentes no princípio da ampla defesa, já que a oitiva das testemunhas é essencial em qualquer ação, quando este for violado, pode acontecer a nulidade absoluta do processo. Quando não ocorre a localização da testemunha, são deferidas as diligências, segundo o Art. 205 do CPP, como cita a própria jurisprudência. Por fim, o TJ-MG deu provimento para que haja a correição parcial no processo, dando a oportunidade de localizar o endereço da testemunha e aplicando, portanto, os princípios que englobam a defesa e ao contraditório, não podendo esquecer, que dessa forma, também estamos citando a verdade real, já que a outra parte também precisa ser ouvida para que haja uma decisão justa. Abaixo, toda a jurisprudência transcrita do caso julgado: CORREIÇÃO PARCIAL (ADM) Nº 1.0000.18.096335-7/000 - COMARCA DE RIBEIRÃO DAS NEVES - REQUERENTE (S): MARCO AURELIO PEREIRA DA SILVA - REQUERIDO (A)(S): JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL E DE PRECATÓRIAS CRIMINAIS DA COMARCA DE RIBEIRÃO DAS NEVES A C Ó R D Ã O Vistos etc., acorda, em Turma, o CONSELHO DA MAGISTRATURA do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PROVIMENTO À CORREIÇÃO PARCIAL. DES. OTÁVIO DE ABREU PORTES RELATOR. DES.OTÁVIO DE ABREU PORTES (RELATOR) V O T O Cuida-se de correição parcial interposta por Marco Aurélio Pereira da Silva contra a decisão do Juiz de Direito da 3ª Vara Criminal e de Precatórias Criminais da Comarca de Ribeirão das Neves, proferida no processo criminal nº 0231.16.017904-1, que indeferiu o pedido do denunciado, ora requerente, para que o juízo expedisse ofícios à Receita Federal, empresas de telefonia e outros órgãos estatais para tentar encontrar o endereço de uma testemunha arrolada pela defesa e lhe concedeu o prazo de 30 dias para que diligenciasse por conta própria, ao fundamento, em suma, de que o réu só poderá recorrer ao Poder Judiciário para encontrar o endereço da testemunha por ele arrolada em caso de negativa dos respectivos órgãos. O requerente alega, em apertada síntese, que tentou exercer seu direito à ampla defesa e ao contraditório, mas não obteve êxito para que a sua testemunha fosse ouvida; que o fato de o i. membro do Ministério Público ter desistido da oitiva da testemunha não autoriza a juíza obrigar a defesa a assim proceder; que seu pedido não poderia ser indeferido, pois não ocorreu a prescrição e porque mesmo após o interrogatório do acusado é permitida a solicitação de diligências necessárias a busca da verdade real. Pugna o requerente pela concessão da tutela antecipada, e, ao final, para que seja reconhecido o error in procedendo da decisão proferida e que a mesma seja reformada. Pela decisão nas ff. 30/31 foi indeferido o pedido liminar. Informações judiciais prestadas nas ff. 36v. e 69. A douta PGJ/MG ofereceu judicioso Parecer Ministerial nas ff. 46/51, opinando pelo acolhimento da presente Correição Parcial. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Preceitua o art. 290 do Regimento Interno deste egrégio Tribunal de Justiça que a correição parcial se destina a emenda de erros ou abusos, quando não haja recurso ordinário. Importante registrar que erro é o inequívoco desvio de procedimento, bem como a grosseira desatenção à ordem normal de tramitação do feito, enquanto o abuso corresponde ao uso excessivo ou imoderado de poderes. Assim, conheço da correição parcial porque constatados os seus pressupostos de admissibilidade. DO MÉRITO Do pedido de pesquisa do endereço de testemunha arrolada pelo réu no processo penal pelo Poder Judiciário Pois bem. A expedição de ofícios às repartições públicas, como a Receita Federal e o Detran, e também às empresas privadas, a exemplo das companhias telefônicas, pelo Poder Judiciário, com o intuito de obter informações acerca do endereço de testemunha arrolada pelo réu no processo penal, é medida imprescindível que consagra os mais nobres princípios processuais penais, como o da ampla defesa, do contraditório e da busca da verdade real, além de garantir a simétrica paridade de armas com o órgão acusador, pois o acusado não possui os mesmos poderes requisitórios do Ministério Público. Nesse sentido é a jurisprudência deste douto Conselho da Magistratura: EMENTA: CORREIÇÃO PARCIAL - AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO - PRELIMINAR REJEITADA - INDEFERIMENTO DE DILIGÊNCIAS PARA TENTATIVA DE LOCALIZAÇÃO DE TESTEMUNHA - OCORRÊNCIA DE "ERROR IN PROCEDENDO" - PROVIMENTO. - Não padece de nulidade a decisão que embora sucinta, forneça às partes os motivos de decidir. - Diante da ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa, claro está que o prosseguimento do feito sem a realização da diligência acarretaria a nulidade absoluta do processo, imune à preclusão e sendo dispensável a comprovação do prejuízo. - VV. Não configura 'erro in procedendo' o indeferimento de diligências na tentativa de busca do endereço de testemunha. (Des. Valdez Leite Machado) (TJMG - Correição Parcial (Adm) 1.0000.13.012406-8/000, Relator (a): Des.(a) Valdez Leite Machado, CONSELHO DA MAGISTRATURA, julgamento em 05/08/2013, publicação da sumula em 20/08/2013) (g.n.) CORREIÇÃO PARCIAL - FALTA DE OITIVA DE TESTEMUNHA ARROLADA - INDEFERIMENTO DE DILIGÊNCIA PARA LOCALIZAÇÃO DE TESTEMUNHA - ILEGALIDADE. I - O direito à prova testemunhal é uma das principais características da defesa ampla, assegurada pela Constituição de 1988. Não pode ser suprimido, nem violado, sob pena de nulidade absoluta do processo. II - Não localizada a testemunha no endereço indicado nos autos, devem ser deferidas diligências requeridas pela defesa para identificação precisa de seu domicílio, em analogia ao disposto no art. 205 do Código de Processo Penal, preservando-se, assim, os princípios da verdade real, ampla defesa e contraditório. (TJMG - Correição Parcial (Adm) 1.0000.13.012377-1/000, Relator (a): Des.(a) Alexandre Victor de Carvalho , CONSELHO DA MAGISTRATURA, julgamento em 03/06/2013, publicação da sumula em 21/06/2013) (g.n.) Ora, conforme excerto extraído do brilhante voto do meu douto colega Desembargador Alexandre Victor de Carvalho no julgado citado: "Como bem salienta a ilustre processualista Ada Pellegrini Grinover,"de nada adiantaria assegurar o direito de arrolar testemunhas sem que, em seguida, fossem tomadas providências para garantir efetiva inquirição"- Ada Pellegrini Grinover et al, Nulidades no Processo Penal, ed. RT, p. 155". No caso dos autos, restou frustrada a tentativa de encontrar Roberto Teixeira Mendes, testemunha arrolada pelo réu, ora requerente, conforme se vê na certidão na f. 18 TJ. E uma vez que o requerente na presente Correição Parcial não é o Ministério Público, mas sim o próprio acusado na ação penal de origem, não se aplica à espécie o recente enunciado de súmula aprovado pelo Órgão Especial deste e. TJMG no sentido de que: "Não configura erro de procedimento a decisão de indeferimento de diligência que https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10662129/artigo-205-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 pode ser requisitada diretamente pelo Ministério Público de Minas Gerais". Vejamos o acórdão respectivo: EMENTA: JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA DO CONSELHO DE MAGISTRATURA. CORREIÇÕES PARCIAIS. PROPOSTA QUE PRIVILEGIA A CELERIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENUNCIADO. APROVAÇÃO, COM ACRÉSCIMO. Consoante o disposto no artigo 530 do Regimento Interno deste Tribunal, a jurisprudência firmada, reiterada e uniforme, do Conselho da Magistratura, poderá ser compendiada em enunciado da súmula do Tribunal de Justiça sendo o seu cumprimento obrigatório pelos órgãos fracionários do Tribunal e pelos desembargadores. O anteprojeto de súmula proposto aborda de maneira informativa entendimento majoritário em julgamentos no Conselho de Magistratura, em correições parciais, acerca da inexistência de erro de procedimento quando indeferida a diligência requerida pelo Ministério Público, visto que, de acordo com suas prerrogativas, o Parquet pode solicitar, diretamente, junto às autoridades competentes, a diligência que pretende realizar, independentemente da intervenção judicial. Aprovação da súmula, com acréscimo. (TJMG - Projeto de Súmula 1.0000.18.145841-5/000, Relator (a): Des.(a) Armando Freire, ÓRGÃO ESPECIAL, julgamento em 17/06/2019, publicação da sumula em 28/06/2019) (g.n.) Assim, a implementação de diligências necessárias à localização do endereço da referida testemunha é medida que se impõe. DISPOSITIVO Com essas razões de decidir, DOU PROVIMENTO À CORREIÇÃO PARCIAL, para que seja realizada as diligências pleiteadas pelo douto advogado de defesa visando identificar o endereço da testemunha Roberto Teixeira Mendes. É como voto. DES. AFRÂNIO VILELA DESEMBARGADORAFRÂNIO VILELA VOTO DE VOGAL (CONVERGÊNCIA) In casu, como bem ressaltado pelo Exma. Procuradora de Justiça Fátima Borges, signatária do parecer trazido às f. 46/51 "Tem aplicação à espécie a paridade de armas, uma vez que a Defesa não detém os mesmos poderes requisitórios do Ministério Público". Com efeito, o indeferimento da expedição dos ofícios e a correspondente fixação de prazo para que o réu promova a localização da referida testemunha, sob pena de preclusão, caracteriza erro de procedimento hábil a impor o acolhimento da presente correição parcial, nos exatos moldes do voto firmado pelo eminente relator. É como voto. DES. RENATO MARTINS JACOB - De acordo com o (a) Relator (a). DES. ESTEVÃO LUCCHESI - De acordo com o (a) Relator (a). DESA. ÁUREA BRASIL - De acordo com o (a) Relator (a). DESA. MARIANGELA MEYER - De acordo com o (a) Relator (a). DESA. MÔNICA LIBÂNIO ROCHA BRETAS De acordo com o Relator. Ressalto que, pelos sistemas conveniados (BACENJUD, INFOJUD e INFOSEG), a possibilidade de localização da parte, ou no caso, da testemunha, se dá de maneira bem mais célere, evitando-se, ainda, eventual alegação posterior de nulidade da decisão por eventual cerceamento de defesa. DES. WILSON BENEVIDES - De acordo com o (a) Relator (a). DES. SALDANHA DA FONSECA - De acordo com o (a) Relator (a). SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO À CORREIÇÃO PARCIAL" Concluindo, aqui podemos ver um exemplo dentre várias jurisprudências onde os princípios do processo penal são citados, seja pela defesa ou pela acusação, deixando claro a importância e necessidade de aplica-los corretamente em cada caso concreto pois, conforme supracitado, na falta de aplicabilidade de um destes princípios, toda decisão poderá ser anulada, devendo haver uma nova decisão judicial que, esteja de acordo com as garantias processuais penais e constitucionais.
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