Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II ANATOMIA Cada coração possui variações de acordo com biotipo do indivíduo. Peso: cerca de 0.5% do peso corporal (250-320g em mulheres e 300-360g em homens) Espessura da parede: VD 0,3-0,5cm e VE 1,3-1,5cm (a espessura do ventrículo esquerdo é maior devido a maior necessidade de força de ejeção). OBS.: Hipertrofia: aumento da espessura da parede. Dilatação: aumento do tamanho da câmara. Estruturas: miocárdio, valvas (tricúspide, mitral, pulmonar e aórtica) e sistema de condução. OBS.: a única valva com 2 folhetos é a mitral. Todas as outras possuem 3 folhetos. FISIOPATOLOGIA CARDÍACA Falência da bomba: sístole fraca ou diástole sem relaxamento adequado. Obstrução do fluxo: vaso com placa aterosclerótica, valva com estenose. Fluxo regurgitante: valva incompetente (débito retrógrado). Fluxo colateral: desvio sanguíneo congênito ou adquirido. Distúrbios da condução cardíaca: arritmias Ruptura do coração ou vaso principal: sangramento maciço para fora do coração (perfuração por arma, dissecção aórtica e ruptura) ISQUEMIA MIOCÁRDICA Desequilíbrio entre o suprimento miocárdio (perfusão) e a demanda cardíaca por sangue oxigenado, redução da disponibilidade de nutrientes e da remoção de resíduos metabólicos. Um desequilíbrio na balança oferta e demanda. REDUÇÃO DO FLUXO Aterosclerose coronariana Trombose ou embolia coronariana Espasmo vascular Inflamação dos vasos do miocárdio AUMENTO DA DEMANDA Hipertrofia do miocárdio Frequência cardíaca aumentada/taquicardia HIPÓXIA (TRANSPORTE DE O2) Hipoxemia (anemia, asma, pneumonia, enfisema, DPOC) Hipotensão sistêmica (choque) Redução da PA (pressão arterial) ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II OBS.: Hipoxia = baixa disponibilidade de oxigênio para determinação do órgão. Hipoxemia = baixa concentração de oxigênio no sangue arterial. EPIDEMIOLOGIA Principal causa de morte em países desenvolvidos. Taxas caíram substancialmente em relação os anos 1960 devido a: Prevenção: modificação de fatores de risco como tabagismo, hipertensão arterial, colesterol sanguíneo, combate à obesidade, etc. Avanços diagnósticos e terapêuticos: tratamentos precoces e mais eficazes (uso de estatinas), existência de Unidades Coronarianas, trombólise em IAM, angioplastia, uso de stents endovasculares, cirurgia para enxerto de bypass, controle de arritmias com marca-passos e desfibriladores implantáveis, etc. PATOGENIA Oclusão vascular crônica (um vaso cronicamente aterosclerótico) Aterosclerose coronariana: com 75% de oclusão transversal, a vasodilatação arterial compensatória não é mais suficiente para satisfazer aumentos moderados da demanda miocárdica. >90%: fluxo inadequado mesmo em repouso. Alteração aguda da placa (principal momento que acontece o infarto) Conversão súbita e imprevisível de uma placa estável com ruptura, erosão/ulceração, fissura ou hemorragia profunda, trombose. CONSEQUÊNCIAS DA ISQUEMIA MIOCÁRDICA: Infarto do miocárdio Angina pectoris Cardiopatia isquêmica crônica com insuficiência cardíaca Morte súbita cardíaca (MSC) ANGINA PECTORIS Crise ou ataque de dor precordial intensa e súbita com características variadas causada por uma isquemia miocárdica transitória e de curta duração (de quinze segundos a quinze minutos). É insuficiente para provocar a necrose de miócitos. Tipos: Clássica ou estável: é a mais comum sendo causada por um aumento súbito do trabalho cardíaco. O aumento da demanda não consegue ser suprido. Sua dor dura enquanto dura o estímulo. Uma causa comum é a aterosclerose. É aliviada pelo repouso ou uso de vasodilatadores. De repouso ou prinzmetal: ocorre quando o paciente está em repouso (sentado ou dormindo, por exemplo). Relaciona-se com a presença de vasoespasmos. Pode existir um certo grau de aterosclerose. Os ataques não estão relacionados com atividade física, frequência cardíaca ou pressão arterial. Instável ou progressiva: as dores ocorrem com uma frequência cada vez maior e com uma duração cada vez maior (angina pré-infarto). Relaciona-se frequentemente com ateromas ulcerados, com formação de trombos e êmbolos. O fator desencadeante é um misto agravado das duas condições anteriores (metade dos pacientes apresenta necrose do miocárdio/ IAM iminente. INFARTO DO MIOCÁRDIO "Ataque cardíaco" Consiste na morte o miocárdio devido à isquemia grave prolongada. Fatores de risco: tabagismo, hipercolesterolemia (HDL/LDL), hipertensão arterial sistêmica, vida sedentária, diabetes mellitus, gênero (masculino), idade (>65 anos) e predisposições genéticas e comportamentais à aterosclerose. PATOGENIA 1: OCLUSÃO CORONARIANA Ocorre na seguinte sequência: 1. Alteração da placa de ateroma. 2. Formação de trombos plaquetários. 3. Vasoespasmo estimulado por mediadores plaquetários. 4. Ativação da via de coagulação, aumentando o volume do trombo 5. Expansão do trombo e oclusão da luz do vaso. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II PATOGENIA 2: RESPOSTA DO MIOCÁRDIO Ocorre na seguinte sequência: 1. Diminuição do fluxo causando isquemia e disfunção miocárdica. 2. Com o comprometimento prolongado = morte de miócitos. Área em risco: região anatômica irrigada pela artéria lesada Prognóstico depende da gravidade e da duração da privação do fluxo. BIOQUÍMICA Cessação do metabolismo aeróbico dos miócitos leva a produção inadequada de fosfatos de alta energia (fosfato de creatinina, ATP) e acúmulo de ácido láctico. PADRÕES DE INFARTO Infarto transmural A necrose envolve toda espessura da parede ventricular na distribuição da artéria coronária afetada. Infarto subendocárdico (não-transmural) Endocárdio é a zona mais vulnerável a qualquer redução do fluxo coronária pois é a última região do miocárdio a ser perfundida. Nos casos de hipotensão global, o dano é circunferencial. Microinfarto multifocal Doença envolvendo vasos intramurais menores, como ocorre em microembolização, vasculite, espasmo vascular por catecóis endógenos ou drogas (adrenalina, cocaína, efedrina). Morte por arritmia. Na ordem: microinfarto multifocal, infarto subendocárdico e infarto transmural. PROGRESSÃO DA NECROSE DO MIOCÁRDIO APÓS OCLUSÃO DE UM RAMO DE ARTÉRIA CORONÁRIA A necrose começa em uma pequena zona de miocárdio baixo da superfície do endocárdio no centro da zona isquêmica. A área que depende do vaso ocluído para perfusão é o miocárdio "em risco". Note que uma zona muito estreita do miocárdio imediatamente abaixo do endocárdio é poupada da necrose, pois pode ser oxigenada por difusão a partir do ventrículo. A isquemia é mais pronunciada no subendocárdico, então, uma lesão irreversível dos miócitos isquêmicos ocorre primeiro na zona subendocárdica. Com a isquemia mais extensa, uma frente de onda de morte celular se move através do miocárdio e penetra cada vez mais na espessura transmural da zona isquêmica. Localização, tamanho e características morfológicas do IAM são dependentes: - Do local, intensidade e taxa de desenvolvimento das obstruções ateroscleróticas coronarianas devido à aterosclerose e trombose - Da duração da oclusão - Do tamanho do leito vascular irrigado pelas artérias obstruídas - Da quantidade de vasos sanguíneos colaterais (quanto mais idoso, mais vasos colaterais) - Das necessidades metabólicas e de oxigênio da área em risco - Da presença, local e intensidade de espasmo arterial coronariano - De outros fatores, tais como frequência cardíaca, ritmo cardíaco e oxigenação sanguínea. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II DIFERENÇASENTRE O INFARTO SUBENDOCÁRDICO E TRANSMURAL Infarto subendocárdico Infarto transmural Multifocal Unifocal Disperso Sólido Circunferencial Na distribuição de uma artéria coronária específica Trombose coronariana rara Trombose coronariana comum Frequentemente resulta de hipotensão ou choque Frequentemente causa choque Sem pericardite Pericardite comum Não forma aneurismas Pode resultar em aneurisma MORFOLOGIA - MACROSCOPIA A aparência macroscópica e microscópica de uma área de infarto depende da duração da sobrevida do paciente após o evento. IAM com menos de 12h geralmente não são visíveis ao exame macroscópico. As áreas danificadas passam por uma sequência progressiva de alterações que envolvem necrose isquêmica de coagulação, seguida de inflamação e reparo. Tempo após obstrução Alterações macroscópicas 2-3 horas Não são visíveis. Corante cloreto de trifeniltetrazóilio 12-24 horas Palidez da área isquêmica no miocárdio. Mosqueamento vermelho-azulado. 24-72 horas Palidez e discreto halo hiperêmico. Mosqueamento com área central amarelo- acastanhada 3–7 dias Centro amarelado e borda hiperêmica 10–21 dias Centro mais amarelado e amolecido e margens avermelhadas (zona hiperêmica e tecido de granulação) 7 semanas Área esbranquiçada e firme (fibrose) PATOLOGIA (MICROSCOPIA) Aspecto detectável da necrose de miócitos = ruptura da integridade do sarcolema. Sequência: fibras onduladas, morte do miócitos (desaparecimento do núcleo), infiltrado neutrofílico, fagocitose, tecido de granulação (no macro: borda hiperêmica), deposição de colágeno, cicatriz fibrótica. Tempo após obstrução Alterações macroscópicas 1-3 horas Fibras miocárdicas onduladas 4-12 horas Necrose de coagulação com perda das estriações transversais dos miócitos, contração em faixas ou bandas, edema intracelular e intersticial, hemorragia e inicio do infiltrado neutrofílico 12-24 horas Continuação da morte celular com picnose e também da necrose de coagulação 24-72 horas Ausência total de núcleos e estriações nos miócitos e denso infiltrado de neutrófilos 3-7 dias Início da infiltração mononulcear e da resposta fibrovascular 10-21 dias Resposta fibrovascular com proeminente tecido de granulação 7 semanas Fibrose ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II Cav. ventricular Na parte superior desta foto do miocárdio nota- se que há uma faixa despovoada de miócitos que foi substituída por tecido fibroso rosa pálido, colageinizado, o que corresponde a uma área que está cicatrizando após um infarto subendocárdico. COMPLICAÇÕES DO INFARTO Disfunção contrátil: insuficiência de bomba/choque cardiogênico Arritmias: distúrbios da condução/ irritabilidade miocárdica Ruptura do miocárdio: parede livre ventricular, septo ventricular, do músculo papilar (devido a fibrose que diminui a espessura da parede). Aneurisma ventricular: aneurismas verdadeiros limitados pelo miocárdio cicatrizado Pericardite: síndrome de Dressler Expansão da área do infarto: estiramento do músculo necrosado Trombo mural: estase/ alteração da contratibilidade + superfície trombogênica/ dano endocárdico Disfunção do músculo papilar: incompetência das valvas Cardiopatia isquêmica crônica: insuficiência cardíaca progressiva tardia É a inflamação do pericárdio, uma membrana ou espécie de “saco” que envolve e protege o coração. A doença pericárdica pode estar relacionada a: Acúmulo de líquido (derrame pericárdico) Inflamação (pericardite) Constricção fibrosa Ou uma combinação desses processos. CLASSIFICADAS EM SINTOMAS: Aguda - Serosa: doenças inflamatórias não infecciosas – LES (lúpus eritematoso sistêmico), febre reumática, colagenose, tumores (invasão linfática) e uremia - Fibrinosa (serofibrinosa): líquido seroso mesclado a exsudato fibrinoso. Ex: síndrome pós-IM (Dressler, resposta autoimune ao IM), uremia, febre reumática, LES, traumas. Atrito pericárdico sonoro (aspereza granular fina). - Purulenta (supurativa): infecção ativa do pericárdio com reação inflamatória aguda (principalmente bacteriana) - Hemorrágica: neoplasia maligna, diátese hemorrágica, pós-cirurgia - Caseosa: tuberculose, fungos Crônica - Adesiva: folheto parietal aderido às estruturas adjacentes. Ex: irradiação, infecciosa, cirurgia cardíaca. - Constritiva: tecido cicatricial fibroso ou fibrocalcificado que limita a expansão diastólica. Causa cardiomiopatia restritiva. Inflamação ocorre dentro da cavidade do miocárdio. Geralmente ocorre dentro das valvas. FEBRE REUMÁTICA Doença inflamatória aguda imunomediada e multissistêmica, que ocorre classicamente após episódio de faringite por estreptococos do grupo A (resposta imune do hospedeiro aos antígenos do estreptococo A). A cardite reumática é caracterizada principalmente por doença valvar mitral (fibrótica e deformante). É uma endocardite não infecciosa. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II Apresenta pequenas vegetações (verrugas) por necrose fibrinoide nos folhetos endocárdicos valvares. Alterações cardinais da CR crônica: espessamento dos folhetos, encurtamento das comissuras e espessamento e fusão das cordas tendíneas. ENDOCARDITE INFECCIOSA Infecção microbiana (em geral, bacteriana) das valvas cardíacas (por bacteremia) com formação de vegetações compostas de fragmentos trombóticos e microrganismos, associados a destruição dos tecidos cardíacos subjacentes. Aguda: alta virulência – Staphylococcus aueus. Lesões necrosantes e destrutivas. Subaguda: baixa virulência – Streptococcus viridans. Infecções insidiosas com menor destruição, de valvas previamente deformadas. Vegetações friáveis volumosas, destrutivas, contendo fibrina, células inflamatórias e os microrganismos. São propensas a embolização. ASPECTOS CLÍNICOS: Febre, calafrios, cansaço e fraqueza. Sopros cardíacos (pelo defeito valvar). COMPLICAÇÕES: Microêmbolos = hemorragias subungueais em lascas (estilhaços), lesões hemorragias em palmas e plantas (lesões de Janeway), nódulos subcutâneos nas polpas dos dedos e hemorragias (manchas de Roth). Coração manda microêmbolos, e esses êmbolos param nos vasos mais distais, mais estreitos. ENDOCARDITE TROMBÓTICA NÃO BACTERIANA Deposição de pequenos trombos estéreis (vegetações não-infectadas) nos folhetos valvares. Pequenas, isoladas ou múltiplas ao longo da linha de fechamento das cúspides. Trombos macios, inseridos frouxamente na valva (vegetações não invasivas e não destrutivas, SEM resposta inflamatória). Associadas a pacientes debilitados (com câncer, por exemplo). Endocardite marândica (ligada ao marasmo: desnutrição). Doenças debilitantes, TVP e outros estados de hipercoagulação. ENDOCARDITE DO LES (LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO) – DOENÇA DE LIBMAN-SACKS Valvulite mitral e tricúspide com pequenas vegetações estéreis, pequenas e róseas. Microscopicamente: material eosinofílico fibrinoso e restos celulares. Frequentemente associadas com vasculite. Pode conter microinfartos multifocais.
Compartilhar