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APOSTILA CND - Curso Normal à Distância (21) 3347-3030 / 2446-0502 DIDÁTICA DA MATEMÁTICA 2 Sumário Introdução ............................................................................................................. 3 1. A concepção de Matemática ............................................................................. 5 1.1. Para que serve a Matemática? ................................................................... 9 2 . Como ensinar Matemática? ............................................................................ 16 2.1.Conhecendo autores que trazem propostas didáticas para a Matemática. 18 2.1.2 Mais sobre o jogo e o lúdico na Matemática ....................................... 21 3-Os conteúdos a serem desenvolvidos da Educação Infantil ao 5º ano ............ 23 3.1. O estudo do campo numérico ................................................................... 24 3.2. Os campos geométricos ........................................................................... 27 3.3.Um pouco de estatística ............................................................................ 29 4. O uso de materiais concretos como altenativa pedagógica ............................ 32 4-1. Tratando dos materiais estruturados ........................................................ 33 5- A Matemática nos Parâmetros Curriculares Nacionais ................................... 40 5.1 As recomendações dos PCNs para o primeiro ciclo ................................. 41 5.2 Trabalhando os objetivos específicos ....................................................... 43 5.3. Ponderações sobre a avaliação em Matemática no Fundamental 1 ........ 44 5.4 .Uma ponte entre os objetivos e os conteúdos no processo de avaliação. 46 Referências Bibliográficas .................................................................................. 54 3 INTRODUÇÃO Olá alunos e alunas do IECS Estamos iniciando o trabalho numa área que requer de todos nós uma atenção especial -a da Didática de Matemática. Identificada como a disciplina que mais reprova, a Matemática tem sido considerada, erroneamente, como conhecimento de possível apreensão somente pelas mentes privilegiadas. O trabalho principal do Educador não é fazer os alunos se debruçarem sobre os livros didáticos, mas em debruçarem-se sobre a realidade, tentando entendê-la. Para ajudar o aluno a entender a realidade, a se posicionar, o Educador recorre à cultura da Matemática acumulada pela humanidade e diante dos desafios da realidade, coloca o aluno em contato com este saber. Ao longo do nosso material tratamos de aspectos ligados à História da Matemática, até para reforçar o aspecto histórico social de criação da mesma. Esses são conhecimentos que encantam as pessoas curiosas. É muito legal saber como a linguagem matemática foi sendo criada, antes mesmo da disciplina receber esse nome e englobar seus diferentes saberes. Trabalhamos,dentro dos capítulos com caixinhas de texto onde estão colocadas sugestões de livros,de vídeos e outros materiais on line e de esclarecimentos de termos mais complicados relacionados à Matemática Entrelaçamos os conhecimentos teóricos com a da visão prática sobre os mesmos. Também optamos por colocar notas de rodapé, evitando fazer seguidas citações no texto principal de leitura mais direta. Buscamos tratar também exemplos de atividades a serem planejadas por você como futuro professor, de modo a tornar as aulas mais interessantes. Ressaltamos ainda a importância de partir dos conhecimentos preliminares dos alunos e do trabalho com jogos, ressaltando que isto não significa abandonar a 4 sistematização dos conteúdos. Buscamos fazê-lo refletir sobre as possibilidades de caminhos com contextualização, de forma a se chegar à Matemática mais abstrata. Colocamos em cena autores mais diretamente ligados ao estudo de Didática da Matemática. Trouxemos uma abordagem da Matemática com apoio dos Parâmetros Curriculares Nacionais e de materiais de Secretarias de Educação de estado e de Municípios para mostrar como as propostas para o ensino da Matemática são apresentadas. O capítulo 1 está voltado para os aspectos históricos e práticos da Matemática. O capítulo 2 é dedicado ao pensar didático da disciplina. No capítulo 3 tratamos de apresentar uma relação entre conteúdo e forma de tratá- los. O capítulo 4 apresenta as possibilidades de utilização de materiais estruturados e não estruturados.para estudo da Matemática e o capítulo 5 desenvolve uma visão dos Parâmetros curriculares no Ensino Fundamental para os anos iniciais. Assim esperamos estar contribuindo, de alguma forma para a melhoria do ensino da Matemática na sua prática, através da Didática. Que tal começarmos a jornada? Está curioso?Vamos juntos. 5 1. A CONCEPÇÃO DE MATEMÁTICA Para gostar de Matemática é preciso conhecê-la desde a sua concepção e entender como determinados conceitos foram concebidos, de acordo com o momento vivido pela sociedade. A matemática é, portanto , uma produção histórico-cultural. O que é Matemática? Você acha que cabe a pergunta , nesse momento de seu curso de formação para ser professor? Por que a estamos apresentando? Vamos seguir e posteriormente voltaremos à indagação. "A matemática não é apenas outra linguagem: é uma linguagem mais o raciocínio; é uma linguagem mais a lógica; é um instrumento para raciocinar". Richard P. Feynman- Físico estadunidense Fonte: <http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/estudar/mat/> Ao final deste capítulo você deverá ter construído os seguintes conhecimentos Citar e explicar algumas das diferentes formas de aplicação da Matemática, de acordo com a concepção da época. Reconhecer importância da mudança no pensar matemático ocorrido no Século XIX. Identificar as diferentes áreas dentro do conhecimento matemático, percebendo a possibilidade de constantes transformações. 6 A palavra "Matemática" tem origem na palavra grega "máthema" que significa Ciência, conhecimento ou aprendizagem, derivando daí "mathematikós", que significa disposto a aprender. Sendo a Matemática uma forma especial de pensamento e de linguagem, a apropriação deste conhecimento pelo aluno se dá por um trabalho gradativo, interativo e reflexivo. Por ser uma linguagem universal, a Matemática oferece-nos um conjunto singular de ferramentas poderosas para compreender e mudar o mundo. Estas ferramentas incluem o raciocínio lógico, técnicas de resolução de problemas, e a capacidade de pensar em termos abstratos. Podemos assim dizer que a Matemática é uma construção abstrata em que as suas noções fundamentais têm origem na percepção humana. A Matemática desenvolvida ao longo da história da humanidade sempre teve essas duas faces: uma atrelada à interpretação do real e outra ligada ao próprio desenvolvimento do ser humano. Essa diferenciação entre a Matemática e suas aplicações sempre esteve presente. Desde a noção de número às noções geométricas, estabeleceu-se desde muito cedo a independência da noção abstrata face à sua utilização prática. As ideias matemáticas passaram a ter uma existência própria e a universalidade da sua manipulação formal mostrou rapidamente vantagens. Por exemplo, na Grécia antiga, os números eram usados por um lado como parte de uma concepção de mundo, como em Pitágoras e por outro para usos práticos como a Logística, usada pelos gregos para medições e estabelecimento deestradas, postos de controle etc. Você percebeu que a palavra Logística tão utilizada atualmente, no meio empresarial, é também um pensar matemático, no momento atual usado para os estudos de expansão de negócios ou localização de lojas etc. 7 Da mesma forma a Geometria, quando estudada teoricamente, deu origem a Geometria Euclidiana e, quando usada de forma prática, era denominada Geodésia Ficou complicado entender? Claro que não! O que se entende por Geometria Euclidiana? A Geometria Plana ou Euclidiana, assim como toda a Matemática, nasceu da necessidade humana de compreender aquilo que está ao seu redor, mas também de poder utilizar-se dos artefatos da natureza em seu favor, compreender as formas e poder operar com elas, descobrir uma representação das coisas que antes era somente possível comprovar através do concreto.1 Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm16/ Está entendido que quando estudamos triângulos, quadrados ou retângulos as diversas relações entre as figuras planas, estamos tratando de uma Matemática que Euclides apresentou no livro Elementos (mais de 200 anos antes de Cristo) e que continua servindo de para estudo ? A Geodésia é uma ciência, parte da Cartografia, que trata das medidas na superfície da Terra e, por extensão, em qualquer corpo celeste. 1 http://www.infoescola.com/geometria-plana/ 8 A Geodésia é que calcula as distâncias exatas entre os vários pontos da superfície terrestre, sem o que não seria possível formar mapas confiáveis.(Dicionário Informal)2 No Século XIX o aparecimento das geometrias não-euclidianas e das álgebras com operações não comutativas causou uma ruptura maior ainda com o real, possibilitando o surgimento de novas áreas dentro do conhecimento matemático levando esta ciência a um patamar superior da abstração. A Geometria dos Espaços Curvos ou Geometria Não-Euclidiana É importante mencionar também que as atuais exigências de rigor lógico na Matemática e a mudança na linguagem matemática decorrem do processo de reformulação do pensamento matemático iniciado no século XIX. Assim temos a Matemática como uma ciência viva, em constante evolução, e intrinsecamente ligada ao real e ao abstrato. A Matemática estudada e ensinada hoje é produto das ideias e contribuições das pessoas que trabalharam nesta área, portanto, é sempre possível rediscutir conceitos, modificar pontos de vista sobre assuntos conhecidos e propor novas teorias. 2 http://www.dicionarioinformal.com.br/geod%C3%A9sia/ 9 1.1. Para que serve a matemática? Muitos alunos questionam frequentemente os professores de Matemática sobre a utilidade desta disciplina na vida real. É comum definir a Matemática como o estudo de tópicos como quantidades, formas, espaço e mudança, através do método dedutivo, no qual se pressupõe um conjunto de sentenças e regras de passagem como forma de obter resultados. Como tratar Matemática, seja na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental, de modo a torná-la agradável ao aluno? Podemos dizer que a Matemática está presente no nosso dia-a-dia de seis formas: MATEMÁTICA MEDIR LOCALIZAR CONTAR CONSTRUIR EXPLICAR JOGAR 10 Para Freitas.3 , quando realizamos ou pensamos em realizar uma atividade, dificilmente associamos a algum conhecimento matemático. Usualmente também não fazemos a associação com nenhuma disciplina escolar. No entanto, é importante observar que em todas as atividades que realizamos diariamente algo está ligado ao saber matemático. Logo pela manhã, quando toca o despertador, começamos a utilizar a Matemática. Se o relógio for digital, lemos as horas, isto é, interpretamos aqueles números do mostrador como representando uma quantidade de tempo transcorrida desde a meia-noite. Se for analógico, avaliamos essa mesma quantidade através da posição relativa dos ponteiros, isto é, avaliamos ângulos desde o ponto de referência e convertemos esses ângulos na tal quantidade de tempo. Na prática, a quantidade que nos interessa é: quanto estamos atrasados e avaliamos quanto temos que correr para estar numa certa hora, num certo local, seja na escola ou no trabalho. Durante o dia, repetiremos este processo inúmeras vezes para não perdermos nossos compromissos. E faremos essas avaliações de forma tão automática, que não nos daremos conta da complexidade matemática envolvida. Da mesma forma assim que abrimos os olhos pela manhã, a primeira coisa que fazemos é nos localizar no ambiente, nossa distância com relação à parede, à porta, ao chão, etc. Sem essa localização, é impossível estabelecer um percurso que nos leve 3 http://www.infoescola.com/matematica/usando-a-matematica-no-cotidiano/ 11 da cama ao banheiro. Durante o dia, faremos inúmeras localizações deste tipo, de forma tão automática que poderemos estar lendo uma revista enquanto andamos pela rua e não só evitaremos obstáculos e outras pessoas como nos orientaremos para saber quando deveremos dobrar à direita ou esquerda para chegar aonde desejamos. No carro, poderemos estar conversando com alguém no banco ao lado, enquanto seguiremos pelo percurso desejado, mantendo a devida distância dos carros vizinhos. Teremos ainda de nos localizar temporalmente, construir e seguir agendas e cronogramas. Todas essas localizações, ainda que espontâneas e sem a complexidade envolvida na confecção de mapas, envolvem referenciais baseados na Matemática. No banheiro, para escovarmos os dentes, avaliamos a quantidade adequada de pasta de dentes sobre a escova. É uma avaliação de volume que novamente, fazemos inconscientemente. É famosa a história da fábrica que aumentou seus lucros simplesmente aumentando o diâmetro do furo do tubo de pasta - muitos consumidores foram levados a consumir mais pasta simplesmente porque estavam acostumados a avaliar o volume simplesmente pelo comprimento do cilindro de pasta colocado sobre a escova. Durante o dia, faremos inúmeras avaliações visuais de volumes os mais variados: o cone do açúcar na colher do café, o elipsoide do xampu na palma da mão, etc. Isso, sem falar nas avaliações de distância, de peso, de temperatura, de velocidade, de força, etc. que faremos simplesmente para conseguirmos nos mover e utilizar objetos durante todo o dia. Para apanhar o ônibus ou o táxi, pagar o pedágio ou a gasolina, temos que calcular preços, contar moedas ou cédulas de dinheiro. 12 Durante o dia, contaremos inúmeras coisas, desde as páginas daquele relatório que temos que ler, os alunos presentes na sala, as laranjas que levaremos para casa, os dias que faltam para o fim do mês, etc. Aqui nem preciso enfatizar como a Matemática está presente. Durante o dia, aparecerão inúmeros desafios, menores ou maiores, para os quais teremos de criar projetos e estratégias e trocar informação com colegas, desde a escolha da alternativa para a avenida congestionada à proposta de aumento de verba para o projeto, passando pelas férias do verão, pela pescaria do domingo e pelo pedido de aumento ao chefe ou ao pai. Para isso, usaremos esboços, esquemas, desenhos, diagramas e gráficos, todos com base matemática. Depois de tudo, nada como um joguinho para relaxar. Mas a Matemática nãonos abandona! Não há jogo que não tenha base matemática, seja na contagem de pontos, na geometria do tabuleiro, na estratégia de vitória ou na programação do computador ou do game. Só pelo fato de realizarmos todas essas atividades sem pensar em Matemática, não quer dizer que ela não esteja presente a cada instante. Reforçamos aqui a ideia de que a Matemática foi criada espontaneamente pelo homem para auxiliá-lo nas suas tarefas diárias mais 13 banais. Povos dos mais primitivos têm sua própria Matemática desenvolvida em algum grau. Um ramo muito interessante da Matemática é a Etnomatemática que justamente estuda essas matemáticas espontâneas, como surgem e como são utilizadas no dia-a-dia das culturas. A Matemática não abandonou o dia-a-dia humano mesmo depois de ter sido formalizada, estruturada e axiomatizada pelos matemáticos. Se é dessa forma , por que muitos alunos têm receio , ou até medo de Matemática? Uma possível explicação para o fato decorre da forma como ela é apresentada na escola. Às vezes a Matemática que nos é ensinada na escola é apresentada de forma muito abstrata, o que dificulta que vejamos qualquer ligação com nosso cotidiano. Em outras disciplinas do nosso curso já nos referimos à aprendizagem significativa. Para a matemática esse procedimento se mostra igualmente necessário. Como ideia que reforça esses aspectos, encontramos nos PCNs de Matemática (1997, p. 29) a afirmativa: No entanto, apesar dessa evidência, tem-se buscado, sem sucesso, uma aprendizagem em Matemática pelo caminho da reprodução de procedimentos e da acumulação de informações; nem mesmo a exploração de materiais didáticos têm contribuído para uma aprendizagem mais eficaz, por ser realizada em contextos pouco significativos e de forma muitas vezes artificial. É interessante registrar que o matemático francês Lacroix, que viveu entre os séculos XVIII e XIX, propunha um estudo de Matemática que despertasse o gosto pela exatidão, demonstrasse que não se devia ficar contente com noções vagas, ou levar em conta meras hipóteses. Seus estudos enfatizavam a necessidade da percepção clara da ligação entre certas 14 proposições e o objetivo em vista a ser atingido, habilidades extremamente úteis em qualquer campo de atividade até hoje. O matemático Seymour Papert, na década de 60 do Século XX, acreditou na adaptação do uso do computador para a educação. Justificava que essa interação permitiria que o aluno construísse seu conhecimento com auxílio do computador. Foi ele o criador da linguagem LOGO, dizia: “O tipo de matemática impingido às crianças na escola não é significativa, divertida e nem mesmo muito útil.” Edição de 2008 Para Saber Mais Quer descobrir novas formas de ver a Matemática? Escrito por Júlio César de Mello e Souza, com o nome de Malba Tahan, escreveu mais de 55 livros."O homem que calculava" é o seu livro mais conhecido. No estilo de "As mil e uma noites", Malba Tahan conta a história do 15 calculista persa Beremiz Samir que em viagem até Bagdá mostra suas incríveis habilidades em solucionar problemas matemáticos. Se quiser lê-lo on line acesse http://portugues.free-ebooks.net/ebook/O-Homem-que-Calculava/pdf/view Atividade Realizada a leitura do capítulo, procure conversar e discutir com seus colegas sobre os temas abordados. Subsidiados pelo estudo e recorrendo sempre que preciso ao texto, responda resumidamente às perguntas que se seguem : 01.Qual a concepção de Matemática que se buscou apresentar? _________________________________________________________________ 02. Para que serve a Matemática? _________________________________________________________________ 03. No que usamos a Matemática? _________________________________________________________________ No capítulo um você leu sobre a História da Matemática e seu desenvolvimento, e de como a matemática é usada a cada momento, além da ênfase dada ao desenvolvimento do raciocínio. No próximo capítulo, vamos chegar à “Didática” propriamente dita. Vamos começar a estudar como podemos melhorar o ensino da Matemática. 16 2 . COMO ENSINAR MATEMÁTICA? O baixo desempenho dos alunos em Matemática é uma realidade em muitos países, não só no Brasil. Há uma variedade de causas que podem justificar isso. Os educadores, em geral, mostram a Matemática como um corpo de conhecimentos acabado e polido. Ao aluno não é dado em nenhum momento a oportunidade, ou gerada a necessidade de criar nada, nem mesmo uma solução mais interessante. O aluno assim passa a acreditar que na aula de matemática o seu papel é passivo e desinteressante. Uma das grandes preocupações dos professores é com relação à quantidade de conteúdo trabalhado. No Ensino Fundamental, no final do primeiro segmento, as professoras já são cobradas até pelos pais que buscam um ensino chamado de forte e acabam despejando conteúdo sobre os alunos. Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de: Refletir as principais causas da dificuldade na aprendizagem da matemática. Identificar as mudanças que podem ser feitas no ensino desta ciência para torná-la mais acessível ao aluno. 17 Segundo a especialista em didática da Matemática a argentina Patrícia Sadovsky,4 isso acaba resultando numa abordagem superficial e mecânica . Se você deseja aprofundar conhecimentos sobre a Matemática consulte: O Ensino de Matemática Hoje - Enfoques, Sentidos e Desafios - Col. Educação Em Ação - Patrícia Sadovsky Ainda de acordo com a professora falta formação aos docentes para aprofundar os aspectos mais relevantes da disciplina. A autora assim se pronuncia A questão é que o profissional polivalente (que atua nos primeiros anos da Educação Básica) não tem oportunidade de adquirir esse domínio em quatro anos de formação. Essa é a realidade no Brasil, na Argentina e em outros países. A citação foi retirada da entrevista concedida à revista Nova Escola . Poderíamos seguir enunciando problemas relativos ao ensino da Matemática , mas vamos tratar de apresentar as sugestões para um trabalho mais adequado às novas propostas para a Matemática. 4 http://revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/fundamentacao-didatica-ensino-matematica-428262.shtml 18 2.1.Conhecendo autores que trazem propostas didáticas para a Matemática. Você já deve ter verificado que se abordamos aspectos sobre a Didática, a Metodologia e Aprendizagem sempre citaremos nomes como Piaget, Vigotsky, Ausubel, Freire, Wallon, Freinet. Esses autores já foram estudados em outras das nossas apostilas. Assim, especificamente para a Matemática, sem de forma alguma deixar de lado a importância da contribuição dos autores já citados, vamos conhecer um pouco do pensamento sobre as possibilidades de trabalho com a Didática da Matemática. 2.1.1 Aprendendo com as situações didáticas e adidáticas Vamos destacar a contribuição do matemático francês Guy Brousseau. Temos assistido, em termos de pesquisa didática, a um aprofundamento no estudo da relação entre conteúdos de ensino, a maneira como os alunos adquirem conhecimentos e os métodos. Dessa forma o autor Brosseau considerando que alunos e professores são os atuantes da relação de ensino e aprendizagem, apresentou um terceiro elemento nessa dinâmica.: o meio em que a situação evolui. A Teoria das Situações Didáticas desenvolvida por ele se baseia noprincípio de que "cada conhecimento ou saber pode ser determinado por uma situação", entendida como uma ação entre duas ou mais pessoas. Para que ela Didática Conteúdos formas de aprendizagem métodos Alunos Professor Meio em que a situação se desenvolve 19 seja solucionada, é preciso que os alunos mobilizem o conhecimento correspondente. 5 Com a utilização de jogos, por exemplo, podemos levar o aluno a usar o que já sabe para criar uma estratégia adequada. Assim Brosseau sugere que , o professor adie a apresentação do conhecimento ou as possíveis correções até que os alunos cheguem a uma regra . O professor deve criar um problema para que eles possam agir, refletir, falar e evoluir por iniciativa própria, criando assim condições para que tenham um papel ativo no processo de aprendizagem. É a essa situação que Brousseau chama de adidática. A situação adidática caracteriza-se basicamente por momentos do processo de aprendizagem nos quais o aluno trabalha de forma independente, onde não recebe qualquer tipo controle direto por parte do professor. Segundo o pesquisador, a criança ainda "não terá adquirido, de fato, um saber até que consiga usá-lo fora do contexto de ensino e sem nenhuma indicação intencional". Em outras palavras sem a ajuda do professor. As situações adidáticas fazem parte das situações didáticas. A situação didática é definida pelo autor como o conjunto de relações estabelecidas explícita ou implicitamente entre um aluno ou grupo de alunos e o professor para que estes adquiram um saber constituído ou em constituição. Fonte Clip art 5 http://revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/pai-didatica-matematica-427127.shtml 20 Brousseau desdobra a teoria das situações didáticas em quatro momentos Ação, Formulação, Validação e Institucionalização. Ação -a partida para a prática baseada em seus saberes. Os participantes tomam decisões, colocando seus saberes em prática para resolver o problema. É quando surge um conhecimento não formulado matematicamente. Formulação- descrevendo que estratégias utilizarão. Os alunos são levados a explicitar as estratégias usadas. Para isso, precisam formulá-las verbalmente, transformando o conhecimento implícito em explícito. O aluno retoma sua ação em outro nível e se apropria do conhecimento de maneira consciente. Validação. - tornando claro o caminho seguido A estratégia é demonstrada para interlocutores. "O aluno não só deve comunicar uma informação como também precisa afirmar que o que diz é verdadeiro dentro de um sistema determinado", afirmou Brousseau. Cada equipe propõe o enunciado de sua estratégia para ganhar, contestando o do adversário. Institucionalização.- apresentando a síntese do que foi desenvolvido. Aqui aparece o caráter matemático do que as crianças validaram. Trata-se de apresentar uma síntese do que foi construído durante o processo e deve ter um significado socialmente estabelecido. O professor tem um papel ativo, selecionando e organizando as situações que serão registradas. A proposta prática de Brousseau é apresentada por meio de uma atividade jogo. Assim no entender do autor, esses quatro momentos poderão ser observados. Uma contribuição de destaque na Teoria das Situações Didáticas é a da concepção inovadora sobre o erro. Esse deixa de ser um desvio , muitas vezes inaceitável pelo professor, para se tornar um obstáculo na busca de aquisição de saber. O aluno, partindo do que já conhecia e tinha utilidade, dá conta de que naquela situação o que ele conhecia é insuficiente para a resolução da situação. 21 A inovação dento dessa forma de ensinar Matemática é a inversão da ótica de partir do conhecimento institucionalizado para incentivar os alunos a buscarem as suas soluções e socializá-las. 2.1.2 Mais sobre o jogo e o lúdico na Matemática Ensinar Matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Se quisermos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem teremos nas atividades de jogos um suporte importante. A situação de jogo permite desenvolver a autoconfiança, a organização, a concentração, estimulando a socialização e aumentando as interações do aluno com os colegas e o professor. Trabalhar com jogos e curiosidades no ensino da Matemática possibilita que os alunos gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse dos alunos envolvidos. Percebemos vários momentos em que as crianças de maneira geral, exercem atividades com jogos, fora das salas de aula. Muitos desses jogos culturais e espontâneos apresentam impregnados de noções matemáticas que são, de forma espontânea, vivenciadas durante sua ação no jogo .Esse cenário confirma as possibilidades da utilização do jogo no ensino da Matemática,. Para saber mais e conhecer diferentes formas de trabalho em sala de aula é interessante conhecer a coleção:Vivendo a Matemática. 22 Há temas como: Brincando com os números, Geometria dos mosaicos, Medindo comprimentos, Geometria das dobraduras,Lógica, é lógico!, Polígonos, centopeias e outros bichos , Problemas curiosos e muitos outros. São livros paradidáticos que completam os conteúdos habituais dos livros didáticos. Que tal um exemplo de brincadeira envolvendo a Matemática retirada de : Brincando com a Matemática6 O professor organizará a competição, formando um número de equipes de acordo com o número de colunas de carteiras existentes na sala de aula. Os alunos estarão de pé, ao lado de suas carteiras. O professor anunciará, em voz alta, uma operação matemática cujo resultado final seja um número que só tenha um algarismo. Exemplo: 3x5-12=? Os alunos, em grupo, resolvem mentalmente a expressão e agrupam-se em círculo, na frente de sua coluna, dando os braços entre si, de acordo com o resultado (no exemplo acima devem participar apenas três alunos). Sairá vencedora a equipe que responder corretamente a expressão matemática, no menor tempo possível. Neste capítulo trouxemos para a sua reflexão aspectos ligados às causas muitas vezes apontadas para o fracasso escolar em Matemática, mas ressaltamos as possibilidades de didaticamente contornarmos esses problemas. Que tal no próximo capítulo tratar dos conteúdos a serem desenvolvidos no Ensino Fundamental 1? http://www.escolakids.com/brincando-com-a-matematica.htm 6 23 3-OS CONTEÚDOS A SEREM DESENVOLVIDOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO 5º ANO O professor, na sua tarefa mediadora tem a responsabilidade de apresentar conteúdos tomando como ponto de partida a prática do aluno, as suas experiências acumuladas, bem como considerar e valorizar a forma de raciocínio que ele apresenta, e como pensa e resolve os problemas .Isso não significa ficar estanque, mas sim a partir da continuidade desse conhecimento, ir contrapondo novas formas de compreender os conhecimentos matemáticos já produzidos. Quando você estiver atuando como professor leve em conta, que mesmo na séries iniciais, conteúdos podem ser tratados de forma assistemática, para que mais adiante ele seja sistematizado . Também é importante ressaltar que a sistematização dos conceitos, a partir de um determinado ano escolar, não impede que ela possa ocorrer antes, se existirem as condições favoráveis para isso. Ainda convém lembrarque a utilização de determinado conteúdo não se esgota no ano escolar em que é sistematizado. Em Matemática, talvez mais que nas outras disciplinas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, o saber sistematizado precisa ser utilizado regularmente na solução de problemas. Vamos considerar basicamente os seguintes campos de conhecimentos matemáticos a serem abordados : Campos Numéricos, Campos Geométricos, e Ao final deste capítulo você deverá ter construído as seguintes habilidades Reconhecer a tarefa mediadora do professor e a importância de trabalhar a partir de onde o aluno está conduzindo-o na descoberta do saber estruturado. Identificar os campos da Matemática a aerem tratados No Ensino Fundamental Dinamizar as aulas a partir das sugestões expostas 24 a Estatística e probabilidades. Não estamos fazendo referência ao Campo Algébrico porque a sistematização desse campo não é feita durante o segmento escolar para o qual você está se preparando para ensinar. Como nosso curso de formação não abrange o trabalho nos anos finais do Ensino Fundamental , em diante , não se pensou em abordagens específicas para os Campos Algébricos. 3.1 O estudo do Campo Numérico Você o conhece também como Aritmética, e na escola tinha vinculação com a noção de número como quantidade. Que tal se basear no significado sócio cultural de números que a criança traz como ponto de partida? Considere nesse caso os : números de telefone da casa da idade da criança das placas de carro das placas de sinalização Partindo dessas práticas o professor vai buscando outras práticas sociais envolvendo os Números Naturais: as operações fundamentais são realizadas de diversos modos: cálculo oral, escrito, utilizando máquinas calculadoras e outros instrumentos. Hoje até celular tem calculadora. 25 As sugestões apresentadas no documento de proposta Matemática da SEE de Santa Catarina 7 trazem as seguintes ideias: No cálculo oral pode-se explorar o cálculo estimativo, aproximado e outras estratégias diferentes do algoritmo escolar. Por sua vez, o algoritmo escrito pode ser sistematizado a partir do cálculo oral ou de outras formas que permitam ao aluno compreender o processo de sua própria elaboração e também aquele produzido ao longo da história pelos diferentes grupos sociais. A calculadora como um instrumento tecnológico utilizado socialmente, deve ser explorada didaticamente em sala de aula com vistas a: a) apropriação dos recursos tecnológicos deste tempo, fundamental para a formação do cidadão desta sociedade; b) compreensão do processo realizado pela calculadora e; c) compreensão das várias formas de cálculo. (1997,p.110) Esse trabalho deve ser integrante de um processo que abordará sistemas de numeração, em especial o decimal, com estudo das quatro operações, uma vez que estamos tratando das séries iniciais. O estudo dos números racionais começa com as frações nas séries iniciais do Ensino Fundamental, cujo significado e conceito pode ser explorado a partir da relação parte/todo, da noção de divisão e de atividades com medição, Nas séries seguintes o conceito é ampliado para Número Racional, envolvendo 7 PC-SC_Matematica.pdf 26 a noção de razão entre dois inteiros e podendo também ser explorada a noção de proporcionalidade, porcentagem e probabilidade Que noções cotidianas o aluno já traz relativas às frações? Quando a criança inicia o estudo das frações já tem algumas noções, tais como: metade, metade da metade (um quarto) e também de números decimais , tendo em conta o sistema monetário. O professor deve identificar estas noções e, caso os alunos não as tenham, cabe-lhe organizar atividades para que estes se apropriem das mesmas. Isto deve ser explorado pedagogicamente pelo professor e comparado com a construção de conceitos mais elaborados cientificamente. É sempre possível representar as frações de forma concreta, simbólica ou geométrica. Um estudo de caso Retirado da proposta de Multieducação do Núcleo Curricular básico da SME da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (1996, p.29-30) Aluno, turma, escola:Ideal ou Real? É hora do conselho de classe da 3ª série de uma escola localizada na zona Sul.As professoras, em círculo,ditam os conceitos de seus alunos por turma: 301,302, 303...Vilma, uma das professoras, resolve falar do desempenho fraquíssimo de sua aluna Marluce. Suas observações giram em torno dos problemas que a aluna não consegue resolver.Vilma acaba por classificar a Marluce como imatura, pois acha que lhe faltam pré-requisitos para o domínio dos mecanismos das contas. Quer saber mais? Boa sugestão de leitura divertida e didática para você utilizar como base para suas aulas você encontra na coleção Pra que serve a Matemática? da Editora Atual. Os títulos referentes a frações e números decimais e proporções tratam esses conteúdos de forma bem criativa. 27 Mas Marluce quando sai da escola,ajuda a sua mãe na feira, ou vende chicletes na rua, mede, pesa, compara volumes. A Matemática está presente no na divisão do seu tempo, nos jogos, na organização de sua sobrevivência material De acordo com o estudado nesse capítulo o que poderíamos sugerir à professora de Marluce, de modo a fazê-la despertar para a Matemática de forma prazerosa e lúdica? Reflita e converse, virtualmente ou em classe, com sua turma e tutora a respeito do caso apresentado 3.2. Os Campos Geométricos Neste aspecto o que podemos pensar em trabalhar com nossos alunos? De acordo com exemplos retirados da proposta curricular da SEE de Santa Catarina essas são características e habilidades socialmente relevantes, que podem contribuir para a formação do pensamento do aluno: estudo ou exploração do espaço físico e das formas; orientação, visualização e representação do espaço físico; visualização e representação das formas geométricas; denominação e reconhecimento das formas, segundo suas características; classificação de objetos segundo suas formas; estudo das propriedades das figuras e das relações entre elas; construção de figuras ou modelos geométricos; medição do espaço geométrico uni, bi e tridimensional, desenvolvendo conceito e cálculo de perímetro, de área, de volume e capacidade. Os primeiros passos para a aprendizagem da Geometria, um conhecimento essencialmente visual, devem privilegiar o que se apreende com os olhos e com as mãos. Não com os ouvidos.(CADERNOS DA TV ESCOLA ,vol1,p.5,1998) 28 Vamos pensar em que conhecimentos de Geometria o aluno provavelmente traz para a escola? Para tanto vamos utilizar um exemplo tirado do material da TV escola, p.6: Observando os deslocamentos de posição do Juca e as decisões que ele tomou é fácil concluir sobre o tanto de Geometria que ela já conhecia. Por tanto o professor, ao reconhecer e explorar as situações da vida real em sala pode contribuir para a aprendizagem do aluno. De acordo com Bigode(1998, p.7) "Uma criança em idade escolar não precisa que os adultos lhes digam o que é um ponto,uma reta ou um círculo. Ela já absorveu essas ideias de algum modo." Como exemplos de atividades a serem feitas na escola o autor propõe a utilização de quebra cabeças e desafios que são publicados em revistas, jornais como labirinto, jogos de ligue os pontos,dos sete erros e outros mais. É fácil concluir que é possível,a partir da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental, uma abordagem mais experimental e exploratória do espaço e das formas presentes no cotidiano do aluno. 29 Gradativamente, a medida que se chega ao terceiro, quarto ou quinto ano esses conteúdos passam a ter uma abordagem mais sistemática Mas o estudo dos Campos Geométricos não é restrito às formas e ao Sistema de Medidas. É importante explorar também a noção de ângulo, envolvendo movimento giratório, inclinações e diferença de orientações no espaço físico e a representação no papel. Fonte:http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm38/angulos.htm 3.3.Um pouco de estatística Desde as séries iniciais é possível trabalhar com a leitura de gráficos e tabelas, sempre levando em conta as situações didáticas envolvidas.Observe os trabalhos a seguir: Fonte: http://quartetofantasticoeducacaoinfantil.blogspot.com.br/2010/06/os-graficos-na-educacao-infantil.html 30 Fonte http://ecoturmadolau1011.blogspot.com.br/2010/10/os-nossos-textos.html Mais uma sugestão Cálculo mental A importância da habilidade de cálculo mental é apontada por vários autores como sendo necessária para uma significativa compreensão do número e de suas propriedades, estabelecimento de estimativas e para o uso prático nas atividades cotidianas. Além disso, a habilidade com o cálculo mental pode fornecer notável contribuição à aprendizagem de conceitos matemáticos e ao desenvolvimento da aritmética. O cálculo mental está centrado no fato de que um mesmo cálculo pode ser realizado de diferentes formas. O mais importante ao cálculo mental é a reflexão sobre o significado dos cálculos intermediários, facilitando a compreensão das regras que determinam os algoritmos do cálculo escrito. 31 Que tal essa tarefa como diversão? Aqui vai um pequeno exercício de cálculo mental. Este cálculo deve ser feito mentalmente e rapidamente, sem utilizar calculadora nem papel e caneta Você é Bom de Matemática?Calcule mentalmente. Tens 1000, acrescenta-lhe 40. Acrescenta mais 1000. Acrescenta mais 30 e novamente 1000. Acrescenta 20. Acrescenta 1000 e ainda 10. Ficou com _____________. Será que você encontrou 5000 como resposta? Ela está errada. A resposta certa é 4100 Se não acreditar, verifique com a calculadora. O que acontece é que a sequencia decimal confunde o nosso cérebro, que salta naturalmente para mais alta decimal (centenas em vez de dezenas). Fonte:http://www.conscienciacosmica.com.br/main.asp?menu=14&submenu=124 O Capítulo que estudamos buscou uma explicitação da relação conteúdo - forma em Matemática. A seriação desses conteúdos é parte do Projeto da escola e deverá ser discutido e combinado com a equipe pedagógica da escola. Os temas apresentados devem acontecer de forma contextualizada, tanto no aspecto da produção do conhecimento e sua utilidade social, bem como nas relações com os demais conteúdos da Matemática, e com as outras áreas do conhecimento, especialmente no segmento escolar para o qual você aluno e aluna do IECS, está se qualificando. 32 4. O USO DE MATERIAIS CONCRETOS COMO ALTENATIVA PEDAGÓGICA O uso de recurso auxiliar para o ensino e aprendizagem em Matemática permite a aproximação com o objeto que se quer conhecer. O uso pode se transformar numa fonte estimuladora do raciocínio e da criatividade, afastando a Matemática daquelas situações já criticadas aqui: transmissão de conhecimentos de forma descontextualizada e centrada no professor, dos exercícios prontos e acabados e da repetição exaustiva. Podemos considerar dois tipos de materiais concretos: os não estruturados e os estruturados. No primeiro grupo estão aqueles chamados de não estruturados tais como bolas de gude, carretéis, tampinhas de garrafa, palitos de sorvete. Sem terem uma função específica seu uso depende diretamente da criatividade do professor. O segundo grupo é chamado de estruturado. Neles há ideias matemáticas definidas. Entre eles temos o ábaco, o geoplano, o material Ao final deste capítulo você deverá ter construído as seguintes habilidades Desenvolver trabalhos que auxiliam o aluno a vivenciarem e construírem o significado de operação matemática, aplicando-as de modo prático. Relacionar materiais estruturados e não estruturados tornando aquisição dos conceitos matemáticos mais acessíveis aos alunos. Utilizar situações didáticas envolvendo Geometria , apresentando-a de forma mais lúdica. 33 dourado, o material Cuisenaire , o tangram e até o uso de material quadriculado, facilitando dessa forma a aprendizagem dos conceitos matemáticos.. 4-1 Tratando dos materiais estruturados Pode ser utilizado em atividades envolvendo o Sistema de Numeração Decimal, a base 10 e o valor posicional dos algarismos, além das 4 operações (com mais ênfase na adição e na subtração). Os ábacos são conhecidos como a primeira máquina de calcular da humanidade. São usado desde a Antiguidade, pelos Egípcios, Chineses e Etruscos. Consistiam em estacas fixas verticalmente no solo ou numa base de madeira onde se podiam enfiar folhas, conchas, pedras, pedaços de osso ou de metal que representavam números cujo valor dependia da estaca onde eram colocados. Os ábacos de arame devem ter tido origem no Oriente, supondo-se que foram os Mongóis os responsáveis pela sua introdução na Europa. Nos ábacos chineses (suan-pan, séc. XII) e japoneses (soroban, séc. XV) os cálculos podem ser efetuados na base dez. Os arames representam da direita para a esquerda, as unidades, as dezenas, as centenas, etc. As contas situadas por cima da barra horizontal valem 5(unidades, dezenas, centenas,etc.). e as de baixo valem 1. Tem também versões criadas na Rússia e na América pelo povo Asteca.. Fonte http://www.ucmas-usa.com/our-programs/how-does-it-work/what-is-an-abacus/: 34 Como construir um Ábaco Todas as atividades com o ábaco são organizadas para levar o aluno a refletir sobre o valor posicional e as regras de representação de quantidades. Com caixa de ovos, palito de churrasco e macarrão de furinho pode-se construir um ábaco. Destina-se a atividades que auxiliam o ensino e a aprendizagem do sistema de numeração decimal- posicional e dos métodos para efetuar as operações fundamentais. Essas regras se constituem em algoritmos. No ensino tradicional, as crianças acabam "dominando" os algoritmos a partir de treinos cansativos, mas sem conseguirem compreender o que fazem. Super interessante O que é algoritmo? É uma sequência finita e ordenada de passos (regras), com um esquema de processamento que permite a realização de uma tarefa tais como a resolução de problemas ou cálculos . Trata-se de uma palavra latinizada, derivada do nome de Al Khowarizmi, matemático árabe do século 19. Ele surgiu da necessidade de fazer cálculos sem o auxílio de ábacos, dedos e outros recursos. Até então, a estrutura dos cálculos esteve associada às ferramentas que havia à mão: pedras sobre o chão, varetas de bambu, a calculadora de manivela, a régua de cálculo e, por fim, a calculadora. É resultado de técnicas de cálculo que levaram séculos para se desenvolver. Também é usado na computação. Escrito por Bruna Nicolielo - Consultoria de Antonio José Lopes 35 Com o Material Dourado a situaçãoé outra: as relações numéricas abstratas passam a ter uma imagem concreta, facilitando a compreensão. Obtém-se, então, além da compreensão dos algoritmos, um notável desenvolvimento do raciocínio e um aprendizado bem mais agradável. O Material Dourado faz parte de um conjunto de materiais idealizados pela médica e educadora italiana Maria Montessori. O material Dourado ou Montessori é constituído por cubinhos, barras, placas e cubão, que representam: Podemos observar que o cubo é formado por 10 placas, que a placa é formada por 10 barras e a barra é formada por 10 cubinhos. Este material baseia-se em regras do nosso sistema de numeração. Veja como representamos, com ele, o número 265: 36 Esse material pedagógico é confeccionado em madeira, mas você pode construir um material semelhante, usando cartolina. Os cubinhos são substituídos por quadradinhos de lado igual a 2 cm, por exemplo. As barrinhas são substituídas por retângulos de 2 cm por 20 cm a as placas são substituídas por quadrados de lado igual a 20 cm. Utilizando o material, o professor notará em seus alunos um significativo avanço de aprendizagem. Em pouco tempo, estará enriquecendo as atividades com novas sugestões adequadas a seus alunos, explorando as inúmeras possibilidades desse recurso didático. O geoplano é um material criado pelo matemático anglo egípcio Calleb Gattegno. Constitui-se por uma placa de madeira, marcada com uma malha quadriculada ou pontilhada. Em cada vértice dos quadrados formados fixa-se um prego, onde se prenderão os elásticos, usados para "desenhar" sobre o geoplano. Esse material foi desenvolvido por Georges Cuisenaire Hottelet (1891- 1980), que era um professor de ensino primário belga. Ele criou o material ao perceber as dificuldades dos alunos e decidiu criar algo que ajudasse a ensinar 37 os conceitos básicos da Matemática. Então cortou algumas réguas de madeira em 10 tamanhos diferentes e pintou cada peça de uma cor tendo assim surgido a Escala de Cuisenaire. Durante 23 anos, Cuisenaire estudou e experimentou o material que criara Só mais de 20 anos depois da sua criação,a partir de um encontro com outro professor o anglo-egípcio Caleb Gattegno (criador do geoplano), é que o seu uso se difundiu com enorme êxito. Caleb chamava Cuisinaire de Senhor Barrinhas.. Feito originalmente de madeira, o material Cuisenaire é constituído por modelos de prismas quadrangulares com alturas múltiplas da altura do cubo – representante do número 1 – em 10 cores diferentes e 10 alturas proporcionais. Fonte:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=3570 O Tangram é um jogo oriental antigo constituído por sete peças ou sete tans: 5 triângulos de tamanhos diferentes, 1 quadrado e 1 paralelogramo. O objetivo deste jogo é conseguir fazer uma determinada forma, usando as sete peças. Ainda hoje o Tangram é muito utilizado em todo o mundo, especialmente no ensino de geometria.. A sua simplicidade, e capacidade de representar uma 38 tão grande variedade de objetos, mas ao mesmo tempo dificuldade em resolvê- los explica um pouco a mística deste jogo. Fonte: http://www.ensinarevt.com/jogos/tangram/index.html# O papel quadriculado prepara os alunos para o estudo sistemático e significativo do conceito de semelhança de figuras planas. Podemos trabalhar as noções de forma, tamanho, ampliação e redução de figuras planas. Fonte: http://formacaomatematica10.blogspot.com.br/2013/06/plano-de-aula-do-modulo-iii.html 39 Se você quiser saber mais sobre a utilização de jogos e materiais acesse: 1-Sobre Geoplanos e tamgram http://pt.slideshare.net/eliane24/geometria-plana-e-espacial-6067724?next_slideshow=1 2- Sobre o Material Dourado Vídeo Aula 4 - Material Dourado https://www.youtube.com/watch?v=3LFh6-VCeXM 3- Sobre o Material Cuisenaire https://www.youtube.com/watch?v=2lmV-NBNIFo 4-Sobre o uso de jogos http://pt.slideshare.net/angel1965/jogos-matemticos-educao-infantil?related=1 Acessados em out/2014 O capítulo 4 teve como objetivo principal apresentar as inúmeras possibilidades de trabalhar com os alunos em Matemática, utilizando materiais muito enriquecedores e facilitadores da aprendizagem. A aplicação de materiais concretos viabiliza e aprimora o processo de aprendizagem, principalmente o de alunos que eventualmente teriam dificuldades de compreensão no modelo tradicional. O próximo capítulo tratará da Matemática a partir dos PCNs. 40 5- A MATEMÁTICA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Vamos abordar aspectos sobre a Matemática a ser estudada no Fundamental 1 , de acordo com as propostas dos PCNs. Muito se tem estudado a respeito do papel da Matemática no Ensino Fundamental. De acordo com os PCNs (p.25) A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, comparar e operar sobre quantidades. Para tratar de transformar em ação essa proposta são apresentados objetivos específicos a serem trabalhados com os alunos. Ao final desse capítulo você poderá ser ter construído as seguintes habilidades Trabalhar criativamente a partir dos objetivos da Matemática, segundo os PCNs. Refletir sobre a importância da Avaliação em processo,como forma de acompanhamento da aprendizagem do aluno. Identificar relações conteúdo, forma e objetivos de ensino. 41 5.1 As recomendações dos PCNs para o primeiro ciclo Você tem acompanhado nos nossos módulos a constante preocupação com o planejamento das atividades que deverão facilitar a aprendizagem dos alunos ao mesmo tempo em que se enfatizam as propostas de avaliação dos mesmos. Voltando nosso foco para os PCN s há uma variedade de recomendações e sugestões que serão utilizadas aqui. Se você quiser saber mais acesse: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf Esse é o livro específico para Matemática. Ao abordarmos aspectos do ensino e aprendizagem de Matemática para o primeiro ciclo algumas sugestões e lembretes que merecem destaque. Os conhecimentos trazidos pelas crianças não estão classificados em campos numéricos, geométricos etc., como estudamos na unidade 2, mas sim interligados. Essa forma articulada precisa ser mantida no trabalho do professor, pois as crianças terão melhores condições de apreender o significado dos diferentes conteúdos, se conseguirem perceber diferentes relações deles entre si e com os demais ramos do saber. Outro aspecto enfatizado nos PCNs é o de que precisamos possibilitar um caminhar do aprendizado matemático junto à língua materna. A expressão oral é essencial tanto na passagem dos códigos linguísticos quanto no matemático. Falar sobre Matemática, escrever textos sobre conclusões, comunicar resultados, usando ao mesmo tempo elementos da língua materna e alguns símbolos matemáticos, são atividades importantes para que a linguagem matemática não funcione como um código indecifrável para os alunos. (PCN DE MATEMÁTICA,1997, p 46.). 42 Da mesma forma uma abordagem adequada dos conteúdos é antecedida por uma reflexão do professor diante da questão do papel dos conteúdos e decomo desenvolvê-los para atingir os objetivos propostos. Essa situação precisa ser muito pensada porque devemos evitar os improvisos. No primeiro ciclo vamos trabalhar com atividades que aproximem o aluno das operações, dos números, das medidas, das formas e espaço e da organização de informações, sempre partindo, como já temos ressaltado, do estabelecimento de vínculos com os conhecimentos com os quais ele chega à escola. É recomendação dos parâmetros de Matemática que você, como professor, esteja atento à importância de que o aluno adquira confiança em sua própria capacidade para aprender Matemática e explore um bom repertório de problemas que lhe permitam avançar no processo de formação de conceitos. Os conteúdos conceituais e procedimentais desenvolvidos se apresentam em blocos referentes a : Busque saber mais : Entre as páginas 50 a 52 e 58 a 62 dos PCNs de Matemática há uma listagem de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais a serem desenvolvidos durante o primeiro e segundo ciclo do Ensino Fundamental. Números naturais e numeração decimal Operações com números naturais Espaço e forma Grandezas e medidas Tratamento da informação 43 5.2 Trabalhando os objetivos específicos De acordo com os PCNs há onze objetivos a serem levados em conta quando se estabelece o que é necessário ao aluno do primeiro segmento em termos de conteúdos e habilidades matemáticas. Parada para exercício Um aluno que vai à feira, sabe controlar o dinheiro e estimar o troco que receberá, possivelmente já atingiu que objetivos dentre os apresentados? 1-Construir o significado do número natural a partir de seus usos e contextos. 2-Interpretar e produzir escritas numéricas. 3-Resolver situações- problema e construir, a partir delas, os significado das operações fundamentais. 5-Refletir sobre a grandeza numérica. 4-Desenvolver procedimentos de cálculo. 10-Utilizar instrumentos de medida. 9- Utilizar informações sobre tempo e temperatura. 8-Reconhecer grandezas mensuráveis. 7-Perceber semelhanças e diferenças entre objetos no espaço. 6-Estabelecer pontos de referência para situar-se no espaço. 11-Identificar o uso de tabelas e gráficos. 44 5.3. Ponderações sobre a avaliação em Matemática no Fundamental 1 Vamos apresentar algumas reflexões a respeito da avaliação em Matemática8 A avaliação do aprendizado em Matemática deve ser contínua, logo realizada no desenrolar do processo, e não deve ser verificada apenas em uma prova. Isso porque a construção do conhecimento acontece na capacidade de buscar soluções para problemas apresentados. Não se deve avaliar, somente se o aluno aprendeu regras ou esquemas, mas também o raciocínio, sua criatividade nas resoluções e o desenvolvimento de procedimentos, utilizando o conhecimento matemático As estratégias de avaliação devem ser variadas, uma vez que os conteúdos são dimensionados em conceitos, procedimentos e atitudes. A avaliação na dimensão conceitual está voltada à compreensão e a relações de definições e resolução de situações-problema empregando conceitos. Por outro lado avaliar procedimentos envolve conhecer como eles são construídos e 8 http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00002C/00002CCF.pdf 45 utilizados. Já a dimensão atitudinal de avaliação pode ser realizada por meio da observação do professor e pela realização da autoavaliação. Ao observar o desenvolvimento da questão feita pelo aluno, o professor identifica o erro, que é inevitável no processo ensino aprendizagem, mas pode ser o caminho para chegar ao acerto. Nesse processo de buscar acertar, o aluno faz tentativas. O professor poderá considerar o pensamento do aluno, e fazer a intervenção adequada para ajudá-lo a chegar ao acerto. É comum entre os professores, dizerem que o erro faz parte do processo de aprendizagem. mas tal pensamento acaba não sendo considerado prática avaliativa. Desejamos afirmar que está-se propondo a reversão de uma visão da avaliação que tem por objetivo classificar o aluno e utilizar .O erro deixa de ser analisado com caminho para a aprendizagem e passa a ser visto como punitivo. Muitas vezes esses erros são até mesmo reforçados através das formas de correção utilizada pelo professor. Embora a avaliação esteja diretamente ligada aos objetivos, estes nem sempre são atingidos por todos os alunos, e o processo de aprendizagem não tem para todos o mesmo ritmo. Muitos professores de Matemática têm o costume de não valorizar o desenvolvimento do exercício, do raciocínio, dos conceitos matemáticos utilizados pelos alunos para resolverem as questões .Dessa forma se detêm nos resultados finais, deixando de lado o restante. 46 É importante salientar que não é errado avaliar, também, através de provas, porém, estas devem servir não só para analisar os erros e acertos dos alunos, mas também para avaliar a metodologia do professor,inclusive na elaboração das tarefas para a avaliação da turma, porque não é raro encontrar provas e testes são elaborados sem base didática. 5.4 .Uma ponte entre os objetivos e os conteúdos no processo de avaliação As sugestões a seguir foram retiradas dos PCNs de Matemática para o primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental. Eles darão suporte à ideia de relação entre conteúdo -objetivo - avaliação indicando o que se espera do aluno concluinte do Ensino Fundamental 1. Vamos apresentar um paralelo entre os critérios de avaliação de matemática para essas fases do Ensino Fundamental. Os critérios indicados apontam aspectos considerados essenciais em relação às competências que se espera que um aluno desenvolva .Apresentam- se numa forma que permite a cada professor adequá-los em função do trabalho efetivamente realizado em sua sala de aula. Ato de avaliar como um processo que usa o método investigativo O acompanhar o caminhar do aluno não é só o reescrever, sublinhar, apontar os erros e acertos. O que se quer é transformar a avaliação num ato de pesquisa e reflexão sobre as soluções apresentadas pelo aluno, observando as respostas diferentes , identificando as questões não respondidas. Resumindo é preciso estar atento com relação à construção do conhecimento do aluno. 47 Quanto às situações problema 1º ciclo Resolver situações-problema que envolvam contagem e medida, significados das operações e seleção de procedimentos de cálculo Espera-se que o aluno resolva problemas expressos por situações orais, textos ou representações matemáticas e utilize conhecimentos relacionados aos números, às medidas, aos significados das operações, selecionando um procedimento de cálculo pessoal ou convencional e produzindo sua expressão gráfica. Ao finalizar este ciclo, os diferentes significados das operações não estão consolidados; por isso, os problemas devem abordar os significados que já foram apropriados pelos alunos, priorizando as situações de adição e subtração. 2º ciclo Resolver situações-problema que envolvam contagem, medidas, os significados das operações, utilizando estratégias pessoais de resolução e selecionando procedimentos de cálculo Espera-se que o aluno resolva problemas utilizando conhecimentos relacionados aos números naturais e racionais (na forma fracionária e decimal), às medidas e aos significados das operações, produzindo estratégias pessoaisde solução, selecionando procedimentos de cálculo, justificando tanto os processos de solução quanto os procedimentos de cálculo em função da situação proposta. Quanto ao sistema de numeração 1º ciclo Ler e escrever números, utilizando conhecimentos sobre a escrita posicional Espera-se que o aluno seja capaz de utilizar o número como um instrumento para representar e resolver situações quantitativas presentes no cotidiano, evidenciando a compreensão das regras do sistema de numeração decimal. 48 2º ciclo Ler, escrever números naturais e racionais, ordenar números naturais e racionais na forma decimal, pela interpretação do valor posicional de cada uma das ordens Espera-se que o aluno saiba ler, escrever, ordenar, identificar sequencias e localizar, em intervalos, números naturais e números racionais na forma decimal, pela identificação das principais características do sistema de numeração decimal. Quanto à comparação e ordenação 1º ciclo Comparar e ordenar quantidades que expressem grandezas familiares aos alunos, interpretar e expressar os resultados da comparação e da ordenação Espera-se que o aluno tenha noção de quantidade e utilize procedimentos para identificar e comparar quantidades, em função da ordem de grandeza envolvida, e seja capaz de ordenar quantidades, localizar números em intervalos, numa sequencia numérica (o “limite” da sequencia numérica é estabelecido em função do que for possível avançar, considerando-se as experiências numéricas da classe). Quanto ao trabalho com medidas 1º ciclo Medir, utilizando procedimentos pessoais, unidades de medida não convencionais ou convencionais (dependendo da familiaridade) e instrumentos disponíveis e conhecidos Espera-se que o aluno saiba medir fazendo uso de unidades de medida não convencionais, que sejam adequadas ao atributo que se quer medir. O 49 conhecimento e uso de unidades e instrumentos convencionais não são essenciais até o final do primeiro ciclo e dependem da familiaridade que os alunos possam ter com esses elementos em situações do cotidiano. Outro aspecto a ser observado é a capacidade do aluno de realizar algumas estimativas de resultados de medições. 2º ciclo Medir e fazer estimativas sobre medidas, utilizando unidades e instrumentos de medida mais usuais que melhor se ajustem à natureza da medição realizada Espera-se avaliar se o aluno sabe escolher a unidade de medida e o instrumento mais adequado a cada situação, fazer previsões razoáveis (estimativas) sobre resultados de situações que envolvam grandezas de comprimento, capacidade e massa, e saiba ler, interpretar e produzir registros utilizando a notação convencional das medidas. Quanto aos aspectos de localização 1º ciclo Localizar a posição de uma pessoa ou um objeto no espaço e identificar características nas formas dos objetos Espera-se que o aluno utilize elementos de posição como referência para situar-se e movimentar-se em espaços que lhe sejam familiares, assim como para definir a situação de um objeto num determinado espaço. É importante também verificar se ele é capaz de estabelecer semelhanças e diferenças entre os objetos, pela observação de suas formas. A expressão dessas observações é feita por meio de diferentes representações (gráficas, orais, com materiais, etc.). 50 2º ciclo Interpretar e construir representações espaciais (croquis, itinerários, maquetes), utilizando-se de elementos de referência e estabelecendo relações entre eles Espera-se que o aluno identifique e estabeleça pontos de referência e estime distâncias ao construir representações de espaços conhecidos, utilizando adequadamente a terminologia usual referente a posições. Aspectos específicos do 2 º ciclo Realizar cálculos, mentalmente e por escrito, envolvendo números naturais e racionais (apenas na representação decimal) e comprovar os resultados, por meio de estratégias de verificação Espera-se que o aluno saiba calcular com agilidade, utilizando-se de estratégias pessoais e convencionais, distinguindo as situações que requerem resultados exatos ou aproximados. É importante também avaliar a utilização de estratégias de verificação de resultados, inclusive as que fazem uso de calculadoras. Reconhecer e descrever formas geométricas tridimensionais e bidimensionais Espera-se que o aluno identifique características das formas geométricas tridimensionais e bidimensionais, percebendo semelhanças e diferenças entre elas (superfícies planas e arredondadas,formas das faces, simetrias) e reconhecendo elementos que as compõem (faces, arestas, vértices,lados, ângulos). Recolher dados sobre fatos e fenômenos do cotidiano, utilizando procedimentos de organização, e expressar o resultado utilizando tabelas e gráficos. 51 Espera-se que o aluno saiba coletar, organizar e registrar informações por meio de tabelas e gráficos, interpretando essas formas de registro para fazer previsões. Exemplos de questão trabalhada no Município do Rio de Janeiro Fonte: Coordenadoria de Educação da SME do Rio de Janeiro , p.8 52 Exemplo de questão tirada de livro de Matemática Fonte: Santos e Maymone . Autoavaliação - 6ºano p.3 SARESP- Sistema de rendimento escolar do Estado de São Paulo 53 Concluindo nosso material de estudo Uma das características da Matemática é a quantificação do real, contagem, medição de grandezas, no desenvolvimento das técnicas de cálculo com os números e as grandezas, além da criação de sistemas abstratos, que organizam e revelam fenômenos do espaço, do movimento, das formas e dos numerais associados quase sempre a fenômenos do mundo físico.Quantas possibilidades! Deixamos a para você aluno ou aluna do IECS uma mensagem adaptada da página inicial do livro Professor Machado(1992), na coleção Vivendo a Matemática. O professor assim se expressa:. Caro leitor Algumas pessoas gostam de dançar, outras não.há quem vibre ao dirigir automóveis e quem sinta sono na direção. Como tudo na vida , há quem goste de Matemática e quem não a veja com bons olhos. Mas para gostar de alguma coisa é preciso conhecê-la. É preciso experimentá-la e ter a chance de sentir algum prazer nesse contato. Da mesma forma, com esse capítulo concluímos o estudo sobre a Didática da Matemática. Esperamos que você, aluno ou aluna, parta para o trabalho em Matemática ciente da beleza e da importância que essa Disciplina tem na nossa vida e desejamos que o estudo deste material deixe em você o "sabor de quero mais". 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIGODE, Antonio José Lopes. A geometria, as crianças e a realidade. Cadernos da TV Escola: PCN na Escola - Matemática Volume 1. Brasília: MEC- SED.,1998. FREITAS, Gláucio da Silva. Usando a matemática no cotidiano. Infoescola- Navegando e aprendendo. Disponível em <http://www.infoescola.com/matematica/usando-a-matematica-no-cotidiano> Acesso em out 2014 IMENES, Luiz. Márcio.Pereira . Geometria das dobraduras. São Paulo. Scipione, 1992. _______ . Geometria dos Mosaicos. São Paulo: Scipione, 1992 (Vivendo a Matemática). _______ . A numeração indo-arábica. São Paulo: Scipione, 1992. (Vivendo a Matemática). _______ . Os números na história da civilização. São Paulo: Scipione, 1992. (Vivendoa Matemática). _______ Problemas Curiosos. São Paulo: Scipione, 1992. Vivendo a (Matemática). _______ Brincando com números. São Paulo: Scipione, 1992. (Vivendo a Matemática). IMENES, Luiz. Márcio.Pereira; Jakubovic,José; Lellis, Marcelo. Frações e Números Decimais. São Paulo: Atual, 1993.(Pra que serve a Matemática?) _______.Proporções. São Paulo: Atual, 1993.(Pra que serve a Matemática?) MACHADO, Nilson José. Medindo comprimentos. São Paulo: Scipione, 1992 (Vivendo a Matemática). 55 _______ Os poliedros de Platão e os dedos da mão. São Paulo: Scipione, 1992 (Vivendo Matemática). _______ Lógica? É lógico? São Paulo: Scipione, 1992 (Vivendo a Matemática). _______ Polígonos, centopeias e outros bichos. São Paulo: Scipione, 1992 (Vivendo a matemática). _______ Semelhança não é mera coincidência. São Paulo: Scipione, 1992 (Vivendo a Matemática). MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais. Matemática. Brasília: Secretaria de Educação Básica. Disponível em <portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf > Acesso em de out de 2014 NICOLIELO, Bruna. O que é algoritmo?.Revista Nova Escola. São Paulo: Abril Editora, nº 238, 2010. Disponível em < http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica- pedagogica/algoritmo-611956.shtml > Acesso em out 2014 NOVA ESCOLA. Guy Brousseau: referência na didática da Matemática. São Paulo: Abril Editora, nº 219, 2009. Disponível em :<http://revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/pai- didatica-matematica-427127.shtml > Acesso em out 2014 OLIVEIRA, Carlos Alberto Jesus. Adição com o material Cuisenaire. Portal do professor do MEC. Disponível em : < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=4983 > Acesso em out de 2014. 56 PAPERT,Seymour. A máquina das crianças.Repensando a escola na er ada Informática. São Paulo: Penso Editora. 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