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1 Disciplina: Educação Física no Ensino Fundamental Autores: Felipe Pereira da Luz Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 FICHA CATALOGRÁFICA LUZ, Felipe Pereira da. Educação Física no Ensino Fundamental / Felipe Pereira da Luz – Curitiba, 2017. 46 p. Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental – Faculdade São Braz (FSB), 2017. 3 Educação Física no Ensino Fundamental 2017 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Na disciplina serão abordados os conceitos políticos e históricos da Educação Física no Ensino Fundamental, assim como os objetivos propostos pela mesma. Serão abordadas também as metodologias que podem ser usadas nessa fase: psicomotora, construtivista, desenvolvimentista e crítica, assim como os critérios de avaliação. Os conteúdos relacionados a Educação Física serão abordados na terceira aula, visando principalmente o primeiro e segundo ciclo, e já na quarta aula, será visado o terceiro e o quarto ciclo, fechando a totalidade do ensino fundamental. Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 6 AULA 1 – HISTÓRICO, OBJETIVOS E METODOLOGIAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL Apresentação da Aula 01 Na aula serão abordados os fundamentos históricos e políticos da Educação Física, tratando dos objetivos do Ensino Fundamental, e da Educação Física nesse período escolar, assim como a metodologia que deve ser utilizada para atingir melhor os objetivos propostos. 1.1 Fundamentos Históricos e Políticos da Educação Física A Educação Física escolar é uma disciplina que foi se constituindo na escola seguindo algumas concepções. Portanto, é possível dizer que a Educação Física como disciplina escolar sofreu diversas transformações de acordo com as mudanças que ocorriam na sociedade no decorrer do tempo. O processo de construção histórica da disciplina de Educação Física fez com que ela assumisse várias roupagens no decorrer do tempo tanto na escola quanto na sociedade. A Educação Física como um produto de transformações sociais está inserida na sociedade e sempre esteve voltada aos seus diferentes interesses em diversos momentos históricos. No regime militar, a Educação Física, assumiu a função de preparar o corpo para se tornar forte, ágil e apto para a Guerra. Em outros momentos esteve presente para a formação de atletas de alto rendimento, e atualmente alguns autores apontam que seu objetivo deveria estar voltado à formação crítica do ser humano. No entanto, essa formação crítica vem se tornando um jargão na Educação Física. A grande maioria dos documentos da escola, como o Projeto Político Pedagógico (PPP) e Plano de Trabalho Docente (PTD) em algum momento faz referência à formação crítica do aluno em busca da transformação da sociedade. Para que se possa compreender melhor como a disciplina de Educação Física sofreu essas alterações, é imprescindível que se faça análises históricas e políticas, buscando identificar em diversos momentos, os interesses e sentidos que a disciplina assumia na escola. 7 A trajetória da Educação Física pode ser considerada recente, tendo em vista outras disciplinas na escola, como matemática e história. A primeira referência explícita em textos constitucionais do termo Educação Física foi em 1937, sendo que foi incluída no currículo como prática educativa obrigatória (não como disciplina curricular), na época juntamente com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras. Mais tarde, com a Lei de Diretrizes e Bases (1961), houve um amplo debate sobre o sistema de ensino, e ficou definida a Educação Física como obrigatória para o ensino primário e médio. Já em 1968, com a lei 5540, e em 1971 com a lei 5692, a Educação Física foi reforçada em seu caráter instrumental, sendo considerada como uma prática essencial voltada para o desempenho técnico e físico do aluno. No âmbito escolar, considerava-se a Educação Física como: “atividade que por seus meios, processos e técnicas, desperta, desenvolve e aprimora - forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando” (Decreto 69.450, 1971, art. 1º). Em 20 de dezembro de 1996 foi promulgada Lei de Diretrizes e Bases nova, que vigora até hoje. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino fundamental, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) (Lei 9394/96, artigo 26, grifo do autor) 8 1.2 Objetivos do Ensino Fundamental Antes de iniciar os objetivos da Educação Física, deve-se compreender os Objetivos do Ensino Fundamental, que podem ser divididos em quatro grandes grupos: • Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civise sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito • Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País; • Utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação; • Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva. Vídeo Assista ao vídeo PCN ensino fundamental, o qual explicita o que deve ser trabalhado em cada disciplina. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JJ0qH0HeJN8 9 1.3 Objetivos da Educação Física no Ensino Fundamental O professor deve incentivar a participação dos alunos nas atividades corporais, de forma a estabelecer relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e o desempenho pessoal e dos outros, sem discriminar, seja em relação as características pessoais, de gênero, físicas, sexuais ou sociais. Deve-se ter o respeito mútuo, dignidade e solidariedade, em todas as disciplinas, e especialmente quando se fala em jogos e brincadeiras, sempre incentivando o fair play (jogo limpo), sendo que deve ser repudiada qualquer tipo de violência. Importante Deve-se conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações de cultura corporal do Brasil e do mundo, percebendo-as como recurso valioso para a integração entre pessoas e entre diferentes grupos sociais. Os alunos devem ser reconhecidos como elementos integrantes do ambiente, e adotar hábitos saudáveis de higiene, alimentação e de atividades corporais, de modo a melhorar sua saúde, e consequentemente, recuperando e ajudando na manutenção e melhoria da saúde coletiva. Vídeo Para compreender o que se pode trabalhar e como trabalhar com crianças sobre higiene e saúde, acesse o vídeo Higiene e Saúde. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=k2z0ppvRqEY 10 A educação física tem como objetivo auxiliar em desordens corporais ou aperfeiçoamento de movimentos, visando o desenvolvimento integral da criança em diferentes contextos. O professor deve saber que o desenvolvimento ocorre de forma gradual e é diferente de aluno pra aluno, assim, deve ser perseverante e fazer um trabalho regular com seus alunos, de modo saudável e equilibrado. Para isso, é necessário entender os padrões impostos pela mídia e sociedade, analisando-os criticamente, a fim de evitar consumismo e o preconceito. 1.4 Ensino Aprendizagem na Educação Física Para nortear os estudos referente ao processo de ensino aprendizagem da disciplina de Educação Física no ensino fundamental, utiliza-se como referência os Parâmetros Curriculares Nacionais, que foram elaborados com a finalidade de orientar os professores em busca de abordagens metodológicas. Os PCNs traçam um novo perfil para o currículo, apoiado em algumas competências básicas, realizando uma nova leitura das concepções de sociedade, escola e ensino. Não se trata de um documento normatizador, mas sim, de um instrumento norteador para orientar as novas tendências pedagógicas que visam o desenvolvimento da construção de um novo modelo de ensino aprendizagem, democratizando, humanizando e diversificando a prática pedagógica. Para atender esses interesses os PCNs buscaram transmitir as diversas discussões na área pedagógica, referentes aos interesses do processo de ensino aprendizagem na escola. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física, foram divididos em dois livros para o Ensino Fundamental, que foram classificados segundo a normativa de ciclos de aprendizagem. O primeiro livro, diz respeito as orientações pedagógicas referentes ao primeiro e segundo ciclo desse nível de ensino, o primeiro ciclo corresponde ao 1º, 2º e 3º ano, e o segundo ao 3º, 4º e 5º ano da nova nomenclatura do Ensino Fundamental de Nove anos - 11 Ensino Fundamental I. Já o segundo livro refere-se ao terceiro e quarto ciclo, 6º e 7º ano e 8º e 9º ano, respectivamente - Ensino Fundamental II. Os PCNs vieram para trazer uma proposta que visa democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica, além de buscar ampliar sua visão antes puramente biológica, para uma visão mais ampla, que incorpore outras dimensões, como afetiva, cognitiva e sociocultural dos alunos: Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física trazem uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma organizada, as principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as avaliações da prática de Educação Física. (PCN, 1998, p. 15) Quando se pensa em Educação Física, se pensa muito no aspecto corporal, porém deve-se pensar também nos aspectos cognitivos, afeitos, além do corporal, pois eles então inter-relacionados em todas as situações. Na aula, não se deve buscar a repetição de gestos, apenas fazendo-os virar gestos automatizados para reprodução, apropriação do movimento, do processo de construção desse movimento, assim se tendo a possibilidade de ser autônomo em seu potencial gestual. O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto, não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e adequada. (PCN, 1997, p. 27) Dessa forma, o professor deve trazer diversas possibilidades, considerando todas as dimensões, de forma a todos os alunos aprenderem a se desenvolver. Na prática, pode-se favorecer o aluno a ter autonomia, fazendo-os monitorar suas atividades, criar metas, conhecendo suas capacidades e limitações, evitando por si, situações que podem ser prejudiciais. 12 1.5 Elementos do Conhecimento Coll (1997), segundo o PCN de Educação Física, classificou os elementos do conhecimento em três blocos: Conceituais “o que se deve saber”, procedimentais “saber fazer” e atitudinais “como se deve fazer”. Dimensão conceitual: envolve conceitos, fatos e princípios relacionados ao conteúdo tratado, como falar sobre aspectos históricos, significado para comunidades, oportunidades e vivência, quando se falar sobre determinado modalidade esportiva. Dimensão procedimental: é o tomar decisões, construir instrumentos a fim de analisar processos e resultados obtidos e os executar, como decisão sobre a melhor técnica a utilizar em determinada situação, por exemplo em um desporto, qual a melhor jogada a ser utilizada. Dimensão atitudinal: envolve o tratamento de normas e regras que orientam a conduta e os valores, que possibilitam fazer juízo crítico sobre as ações ocorridas em aula ou jogo. Para conseguir isso, o professor deve conhecer a relevância social que determinado conteúdo tem, as característica de seus alunos e da área onde será executada determinada atividade, sendo que uma boa forma de se colocar em prática os conteúdos, é dividi-los em conhecimentos sobre o corpo, esportes, lutas e ginásticas e, atividades rítmicas e expressivas.Vídeo Assista ao vídeo Câmara debate – Educação Física no ensino fundamental. Nele há o debate sobre a educação física no ensino fundamental, feito na câmara municipal de Uberlândia, com dois vereadores, uma professora de educação física e a supervisora regional de ensino. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U8_RnVWZPMQ 13 Resumo da Aula 01 A aula abordou os conceitos históricos e políticos da Educação Física, os objetivos do ensino fundamental e da educação física nessa fase e a metodologia mais adequada para a mesma. Atividade de Aprendizagem Considerando que o objetivo do ensino da Educação Física na escola é preparar indivíduos para a autonomia na utilização de seu potencial motor, discorra sobre quais devem ser os conhecimentos procedimentais, conceituais e atitudinais a serem ensinados durante as aulas desse componente curricular. AULA 2 – ABORDAGENS METODOLÓGICAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA Apresentação da Aula 02 A aula irá explicitar sobre as abordagens metodológicas na Educação Física, psicomotora, construtivista, desenvolvimentista e crítica, e por último os critérios de avaliação. 2.1 Abordagens Metodológicas em Educação Física Atualmente, tem crescido de forma significativa a discussão com relação a legitimação da Educação Física na escola, o que vem gerando diversos estudos e propostas metodológicas para o ensino da disciplina. O resultado dessas discussões, principalmente, a partir do final dos anos 80, tem refletido no processo de ensino aprendizagem da disciplina de Educação Física na escola. Portanto, “qual é a função das abordagens metodológicos?”, não é 14 nada mais, que convencer as pessoas da importância da disciplina na escola. Não é possível reduzir a importância das abordagens metodológicas ao simples fato de justificar a importância da Educação Física, pois as abordagens apresentam encaminhamentos importantes para a formação dos alunos, baseados em diferentes tipos de valores e preceitos, que podem contribuir para diferentes tipos de formação. Vídeo Para se compreender melhor sobre o que cada época visava e entender as abordagens de cada uma, até chegar na atual, assista o vídeo A história da Educação Física Brasileira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hHOzvtRDtnQ A Educação Física, assim como outras manifestações sociais, influenciam e sofrem influencias diretas da sociedade, e com isso acaba assumindo características geralmente voltadas aos interesses da sociedade ao longo do tempo. O desafio atual é fazer com que a Educação Física torne-se também uma disciplina importante na escola, uma vez que contribui para a formação dos cidadãos. Contudo, é possível observar, muitas vezes, que a ação docente está desconexa ao projeto político pedagógico da escola, que por sua vez, está desatualizado. Para Refletir A escola também é um instrumento ideológico e formador de opinião, assim, de que maneira poderia se dizer que as metodologias de ensino poderiam influenciar de forma ativa nessa construção da identidade dos cidadãos? Busca-se estabelecer respostas a essa pergunta, deve-se inicialmente compreender que as metodologias de ensino de Educação Física também passaram por transformações sociais que as levaram a pensar a prática da 15 disciplina a um determinado caminho, por meio de suas estratégias e encaminhamentos. Sem dúvida, antes de mais nada, o professor deve ter muito claro sua própria visão de mundo, de sociedade, de escola e de ensino, uma vez que toda a ação docente está voltada nas relações que o professor implica nas suas próprias concepções de papel de aluno, papel de professor e papel de escola. Portanto, a prática pedagógica, não é simplesmente a reprodução de encaminhamentos metodológicos propostos por um grupo de pesquisadores das Universidades, mas deve sim ser pensada cotidianamente por meio de discussões entre toda a comunidade escolar. A escolha de determinada metodologia de ensino é crucial para que se atinja os objetivos propostos pelo projeto político pedagógico da escola, mas, o que é observado é que muitas vezes esse documento não é “vivo”, ou seja, não são realizadas discussões para renovação de suas concepções e ideais, e na maior parte das vezes, é apenas realizado para fins políticos e constitucionais, e guardados na sala da direção. Antes de mais nada, deve-se pensar a relação que o projeto político pedagógico da escola estabelece no processo de ensino aprendizagem, pois sem dúvida ele é o documento que inicia todas as discussões de encaminhamentos metodológicos. O distanciamento entre teoria e prática vêm causando diversos problemas na educação, de um lado os professores que atuam no chão da escola, cercados por problemas institucionais, sala de aulas precárias, recursos materiais limitados e ainda tendo que lidar com o alto número de alunos; e do outro, os pesquisadores das universidades que buscam estratégias para minimizar os efeitos desses problemas. Não há dúvidas, que a intenção dos pesquisadores é solucionar esses problemas que tem afetado a Educação, porém, na maior parte das vezes, os professores que estão na realidade das escola, não conseguem realizar a aplicação de tais metodologias no chão da escola. Não cabe nesse momento, ficar apontando os possíveis motivos para que tais metodologias não sejam aceitas pelos professores que estão na realidade escolar, mas acreditar que existe esse distanciamento que parece ser incontornável, uma vez que segundo alguns autores existe uma necessidade 16 emergente de criação de novas metodologias de ensino, em especial na disciplina de Educação Física, que como consequência deve ser transmitidas aos seus principais interessados: os alunos. Na disciplina de Educação Física em especial, devido as próprias transformações que ocorrem ao interior dela, pode-se observar raízes metodológicas pautada em princípios de métodos antigos, que foram criados numa determinada época em que atendia a necessidade da sociedade, contudo, hoje em dia, não se faz presente. A Educação Física durante muito tempo foi encarada como sinônimo de esporte, uma vez que durante sua trajetória histórica, um dos seus objetivos era o treinamento de alto rendimento. Porém nos dias atuais, após a crise que a Educação Física viveu na década de 90, em busca de justificativa para sua presença na escola, esse objetivo não está de acordo com os anseios educacionais contemporâneos. Para exemplificar de forma mais extremista, pode-se citar as raízes militaristas da Educação Física, em que suas aulas eram dadas por coronéis do exército, que tinham como objetivo preparar os indivíduos para a guerra, nesse mesmo molde, se os alunos não estivessem executando determinado movimento de acordo com a regra proposta, muito provavelmente esse aluno teria que passar por “castigos”, como o conhecido “paga dez”, “corre tantas voltas”, entre outros. Hoje, com a transformação dos modelos educacionais, se um professor determinar um “castigo” a um aluno após o descumprimento de determinada tarefa, muito provavelmente será demitido, e inclusive, pode ser processado por tal medida. Observe que inúmeras transformações ocorreram na sociedade, e as abordagens metodológicas também foram sofrendo modificações, para que pudessem continuar atendendo os interesses da sociedade ao longo do tempo. Portanto, não há como negar que os professores devem acompanhar tais inovações. Buscando estabelecer metodologias coerentes com o cenário atual, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física, apresentaram algumas abordagens metodológicas para nortear a prática pedagógica docente no ensino fundamental e médio. 17 Fonte: MUÑOZ PALAFOX, 2001, s/p 2.1.1 Abordagem Psicomotora A abordagem Psicomotora,que tem como um de seus percursores Le Bouch, foi o primeiro movimento mais articulado que aparece a partir da década de 70, em contraposição aos movimentos anteriores. Nele, o envolvimento da Educação Física é com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja, buscando garantir a formação integral do aluno. A abordagem Psicomotora, apresentou a sociedade o movimento como instrumento de auxÍlio as demais área de conhecimento, auxiliando nas operações matemáticas, nas interpretações das diferentes linguagens, e tem seu encaminhamento voltado a estratégias que viabilizem a melhoria de outras disciplinas dentro da escola, e não somente visando a área esportiva, como era antigamente. A eficácia de tal método ficou comprovado em diversos estudos em diferentes áreas do conhecimento, todavia, percebe-se que a Educação Física nessa abordagem assumiu um papel secundário na escola, servindo apenas como ponte para outras disciplinas curriculares. 18 2.1.2 Abordagem Construtivista Os PCNs apresentam também como proposta metodológica que pode nortear as práticas pedagógicas de Educação Física, é a abordagem elaborada pelo professor João Batista Freire, denominado Construtivista. Essa abordagem começa a considerar os conhecimentos prévios dos alunos no processo de ensino aprendizagem, incluindo as dimensões afetivas e cognitivas ao movimento humano, essa proposta abrande principalmente crianças até os 10-11 anos. Na abordagem construtivista, a intenção é a construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, nessa concepção a aquisição do conhecimento é um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente de acordo com as pressões do meio. As atividades baseadas na abordagem construtivista, seguem uma progressão pedagógica, e acredita-se que o desenvolvimento motor das crianças se dá por meio de pressão do meio, isto é, que o meio propicia experiências que levam as crianças a solucionar situações problemas. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA O Livro Educação de Corpo Inteiro de João Batista Freire (2002), mostra sobre o corpo na escola, que deve ser desenvolvido. O livro foi desenvolvido a modo de fazer os leitores pensarem e entenderem a disciplina assim como o movimento corporal em todos os sentidos do ensino e aprendizagem. 19 2.1.3 Abordagem Desenvolvimentista A abordagem desenvolvimentista foi baseada nos princípios de crescimento e desenvolvimento e da aprendizagem motora. Nessa abordagem, o movimento constitui-se no principal meio e fim do ensino da Educação Física, sendo o conceito de habilidade motora imprescindível para o seu entendimento. O principal objetivo da Educação Física, nessa perspectiva, é oferecer experiências de movimento adequadas ao nível de crescimento e desenvolvimento do indivíduo, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada. Essa abordagem é dirigida especificamente para a faixa etária de até 14 anos, pois possibilita, a adequação das atividades conforme a faixa etária, por meio da classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos. Essa abordagem traz relevantes contribuições para área, uma vez que o movimento humano é a essência da Educação Física, porém, essa abordagem não se preocupa com as relações extrínsecas ao movimento, ou seja, não está interessada nos aspectos afetivo e social que entornam suas atividades. Foi uma tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento motor e da aprendizagem motora em relação à faixa etária e, em função dessas características, sugerir aspectos ou elementos relevantes à estruturação de um programa para a Educação Física na escola. Grande parte do modelo conceitual dessa abordagem relaciona-se com o conceito de habilidade motora, pois é por meio dela que os seres humanos se adaptam aos problemas do cotidiano. Como as habilidades mudam ao longo da vida do indivíduo, desde a concepção até a morte, constituíram-se numa área de conhecimento da Educação Física, o Desenvolvimento Motor. Ao mesmo tempo, estruturou-se também uma outra área em torno da questão de como os seres humanos aprendem as habilidades motoras, a Aprendizagem Motora. 20 Saiba Mais A partir dessa perspectiva passou a ser extremamente difundida a questão da adequação dos conteúdos ao longo das faixas etárias. A exemplo do domínio cognitivo, foi proposta uma taxionomia para o desenvolvimento motor, ou seja, uma classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos. Fonte: Gallahue e Ozmun, 2001 21 2.1.4 Abordagem Crítica Buscando trazer as reflexões mais aprofundadas com a relação à sociedade contemporânea, foram criadas as chamadas metodologias críticas de ensino da Educação Física, influenciadas fortemente pelas ideologias do chamado movimento Escola Nova. Nessas concepções a Educação Física tem como objeto de estudo os elementos da cultura corporal de movimento, que tem como temas, o jogo, as ginástica, o esporte, a dança e outras temáticas que apresentam relações com os principais problemas dessa cultura corporal de movimento e o contexto histórico social dos alunos. As abordagens críticas podem ser consideradas encaminhamentos emergentes da Educação Física, pois parece ser, as melhores alternativas para garantir a formação do cidadão crítico e participativo, uma vez que seus conteúdos devem ser contextualizados e refletidos, visando um modelo se superação de contradições e injustiças sociais. Busca-se por meio dessas abordagens minimizar os problemas sociais presentes na sociedade contemporânea, e pretende por meio de seus encaminhamentos possibilitar aos alunos tornarem-se políticos e participativos, podendo consumir de forma consciente das manifestações da cultura corporal produzida pelo homem ao longo do tempo. Essa reflexão pedagógica é compreendida como sendo um projeto político-pedagógico. Político, porque encaminha propostas de intervenção em determinada direção, e pedagógico, porque propõe uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade, explicitando suas determinações. Abordagem crítico superadora Caracterizou-se por um discurso no qual se identificou uma grande preocupação com o caráter histórico e cultural da execução de movimentos. Contrapondo-se à abordagem desenvolvimentista, anteriormente apresentada, esses autores não defenderam a aprendizagem do movimento com a finalidade de buscar o desenvolvimento motor, mas como um meio para possibilitar ao aluno uma compreensão crítica da sociedade. 22 Soares et. Al. (1992) propuseram que o conhecimento a ser aprendido nas aulas de Educação Física escolar não é constituído pelo movimento humano, mas por “[...] temas da cultura corporal, ou seja, os jogos, a ginástica, as lutas, as acrobacias, a mímica, o esporte e outros...” (p. 8) e que a aprendizagem desse conhecimento deve estar “[...] vinculado à explicação da realidade social concreta e oferecer subsídios para a compreensão dos determinantes sócio-históricos do aluno [...]” (p. 31). Pode-se dizer que, principalmente, referente as metodologias críticas de ensino de Educação Física, ainda existe uma lacuna muito grande entre teoria e prática. Os princípios ideológicos, filosóficos e políticos permeados a essas abordagens carece de encaminhamentos práticos, e muitas vezes os professores não conseguem identificar/intervir nas relações extrínsecas aos fenômenos da cultura corporal, embora o número de publicações tem crescido bastante nos últimos tempos. Qualquer encaminhamento metodológico possui potencialidades e limitações, no entanto é necessário que o professor possua discernimentopara a determinação/escolha de uma abordagem pedagógica, sempre lembrando que suas propostas devem estar amparadas pelos documento da escola, de acordo com a realidade apresentada em cada comunidade escolar. Acredita-se que novas abordagens metodológicas irão surgir, e cabe aos profissionais de educação buscar aperfeiçoamento para estar em constante atualização, possibilitando que seus alunos possam usufruir das manifestações corporais. Portanto, é possível concluir que, não existe a melhor metodologia, mas sim, que os professores devem conhecê-las e determinar qual a abordagem mais apropriada de acordo com sua demanda, baseada nos princípios dos documentos da escola. 2.2 Avaliação em Educação Física A avaliação não pode mais ser a antiga avaliação padronizada, que espera um resultado unânime de todos, dessa forma, busca-se que os alunos conheçam seus limites e possibilidades, e a avaliação dos aspectos físicos está relacionada a isso, o aluno se reconhece, percebe o seu contexto e traça 23 metas para melhorar seu desempenho. Os critérios para avaliação alternam entre: • Comprometimento e envolvimento dos alunos no processo pedagógico. • Entrega de atividades propostas pelo professor. • Assimilação dos conteúdos, por meio de recriação de jogos e regras. • Respeitar o posicionamento do grupo sem desconsiderar a opinião do outro. • Soluções para as divergências, através da participação nas atividades. E podem ser: • Avaliação como processo contínuo, permanente e cumulativo sustentado nas práticas corporais. • Apreensão do conhecimento, através de registros, atividades de socialização, conceitos sobre temáticas. • Reflexão crítica do que foi trabalhado (escrita, debate, expressão corporal). • Reconhecimento de seus limites e possibilidades. • Dinâmicas de grupo, seminários, debates, pesquisas. • Realização de festivais e jogos escolares; demonstrando liberdade e autonomia dos alunos. Já os instrumentos de avaliação são: • Relatório de uma atividade em grupo ou fichas de observação com critérios definidos sobre a participação e a contribuição no desenvolvimento de algumas atividades em grupo; • Dinâmicas de criação de jogos, produção e transmissão para outros grupos; • Relatórios ou fichas de observação e autoavaliação sobre a participação na organização de um evento escolar ou para a comunidade; • Relatórios para avaliação das etapas em trabalhos sobre projetos; 24 • Fichas de autoavaliação mapeando o interesse sobre os diversos conteúdos, propiciando uma reflexão sobre interesse e participação. • Fichas de acompanhamento do desenvolvimento pessoal; • Relatório de apreciação de um evento esportivo ou de um espetáculo de dança, em que determinados aspectos fossem ressaltados; • Ficha de avaliação do professor quanto à capacidade do grupo de aplicar as regras de um determinado jogo, reconhecendo as transgressões e atuando com autonomia; • Seminários; • Trabalhos individuais, em duplas e grupos; • Provas teóricas; • Provas práticas; • Debates. Resumo da Aula 02 A aula abordou as metodologias utilizadas na educação física, dando ênfase para as abordagens psicomotora, construtivista, desenvolvimentista e crítica. Por último se abordou sobre as avaliações, como o aluno deve ser avaliado. Atividade de Aprendizagem A Educação Física se constitui na sociedade assumindo diferentes interesses ao longo do tempo. Diante dessa informação, discorra sobre qual é o principal interesse da Educação Física nos dias atuais e para o futuro. 25 AULA 3 – OS CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Apresentação da Aula 03 A aula irá abordar os conteúdos relacionados a Educação Física no Primeiro e no Segundo Ciclo, visando explicitar sobre os conteúdos que devem ser abordados e como eles devem ser dentro dessa fase. 3.1 Conceitos e Ideias Fundamentais Não há contraversões que a Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é de suma importância para o desenvolvimento das crianças nos aspectos físico, cognitivo e afetivo social. Mas, ainda assim, existem diversas polêmicas que são geradas em torno do processo de ensino aprendizagem dessa disciplina nesse nível de ensino. Para que se possa iniciar os estudos referente ao processo de ensino aprendizagem da disciplina de Educação Física nos primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental, deve-se determinar as características dos alunos e como ocorre a divisão da seriação nesses ciclos. De acordo com a nova legislação que entrou em vigor através da lei 10.172 de 2001, o Ensino Fundamental passou a ter a duração de nove anos em todo o território nacional, com a inserção de crianças de 6 anos. • O primeiro ciclo compreende três anos, equivalente à 1º, 2º e 3º anos do ensino fundamental I. • Os segundo, terceiro e quarto ciclos são divididos em dois anos, equivalentes às 4º e 5º anos, 6º e 7º anos, 8º e 9º anos, respectivamente. A idade cronológica não é, essencialmente, o aspecto definidor da maneira de ser da criança e sua entrada no ensino fundamental. Com bases em pesquisas e experiências práticas, construiu-se uma representação envolvendo algumas das características das crianças de seis anos que as distinguem das de outras faixas etárias, sobretudo pela imaginação, a 26 curiosidade, o movimento e o desejo de aprender aliados à sua forma privilegiada de conhecer o mundo por meio do brincar. Nessa faixa etária a criança já apresenta grandes possibilidades de simbolizar e compreender o mundo, estruturando seu pensamento e fazendo uso de múltiplas linguagens. Esse desenvolvimento possibilita a elas participar de jogos que envolvem regras e se apropriar de conhecimentos, valores e práticas sociais construídos na cultura. Nessa fase, vivem um momento crucial de suas vidas no que se refere à construção de sua autonomia e de sua identidade. Saiba Mais Para Tani et al. (1988) e Gallahue (1987), durante os primeiros anos da escolarização a Educação Física deve priorizar a aprendizagem, diversificação a combinação de habilidades básicas como o saltar, correr, andar, arremessar, receber, chutar e rebater, entre outras. Daólio (1995, 1996), de forma semelhante, enfatizou a importância da aprendizagem de uma “base motora” para que o aluno possa praticar atividades mais complexas como a dança, o jogo e o esporte – Abordagem metodológica desenvolvimentista. O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções. A satisfação que as crianças sentem e demonstram para com a aula de Educação Física é referente à sensação de liberdade e a saída da sala de aula, é o distanciamento do “escrever”, do ficar imóvel nas carteiras durante horas e da obrigatoriedade de realizar tarefas propostas pelos professores. 27 Fonte: http://brasilfront.xpg.uol.com.br/brincadeiras-auxiliam-na-educacao-das- criancasformacao-desenvolvimento Porém, parece existir ainda um questionamento referente ao ensino da Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental: a necessidade da presença de um professor especializado. É sabido que maior parte das instituições de ensino adotam como praxe a contratação de professores polivantes, ou seja, professor regente, que acaba lecionando todas as disciplinas do currículo nessa fase de escolarização. Contudo, existem diversos questionamentos que desfavorecem essa prática na escola, pois acredita-se que cada vez mais se faz necessário a presença de um profissional habilitado para atuar na Educação Físicanos anos iniciais do ensino fundamental. Os professores de Educação Física devem priorizar os conhecimentos prévios dos alunos, pois a criança é especialista em se movimentar. Nessa faixa etária, 6-8 anos, os alunos tem uma grande necessidade de se movimentar e estão ainda se adaptando a exigência de longos períodos de concentração, o que muitas vezes pode gerar uma situação antagônica: de um lado os alunos apreciam e anseiam o horário das aulas de Educação Física, e por outro, devido ao seu alto nível de excitação, torna difícil o andamento da aula. Nesse momento é possível perceber a desvalorização da disciplina de Educação Física na escola, pois nem mesmo os alunos a identificam como uma disciplina curricular, e a encaram mais como um passatempo, tempo de lazer para descansar de horas sentado na cadeira em frente ao quadro negro. Porém, os professores de Educação Física sabem de sua importância nessa fase de desenvolvimento, e devem por meio de suas propostas pedagógicas 28 estabelecer instrumentos que venham a caracterizar a importância dessa disciplina na escola. A reflexão sobre a metodologia mais apropriada para essa fase de desenvolvimento também deve ser pautada no projeto político da escola, mas, há uma consenso entre os autores que nesse nível de ensino deve-se priorizar a aquisição/melhoria das habilidades motoras. 3.1 Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental As diferentes competências com as quais as crianças chegam à escola são determinadas pelas experiências corporais que tiveram oportunidade de vivenciar. Ou seja, se não puderam brincar, conviver com outras crianças, explorar diversos espaços, provavelmente suas competências serão restritas. Por outro lado, se as experiências anteriores foram variadas e frequentes, a gama de movimentos e os conhecimentos sobre jogos e brincadeiras serão mais amplos. Cabe ao professor diagnosticar em que nível se encontram seus alunos, e procurar por meio de suas aulas, atividades que visem a melhoria dessas habilidades. Nesse nível de ensino é comum encontrar uma discrepância muito grande em relação a idade motora dos alunos, como foi dito anteriormente, em consequência das experiência que esses alunos foram submetidos previamente a idade escolar. Portanto, é comum os professores encontrarem alunos de diferentes níveis de condicionamento motor. Os alunos têm grande necessidade de se movimentar e estão ainda se adaptando à exigência de períodos mais longos de concentração em atividades escolares, entretanto, afora o horário de intervalo, a aula de Educação Física é, muitas vezes, a única situação em que têm essa oportunidade. Tal peculiaridade frequentemente gera uma situação ambivalente: por um lado, os alunos apreciam e anseiam por esse horário; por outro, ficam em um nível de excitação tão alto que torna difícil o andamento da aula. 29 Importante Ao ingressarem na escola, as crianças já têm uma série de conhecimentos sobre movimento, corpo e cultura corporal, frutos de experiência pessoal, das vivências dentro do grupo social em que estão inseridas e das informações veiculadas pelos meios de comunicação. As diferentes competências com as quais as crianças chegam à escola são determinadas pelas experiências corporais que tiveram oportunidade de vivenciar. Ou seja, se não puderam brincar, conviver com outras crianças, explorar diversos espaços, provavelmente suas competências serão restritas. Por outro lado, se as experiências anteriores foram variadas e frequentes, a gama de movimentos e os conhecimentos sobre jogos e brincadeiras serão mais amplos. A capacidade dos alunos em se organizar é também objeto de ensino e aprendizagem, portanto, distribuir-se no espaço, organizar-se em grupos, ouvir o professor, arrumar materiais, entre outras coisas, são procedimentos que devem ser trabalhados para favorecer o desenvolvimento dessa capacidade. Tomar todas as decisões pelos alunos ou deixá-los totalmente livre para resolver tudo, dificilmente contribuirá para a construção dessa autonomia. Mesmo sendo o professor quem faz as propostas e conduz o processo de ensino e aprendizagem, ele deve elaborar sua intervenção de modo que os alunos tenham escolhas a fazer, decisões a tomar, problemas a resolver, assim os alunos podem tornar-se cada vez mais independentes e responsáveis. Principalmente no que diz respeito às habilidades motoras, os alunos devem vivenciar os movimentos numa multiplicidade de situações, de modo que construam um repertório amplo. O professor deve possibilitar o maior número de atividades que explorem diferentes capacidades físicas, desde de diferentes formas de andar, correr, 30 saltar, rolar até o início de atividades mais especializadas, como pequenos jogos, sendo que os objetivos aos alunos atingirem devem ser: • Participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma atitude cooperativa e solidária, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais; • Conhecer algumas de suas possibilidades e limitações corporais de forma a poder estabelecer algumas metas pessoais (qualitativas e quantitativas); • Conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes manifestações de cultura corporal presentes no cotidiano; • Organizar autonomamente alguns jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais simples. É necessário que o aluno tenha acesso a objetos, como bolas, cordas, elásticos, bastões, colchões, alvos, em situações não-competitivas, que garantam espaço e tempo para o trabalho individual. A inclusão de atividades em circuitos de obstáculos é favorável ao desenvolvimento de capacidades e habilidades individuais. O aluno também deve participar de jogos e lutas, respeitando as regras e não discriminando os colegas, explicar e demonstrar brincadeiras aprendidas em contextos extraescolares, participar e apreciar as brincadeiras ensinadas por outros colegas, sendo que se houver algum desentendimento, esse deve ser resolvido através do diálogo com o auxílio e supervisão do professor. As regras dos jogos devem ser discutidas e concordadas, e os alunos devem se utilizar de suas habilidades nas situações propostas, sendo que a avaliação deverá ser pelo esforço pessoal, resolvendo os problemas corporais individualmente, devendo o aluno se autoavaliar e estabelecendo metas para seu desenvolvimento. Saiba Mais O aluno do primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental, 31 deve ao final desse processo compreender regras, ter a capacidade de se organizar no espaço, desenvolver o esquema motor, lateralidade, equilíbrio, acuidade visual, óculo-pedal, entre outras habilidades motoras. Além disso, o aluno deve ter condição de conhecer suas potencialidades e limitações, entendê-las de forma satisfatória, se colocando como um ser social, que está cercado de outros indivíduos que apresentam outras diferentes habilidades. Os aspectos extrínsecos a atividades práticas (brincadeiras, jogos, atividades rítmicas, etc.) devem ser ressaltados sempre que houver uma situação problema, como em uma briga entre colegas, os alunos devem ter condição de compreender as diferenças dos outros, e apreender a conviver de modo amigável, solucionando os problemas ocorridos por meio do permanente diálogo. Nessa faixa etária o professor deve propor desafios para que os alunos sintam-se motivados para a prática das atividades, possibilitando numa mesma aula diferentes estímulos motores, pois o grau de atenção nessa idade ainda é reduzido. Quanto a avaliação, ela deve seguir alguns critérios: • Enfrentar desafios corporais em diferentes contextos como circuitos, jogos e brincadeiras; • Avaliar se o aluno demonstra segurança para experimentar, tentar e arriscar em situações propostas em aulaou em situações cotidianas de aprendizagem corporal; • Verificar se o aluno participa das atividades respeitando as regras e a organização; • Avaliar se o aluno participa adequadamente das atividades, respeitando as regras, a organização, com empenho em utilizar os movimentos adequados à atividade proposta; • Interagir com seus colegas sem estigmatizar ou discriminar por razões físicas, sociais, culturais ou de gênero; 32 • Avaliar se o aluno reconhece e respeita as diferenças individuais e se participa de atividades com seus colegas, auxiliando aqueles que têm mais dificuldade e aceitando ajuda dos que têm mais competência. 3.3 Segundo Ciclo do Ensino Fundamental No que se refere à Educação Física, já têm uma gama de conhecimentos comum a todos, podem compreender as regras dos jogos com mais clareza e têm mais autonomia para se organizar. Desse modo, podem aprofundar e também fazer uma abordagem mais complexa daquilo que sabem sobre os jogos, brincadeiras, esportes, lutas, danças e ginásticas. A compreensão das regras e a autonomia para a organização das atividades permitem ainda que os aspectos estratégicos dos jogos passem a fazer parte dos problemas a serem resolvidos pelo grupo e, nesse sentido, o professor pode interromper os jogos em determinados momentos, solicitando uma reflexão e uma conversa sobre qual estratégia mais adequada para cada situação, auxiliando assim para que novos aspectos tornem-se observáveis. Assim, no segundo ciclo do ensino fundamental o professor deve proporcionar aos alunos espaço de discussão e diálogo, observando o que os alunos trazem consigo referente a diferentes brincadeiras e jogos vividos no plano extra escolar. Esses mesmos conhecimentos fazem parte da cultura dos alunos dessa faixa etária, e muitas vezes a reprodução dos jogos aprendidos na aula de Educação Física são utilizados em outros ambientes fora da escola. A diferença de gêneros nessa faixa etária relacionada a aprendizagem motora é muito pequena, o que significa que não existem diferenças significativas entre meninos e meninas, porém, os meninos costumam participar de um repertório de atividades motoras maiores que as meninas, o que pode influenciar nas atividades da escola, portanto, o professor deve procurar, quando organizar suas atividades, estabelecer uma heterogeneidade entre os grupos. 33 Importante Ao contrário do que muitos pensam, deve se trabalhar com a questão da competição nessa faixa etária, pois desde cedo os alunos devem ter condição de compreender as relações de vitória e derrota, e identificar que podem melhorar determinado aspecto. O grau de dificuldade e complexidade dos movimentos pode aumentar: um pouco mais específicos, com desafios que visem um desempenho mais próximo daquele requerido nas atividades corporais socialmente construídas. Por exemplo, correr quicando uma bola de basquete, saltar e arremessar em suspensão, receber em deslocamento, chutar uma bola de distâncias mais longas, etc. Os alunos começam a desenvolver uma criticidade em relação a escolha das atividades da Educação Física, muitos professores sentem-se frustrados com essa situação, porém em contrapartida é importante ouvir os alunos, e de repente, se possível, possibilitar um espaço para que eles desenvolvam suas ideias e posteriormente aplicá-las em outras aulas. Em relação à utilização do espaço e à organização das atividades, deve- se lançar mão de divisões em pequenos grupos (por habilidade, afinidade pessoal, conhecimentos específicos, idades), alternando-as com situações coletivas de toda a classe. Por exemplo: a quadra, ou o espaço disponível, pode ser dividida em quatro partes, nas quais os subgrupos trabalhem com atividades diferenciadas. Isso permite que os alunos tenham tempo de experimentar determinados movimentos, treiná-los, perceber seus avanços e dificuldades, criar novos desafios para si mesmos, etc. Saiba Mais O conhecimento e o controle do corpo permite que comecem a monitorar seu desempenho, adequando o grau de exigência e de dificuldade de algumas tarefas. Podem também, pela percepção do próprio corpo, começar a 34 compreender as relações entre a prática de atividades corporais, o desenvolvimento das capacidades físicas e os benefícios que trazem à saúde. Nessa etapa da escolaridade a apreciação das mais diversas manifestações da cultura corporal pode ocorrer com a incorporação de mais aspectos e detalhes. Ao assisti-las, os alunos podem apreciar a beleza, a estética, discutir o contexto de sua produção, avaliar algumas técnicas e estratégias, observar os padrões de movimento, entre inúmeras outras possibilidades. Podem, principalmente, aprender a contemplar essa diversidade e perceber as inúmeras opções que existem, tanto para praticar como para apreciar, e os alunos devem: Participar de atividades corporais, reconhecendo e respeitando algumas de suas características físicas e de desempenho motor, bem como as de seus colegas, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais; Adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, buscando solucionar os conflitos de forma não-violenta; Conhecer os limites e as possibilidades do próprio corpo de forma a poder controlar algumas de suas atividades corporais com autonomia e a valorizá-las como recurso para manutenção de sua própria saúde; Conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes manifestações da cultura corporal, adotando uma postura não- preconceituosa ou discriminatória por razões sociais, sexuais ou culturais; Já o professor deve: Organizar jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais, valorizando-as como recurso para usufruto do tempo disponível; 35 Analisar alguns dos padrões de estética, beleza e saúde presentes no cotidiano, buscando compreender sua inserção no contexto em que são produzidos e questionar aqueles que incentivam o consumismo. Fazê-los enfrentar desafios colocados em situações de jogos e competições, respeitando as regras e adotando uma postura cooperativa. Quanto a avaliação pretende-se fazer o aluno aceitar as limitações impostas pelas situações de jogo, tanto no que se refere às regras quanto no que diz respeito à sua possibilidade de desempenho e à interação com os outros. Espera-se que o aluno tolere pequenas frustrações, seja capaz de colaborar com os colegas, mesmo que eles sejam menos competentes, e participe do jogo com entusiasmo. Pretende-se também: Estabelecer algumas relações entre a prática de atividades corporais e a melhora da saúde individual e coletiva; Avaliar se o aluno reconhece que os benefícios para a saúde decorrem da realização de atividades corporais regulares, se tem critérios para avaliar seu próprio avanço e se nota que esse avanço decorre da perseverança. Valorizar e apreciar diversas manifestações da cultura corporal, identificando suas possibilidades de lazer e aprendizagem Pretende-se assim, avaliar se o aluno reconhece que as formas de expressão de cada cultura são fontes de aprendizagem de diferentes tipos de movimento e expressão. Espera-se também que o aluno tenha uma postura receptiva, não discrimine produções culturais por quaisquer razões sociais, étnicas ou de gênero. 36 Resumo da Aula 03 Nesta aula foi demonstrado que o professor deve agir como um mediador, e instrumentalizar os alunos buscando auxiliar na sua autonomia e a capacidade de organização, instituir regras em conjunto com os alunos a cada nova etapa de ensino, torna-se um importante aliado para que a disciplina deixe de ter um caráter de brincadeira e torne-se algo mais sério, e que as relações de respeito entre os professores, alunos e colegas seja maisrespeitosa, e que os objetivos da disciplina sejam cumpridos na escola. A situação de ensino aprendizagem da Educação Física no primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental transcende as linhas das quadras, e vai até a organização ao final da aula, o respeito as regras de conduta ao realizar uma fila ou um círculo, por exemplo. Atividade de Aprendizagem Os diferentes níveis de condicionamento motor dos alunos do primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental podem gerar dificuldades no planejamento das aulas de Educação Física? Discorra sobre o assunto. AULA 4 – EDUCAÇÃO FÍSICA NO TERCEIRO E QUARTO CICLO Apresentação da Aula 04 O terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental são fases importantes de transição na vida escolar das crianças. No primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental, geralmente, as crianças são acompanhadas apenas por um professor(a) polivalente, que ministra todas as disciplinas, e, que acaba assumindo um caráter muito paternalista/maternalista estabelecendo fortes vínculos afetivos com seus alunos. Esses vínculos são minimizados no terceiro e quarto ciclo, e muitas vezes, as crianças ficam “perdidas”, pois a partir daí, 37 assistem aulas de diversos professores especialistas, sendo que essa quebra para o mundo adulto que será abordada nesta aula. 4.1 Conceitos e Ideias Fundamentais Na disciplina de Educação Física, o que se tem observado é que nas séries iniciais do ensino fundamental, a disciplina se confunde somente com brincadeiras e jogos. Contudo, a partir dessa fase de escolarização, os alunos se deparam com uma realidade totalmente diferente, o grau de dificuldade e de cobrança dos professores é bem mais alto, e as atividades deixam o caráter de lazer, e passam a ter uma especificidade maior. O que antes era praticado apenas para recriar começa a valer nota, os professores começam a observar a competência dos alunos com um olhar mais criterioso, e assim a Educação Física vai se transformando ao longo da vida escolar das crianças e adolescentes. Vídeo Assista ao vídeo Temas Transversais, o qual mostra como algumas escolas fazem para trabalhar com esses temas e como preparam seus professores para o mesmo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=n9fTgjMY7KY Os alunos nessa faixa etária já estão aptos para a prática de atividades corporais mais especializadas, compreendem bem as regras de conduta, a questão da responsabilidade de horários, organização do tempo, entre outros. Nesse momento da escolaridade jovens e adolescentes dão andamento a um processo de busca de identificação e afirmação pessoal, em que a construção da autoimagem e da autoestima desempenham um papel muito importante. Nesta construção, as experiências corporais adquirem uma dimensão significativa, cercada de dúvidas, conflitos, desejos, expectativas e inseguranças. “Quase sempre influenciados por modelos externos, o jovem e o adolescente questionam a sua autoimagem em relação a beleza, capacidades 38 físicas, habilidades, limites, competências de expressão e comunicação, interesses etc.” (PCN, 1998, p. 82) 4.2 Educação Física e os Temas Transversais Com as inquietações das crianças nessa fase, alguns temas devem ser discutidos visando o formação de Ética; Saúde; Pluralidade cultural; Meio ambiente; Orientação sexual; Trabalho e consumo. Os temas transversais expressam conceitos e valores básicos à democracia e à cidadania e obedecem a questões importantes e urgentes para a sociedade contemporânea. As crianças nessa idade passam por transições biológicas, sociais e psicológicas, por exemplo, a emergência da sexualidade genital reveste as vivências corporais pessoais e de interação social de um colorido peculiar, em que ver e ser visto, expor-se ou retrair-se, escolher e ser escolhido são caminhos que implicam consequências reais, vividas de maneira mais ou menos satisfatória. O processo de afirmação pessoal passa pela necessidade de inserção social, desde os grupos de convivência cotidiana até os grupos socioculturais mais abrangentes. Ser reconhecido pelo grupo é subsídio para o autorreconhecimento e, em alguns momentos até, negar-se a participar pode ser uma forma de ser percebido por ele. Pertencer a um determinado grupo significa experimentar um estilo diferenciado de ser, em que, paradoxalmente, comportamentos, posturas e valores padronizados contribuem para a construção da identidade pessoal. 39 Nesse processo, o universo de valores, atitudes, conceitos e procedimentos da cultura corporal de movimento atua de maneira extremamente significativa como referência para o jovem e o adolescente, criando uma multiplicidade de interesses, uma enorme variedade de possibilidades de identificações com estilos e, aparentemente, inúmeras formas de buscar prazer e satisfação. São inúmeras mudanças que ocorrem nas crianças nessa fase de escolarização, e acredita-se que a Educação Física como disciplina curricular obrigatória, deve auxiliar a criança e ao adolescente a passar por essas etapas de maneira saudável. A partir do terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental, começa surgir a necessidade de uma melhor contextualização dos conteúdos aplicados em sala, desde das relações biológicas até as afetivas-sociais que permeiam as manifestações da cultura corporal de movimento. As crianças e adolescentes hoje em dia recebem um bombardeio de informações advindas de diversos meios de comunicação, e há uma necessidade crescente que os professores de Educação Física reflitam sua prática pedagógica, afim de instrumentalizar os alunos para ter condição de filtrar as informações de forma coerente e satisfatória. Importante A padronização de modelos de beleza, desempenho, saúde e alimentação impostos pela sociedade de consumo contribui para a cristalização de conceitos e comportamentos estereotipados e alienados, tornando a discussão, a reflexão e a relativização de conceitos e valores uma permanente necessidade. A Educação Física é responsável por abrir esse espaço de produção de conhecimento no ambiente escolar. A questão da sexualidade, das mudanças hormonais, estão evidentes no terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental, e o professor deve estar preparado para discutir essas relações com os alunos em sala, principalmente no que se refere a questões de higiene para a prática das atividades físicas. É 40 comum nessa faixa etária os meninos e meninas exalaram um odor após as aulas práticas de Educação Física, e nesse sentido que o professor deve orientar os alunos para um rotina de higiene após as aulas, adotando simples estratégias como pedir para que os alunos usem desodorantes antitranspirantes, por exemplo. Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm como proposta que o processo de ensino e aprendizagem nos ciclos finais considerem simultaneamente três elementos: A diversidade; A autonomia; As aprendizagens específicas. O professor também deve se preocupar com a questão da postura dos alunos, pois nessa fase de desenvolvimento, é comum que as crianças desenvolvam maus hábitos posturais, devido a diversos fatores, como por exemplo nas meninas, o aparecimento dos seios, e nos meninos a preocupação com a estatura. A preocupação com a estética, hábitos alimentares e a prática de atividade física fora dos ambientes escolares deve ser priorizado, pois um dos objetivos da disciplina, é que os alunos tenham criticidade de discriminar os efeitos da atividade física e a alimentação para a manutenção da saúde. Projetos extracurriculares sempre são bem-vindos nessa fase de escolarização, pois dessa forma os alunos se apropriam dos conhecimentos de forma mais ativa. Saiba Mais A cultura corporal de movimento se caracteriza, entre outras coisas,pela diversidade de práticas, manifestações e modalidades de cultivo. Trata-se de um espectro tão amplo e complexo, que é quase impossível sistematizá-lo conceitualmente de forma abrangente. De qualquer forma, é esse universo de informações que chega ao jovem e ao adolescente da mídia, de forma sedutora, fragmentada, manipulada por interesses econômicos e por valores 41 ideológicos. Dessa realidade a Educação Física escolar não pode fugir nem alienar-se, pois é impossível negar a força que a indústria da cultura e do lazer exerce na geração de comportamentos e atitudes. O conhecimento da cultura corporal de movimento deve constituir-se num instrumento de compreensão da realidade social e humana do aluno, e nesse sentido é fundamental que lhe garanta o acesso à informação diversificada e aos inúmeros procedimentos e recursos para obtê-la. Entre eles, incluem-se os próprios processos de ensino e aprendizagem. A Educação Física escolar dispõe de uma diversidade de formas de abordagem para a aprendizagem, entre elas as situações de jogo coletivo, os exercícios de preparação corporal, de aperfeiçoamento, de improvisação, a imitação de modelos, a apreciação e discussão, os circuitos, as atividades recreativas, enfim, todas devem ser utilizadas como recurso para a aprendizagem. O acesso à informação na área não se restringe aos procedimentos, mas está intimamente ligado a eles, à possibilidade concreta de vivenciar o maior número possível de práticas e modalidades da cultura corporal de movimento. A Educação Física escolar não pode reproduzir a miséria da falta de opções e perspectivas culturais, nem ser cúmplice de um processo de empobrecimento e descaracterização cultural. É nesse sentido que os parâmetros curriculares nacionais de Educação Física orienta que a disciplina não deve ficar restrita aos muros da escola. O diálogo permanente com a comunidade próxima pode ser cultivado franqueando espaço para o desenvolvimento de produções relativas ao lazer, à expressão e à promoção da saúde, assim como ultrapassando os muros escolares na busca de informações e produções desta natureza. Ensinar e aprender a cultura corporal de movimento envolve a discussão permanente dos direitos e deveres do cidadão em relação às possibilidades de exercício do lazer, da interação social e da promoção da saúde. Envolve, portanto, também o ensino de formas de organização para a reivindicação junto aos poderes públicos de equipamentos, espaços e infraestrutura para a prática de atividades. 42 Importante A Educação Física e a escola de maneira geral não precisam confinar-se em seus muros. O diálogo permanente com a comunidade próxima pode ser cultivado franqueando espaço para o desenvolvimento de produções relativas ao lazer, à expressão e à promoção da saúde, assim como ultrapassando os muros escolares na busca de informações e produções dessa natureza. A Educação Física deve contribuir para a construção da autonomia dos alunos através da possibilidade de organização de equipes, espaço para discussão de regras e táticas. A busca da autonomia pauta-se na ampliação do olhar da escola sobre o objeto de ensino e aprendizagem da cultura corporal de movimento. Essa ampliação significa a possibilidade de construção, pelo aluno, do seu próprio discurso conceitual, atitudinal e procedimental. Em vez da reprodução ou memorização de conhecimentos, a sua recriação pelo sujeito por meio da construção da autonomia para aprender. A evolução da autonomia do aluno, na sua relação com o conhecimento, não se dá naturalmente, mas é fruto de uma construção e de um esforço que podem ser favorecidos a partir de situações concretas e significativas para o seu exercício. Amplia-se, com isso, o universo de aprendizagem possível, somando-se aos conhecimentos produzidos na aprendizagem de procedimentos técnicos e gestuais. Não se trata de mera alternância entre momentos em que os alunos fazem o que querem e momentos em que fazem o que o professor manda, e sim da atribuição de responsabilidades que possam ser exercidas de forma produtiva em cada contexto e situação de ensino e aprendizagem. Essa localização de atribuições inclui, entre outras, questões sobre a organização do espaço e do tempo de trabalho, as metas e formas de aprendizagem, e as articulações entre os interesses e as possibilidades reais de desenvolvimento. 43 O grau de autonomia para organização das atividades pode evoluir se forem considerados objetos de ensino procedimentos gerais como escolha de times, distribuição de pequenos grupos por espaços adaptados, construção e adequação de materiais, discussão e elaboração de regras, distribuições espaciais em filas, círculos e outras. Inclui-se ainda o espaço para discussão de táticas, técnicas e estratégias, para a apreciação e observação. A busca da autonomia pauta-se na ampliação do olhar da escola sobre o objeto de ensino e aprendizagem da cultura corporal de movimento. Essa ampliação significa a possibilidade de construção, pelo aluno, do seu próprio discurso conceitual, atitudinal e procedimental. Em vez da reprodução ou memorização de conhecimentos, a sua recriação pelo sujeito por meio da construção da autonomia para aprender. Nos ciclos finais do ensino fundamental, vão se consolidando possibilidades e necessidades de aprendizagem cada vez mais específicas, em função de as condições cognitivas, afetivas e motoras dos alunos permitirem cada vez mais um distanciamento do próprio objeto de ensino. Ou seja, percebe-se com nitidez que, embora se trate de instrumentos para o lazer e a recreação, as práticas da cultura corporal de movimento podem constituir-se em objetos de estudo e pesquisa sobre o homem e sua produção cultural. A aula de Educação Física, além de ser um momento de fruição corporal, pode se configurar num momento de reflexão sobre o corpo, a sociedade, a ética, a estética e as relações inter e intrapessoais. O aprofundamento não deve estar centrado somente nos interesses dos alunos, e sim na possibilidade de realização de uma aprendizagem significativa, que articula simultaneamente a compreensão de si mesmo, do outro e da realidade sociocultural. A vivência da diversidade pode, paulatinamente, ser ampliada pela experiência do aprofundamento na direção da técnica e da satisfação, pautada nos interesses de obter respostas mais complexas para questões mais específicas, sejam elas de natureza conceitual, procedimental ou atitudinal. Acredita-se que através desses encaminhamentos pedagógicos é possível trabalhar com todos os conteúdos da cultura corporal de movimento, enfatizando que o papel do professor é de fundamental importância no processo de ensino aprendizagem, no sentido que ele encaminhará todas as 44 ações pedagógicas, mas, que por outro lado, não deve o professor ser o centro do processo, uma vez que todas as suas propostas estão baseadas nos alunos. Vídeo Assista ao vídeo D-19: Didática da Educação Física, o qual mostra as estratégias utilizadas por alguns professores para trabalhar com os temas transversais nas escolas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qotGd8F1mfg&list=SP113DF C80DA535F0B Resumo da Aula 04 A aula apresentou sobre o terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental, mostrando que é um período de muita mudança, o qual os alunos saem da “escola” que geralmente tem apenas um professor por turma, para se ter a “escola” com 1 professor por disciplina, gerando uma mudança drástica a qual irá interferir na aprendizagem desse aluno, dessa forma a Educação Física deve ajudar, e ensinar que não é apenas um descanso das aulas, e sim, uma aula que possui conteúdos que devem ser abordados e desenvolvidos, que irão influenciar na vida dessa criança. Atividade de Aprendizagem Considerado os anos finais doensino fundamental uma importante fase de transição na vida escolar das crianças, repleta de muitas transformações, que muitas vezes, não são tão agradáveis ao alunos, discorra sobre ao menos três problemas e soluções que as crianças enfrentam nessa fase de escolarização. 45 Resumo da Disciplina A disciplina abordou sobre os conceitos da Educação Física e os objetivos do ensino fundamental, abordando as metodologias mais adequadas, dando ênfase as abordagens psicomotoras, construtivistas, desenvolvimentista e críticas, assim como foi abordado sobre o processo de avaliação. Foi explicitado como o professor deve agir, sendo um mediador, auxiliando na autonomia dos alunos, mostrando que a Educação Física não é só uma brincadeira, e sim uma disciplina como todas as outras. Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 46 REFERÊNCIAS BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. BRACHT, V. Educação Física e Aprendizagem Social. Porto Alegre: Magister, 1997. BRASIL, lei n. 69.450, de 1 de novembro de 1971, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d69450.htm BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Dispõe sobre Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 de dezembro de 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacional: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997 DARIDO, Suraya, C; RANGEL, Irene. Educação Física na Escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2008. FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo; GONZÁLES, Fernando Jaime. “EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: a difícil e incontornável relação teoria e prática. Motrivivência Ano XIX Nº 28, p. 27-37 Jul./2007. FRAGA, Alex, B. Educação física nos primeiros anos do ensino fundamental brasileiro. Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 90 - Novembro de 2005. FREIRE DA SILVA, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física. São Paulo: Scipione,1997. KUNZ, E. Transformação didático pedagógica do esporte. Ijuí: UNIJUÍ, 1994. OLIVEIRA, Amauri A. Bássoli. Metodologias Emergentes no Ensino da Educação Física. Revista da Educação Física UEM 8(1): 21-27, 1997. SOARES, C.L. et al. (Coletivo de Autores) Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. TANI, G. et al. Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. 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