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ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 
Me. Daianny Seoni de Oliveira 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2021 
 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
PA
Organização do Conhecimento 
1. ESTUDOS EPISTEMOLÓGICOS DA ORGANIZAÇÃO DO 
CONHECIMENTO 
 
Objetivo: 
Introduzir às teorias e sistemas de organização do conhecimento. 
 
Introdução: 
 
Os estudos sobre os conceitos e teorias estão presentes em vários campos do 
conhecimento, dentre eles estão a Filosofia, Psicologia, Linguística, Educação, Ciência da 
Informação e outros. O campo da Ciência da Informação e a área da Organização da 
Informação e do Conhecimento, buscam teorias e formas de armazenamento e 
recuperação da informação. 
 
Na organização da informação, o conhecimento é gerado com base em informações 
previamente organizadas, e para que isso ocorra usamos as categorizações de assuntos, 
as classificações, linguagens documentárias, com uso de métodos e instrumentos para ter 
um acesso seguro e eficaz ao universo informacional. 
 
E o que é um conceito? Um conceito reflete nas escolhas teórico-epistemológicas, 
ou seja, o conceito pode equiparar-se a ideia, opinião, ponto de vista, com contextos de 
análise filosófica e de linguagem. Pretende-se aqui, apresentar algumas abordagens 
filosóficas a fim de refletir sobre o uso do termo conceito nas teorias da Organização da 
informação e do conhecimento. De modo geral, esse termo se apresenta de maneira 
genérica em diversas situações. Abbagnono (2007) admite a generalidade do termo 
conceito, que advém principalmente da semântica e da Filosofia. Os conceitos também 
apresentam outras características, tais como: compreensão, extensão, objetivos universais, 
entre outros. Alguns filósofos são citados nas discussões sobre o conceito, como 
Benedetto Croce, Hegel e Lugwing Wittgenstein (FRANCELIN, M. M., 2010). 
 
 
 
 
Especial Benedetto Croce – A ‘Estética como Ciência da Expressão e Linguística Geral’. 
Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/especial-benedetto-croce-a-
estetica-como-ciencia-da-expressao-e-linguistica-geral/ 
https://estadodaarte.estadao.com.br/especial-benedetto-croce-a-estetica-como-ciencia-da-expressao-e-linguistica-geral/
https://estadodaarte.estadao.com.br/especial-benedetto-croce-a-estetica-como-ciencia-da-expressao-e-linguistica-geral/
 
 
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Hegel: “Certamente você me vê”. Disponível em: 
https://estadodaarte.estadao.com.br/hegel-mauricio-martins-anpof/ 
Ludwig Wittgenstein. Disponível em:https://estadodaarte.estadao.com.br/sep-
ludwig-wittgenstein-ea/ 
 
 
Nas ciências, os conceitos são usados para separar os objetos de estudo a fim de 
identificar objetos de discussão. Como exemplo, temos o conceito de Informação na Ciência 
da Informação, que foi discutido muitas vezes como tentativa de consolidar o termo como 
objeto de pesquisa na área. 
 
1.1. Conceitos e linguagem 
A relação entre o conceito e a linguagem é de fundamental importância, de acordo 
com Francelin (2010), quanto maior é o conhecimento, maior é a capacidade de 
problematizar, bem como de formar conceitos. O uso da linguagem é um produto do 
conhecimento, um instrumento cognitivo e comunicacional e é utilizado para a construção 
de conceitos. Neste sentido, na área da Organização da informação e do conhecimento, há 
estudos sistemáticos sobre a linguagem, semântica e a pragmática derivado do interesse 
pela área da mediação da informação e seu uso em sociedade. 
 
Esses estudos procuram entender a construção da linguagem e suas relações nos 
processos discursivos. Conhecer as regras da linguagem, reforça a ideia do fluxo adequado 
entre o conhecimento e a informação. 
 
 
 
O que é linguagem? vídeo 1. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=I1Zusz__3e8 
O que é linguagem? vídeo 2. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=4qr3CGs1Upg 
 
 
 
 
https://estadodaarte.estadao.com.br/hegel-mauricio-martins-anpof/
https://estadodaarte.estadao.com.br/sep-ludwig-wittgenstein-ea/
https://estadodaarte.estadao.com.br/sep-ludwig-wittgenstein-ea/
https://www.youtube.com/watch?v=I1Zusz__3e8
https://www.youtube.com/watch?v=4qr3CGs1Upg
 
 
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O impacto da linguagem no sistema de representação e comunicação, percorre o 
trajeto da palavra (evento, acontecimento) até sua divulgação, conforme nos ilustra o 
triângulo semiótico de Lyons (1979), sobre a importância do conceito na enunciação. 
 
 
Desse modo, a linguagem é utilizada como veículo do discurso que se materializa 
para a produção de conhecimento e conceitos (FRANCELIN, M. M., 2010). 
1.2. Conceitos e as áreas do conhecimento 
A Ciência da Informação é uma área do conhecimento que evidencia um aspecto 
importante, a dificuldade de fundamentar seu campo teórico e conceitual, pois reaviva os 
conceitos de ciência e informação. De acordo com a pesquisa elaborada por Smit, Tálamo 
e Kobashi (2004), a Ciência da Informação se caracteriza por um “vazio” conceitual e 
constitui seus conceitos utilizando as bases de outra área do conhecimento, tais como 
Lógica, a Administração, Linguística, Psicologia, Computação e etc, sendo considerada 
dessa forma uma área interdisciplinar. 
 
As autoras também evidenciam um deslocamento conceitual e dificuldade de 
eliminar ambiguidade nas linguagens das Ciências Humanas e Sociais, mas isso não pode 
ser um obstáculo para que a própria área seja consolidada. Assim sendo, formular 
conceitos é um caminho que se rompe com o senso comum e se aproxima da ciência. 
 
Os conceitos utilizados na Organização do Conhecimento, não podem comportar 
metáforas, polissêmicas e ser ambíguas, a linguagem natural são espaços de liberdade, já 
as linguagens construídas (linguagens documentárias) são precisas, de significados fixos. 
Cintra et al. (2002), afirma que as linguagens têm função informativa e não de criação. 
Assim, pensar conceitos “adequados” nos leva a discutir conceitos científicos e filosóficos 
constituído de contextos racionais com vistas à informação. 
 
Para formar conceitos, o homem classifica as coisas ao seu redor, é uma atividade 
natural e que faz parte do nosso cotidiano. Os principais campos de orientação, quanto a 
 
 
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tipos de classificação, são as ontologias (classificação de seres), as gnosiologias 
(classificação das ciências), classificações biblioteconômicas (classificação de livros) e as 
informacionais (classificação da informação). Desse modo, a visão filosófica é fundamental, 
pois toda classificação de documentos é antecedida pela classificação de conceitos. 
 
Há variações de abordagens sobre o conceito e variadas linhas teóricas que 
influenciam na construção de metodologias e instrumentos na área da Organização da 
Informação e do Conhecimento. Dentro desse contexto, deve-se discutir as questões 
teóricas e metodológicas visando operacionalizar as ações da organização da informação 
para a circulação e o acesso (FRANCELIN, M. M., 2010). 
 
 
 
 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2007. 
 
CINTRA, Anna Maria Marques, et.al. Para entender as linguagens 
documentárias. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Polis, 2002. 96p 
 
FRANCELIN, M. M. Ordem dos conceitos na organização da informação e do 
conhecimento. Tese em Ciência da Informação. São Paulo: USP, 2010. 
Orientadora. Profa. Dra. Nair Yumiko Kobashi. 
 
Lyons, John. Introdução à linguística teórica. São Paulo: Editora Nacional, 
1979. 
 
SMIT, J. W.; TÁLAMO, M. F. G. M.; KOBASHI, N. Y. A determinação do campo 
científico da ciência da informação: uma abordagem terminológica. 
DataGramaZero, v. 5, n. 1, 2004. Disponível em: 
<http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/5524>. Acesso em: 06mar. 
2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (SOC) 
 
Objetivo: 
Abordar os aspectos introdutórios sobre teorias e metodologias dos Sistemas de 
Organização do Conhecimento (SOC). 
 
Introdução: 
O conceito de organização do conhecimento compreende segundo Dahlberg (2006) 
a classificação, indexação e representação do conhecimento. É considerado uma definição 
ampla pois todo o conhecimento pode ser compreendido, organizado e representado, com 
a finalidade de ser acessado a qualquer momento (MOREIRA, 2018). 
 
No sentido estrito, a organização do conhecimento preocupa-se com os sistemas 
que constroem essa organização, como os sistemas de classificação, listas de cabeçalhos 
de assunto, os tesauros, taxonomias e as ontologias, bem como, a qualidade dos processos 
de classificação e indexação. Os SOC referem-se a estruturas terminológicas que 
enumeram conceitos e relacionam termos. Sua finalidade é sistematizar o conhecimento, 
identificando, descrevendo e controlando as relações terminológicas e conceituais. O uso 
dos SOC gira em torno da complexidade da aplicação e finalidade, com o objetivo de 
recuperar a informação, conforme mostra a figura 2 (MOREIRA, 2018). 
 
Figura 2 - Complexidade dos SOC 
 
Segundo Garcia Marco (1993), a organização do conhecimento tem o objetivo de 
melhorar a circulação da informação e auxiliar na produção de novos conhecimentos. 
Porém, questões terminológico-conceituais são subjacentes neste debate, sendo 
necessário distinguir conceitos como os da organização da informação, organização do 
conhecimento, representação da informação e representação do conhecimento. A seguir o 
 
 
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quadro elaborado com base nos autores Brascher e Café (2008), apud Moreira (2018) 
apresenta essas diferenças: 
 
Quadro 1 - Aproximações entre os conceitos 
 
 
Essa abordagem procura compreender os conceitos envolvidos, com relações que 
se aproximam e se diferenciam. O conceito de representação do conhecimento está 
relacionado à organização do conhecimento e a linguagem, isto é, a noção de 
representação é fundamental para a perpetuação do ciclo da produção de conhecimento. 
Deste modo, as preocupações relacionadas à organização e representação do 
conhecimento, motivaram o surgimento dos principais sistemas de classificação (final do 
século XIX) e hoje as ontologias (estruturas que se organizam a partir dos conceitos e de 
seus relacionamentos), naturalmente com uma base tecnológica ampliada para essa 
questão. 
 
Uma teoria se define como um conjunto de conhecimentos organizados, que se 
relacionam entre si a fim de explicar um fato ou um fenômeno e a grosso modo, se associa 
a um SOC. Enquanto as teorias são causais, os SOC utilizam-se de relações hierárquicas 
e associativas (MOREIRA, 2018). 
 
Zeng (2008 apud MOREIRA, 2018) estruturou a tipologia usados nos SOC, que traz: 
• listas de termos: listas propriamente ditas: conjuntos limitados de termos em 
alguma ordem sequencial; dicionários: listas alfabéticas de termos e suas 
definições, com significados variados; glossários: listas alfabéticas de termos 
 
 
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com definições; sinônimos: conjuntos de termos que são considerados como 
equivalentes para fins de recuperação da informação; 
• modelos semelhantes a metadados: arquivos de autoridade: listas de termos 
utilizados para controlar as variações de nomes para uma entidade; diretórios: 
listas de nomes e suas informações de contato associadas; o gazetteers: 
dicionários geoespaciais de tipos e nomes de lugares; 
• classificação e categorização: cabeçalhos de assunto: esquemas que 
fornecem um conjunto de termos controlados para representar os assuntos de 
itens em uma coleção e conjuntos de regras para combinar termos em 
cabeçalhos compostos. Esquemas de categorização: taxonomias: divisões de 
itens em grupos ordenados ou categorias, baseadas em características 
particulares; esquemas de classificação: arranjos hierárquicos e facetados de 
notações numéricas ou alfabéticas para representar temas amplos; 
• modelos de relações: tesauro: conjuntos de termos que representam conceitos 
e relações hierárquicas, de equivalência e associativas entre eles; redes 
semânticas: conjuntos de termos que representam conceitos, modelados como 
nós em uma rede de tipos de relações variáveis; ontologias: modelos de 
conceitos específicos que representam relações complexas entre objetos, 
incluindo regras e axiomas ausentes em redes semânticas. 
 
Hjorlan (2007 apud CARLAN, 2010) complementa que os SOC podem ser 
representados também por mapas bibliométricos, usados para fazer análise de citação; 
mapas conceituais, permite visualizar as relações entre os conceitos de forma e estabelecer 
um diagrama, utilizando setas para se conectar a conceitos; topic maps, padrão ISO para 
descrever estruturas de conhecimento associadas a fontes de informação; e folksonomias, 
indexação colaborativa de conteúdo, com palavras-chave de livre escolha permitindo o uso 
de vocabulários próprios de cada comunidade de internautas. 
 
Essa estrutura permite compreender o conceito geral de SOC, desde que, se 
compreendam os conceitos utilizados na sua composição. 
 
 
 
 
 
 
 
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● LIMA, J. L. O.; ÁLVARES, L. Organização e representação da informação e do 
conhecimento. In: Lilian Álvares (org.). Organização da informação e do 
conhecimento: conceitos, subsídios interdisciplinares e aplicações. São 
Paulo: B4, 2012. Capítulo 1, p. 21-48. Disponível em: 
https://www.researchgate.net/profile/Jose-Leonardo-Lima-
2/publication/281969932_Organizacao_e_representacao_da_informacao
_e_do_conhecimento/links/5600067308ae07629e522ad1/Organizacao-e-
representacao-da-informacao-e-do-conhecimento.pdf 
 
 
 
 
 
DAHLBERG, I. Knowledge organization: a new science? Knowledge 
organization, v. 33, 
n. 1, p. 11-19, 2006. 
 
GARCÍA-MARCO, F. J. Paradigmas científicos en representación y recuperación 
de la información. In: GARCÍA-MARCO, F. J. (Ed.). Organización del 
conocimiento en sistemas de información y documentación: actas del I 
Encuentro de ISKO-España, Madri, 4 y 5 nov. 1993. Zaragoza: Universidad de 
Zaragoza, 1993. 
 
MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos 
teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) - 
Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 
2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. SOC: CLASSIFICAÇÕES E TESAUROS 
 
Objetivo: 
Compreender as teorias dos sistemas de organização do conhecimento: 
classificações e tesauros. 
 
Introdução: 
No final do século XIX, com o maior uso das bibliotecas públicas e universitárias e o 
advento de novas técnicas de organização e representação do conhecimento, o conceito 
de organização do conhecimento e da classificação relacionou-se com os conceitos das 
ciências e as ontologias, ambos domínios da filosofia. De acordo com Moreira (2018) “a 
relação entre a classificação das ciências e a classificação bibliográfica é uma relação de 
origem, isto é, a primeira dá origem à segunda e lhe fornece as bases epistemológicas e 
ontológicas para a ordenação de seus elementos”. 
 
3.1. Teoria da classificação 
A classificação é um dos instrumentos mais utilizados para a organização e 
representação do conhecimento, compreender seus fundamentos teóricos amplia o diálogo 
entre os conceitos. A classificação bibliográfica implicana identificação e descrição dos 
conteúdos dos documentos, é uma maneira de compreender a realidade através de 
esquemas, como utilizado nas bibliotecas, museus, supermercados, menu de restaurantes 
e outros. 
 
De acordo com Moreira (2018), a teoria da classificação discute e orienta como os 
sistemas de classificação devem se comportar. A relação deve ser dialética, para uma 
permanente revisão e continuidade da teoria. Há quatro grandes instruções para o estudo 
da classificação, conforme apontado por Diemer (1974 apud POMBO, 1998): a 
classificação dos seres (orientação ontológica), a classificação das ciências (orientação 
gnosiológica); a classificação dos livros (orientação biblioteconômica) e a classificação das 
informações (orientação informacional). 
 
As classificações bibliográficas têm carácter normalmente generalista e são 
utilizadas para a classificação dos assuntos em si. A identificação dos assuntos não é 
somente descritiva, pois exige do classificador capacidades de análise, interpretação e 
 
 
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construção de representações. Desse modo, a classificação bibliográfica deve estar 
sintonizada com a classificação dos conceitos e dialogar com essa teoria. A seguir, as 
principais características são apresentadas quanto a identidade do modelo de classificação 
(HJORLAND, 2012 apud MOREIRA, 2018). 
 
Quadro 2 - Definição de classes e conceitos 
 
 
Moreira (2018) afirma que “a atividade de classificação é realizada tomando como 
elemento a ser classificado tanto os objetos quanto os conceitos”. Já Dahlberg (1995), 
aponta três fases de desenvolvimento do referente à organização do conhecimento, que 
são: 
Fase classificatória original (ou notacional), em que a tônica residia no organizar 
para achar (Dewey, LC, etc.); fase tesáurica (ou alfabética), busca em referenciais 
da Linguística soluções para o tratamento temático da informação, e, mais 
recentemente, uma nova fase classificatória, em que se reconhece a 
complementaridade da organização lógica de conceitos e de sua representação 
linguística, mormente quando a discussão acerca das ontologias assume maior 
ênfase. 
 
Para Piedade (1983, apud MOREIRA, 2018), as qualidades relacionadas à notação 
são as seguintes: 1. Indicar a ordem dos assuntos de modo claro e automático, a fim de 
permitir a localização da informação procurada; 2. Permitir revelar integralmente o assunto 
do documento; 3. Ser hospitaleira, isto é, permitir o número de subdivisões necessárias a 
cada assunto; 4. Ser flexível ou expansiva, isto é, permitir a inclusão de novos assuntos 
nas posições mais convenientes; 5. Ser fácil de lembrar, falar e escrever; 6. Ser breve e 
simples; 7. Revelar a estrutura da classificação, a sua hierarquia, isto é, mostrar as classes 
relacionadas e as classes subordinadas (Mills denomina esta qualidade de expressividade); 
8. Ser mnemônica (é um conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar o processo de 
memorização). 
 
 
 
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O método de classificação deve seguir padrões que certifiquem que o modo de 
inclusão ou exclusão de elementos neste ou naquele conjunto esteja correto. No quadro 3 
é apresentado os principais sistemas de classificação bibliográfica. 
 
Quadro 3 - Principais sistemas de classificação bibliográfica 
 
No sistema de organização do conhecimento, principalmente na área da 
classificação, os estudos sobre a categorização e os conceitos são de maior interesse, pois 
refere-se a estruturação, formação e organização que são fundamentais para a organização 
do conhecimento. A seguir, apresenta-se as principais características entre os conceitos de 
classificação e categorização, de acordo com Jacob (2004 apud MOREIRA, 2018). 
 
Quadro 4 - Comparativo entre os conceitos de categorização e classificação 
 
 
O estudo da categorização, conforme afirma Moreira (2018) “revela-se como um dos 
aspectos mais importantes da linguagem, pois possibilita encontrar características 
semelhantes na comparação de objetos individuais, ainda que tais objetos sejam 
virtualmente dessemelhantes”. 
 
 
 
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● NUNES, L.; TÁLAMO, M. de F. G. M. Da filosofia da classificação à classificação 
bibliográfica. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, 
Campinas, SP, v. 7, n. 2, p. 30–48, 2009. DOI: 10.20396/rdbci.v7i1.1973. Disponível 
em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/1973. 
Acesso em: 12 mar. 2021. 
 
 
3.2. Tesauros 
Os tesauros são instrumentos flexíveis e precisos quanto ao controle terminológico 
e possuem caráter enciclopédico. De acordo com Cavalcanti (1998 apud CARLAN, 2010), 
tesauro é “uma lista estruturada de termos associados empregada por analistas de 
informação e indexadores, para descrever um documento com a desejada especificidade e 
permitir aos seus pesquisadores a recuperação da informação”. Teve seu interesse 
renovado na nova fase da classificação, segundo Dahlberg (1995), pois “o tesauro também 
depende de um esquema de classificação e igualmente das ontologias”. 
 
Suas principais vantagens são maior precisão no controle terminológico e aplicação 
em domínios mais específicos do conhecimento. O tesauro visa padronizar a linguagem, 
cobrindo uma área do conhecimento específico, geralmente é temático, traduzindo uma 
linguagem natural para uma linguagem de máquina. Gomes (1990 apud CARLAN, 2010) 
classifica a tipologia do tesauro como: monolíngues e multilíngues; macrotesauros (com 
conceitos mais amplos); microtesauros (com conceitos mais específicos) e multidisciplinar 
(com disciplina específica). 
 
Os tesauros são estruturados por meio de normas internacionais como a ISO 2788 
(1986), ISO 1985) e ANSI/NISO Z39.18-2003, que orientam a estrutura do tesauro em duas 
partes: base teórica e base técnico-operacional. 
 
Na base teórica, destacam-se quatro aspectos: conceito, termo (apresentado como 
descritor), categorias e facetas. Já na base técnico-operacional, é necessário um 
planejamento com coleta de termos de acordo com o método dedutivo e indutivo; controle 
terminológico observando a sinonímia, homografia e a polissemia; e estabelecimento de 
relações entre os conceitos por meio de: relação de equivalência - termos de relação de 
sinonímia, identificado por meio do código USE (Used) e UP (Usado para); relação 
hierárquica - reúne conceitos características em comum, como gênero-espécie, 
 
 
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identificado por meio do código TG (termo genérico) e a subordinação TE (termo específico. 
A contextualização dos conceitos, que indica se o conceito foi hierarquizado, é feita por 
notas explicativas NE (ou nota de escopo) (CARLAN, 2010). 
 
A construção de tesauros é uma ação coletiva e as linguagens construídas sofrem 
modificações à medida que as línguas se desenvolvem. 
 
 
 
ESTUDOS ÔNTICOS E ONTOLÓGICOS EM CONTEXTOS INFORMACIONAIS: 
REPRESENTAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MÉTRICAS EOOCI/UFF. Planejamento do 
tesauro. Disponível em: http://eooci.uff.br/planejamento-do-tesauro/ 
10 tesauros que devem acompanhá-lo para identificar o conteúdo e os 
documentos da sua biblioteca, arquivo ou unidade de informação. Disponível 
em: https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-
acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-
biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/ 
AUSTIN, Derek; DALE, Peter. Diretrizes para o estabelecimento e 
desenvolvimento de tesauros monolíngües. Brasília: Ibict/SENAI, 1993. 86 p. 
Disponível em:http:/livroaberto.ibict.br/handle/1/731 
 
 
 
CARLAN, Eliana. Sistemas de organização do conhecimento: uma reflexão no 
contexto daciência da informação. 2010. 195 f., il. Dissertação (Mestrado em 
Ciência da Informação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010. 
 
DAHLBERG, I. Current trends in knowledge organization. In: GARCIA MARCO, 
Francisco 
Javier (Org.). Organización del conocimiento en sistemas de información y 
documentación. Zaragoza: Universidad de Zaragoza, 1995. v.1 p. 7-26. 
 
MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos 
teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) - 
Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 
2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>. 
 
POMBO, O. Da classificação dos seres à classificação dos saberes. Leituras: 
revista da Biblioteca Nacional de Lisboa, n. 2, p. 19-33, primavera, 1998. 
 
 
http://eooci.uff.br/planejamento-do-tesauro/
https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/
https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/
https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/
http://hdl.handle.net/11449/190878
 
 
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4. SOC: TAXONOMIA E ONTOLOGIAS 
 
Objetivo: 
Introduzir as teorias dos sistemas de organização do conhecimento: taxonomias e 
ontologias. 
 
Introdução: 
A taxonomia e a ontologia fazem parte dos sistemas de organização do 
conhecimento (SOC) e são utilizados para organizar e representar o conhecimento com 
vistas à sua recuperação. Diante das altas demandas de informações confiáveis, elas 
ganham destaque como ferramentas que procuram aprimorar metodologias para aumentar 
a qualidade da busca e recuperação da informação. 
 
4.1. Taxonomias 
Taxonomia de acordo com Vital e Café (2011), “trabalham no sentido de organizar a 
informação e/ou conhecimento, em relações hierárquicas entre os termos”, e “são muito 
utilizadas em modelo orientado a objeto e sistemas de gestão do conhecimento, para 
indicar grupos de objetos baseados em características particulares” (MOREIRA, 2018). 
 
Teve sua origem na Biologia, na matéria que trata da classificação lógica e científica 
dos seres vivos, trabalho do botânico Carolus Linnaeus (ou Karl von Linné) e hoje está 
relacionada a formas automatizadas da organização da informação, utilizando-se das áreas 
da ciência da informação e da computação (VITAL, CAFÉ, 2011). 
 
De modo geral, a taxonomia organiza a informação da mais genérica para a mais 
específica, utilizando-se da relação hierárquica ou relação de gênero-espécie entre os 
termos. Abaixo, um exemplo de taxonomia. 
 
Figura 3 - Exemplo de taxonomia 
 
 
 
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Fonte: Garshol (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011). 
 
De acordo com Holgate (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011), há quatro formas de se 
construir uma taxonomia: 
a) adquirir uma taxonomia pré-definida; 
b) construir manualmente uma taxonomia; 
c) construir automaticamente uma taxonomia; e 
d) uma combinação de automática e manual (híbrida). 
 
A construção de taxonomias, alguns critérios devem ser observados: 
a) Comunicabilidade: os termos utilizados devem transparecer os conceitos 
carregados de acordo com a linguagem utilizada pelos usuários do sistema. Ex. 
Cloreto de sódio (utilizado para especialistas) e sal (utilizado para leigos). 
b) Utilidade: apresentar somente os termos necessários. Ex. Frutas, sem 
especificar cada uma como maçã, pêra. 
c) Estimulação: uso de termos que induzem o usuário a continuar a navegação pelo 
sistema. 
d) Compatibilidade: contém somente estruturas de campo que se está ordenando e 
que façam parte das atividades ou funções da organização (TERRA et al., 2005 
apud VITAL, CAFÉ, 2011). 
 
Na inteligência artificial, as taxonomias e as ontologias são muito utilizadas em 
projetos e transmitem as diferentes maneiras de como o ser humano enxerga a realidade. 
 
4.2. Ontologias 
Já as ontologias, buscam estabelecer relações semânticas entre conceitos, em 
forma de redes conceituais, próximas da estrutura que trabalha a mente humana. Também 
são consideradas sistemas de classificação e organizam o conhecimento em forma de uma 
“teia de relações”, assim como a mente humana, em uma relação intencional (VITAL, 
CAFÉ, 2011). 
 
Segundo Neches (1991 apud FEITOSA, 2005, apud VITAL, CAFÉ, 2011), "uma 
ontologia define os termos básicos e as relações, compreendendo o vocabulário de uma 
 
 
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área de tópico, bem como as regras para a combinação de termos e as relações para definir 
as extensões do vocabulário". 
 
As ontologias, inerentes aos estudos da web semântica, objetivam o processamento 
automatizado da informação, definido por uma linguagem processável por máquina com 
propósito de compartilhar informação entre sistemas. Gruber (1996); Noy e Guinness (2001, 
apud VITAL, CAFÉ, 2011) citam como componentes básicos de uma ontologia: 
a) classes (organizadas em uma taxonomia); 
b) relações (representam o tipo de interação entre os conceitos de um domínio); 
c) axiomas (usados para modelar sentenças sempre verdadeiras); e 
d) instâncias (utilizadas para representar elementos específicos, ou seja, os 
próprios dados). 
 
Segue, uma representação de uma ontologia de vinhos e bebidas. 
 
Figura 5 - Ontologia de vinhos e bebidas 
 
Fonte: Barreiras (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011). 
 
As relações ontológicas, segundo a concepção wusteriana (ver Quadro 5), referem-
se a propriedades dos objetos no mundo empírico, nesse sentido estão relacionados os 
conceitos de todo e de sua parte, como se verifica, por exemplo, entre sistema 
cardiovascular e vaso sanguíneo. 
 
 
 
 
 
 
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Quadro 5 - Relações associativas 
 
Fonte: Moreira (2018) 
 
 
 
Nos tesauros e sistemas de classificação bibliográfica, as relações entre os 
conceitos podem ser meramente apontadas, ainda que isso não seja desejável, 
por meio de recursos visuais como, por exemplo, o endentamento, deixando-
se o processo maior de inferência por conta do usuário. Nas ontologias todas 
as relações devem ser detalhadas e formalizadas em relação a sua natureza e 
ao compromisso ontológico assumido (MOREIRA, 2018). 
 
 
 
 
CursoBom. Taxonomia (vídeo). Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=dTgZVT_KRgs 
 
de Melo Simões M. da G., Vieira de Freitas M. C., de Souza Gracioso L., & 
Rodríguez Bravo B. (2017). Entre os seres e os saberes: a identidade ontológica 
das taxonomias: ciência, método ou produto?. Ciência Da Informação, 45(1). 
Recuperado de http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1776 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=dTgZVT_KRgs
 
 
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MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos 
teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) - 
Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 
2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>. 
 
VITAL, Luciane Paula; CAFE, Ligia Maria Arruda. Ontologias e taxonomias: 
diferenças. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte , v. 16, n. 2, p. 115-130, June 
2011 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362011000200008&lng=en&nrm=iso>. access on 16 Mar. 2021. 
https://doi.org/10.1590/S1413-99362011000200008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. WEB SEMÂNTICA 
 
Objetivo: 
Estudar sobre movimento colaborativo para organizar a informação de maneira 
legível para computadores e máquinas. 
 
Introdução: 
A presença e a atuação de agentes inteligentes é, aliás, uma das marcas diferenciais 
da web semântica em relação à web tradicional (sintática). Na web semântica, espera-se 
que os computadores sejam programados também para interpretar a informação, em vez 
de apenas apresentá-la aos seres humanos, e isso pode ser facilitado por meio da aplicação 
de ontologias (BERNERSLEE; HENDLER; LASSILA, 2001 apud CARLAN, 2010). 
 
Neste contexto, ocorre a mudança na forma de busca pela internet pois ao invés da 
recuperação por meio de uma palavra, teríamos a palavra mais o seu significado e para 
isso ocorrer há a necessidade da interoperatividade semântica, sintática de vocabulário e 
descrição do assunto baseado em conceitos interligados (CARLAN, 2010). 
 
De acordo com Guirald (1980 apud PICKLER, 2007), a semântica é tudo aquilo que 
se refere ao sentido de um sinal de comunicação e as palavras. A proposta da web 
semântica é estruturar os dados contidos nos sites, de modo que o sistema de busca 
identifique o assunto por meio da semântica em sua estrutura de dados. 
 
Para dar suporte ao desenvolvimento da web semântica, os SOC são excelentes 
fontes de vocabulários estruturados e formalizados para controle de linguagem. A 
padronização, seguido por uma linguagem representacional usando codificação XML 
(eXtensible Markup Language) e RDF (Resource Description Framework), depende de 
infraestrutura para que as linguagens de indexação sejam entendidas e processadas por 
máquinas. 
 
O Simple Knowledge Organization System (SKOS) é um modelo criado pela World 
Wide Web Consortium (W3C) para dar suporte aos SOC e utiliza a interface flexível de 
XML/RDF (flexível no sentido de acrescentar novas tags, etiquetas ou marcações). O XML 
fornece uma sintaxe básica para estruturar documentos e o RDF é uma estrutura para 
processar metadados e facilitar o intercâmbio de informações (CARLAN, 2010). Em outras 
 
 
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palavras, o objetivo do RDF é auxiliar no desenvolvimento de metadados e promover uma 
comunicação clara entre os sistemas que compartilham a informação. 
 
Esse movimento colaborativo, é usado para organizar a informação e atribuir 
significado a ela. A ideia é basicamente não buscar mais a informação de forma isolada, 
mas com perguntas e respostas mais elaboradas, e não se trata de inteligência artificial e 
sim de um sistema onde o computador leia um bloco de informação e atribua um significado 
a partir das relações com outros blocos. Ex.: Peru, é um nome de um país e de uma espécie 
de animal, mas podemos “dizer” para o computador que é um país, desse modo há 
desassociação com a espécie de animal. 
 
 
 
PICKLER, Maria Elisa Valentim. Web Semântica: ontologias como ferramentas 
de representação do conhecimento. Perspect. ciênc. inf. , Belo Horizonte, v. 
12, n. 1, pág. 65-83, abril de 2007. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362007000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 de março de 2021. 
https://doi.org/10.1590/S1413-99362007000100006 . 
SOUSA R. R., ALVARENGA L. A Web Semântica e suas contribuições para a 
ciência da informação. Ciência Da Informação, 33(1), 2004. Disponível em: 
http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1077 
 
 
 
 
CARLAN, Eliana. Sistemas de organização do conhecimento: uma reflexão no 
contexto da ciência da informação. 2010. 195 f., il. Dissertação (Mestrado em 
Ciência da Informação) -Universidade de Brasília, Brasília, 2010. 
 
PICKLER, Maria Elisa Valentim. Web Semântica: ontologias como ferramentas 
de representação do conhecimento. Perspect. Ciênc. inf., Belo Horizonte, v. 
12, n. 1, pág. 65-83, abril de 2007. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362007000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 de março de 2021. 
https://doi.org/10.1590/S1413-99362007000100006 . 
 
 
 
 
 
 
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6. CONCEITOS E RELAÇÕES ENTRE INFORMAÇÃO E DOCUMENTOS 
 
Objetivo: 
Apresentar as relações entre informação e documentos. 
 
Introdução: 
A utilização maciça de informações em nossa vida cotidiana, faz da informação um 
recurso que movimenta a economia global, sendo o principal elemento das sociedades 
desenvolvidas. 
 
As muitas definições da palavra têm originado definições simplistas, geralmente 
oriundas do senso comum. Conforme afirma Lancaster (2004): 
 
Informação é uma palavra usada com freqüência no linguajar quotidiano e a 
maior parte das pessoas que a usam pensam que sabem o que ela significa. 
No entanto, é extremamente difícil definir informação, e até mesmo obter 
consenso sobre como deveria ser definida. O fato é, naturalmente, que 
informação significa coisas diferentes para pessoas diferentes 
(LANCASTER, 2004). 
 
Tanto na teoria matemática, como na biologia, por exemplo, o conceito de 
informação está desvinculado da linguagem natural. Conforme coloca Pereira Junior e 
Gonzales (1996, apud MESSIAS, 2005), a primeira trabalha com uma concepção 
quantificada da informação, substituindo as linguagens pelas equações matemáticas, a 
segunda trabalha com as estruturas informacionais que se propagam do genoma para as 
proteínas. Nas Ciências Econômicas, a informação é caracterizada como um bem 
econômico, expresso por meio de produtos e serviços informacionais. Desse modo, tem-se 
a informação como um recurso estratégico para a tomada de decisões (MESSIAS, 2005). 
 
Christovão e Braga (1997, apud DUARTE, 2009) chamam atenção para o fato de que 
a Ciência da Informação vem, erroneamente, tratando documento, mensagem e informação 
com o mesmo significado quando, na verdade, trata se de elementos distintos: 
 
Documento […] é toda base de conhecimento fixada materialmente e suscetível de 
estudo, prova ou confronto. Mensagem é o que é levado de um emissor humano a 
um receptor humano em um processo de comunicação; é a emissão deliberada de 
um estímulo externo. Embora haja uma grande superposição entre mensagem e 
estímulo externo os dois eventos não são iguais: há estímulos externos, derivados, 
por exemplo, da observação de fenômenos naturais que não são mensagens 
 
 
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porque não foram emitidos por um emissor humano – e informação é um processo 
exclusivamente humano. Embora alguns autores falem, por exemplo, em 
transferência da informação entre homem e máquina, as presentes autoras crêem 
tratar-se de mais uma ambigüidade de uso do termo informação (CHRISTOVÃO E 
BRAGA, 1997, apud DUARTE, 2009). 
 
 Isto posto, pode-se concluir que o homem é um ser social comunicativo e 
informacional. A linguagem auxilia no processo de interação e adaptação do homem ao 
meio ambiente, e permite a ele manifestar suas idéias, pensamentos e sentimentos, e 
assim, efetivar os processos informacionais. Os suportes constituem-se elementos de 
sustentação dos signos e podem ser classificados em visuais, sonoros, audiovisuais e 
objetos. Dessa maneira, a informação se consolida, transformando-se em um documento, 
ou seja, um objeto informativo (MESSIAS, 2005). 
 
O documento é fonte de investigação de especial interesse para a Arquivologia, 
Biblioteconomia, Direito, Documentação e Diplomática, assumindo em cada uma delas um 
propósito de análise diferenciado. Para Otlet, o documento era uma entidade material, 
artificial e de utilidade intelectual, composto pelo meio físico representando o material 
(suporte), e o intelectual representando o conteúdo (PINTO MOLINA, 1993, apud 
MESSIAS, 2005).Logo, qualquer que seja o documento, certamente ele será composto por suporte, 
meio e conteúdo. O meio consiste na linguagem utilizada para fixar o pensamento (escrita 
alfabética, numérica, gráfica ou digital) e o conteúdo designa as ideias e o pensamento 
exteriorizado, defendido por muitos autores como a mensagem, notícia ou informação. A 
atenção dispensada aos suportes da informação tem sido cada vez mais escassa, visto que 
ele é tido como elemento secundário. Mas, mesmo com mínimas variações, o suporte 
possui a capacidade de interferir na apreensão do conteúdo, pois dependendo do meio 
(digital ou físico) e como ela é utilizada, pode interferir no processo de ensino-aprendizagem 
(MESSIAS, 2005). 
 
 
 
GRIGOLETO, M. C. Informação e documento: expressão material no 
patrimônio. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v.3, n. 1, p. 57-69, jan./jun. 
2012. Disponível em: 
https://www.revistas.usp.br/incid/article/download/42369/46040/50567 
 
 
 
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DUARTE, A. B. S. Ciclo informacional: a informação e o processo de 
comunicação. Em Questão, v. 15, n. 1, p. 57-72, 2009. Disponível em: 
<http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/11120>. Acesso em: 16 mar. 
2021. 
 
LANCASTER, F.W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2.ed. Tradução de 
Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. Tradução 
de: Indexing and abstracting 
in theory and practice. 
 
MESSIAS, L. C. S. Informação: um estudo exploratório do seu conceito em 
periódicos científicos brasileiros da área de Ciências da Informação. 
Dissertação (mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade 
Estadual Paulista, Marília, 2005. Orientador: Prof. Dr. João Batista Ernesto de 
Moraes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. CICLO INFORMACIONAL E BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO DA 
INFORMAÇÃO 
 
Objetivo: 
Apresentar o ciclo informacional, introduzindo o elemento da comunicação. 
 
Introdução: 
A Ciência da Informação caracteriza-se por ser uma ciência multidisciplinar, pois 
utiliza conceitos de outras ciências e as compartilha também, mas por vezes há confusões 
conceituais em relação às definições de informação, comunicação e conhecimento. 
 
A teoria matemática da comunicação coloca que a informação depende de um 
emissor e de um receptor, e está sujeita a interferências. A figura 6, mostra que nessa 
teoria, a informação está presente sempre que um sinal é transmitido de um extremo para 
outro. 
Figura 6 - Processo de comunicação 
 
Fonte: Duarte (2009) 
 
Quando voltamos à definição da palavra informação, a teoria matemática trata a 
informação e mensagem de modos iguais. De acordo com Duarte (2009) “a mensagem é 
aquilo que trafega entre o emissor e o receptor, e a informação é o processo de dar forma 
(atribuir sentido) à mensagem”. 
 
Na figura 7, o receptor informa-se ao atribuir sentido à mensagem recebida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 7 - Processo de comunicação de acordo com a teoria social da informação 
 
Fonte: Duarte (2009) 
 
Duarte (2009) baseada em Charaudeau (2001) apresenta na figura 8 o espaço do 
fazer situacional. Neste, os protagonistas são os seres de fala, que são virtuais (sujeito 
enunciador – aquele que enuncia a comunicação; e receptor – aquele que a recebe) e 
assumem diferentes faces de acordo com os papéis que lhes são atribuídos. 
 
Figura 8 - Circuitos interno e externo no processo de comunicação 
 
Fonte: Duarte (2009) 
 
No processo de comunicação, o chamado sujeito comunicante, elabora uma 
mensagem (conjunto de dados, quer seja manuscritos, quer através de imagens, ícones, 
sons, gestos, etc.) tendo como ponto de partida seu próprio contexto social, sua gama de 
conhecimentos individuais e coletivos. Não é apenas a partir desta vivência que ele elabora 
seu discurso portador de sua mensagem. Leva em consideração, ainda, o receptor (sujeito 
 
 
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interpretante) que deseja atingir: qual é a sua realidade psico-sócio-cultural, quais são os 
seus conhecimentos prévios, de que modo ele provavelmente irá reconfigurar a mensagem 
recebida. O objetivo do sujeito comunicante é que a mensagem produza a informação 
desejada no sujeito interpretante a quem ela se destina. Portanto, a mensagem deve gerar 
um processo de informação capaz de alterar o estado de conhecimento do receptor 
(DUARTE, 2009). 
 
Segundo Capurro (1992), a informação é a articulação de um estado prévio de 
entendimento pragmático de um mundo comum compartilhado. Assim, conclui-se que a 
informação pode ser descrita como sub-processos no processo de comunicação: de um 
lado o processo de representação, buscando comunicar o sentido, realizado pelo sujeito 
comunicante; de outro lado, o processo de atribuição de sentido efetuado pelo sujeito 
interpretante. Deve-se considerar o contexto de produção e de recepção, isto é, de um lado, 
como de outro, o contexto psico-sócio-cultural influi no processo de informação. No entanto, 
as estruturas de conhecimento desses sujeitos não são alteradas somente pelo processo 
de comunicação. O ser humano é capaz de adquirir conhecimento interagindo com o mundo 
ao seu redor. Portanto, a informação não se define apenas como sub-processo da 
comunicação, mas existe mesmo quando não há intencionalidade de comunicar-se. É 
processo de atribuição de sentido capaz de alterar um estado de conhecimento prévio, 
mesmo que não haja comunicação explícita (DUARTE, 2009). 
 
Nesse sentido, a informação é compreendida como um fator de valorização humana, 
conteúdos elaborados com vistas a promover o conhecimento no indivíduo, enquanto que 
a comunicação seria apenas a circulação de produtos superficiais e alienatórios, mais 
destinados a entreter do que a informar (MESSIAS, 2005). 
 
Nessa conceituação, a informação é a raiz do processo do conhecer e, portanto, 
instituinte da cultura. Nesse sentido, considera-se que: 
a) quando se instaura um processo de comunicação, informação é algo que um 
indivíduo gera ativamente e que outro indivíduo pode decidir internalizar; 
b) cada indivíduo recebe e interpreta informação (conjunto de estruturas 
significantes) à sua própria maneira, dando lhe significado pessoal; 
c) a percepção da informação é mediada pelo estado de conhecimento do receptor 
e pelo contexto psico-sociocultural em que ele se encontra inserido; 
 
 
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d) quando a informação é percebida e/ou recebida, ela afeta e transforma o estado 
de conhecimento do receptor; (DUARTE, 2009) 
 
Na figura 9, se introduz o elemento comunicação, que estabelece a mensagem que 
dá origem à informação, quer seja compreendida como atribuição de sentido à mensagem 
comunicada, quer seja compreendida como um conjunto de estruturas significantes, que 
leva a uma alteração do estado de conhecimento que, por sua vez, desencadeia um 
“processo de desenvolvimento, que permite acessar um estágio qualitativamente superior 
nas diversas e diferentes gradações da condição humana. E esse desenvolvimento é 
repassado ao seu mundo de convivência” (BARRETO, 1998, p.122 apud DUARTE, 2009) 
fechando, assim, o ciclo. 
 
Figura 9 - Ciclo informacional 
 
Fonte: Duarte (2009) 
 
 
MIRANDA, M. A. S. et al. Ciclo de vida da informação no suporte ao processo 
de inovação: uma proposta de modelo interativo. Revista Gestão e 
Planejamento, Salvador, v. 20, p. 581-599, jan. /dez. 2019. Disponível em: DOI: 
10.21714/2178-8030gep.v20.6007 
BARBOZA, E. L. Gestão da informação nas organizações e a atuação do 
profissional da informação. COAIC,2007. Disponível em: 
http://www.uel.br/eventos/cinf/index.php/coaic2017/coaic2017/paper/view
/496/339. 
 
 
 
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DUARTE, A. B. S. Ciclo informacional: a informação e o processo de 
comunicação. Em Questão, v. 15, n. 1, p. 57-72, 2009. Disponível em: 
<http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/11120>. 
 
MESSIAS, L. C. S. Informação: um estudo exploratório do seu conceito em 
periódicos científicos brasileiros da área de Ciências da Informação. 
Dissertação (mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade 
Estadual Paulista, Marília, 2005. Orientador: Prof. Dr. João Batista Ernesto de 
Moraes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8. DIMENSÕES HISTÓRICAS E CRÍTICAS DO DOCUMENTO: O 
ESTATUTO DO DOCUMENTO. 
 
Objetivo: 
Identificar as bases históricas e epistemológicas da Biblioteconomia no campo 
científico da Ciência da Informação. 
 
Introdução: 
As dimensões históricas do documento, perpassam pela construção da cientificidade 
da Ciência da Informação. Uma epistemologia histórica, atenta às dinâmicas de uso do 
conceito, ou seja, da operacionalização da noção de documento como conceituação em 
Ciência da Informação, ela possibilita adentrar o universo das apropriações e das 
transfigurações do termo em teorias, métodos, processos, técnicas e produtos. 
 
8.1. Produção de evidência versus atribuição de sentido. 
A produção de evidência apoia-se em níveis de indício e prova, dessa forma, a 
informação situa-se na sua produção e seus usos. Os elementos de interatividade, contexto 
orgânico, situação, memória orgânica, são fundamentais para compreendermos o processo 
que envolve a informação com vistas à evidência. Os ambientes digitais, possuem certas 
características como a dinamicidade e a ubiquidade da informação, tornando necessária 
novos modelos de gestão capazes de responder aos desafios que os profissionais da 
informação enfrentam cotidianamente (ROCKEMBACH, 2017). 
 
Já a atribuição de sentido, remete a falar em leitura e a produção de sentidos 
constituídos no contexto de interação recíproca entre autor e leitor via texto, os quais se 
expressam diferentemente, de acordo com a subjetividade do leitor: seus conhecimentos, 
suas experiências e seus valores. Nesse caso, pode-se dizer que o texto se constrói a cada 
leitura, não trazendo em si um sentido preestabelecido pelo seu autor, mas uma 
demarcação para os sentidos possíveis. Na produção de sentidos, o leitor desempenha um 
papel ativo, sendo as inferências um processo cognitivo relevante para esse tipo de 
atividade. Isto ocorre porque elas possibilitam a construção de novos conhecimentos a 
partir de dados previamente existentes na memória do interlocutor, os quais são ativados e 
relacionados às informações veiculadas pelo texto. Esse processo favorece a mudança e 
a transformação do leitor, que, por sua vez, modifica o texto (FERREIRA, DIAS, 2004). 
 
 
 
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8.2. A informação orgânica e a inorgânica. 
A informação orgânica é por natureza arquivística, pois é fruto das ações da 
organização/instituição. A informação arquivística contempla a informação orgânica e a 
informação não orgânica (inorgânica). As informações orgânicas são produzidas dentro do 
ambiente da organização, enquanto que a informação não orgânica (inorgânica) é 
produzida fora deste ambiente, mas se relaciona com a organização por meio das 
atividades e/ou transações realizadas (LOUSADA, 2010). 
 
Conforme explicam Carvalho e Longo (2002, apud LOUSADA, 2010): 
 
[...] informação orgânica é um conjunto de informações sobre um determinado 
assunto, materializado em documentos arquivísticos que, por sua vez, mantêm 
relações orgânicas entre si e foram produzidas no cumprimento das atividades e 
funções da organização. 
 
 
Lopes (1996, apud LOUSADA, 2010) defende que “[...] é orgânica a informação que 
pertence à pessoa ou organização que a acumulou”, ou seja, a informação orgânica é 
intrínseca à organização/instituição que a gerou, sendo, portanto, fruto dos componentes 
que a integram. 
 
A junção desses dois tipos de informação forma o que se denomina de informação 
arquivística, dando origem aos arquivos das instituições. Sob essa designação são 
agrupados todos os documentos, sejam quais forem seus suportes e idades, produzidos e 
recebidos pela organização no exercício de suas funções (ROUSSEAU; COUTURE, 1998, 
apud LOUSADA, 2010). 
 
8.3. As unidades físicas de referência: documento, peça, série, coleção, arquivo e 
acervo (cartorial e operacional). 
As bibliotecas, museus e arquivos, são as três instituições que se ocupam da guarda, 
conservação e processamento de documentos para uso futuro ou corrente. O termo arquivo 
pode se referir tanto a um conjunto de documentos quanto à instituição que o armazena 
(CASTRO, 2014). 
 
A construção histórica da noção de documento aponta que ele é produto de ações 
de mediação, as quais se realizam por atividades como seleção, descrição, indexação, 
ordenação, exposições a partir de quaisquer objetos (ORTEGA, SALDANHA, 2019). 
 
 
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Nesse contexto, as práticas e técnicas da Biblioteconomia para tratamento e 
organização da informação foram registradas na literatura de inúmeras formas. Dentre as 
mais clássicas pode-se citar a formação, desenvolvimento, classificação, catalogação e 
conservação das bibliotecas. O Catálogo é mais um instrumento de pesquisa, que trará aos 
pesquisadores e usuários informações maior presteza e agilidade (CASTRO, 2014). Dentro 
da Biblioteconomia a série é um conjunto ilimitado de publicações ou materiais, sobre um 
tema específico ou não, com autores e títulos próprios, reunidos sob um título comum. Já 
a coleção é um conjunto limitado, de um ou diversos autores, reunidos sob um título comum, 
podendo cada livro ter título próprio. 
 
8.4 As unidades intelectuais de referência: assunto e função. 
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), para este 
assunto “documento”, criou tesauros e vocabulários controlados, com o sentido de 
categorizar as informações existentes na produção informacional, para solucionar o 
problema do acesso e do uso da informação pela comunidade científica (CASTRO, 2014). 
 
A partir dessas considerações Tanus, Reanau e Araújo (2012, apud CASTRO, 2014) 
representaram num quadro resumido as noções de documento na Biblioteconomia e na 
Arquivologia: 
 
Quadro 6 - Definição de documento na Biblioteconomia e na Arquivologia 
 
Fonte: Tanus, Reanau e Araújo (2012 apud VITAL, CASTRO, 2014). 
 
Distinguem-se dos documentos de bibliotecas, se para estas os documentos têm 
finalidade de desenvolver as coleções e ramificar por assuntos as publicações existentes 
no acervo, ainda que variem pelo perfil da instituição, existem critérios diferenciados de 
manuseio do documento em ambos os ambientes. Para os arquivos a valorização dos 
documentos se dá pela sua unicidade, ou seja, seu valor único e individual como documento 
que utilizado como fonte comprobatória das atividades e funções das organizações, 
 
 
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baseado no princípio da organicidade e da proveniência de um arquivo, são pautados no 
organograma institucional, para organização dos documentos, respeitado aos princípios já 
citados (SMIT, 2003, CASTRO, 2014). 
 
8.5 O documento como indício, prova e testemunho. 
As semelhanças entre as duas áreas – Biblioteconomia e Arquivologia – é que 
ambas procuram organizar a informação em meio ao "caos" documentário. A organizaçãodessa informação depende de uma padronização. Porém, cada área tem a sua 
especificidade. Um documento arquivístico, por exemplo, é totalmente diferente de um 
documento bibliográfico. Por isso, a maneira de descrevê-los é completamente distinta. Um 
documento arquivístico reflete as atividades e funções de uma organização, funcionando 
como fonte de prova e testemunho. Já um documento bibliográfico possui características 
intrínsecas (que constituem o próprio objeto) e extrínsecas (aquelas que estabelecem as 
relações do objeto observado com outros objetos) e, através da descrição dos campos que 
compõem o objeto, é possível recuperar a informação pertinente (CASTRO, 2014). 
 
Então, a forma de descrevê- los é distinta. A Biblioteconomia se preocupa com o 
acesso dos documentos pelos usuários e na disseminação da informação, enquanto que a 
Arquivologia se preocupa mais com a preservação do documento, já que ele é fonte de 
prova (CASTRO, 2014). 
 
 
 
LIMA DOS SANTOS, Ana Paula; FONSECA RODRIGUES, Mara Eliane. 
Biblioteconomia: gênese, história e fundamentos. Revista Brasileira de 
Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 116-131, jan. 2014. 
ISSN 1980-6949. Disponível em: 
<https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/248/264>. 
 
 
 
 
CASTRO, L. S. Análise das relações entre o conceito de representação descritiva 
na visão da biblioteconomia e da arquivologia. TCC. Universidade Federal do 
Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2014. 
 
 
 
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FERREIRA, S. P. A., DIAS, M. G. B. B. A leitura, a produção de sentidos e o 
processo inferencial. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 3, p. 439-448, 
set./dez. 2004. Disponível em: 
https://www.scielo.br/pdf/pe/v9n3/v9n3a11.pdf 
 
LOUSADA, Mariana. Informação orgânica como insumo estratégico para a 
tomada de decisão em ambientes competitivos. Marília, 2011. Dissertação 
(Mestrado em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, 
Universidade Estadual Paulista, 2010. Orientadora: Marta Ligia Pomim 
Valentim. 
 
ORTEGA, C. D., SALDANHA, G. S. A noção de documento no espaço-tempo da 
Ciência da Informação: críticas e pragmáticas de um conceito. Perspectivas em 
Ciência da Informação, v.24, número especial, p.189-203, jan. /mar. 2019. 
 
ROCKEMBACH, Moisés. Evidência da informação no contexto dos arquivos 
digitais. In: Da produção à preservação informacional: desafios e 
oportunidades [online]. Évora: Publicações do Cidehus, 2017. Disponível em: 
http://books.openedition.org/cidehus/2782. ISBN: 9782821882676. DOI: 
https://doi.org/10.4000/books.cidehus.2782. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9. MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO. 
 
Objetivo: 
Compreender os processos de mediação da informação. 
 
Introdução: 
A mediação da informação é um processo histórico-social que resulta da relação dos 
sujeitos com o mundo. Ela possui duas dimensões: a primeira é intrínseca, em que distingue 
a mediação entre implícita e explícita. A primeira, a mediação implícita, ocorre nos espaços 
dos equipamentos informacionais (onde estão a seleção, o armazenamento e o 
processamento da informação), atuando nos serviços internos, inerente ao fazer 
profissional, em que as ações são desenvolvidas sem a presença física e imediata dos 
usuários. A mediação explícita, ocorre no atendimento ao público e nos espaços em que a 
presença do usuário é inevitável, por exemplo, nos acessos a distância em que não é 
solicitada a interferência concreta e presencial do profissional da informação (ALMEIDA 
JÚNIOR, 2019). 
 
Por outro lado, quando organizamos serviços, estruturamos o atendimento, 
propomos ações de educação de usuários, etc., estamos dentro de outra dimensão da 
mediação da informação a esta segunda dimensão identifica-se com a disseminação da 
informação (ALMEIDA JÚNIOR, 2019). 
 
 
 
A ideia de mediação da informação é mais abrangente que a da disseminação, 
uma vez que esta nunca se interessou com a apropriação da informação, 
atendo-se ao acesso físico do documento pelo usuário. Assim, a disseminação 
da informação está mais relacionada com a transferência da informação do 
que com a mediação da informação. 
 
 
De acordo com Almeida Júnior (2015): 
 
Mediação da informação é toda ação de interferência – realizada em um processo, 
por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais 
– direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou 
coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de 
 
 
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maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas 
necessidades informacionais. (ALMEIDA JÚNIOR, p.25, 2015) 
 
A imparcialidade e a neutralidade, embora procuradas, não se concretizam, pois, o 
profissional da informação atua como matéria-prima que, por si, não é neutra. A informação 
é carregada e está envolta em concepções e significados que extrapolam o aparente. A 
informação está imersa em ideologias e em nenhuma hipótese se apresenta 
despida de interesses, sejam econômicos, políticos, culturais, etc. A interferência deve ser 
explicitada, tornada consciente para que, criticamente, o profissional possa lidar com ela 
de maneira a amenizar / minimizar possíveis problemas que dela decorram. Há uma linha 
tênue entre interferência e manipulação (ALMEIDA JÚNIOR, 2019). 
 
 
 
AZEVEDO, K. R. de; OGÉCIME, M. O papel do bibliotecário como mediador da 
informação na busca pelo letramento informacional. RDBCI: Revista Digital de 
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 18, n. 00, p. 
e020001, 2019. DOI: 10.20396/rdbci.v18i0.8654473. Disponível em: 
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/865447. 
BRAGA, Maria de Fátima Almeida. Meios e modos de apropriação da 
informação e do conhecimento. In: CASTRO, César Augusto (Org.). Ciência 
da Informação e Biblioteconomia: múltiplos discursos. São Luis: EDUFMA, 
2002. p. 109-119. Disponível em: https://www.worldcat.org/title/ciencia-da-
informacao-e-biblioteconomia-multiplos-discursos/oclc/55902236 
 
 
 
 
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação: um 
conceito atualizado. In: BORTOLIN, Sueli; SANTOS NETO, João Arlindo dos; 
SILVA, Rovilson José da (Org.). Mediação oral da informação e da leitura. 
Londrina: ABECIN, 2015. 278p.p.9-32. 
 
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação e múltiplas 
linguagens”. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v.2, 
n.1, p. 89-103, jan./dez. 2009. Disponível em: 
https://revistas.ancib.org/index.php/tpbci/article/view/170 
 
 
 
 
 
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A organização do conhecimento é a ciência que ordena, estrutura e sistematiza 
unidades do conhecimento, de acordo com suas características, em classes de 
conceitos organizados em objetos/assuntos. Os SOC abrangem todos os tipos 
de esquemas que organizam e representam o conhecimento. Geral: 
enciclopédia, bibliotecas, bases de dados, sistemas, teorias, disciplinas, 
culturas, etc. Específico: classificações, taxonomias, tesauros e ontologias.
 
 (DAHLBERG)

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