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ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO Me. Daianny Seoni de Oliveira GUIA DA DISCIPLINA 2021 Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 1. ESTUDOS EPISTEMOLÓGICOS DA ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO Objetivo: Introduzir às teorias e sistemas de organização do conhecimento. Introdução: Os estudos sobre os conceitos e teorias estão presentes em vários campos do conhecimento, dentre eles estão a Filosofia, Psicologia, Linguística, Educação, Ciência da Informação e outros. O campo da Ciência da Informação e a área da Organização da Informação e do Conhecimento, buscam teorias e formas de armazenamento e recuperação da informação. Na organização da informação, o conhecimento é gerado com base em informações previamente organizadas, e para que isso ocorra usamos as categorizações de assuntos, as classificações, linguagens documentárias, com uso de métodos e instrumentos para ter um acesso seguro e eficaz ao universo informacional. E o que é um conceito? Um conceito reflete nas escolhas teórico-epistemológicas, ou seja, o conceito pode equiparar-se a ideia, opinião, ponto de vista, com contextos de análise filosófica e de linguagem. Pretende-se aqui, apresentar algumas abordagens filosóficas a fim de refletir sobre o uso do termo conceito nas teorias da Organização da informação e do conhecimento. De modo geral, esse termo se apresenta de maneira genérica em diversas situações. Abbagnono (2007) admite a generalidade do termo conceito, que advém principalmente da semântica e da Filosofia. Os conceitos também apresentam outras características, tais como: compreensão, extensão, objetivos universais, entre outros. Alguns filósofos são citados nas discussões sobre o conceito, como Benedetto Croce, Hegel e Lugwing Wittgenstein (FRANCELIN, M. M., 2010). Especial Benedetto Croce – A ‘Estética como Ciência da Expressão e Linguística Geral’. Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/especial-benedetto-croce-a- estetica-como-ciencia-da-expressao-e-linguistica-geral/ https://estadodaarte.estadao.com.br/especial-benedetto-croce-a-estetica-como-ciencia-da-expressao-e-linguistica-geral/ https://estadodaarte.estadao.com.br/especial-benedetto-croce-a-estetica-como-ciencia-da-expressao-e-linguistica-geral/ Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento Hegel: “Certamente você me vê”. Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/hegel-mauricio-martins-anpof/ Ludwig Wittgenstein. Disponível em:https://estadodaarte.estadao.com.br/sep- ludwig-wittgenstein-ea/ Nas ciências, os conceitos são usados para separar os objetos de estudo a fim de identificar objetos de discussão. Como exemplo, temos o conceito de Informação na Ciência da Informação, que foi discutido muitas vezes como tentativa de consolidar o termo como objeto de pesquisa na área. 1.1. Conceitos e linguagem A relação entre o conceito e a linguagem é de fundamental importância, de acordo com Francelin (2010), quanto maior é o conhecimento, maior é a capacidade de problematizar, bem como de formar conceitos. O uso da linguagem é um produto do conhecimento, um instrumento cognitivo e comunicacional e é utilizado para a construção de conceitos. Neste sentido, na área da Organização da informação e do conhecimento, há estudos sistemáticos sobre a linguagem, semântica e a pragmática derivado do interesse pela área da mediação da informação e seu uso em sociedade. Esses estudos procuram entender a construção da linguagem e suas relações nos processos discursivos. Conhecer as regras da linguagem, reforça a ideia do fluxo adequado entre o conhecimento e a informação. O que é linguagem? vídeo 1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I1Zusz__3e8 O que é linguagem? vídeo 2. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4qr3CGs1Upg https://estadodaarte.estadao.com.br/hegel-mauricio-martins-anpof/ https://estadodaarte.estadao.com.br/sep-ludwig-wittgenstein-ea/ https://estadodaarte.estadao.com.br/sep-ludwig-wittgenstein-ea/ https://www.youtube.com/watch?v=I1Zusz__3e8 https://www.youtube.com/watch?v=4qr3CGs1Upg Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento O impacto da linguagem no sistema de representação e comunicação, percorre o trajeto da palavra (evento, acontecimento) até sua divulgação, conforme nos ilustra o triângulo semiótico de Lyons (1979), sobre a importância do conceito na enunciação. Desse modo, a linguagem é utilizada como veículo do discurso que se materializa para a produção de conhecimento e conceitos (FRANCELIN, M. M., 2010). 1.2. Conceitos e as áreas do conhecimento A Ciência da Informação é uma área do conhecimento que evidencia um aspecto importante, a dificuldade de fundamentar seu campo teórico e conceitual, pois reaviva os conceitos de ciência e informação. De acordo com a pesquisa elaborada por Smit, Tálamo e Kobashi (2004), a Ciência da Informação se caracteriza por um “vazio” conceitual e constitui seus conceitos utilizando as bases de outra área do conhecimento, tais como Lógica, a Administração, Linguística, Psicologia, Computação e etc, sendo considerada dessa forma uma área interdisciplinar. As autoras também evidenciam um deslocamento conceitual e dificuldade de eliminar ambiguidade nas linguagens das Ciências Humanas e Sociais, mas isso não pode ser um obstáculo para que a própria área seja consolidada. Assim sendo, formular conceitos é um caminho que se rompe com o senso comum e se aproxima da ciência. Os conceitos utilizados na Organização do Conhecimento, não podem comportar metáforas, polissêmicas e ser ambíguas, a linguagem natural são espaços de liberdade, já as linguagens construídas (linguagens documentárias) são precisas, de significados fixos. Cintra et al. (2002), afirma que as linguagens têm função informativa e não de criação. Assim, pensar conceitos “adequados” nos leva a discutir conceitos científicos e filosóficos constituído de contextos racionais com vistas à informação. Para formar conceitos, o homem classifica as coisas ao seu redor, é uma atividade natural e que faz parte do nosso cotidiano. Os principais campos de orientação, quanto a Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento tipos de classificação, são as ontologias (classificação de seres), as gnosiologias (classificação das ciências), classificações biblioteconômicas (classificação de livros) e as informacionais (classificação da informação). Desse modo, a visão filosófica é fundamental, pois toda classificação de documentos é antecedida pela classificação de conceitos. Há variações de abordagens sobre o conceito e variadas linhas teóricas que influenciam na construção de metodologias e instrumentos na área da Organização da Informação e do Conhecimento. Dentro desse contexto, deve-se discutir as questões teóricas e metodológicas visando operacionalizar as ações da organização da informação para a circulação e o acesso (FRANCELIN, M. M., 2010). ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. CINTRA, Anna Maria Marques, et.al. Para entender as linguagens documentárias. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Polis, 2002. 96p FRANCELIN, M. M. Ordem dos conceitos na organização da informação e do conhecimento. Tese em Ciência da Informação. São Paulo: USP, 2010. Orientadora. Profa. Dra. Nair Yumiko Kobashi. Lyons, John. Introdução à linguística teórica. São Paulo: Editora Nacional, 1979. SMIT, J. W.; TÁLAMO, M. F. G. M.; KOBASHI, N. Y. A determinação do campo científico da ciência da informação: uma abordagem terminológica. DataGramaZero, v. 5, n. 1, 2004. Disponível em: <http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/5524>. Acesso em: 06mar. 2021. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 2. SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (SOC) Objetivo: Abordar os aspectos introdutórios sobre teorias e metodologias dos Sistemas de Organização do Conhecimento (SOC). Introdução: O conceito de organização do conhecimento compreende segundo Dahlberg (2006) a classificação, indexação e representação do conhecimento. É considerado uma definição ampla pois todo o conhecimento pode ser compreendido, organizado e representado, com a finalidade de ser acessado a qualquer momento (MOREIRA, 2018). No sentido estrito, a organização do conhecimento preocupa-se com os sistemas que constroem essa organização, como os sistemas de classificação, listas de cabeçalhos de assunto, os tesauros, taxonomias e as ontologias, bem como, a qualidade dos processos de classificação e indexação. Os SOC referem-se a estruturas terminológicas que enumeram conceitos e relacionam termos. Sua finalidade é sistematizar o conhecimento, identificando, descrevendo e controlando as relações terminológicas e conceituais. O uso dos SOC gira em torno da complexidade da aplicação e finalidade, com o objetivo de recuperar a informação, conforme mostra a figura 2 (MOREIRA, 2018). Figura 2 - Complexidade dos SOC Segundo Garcia Marco (1993), a organização do conhecimento tem o objetivo de melhorar a circulação da informação e auxiliar na produção de novos conhecimentos. Porém, questões terminológico-conceituais são subjacentes neste debate, sendo necessário distinguir conceitos como os da organização da informação, organização do conhecimento, representação da informação e representação do conhecimento. A seguir o Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento quadro elaborado com base nos autores Brascher e Café (2008), apud Moreira (2018) apresenta essas diferenças: Quadro 1 - Aproximações entre os conceitos Essa abordagem procura compreender os conceitos envolvidos, com relações que se aproximam e se diferenciam. O conceito de representação do conhecimento está relacionado à organização do conhecimento e a linguagem, isto é, a noção de representação é fundamental para a perpetuação do ciclo da produção de conhecimento. Deste modo, as preocupações relacionadas à organização e representação do conhecimento, motivaram o surgimento dos principais sistemas de classificação (final do século XIX) e hoje as ontologias (estruturas que se organizam a partir dos conceitos e de seus relacionamentos), naturalmente com uma base tecnológica ampliada para essa questão. Uma teoria se define como um conjunto de conhecimentos organizados, que se relacionam entre si a fim de explicar um fato ou um fenômeno e a grosso modo, se associa a um SOC. Enquanto as teorias são causais, os SOC utilizam-se de relações hierárquicas e associativas (MOREIRA, 2018). Zeng (2008 apud MOREIRA, 2018) estruturou a tipologia usados nos SOC, que traz: • listas de termos: listas propriamente ditas: conjuntos limitados de termos em alguma ordem sequencial; dicionários: listas alfabéticas de termos e suas definições, com significados variados; glossários: listas alfabéticas de termos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento com definições; sinônimos: conjuntos de termos que são considerados como equivalentes para fins de recuperação da informação; • modelos semelhantes a metadados: arquivos de autoridade: listas de termos utilizados para controlar as variações de nomes para uma entidade; diretórios: listas de nomes e suas informações de contato associadas; o gazetteers: dicionários geoespaciais de tipos e nomes de lugares; • classificação e categorização: cabeçalhos de assunto: esquemas que fornecem um conjunto de termos controlados para representar os assuntos de itens em uma coleção e conjuntos de regras para combinar termos em cabeçalhos compostos. Esquemas de categorização: taxonomias: divisões de itens em grupos ordenados ou categorias, baseadas em características particulares; esquemas de classificação: arranjos hierárquicos e facetados de notações numéricas ou alfabéticas para representar temas amplos; • modelos de relações: tesauro: conjuntos de termos que representam conceitos e relações hierárquicas, de equivalência e associativas entre eles; redes semânticas: conjuntos de termos que representam conceitos, modelados como nós em uma rede de tipos de relações variáveis; ontologias: modelos de conceitos específicos que representam relações complexas entre objetos, incluindo regras e axiomas ausentes em redes semânticas. Hjorlan (2007 apud CARLAN, 2010) complementa que os SOC podem ser representados também por mapas bibliométricos, usados para fazer análise de citação; mapas conceituais, permite visualizar as relações entre os conceitos de forma e estabelecer um diagrama, utilizando setas para se conectar a conceitos; topic maps, padrão ISO para descrever estruturas de conhecimento associadas a fontes de informação; e folksonomias, indexação colaborativa de conteúdo, com palavras-chave de livre escolha permitindo o uso de vocabulários próprios de cada comunidade de internautas. Essa estrutura permite compreender o conceito geral de SOC, desde que, se compreendam os conceitos utilizados na sua composição. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento ● LIMA, J. L. O.; ÁLVARES, L. Organização e representação da informação e do conhecimento. In: Lilian Álvares (org.). Organização da informação e do conhecimento: conceitos, subsídios interdisciplinares e aplicações. São Paulo: B4, 2012. Capítulo 1, p. 21-48. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Jose-Leonardo-Lima- 2/publication/281969932_Organizacao_e_representacao_da_informacao _e_do_conhecimento/links/5600067308ae07629e522ad1/Organizacao-e- representacao-da-informacao-e-do-conhecimento.pdf DAHLBERG, I. Knowledge organization: a new science? Knowledge organization, v. 33, n. 1, p. 11-19, 2006. GARCÍA-MARCO, F. J. Paradigmas científicos en representación y recuperación de la información. In: GARCÍA-MARCO, F. J. (Ed.). Organización del conocimiento en sistemas de información y documentación: actas del I Encuentro de ISKO-España, Madri, 4 y 5 nov. 1993. Zaragoza: Universidad de Zaragoza, 1993. MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 3. SOC: CLASSIFICAÇÕES E TESAUROS Objetivo: Compreender as teorias dos sistemas de organização do conhecimento: classificações e tesauros. Introdução: No final do século XIX, com o maior uso das bibliotecas públicas e universitárias e o advento de novas técnicas de organização e representação do conhecimento, o conceito de organização do conhecimento e da classificação relacionou-se com os conceitos das ciências e as ontologias, ambos domínios da filosofia. De acordo com Moreira (2018) “a relação entre a classificação das ciências e a classificação bibliográfica é uma relação de origem, isto é, a primeira dá origem à segunda e lhe fornece as bases epistemológicas e ontológicas para a ordenação de seus elementos”. 3.1. Teoria da classificação A classificação é um dos instrumentos mais utilizados para a organização e representação do conhecimento, compreender seus fundamentos teóricos amplia o diálogo entre os conceitos. A classificação bibliográfica implicana identificação e descrição dos conteúdos dos documentos, é uma maneira de compreender a realidade através de esquemas, como utilizado nas bibliotecas, museus, supermercados, menu de restaurantes e outros. De acordo com Moreira (2018), a teoria da classificação discute e orienta como os sistemas de classificação devem se comportar. A relação deve ser dialética, para uma permanente revisão e continuidade da teoria. Há quatro grandes instruções para o estudo da classificação, conforme apontado por Diemer (1974 apud POMBO, 1998): a classificação dos seres (orientação ontológica), a classificação das ciências (orientação gnosiológica); a classificação dos livros (orientação biblioteconômica) e a classificação das informações (orientação informacional). As classificações bibliográficas têm carácter normalmente generalista e são utilizadas para a classificação dos assuntos em si. A identificação dos assuntos não é somente descritiva, pois exige do classificador capacidades de análise, interpretação e Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento construção de representações. Desse modo, a classificação bibliográfica deve estar sintonizada com a classificação dos conceitos e dialogar com essa teoria. A seguir, as principais características são apresentadas quanto a identidade do modelo de classificação (HJORLAND, 2012 apud MOREIRA, 2018). Quadro 2 - Definição de classes e conceitos Moreira (2018) afirma que “a atividade de classificação é realizada tomando como elemento a ser classificado tanto os objetos quanto os conceitos”. Já Dahlberg (1995), aponta três fases de desenvolvimento do referente à organização do conhecimento, que são: Fase classificatória original (ou notacional), em que a tônica residia no organizar para achar (Dewey, LC, etc.); fase tesáurica (ou alfabética), busca em referenciais da Linguística soluções para o tratamento temático da informação, e, mais recentemente, uma nova fase classificatória, em que se reconhece a complementaridade da organização lógica de conceitos e de sua representação linguística, mormente quando a discussão acerca das ontologias assume maior ênfase. Para Piedade (1983, apud MOREIRA, 2018), as qualidades relacionadas à notação são as seguintes: 1. Indicar a ordem dos assuntos de modo claro e automático, a fim de permitir a localização da informação procurada; 2. Permitir revelar integralmente o assunto do documento; 3. Ser hospitaleira, isto é, permitir o número de subdivisões necessárias a cada assunto; 4. Ser flexível ou expansiva, isto é, permitir a inclusão de novos assuntos nas posições mais convenientes; 5. Ser fácil de lembrar, falar e escrever; 6. Ser breve e simples; 7. Revelar a estrutura da classificação, a sua hierarquia, isto é, mostrar as classes relacionadas e as classes subordinadas (Mills denomina esta qualidade de expressividade); 8. Ser mnemônica (é um conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar o processo de memorização). Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento O método de classificação deve seguir padrões que certifiquem que o modo de inclusão ou exclusão de elementos neste ou naquele conjunto esteja correto. No quadro 3 é apresentado os principais sistemas de classificação bibliográfica. Quadro 3 - Principais sistemas de classificação bibliográfica No sistema de organização do conhecimento, principalmente na área da classificação, os estudos sobre a categorização e os conceitos são de maior interesse, pois refere-se a estruturação, formação e organização que são fundamentais para a organização do conhecimento. A seguir, apresenta-se as principais características entre os conceitos de classificação e categorização, de acordo com Jacob (2004 apud MOREIRA, 2018). Quadro 4 - Comparativo entre os conceitos de categorização e classificação O estudo da categorização, conforme afirma Moreira (2018) “revela-se como um dos aspectos mais importantes da linguagem, pois possibilita encontrar características semelhantes na comparação de objetos individuais, ainda que tais objetos sejam virtualmente dessemelhantes”. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento ● NUNES, L.; TÁLAMO, M. de F. G. M. Da filosofia da classificação à classificação bibliográfica. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 7, n. 2, p. 30–48, 2009. DOI: 10.20396/rdbci.v7i1.1973. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/1973. Acesso em: 12 mar. 2021. 3.2. Tesauros Os tesauros são instrumentos flexíveis e precisos quanto ao controle terminológico e possuem caráter enciclopédico. De acordo com Cavalcanti (1998 apud CARLAN, 2010), tesauro é “uma lista estruturada de termos associados empregada por analistas de informação e indexadores, para descrever um documento com a desejada especificidade e permitir aos seus pesquisadores a recuperação da informação”. Teve seu interesse renovado na nova fase da classificação, segundo Dahlberg (1995), pois “o tesauro também depende de um esquema de classificação e igualmente das ontologias”. Suas principais vantagens são maior precisão no controle terminológico e aplicação em domínios mais específicos do conhecimento. O tesauro visa padronizar a linguagem, cobrindo uma área do conhecimento específico, geralmente é temático, traduzindo uma linguagem natural para uma linguagem de máquina. Gomes (1990 apud CARLAN, 2010) classifica a tipologia do tesauro como: monolíngues e multilíngues; macrotesauros (com conceitos mais amplos); microtesauros (com conceitos mais específicos) e multidisciplinar (com disciplina específica). Os tesauros são estruturados por meio de normas internacionais como a ISO 2788 (1986), ISO 1985) e ANSI/NISO Z39.18-2003, que orientam a estrutura do tesauro em duas partes: base teórica e base técnico-operacional. Na base teórica, destacam-se quatro aspectos: conceito, termo (apresentado como descritor), categorias e facetas. Já na base técnico-operacional, é necessário um planejamento com coleta de termos de acordo com o método dedutivo e indutivo; controle terminológico observando a sinonímia, homografia e a polissemia; e estabelecimento de relações entre os conceitos por meio de: relação de equivalência - termos de relação de sinonímia, identificado por meio do código USE (Used) e UP (Usado para); relação hierárquica - reúne conceitos características em comum, como gênero-espécie, Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento identificado por meio do código TG (termo genérico) e a subordinação TE (termo específico. A contextualização dos conceitos, que indica se o conceito foi hierarquizado, é feita por notas explicativas NE (ou nota de escopo) (CARLAN, 2010). A construção de tesauros é uma ação coletiva e as linguagens construídas sofrem modificações à medida que as línguas se desenvolvem. ESTUDOS ÔNTICOS E ONTOLÓGICOS EM CONTEXTOS INFORMACIONAIS: REPRESENTAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MÉTRICAS EOOCI/UFF. Planejamento do tesauro. Disponível em: http://eooci.uff.br/planejamento-do-tesauro/ 10 tesauros que devem acompanhá-lo para identificar o conteúdo e os documentos da sua biblioteca, arquivo ou unidade de informação. Disponível em: https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem- acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua- biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/ AUSTIN, Derek; DALE, Peter. Diretrizes para o estabelecimento e desenvolvimento de tesauros monolíngües. Brasília: Ibict/SENAI, 1993. 86 p. Disponível em:http:/livroaberto.ibict.br/handle/1/731 CARLAN, Eliana. Sistemas de organização do conhecimento: uma reflexão no contexto daciência da informação. 2010. 195 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010. DAHLBERG, I. Current trends in knowledge organization. In: GARCIA MARCO, Francisco Javier (Org.). Organización del conocimiento en sistemas de información y documentación. Zaragoza: Universidad de Zaragoza, 1995. v.1 p. 7-26. MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>. POMBO, O. Da classificação dos seres à classificação dos saberes. Leituras: revista da Biblioteca Nacional de Lisboa, n. 2, p. 19-33, primavera, 1998. http://eooci.uff.br/planejamento-do-tesauro/ https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/ https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/ https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/ http://hdl.handle.net/11449/190878 Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 4. SOC: TAXONOMIA E ONTOLOGIAS Objetivo: Introduzir as teorias dos sistemas de organização do conhecimento: taxonomias e ontologias. Introdução: A taxonomia e a ontologia fazem parte dos sistemas de organização do conhecimento (SOC) e são utilizados para organizar e representar o conhecimento com vistas à sua recuperação. Diante das altas demandas de informações confiáveis, elas ganham destaque como ferramentas que procuram aprimorar metodologias para aumentar a qualidade da busca e recuperação da informação. 4.1. Taxonomias Taxonomia de acordo com Vital e Café (2011), “trabalham no sentido de organizar a informação e/ou conhecimento, em relações hierárquicas entre os termos”, e “são muito utilizadas em modelo orientado a objeto e sistemas de gestão do conhecimento, para indicar grupos de objetos baseados em características particulares” (MOREIRA, 2018). Teve sua origem na Biologia, na matéria que trata da classificação lógica e científica dos seres vivos, trabalho do botânico Carolus Linnaeus (ou Karl von Linné) e hoje está relacionada a formas automatizadas da organização da informação, utilizando-se das áreas da ciência da informação e da computação (VITAL, CAFÉ, 2011). De modo geral, a taxonomia organiza a informação da mais genérica para a mais específica, utilizando-se da relação hierárquica ou relação de gênero-espécie entre os termos. Abaixo, um exemplo de taxonomia. Figura 3 - Exemplo de taxonomia Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento Fonte: Garshol (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011). De acordo com Holgate (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011), há quatro formas de se construir uma taxonomia: a) adquirir uma taxonomia pré-definida; b) construir manualmente uma taxonomia; c) construir automaticamente uma taxonomia; e d) uma combinação de automática e manual (híbrida). A construção de taxonomias, alguns critérios devem ser observados: a) Comunicabilidade: os termos utilizados devem transparecer os conceitos carregados de acordo com a linguagem utilizada pelos usuários do sistema. Ex. Cloreto de sódio (utilizado para especialistas) e sal (utilizado para leigos). b) Utilidade: apresentar somente os termos necessários. Ex. Frutas, sem especificar cada uma como maçã, pêra. c) Estimulação: uso de termos que induzem o usuário a continuar a navegação pelo sistema. d) Compatibilidade: contém somente estruturas de campo que se está ordenando e que façam parte das atividades ou funções da organização (TERRA et al., 2005 apud VITAL, CAFÉ, 2011). Na inteligência artificial, as taxonomias e as ontologias são muito utilizadas em projetos e transmitem as diferentes maneiras de como o ser humano enxerga a realidade. 4.2. Ontologias Já as ontologias, buscam estabelecer relações semânticas entre conceitos, em forma de redes conceituais, próximas da estrutura que trabalha a mente humana. Também são consideradas sistemas de classificação e organizam o conhecimento em forma de uma “teia de relações”, assim como a mente humana, em uma relação intencional (VITAL, CAFÉ, 2011). Segundo Neches (1991 apud FEITOSA, 2005, apud VITAL, CAFÉ, 2011), "uma ontologia define os termos básicos e as relações, compreendendo o vocabulário de uma Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento área de tópico, bem como as regras para a combinação de termos e as relações para definir as extensões do vocabulário". As ontologias, inerentes aos estudos da web semântica, objetivam o processamento automatizado da informação, definido por uma linguagem processável por máquina com propósito de compartilhar informação entre sistemas. Gruber (1996); Noy e Guinness (2001, apud VITAL, CAFÉ, 2011) citam como componentes básicos de uma ontologia: a) classes (organizadas em uma taxonomia); b) relações (representam o tipo de interação entre os conceitos de um domínio); c) axiomas (usados para modelar sentenças sempre verdadeiras); e d) instâncias (utilizadas para representar elementos específicos, ou seja, os próprios dados). Segue, uma representação de uma ontologia de vinhos e bebidas. Figura 5 - Ontologia de vinhos e bebidas Fonte: Barreiras (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011). As relações ontológicas, segundo a concepção wusteriana (ver Quadro 5), referem- se a propriedades dos objetos no mundo empírico, nesse sentido estão relacionados os conceitos de todo e de sua parte, como se verifica, por exemplo, entre sistema cardiovascular e vaso sanguíneo. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento Quadro 5 - Relações associativas Fonte: Moreira (2018) Nos tesauros e sistemas de classificação bibliográfica, as relações entre os conceitos podem ser meramente apontadas, ainda que isso não seja desejável, por meio de recursos visuais como, por exemplo, o endentamento, deixando- se o processo maior de inferência por conta do usuário. Nas ontologias todas as relações devem ser detalhadas e formalizadas em relação a sua natureza e ao compromisso ontológico assumido (MOREIRA, 2018). CursoBom. Taxonomia (vídeo). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dTgZVT_KRgs de Melo Simões M. da G., Vieira de Freitas M. C., de Souza Gracioso L., & Rodríguez Bravo B. (2017). Entre os seres e os saberes: a identidade ontológica das taxonomias: ciência, método ou produto?. Ciência Da Informação, 45(1). Recuperado de http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1776 https://www.youtube.com/watch?v=dTgZVT_KRgs Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>. VITAL, Luciane Paula; CAFE, Ligia Maria Arruda. Ontologias e taxonomias: diferenças. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte , v. 16, n. 2, p. 115-130, June 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 99362011000200008&lng=en&nrm=iso>. access on 16 Mar. 2021. https://doi.org/10.1590/S1413-99362011000200008. UniversidadeSanta Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 5. WEB SEMÂNTICA Objetivo: Estudar sobre movimento colaborativo para organizar a informação de maneira legível para computadores e máquinas. Introdução: A presença e a atuação de agentes inteligentes é, aliás, uma das marcas diferenciais da web semântica em relação à web tradicional (sintática). Na web semântica, espera-se que os computadores sejam programados também para interpretar a informação, em vez de apenas apresentá-la aos seres humanos, e isso pode ser facilitado por meio da aplicação de ontologias (BERNERSLEE; HENDLER; LASSILA, 2001 apud CARLAN, 2010). Neste contexto, ocorre a mudança na forma de busca pela internet pois ao invés da recuperação por meio de uma palavra, teríamos a palavra mais o seu significado e para isso ocorrer há a necessidade da interoperatividade semântica, sintática de vocabulário e descrição do assunto baseado em conceitos interligados (CARLAN, 2010). De acordo com Guirald (1980 apud PICKLER, 2007), a semântica é tudo aquilo que se refere ao sentido de um sinal de comunicação e as palavras. A proposta da web semântica é estruturar os dados contidos nos sites, de modo que o sistema de busca identifique o assunto por meio da semântica em sua estrutura de dados. Para dar suporte ao desenvolvimento da web semântica, os SOC são excelentes fontes de vocabulários estruturados e formalizados para controle de linguagem. A padronização, seguido por uma linguagem representacional usando codificação XML (eXtensible Markup Language) e RDF (Resource Description Framework), depende de infraestrutura para que as linguagens de indexação sejam entendidas e processadas por máquinas. O Simple Knowledge Organization System (SKOS) é um modelo criado pela World Wide Web Consortium (W3C) para dar suporte aos SOC e utiliza a interface flexível de XML/RDF (flexível no sentido de acrescentar novas tags, etiquetas ou marcações). O XML fornece uma sintaxe básica para estruturar documentos e o RDF é uma estrutura para processar metadados e facilitar o intercâmbio de informações (CARLAN, 2010). Em outras Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento palavras, o objetivo do RDF é auxiliar no desenvolvimento de metadados e promover uma comunicação clara entre os sistemas que compartilham a informação. Esse movimento colaborativo, é usado para organizar a informação e atribuir significado a ela. A ideia é basicamente não buscar mais a informação de forma isolada, mas com perguntas e respostas mais elaboradas, e não se trata de inteligência artificial e sim de um sistema onde o computador leia um bloco de informação e atribua um significado a partir das relações com outros blocos. Ex.: Peru, é um nome de um país e de uma espécie de animal, mas podemos “dizer” para o computador que é um país, desse modo há desassociação com a espécie de animal. PICKLER, Maria Elisa Valentim. Web Semântica: ontologias como ferramentas de representação do conhecimento. Perspect. ciênc. inf. , Belo Horizonte, v. 12, n. 1, pág. 65-83, abril de 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 99362007000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 de março de 2021. https://doi.org/10.1590/S1413-99362007000100006 . SOUSA R. R., ALVARENGA L. A Web Semântica e suas contribuições para a ciência da informação. Ciência Da Informação, 33(1), 2004. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1077 CARLAN, Eliana. Sistemas de organização do conhecimento: uma reflexão no contexto da ciência da informação. 2010. 195 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) -Universidade de Brasília, Brasília, 2010. PICKLER, Maria Elisa Valentim. Web Semântica: ontologias como ferramentas de representação do conhecimento. Perspect. Ciênc. inf., Belo Horizonte, v. 12, n. 1, pág. 65-83, abril de 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 99362007000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 de março de 2021. https://doi.org/10.1590/S1413-99362007000100006 . Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 6. CONCEITOS E RELAÇÕES ENTRE INFORMAÇÃO E DOCUMENTOS Objetivo: Apresentar as relações entre informação e documentos. Introdução: A utilização maciça de informações em nossa vida cotidiana, faz da informação um recurso que movimenta a economia global, sendo o principal elemento das sociedades desenvolvidas. As muitas definições da palavra têm originado definições simplistas, geralmente oriundas do senso comum. Conforme afirma Lancaster (2004): Informação é uma palavra usada com freqüência no linguajar quotidiano e a maior parte das pessoas que a usam pensam que sabem o que ela significa. No entanto, é extremamente difícil definir informação, e até mesmo obter consenso sobre como deveria ser definida. O fato é, naturalmente, que informação significa coisas diferentes para pessoas diferentes (LANCASTER, 2004). Tanto na teoria matemática, como na biologia, por exemplo, o conceito de informação está desvinculado da linguagem natural. Conforme coloca Pereira Junior e Gonzales (1996, apud MESSIAS, 2005), a primeira trabalha com uma concepção quantificada da informação, substituindo as linguagens pelas equações matemáticas, a segunda trabalha com as estruturas informacionais que se propagam do genoma para as proteínas. Nas Ciências Econômicas, a informação é caracterizada como um bem econômico, expresso por meio de produtos e serviços informacionais. Desse modo, tem-se a informação como um recurso estratégico para a tomada de decisões (MESSIAS, 2005). Christovão e Braga (1997, apud DUARTE, 2009) chamam atenção para o fato de que a Ciência da Informação vem, erroneamente, tratando documento, mensagem e informação com o mesmo significado quando, na verdade, trata se de elementos distintos: Documento […] é toda base de conhecimento fixada materialmente e suscetível de estudo, prova ou confronto. Mensagem é o que é levado de um emissor humano a um receptor humano em um processo de comunicação; é a emissão deliberada de um estímulo externo. Embora haja uma grande superposição entre mensagem e estímulo externo os dois eventos não são iguais: há estímulos externos, derivados, por exemplo, da observação de fenômenos naturais que não são mensagens Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento porque não foram emitidos por um emissor humano – e informação é um processo exclusivamente humano. Embora alguns autores falem, por exemplo, em transferência da informação entre homem e máquina, as presentes autoras crêem tratar-se de mais uma ambigüidade de uso do termo informação (CHRISTOVÃO E BRAGA, 1997, apud DUARTE, 2009). Isto posto, pode-se concluir que o homem é um ser social comunicativo e informacional. A linguagem auxilia no processo de interação e adaptação do homem ao meio ambiente, e permite a ele manifestar suas idéias, pensamentos e sentimentos, e assim, efetivar os processos informacionais. Os suportes constituem-se elementos de sustentação dos signos e podem ser classificados em visuais, sonoros, audiovisuais e objetos. Dessa maneira, a informação se consolida, transformando-se em um documento, ou seja, um objeto informativo (MESSIAS, 2005). O documento é fonte de investigação de especial interesse para a Arquivologia, Biblioteconomia, Direito, Documentação e Diplomática, assumindo em cada uma delas um propósito de análise diferenciado. Para Otlet, o documento era uma entidade material, artificial e de utilidade intelectual, composto pelo meio físico representando o material (suporte), e o intelectual representando o conteúdo (PINTO MOLINA, 1993, apud MESSIAS, 2005).Logo, qualquer que seja o documento, certamente ele será composto por suporte, meio e conteúdo. O meio consiste na linguagem utilizada para fixar o pensamento (escrita alfabética, numérica, gráfica ou digital) e o conteúdo designa as ideias e o pensamento exteriorizado, defendido por muitos autores como a mensagem, notícia ou informação. A atenção dispensada aos suportes da informação tem sido cada vez mais escassa, visto que ele é tido como elemento secundário. Mas, mesmo com mínimas variações, o suporte possui a capacidade de interferir na apreensão do conteúdo, pois dependendo do meio (digital ou físico) e como ela é utilizada, pode interferir no processo de ensino-aprendizagem (MESSIAS, 2005). GRIGOLETO, M. C. Informação e documento: expressão material no patrimônio. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v.3, n. 1, p. 57-69, jan./jun. 2012. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/incid/article/download/42369/46040/50567 Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento DUARTE, A. B. S. Ciclo informacional: a informação e o processo de comunicação. Em Questão, v. 15, n. 1, p. 57-72, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/11120>. Acesso em: 16 mar. 2021. LANCASTER, F.W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2.ed. Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. Tradução de: Indexing and abstracting in theory and practice. MESSIAS, L. C. S. Informação: um estudo exploratório do seu conceito em periódicos científicos brasileiros da área de Ciências da Informação. Dissertação (mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2005. Orientador: Prof. Dr. João Batista Ernesto de Moraes. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 7. CICLO INFORMACIONAL E BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO DA INFORMAÇÃO Objetivo: Apresentar o ciclo informacional, introduzindo o elemento da comunicação. Introdução: A Ciência da Informação caracteriza-se por ser uma ciência multidisciplinar, pois utiliza conceitos de outras ciências e as compartilha também, mas por vezes há confusões conceituais em relação às definições de informação, comunicação e conhecimento. A teoria matemática da comunicação coloca que a informação depende de um emissor e de um receptor, e está sujeita a interferências. A figura 6, mostra que nessa teoria, a informação está presente sempre que um sinal é transmitido de um extremo para outro. Figura 6 - Processo de comunicação Fonte: Duarte (2009) Quando voltamos à definição da palavra informação, a teoria matemática trata a informação e mensagem de modos iguais. De acordo com Duarte (2009) “a mensagem é aquilo que trafega entre o emissor e o receptor, e a informação é o processo de dar forma (atribuir sentido) à mensagem”. Na figura 7, o receptor informa-se ao atribuir sentido à mensagem recebida. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento Figura 7 - Processo de comunicação de acordo com a teoria social da informação Fonte: Duarte (2009) Duarte (2009) baseada em Charaudeau (2001) apresenta na figura 8 o espaço do fazer situacional. Neste, os protagonistas são os seres de fala, que são virtuais (sujeito enunciador – aquele que enuncia a comunicação; e receptor – aquele que a recebe) e assumem diferentes faces de acordo com os papéis que lhes são atribuídos. Figura 8 - Circuitos interno e externo no processo de comunicação Fonte: Duarte (2009) No processo de comunicação, o chamado sujeito comunicante, elabora uma mensagem (conjunto de dados, quer seja manuscritos, quer através de imagens, ícones, sons, gestos, etc.) tendo como ponto de partida seu próprio contexto social, sua gama de conhecimentos individuais e coletivos. Não é apenas a partir desta vivência que ele elabora seu discurso portador de sua mensagem. Leva em consideração, ainda, o receptor (sujeito Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento interpretante) que deseja atingir: qual é a sua realidade psico-sócio-cultural, quais são os seus conhecimentos prévios, de que modo ele provavelmente irá reconfigurar a mensagem recebida. O objetivo do sujeito comunicante é que a mensagem produza a informação desejada no sujeito interpretante a quem ela se destina. Portanto, a mensagem deve gerar um processo de informação capaz de alterar o estado de conhecimento do receptor (DUARTE, 2009). Segundo Capurro (1992), a informação é a articulação de um estado prévio de entendimento pragmático de um mundo comum compartilhado. Assim, conclui-se que a informação pode ser descrita como sub-processos no processo de comunicação: de um lado o processo de representação, buscando comunicar o sentido, realizado pelo sujeito comunicante; de outro lado, o processo de atribuição de sentido efetuado pelo sujeito interpretante. Deve-se considerar o contexto de produção e de recepção, isto é, de um lado, como de outro, o contexto psico-sócio-cultural influi no processo de informação. No entanto, as estruturas de conhecimento desses sujeitos não são alteradas somente pelo processo de comunicação. O ser humano é capaz de adquirir conhecimento interagindo com o mundo ao seu redor. Portanto, a informação não se define apenas como sub-processo da comunicação, mas existe mesmo quando não há intencionalidade de comunicar-se. É processo de atribuição de sentido capaz de alterar um estado de conhecimento prévio, mesmo que não haja comunicação explícita (DUARTE, 2009). Nesse sentido, a informação é compreendida como um fator de valorização humana, conteúdos elaborados com vistas a promover o conhecimento no indivíduo, enquanto que a comunicação seria apenas a circulação de produtos superficiais e alienatórios, mais destinados a entreter do que a informar (MESSIAS, 2005). Nessa conceituação, a informação é a raiz do processo do conhecer e, portanto, instituinte da cultura. Nesse sentido, considera-se que: a) quando se instaura um processo de comunicação, informação é algo que um indivíduo gera ativamente e que outro indivíduo pode decidir internalizar; b) cada indivíduo recebe e interpreta informação (conjunto de estruturas significantes) à sua própria maneira, dando lhe significado pessoal; c) a percepção da informação é mediada pelo estado de conhecimento do receptor e pelo contexto psico-sociocultural em que ele se encontra inserido; Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento d) quando a informação é percebida e/ou recebida, ela afeta e transforma o estado de conhecimento do receptor; (DUARTE, 2009) Na figura 9, se introduz o elemento comunicação, que estabelece a mensagem que dá origem à informação, quer seja compreendida como atribuição de sentido à mensagem comunicada, quer seja compreendida como um conjunto de estruturas significantes, que leva a uma alteração do estado de conhecimento que, por sua vez, desencadeia um “processo de desenvolvimento, que permite acessar um estágio qualitativamente superior nas diversas e diferentes gradações da condição humana. E esse desenvolvimento é repassado ao seu mundo de convivência” (BARRETO, 1998, p.122 apud DUARTE, 2009) fechando, assim, o ciclo. Figura 9 - Ciclo informacional Fonte: Duarte (2009) MIRANDA, M. A. S. et al. Ciclo de vida da informação no suporte ao processo de inovação: uma proposta de modelo interativo. Revista Gestão e Planejamento, Salvador, v. 20, p. 581-599, jan. /dez. 2019. Disponível em: DOI: 10.21714/2178-8030gep.v20.6007 BARBOZA, E. L. Gestão da informação nas organizações e a atuação do profissional da informação. COAIC,2007. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/cinf/index.php/coaic2017/coaic2017/paper/view /496/339. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento DUARTE, A. B. S. Ciclo informacional: a informação e o processo de comunicação. Em Questão, v. 15, n. 1, p. 57-72, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/11120>. MESSIAS, L. C. S. Informação: um estudo exploratório do seu conceito em periódicos científicos brasileiros da área de Ciências da Informação. Dissertação (mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2005. Orientador: Prof. Dr. João Batista Ernesto de Moraes. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 8. DIMENSÕES HISTÓRICAS E CRÍTICAS DO DOCUMENTO: O ESTATUTO DO DOCUMENTO. Objetivo: Identificar as bases históricas e epistemológicas da Biblioteconomia no campo científico da Ciência da Informação. Introdução: As dimensões históricas do documento, perpassam pela construção da cientificidade da Ciência da Informação. Uma epistemologia histórica, atenta às dinâmicas de uso do conceito, ou seja, da operacionalização da noção de documento como conceituação em Ciência da Informação, ela possibilita adentrar o universo das apropriações e das transfigurações do termo em teorias, métodos, processos, técnicas e produtos. 8.1. Produção de evidência versus atribuição de sentido. A produção de evidência apoia-se em níveis de indício e prova, dessa forma, a informação situa-se na sua produção e seus usos. Os elementos de interatividade, contexto orgânico, situação, memória orgânica, são fundamentais para compreendermos o processo que envolve a informação com vistas à evidência. Os ambientes digitais, possuem certas características como a dinamicidade e a ubiquidade da informação, tornando necessária novos modelos de gestão capazes de responder aos desafios que os profissionais da informação enfrentam cotidianamente (ROCKEMBACH, 2017). Já a atribuição de sentido, remete a falar em leitura e a produção de sentidos constituídos no contexto de interação recíproca entre autor e leitor via texto, os quais se expressam diferentemente, de acordo com a subjetividade do leitor: seus conhecimentos, suas experiências e seus valores. Nesse caso, pode-se dizer que o texto se constrói a cada leitura, não trazendo em si um sentido preestabelecido pelo seu autor, mas uma demarcação para os sentidos possíveis. Na produção de sentidos, o leitor desempenha um papel ativo, sendo as inferências um processo cognitivo relevante para esse tipo de atividade. Isto ocorre porque elas possibilitam a construção de novos conhecimentos a partir de dados previamente existentes na memória do interlocutor, os quais são ativados e relacionados às informações veiculadas pelo texto. Esse processo favorece a mudança e a transformação do leitor, que, por sua vez, modifica o texto (FERREIRA, DIAS, 2004). Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 8.2. A informação orgânica e a inorgânica. A informação orgânica é por natureza arquivística, pois é fruto das ações da organização/instituição. A informação arquivística contempla a informação orgânica e a informação não orgânica (inorgânica). As informações orgânicas são produzidas dentro do ambiente da organização, enquanto que a informação não orgânica (inorgânica) é produzida fora deste ambiente, mas se relaciona com a organização por meio das atividades e/ou transações realizadas (LOUSADA, 2010). Conforme explicam Carvalho e Longo (2002, apud LOUSADA, 2010): [...] informação orgânica é um conjunto de informações sobre um determinado assunto, materializado em documentos arquivísticos que, por sua vez, mantêm relações orgânicas entre si e foram produzidas no cumprimento das atividades e funções da organização. Lopes (1996, apud LOUSADA, 2010) defende que “[...] é orgânica a informação que pertence à pessoa ou organização que a acumulou”, ou seja, a informação orgânica é intrínseca à organização/instituição que a gerou, sendo, portanto, fruto dos componentes que a integram. A junção desses dois tipos de informação forma o que se denomina de informação arquivística, dando origem aos arquivos das instituições. Sob essa designação são agrupados todos os documentos, sejam quais forem seus suportes e idades, produzidos e recebidos pela organização no exercício de suas funções (ROUSSEAU; COUTURE, 1998, apud LOUSADA, 2010). 8.3. As unidades físicas de referência: documento, peça, série, coleção, arquivo e acervo (cartorial e operacional). As bibliotecas, museus e arquivos, são as três instituições que se ocupam da guarda, conservação e processamento de documentos para uso futuro ou corrente. O termo arquivo pode se referir tanto a um conjunto de documentos quanto à instituição que o armazena (CASTRO, 2014). A construção histórica da noção de documento aponta que ele é produto de ações de mediação, as quais se realizam por atividades como seleção, descrição, indexação, ordenação, exposições a partir de quaisquer objetos (ORTEGA, SALDANHA, 2019). Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento Nesse contexto, as práticas e técnicas da Biblioteconomia para tratamento e organização da informação foram registradas na literatura de inúmeras formas. Dentre as mais clássicas pode-se citar a formação, desenvolvimento, classificação, catalogação e conservação das bibliotecas. O Catálogo é mais um instrumento de pesquisa, que trará aos pesquisadores e usuários informações maior presteza e agilidade (CASTRO, 2014). Dentro da Biblioteconomia a série é um conjunto ilimitado de publicações ou materiais, sobre um tema específico ou não, com autores e títulos próprios, reunidos sob um título comum. Já a coleção é um conjunto limitado, de um ou diversos autores, reunidos sob um título comum, podendo cada livro ter título próprio. 8.4 As unidades intelectuais de referência: assunto e função. O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), para este assunto “documento”, criou tesauros e vocabulários controlados, com o sentido de categorizar as informações existentes na produção informacional, para solucionar o problema do acesso e do uso da informação pela comunidade científica (CASTRO, 2014). A partir dessas considerações Tanus, Reanau e Araújo (2012, apud CASTRO, 2014) representaram num quadro resumido as noções de documento na Biblioteconomia e na Arquivologia: Quadro 6 - Definição de documento na Biblioteconomia e na Arquivologia Fonte: Tanus, Reanau e Araújo (2012 apud VITAL, CASTRO, 2014). Distinguem-se dos documentos de bibliotecas, se para estas os documentos têm finalidade de desenvolver as coleções e ramificar por assuntos as publicações existentes no acervo, ainda que variem pelo perfil da instituição, existem critérios diferenciados de manuseio do documento em ambos os ambientes. Para os arquivos a valorização dos documentos se dá pela sua unicidade, ou seja, seu valor único e individual como documento que utilizado como fonte comprobatória das atividades e funções das organizações, Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento baseado no princípio da organicidade e da proveniência de um arquivo, são pautados no organograma institucional, para organização dos documentos, respeitado aos princípios já citados (SMIT, 2003, CASTRO, 2014). 8.5 O documento como indício, prova e testemunho. As semelhanças entre as duas áreas – Biblioteconomia e Arquivologia – é que ambas procuram organizar a informação em meio ao "caos" documentário. A organizaçãodessa informação depende de uma padronização. Porém, cada área tem a sua especificidade. Um documento arquivístico, por exemplo, é totalmente diferente de um documento bibliográfico. Por isso, a maneira de descrevê-los é completamente distinta. Um documento arquivístico reflete as atividades e funções de uma organização, funcionando como fonte de prova e testemunho. Já um documento bibliográfico possui características intrínsecas (que constituem o próprio objeto) e extrínsecas (aquelas que estabelecem as relações do objeto observado com outros objetos) e, através da descrição dos campos que compõem o objeto, é possível recuperar a informação pertinente (CASTRO, 2014). Então, a forma de descrevê- los é distinta. A Biblioteconomia se preocupa com o acesso dos documentos pelos usuários e na disseminação da informação, enquanto que a Arquivologia se preocupa mais com a preservação do documento, já que ele é fonte de prova (CASTRO, 2014). LIMA DOS SANTOS, Ana Paula; FONSECA RODRIGUES, Mara Eliane. Biblioteconomia: gênese, história e fundamentos. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 116-131, jan. 2014. ISSN 1980-6949. Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/248/264>. CASTRO, L. S. Análise das relações entre o conceito de representação descritiva na visão da biblioteconomia e da arquivologia. TCC. Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2014. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento FERREIRA, S. P. A., DIAS, M. G. B. B. A leitura, a produção de sentidos e o processo inferencial. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 3, p. 439-448, set./dez. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pe/v9n3/v9n3a11.pdf LOUSADA, Mariana. Informação orgânica como insumo estratégico para a tomada de decisão em ambientes competitivos. Marília, 2011. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, 2010. Orientadora: Marta Ligia Pomim Valentim. ORTEGA, C. D., SALDANHA, G. S. A noção de documento no espaço-tempo da Ciência da Informação: críticas e pragmáticas de um conceito. Perspectivas em Ciência da Informação, v.24, número especial, p.189-203, jan. /mar. 2019. ROCKEMBACH, Moisés. Evidência da informação no contexto dos arquivos digitais. In: Da produção à preservação informacional: desafios e oportunidades [online]. Évora: Publicações do Cidehus, 2017. Disponível em: http://books.openedition.org/cidehus/2782. ISBN: 9782821882676. DOI: https://doi.org/10.4000/books.cidehus.2782. Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento 9. MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO. Objetivo: Compreender os processos de mediação da informação. Introdução: A mediação da informação é um processo histórico-social que resulta da relação dos sujeitos com o mundo. Ela possui duas dimensões: a primeira é intrínseca, em que distingue a mediação entre implícita e explícita. A primeira, a mediação implícita, ocorre nos espaços dos equipamentos informacionais (onde estão a seleção, o armazenamento e o processamento da informação), atuando nos serviços internos, inerente ao fazer profissional, em que as ações são desenvolvidas sem a presença física e imediata dos usuários. A mediação explícita, ocorre no atendimento ao público e nos espaços em que a presença do usuário é inevitável, por exemplo, nos acessos a distância em que não é solicitada a interferência concreta e presencial do profissional da informação (ALMEIDA JÚNIOR, 2019). Por outro lado, quando organizamos serviços, estruturamos o atendimento, propomos ações de educação de usuários, etc., estamos dentro de outra dimensão da mediação da informação a esta segunda dimensão identifica-se com a disseminação da informação (ALMEIDA JÚNIOR, 2019). A ideia de mediação da informação é mais abrangente que a da disseminação, uma vez que esta nunca se interessou com a apropriação da informação, atendo-se ao acesso físico do documento pelo usuário. Assim, a disseminação da informação está mais relacionada com a transferência da informação do que com a mediação da informação. De acordo com Almeida Júnior (2015): Mediação da informação é toda ação de interferência – realizada em um processo, por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais – direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades informacionais. (ALMEIDA JÚNIOR, p.25, 2015) A imparcialidade e a neutralidade, embora procuradas, não se concretizam, pois, o profissional da informação atua como matéria-prima que, por si, não é neutra. A informação é carregada e está envolta em concepções e significados que extrapolam o aparente. A informação está imersa em ideologias e em nenhuma hipótese se apresenta despida de interesses, sejam econômicos, políticos, culturais, etc. A interferência deve ser explicitada, tornada consciente para que, criticamente, o profissional possa lidar com ela de maneira a amenizar / minimizar possíveis problemas que dela decorram. Há uma linha tênue entre interferência e manipulação (ALMEIDA JÚNIOR, 2019). AZEVEDO, K. R. de; OGÉCIME, M. O papel do bibliotecário como mediador da informação na busca pelo letramento informacional. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 18, n. 00, p. e020001, 2019. DOI: 10.20396/rdbci.v18i0.8654473. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/865447. BRAGA, Maria de Fátima Almeida. Meios e modos de apropriação da informação e do conhecimento. In: CASTRO, César Augusto (Org.). Ciência da Informação e Biblioteconomia: múltiplos discursos. São Luis: EDUFMA, 2002. p. 109-119. Disponível em: https://www.worldcat.org/title/ciencia-da- informacao-e-biblioteconomia-multiplos-discursos/oclc/55902236 ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, Sueli; SANTOS NETO, João Arlindo dos; SILVA, Rovilson José da (Org.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, 2015. 278p.p.9-32. ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação e múltiplas linguagens”. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v.2, n.1, p. 89-103, jan./dez. 2009. Disponível em: https://revistas.ancib.org/index.php/tpbci/article/view/170 Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PA Organização do Conhecimento A organização do conhecimento é a ciência que ordena, estrutura e sistematiza unidades do conhecimento, de acordo com suas características, em classes de conceitos organizados em objetos/assuntos. Os SOC abrangem todos os tipos de esquemas que organizam e representam o conhecimento. Geral: enciclopédia, bibliotecas, bases de dados, sistemas, teorias, disciplinas, culturas, etc. Específico: classificações, taxonomias, tesauros e ontologias. (DAHLBERG)
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