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1 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 ACROMEGALIA – SISTEMA ENDOCRINO Morfofisiologia da hipófise Ela é uma glândula pituitária, uma estrutura do tamanho de um feijão, se projeta do encéfalo para baixo do tálamo, conectada ao encéfalo por uma fina haste e repousa em uma cavidade óssea protetora, estando na fossa hipofisial da sela turca do esfenoide. É coberta superiormente pelo diafragma da sela, derivado da meninge dura-máter, que apresenta um furo centralmente para a passagem do infundíbulo, além de separar a face superior da hipófise do quiasma óptico. Essa pequena região é a principal conexão entre o SN e o SE. Chamada também de glândula endócrina “mestra”, porque secreta vários hormônios que controlam glândulas endócrinas. Hoje, sabemos que a propriamente dita tem um mestre, o hipotálamo. A primeira descrição da função da glândula hipófise, formulou-se a hipótese que substancias produzidas no encéfalo desciam pela haste até a glândula, e de lá para o sangue. O que não foi percebido, é que na verdade, existem dois tipos de tecido, os quais se uniram durante o desenvolvimento embrionário. A adeno-hipófise é uma verdadeira glândula endócrina de origem epitelial, derivada do tecido embrionário que forma o teto da cavidade oral (palato), ela também é chamada de hipófise anterior. É composta de três partes: a pars distalis (cerca de 90% da adeno- hipófise), a pars tuberalis (circunda a haste infundibular) e a pars intermedia (separa a parte epitelial da nervosa, pouco desenvolvida em humanos). A neuro-hipófise, ou hipófise posterior, é uma extensão do tecido neural do encéfalo, ela secreta neuro-hormônios produzidos no hipotálamo, uma região do encéfalo que controla diversas funções homeostáticas. Além disso, inclui a haste infundibular e a eminência mediana do túber cinéreo. Curiosidade da Adeno-hipófise: antigamente em meados de 1889, muitas revisões diziam que a hipófise tinha pouca ou nenhuma utilidade para os vertebrados superiores. Contudo, no início dos anos 1900, pesquisadores descobriram que os animais que tinham sua glândula removida cirurgicamente não sobreviviam mais do que um ou dois dias. 2 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Adeno-hipófise Se desenvolve de uma evaginação do ectoderma oral que reveste a cavidade oral primitiva. O teto da boca primitiva cresce em direção cranial formando a bolsa de Rathke e uma constrição na base dessa bolsa acaba separando-a da cavidade bucal. Ela secreta hormônios que regulam uma ampla variedade de atividades corporais, desde o crescimento até a reprodução. A liberação dos hormônios é estimulada por hormônios liberados e suprimida por hormônios inibidores do hipotálamo. Sendo assim, os hormônios hipotalâmicos constituem uma ligação importante entre os SN e SE. Então os hormônios hipotalâmicos que liberam e inibem hormônios da adeno-hipófise chegam à mesma por meio de um sistema porta. Em um sistema porta, o sangue flui de uma rede capilar para uma veia porta e, em seguida, para uma segunda rede capilar antes de retornar ao coração. No sistema porta hipofisário, o sangue flui de capilares no hipotálamo para veias porta que carreiam sangue para capilares da adeno-hipófise. As artérias hipofisárias superiores, ramos das artérias carótidas internas, levam sangue para o hipotálamo. Na junção da eminência mediana do hipotálamo e o infundíbulo, essas artérias se dividem em uma rede capilar chamada de plexo primário do sistema porta hipofisário. Do plexo primário, o sangue drena para as veias porto-hipofisárias que passam por baixo da parte externa do infundíbulo. Na adeno-hipófise, as veias porto-hipofisárias se dividem mais uma vez e formam outra rede capilar chamada de plexo secundário do sistema porta hipofisário. Acima do quiasma óptico há grupos de neurônios especializados chamados de células neurossecretoras. Essas células sintetizam os hormônios hipotalâmicos liberadores e inibidores em seus corpos celulares e envolvem os hormônios em vesículas, que alcançam os terminais axônicos por transporte axônico. Impulsos nervosos promovem a exocitose das vesículas. Depois disso, os hormônios se difundem para o plexo primário do sistema porta hipofisário. Rapidamente, os hormônios hipotalâmicos fluem com o sangue pelas veias porto-hipofisárias para o plexo secundário. Essa via direta possibilita que os hormônios hipotalâmicos atuem imediatamente nas células da adeno-hipófise, antes que os hormônios sejam diluídos ou destruídos na circulação geral. Os hormônios secretados pelas células da adeno-hipófise passam para os capilares do plexo secundário, que drenam para as veias porto-hipofisárias anteriores e para fora na circulação geral. Os hormônios da adeno-hipófise viajam até os tecidos alvo ao longo do corpo. Os hormônios da adeno-hipófise que atuam em outras glândulas endócrinas são chamados de hormônios tróficos ou trofinas. Tipos de células da adeno-hipófise e seus hormônios Cinco tipos de células da adeno-hipófise, somatotrofos, tireotrofos, gonadotrofos, lactotrofos e corticotrofos, secretam sete hormônios: 1. Somatotrofos: secretam hormônio do crescimento (GH), também conhecido como somatotrofina. O hormônio do crescimento, por sua vez, estimula vários tecidos a secretarem fatores de crescimento insulino-símiles (IGF), hormônios que estimulam o crescimento corporal geral e regulam aspectos do metabolismo. 2. Tireotrofos: secretam hormônio tireoestimulante (TSH), também conhecido como tireotrofina. O TSH controla as secreções e outras atividades da glândula tireoide. 3. Gonadotrofos: secretam duas gonadotrofinas: hormônio foliculoestimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH). O FSH e o LH atuam nas gônadas; estimulam a secreção de estrogênios e progesterona e a maturação de ovócitos nos ovários, além de estimularem a produção de espermatozoides e a secreção de testosterona nos testículos. 3 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 4. Lactotrofos: secretam prolactina (PRL), que inicia a produção de leite nas glândulas mamárias. 5. Corticotrofos: secretam hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina, que estimula o córtex da glândula suprarrenal a secretar glicocorticoides como cortisol. Alguns corticotrofos, remanescentes da parte intermédia, também secretam hormônio melanócito-estimulante (MSH). Controle da secreção pela adeno-hipófise A secreção dos hormônios da adeno-hipófise é regulada de duas maneiras. Na primeira, células neurossecretoras no hipotálamo secretam cinco hormônios liberadores, que estimulam a secreção de hormônios da adeno-hipófise, e dois hormônios inibidores, que suprimem a secreção de hormônio da adeno-hipófise. Na segunda, o feedback negativo na forma de hormônios liberados pelas glândulas alvo diminui secreções de três tipos de células da adeno-hipófise. Nessas alças de retroalimentação negativa, a atividade secretora dos tireotrofos, gonadotrofos e corticotrofos diminui quando os níveis sanguíneos dos hormônios das suas glândulas-alvo se elevam. Por exemplo, o ACTH estimula o córtex das glândulas suprarrenais a secretar glicocorticoides, principalmente o cortisol. Por sua vez, o nível elevado de cortisol diminui a secreção tanto de corticotrofina quanto de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) pela supressão da atividade dos corticotrofos da adeno-hipófise e das células neurossecretoras do hipotálamo. SECRETADO POR HORMÔNIO HIPOTALÂMICO LIBERADOR (estimula a secreção) HORMONIO HIPOTALÂMICO INIBIDOR (suprime a secreção) Hormônio do crescimento (GH), também conhecido como somatotrofina Somatotrofos Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH), também conhecido como somatocrinina Hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH), também conhecido como somatostatina Hormônio tireoestimulante (TSH), também conhecido como tireotrofina Tireotrofos Hormônio liberador de tireotrofina (TRH) Hormônio inibidor dohormônio do crescimento (GHIH) Hormônio foliculoestimulante (FSH) Gonadotrofos Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) Hormônio luteinizante (LH) Gonadotrofos Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) Prolactina (PRL) Lactotrofos Hormônio liberador de prolactina (PRH)* Hormônio inibidor da prolactina (PIH), que é a dopamina Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina Corticotrofos Hormônio liberador de corticotrofina (CRH) Hormônio melanócito- estimulando (MSH) Corticotrofos Hormônio liberador da corticotrofina (CRH) Dopamina 4 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Hormônio Tecidos-alvo Principais ações Hormônio do crescimento (GH), também conhecido como somatotrofina Fígado (e outros tecidos) Estimula fígado, músculos, cartilagem, osso e outros tecidos a sintetizarem e secretarem fatores de crescimento insulina-símiles (IFG); os IFG promovem o crescimento de células corporais, a síntese proteica, o reparo tecidual, a lipólise e a elevação da concentração de glicose sanguínea. Hormônio tireoestimulante (TSH), também conhecido como tireotrofina Glândula tireoide Estimula a síntese e a secreção de hormônios da tireoide pela glândula tireoide Hormônio foliculoestimulante (FSH) Ovários Testículos Nas mulheres, inicia o desenvolvimento de ovócitos e induz à secreção ovariana de estrogênios. Em homens, estimula os testículos a produzirem espermatozoides. Hormônio luteinizante (LH) Ovários Testículos Nas mulheres, estimula a secreção de estrogênios e progesterona, a ovulação e a formação do corpo lúteo. Nos homens, estimula os testículos a produzirem testosterona. Prolactina (PRL) Glândulas mamárias Junto com outros hormônios, promove a produção de leite nas glândulas mamárias. Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina Cortex da glândula suprarrenal Estimula a secreção de glicocorticoides (principalmente cortisol) pelo córtex da glândula suprarrenal. Hormônio melanócito- estimulante (MSH) Encéfalo A função exata em humanos é desconhecida, porém pode influenciar a atividade encefálica; quando presente em excesso, pode causar escurecimento da pele. Neuro-hipófise Embora não sintetize hormônios, a neuro-hipófise armazena e libera dois hormônios. E composta por axônios e terminais axônicos de mais de 10.000 células hipotalâmicas neurossecretoras. Os corpos celulares das células neurossecretoras se encontram nos núcleos paraventricular e supraóptico do hipotálamo; seus axônios formam o trato hipotálamo-hipofisial. Esse trato começa no hipotálamo e termina perto de capilares sanguíneos na neuro-hipófise. Os corpos das células neuronais dos dois núcleos paraventricular e supraóptico sintetizam o hormônio ocitocina 5 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 (OT) e o hormônio antidiurético (ADH), também chamado de vasopressina. Os terminais axônicos na neurohipófise são associados à neuróglia especializada chamada de pituitócitos. Essas células apresentam uma função de suporte similar a dos astrócitos. Após sua produção nos corpos celulares das células neurossecretoras, a ocitocina e o hormônio antidiurético são envolvidos em vesículas secretoras, que se movimentam por transporte axônico rápido até os terminais axônicos na neuro-hipófise, onde são armazenados até que impulsos nervosos desencadeiam a exocitose e a liberação hormonal. O sangue chega à neuro-hipófise pelas artérias hipofisárias inferiores, ramos da artéria carótida interna. Na neurohipófise, as artérias hipofisárias inferiores drenam para o plexo capilar do infundíbulo, uma rede capilar que recebe a ocitocina e o hormônio antidiurético secretados. Desse plexo, os hormônios passam para as veias porto-hipofisárias posteriores para serem distribuídos às células-alvo em outros tecidos. Controle da secreção pela neuro-hipófise OCITOCINA: Durante e depois do parto, a ocitocina atua em dois tecidos-alvo: o útero e as mamas da mãe. Durante o Parto, o alongamento do colo do útero estimula a liberação de ocitocina, que, por sua vez, intensifica a contração das células musculares lisas da parede uterina; depois do parto, a ocitocina estimula a ejeção de leite ("descida") das glândulas mamárias em resposta ao estímulo mecânico produzido pela sucção do bebê. A função da ocitocina em homens e mulheres não grávidas não é clara. Experimentos realizados em animais sugerem que a ocitocina exerça ações no encéfalo que promovem o comportamento parental de cuidado em relação ao filho. Também pode ser responsável, em parte, pelas sensações de prazer sexual durante e depois do intercurso. CORRELAÇÃO CLíNlCA / Ocitocina e parto Anos antes da descoberta da ocitocina, era prática comum em obstetrícia permitir que o primeiro gêmeo nascido sugasse a mama da parturiente para acelerar o nascimento do segundo feto. Hoje, sabemos por que essa prática é útil, estimula a liberação de ocitocina. Mesmo após o nascimento de um único feto, a amamentação promove a expulsão da placenta e ajuda o útero a readquirir seu tamanho menor. A ocitocina sintética muitas vezes é administrada para induzir o parto ou para aumentar o tônus uterino e controlar a hemorragia logo após o parto. HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO: Como o próprio nome sugere, um antidiurético é uma substância que diminui a produção de urina. O HAD faz com que os rins devolvam mais água ao sangue, diminuindo, desse modo, o volume urinário. Na ausência de HAD o débito urinário aumenta mais de 10 vezes, passando do normal 1 ou 2 dois litros para cerca de 20L por dia. Muitas vezes, a ingestão de álcool causa micção frequente e copiosa porque o álcool inibe a secreção de hormônio antidiurético. O HAD também diminui a perda de água pela sudorese e causa constrição das arteríolas, o que eleva a pressão do sangue. O outro nome desse hormônio, vasopressina, traduz esse efeito sobre a pressão arterial. A quantidade de HAD secretado varia com a pressão osmótica do sangue e com o volume sanguíneo. 6 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Hormônios e tecidos-alvo Controle da secreção Ações principais Ocitocina (OT) Útero e Glândulas mamárias Células neurossecretoras do hipotálamo secretam OT em resposta à distensão uterina e à estimulação dos mamilos Estimula a contração das células musculares lisas do útero durante o parto; estimula a contração de células mioepiteliais nas glândulas mamárias para promover a ejeção de leite Hormônio antidiurético (HAD) ou vasopressina Rins e Glândulas sudoríferas (suor) e arteríolas As células neurossecretoras do hipotálamo secretam HAD em resposta a elevação da pressão osmótica do sangue, desidratação, perda de volume sanguíneo, dor ou estresse; baixa pressão osmótica do sangue, volume sanguíneo elevado e álcool etflico são inibidores da secreção de HAD Conserva a água corporal por meio da diminuição do volume de urina; reduz a perda de água pela perspiração; eleva a pressão arterial por meio da constrição das arteríolas Morfofisiologia do hipotálamo 7 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Porção pequena do diencéfalo, estende-se da lâmina terminal até um plano vertical posterior aos corpos mamilares, e do sulco hipotalâmico até a base do encéfalo, abaixo do terceiro ventrículo. Encontra-se abaixo do tálamo e anterior à parte tegmental do subtálamo e ao tegmento mesencefálico. Lateralmente é delimitado pela parte anterior do subtálamo, pela cápsula interna e pelo trato óptico. O hipotálamo é composto por substância cinzenta agrupada em núcleos e sistemas variados de fibras, como o fórnix, estrutura que divide-o em área medial, rica em substância cinzenta e abriga os principais núcleos, e área lateral, que contém menos corpos de neurônios e predomina as fibras de direção longitudinal. Ele é composto por cercade doze núcleos agrupados em quatro regiões principais: 1. Região mamilar (área hipotalâmica posterior): adjacente ao mesencéfalo, é a parte mais posterior do hipotálamo. Ela inclui os núcleos hipotalâmicos posteriores e os corpos mamilares, que são projeções pequenas e arredondadas, que funcionam como estações de transmissão para reflexos relacionados ao olfato. 2. Região tuberal (área hipotalâmica intermedia): a maior porção do hipotálamo, inclui os núcleos dorsomedial, ventromedial e arqueado, além do infundíbulo, que conecta a hipófise com o hipotálamo. A eminencia mediana é uma região levemente elevada que circunda o infundíbulo. 3. Região supraóptica (área hipotalâmica rostral): situada acima do quiasma óptico (ponto de cruzamento dos nervos ópticos) e contém os núcleos paraventricular, supraóptico, hipotalâmico anterior e supraquiasmático. Os axônios dos núcleos paraventricular e supraóptico formam o trato hipotálamo-hipofisial, o qual se estende do infundíbulo para a neuro-hipófise. 4. Região pré-óptica: anterior a supraóptica, é geralmente considerada como parte do hipotálamo porque ela participa, junto com ele, na regulação de certas atividades autônomas. A região pré-óptica contém os núcleos pré-ópticos medial e lateral. O hipotálamo controla muitas atividades corporais e é um dos principais reguladores da homeostase. Ele também tem várias conexões com a hipófise. Algumas funções podem ser atribuídas a núcleos hipotalâmicos específicos, mas outras ainda não estão localizadas com precisão. Entre as funções importantes do hipotálamo estão: ➢ Controle do SNA: controla e integra as atividades da divisão autônoma do SN, que por sua vez, regula a contração dos músculos lisos e cardíacos e a secreção de várias glândulas. Axônios se projetam do hipotálamo para núcleos simpáticos e parassimpático do tronco encefálico e da medula espinhal. Graças ao SNA, o hipotálamo é um dos principais reguladores das atividades viscerais, incluindo frequência cardíaca, passagem do alimento pelo sistema digestório e contração da bexiga urinária. ➢ Produção de hormônios: produz vários hormônios e apresenta dois tipos importantes de conexões com a hipófise, uma glândula endócrina localizada inferiormente ao hipotálamo. 8 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Primeiro, os hormônios hipotalâmicos conhecidos como hormônios liberadores e hormônios inibitórios são liberados na rede capilar da eminencia mediana. A corrente sanguínea leva estes hormônios diretamente para a adeno-hipófise, onde eles estimulam ou inibem a secreção de hormônios da adeno-hipófise. Segundo, os axônios se estendem dos núcleos paraventricular e supraóptico, por meio do infundíbulo, para a neuro-hipófise. Os corpos celulares destes neurônios produzem dois hormônios (ocitocina e hormônio antidiurético). Seus axônios transportam os hormônios para a neuro-hipófise, onde eles são liberados. ➢ Regulação dos padrões emocionais e comportamentais: junto com o sistema límbico, o hipotálamo está relacionado com a expressão de raiva, agressividade, dor e prazer e com os padrões comportamentais associados aos desejos sexuais. ➢ Regulação da alimentação: regula a ingestão de alimento. Ele contem um centro da fome, que estimula a alimentação, e um centro da saciedade, que promove a sensação de plenitude e de cessação da ingestão de alimentos. Ele também apresenta o centro da sede, que ocorre quando determinadas células no hipotálamo são estimuladas pela elevação da pressão osmótica do liquido extracelular, elas geram a sensação de sede. A ingestão da água leva a pressão osmótica de volta a seus níveis habituais, diminuindo o estimulo e aliviando a sede. ➢ Controle da temperatura corporal: funciona como termostato do corpo, que percebe a temperatura corporal e a mantem em um nível desejado. Se a temperatura do sangue que flui no hipotálamo está acima do normal, o hipotálamo faz com que a divisão autônoma do SN estimule atividades que promovam a perda de calor. Por outro lado, quando a temperatura está abaixo do normal, o hipotálamo gera impulsos que promovem a produção e a retenção de calor. ➢ Regulação dos ritmos circadianos e níveis de consciência: o núcleo supraquiasmático do hipotálamo funciona como o relógio biológico do corpo porque ele estabelece ritmos circadianos (diários), padrões de atividade biológica, como o ciclo sono-vigília, que acontecem em um período circadiano (cerca de 24horas). Este núcleo recebe aferências dos olhos (retina) e envia eferências para outros núcleos hipotalâmicos, para a formação reticular e para a glândula pineal. Além dos elementos neurais comuns, encontramos, no hipotálamo, neurônios específicos capazes de sintetizar hormônios peptídicos, neurônios peptidérgicos. Eles possuem as mesmas propriedades elétricas dos neurônios comuns e seus produtos agem de forma diferentes, não realizam sinapse. Neurônios parvocelulares: caracterizados por axônios curtos, produzem peptídeos inibidores/estimuladores da adeno-hipófise Neurônios magnocelulares: caracterizados por axônios longos, produzem o ADH, no núcleo supraóptico, e ocitocina, no núcleo paraventricular, os quais são armazenados na neuro-hipófise Eixo hipotálamo-hipófise e órgãos alvo: função Quase toda a secreção hipofisária é controlada por sinais hormonais e nervosos vindos do hipotálamo. A secreção efetuada pela região posterior da hipófise é controlada por sinais neurais que têm origem no hipotálamo. Por outro lado, a secreção da adeno-hipófise é controlada por hormônios, chamados hormônios (ou fatores) estimuladores e hormônios (ou fatores) inibidores, secretados pelo hipotálamo e levados para a adeno-hipófise pelos vasos sanguíneos. Cada eixo endócrino é composto de três níveis de células endócrinas: (1) neurônios hipotalâmicos; (2) células da glândula pituitária anterior e (3) glândulas endócrinas periféricas. Os neurônios do 9 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 hipotálamo liberam hormônios estimuladores hipotalâmicos (XRHs) específicos que estimulam a secreção de hormônios tróficos pituitários (XTHs) também específicos. Em alguns casos, a produção de um hormônio trófico pituitário é regulada secundariamente por um hormônio inibidor da liberação (XIH). Os hormônios tróficos da pituitária agem então sobre glândulas-alvo endócrinas periféricas específicas e estimulam essas glândulas a liberarem hormônios periféricos (X). Em cada nível dessa cascata hormonal, é possível uma retroalimentação negativa (ou feedback negativo) das etapas prévias; um nível desnecessariamente elevado de um hormônio inibe a liberação dos hormônios anteriores na cascata, mantendo as concentrações dos hormônios em níveis normais. Em muitos casos os hormônios hipotalâmicos são secretados em pulsos e estão atrelados a ritmos diários e sazonais por intermédio de estímulos do SNC. Além disso, os núcleos hipotalâmicos recebem uma variedade de estímulos neuronais oriundos de níveis mais altos e mais baixos do cérebro. Esses estímulos podem ser de curta ou longa duração. Assim, a inclusão do hipotálamo em um eixo endócrino permite a integração de uma quantidade considerável de informação para a determinação ou alteração do ponto de equilíbrio desse eixo (ou ambas). Os padrões de retroalimentação são importantes no diagnóstico de doenças endócrinas. CURIOSIDADE! O nanismo psicossocial é um grande exemplo da função integradora de estímulos do ambiente exercida pelo hipotálamo. Essa doença ocorre em crianças que apresentam taxas de crescimento mais baixas após sofrerem abusos ou serem submetidas a intenso estresse emocional. Tal fato resulta da diminuição da secreção do hormônio de crescimento pela hipófise. Interações hormonais Um dos aspectos mais complicados na endocrinologia é a maneira pela qual os hormônios interagem nas suas células-alvo. Seria simples se cada reflexo endócrino fosse uma entidade separada e se cada célula estivesse sob influência deapenas um hormônio. Entretanto, muitas vezes as células e os tecidos são controlados por vários hormônios que podem estar presentes ao mesmo tempo. Além disso, múltiplos hormônios que atuam em uma mesma célula podem interagir de um modo que não pode ser previsível apenas conhecendo os efeitos individuais dos hormônios. Existem então, três tipos de interação hormonal: sinergismo, permissividade e antagonismo. ╚ Sinergismo No sinergismo, o efeito da interação dos hormônios é maior do que sua soma. Algumas vezes, hormônios diferentes possuem o mesmo efeito no corpo, embora eles possam atingir esse efeito por meio de diferentes mecanismos celulares. Um exemplo é o controle hormonal dos níveis de glicose no sangue. O glucagon sintetizado no pâncreas é o principal hormônio responsável pela elevação dos níveis de glicose no sangue, mas não é o único hormônio que tem esse efeito. O cortisol aumenta a concentração de glicose no sangue, assim como a adrenalina. O que acontece se dois destes hormônios estão presentes em uma célula-alvo ao mesmo tempo, ou se todos os três hormônios são secretados ao mesmo tempo? Você poderia supor que seus efeitos sejam aditivos. Em outras palavras, se uma determinada quantidade de adrenalina aumenta a glicose no sangue em 5 mg/100 mL de sangue, e o glucagon eleva a glicose em 10 mg/100 mL, você poderia esperar que ambos os hormônios atuando ao mesmo tempo aumentariam a glicose no sangue em 15 mg/100 mL (5 + 10). 10 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Contudo, frequentemente dois (ou mais) hormônios interagem em seus alvos para que a sua combinação gere um resultado que seja maior que o aditivo (1 + 2 > 3). Esse tipo de interação é chamado de sinergismo. Em nosso exemplo, adrenalina/ glucagon, uma reação sinérgica seria: ► Adrenalina - eleva a glicose 5 mg/100 mL no sangue ► Glucagon eleva a glicose - 10 mg/100 mL no sangue ► Adrenalina + glucagon - eleva a glicose 22 mg/100 mL no sangue Em outras palavras, o efeito combinado dos dois hormônios é maior do que a soma dos efeitos dos dois hormônios individualmente. Os mecanismos celulares que determinam os efeitos sinérgicos nem sempre são claros, mas quando o sinergismo envolve hormônios peptídicos, muitas vezes está relacionado à sobreposição dos efeitos dos sistemas de segundos mensageiros na célula-alvo. O sinergismo não está limitado aos hormônios. Ele pode ocorrer com quaisquer duas (ou mais) substâncias químicas no corpo. Os farmacologistas têm desenvolvido medicamentos com componentes sinérgicos. Por exemplo, a eficácia do antibiótico penicilina é aumentada pela presença de ácido clavulânico no mesmo comprimido. ╚ Permissivo Um hormônio permissivo permite que outro hormônio exerça todo o seu efeito. Na permissividade, um hormônio não consegue exercer por completo seus efeitos a menos que um segundo hormônio esteja presente, mesmo que este não tenha ação aparente (2 + 0 > 2). Por exemplo, a maturação do sistema genital é controlada pelo hormônio liberador de gonadotrofinas do hipotálamo, pelas gonadotrofinas da adeno-hipófise e pelos hormônios esteroides das gônadas. Entretanto, se o hormônio da tireoide não estiver presente em quantidades suficientes, a maturação do sistema genital é atrasada. Como o hormônio da tireoide por si só não consegue estimular a maturação do sistema genital, considera-se que este hormônio tem um efeito permissivo na maturação sexual. Os resultados dessa interação podem ser resumidos da seguinte maneira: ► Hormônio da tireoide = sem desenvolvimento do sozinho sistema genital ► Hormônios sexuais sozinhos = atraso na maturação do sistema genital ► Hormônios da tireoide com hormônios sexuais = desenvolvimento normal do sistema genital Os mecanismos moleculares responsáveis pela permissividade ainda não são bem compreendidos na maioria dos casos. Antagonistas Hormônios antagonistas têm efeitos opostos. Em algumas situações, duas moléculas trabalham uma contra a outra, uma diminuindo a eficácia da outra. Esta tendência de uma substância se opor à ação de outra é chamada de antagonismo. O antagonismo pode ocorrer quando duas moléculas competem por um mesmo receptor. Quando uma molécula se liga a um receptor, mas não o ativa, esta molécula atua como um inibidor competitivo, ou antagonista, para a outra molécula. Esse tipo 11 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 de antagonismo de receptor tem sido utilizado no desenvolvimento de compostos farmacêuticos, como o antagonista do receptor de estrogênio, denominado tamoxifeno, o qual é usado para tratar o câncer de mama que é estimulado pelo estrogênio. Na endocrinologia, dois hormônios são considerados antagonistas funcionais se possuem ações fisiológicas opostas. Por exemplo, o glucagon e o hormônio do crescimento aumentam a concentração de glicose no sangue e ambos são antagonistas da insulina, a qual diminui a concentração de glicose no sangue. Hormônios de ação antagonista não necessariamente competem pelo mesmo receptor. Em vez disso, eles podem agir por diferentes vias metabólicas, ou um hormônio pode diminuir o número de receptores do hormônio oposto. Por exemplo, há evidências de que o hormônio do crescimento diminui o número de receptores da insulina, produzindo parte de seu efeito antagonista funcional sobre a concentração de glicose no sangue. As interações hormonais sinérgicas, permissivas e antagonistas tornam o estudo da endocrinologia desafiador e fascinante. Com este breve resumo das interações hormonais, você possui uma base sólida para aprender mais sobre elas. Níveis normalmente altos ou baixos de um hormônio periférico (ex.: hormônio tireoidiano) podem resultar de um defeito no nível da glândula endócrina periférica (ex.: tireoide), da hipófise ou do hipotálamo. A depender do nível afetado, tais defeitos são chamados, respectivamente, de distúrbios endócrinos primário, secundário e terciário. 12 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Eixo hipotálamo-hipófise- disfunções Como disse um endocrinologista, "Não existem hormônios bons ou ruins. Um equilíbrio dos hormônios é importante para uma vida saudável... O desequilíbrio leva a doenças". Nós podemos aprender muito sobre as funções normais de um hormônio estudando as doenças causadas pelo desequilíbrio hormonal. Existem três padrões básicos de disfunções endócrinas: excesso hormonal deficiência hormonal e resposta anormal dos tecidos-alvo a um hormônio. Para ilustrar as disfunções endócrinas, usaremos um único exemplo, o da produção de cortisol no córtex da glândula suprarrenal. Essa é uma via reflexa complexa que inicia com a secreção do hormônio liberador da corticotrofina (CRH) pelo hipotálamo. O CRH estimula a liberação da adrenocorticotrofina (ACTH) pela adeno-hipófise. O ACTH, por sua vez, controla a síntese e a liberação do cortisol do córtex da glândula suprarrenal. Como em outras vias reflexas homeostáticas, a retroalimentação negativa desliga a via. À medida que o cortisol aumenta, ele age como um sinal de retroalimentação negativa, fazendo a hipófise e o hipotálamo diminuírem a secreção de ACTH e CRH, respectivamente. A hipersecreção exagera os efeitos do hormônio Se um hormônio está presente em quantidades excessivas, os efeitos normais desse hormônio serão exagerados. A maioria dos casos de excesso de hormônios deve-se à hipersecreção. Existem diversas causas de hipersecreção, incluindo tumores benignos (adenomas) e tumores 13 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 cancerosos de glândulas endócrinas. Ocasionalmente, tumores não endócrinos secretam hormônios. Qualquer substância proveniente do exterior do corpo é referida como exógena, e algumas vezes um paciente pode exibir sinais de hipersecreção como resultado de um tratamento realizado com um hormônio exógeno ou agonista. Nesse caso, a condição é chamada de iatrogênica, ou causada pelo médico.Pode parecer simples corrigir desequilíbrio hormonal apenas tratamento com o hormônio exógeno, mas nem sempre esse é o caso. Em nosso exemplo, o cortisol exógeno, administrado fármaco, atua como um sinal de retroalimentação negativa, da mesma forma que o cortisol produzido no corpo atua produção de CRH e ACTH. Sem a influência trófica "alimentadora" do ACTH, a produção do próprio corpo para. Se a hipófise permanecer inibida e o córtex da glândula suprarrenal for privado do estimulo ACTH por um tempo suficientemente longo, as células ambas as glândulas diminuem de tamanho e perdem sua capacide produzir ACTH e cortisol. A perda de massa celular é como atrofia. Se as células de uma glândula endócrina atrofiam devido à administração de hormônio exógeno, elas podem tornar muito lentas ou totalmente impossibilitadas de retomar a sua função normal quando termina o tratamento com hormônio exógeno. Como você deve saber, hormônios esteroides, como o cortisol, podem ser utilizados para tratar envenenamento com hera e alergias graves. Entretanto, quando o tratamento termina, a dosagem deve ser diminuída gradativamente, a fim de permitir que a hipófise e a glândula suprarrenal possam voltar sua produção normal de hormônios. Como resultado, as caixas de comprimidos esteroides orientam os pacientes que estão terminando o tratamento a tomarem seis comprimidos em um no próximo, e assim por diante. Cremes com baixa dosagem de esteroides normalmente não trazem risco de supressão por retroalimentação quando usados corretamente. A hipossecreção diminui ou elimina os efeitos do hormônio Os sintomas da deficiência hormonal ocorrem quando muito pouco de um dado hormônio é secretado (hipossecreção). A hipossecreção pode ocorrer devido à alteração em qualquer ponto da via de controle endócrino, no hipotálamo, na hipófise, ou em outras glândulas endócrinas. Por exemplo, a hipossecreção dos hormônios da tireoide pode ocorrer se não há iodo o suficiente na dieta para a glândula tireoide produzir seus hormônios iodados. A causa mais comum de hipossecreção é a atrofia de uma glândula devida à algum processo patológico. As vias de retroalimentação negativa são afetadas pela hipossecreção, mas na direção oposta do que ocorria com a hipersecreção. A falta de retroalimentação negativa estimula o aumento do nível do hormônio trófico à medida que este hormônio tenta estimular a glândula defeituosa a aumentar a sua produção hormonal. Por exemplo, se o córtex da glândula suprarrenal atrofia como resultado da tuberculose, a produção de cortisol diminui. O hipotálamo e a adeno-hipófise percebem que os níveis de cortisol estão abaixo do normal e aumentam a produção de CRH e ACTH, respectivamente, em uma tentativa de estimular a glândula suprarrenal a produzir mais cortisol. 14 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Problemas no receptor ou no segundo mensageiro causam responsividade anormal do tecido Doenças endócrinas nem sempre surgem devido a problemas com as glândulas endócrinas. Elas também podem ser desencadeadas por mudanças na responsividade do tecido-alvo aos hormônios. Nessas situações, o tecido-alvo apresenta respostas anormais, mesmo que os níveis hormonais estejam dentro da faixa normal. As mudanças nas respostas do tecido-alvo geralmente são causadas por interações anormais entre o hormônio e seu receptor, ou por alterações nas vias de transdução de sinal. Regulação para baixo (down-regulation): Se a secreção de um hormônio é anormalmente alta por um período extenso de tempo, as células-alvo podem regular para baixo (diminuir o número de) os receptores desse hormônio, em um esforço para diminuir sua resposta ao hormônio em excesso. A hiperinsulinemia é um exemplo clássico de regulação para baixo no sistema endócrino. Nessa doença, os altos níveis sustentados de insulina no sangue fazem as células- alvo removerem seus receptores de insulina da membrana celular. Pacientes que apresentam hiperinsulinemia podem apresentar sinais de diabetes, apesar de seus altos níveis de insulina no sangue. Anormalidades do receptor e da transdução de sinal: Muitas formas de doenças endócrinas hereditárias podem estar relacionadas a problemas com a ação hormonal na célula-alvo, Os endocrinologistas acreditavam que esses problemas eram raros, mas eles estão sendo cada vez mais reconhecidos, à medida que os cientistas aumentam seu conhecimento sobre os receptores e os mecanismos de transdução de sinal. Algumas alterações ocorrem devido a problemas com o receptor do hormônio. Se uma mutação altera a sequência proteica do receptor, a resposta celular ligação hormônio-receptor pode ser alterada. Em outras mutações, os receptores podem estar ausentes, ou serem completamente não funcionais. Por exemplo, na síndrome de insensibilidade androgência, os receptores androgênicos não são funcionais no feto masculino devido a uma mutação génica. om androgênios produzidos pelo feto em desenvolvimento são incapazes de influenciar o desenvolvimento da genitália. O resultado é uma criança que aparenta ser mulher, mas não possui útero nem ovários. Alterações genéticas nas vias de transdução de sinal podem levar a sintomas de excesso ou deficiência hormonal. Na doença chamadapseudo—hipoparatireoidismo, os pacientes mostram sinais de baixo nível de hormônio da paratireoide, mesmo que os níveis do hormônio no sangue estejam baixos ou elevados. Esses pacientes herdaram um defeito na proteína G que acopla o receptor do hormônio à enzima amplificadora do AMPc, a adenilato-ciclase. Como a via de transdução de sinal não funciona, as células-alvo são incapazes de responder ao hormônio da paratireoide, e os sinais de deficiência hormonal aparecem. 15 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 O diagnóstico de disfunções endócrinas depende da complexidade do reflexo O diagnóstico das disfunções endócrinas pode ser simples ou complicado, dependendo da complexidade do reflexo. Por exemplo, considere um reflexo endócrino simples, como o do hormônio da paratireoide. Se há muito ou pouco hormônio, o problema pode surgir em apenas um local: as glândulas paratireoides. Entretanto, com os reflexos endócrinos complexos hipotálamo-hipófise-glândula, o diagnóstico pode ser muito mais difícil. Se a disfunção (deficiência ou excesso) surge na última glândula da via reflexa complexa, o problema é considerado como disfunção primária. Por exemplo, se um tumor no córtex da glândula suprarrenal começa a produzir quantidade excessiva de cortisol, resulta em uma condição chamada de hipersecreção primária. Se a disfunção ocorre na adeno-hipófise, o problema é uma disfunção secundária. Por exemplo, se a hipófise é danificada por um trauma na cabeça e a secreção do ACTH diminui, a deficiência de cortisol resultante é considerada uma hipossecreção secundária de cortisol. Doenças de hormônios tróficos hipotalâmicos são raras; estas são consideradas como hipossecreção ou hipersecreção terciárias. O diagnóstico das disfunções nas vias endócrinas complexas depende do entendimento da retroalimentação negativa na via de controle. A FIGURA 7.14 mostra três possíveis causas para o excesso de secreção de cortisol. Para determinar qual a etiologia (causa) correta da doença de um paciente em particular, o médico deve verificar os níveis dos três hormônios da via de controle. Se o nível de cortisol está alto, mas o nível de ambos os hormônios tróficos está baixo, o problema é uma disfunção primária. Existem duas possíveis explicações para o cortisol elevado: a hipersecreção de cortisol endógeno ou a administração de cortisol exógeno por razões terapêuticas. Em ambos os casos, os altos níveis de cortisol agem como um sinal de retroalimentação negativa, que interrompe a produção de CRH e ACTH. O padrão de cortisol alto com baixos níveis de hormônios tróficos indica uma disfunção primária. Quando o problemaé endógeno — um tumor suprarrenal que está secretando cortisol de maneira não regulada — as vias de controle normais são totalmente ineficazes. Apesar de a retroalimentação negativa desativar a produção dos hormônios tróficos, o tumor não depende deles para a produção de cortisol de modo que a secreção de cortisol continua mesmo na ausência deles. Para que a secreção de cortisol possa ser controlada, o tumor deve ser removido ou suprimido. A hipersecreção secundária de cortisol, causada por um tumor na hipófise, que secreta ACTH O nível alto de ACTH induz uma alta produção de cortisol, mas, neste exemplo, o alto nível de cortisol tem um efeito de retroalimentação negativa sobre o hipotálamo, diminuindo a produção de CRH. A combinação de baixos níveis de CRH e altos níveis de ACTH localiza o problema na hipófise. Esta disfunção é responsável por quase dois terços das síndromes de hipersecreção de cortisol. Se o problema é a superprodução de CRH pelo hipotálamo, os níveis de CRH estarão acima do normal. Os altos níveis de CRH causam a produção aumentada de ACTH, que, por sua vez, causa o aumento do cortisol. Existe, portanto, uma hipersecreção terciária, que surge a partir de um problema no hipotálamo. Na prática clínica, as hipersecreções hipotalâmicas são raras. 16 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Duas possíveis etiologias para a hipossecreção do cortisol. Você pode aplicar seu conhecimento sobre a retroalimentação negativa na via de controle hipotálamo-hipófise para prever se os níveis de CRH, ACTH e cortisol estarão altos ou baixos em cada caso. Via óptica Estruturas acessórias dos olhos incluem: sobrancelhas, pálpebras, cílios, aparelho lacrimal e músculos extrínsecos do bulbo do olho. O aparelho lacrimal é formado por estruturas que produzem e drenam as lágrimas. O olho é formado por três camadas: (a) a túnica fibrosa (esclera e córnea), (b) a túnica vascular (corioide, corpo ciliar e íris) e (c) retina. A retina é formada por um estrato pigmentoso e por um estrato nervoso que inclui uma camada de células fotorreceptoras, uma camada de células bipolares, uma camada de células ganglionares, células horizontais e células amácrinas. A cavidade anterior contém humor aquoso; a câmara vítrea contém humor vítreo. Retina nasal: metade medial da retina de cada olho que está voltada para o nariz. Retina temporal: metade da retina de cada olho que está voltada para a região temporal. Campo visual: porção do espaço que pode ser vista quando o olho está fixo. Lesões: Nervo óptico – resulta em cegueira completa do olho. Parte lateral do quiasma - hemianopsia nasal do olho. Parte medial do quiasma - hemianopsia bitemporal. Trato óptico – hemianopsia homônima direita ou esquerda. Radiação óptica – hemianopsia homônima Receptores visuais e neurônios I, II e III: Retina 10 camadas Mácula Lútea – área da retina onde a visão é mais distinta Formada a partir de uma evaginação do diencéfalo (vesícula óptica) que depois se transforma em cálice óptico. Cálice óptico Externo – origina a camada pigmentar Interna – origina a camada nervosa └ Onde se diferencia os 3 primeiros neurônios da via óptica. Camadas da retina de acordo com a disposição dos neurônios I, II e III: Camada das células fotossensíveis (fotorreceptoras) 17 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Camada das células bipolares Camada das células ganglionares Sendo assim, as fotossensíveis fazem sinapse com as bipolares e estas com as ganglionares. Prolongamentos periféricos das fotossensíveis: A luz deve atravessar as 9 camadas para atingi-los. A excitação causa impulsos nervosos (fototransdução), estes caminham em direção oposta dos raios luminosos. Bastonetes: adaptados para pouca luz Cones: adaptados parra visão de cores e muita luz Para cada cone existe uma fibra no nervo óptico, os nervos se juntam e formam o quiasma óptico. Fibras: └ Nasais: cruzam └ Temporais: continuam no mesmo lado. O nervo óptico é formado por axônios das células ganglionares e percorrem a parte interna da retina convergindo para a papila óptica (ponto cego da retina, não possui fotorreceptores). Os axônios quando chegam na papila se tornam mielínicos e daí constituem os nervos óptico. Fibras e destinos: Fibras retino-hipotalamicas Fibras retinotetais Fibras retino-pré-tetais Fibras retinogeniculadas - +importantes. 90% do total das fibras que saem da retina. Fotorreceptores (neurônios 1) -> células bipolares (neurônios 2) -> células ganglionares (neurônios 3) -> nervo óptico -> quiasma óptico -> tálamo (neurônio 4) – corpo geniculado lateral -> radiação óptica -> córtex. Após passar pelo quiasma óptico, os nervos ópticos provenientes dos dois olhos, irão se ramificar, formando: ♦ Fibras retino talâmicas: chegarão ao núcleo supraquiasmático, responsáveis pela manutenção do ciclo circadiano; ♦ Fibras retino-tectais: chegarão ao colículo superior e serão responsáveis pelo controle de movimentos reflexos; ♦ Fibras retino-geniculadas: chegarão ao corpo geniculado lateral e por meio de radições ópticas chegarão ao córtex visual. A formação de imagens na retina: envolve a refração dos raios de luz pela córnea e pela lente, que focam uma imagem invertida sobre a fóvea central da retina. Para observar objetos próximos, a lente aumenta sua curvatura (acomodação) e a pupila diminui para evitar que raios de luz entrem no olho através da periferia da lente. O ponto próximo de visão é a distância mínima do olho a partir da qual um objeto pode ser focado claramente e com acomodação máxima. Tríade da acomodação 18 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Na convergência, os bulbos dos olhos se movem medialmente de modo que ambos estejam direcionados para um objeto sendo observado. ♦ Perto: convergência dos olhos, miose e aumento da curvatura do cristalino; ♦ Longe: divergência dos olhos, midríase e diminuição da curvatura do cristalino. Neurônios pré-tectais e tectais (núcleo de Edwinger Westphal) tem seus axônios incorporando o nervo oculomotor, que controla o gânglio ciliar. Do gânglio ciliar partes fibras que inervam o musculo circular da íris e o musculo ciliar. Fisiologia da visão: O primeiro passo na visão é a absorção de luz por fotopigmentos nos bastonetes e nos cones e a isomerização do cis-retinal. Os potenciais receptores nos bastonetes e nos cones diminuem a liberação de um neurotransmissor inibitório, induzindo potenciais graduais nas células bipolares e nas células horizontais. As células horizontais transmitem sinais inibitórios para as células bipolares; as células bipolares ou amácrinas transmitem sinais excitatórios para as células ganglionares, que despolarizam e iniciam os impulsos nervosos. Os impulsos das células ganglionares são transmitidos para o nervo óptico (NC II), percorrem o quiasma óptico e o trato óptico e chegam até o tálamo. A partir do tálamo, os impulsos visuais são propagados para o córtex cerebral (lobo occipital). Axônios colaterais das células ganglionares da retina se estendem para o mesencéfalo e para o hipotálamo. Síndromes hipofisárias PAN-HIPOTUITARISMO Significa secreção reduzida de todos os hormônios da hipófise anterior. Essa baixa secreção pode ser congênita ou pode ocorrer, repentina ou lentamente, em qualquer momento da vida, resultando na maioria das vezes de tumor hipofisário que destrói a hipófise. No adulto, o pan-hipotuitarismo pode ocorrer por condições tumorais, como os craniofaringiomas ou tumores cromófobos, que comprimem a hipófise até que as células funcionantes da adeno- hipófise sejam destruídas, ou por trombose dos vasos sanguíneos hipofisários. Essa anormalidade, ocasionalmente, ocorre no pós-parto, quando a mãe desenvolve choque circulatório depois do nascimento de seu bebê. Os efeitos gerais dessa patologia no adulto são: hipotireoidismo,diminuição da produção de glicocorticoides pelas adrenais e secreção suprimida dos hormônios gonadotróficos, de modo que as funções sexuais são perdidas. Assim, o quadro clínico é o de pessoa letárgica, que está ganhan- do peso (devido à ausência de mobilização das gorduras pelos hormônios do crescimento, adrenocorticotrópico, adrenocorticais e tireoidianos) e que perdeu todas as funções sexuais. Com exceção da anormalidade das funções sexuais, o paciente pode ser tratado, satisfatoriamente, com a administração de hormônios adrenocorticais e tireoidianos. O GH é necessário para o crescimento que ocorre antes da fase adulta. A deficiência desse hormônio pode produzir nanismo e o excesso pode provocar gigantismo. NANISMO Quando a deficiência de GH ocorre antes da puberdade, o crescimento é muito prejudicado. Os indivíduos com essa condição são relativamente bem proporcionados e têm inteligência normal. 19 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 Quando o GH é o único hormônio da pituitária anterior que está deficiente, eles podem ter uma expectativa de vida normal. Às vezes são prejudicados, porque seus corpos não sofrem a lipólise induzida pelo GH. Quando apresentam nanismo pan-hipopituitário (deficiência de todos os hormônios da pituitária anterior), com deficiência de gonadotrofinas, o amadurecimento sexual pode estar ausente e eles podem permanecer inférteis. Indivíduos com nanismo exibem poucas anormalidades metabólicas, exceto uma tendência à hipoglicemia, à insulinopenia e ao aumento da sensibilidade à insulina. São vários os possíveis locais de comprometimento. A secreção de GH pode estar reduzida, a produção de IGFs estimulada pelo GH pode diminuir ou a ação dos IGFs pode ser deficiente. GIGANTISMO Ocasionalmente, as células somatotróficas ficam excessivamente ativas e às vezes até mesmo tumores ocorrem na glândula. Como consequência, são produzidas grandes quantidades de hormônio do crescimento. Todos os tecidos do corpo crescem rapidamente, inclusive os ossos. Se a condição ocorrer antes da adolescência, antes que a fusão das epífises dos ossos longos ocorra, o tamanho aumenta de modo que a pessoa se torna um gigante, podendo alcançar mais de 2 m de altura. O gigante, em geral, apresenta hiperglicemia e as células beta das ilhotas de Langerhans no pâncreas costumam degenerar porque se tornam hiperativa. Consequentemente, em cerca de 10% dos gigantes, eventualmente desenvolve-se diabetes melito. Na maioria dos gigantes, na ausência de tratamento, é possível que se desenvolva pan- hipopituitarismo porque o gigantismo é geralmente causado por tumor da hipófise que cresce até que a glândula, propriamente dita, seja destruída. Depois que o gigantismo é diagnosticado outros efeitos podem frequentemente ser bloqueados pela remoção do tumor por microcirurgia ou pela radioterapia da hipófise ACROMEGALIA Se um tumor das células somatotróficas ocorrer depois da adolescência, ou seja, depois da fusão das epífises dos ossos longos, o paciente não pode crescer mais, mas os ossos ficam mais espessos e os tecidos moles continuam a crescer. Essa condição é conhecida como acromegalia. O aumento é, especialmente, acentuado nos ossos das mãos e dos pés e nos ossos membranosos, incluindo o crânio, o nariz, os sulcos supraorbitários, a maxila inferior e as porções das vértebras, porque seu crescimento não cessa na adolescência. Consequentemente, ocorre protrusão da mandíbula inferior, às vezes chegando até mais de 10 mm, a testa se inclina para a frente devido ao desenvolvimento excessivo dos sulcos supraorbitários, o nariz chega a dobrar de tamanho, os pés aumentam e os sapatos chegam ao tamanho 45 ou mais, os dedos apresentam espessamento extremo, de modo que as mãos atingem quase duas vezes o tamanho normal. Além desses efeitos, as mudanças nas vértebras, em geral, levam à curvatura das costas, que é conhecida clinicamente como cifose. Finalmente, muitos órgãos de tecidos moles, como a língua, o fígado e especialmente os rins, apresentam-se muito aumentados. SÍNDROME DE SECREÇÃO INAPROPRIADA DO ADH (SIADH) É um problema clínico caracterizado pelos níveis plasmáticos de ADH que ficam elevados acima do que seria esperado, com base na osmolalidade dos fluidos corporais e do volume e da pressão sanguínea. Indivíduos com SIADH retêm água e seus fluidos corporais ficam, progressivamente, hipo-osmóticos. Além disso, sua urina é mais hiperosmótica que o esperado, baseado na baixa 20 ARIELY MESANINI MED UNIC 36 osmolalidade dos fluidos corporais. A SIADH pode ser causada por infecções e neoplasmas no cérebro, por fármacos (p. ex., fármacos antitumores), doenças pulmonares e carcinoma do pulmão. Muitas dessas condições estimulam a secreção de ADH, alterando as aferências neurais para as células secretoras do ADH. Entretanto, carcinoma de células pequenas ou pulmão produz e secreta diversos peptídeos, incluindo o ADH.
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