Prévia do material em texto
LOGÍSTICA REVERSA PATRÍCIA VEBER TRENTIN 2LOGÍSTICA REVERSA SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (NEAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pelo Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Jaimerson Cabral, Sabrina Maciel Revisora Caiani Lopes Martins INTRODUÇÃO 3 LOGÍSTICA REVERSA 4 Logística reversa – conceitos 5 Canais de Distribuição Reversos (CDR’s) 9 Vantagens da utilização da logística reversa 19 Fatores críticos que influenciam a eficiência do processo de logística reversa 20 Diferenças entre logística direta e logística reversa 22 Resumo Cap 01: 23 Exercícios Cap. 01: 25 LOGÍSTICA REVERSA E O MEIO AMBIENTE 31 Meio ambiente: uma preocupação crescente 32 Gestão de Resíduos Sólidos 36 A reciclagem e a Logística Reversa 43 Resumo Cap. 02: 43 Exercícios Cap. 02: 45 A LOGÍSTICA REVERSA E A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL 49 A responsabilidade empresarial 50 Produção mais limpa (P+L) 52 Resumo Cap. 03: 55 Exercícios Cap. 03: 57 GERENCIAMENTO DO FLUXO REVERSO 60 PRM - Administração da Recuperação de Produtos 61 Custos em Logística Reversa 62 Resumo Cap. 04: 65 Exercícios Cap. 04 67 Referências 69 3LOGÍSTICA REVERSA INTRODUÇÃO As questões relativas à logística reversa têm chamado atenção à medida que um conjunto de fatores de ordem estratégica, competitiva, econômica e ecológica ganham relevância no contexto atual. Uma das mais importantes decisões estratégicas presentes nas empresas modernas, face ao crescente ambiente de competitividade e de sensibilidade ecológica da sociedade, é sem dúvida a procura de soluções que agreguem valor perceptível aos seus clientes e consumidores finais. O meio ambiente deixou de ser um aspecto para atender as obrigações legais e passou a ser uma fonte adicional de eficiência. Muitas empresas procuram se tornar competitivas, nas questões de redução de custos, minimizando o impacto ambiental e agindo com res- ponsabilidade. Também descobrem que controlar a geração e destinação de seus resíduos é uma forma a mais de economizar e que possibilita a conquista do reconhecimento pela sociedade e o meio ambiente, pois não se trata apenas da produção de produtos, mas a preocupação com a sua destinação final após o uso. Para ter sucesso então, uma organização deve oferecer um produto com maior valor perceptível pelo cliente, ou produzir com custos menores, ou, ainda, utilizar a combinação dessas duas estratégias. Desta forma, a logística tem se posicionado como uma ferramenta para o geren- ciamento empresarial pela sua contribuição na obtenção de vantagens econômicas, sem, contudo, desconsiderar os aspectos ambientais. Ao mesmo tempo em que a destinação final dos produtos traz um grande proble- ma ao meio ambiente, traz oportunidades de reciclagem ou reuso que podem incentivar diversas outras operações capazes de trazer resultados positivos. A logística reversa está ligada ao mesmo tempo, a questões legais, ambientais e econômicas, o que a coloca em destaque e faz com que seja imprescindível o seu estudo. 4LOGÍSTICA REVERSA LOGÍSTICA REVERSA Ao invés de fluxo único dos materiais, a ideia de ciclo é cada vez mais empregada. A oportunidade de reutilização deu origem a um novo fluxo de materiais, partindo do consumidor e chegando ao fornecedor. 5LOGÍSTICA REVERSA Logística reversa – conceitos Para você aluno, o que é Logística Reversa? Do que ela trata e como funciona na prática? No significado mais amplo são todas as operações relacionadas com a reu- tilização de produtos e materiais, ou seja, refere-se a todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ ou materiais usados a fim de assegurar uma recuperação sustentável (LEITE, 2003). Em se tratando de logística, diz respeito ao fluxo de materiais que voltam à empresa por algum motivo, que discutiremos mais a seguir. Dentre outras definições a seguir veremos a de alguns autores como Stock, Rogers, Dornier e Leite. Stock (1992) define a logística re- versa como: “Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refe- re-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, recicla- gem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura.” Para Rogers & Tibben-Lembke (1992) a logística reversa é definida como: “Processo de planejamento, implemen- tação e controle da eficiência, do custo efetivo do f luxo de matérias-primas, estoques de processo, produtos acaba- dos e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino”. A definição de logística apresentada pelos autores Dornier et al, (2000) abrange áreas de atuação novas incluindo o geren- ciamento dos f luxos reversos: “Logística é a gestão de f luxos entre funções de negócio. A definição atual de logística engloba maior amplitude de f luxos que no passado. Tradicio- nalmente, as companhias incluíam a simples entrada de matérias-primas ou o f luxo de saída de produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, essa definição expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações”. Na visão de Leite (2003) a logística reversa é a área da logística empresarial 6LOGÍSTICA REVERSA que visa equacionar os aspectos logísticos do retorno dos bens ao ciclo produtivo ou de negócios por intermédio da multiplicidade de canais de distribuição reversos de pós-venda e de pós–consumo, agregando-lhes valor econômico, ecológico e legal, como demonstrado na Figura a seguir. De uma maneira prática, caros alunos, podemos resumir as atividades da lo- gística reversa em cinco funções básicas: 1) Planejamento, implantação e controle do fluxo de materiais e do fluxo de informações do ponto de consumo ao ponto de origem; 2) Movimentação de produtos na cadeia produtiva, na direção do consumidor para o produtor; 3) Busca de uma melhor utilização de recursos, seja reduzindo o consumo de energia, seja diminuindo a quantidade de materiais empregada, seja reaproveitando, reutilizando ou reciclando resíduos; 4) Recuperação de valor 5) Segurança na destinação após utilização. 7LOGÍSTICA REVERSA O objetivo principal da logística reversa é reduzir a poluição do meio am- biente e os desperdícios de insumos, assim como a reutilização e reciclagem de pro- dutos e garantir o retorno de produtos / materiais do usuário para o produtor. Ele inclui muitas atividades como a recolha, triagem, processamento, reembalagem, aterro, incineração, etc. Além disso, este conceito não é restrito a atividades de re- cuperação e reciclagem de materiais, mas também inclui as atividades de devoluções de produtos devido a defeito ou não con- formidade com os requisitos. O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais iniciativas e esforços para im- plantação da logística reversa, visando à eficiente recuperação de produtos, segundo Rogers e Tibben- Lembke (1998). No processo da logística reversa, os produtos passam por uma etapa de recicla- gem e voltam à cadeia até ser finalmente descartado, percorrendo o “ciclo de vida do produto”, que envolve: ➼ A escolha de materiais a serem utili- zados nos produtos e em suas emba- lagens e que sejam ambientalmente adequados; ➼ Manufatura limpa que reduz o con- sumo de materiais, energia, e pro- dução de resíduos; ➼ Distribuição que busca economizar combustível e reduzir a emissão de poluentes; ➼ Controle das cadeias de retorno da pós-venda e pós-consumo que aten- dam no mínimo as legislações apli- cáveis, e participe na conscientização do consumidor em seu papel dentrodeste sistema sustentável. As atividades da logística reversa consistem basicamente em coleta de ma- teriais usados, danificados ou rejeitados, produtos fora de validade, e a embalagem e transporte do ponto do consumidor final até o revendedor. Com o retorno do produto, a em- presa dispõe de algumas opções de dispo- sição. A primeira opção da companhia é a devolução do material para o fornecedor. Se o produto não tiver sido usado, ele será revendido para outro cliente, às vezes num sistema de atacado. Se o produto estiver com a qualidade duvidosa, é vendido para empresas que o comercializam em outros mercados, normalmente no exterior. Se o produto não puder ser vendido do jeito que retornou é realizado um recondicio- namento, conserto ou remanufatura antes que colocá-lo à venda novamente. Existem empresas que não possuem capacitação para recondicionar seus pro- dutos. Nesses casos, essa função é delega- da a firmas terceirizadas especializadas. Em seguida, os produtos são vendidos para mercados secundários com seus pre- ços reduzidos. Se o produto não puder ser recondicionado, por razões diversas, como estrutura danificada do material, condições legais e restrições ambientais, a empresa tentará obter um mínimo preço pelo material. Antes da disposição final em aterros sanitários, todo material apro- veitável será retirado do produto, inclu- 8LOGÍSTICA REVERSA sive para fins de reciclagem. Materiais de embalagem e transporte também são reaproveitados. Os danificados serão re- condicionados para uso. Você sabia? Na Europa, já existe uma lei obrigando as empresas a darem fim ambientalmente correto aos materiais de embalagem dos respectivos produtos. Por esse motivo, diversos estudos são feitos para aproveitar ao máximo os pallets e materiais de manuseio. Quando não há mais chance de reuso, todo o material aproveitável – papelão, aço e madeira – é levado para reciclagem (MASON, 2002). Quando se trata de logística reversa é importante apresentarmos a vocês o conceito de ciclo de vida de um produto. O processo de logística reversa e o conceito de ciclo de vida de um produto Por trás do conceito de logística re- versa está um conceito mais amplo que é o do “ciclo de vida”. A vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não funcionam e devem retornar ao seu pon- to de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados. O ciclo de vida representa as vá- rias fases do mercado - ou seja, o desen- volvimento, a introdução, crescimento, maturidade e declínio - por onde passa a grande maioria bens de consumo. Do ponto de vista da gestão de estoques, o ciclo de vida de um produto é um dos principais comportamentos da demanda, juntamente com a sazonal ou tendência; deve-se considerar a fim de manter o nível de serviço desejado. A teoria econômica clássica diz que um produto depois de uma fase inicial de desenvolvimento, passa por 4 fases: • Introdução: o produto só veio no mercado e ainda é pouco conhecido. • Crescimento: mais e mais clien- tes potenciais estão descobrindo o produto e se tornam clientes. Nes- ta fase, os concorrentes entram no mercado e, finalmente, limitam o crescimento. • Maturidade: ela é alcançada quan- do o crescimento para e as vendas permanecem estáveis, quando um equilíbrio do mercado é encontrado entre o produto e os seus concor- rentes. • Declínio: ocorre quando muitos produtos competitivos entram no mercado e gradualmente declinam as vendas. A decadência pode ser acelerada se o produto for ativamen- te removido do mercado. 9LOGÍSTICA REVERSA A figura a seguir demostra o gráfico de Ciclo de Vida de um produto qualquer. Fonte: Kotler (2000) Tibben-Lembke (2002) e De Britto (2002), ao comentarem sobre o ciclo de vida do produto e a logística reversa, relatam a importância de, ainda na fase de desenvolvimento, ser levado em consideração o modo como se dará o descarte ou o reaproveitamento de peças e partes ao final do ciclo. Bowersox (1986) apresentou, por sua vez, a ideia de “Apoio ao Ciclo de Vida” como um dos objetivos operacionais da logística moderna, referindo-se ao prolonga- mento da logística além do f luxo direto dos materiais e a necessidade de considerar os f luxos reversos de produtos em geral. Do ponto de vista financeiro, além dos custos de compra de matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também outros custos que estão relaciona- dos a todo o gerenciamento do seu f luxo reverso. Do ponto de vista ambiental, esta é uma forma de avaliar qual o impacto de um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida. Esta abordagem sistêmica é fundamental para planejar a utilização dos recursos logísticos de forma a contemplar todas as etapas do ciclo de vida dos produtos. Canais de Distribuição Reversos (CDR’s) Alunos, vamos relembrar inicialmente o conceito de Canal de Distribuição? É o caminho escolhido por uma empresa para fazer seus produtos chegarem aos consumidores certos, no local e no momento exato. Ou seja, canal de distribuição é a área do marketing encarregada de colocar o produto adequado no momento e no local em que ele for necessitado pelos consumidores. 10LOGÍSTICA REVERSA Os canais de distribuição reversos são formados pelas diferentes alterna- tivas e formas de comercialização, que vão desde a captação dos bens de pós- consumo ou dos resíduos industriais até a sua reutilização, como um produto ainda em condições de uso ou através da reciclagem de seus materiais consti- tuintes (BALLOU,1993). O esquema da Figura 3 resume o f luxo dos produtos e materiais, em uma visão ampliada de seus ciclos de vida, com o acrésci- mo da cadeia produtiva reversa e suas principais etapas de comercialização. Introduz a ideia de destino seguro e não seguro dos pós- consumos, bem como explicita as consequências f inais dos descartes não seguros, na sua forma direta ou contaminante e na sua forma indireta provocada pelo acúmulo de pós – consumo. Fonte: Leite (2000) Os canais de distribuição são divididos da seguinte maneira: 11LOGÍSTICA REVERSA Canais de distribuição reversos de bens de pós-venda (CDR-PV) Os canais de distribuição reversos de pós-venda, ou simplesmente logística reversa de pós-venda são caracterizados por devoluções de produtos que por algum motivo não satisfizeram a necessidade do cliente final. Tais produtos são de natu- reza durável, semidurável ou descartável, comercializados por diversos canais de distribuição, e cuja devolução ocorre pela própria cadeia de distribuição direta ou pelo consumidor final (LEITE, 2009). Ainda seguindo o pensamento de Leite (2009), o mesmo afirma que os bens de pós-venda, são caracterizados por apre- sentarem pouco ou nenhum uso, e são devolvidos por razões como erros comer- ciais, falha no processamento de pedidos, garantia dada pelo fabricante, avarias no transporte, defeitos ou falhas de funcio- namento, entre outros. O objetivo da logística reversa de pós-venda é o de reinserir o produto na cadeia produtiva, de forma que sejam agre- gados valores como ordem econômica, ambiental, social e principalmente imagem corporativa. Para Leite (2002) a logística reversa de pós-venda, é uma atividade que vem impactando na fidelização dos clientes, e essa assistência técnica de pós-venda além de fidelizar o cliente, alavanca a imagem e marca empresarial. Estes motivos foram agrupados nas categorias: • Comerciais; • Garantia/Qualidade; e • Substituição de Componentes. A categoria “Comerciais” engloba os retornos contratuais e não contratuais. Re- tornos contratuais abrangem produtos em consignação com retornos programados, substituição para entrada de novos produ- tos, e sazonalidade de produtos. Também há os retornos contratuais de embalagens, classificada em primárias secundáriase de unitização. Existem também os retornos não contratuais, que é quando há devolu- ções por determinado erro do fornecedor em vendas diretas, como por exemplo, e-commerce, erros de expedição, ou tam- bém por reclamações do consumidor final em relação à qual idade do produto, no qual devem ser substituídos. As devoluções são classificadas por “Garantia/Qualidade” quando os produtos apresentam defeitos de fabricação, falhas de funcionamento, avarias e embalagens defeituosas, etc. Tais produtos estão su- jeitos a consertos ou reformas, de modo a retornarem ao mercado primário, ou mercados secundários, agregando valor comercial novamente. No quesito garan- tia, destaca os produtos farmacêuticos em geral, no qual abrangem um alto número do f luxo reverso de produtos. E por fim, na categoria de substitui- ção de componentes, Leite (2002) define: a classificação “Substituição de Compo- nentes” decorre da substituição de com- ponentes de bens duráveis e semiduráveis em manutenções e consertos ao longo de sua vida útil e que são remanufaturados, 12LOGÍSTICA REVERSA quando tecnicamente possível, e retornam ao mercado primário ou secundário, ou são enviados à reciclagem ou para um destino final, na impossibilidade de reaproveita- mento. Existem inúmeras formas e cami- nhos diferentes possíveis na logística re- versa dos bens de pós-venda, que deverão ser examinados e destinados a um canal reverso de melhor acréscimo de valor mo- netário ou de outra natureza pretendido pelas organizações agentes desses f luxos. A devolução por defeitos ou qua- lidade requer decisões técnicas em um dos elos da cadeia de distribuição direta, assim será definido o destino dos bens, no qual poderão ser dirigidos ao mercado secundário, processos de remanufatura ou reforma, reciclagem de materiais consti- tuintes, ou a um dos sistemas de disposição final apropriados. Dentre os destinos mais comuns de retorno, estão a venda no mercado primá- rio, que, por motivos comerciais, em geral os produtos conservam integralmente suas características de novos, tanto produto como embalagem, sendo assim, podem alcançar os mesmos preços dos originais no mercado. Já a venda no mercado secundário tem como característica os produtos que não retornam pela cadeia de distribuição direta por motivos de revalorização eco- nômica de mercadorias excedentes em fim de estação, ou em casos de mercadorias que passaram por reformas e retornaram ao mercado de reposição de peças ou se- cundário. No quesito doação, Leite (2009) cita que normalmente é o destino de produtos retornados quando existe interesse de fi- xação da imagem por parte do fabricante e em geral é associada a produtos com certo grau de obsolescência. Trata-se de um caso muito comum no setor de computadores, que possuem vida média útil muito curta, mas apresentam interesse no mesmo país ou em outros países mais necessitados. O destino de desmanche tem como característica produtos sem condições de funcionamento, no qual existem valores em seus componentes. Empresas arre- matam produtos nessas condições, e os componentes são enviados ao mercado secundário de peças, ou passam por um processo de remanufatura (LEITE, 2009). Após o processo de desmanche, ocorre o processo de “Remanufatura”, quando os componentes do desmanche apresentam defeitos e devem ser remanufaturados para serem encaminhados ao mercado secun- dário. Há também o destino reciclagem industrial, no qual empresas especializadas reciclam parte da estrutura dos bens cons- tituintes do produto. E o ultimo destino é a disposição final do produto, quando não há solução de agregar valor de qualquer natureza. Esses produtos “são destinados a aterros sanitários ou ao processo de in- cineração, dependendo das peculiaridades de cada país ou região”. O objetivo estratégico do retorno de bens de pós-venda é planejar a operação reversa, cuidar do retorno dos bens de pós- -venda, e controlar o f luxo nesses canais 13LOGÍSTICA REVERSA reversos, visando agregar valor de alguma natureza (LEITE, 2009). Os objetivos mais notórios é o modo de recuperar valor econômico nos bens, busca da competi- tividade por meio da diferenciação dos serviços, e objetivo legal de retorno de produtos de pós-venda. • Objetivo econômico da logística reversa de pós-venda: O objetivo econômico da logística reversa de pós-venda, é o ato de recaptu- rar nos bens, valor financeiro de alguma maneira (LEITE, 2009). No Brasil, as empresas de diversos setores chegam a ter devolução de 5% a 10% dos produtos que colocam no merca- do, o que no caso específico da logística reversa de pós-venda, movimenta R$ 16 bilhões/ano e há atividades, como mer- cado editorial, em que até 50% de tudo que é colocado no mercado é de alguma forma, devolvido às companhias. O custo do pós-venda no Brasil equivale a cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, indicam estimativas do setor (GUARNIERI, 2011). O objetivo estratégico econômico na Logística reversa de Pós-Venda evi- dencia-se, por exemplo, na comerciali- zação de saldos ao final de estação ou de promoções de vendas no varejo que serão comercializados em mercados secundários de ponta de estoques. A redistribuição pro- veniente de excesso de estoques em canais propicia excelentes resultados econômicos quando direcionados às regiões de melhor giro, tanto no mercado nacional como em mercados internacionais, aproveitando a diferença de estações climáticas entre he- misférios. • Objetivo da competitividade dos bens e prestações de serviços na logística reversa de pós-venda: A logística reversa de pós-venda agrega valor para os clientes, reduzindo os estoques excedentes das lojas de varejo, estoques de produtos devolvidos, possibili- tando que os varejistas mantenham maior espaço de loja para produtos de alto giro. A manutenção dos clientes depende muito da diferenciação na prestação de serviços antes, durante e após a venda. Para Leite (2009), serviços antes da venda permitem a compreensão de todas as fun- cionalidades do produto. Serviços durante a venda, nada mais são que o atendimento durante a venda, e serviços de pós-venda, é caracterizado por atendimento ao con- sumidor, tais como garantia do produto, assistência técnica de pós-venda. • Objetivo legal de retorno de pro- dutos de pós-venda: Com o aumento da quantidade e diferenciação nos produtos, houve um au- mento notório nas preocupações entre o relacionamento fornecedor e cliente. Com base, legislações vieram para proteção do consumidor final. As regulamentações para o pós-ven- da de produtos, garantem as informações adequadas durante todo processo de com- pra, referente a consertos e reparos de pro- dutos e componentes, trocas e devoluções, prazo de validade de produtos, entre outros 14LOGÍSTICA REVERSA casos. Leite (2002) ainda define servi- ços de pós-venda como “Regulamentação sobre as informações dos serviços, sobre prazos de reparos e consertos, sobre con- teúdo da assistência técnica etc.”. A Tabela a seguir mostra o per- centual de retorno em alguns ramos de negócio. Ramo de atividade Porcentagem média de retorno Editores de revistas 50% Editores de livros 20 – 30% Distribuidores de livros 10 – 20% Distribuidores de eletrônicos 10 – 12% Fabricantes de computadores 10 – 20% Fabricantes de CD- ROMs 18 – 25% Impressoras 4 – 8% Autopeças para a indústria automotiva 4 – 6% Canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo (CDR-PC) Segundo Guarnieri (2005) a lo- gística reversa de pós-consumo se ca- racteriza pelo planejamento, controle e disposição f inal dos bens de pós-con- sumo, que são aqueles bens que estão no f inal de sua vida útil, devido ao uso. Essa vida útil pode ser prolongada se outras pessoas virem neste mesmo bem, outras utilidades o mantendo em uso por um determinado tempo, após isso esse bem é destinado à coleta de lixo urbano, podendo ser reciclado ou simplesmentedepositado em aterros sanitários, causando sérios impactos ao meio ambiente. Pela ótica de Leite (2003) esses bens ou materiais transformam-se em produtos denominados de pós-consumo e podem ser enviados a destinos f inais tradicionais, como a incineração ou os aterros sanitários, considerados meios seguros de estocagem e eliminação, ou retornar ao ciclo produtivo por meio de canais de desmanche, reciclagem ou reuso em uma extensão de sua vida útil. Essas alternativas de retorno ao ciclo produtivo, constituem-se na princi- pal preocupação do estudo da logística reversa e dos canais de distribuição reversos de pós-consumo. Em algum momento os bens pro- duzidos serão de pós consumo, portan- to é necessário que se viabilizem meios controlados para o descarte desses bens no meio ambiente. Esses produtos po- dem ter uma disposição f inal segura ou insegura, dependendo de como for descartado. A disposição f inal segura é o desembaraço dos bens usando-se um meio controlado que não danif ique, de alguma maneira, o meio ambiente e que não atinja, direta ou indireta- mente, a sociedade. Já a disposição não segura é o desembaraço dos bens 15LOGÍSTICA REVERSA de maneira não controlada, tal como em locais impróprios (terrenos baldios, riachos, rios, mares, lixões, etc.), em quantidades indevidas. • O sistema de reciclagem agre- ga valor econômico, ecológico e logístico aos bens de pós-consu- mo, criando condições para que o material seja reintegrado ao ciclo produtivo e substituindo as maté- rias-primas novas, gerando uma economia reversa. Este canal tem obtido cada vez maior visibilida- de, não só no setor empresarial, mas também com a população que vislumbrou uma oportuni- dade para fazer renda. Esse pro- cesso envolve a coleta e seleção do material, sua preparação para o reaproveitamento e o retorno deste ao processo produtivo sob forma de matéria-prima. • O sistema de reuso agrega va- lor de reutil ização ao bem de pós-consumo. Os produtos que ainda apresentam condições de utilização podem destinar-se ao mercado de segunda mão, sendo comercializados diversas vezes até atingir seu f im de vida útil. • O sistema de incineração agrega valor econômico, pela transfor- mação dos resíduos em energia elétrica. • O canal de desmanche, é def i- nido por Leite (2003) como um sistema de revalorização de um produto durável de pós-consumo que, após sua coleta, sofre um processo industrial de desmon- tagem no qual seus componentes em condições de uso ou de rema- nufatura são separados de partes ou materiais para os quais não existem condições de revaloriza- ção, mas que ainda são passíveis de reciclagem industrial. 16LOGÍSTICA REVERSA Para detalhar o processo de retorno ao ciclo de ne- gócio de um bem pós-consumo, a Figura 4 ilustra os di- ferentes caminhos que um bem percorre logo após o seu descarte. O produto pós-consumo pode ser classif icado como em condições de uso, f im de vida útil, e resíduos industriais. Um produto considerado em condições de uso apre- senta interesse de reutilização. Ele irá entrar no canal reverso do reuso e será negociado por um valor reduzido no mercado de segunda mão. Esse ciclo terminará quando o produto chegar no seu f im de vida útil. Produtos considerados em f im de vida útil terão a classif icação de duráveis e descartáveis. Os bens duráveis entrarão no canal reverso de desmontagem, através da eta- pa desmanche. Se os componentes forem reaproveitáveis, entrarão no processo de remanufatura, e serão negociados no mercado secundário de componentes, ou retornarão para a própria indústria. Caso não exista possibilidade de remanufatura, serão enviados para a reciclagem industrial. Fonte: Adaptado de Leite (2003) 17LOGÍSTICA REVERSA Ciclos Reversos abertos e fechados Uma parcela dos bens produzi- dos será considerada em f im de vida útil em dado momento e terá parte de seus materiais constituintes re- aproveitados, através de reciclagem industria l dos seus materiais cons- tituintes, podendo ser reintegrados ao ciclo produtivo na fabricação de um produto similar ao que lhe deu origem ou a um produto distinto. Em função desta diferença distingue-se duas categorias de ciclos reversos de retorno ao ciclo produtivo: Canais de Distribuição reversos de ciclo aberto e fechado (LEITE, 2000) Canais de Distribuição Rever- sos de Ciclo Aberto: Estes CDR’s são constituídos pelas diversas etapas de retorno dos materiais constituintes dos produtos de pós – consumo, tais como os metais, plásticos, vidros, papéis, etc., que são extraídos de diferentes produtos visando a sua reintegração ao ciclo produtivo substituindo ma- térias-primas novas na elaboração de produtos diferentes daqueles dos quais os materiais foram extraídos. Canais de Distribuição Reversos de Ciclo Fechado: Estes CDR’s são constituídos por diversas etapas de retorno de produtos de pós–consumo, tais como latas de alumínio, latas de aço, baterias de automóvel, etc., dos quais são extraídos seus materia is constituintes principais para serem reintegrados na fabricação de um pro- duto similar ao de origem. O f luxograma da Figura 5 apre- senta com maior detalhe as etapas de um CDR, observando-se que os bens semiduráveis, com tempo de vida útil intermediária entre os bens duráveis e descartáveis, constituem CDR’s com características ora de um bem durável ora de um bem descartável. O esquema destaca as principais fontes primárias de pós–consumo: os diversos tipos de coletas, os resíduos industriais e o des- manche de bens duráveis. Evidencia ainda as quatro etapas principais de retorno de uma parcela dos bens ao ciclo produtivo: Coleta do pós–con- sumo; Processamento Intermediários; Reciclagem Industrial e Reintegração ao Ciclo Produtivo. 18LOGÍSTICA REVERSA Fonte: Leite (1998). Revista Tecnológica (adaptado) 19LOGÍSTICA REVERSA Vantagens da utilização da logística reversa • Redução de custos: Fleury et all (2003), elenca a redução de custos como importante justificativa para que as empresas tomem iniciativas relacionadas à logística reversa, uma vez que economias com a utilização de emba- lagens retornáveis ou com o reaproveita- mento de materiais para a produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. • Serviço diferenciado: Outra vantagem, para Guarnieri (2005), é a diferenciação por serviço que a logística reversa proporciona, uma vez que atualmente, os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que possuem políticas mais liberais de retorno de produtos. Esta é uma vantagem per- cebida onde os fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela existência de pro- dutos danificados. Isto envolve, é claro, uma estrutura para recebimento, classi- ficação e expedição de produtos retorna- dos. Esta é uma tendência que se reforça pela existência de legislação de defesa dos consumidores, garantindo-lhes o direito de devolução ou troca. • Legislação ambiental: Outra importante questão levantada por Fleury et all (2003) é de que existe uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, significando que esta deverá ser legalmente responsável pelo destino de seu produto após a entrega aos clientes e pelo seu im- pacto no meio ambiente. • Consciência ecológica Os consumidores esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente, o que tem gerado ações por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público uma imagem institucional “ecologicamente correta”. • Boa imagem corporativa: Muitas empresas utilizam a logística reversa para melhorar sua imagem diante do público. Os estudos são utilizados para eventos de filantropia. Um exemplo disso foi o caso da empresa americana Hanna Abdersson, vendedora de roupas infantis. A proposta da campanha era a doação de roupas usadasda Hanna, com o benefício de redução em 20% na compra de roupas novas. Com enorme sucesso, em 1996, ela conseguiu retornar 133.000 peças de rou- pas, que foram rapidamente distribuídas para entidades carentes. A Nike também encorajou seus clientes a doarem tênis usa- dos nos locais onde foram comprados. Ao invés de oferecerem descontos, a empre- sa triturou os tênis e utilizou o material reciclado na construção de quadras de basquete e pistas de corrida. Por meio de doações, a companhia mantinha as quadras em bom estado de conservação. Gerenciar esse tipo de logística reversa é custoso, 20LOGÍSTICA REVERSA porém aumenta o prestígio da empresa perante a sociedade. Por isso, esse tipo de estudo pode ser usado como excelente ferramenta de estratégica de marketing. • Melhoria no f luxo entre os canais: As competências da logística rever- sa sempre ajudam no gerenciamento dos estoques dos clientes. Assim, quanto mais eficiente for o estoque, menor será o ca- pital empregado, portanto mais produtos a firma poderá adquirir. Companhias de automóveis geralmente possuem políticas de retorno liberais. Elas possuem sistemas amplos de logística reversa, com vários ca- nais de distribuição reversa. Dessa forma, é possível retornar peças para os fornece- dores. Essas peças geralmente são rema- nufaturadas e tem seus valores aumentados e reagregados ao ciclo de negócio. Além disso, a comunicação entre os atores dos diversos canais fica muito facilitada. Se determinados componentes não estão em alta no mercado eles poderão ser identi- ficados, trocados, aumentando as vendas e agradando o consumidor. Essas vantagens exemplificam uma forma de ganho de vantagem competitiva através das ações adotadas pelas empre- sas frente aos seus concorrentes e a ga- rantia sistemática de retorno de produtos que fidelizam os clientes, porém, deve ser adaptada à realidade de cada organi- zação de modo que atenda aos objetivos estabelecidos, como também proporcionar maior credibilidade, atingindo de forma positiva o nicho de mercado desejado. A utilização de estratégias logísticas dentro do ambiente empresarial pode ser efetuada de diferentes maneiras, considerando o perfil e características da empresa em que se irá trabalhar. Fatores críticos que influenciam a eficiência do processo de logística reversa A eficiência do processo de logística reversa depende de como ele é planejado e controlado. Alguns dos fatores identi- ficados como sendo críticos e que contri- buem positivamente para o desempenho do sistema de logística reversa são: • Bons controles de entrada: No início do processo de logística reversa é preciso identificar corretamente o estado dos materiais que retornam para que estes possam seguir o f luxo reverso correto. Por exemplo, identificando produ- tos que poderão ser revendidos, produtos que poderão ser recondicionados ou que terão que ser totalmente reciclados. Sistemas de logística reversa que não possuem bons controles de entrada dificultam todo o processo subsequen- te, gerando retrabalho. Podem também ser fonte de atritos entre fornecedores e clientes pela falta de confiança sobre as causas dos retornos. • Processos padronizados e mapeados: Uma das maiores dificuldades na lo- gística reversa é que ela é tratada como um processo esporádico, contingencial e não como um processo regular. Ter processos corretamente mapeados e procedimentos formalizados é condição fundamental para se obter controle e conseguir melhorias. 21LOGÍSTICA REVERSA • Tempo de ciclo reduzidos: Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de pro- dutos e seu efetivo processamento. Tempos de ciclos longos adicionam custos des- necessários porque atrasam a geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros aspectos. Fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de entrada ineficientes, falta de estrutura (equipamentos, pessoas) dedicada ao f luxo reverso e falta de proce- dimentos claros para tratar as "exceções" que são, na verdade, bastante frequentes. • Sistemas de informação: A capacidade de rastreamento de retornos, medição dos tempos de ciclo, medição do desempenho de fornecedo- res (avarias nos produtos, por exemplo) permite obter informação crucial para negociação, melhoria de desempenho e identificação de abusos dos consumidores no retorno de produtos. Construir ou mes- mo adquirir estes sistemas de informação é um grande desafio. • Rede logística planejada: Da mesma forma que no processo logístico direto, a implementação de pro- cessos logísticos reversos requer a definição de uma infraestrutura logística adequada para lidar com os f luxos de entrada de materiais usados e f luxos de saída de ma- teriais processados. • Relações colaborativas entre clientes e fornecedores: No contexto dos f luxos reversos que existem entre varejistas e indústrias, onde ocorrem devoluções causadas por produtos danificados, surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes envolvidas. São comuns conflitos relacionados à interpretação de quem é a responsabilidade sobre os danos causados aos produtos. 22LOGÍSTICA REVERSA Diferenças entre logística direta e logística reversa Na visão de Christopher (1999) e Kalenatic et al. (2011), a logística direta baseia-se na trilogia: companhia, clientes e concorrentes, gerenciando recursos e proporcionando superioridade duradou- ra para preferência dos consumidores. Já na logística reversa, Picinin et al. (2010) destaca “a capacidade de as organizações utilizarem com eficiência os recursos técnicos e humanos e prever e responder às mudanças ambientais são fatores im- portantes na conquista e manutenção da vantagem competitiva, objetivando ganho de mercado”. Ballou (2001) e Krikke (2006) apre- sentam algumas diferenças entre logística direta e logística reversa. • Na logística direta os produtos são puxados, enquanto na logística re- versa existe uma combinação entre puxar e empurrar os produtos na cadeia de suprimentos. • Os f luxos diretos da logística são basicamente divergentes, enquanto os f luxos reversos podem ser forte- mente convergentes e divergentes ao mesmo tempo. • Os f luxos de retorno seguem um diagrama de processamento pré- -def inido, no qual os produtos descartados são transformados em produtos secundários, componentes e materiais. No f luxo normal, esta transformação acontece em uma unidade de produção que serve como fornecedora de rede. • Herrera et al. (2006); Stock (2008) afirmam que as atividades reversas da logística devem ser coordenadas com funções dentro da empresa tal como a produção, o marketing, os sistemas de informação e a própria logística direta. • No entendimento de Lacerda (2002) o processo logístico direto e rever- so é bastante semelhante quanto ao ciclo, em que, no direto, os mate- riais novos entram na cadeia de su- primento, passam pelo processo de produção e distribuição. No reverso, são os materiais reaproveitados que entram na cadeia de suprimento e passam pelo processo de produção e distribuição. Na ótica do autor, o ciclo logístico direto e reverso é basicamente formado por: compras, transformação, marketing e ciclo reverso. O mesmo autor salienta que as ati- vidades do processo logístico reverso con- sistem em coletar, embalar e expedir. A partir disso, a empresa analisa o destino de cada material de acordo com as condições em que o mesmo se encontra, podendo, então, retornar ao fornecedor, revender, recondicionar, reciclar ou simplesmente descartar. Os diversos lançamentos de inova- ções no mercado criam um alto nível de obsolescência dos produtos, reduzindo o ciclo de vida, com claras tendências de descarte. Porém, o descarte do produto deve ser a última opção a ser analisada, de 23LOGÍSTICA REVERSA modo que cada descarte inadequado im- plica em um impacto ambientala ser con- siderado. A logística reversa proporciona oportunidades competitivas que, na ótica de Leite (2009), essas bases de vantagens competitivas duradouras e sustentáveis residem em diferenças no comportamento estratégico de cada empresa. Em resumo podemos dizer que a logística reversa complementa a logística tradicional, pois enquanto a última tem o papel de levar produtos dos fornecedores até os clientes intermediários ou finais, a logística reversa deve completar o ciclo, trazendo de volta os produtos já utilizados dos diferentes pontos de consumo a sua origem (LACERDA, 2002). Resumo Cap 01: A Logística Reversa é a área da logística empresarial que atua de forma a gerenciar e operacionalizar o retorno de bens e materiais, após sua venda e con- sumo, às suas origens, agregando valor aos mesmos. O ciclo de vida representa as vá- rias fases do mercado - ou seja, o desen- volvimento, a introdução, crescimento, maturidade e declínio - por onde passa a grande maioria bens de consumo. • Canais de distribuição diretos: res- ponsáveis pela comercialização e entrega de produtos ao consumidor ou cliente final. • Canais de distribuição reversos: constituem todas as etapas ou meios necessários para o retorno de uma parcela dos produtos comerciali- zados. 24LOGÍSTICA REVERSA Possíveis motivos de retorno: de- feitos de fabricação, prazo de validade vencido, ciclo de vida útil encerrado, re- aproveitamento de embalagens, outros motivos. • Canais de distribuição reversos pós-venda: sem uso ou com pou- co uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de suprimentos. Esses pro- dutos retornam por vários motivos, sejam eles comerciais, por erro no momento da emissão do pedido, garantia, defeitos de fabricação, de funcionamento ou até por danos causados no transporte. • Canais de distribuição reversos pós- -consumo: referem-se àqueles que encerram sua vida útil e que po- dem ser enviados a destinos finais tradicionais como a incineração ou aterros sanitários, ou retornar ao ciclo produtivo por meio de canais de desmanche, reciclagem e reuso em uma extensão de sua vida útil. • Reciclagem: Processo de reciclagem envolve vá- rias etapas: * Coleta de material ou produto * Seleção do item que será reapro- veitado * Preparação para reaproveitamento * Processo industrial * Retorno ao processo produtivo (ma- téria-prima). • Reuso: Diz respeito à reutilização de pro- dutos ou materiais classif icados como bens duráveis, cuja vida útil estende-se por vários anos. • Desmanche: O processo de desmanche é típico de bens de pós-consumo duráveis, geral- mente veículos e máquinas de diversos tipos. Vantagens da utilização da logística reversa: Redução de custos, serviço diferen- ciado, cumprimento de legislação ambien- tal, consciência ecológica, boa imagem corporativa, melhoria no f luxo entre os canais. Dentre os fatores críticos que in- f luenciam a eficiência do processo de logística reversa estão: bom controle de entradas, padronização e mapeamento de processos, redução de tempos de ciclos, sistemas de informação eficazes, planeja- mento da rede de logística e relações co- laborativas entre clientes e fornecedores. 25LOGÍSTICA REVERSA Exercícios Cap. 01: 1) Uma empresa está em processo de seleção de novos fornecedores. Além dos elementos tradicionais que influem na se- leção de um fornecedor (HABILIDADE TÉCNICA, CONFIABILIDADE, LO- CALIZAÇÃO, PREÇO, QUALIDADE ETC.), o gerente de logística determinou que os seus futuros fornecedores atendam aos Princípios da sustentabilidade ambien- tal por meio da diminuição dos Impactos Ambientais causados pelas atividades da logística, como por exemplo, a redução da emissão de CO2 e do consumo de com- bustíveis e o uso de biocombustível. Esses novos requisitos para seleção dos futuros fornecedores da empresa estão relaciona- dos com o (a): a) Logística direta. b) Logística reversa. c) Cross-docking. d) Tempo de resuprimento. e) Logística urbana. 2) Os bens industriais classifica- dos como duráveis ou semiduráveis, após seu desembaraço pelo primeiro possuidor, tornam-se produtos de pós-consumo. Ba- seado nessa informação podemos afirmar que dentre as opções abaixo a INCOR- RETA é: a) Nos casos em que ainda apre- sentam condições de utilização podem destinar-se ao mercado de segunda mão, sendo comercializados diversas vezes até atingir seu fim de vida útil. b) Após os bens atingirem seu efe- tivo fim de vida útil, e nessa categoria de pós-consumo incluem-se os produtos descartáveis que apresentam vida útil de algumas semanas, o f luxo reverso desses bens por meio de dois grandes sistemas de canais reversos de revalorização: o canal reverso de 'desmanche' e o de reciclagem são os mais utilizados. c) O reuso e a reciclagem sempre é possível, independente das condições do produto descartado, seja de um canal reverso de pós consumo, seja de um canal de pós-venda. d) O reuso é a principal caracte- rística oferecida pelos canais reversos de pós-venda. e) No caso dos veículos em geral, os canais reversos de 'reuso' são definidos como aqueles em que se têm a extensão do uso de um produto de pós-consumo, com a mesma função para a qual foi original- mente concebido, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura. 3) É recente a preocupação dessas disciplinas (Marketing e Logística) com relação aos canais de distribuição reversos, ou seja, as etapas, as formas e os meios em que uma parcela desses produtos, com pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após extinta a sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de ne- gócios, readquirindo valor em mercados secundários pelo reuso ou pela reciclagem de seus materiais constituintes 26LOGÍSTICA REVERSA A partir do texto acima, julgue as seguintes afirmações: A preocupação do Marketing e da Logística com relação aos canais de distri- buição reversos se justifica pela oportuni- dade dos ganhos econômicos envolvidos, PORQUE com a logística reversa esses produ- tos, com pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após extinta a sua vida útil, não retornam ao ciclo produtivo ou de negócios. a) Tanto a primeira como a segunda afirmação são falsas. b) A primeira afirmação é uma pro- posição falsa e a segunda é uma proposição verdadeira. c) As duas afirmações são ver- dadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira. d) As duas afirmações são verdadei- ras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. e) A primeira af irmação é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa. 4) Enquanto nos canais de distri- buição reversos de pós-consumo, os bens sofreram utilização, nos canais reversos de pós-venda, os bens sofreram pouca ou nenhuma utilização. Podemos comple- mentar esta afirmação sobre os canais re- versos com a seguinte afirmação abaixo: a) A logística reversa de pós-consu- mo caracteriza-se pela expiração de prazo de validade, falhas na qualidade, entrega fora do prazo, danos durante o transporte, erros comerciais ou fiscais. b) Expiração de prazo de valida- de, falhas na qualidade, entrega fora do prazo, danos durante o transporte, erros comerciais ou fiscais, não estão entre os problemas que dão origem à logística re- versa de pós-venda. c) Expiração de prazo de valida- de, falhas na qualidade, entrega fora do prazo, danos durante o transporte, erros comerciais ou fiscais, estão entre os pro- blemas que dão origem à logística reversa de pós-consumo. d) A logística reversa de pós-consu- mo caracteriza-se pela reutilização, pela revenda como subproduto ou produto de segunda linha e pela reciclagem de bens que são devolvidos pelos clientes, por pro- blemas diversos. e) A logística reversa de pós-ven- da caracteriza-se pela reutilização, pela revenda como subproduto ou produto de segunda linha e pela reciclagem de bens que são devolvidos pelosclientes, por pro- blemas diversos. 5) A caracterização de logística re- versa de pós-venda se dá quando há reu- tilização, a revenda como sub-produto ou produto de segunda linha e a reciclagem de bens que são devolvidos pelos clientes, por algum problema como os citados abaixo: 27LOGÍSTICA REVERSA I - O produto sofreu uma avaria durante o transporte até o cliente. II - O produto não apresenta mais condição de uso por desgaste. III - O produto não foi vendido e seu prazo de validade venceu. IV - O produto apresentou problema de qualidade. Está(ao) correta(s) APENAS a(s) afirmação(ões): a) I, II e IV b) I, II, III e IV c) II, III e IV d) I, II e III e) I, III e IV 6) Dentre as opções a seguir que abordam características de canais reversos de pós-venda, aponte a que está COR- RETA: a) Televisores e baterias são bens de pós-venda. b) A incineração é sempre uma dis- posição final ideal para os produtos de pós-vendas. c) Os itens de pós-venda se carac- terizam pela reutilização. d) Economicamente um canal rever- so de pós-venda é tão importante como um canal direto de venda. e) A Reciclagem é um processo de bens de pós-venda. 7) A caracterização de logística re- versa de pós-venda se dá quando há reu- tilização, a revenda como sub-produto ou produto de segunda linha e a reciclagem de bens que são devolvidos pelos clientes, por um problema que pode ser: Marque a alternativa INCORRETA. a) Danos sofridos durante o trans- porte. b) Expiração do prazo de validade; c) Entrega fora do prazo; d) Falha na qualidade do produto. e) Mau uso do produto; 8) Dois aspectos são fundamentais para caracterizar a Logística Reversa de Pós-Venda: a reutilização e a reciclagem. Quanto a reciclagem, podemos afirmar que: a) É a produção de resíduos na ori- gem é um dos pontos fundamentais de uma boa estratégia. b) É a prática que visa estabelecer somente uma relação mais harmônica entre consumidor e Meio Ambiente. c) É o reaproveitamento de materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto ou matéria. 28LOGÍSTICA REVERSA d) O consumo consciente é impor- tante não é bom para o funcionamento das finanças domésticas e) É o reaproveitamento de um de- terminado material já beneficiado em ou- tro, com características diferentes. 9) Aprendemos que os canais lo- gísticos reversos podem ser de pós-venda ou de pós-consumo. Para estabelecer cla- ramente a diferença entre eles, podemos afirmar que: a) Enquanto nos canais de distri- buição reversos de pós-consumo, os bens não sofreram utilização, nos canais rever- sos de pós-venda, os bens sofreram muita utilização. b) Enquanto nos canais de distri- buição reversos de pós-consumo, os bens sofreram utilização, nos canais reversos de pós-venda, os bens sofreram intensa utilização. c) Enquanto nos canais de distribui- ção reversos de pós-consumo os bens sofre- ram maior utilização, nos canais reversos de pós-venda os bens sofreram pouca ou nenhuma utilização. d) Enquanto nos canais de distribui- ção reversos de pós-venda, os bens sofre- ram maior utilização, nos canais reversos de pós-consumo, os bens sofreram pouca ou nenhuma utilização. e) Enquanto nos canais de distribui- ção reversos de pós-consumo, os bens não sofreram utilização, nos canais reversos de pós-venda, os bens sofreram pouca ou nenhuma utilização. 10) Os impactos ambientais das ati- vidades empresariais, como resíduos e lixo, podem ser administrados nas organizações com iniciativas de logística reversa. A LR não é apenas uma prática ambiental a fim de recolher resíduos para sua reutilização como novas matérias-primas. Inclui tam- bém o tratamento e o acompanhamento final de rejeitos de maneira apropriada. LEITE, 2003 (adaptado). Considerando o texto acima, avalie as afirmativas a seguir e marque as que estão corretas: I) A logística de pós-venda é carac- terizada pelo recolhimento dos resíduos dos produtos da empresa junto aos consu- midores, tais como embalagens de plástico e caixas de papelão, e sua destinação. II) A logística de pós-consumo é ca- racterizada pela gestão dos produtos após terem sido utilizados pelo consumidor, tais como lâmpadas e baterias. III) Os comportamentos não lucra- tivos são provenientes da gestão dos f luxos reversos, que admitem a concepção de um novo f luxo de matérias-primas advindas das etapas de pós consumo e/ou pós-venda. a) III, apenas. b) I E II, apenas. c) I, apenas. d) II E III, apenas. 29LOGÍSTICA REVERSA e) I, II E III. 11) A redução do ciclo de vida dos produtos traz algumas consequências: Aponte a alternativa INCORRETA a) Tendência a que os produtos du- ráveis se tornem semiduráveis e os semi- duráveis se tornem descartáveis b) Aumento do volume dos produ- tos de pós-consumo que exaure os meios tradicionais de disposição final (aterros sanitários, incineração e lixões ) c) Consequente aumento das quan- tidades de produtos devolvidos nas cadeias reversas de pós-venda. d) Aumento na quantidade de itens a ser manipulada nos canais de distribuição diretos, exigindo giros de estoque cres- centes. e) Aumento na quantidade de itens a ser manipulada nos canais de distribui- ção diretos, exigindo menores giros de estoque . 12) Os canais de distribuição rever- sos cresceram com a consciência ecológica e a dimensão finita dos insumos necessá- rios à produção de bens. Ganhou foco o desenvolvimento dos canais de distribuição reversos que podem ser divididos em duas categorias: os de pós-consumo e de pós- -vendas. Sendo que o de pós-consumo são subdivididos em três subsistemas reversos assim identificados: a) Canais reversos de Bens Semi- duráveis; Canais reversos de Materiais Secundários e de Materiais Terciários; b) Canais reversos de Reciclagem; Canais reversos de Sólidos e de Bens Du- ráveis; c) Canais reversos de Resíduos; Ca- nais reversos de Sólidos e de Líquidos; d) Canais reversos de Reuso; Canais reversos de Remanufatura e de Recicla- gem; e) Canais reversos de Revalorizados; Canais reversos de Reaproveitáveis e de Cadeia Indireta; 13) NÃO é característica da Logís- tica Reversa pós-consumo: a) Recolhimento para reciclagem de latinhas de cerveja; b) Recolhimento de produto em fim de vida útil; c) Recolhimento do produto defei- tuoso; d) Fluxo de retorno dos produtos após consumo; e) Reaproveitamento de resíduo in- dustrial; 14) Analise as afirmativas e respon- da à questão a seguir: I. O cliente adquiriu um produto e não gostou por razões comerciais; II. No ato da aquisição houve erros nos processamentos dos pedidos; 30LOGÍSTICA REVERSA III. Houve algum defeito ou avaria no período de garantia dada pelo fabri- cante; IV. Após a aquisição de um produto e dentro do período de troca, aconteceram defeitos ou falhas de funcionamento no produto. Nessas situações descritas, qual é a estratégia logística utilizada para resol- vê-las? a) Logística estratégica b) Logística reversa de pós-vendas c) Logística sustentável d) Logística verde e) Logística de distribuição 31LOGÍSTICA REVERSA LOGÍSTICA REVERSA E O MEIO AMBIENTE É notório que a sociedade se preocupa cada vez mais com o equilíbrio ambiental. O aumento de produtos descartados e a falta de canais de distribuição reversos vêm gerando um desequilíbrio entre a quantidade de produtos descartados e reaproveitados. Antigamente, as empresas pensavam na logística reversa como um problema estritamente ambiental. Hoje, elas estão interessadas na logística reversa por planejar o retorno dos materiais aos fornecedores. Entretanto, num futuro próximo, as decisões sobre a logística reversa serão profundamente influenciadas pelos estudos de impactos no meio ambiente (Rogers & Tibben-Lembke, 1998). 32LOGÍSTICA REVERSA Meio ambiente: uma preocupação crescente Caro aluno, provavelmente hoje você compre algum produto com uma maior sensibilidade com o meio ambientes de comoo fazia a 10 anos atrás, por exemplo. É cada vez mais comum o consumidor se preocupar com a origem daquilo que está consumindo e dar preferência àquilo que gerou menor impacto possível na natureza. Isso se deve a um nível maior de informa- ção ou a uma intensidade e proximidade dos problemas advindos destas agressões. Podemos afirmar que entre as diferentes variáveis que afetam o ambiente dos negó- cios, a preocupação ecológica da sociedade tem ganho um destaque significativo em face de sua relevância para a qualidade de vida das populações A descoberta de um novo nicho de interesse e de oportunidades de marketing, a chamada primeira “onda do verde ”, que caracterizou os anos 70, criou em poucos anos um certo exagero no uso de argumen- tos ambientais em publicidade, de veraci- dade nem sempre comprovada, levando o consumidor a desconfianças justificadas, além de trazer à tona a teoria do “limite do crescimento”. A segunda “onda do verde”, que caracteriza os anos 90, abandona parte do romantismo até então e adota as ideias do desenvolvimento sustentável e outras concepções mais objetivas que permitem a convivência entre o desenvolvimento econômico e o meio ambiente. (Lozada e Mintu-Wimsatt, 1995). De modo recente esta “visibilidade” ecológica é enfatizada pelas dificuldades das sociedades em equacionar o desem- baraço dos bens produzidos, em larga es- cala, com ciclos de vida cada vez mais curtos e com valores residuais que não apresentam interesse de conserto. Con- forme Leite (1998): eletrodomésticos, automóveis, computadores, embalagens, telecomunicações, etc., têm seus custos reduzidos e uma obsolescência acelerada, gerando produtos de ciclo de vida cada vez mais curtos. As quantidades de bens descartadas pela sociedade têm aumentado fortemente nas grandes metrópoles e nas últimas déca- das, esgotando as capacidades dos sistemas de disposição final tradicionais dos bens de pós–consumo, os aterros de diversas classificações e a incineração, obrigando a um novo equacionamento para estes ma- teriais, aumentando os custos ecológicos a serem pagos pela sociedade. (Cornwell e Schwepker, 1995) Podemos trazer os seguintes exem- plos que evidenciam o crescente aumento de interesse por parte das empresas em logística reversa, como cita Pohlen et al. (1992). • Custos dos aterros sanitários cres- ceram consideravelmente nos úl- timos anos e tendem a continuar crescendo; • Muitos produtos já não podem ser aterrados devidos às legislações vi- gentes. • Considerações econômicas e am- bientais têm forçado as firmas a reutilizarem materiais de manuseio 33LOGÍSTICA REVERSA como pallets, embalagens e outros materiais. • Novas leis estão obrigando empresas a darem um fim ambientalmente correto aos produtos que chegarem no fim de vida útil, ou que são uti- lizados durante o processo de pro- dução e depois descartados. • A disposição de produtos descar- tados está cada vez mais controla- da pelas autoridades. O tradicional método de empilhar lixos em terre- nos abertos já não ocorre da mesma forma. Legislações cada vez mais rigorosas impedem que determina- dos resíduos sejam dispostos como antigamente. A responsabilidade com as questões ambientais e sobretudo o acompanhamen- to de todos os produtos que são colocados no mercado proporcionam um diferencial para competitividade, objetivando compo- sições para vantagens mais sustentáveis do ponto de vista do comprometimento social, redução de custo e mercado. Na visão de Macedo e Bataglia (2012), a responsabili- dade ambiental pode ser entendida como uma sistemática de atitudes empresarias voltadas para o desenvolvimento susten- tável do planeta. Estas atitudes devem levar em conta o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, ga- rantindo a maior sustentabilidade. Meio ambiente e os avanços na legislação Como reação aos impactos dos pro- dutos sobre o meio ambiente, a sociedade vem criando leis e novos conceitos sobre como progredir sem comprometer as ge- rações futuras, minimizando os impactos ambientais. Atualmente, as legislações contem- plam diversos aspectos relativos à vida útil de um produto. O processo de fabricação, matérias-primas utilizadas e disposição final são avaliados e por meio de classi- ficação, os produtos são habilitados para serem negociados no mercado secundário de matérias-primas e habilitados para se- rem dispostos em aterros. Produtos con- siderados amigáveis ao meio ambiente re- cebem o “selo verde”. Nas grandes cidades produtos como móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, baterias de automóveis, pilhas e pneus já são proibidos de serem descartados em aterros sanitários. O termo “responsabilidade estendi- da do produto” – Extended Product Respon- sability (ERP) – começa a ser empregado. É uma estratégia de mercado destinada a promover a integração dos custos ambien- tais associados com os produtos ao longo da sua vida. Impõe responsabilidade ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos e embalagens introduzidas no mercado. Isto significa que as empresas que fabri- cam, importam e/ou vendem produtos e embalagens são obrigadas a estar fisica- mente ou financeiramente responsáveis por esses produtos após a sua vida útil. As empresas devem dispor de recursos para geri-los através da reutilização, reciclagem ou na produção de energia, ou delegar esta responsabilidade a um terceiro. Desta forma, a ERP transfere a responsabilidade pelos resíduos do governo para a indústria 34LOGÍSTICA REVERSA privada, obrigando os produtores, impor- tadores e/ou vendedores a internalizar os custos da gestão dos resíduos nos preços dos seus produtos. De acordo com Leite (2003), trata-se de uma nova ideia da te- oria econômica, o princípio do “poluidor pagador”. Legislações como essa já vigoram em diversas sociedades ocidentais, como o tratamento de ef luentes industriais como exigência para o funcionamento da em- presa. Nos EUA, leis específicas incenti- vam uso de material reciclado, oferecendo sistema de tributos mais brandos para os contribuintes que o fazem. Outras, porém, obrigam os produtores a equilibrarem a quantidade produzida com a quantidade reciclada. No Japão, em 1997, passou a vigorar uma lei que determina aos fabricantes a criação de uma rede reversa de recicla- gem de automóveis. Em meados de 1996, um acordo entre os governos da França, Alemanha, e Holanda, estabeleceu que a responsabilidade da reciclagem dos auto- móveis passaria a ser dos fabricantes, não mais do governo. A logística reversa já é obrigatória e deve ser implantada prioritariamente, a partir de 2013 até 2020, para os seguintes produtos: • Eletroeletrônicos e seus compo- nentes – integram esta categoria os equipamentos acionados por con- trole eletrônico ou elétrico, o que abrange todos os dispositivos de informática, som, vídeo, telefonia, brinquedos, e os equipamentos da linha branca, como geladeiras, lava- doras e fogões, além de outros ele- trodomésticos como ferros de passar, secadores, ventiladores, exaustores, etc. • Pilhas e baterias – desde os disposi- tivos de muito pequeno porte, como as usadas em celulares e relógios, até as baterias de automóveis e ca- minhões; • Pneus – desde aqueles usados em bicicletas para crianças até os de tra- 35LOGÍSTICA REVERSA tores (Resolução 416/2009 do Con- selho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece condições obri- gatórias de gestão do descarte para as peças acima de dois kg); • Lâmpadas f luorescentes – vapor de sódio, de mercúrio e de luz mista; • Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; • Agrotóxicos, seus resíduos e emba- lagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, cons- titua resíduo perigoso. Os medicamentos e suas embala- gens, ainda que não previstos expressa- mente no texto da lei ou do seu regu- lamento, enquadram-se na aplicação de logística reversa a produtose embalagens com potencial impacto à saúde pública e ao meio ambiente. Essa previsão demonstra a preocupação do legislador em dar amplo alcance ao instrumento, não restringindo a legislação a um rol exaustivo de produtos, mas tornando a lei mais ágil e adequada aos avanços tecnológicos constantes que podem gerar outros e novos produtos, não previstos, mas que possam gerar signifi- cativos impactos sobre a saúde humana e/ ou ao meio ambiente. A importância da logística reversa se dá diante da constatação de um aumento, entre 2002 e 2009, na geração de resíduos sólidos no Brasil superior ao crescimen- to da população e do PIB (CAMPOS, 2012). O mesmo autor, a partir de dados do IBGE do Ministério das Cidades, re- vela que em 2002 o consumo per capita era de 0,75 kg/habitante/dia e passou a 0,96 kg/habitante/dia em 2009. Da mesma forma que segundo o relatório anual da ABRELPE de 2013, mostra que a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil cres- ceu 1,3% de 2011 para 2012, passando de 61.936.368 t/ano em 2011 para 62.730.096 t/ano em 2012. Assim sendo, ao regulamentar o processo logístico reverso, no qual resí- duos e embalagens retornam dos pontos de pós-consumo até sua origem, a legisla- ção instrumentalizada, de maneira direta, 36LOGÍSTICA REVERSA dois princípios fundamentais do Direito Ambiental: princípio do poluidor-pagador e da prevenção. O princípio do poluidor-pagador consagra, no entendimento de Milaré (2000), a vocação redistributiva do Direito Ambiental e se inspira na teoria econômi- ca de que os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo [...] devem ser internalizados. E com relação a prevenção, a im- posição da logística reversa configura-se medida que procura evitar “o nascimento de atentados ao ambiente, de modo a re- duzir ou eliminar as causas de ações sus- cetíveis de alterar a sua qualidade”. Dessa forma, o princípio da prevenção, no caso em análise, se materializa visto tratar-se, por meio da logística reversa, de uma ação antecipada adotada para evitar a configu- ração de um dano ao meio ambiente por meio da destinação inadequada daquele rol de resíduos/embalagens. Gestão de Resíduos Sólidos A palavra lixo não serve mais para definir o que é descartado diariamente pelas residências, empresas e órgãos pú- blicos. Tudo o que no passado aprende- mos a chamar de lixo deve ser chamado atualmente de “resíduo sólido”. Hoje, os especialistas asseguram que qualquer que seja o resíduo sempre haverá uma des- tinação mais adequada para ele do que simplesmente descartar. Da reutilização à geração de energia, tudo tem valor e pode inclusive tornar-se fonte de renda e vetor de novos negócios. Tudo que provém da própria natu- reza acaba necessariamente voltando a ela depois de atividades humanas, no entanto, os volumes de resíduos que as atividades humanas estão gerando superaram, em muito, a capacidade da natureza de se 37LOGÍSTICA REVERSA regenerar ou absorver seus impactos. As montanhas de resíduos acumulados em lixões produzem líquidos que contaminam o solo e a água, além de produzir gases tóxicos para as pessoas e para o meio am- biente. Uma das maiores fontes de gases que provocam o efeito estufa é justamente a disposição inadequada dos resíduos, que amontoados sem nenhum cuidado emitem grandes quantidades de metano, um gás tóxico e altamente inf lamável. A preocupação com as questões am- bientais, através de exigências feitas pela sociedade aos governantes locais, faz com que os processos logísticos empresariais sejam readaptados à nova realidade, pois os padrões insustentáveis de consumo e pro- dução de produtos se tornaram os maiores causadores de desequilíbrio para o meio ambiente. O desafio está em fazer com que os resíduos gerados pela produção e consumo destes produtos, retornem aos seus ciclos produtivos (BARBIERI, 2004; DORNIER 2000). A coleta seletiva é o mecanismo de funcionamento que garante o retorno do produto à cadeia de produção. No entanto, a falta de educação ambiental da popula- ção; a oneração da indústria de reciclagem; a capacidade reduzida do parque recicla- dor; e a falta de qualificação dos gesto- res locais são os gargalos que impedem o funcionamento amplo da Os destinos dos resíduos sólidos urbanos, podem ser: • A destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a recicla- gem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes; • A disposição final ambientalmen- te adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específ icas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos. Os resíduos descartados diariamente por residências e empresas podem ter um destino muito mais nobre, servindo como matéria-prima para negócios e com destinações mais adequadas. Pode-se, por exemplo, produzir adubo e energia, recuperando o valor econômico desses resíduos. A prática da reciclagem gera emprego e renda, reduz a quantidade de recursos naturais que processamos para nossas atividades e também diminui a necessidade de ocupar (e poluir) espaços para depositar os materiais que cumpriram apenas uma vez sua função socioeconômica. E o que não se pode reciclar sempre tem outra destinação adequada, atendendo a um princípio que é básico no conceito de desenvolvimento sustentável: não transferir a solução do problema para as futuras gerações. 38LOGÍSTICA REVERSA A gestão dos resíduos sólidos envolve a mudança de hábitos que há muito tempo estão enraizados em nossa sociedade. Para facilitar esta tarefa, a educação ambiental criou o conceito dos 3Rs – Reduzir, Reu- tilizar e Reciclar, mas que atualmente já se expandiu para 7 R’s: • Repensar - Não tomar atitudes por impulso, ou seja, analisar a neces- sidade da aquisição, tendo como princípio, o questionamento sobre o que é fundamental. • Recusar - Ao concluir que deter- minado consumo é desnecessário, a atitude mais sensata é recusar a oferta. • Reduzir - Este é o princípio do con- sumo racional, sem excessos. Exige que não se adquira algo que não será utilizado ou consumido, seja nas residências ou nas empresas. • Reparar - Verificar, antes de des- tinar algo ao lixo, se tem conserto. A atitude pode sair mais barata e ainda contribui com a redução de resíduos. • Reutilizar - Um mesmo objeto pode ter múltiplas funcionalidades, sem agredir o meio ambiente. Há em- balagens que podem ser reutilizadas com outros fins e diversos outros objetos que podem ter usos criativos. • Reciclar - Significa transformar objetos materiais usados em novos produtos para o consumo (metais, papéis e papelões, plásticos, vidros), mas depende da separação para a coleta seletiva. • Reintegrar - É uma ação relacio- nada a alimentos e outros produtos orgânicos, que podem retornar à natureza. Um dos principais meios é a compostagem, para a produção de adubo. Classificação dos Resíduos Sólidos Os resíduos são classificados con- forme sua origem e periculosidade. Resíduos Sólidos Urbanos - São originários de estabelecimentos comerciais, domicílios e da limpeza urbana (varrição de logradouros e vias públicas e outros serviços públicos de limpeza). Podem ser divididos pela composição química em: • Resíduos Orgânicos - Compostos por alimentos e outros materiais que se decompõem na natureza, tais como cascas e bagaços de fru- tas, verduras, material de podas de jardins, entre outros; • Resíduos Inorgânicos - Compostos por produtos manufaturados, tais como plásticos, cortiças, espumas, metais e tecidos; • Resíduos Sólidos Industriais - São os gerados nos processos produti- 39LOGÍSTICA REVERSA vos e instalações industriais. Podem ser descartados em estado sólido ou semissólido, como lodos e alguns líquidos contaminantes, que não po- demser lançados na rede pública de esgotos ou corpos d’água; • Resíduos Especiais - Os riscos que representam para o meio am- biente e a saúde pública são outra forma de classificação de resíduos considerados especiais. Podem ser gerados em atividades industriais, hospitalares, agrícolas, entre outras, e exigem cuidados especiais no seu acondicionamento, transporte, tra- tamento e destino final. A Norma NBR-10 004, da Asso- ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), classifica esses resíduos con- forme descrição a seguir. • Classe I - Apresentam riscos de in- f lamabilidade, corrosividade, reati- vidade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, entre outras ca- racterísticas. Devem ser depositados em aterros especiais ou queimados em incineradores específicos para esse fim. • Classe II - Não inertes: materiais ferrosos e não ferrosos com caracte- rísticas do resíduo doméstico. • Classe II B - Inertes: não se decom- põem ao serem dispostos no solo, como os da construção civil. • Rejeitos - São resíduos que não podem ser reaproveitados ou reci- clados, devido à falta de tecnologia ou viabilidade econômica para esse fim, como os absorventes femini- nos, fraldas descartáveis e papéis higiênicos usados. Política Nacional de Resíduos Sólidos A Lei nº 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) entrou em vigor no final de 2010 e seu grande objetivo é transformar a manei- ra como a sociedade se relaciona com seus resíduos. O que antes era genericamente tratado como “lixo”, agora tem valor e deve servir como base para a construção de novas cadeias de valor e novos negó- cios. Agora o cidadão é responsável não só pela disposição correta dos resíduos que gera, mas também é importante que repense e reveja o seu papel como consu- midor; o setor privado, por sua vez, fica responsável pelo gerenciamento ambien- talmente correto dos resíduos sólidos, pela sua reincorporação na cadeia produtiva e pelas inovações nos produtos que tragam benefícios socioambientais, sempre que possível. A PNRS prevê a prevenção e a re- dução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos 40LOGÍSTICA REVERSA para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reci- clado ou reaproveitado) e a destinação am- bientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado). Institui a responsabilidade com- partilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuido- res, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo. Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e muni- cipal; além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Também coloca o Brasil em pata- mar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catado- ras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva. A PNRS estabelece prazo até 2020 para que o Brasil tenha toda a estrutura ne- cessária para dar uma destinação adequa- da a qualquer resíduo sólido. Para chegar lá, no entanto, será preciso agir nas áreas política, econômica, ambiental, cultural e social, com metas e prazos definidos. Até 2014 todos os municípios brasileiros deveriam ter eliminado completamen- te seus lixões e implantado aterros sani- tários, porém a situação ainda está bem longe do ideal. Reconhece-se que muito ainda precisa ser feito para um adequado gerenciamento integrado de resíduos, o qual depende, dentre outros fatores, da vontade política dos municípios, do aporte de recursos humanos e financeiros, da construção de instalações e aplicação de técnicas inovadoras e, sobretudo, da par- ticipação cidadã e solidária e do controle social (SILVA et al., 2010). A nova política estabelece a respon- 41LOGÍSTICA REVERSA b. reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a polui- ção e os danos ambientais; c. incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio am- biente e de maior sustentabilidade; d. estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis. Para alcançar esses objetivos, a res- ponsabilidade pelo ciclo de vida dos pro- dutos deve “ser implementada de forma individualizada e encadeada”, de forma compartilhada pelos seguintes agentes: • Fabricantes; • Importadores; • Distribuidores e comerciantes; • Consumidores; • Titulares dos Serviços Públicos de Limpeza Urbana e de Manejo de Resíduos Sólidos. Para dar conta deste desafio é preci- so elaborar planos de gestão integrada para os resíduos sólidos urbanos, integrando-se os aspectos econômicos, sociais, ambien- tais e contemplando-se todas as fases do fluxo que integram cada classe de resíduos, desde a sua geração, coleta, transporte e destinação final, levando-se em conta as alternativas de reutilização/reciclagem e beneficiamento dos diferentes tipos de resíduos, Trata-se, portanto, de um siste- ma complexo, no qual interagem agentes públicos, privados e movimentos sociais (MONTEIRO, 2001; GONÇALVES, 2006; SILVA et al., 2010). As exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos trouxeram velocidade e mudança nos processos logísticos e de produção das empresas no Brasil. Elas estão buscando novas tecnologias de rea- proveitamento de produtos e especialização em atividades ligadas à logística reversa (LEITE, 2011). sabilidade compartilhada entre o poder público, as empresas e os consumidores. Cada um tem de fazer sua parte. As pre- feituras de todo o Brasil devem oferecer para suas cidades o manejo responsável dos resíduos, com o planejamento e cons- trução de aterros sanitários, para onde devem seguir apenas resíduos orgânicos, as empresas precisam trabalhar seus proces- sos de forma a oferecer produtos que não contenham mateiriais desnecessários, que se tornarão resíduos nas casas e escritórios de seus clientes; e os consumidores devem separar todos os resíduos que podem ter alguma utilidade e não misturar resíduos orgânicos com resíduos recicláveis. Entre os princípios gerais que fun- damentam a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos está o da Responsabili- dade Compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, que deve atender, entre outros, principalmente aos seguintes objetivos: a. promover o aproveitamento de resí- duos sólidos, direcionando-os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas; 42LOGÍSTICA REVERSA O Instituto de Logística e Supply Chain entrevistou 101 empresas brasileiras, no universo de 12 setores industriais, sobre a prática do gerenciamento de resíduos sólidos, citada pela PNRS. O porte das empresas entrevistadas não foi informado na pesquisa (ILOS, 2013). Quanto ao gerenciamento de resíduos sólidos: • 98% destinam corretamente seus resíduos. • 69% gerenciam a logística reversa de pós-venda. • 61% realizam alguma atividade para o gerenciamento de resíduos de pós-consumo. Os fatores motivacionais são: aumento de prestígio perante a sociedade; aumento nas vendas; redução de custo e atendimento às exigências legais ambientais. • 41% retorna seus resíduos para o material promocional. Observações: • Somente 37% das entrevistadas possuem uma área específica dedicada à logística reversa. • A maioria das empresas não utiliza os serviços de cooperativas de catadores para atuar em suas operações de logística reversa. • 60% informaram que umas das maiores dificuldades encontradas para a implantação da logística reversa é o alto custo operacional.