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Lista de Revisão – Processos de Formação de Palavras/ Figuras de Linguagem 01 - (ENEM/2015) TEXTO I Um ato de criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra sambódromo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo. AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. TEXTO II Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfilede escolas de samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, ás vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1. GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012. Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o Texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras. b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras. c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos. d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos neologismos. e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego. 02 - (UNIFOR CE/2016) As línguas estão em constante movimento de assimilação, uso e desuso de palavras, conforme mudanças temporais e espaciais, dentre outros fatores. As tirinhas apresentadas possuem exemplos de dois processos que ocorrem com as palavras: a) neologismo e estrangeirismo. b) estrangeiro e arcaísmo. c) derivação e estrangeirismo. d) arcaísmo e neologismo. e) neologismo e derivação. 03 - (UNICAMP SP/2020) era uma vez uma mulher e ela queria falar de gênero era uma vez outra mulher e ela queria falar de coletivos e outra mulher ainda especialista em declinações a união faz a força então as três se juntaram e fundaram o grupo de estudos celso pedro luft (Angélica Freitas, Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p.14.) Considerando o poema e a imagem, resolva as questões. a) Explique as ambiguidades presentes nas duas primeiras estrofes do poema. b) Que figura de linguagem é usada nos três últimos versos do poema? Justifique sua resposta. Queimada À fúria da rubra língua do fogo na queimada envolve e lambe o campinzal estiolado em focos fenos sinal. É um correr desesperado de animais silvestres o que vai, ali, pelo mundo incendiado e fundo, talvez, como o canto da araponga nos vaos da brisa! Tambores na tempestade [...] E os tambores e os tambores e os tambores soando na tempestade, ao efêmero de sua eterna idade. [...] Onde? Eu vos contemplo à inércia do que me leva ao movimento de naufragar-me eternamente na secura de suas águas mais à frente! Ó tambores ruflai sacudi suas dores! Eu que não me sei não me venho por ser busco apenas ser somenos no viver, nada mais que isso! (VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 164, 544, 552.) 04 - (PUC GO/2016) Sobre a palavra “somenos”, presente nos versos finais do fragmento do poema “Tambores na tempestade”, segunda parte do texto, assinale a alternativa correta: a) Formada por justaposição, a palavra “somenos” revela a posição de um quase nada assumida pelo enunciador do texto. b) Tendo características de verbo no imperativo, a palavra “somenos” é um veículo pelo qual o enunciador conclama o leitor a refletir sobre as consequências destruidoras de uma tempestade. c) Formada pelo prefixo ‘só-’ e pelo radical ‘menos’, a palavra “somenos” expressa a minimização do significado da vida para aqueles que dela são privados. d) Tendo o ‘-s’ final como marca de plural, a palavra “somenos” contrapõe o tudo com o nada, o muito com o pouco presentes na dinâmica do mundo descrita no texto. CAMPANHA DE DOAÇÃO DE SANGUE APORTA NO CIN DA UFPE O Programa de Educação Tutorial (PET) de Informática promove, na próxima quarta- feira, uma campanha de doação de sangue no Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco. A ação foi articulada em parceria com o Hemope. Para doar, basta portar a carteira de identidade ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e comparecer ao Centro de 8h30 às 12h ou de 13h30 às 17h. É importante lembrar que crachás não poderão ser utilizados como documento de identificação. O posto de doação estará localizado no Bloco A do CIn. Para doar, é necessário ter entre 18 e 60 anos, ter peso superior a 50 kg e não ter feito tatuagens ou piercings recentemente. É necessário também estar descansado e bem alimentado, não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação e estar em boas condições de saúde. Há a oportunidade de ajudar na realização da campanha além da doação, participando como voluntário. Os interessados devem enviar um email para petcomputacao- l@cin.ufpe.br informando o seu nome e a melhor forma de contato. Diário de Pernambuco (versão on-line). Disponível em: <<http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida- urbana/2017/03/15/interna_vidaurbana,694183/campanha-de-doacao-de-sangue- aporta-no-cin-da-ufpe.shtml>>. Acesso: 08 maio 2017. 05 - (IFPE/2017) Palavras podem ser formadas por diversos processos, sendo os mais comuns o de composição e o de derivação. Há outros, no entanto, que são menos usuais, mas que também contribuem para a criação de novos vocábulos na língua portuguesa: é o caso das palavras originadas a partir de siglas. Expressões como “CIn”, “PET” e “Hemope”, presentes no texto, são exemplos de casos em que as palavras que compõem a sigla tornam-se secundárias e a própria sigla caracteriza um vocábulo. Assinale a alternativa que apresenta outras palavras formadas por siglagem. a) Sudene, Shampoo. b) Kombi, Cep. c) Sus, Pendrive. d) Fashion, Pis. e) Upa, Funai. Refeição em família Anna Veronica Mautner Conversar é preciso, assim como é também bater papo, palpitar. Precisamos de conversa fiada – é conversando que construímos as imagens que temos uns dos outros. Não conheço melhor lugar que a mesa de refeição para esse tipo de conversa à toa. Mas como a mesa de refeição está sendo cada vez menos usada, e como são poucos os que reclamam – esse espaço foi encolhendo devagar. É em volta da mesa que se relata o cotidiano de cada um e também é compartilhado. E, dentro do clima de “sem-cerimônia”, nos reconhecemos. É no “à toa” mesmo. Quando falta ou é rara essa rotina caseira, passamos a viver como se a vida se tornasse um texto que não foi relido. A conversa na mesa é reler, rever o dia que passou. A partir deste bate-papo inconsequente, podemos testar escolhas e até nos corrigir. É nesse clima que os indivíduos se avaliam e são avaliados, gerando a família – entidade única e original. Quando uma pessoa não tem este espaço, ela terá que fazer a tarefa de se avaliar, sozinha. Na sociedade em que vivemos, estamos imersos numa trama exigente e paradoxal. É tão diferente do clima em torno da mesa. Aí captamos o significado de olhares, gestos, entonações que conhecemos bem, mas os detalhes mudam dia a dia. Se tivermos interpretado erroneamente o ocorrido, não tem importância – hoje ou amanhã a família estará junta de novo e tudo poderá ser esclarecido. É, pois, no “um dia depois do outro”, que são lançadas as sementes do respeito e doconhecimento mútuo. Este mesmo mundo em que se pede pessoas conscientes, flexíveis e tolerantes inviabiliza, ou pelo menos dificulta, os rituais de família, em que se encontra a melhor e a maior probabilidade de vivê-las. A agenda escolar de cada um dos filhos, as exigências do trabalho, os cursos extras, os hábitos de entretenimento fazem concorrência aberta à possibilidade de interação familiar. Cada um tem seu horário de ir e vir ou de aparecer, mas ninguém se ausenta eternamente. Faltar muito dá saudade. Evocando aqui e agora o meu dia a dia dos meus tempos de criança, vejo-me na minha casa – a gente se conhecia bem, nas profundezas da alma e nas coisas mais corriqueiras. Nas nossas conversas, qualquer um de nós era capaz de prever o rumo da conversa. A nossa escala de valores valorizava o bem pensar e o bem sentir. Éramos tolerantes para quase tudo, menos para o uso do pensamento. Lá na minha casa, na casa de minha infância, o empenhar-se, o esforçar-se sempre foi mais valorizado que o sucesso. E eu, até hoje, julgo assim. Não tenho dúvida alguma: é de famílias conversadeiras, afetivas, tolerantes, prolixas que saem as pessoas que sabem escolher bem – pessoas aptas a fugir da dominação cega que os fortes podem exercer – é esse o maior e mais importante legado das refeições em família. Folha de S. Paulo. 14/9/2015. p. A3, opinião. 06 - (Fac. Santo Agostinho BA/2018) “... a vida se tornasse um texto que não foi relido”. ”A partir desse bate-papo inconsequente...” Os prefixos que integram as palavras destacadas nas frases apresentam, respectivamente, os sentidos de a) repetição e negação. b) afirmação e companhia. c) negação e posição inferior. d) anterioridade e negação. Política pública de saneamento básico: as bases do saneamento como direito de cidadania e os debates sobre novos modelos de gestão Ana Lucia Britto Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é indispensável para o pleno gozo do direito à vida. É preciso, para tanto, fazê-lo de modo financeiramente acessível e com qualidade para todos, sem discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem progressivamente as desigualdades na distribuição de água e esgoto entre populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou pobres. No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de 35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento de água potável, mais da metade da população não tem acesso à coleta de esgoto, e apenas 39% de todo o esgoto gerado são tratados. Aproximadamente 70% da população que compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda domiciliar mensal de até ½ salário mínimo por morador, ou seja, apresentam baixa capacidade de pagamento, o que coloca em pauta o tema do saneamento financeiramente acessível. Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-se avanços importantes na busca de diminuir o déficit já crônico em saneamento e pode-se caminhar alguns passos em direção à garantia do acesso a esses serviços como direito social. Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das Cidades, que deram à política urbana uma base de participação e controle social. Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de recursos para o setor, sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a instituição de um marco regulatório (Lei 11.445/2007 e seu decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o setor, o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado pelos Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio Ambiente, e aprovado por decreto presidencial em novembro de 2013. Esse marco legal e institucional traz aspectos essenciais para que a gestão dos serviços seja pautada por uma visão de saneamento como direito de cidadania: a) articulação da política de saneamento com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios participativos institucionalizados. A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o saneamento, por meio da obrigatoriedade de planos municipais de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação de serviços e para que possam ser acessados recursos do governo federal (OGU, FGTS e FAT), com prazo final para sua elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também a participação e o controle social, através de diferentes mecanismos como: audiências públicas, definição de conselho municipal responsável pelo acompanhamento e fiscalização da política de saneamento, sendo que a definição desse conselho também é condição para que possam ser acessados recursos do governo federal. O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação da prestação dos serviços de saneamento, visando à garantia do cumprimento das condições e metas estabelecidas nos contratos, à prevenção e à repressão ao abuso do poder econômico, reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados em caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão submetidos às atividades de um único prestador. FONTE: adaptado de http://www. assemae.org.br/artigos/item/1762-sane- amento-basico-como-direito-de-cidadania 07 - (EsPCEX/2018) Assinale a opção que identifica corretamente o processo de formação das palavras abaixo: a) qualidade – sufixação; saneamento – sufixação. b) igualdade – sufixação; discriminação – parassíntese. c) avanços – derivação imprópria; acesso – derivação regressiva. d) acessível – prefixação; felizmente – sufixação. e) planejamento – sufixação; combate – derivação regressiva. Leia o trecho do segundo capítulo do romance Iracema. Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.² Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu¹, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. Disponível em: https://tinyurl.com/y9b94sq4. Acesso em 06.10.18 08 - (ETEC SP/2019) Iracema (1865), romance do famoso escritor brasileiro, José de Alencar, foi um marco para a libertação formal, uma vez que se trata de uma tentativa de fundir poesia e prosa. Esse trecho do romance é marcado pela presença de figuras de linguagem, que caracterizam a escrita desse autor. Assinale a alternativa que contém as figuras de linguagem mais presentes no trecho. a) Anáforas e Metáforas b) Antíteses e Onomatopeias c) Comparações e Antíteses d) Onomatopeias e Anáforas e) Metáforas e Comparações DESEJO DO CHEIRO DA CASA DA AVÓ: Tudo o que a avó fabrica em sua cozinha encantada tem cheiro bom: bolo de chocolate, biscoito de nata, sonhos embrulhados em açúcar e canela, que são como nuvens no céu da boca e expulsam qualquerpesadelo. As mãos da avó, cheias de farinha e tempo acumulado, acariciam, tocam na superfície dos pães e da pele da gente com tanto amor que curam qualquer defeito do lado esquerdo ou direito. Na casa da avó o ar é perfumado e parece um abraço e até o final dos tempos o cheiro da casa da avó fica grudado em nosso pensamento. (Fonte: MURRAY, Roseana. In: Poço dos Desejos Ed. Moderna, 2014.) 09 - (IFAL/2019) O texto acima, pela presença de uma linguagem não literal, dispõe de vários trechos em que se pode verificar a presença de algumas figuras de linguagem, tão relevantes à composição de textos dessa natureza. Há uma delas que se sobressai, dado o propósito comunicativo do texto. Assim, a partir do título “Desejo do cheiro da casa da avó”, indique qual é essa figura predominante. a) personificação. b) antítese. c) eufemismo. d) sinestesia. e) onomatopeia. [...] 116 Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, 117 cercava a criaturinha. Silêncio completo, 118 nenhum sinal de vida nos arredores. O galo 119 velho não cantava no poleiro, nem Fabiano 120 roncava na cama de varas. Estes sons não 121 interessavam Baleia, mas quando o galo 122 batia as asas e Fabiano se virava, 123 emanações familiares revelavam-lhe a 124 presença deles. Agora parecia que a 125 fazenda se tinha despovoado. 126 Baleia respirava depressa, a boca aberta, os 127 queixos desgovernados, a língua pendente 128 e insensível. Não sabia o que tinha 129 sucedido. O estrondo, a pancada que 130 recebera no quarto e a viagem difícil no 131 barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no 132 seu espírito. 133 Provavelmente estava na cozinha, entre as 134 pedras que serviam de trempe. Antes de se 135 deitar, sinhá Vitória retirava dali os carvões 136 e a cinza, varria com um molho de 137 vassourinha o chão queimado, e aquilo 138 ficava um bom lugar para cachorro 139 descansar. O calor afugentava as pulgas, a 140 terra se amaciava. E, findos os cochilos, 141 numerosos preás corriam e saltavam, um 142 formigueiro de preás invadia a cozinha. 143 A tremura subia, deixava a barriga e 144 chegava ao peito de Baleia. Do outro peito 145 para trás era tudo insensibilidade e 146 esquecimento. Mas o resto do corpo se 147 arrepiava, espinhos de mandacaru 148 penetravam na carne meio comida pela 149 doença. 150 Baleia encostava a cabecinha fatigada na 151 pedra. A pedra estava fria, certamente 152 sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se 153 muito cedo. 154 Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num 155 mundo cheio de preás. E lamberia as mãos 156 de Fabiano, um Fabiano enorme. As 157 crianças se espojariam com ela, rolariam 158 com ela num pátio enorme, num chiqueiro 159 enorme. O mundo ficaria todo cheio de 160 preás, gordos, enormes. RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ª ed. Rio de Janeiro: Record. 2001. p. 85-91. 10 - (UECE/2019) Ao utilizar o termo dormir no enunciado “Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás” (Refs. 154-155), o escritor cria a) um sinônimo para o termo descansar. b) um antônimo para criar o sentido contrário ao de morte. c) uma metáfora para corresponder, por analogia, ao sentido de vida sobrenatural. d) um eufemismo para suavizar traços semânticos negativos do termo morrer. Mulher proletária Jorge de Lima 64 Mulher proletária — única fábrica 65 que o operário tem, (fabrica filhos) 66 tu 67 na tua superprodução de máquina humana 68 forneces anjos para o Senhor Jesus, 69 forneces braços para o senhor burguês. 70 Mulher proletária, 71 o operário, teu proprietário 72 há de ver, há de ver: 73 a tua produção, 74 a tua superprodução, 75 ao contrário das máquinas burguesas, 76 salvar o teu proprietário. LIMA Jorge de. Obra Completa (org. Afrânio Coutinho). Rio de Janeiro: Aguilar, 1958. 11 - (UECE/2019) Analisando o verso do poema “forneces braços para o senhor burguês” (Ref. 69), a figura de linguagem que aí se destaca é a) catacrese, uma vez que, como não há um termo específico para o poeta expressar, de forma adequada, a ideia de “fornecer filhos”, ele se utiliza da expressão “fornecer braços”, lógica semelhante ao que se costuma usar em termos como “braços da cadeira”. b) metonímia, tendo em vista que o termo “braços” mantém com o termo “filhos” uma relação de contiguidade da parte pelo todo para o poeta destacar que o que mulher proletária fabrica é só uma parte do seu rebento, os “braços”, utilizados para proveito da atividade capitalista, e não “filhos”, na sua completude como seres humanos, para estabelecer com estes uma relação afetiva. c) hipérbole, já que o verso quer enfatizar a ideia de exagero de alguém fornecer inúmeros braços para o trabalho da indústria mercantil. d) prosopopeia, pois o poeta está personificando a máquina como se fosse uma mulher produtora de filhos. 01 Cena 1 02 Em uma madrugada chuvosa, um 03 trabalhador residente em São Paulo acorda, 04 ao amanhecer, às cinco horas, toma 05 rapidamente o café da manhã, dirige-se até o 06 carro, acessa a rua, e, como de costume, faz 07 o mesmo trajeto até o trabalho. Mas, em um 08 desses inúmeros dias, ouve pelo rádio que 09 uma das avenidas de sua habitual rota está 10 totalmente congestionada. A partir dessa 11 informação e enquanto dirige, o trabalhador 12 inicia um processo mental analítico para 13 escolher uma rota alternativa que o faça 14 chegar ........ empresa no horário de sempre. 15 Para decidir sobre essa nova rota, ele 16 deverá considerar: a nova distância a ser 17 percorrida, o tempo gasto no deslocamento, a 18 quantidade de cruzamentos existentes em 19 cada rota, em qual das rotas encontrará 20 chuva e em quais rotas passará por áreas 21 sujeitas a alagamento. 22 Cena 2 23 Mais tarde no mesmo dia, um casal 24 residente na mesma cidade obtém 25 financiamento imobiliário e decide pela 26 compra de um apartamento. São inúmeras 27 opções de imóveis à venda. Para a escolha 28 adequada do local de sua morada em São 29 Paulo, o casal deverá levar em conta, além do 30 valor do apartamento, também outros 31 critérios: variação do preço dos imóveis por 32 bairro, distância do apartamento até a escola 33 dos filhos pequenos, tempo gasto entre o 34 apartamento e o local de emprego do casal, 35 preferência por um bairro tranquilo e 36 existência de linha de ônibus integrada ao 37 metrô nas proximidades do imóvel – entre 38 outros critérios. 39 Essas duas cenas urbanas descrevem 40 situações comuns ........ passam diariamente 41 muitos dos cidadãos residentes em grandes 42 cidades. As protagonistas têm em comum a 43 angústia de tomar uma decisão complexa, 44 escolhida dentre várias possibilidades 45 oferecidas pelo espaço geográfico. Além de 46 mostrar que a geografia é vivida no cotidiano, 47 as duas cenas mostram também que, para 48 tomar a decisão que ........ seja mais 49 conveniente, nossas protagonistas deverão 50 realizar, primeiramente, uma análise 51 geoespacial da cidade. Em ambas as cenas, 52 essa análise se desencadeia a partir de um 53 sistema cerebral composto de informações 54 geográficas representadas internamente na 55 forma de mapas mentais que induzirão as três 56 protagonistas a tomar suas decisões. Em cada 57 cena podemos visualizar uma pergunta 58 espacial. Na primeira, o trabalhador pergunta: 59 “qual a melhor rota a seguir, desde este 60 ponto onde estou até o local de meu trabalho, 61 neste horário de segunda-feira?” Na segunda, 62 o questionamento seria: “qual é o lugar da 63 cidade que reúne todos os critérios 64 geográficos adequados à nossa moradia?” 65 A cena 1 é um exemplo clássico de análise 66 de redes, enquanto a cena 2 é um exemplo 67 clássico de alocação espacial – duas das 68 técnicas mais importantes da análise 69 geoespacial. 70 A análise geoespacial reúne um conjunto de 71 métodos e técnicas quantitativos dedicados à 72 solução dessas ede outras perguntas 73 similares, em computador, ........ respostas 74 dependem da organização espacial de 75 informações geográficas em um determinado 76 tempo. Dada a complexidade dos modelos, 77 muitas técnicas de análise geoespacial foram 78 transformadas em linguagem computacional e 79 reunidas, posteriormente, em um sistema de 80 informação geográfica. Esse fato 81 geotecnológico contribuiu para a 82 popularização da análise geoespacial realizada 83 em computadores, que atualmente é 84 simplificada pelo termo geoprocessamento. Adaptado de: FERREIRA, Marcos César. Iniciação à análise geoespacial: teoria, técnicas e exemplos para geoprocessamento. São Paulo: Editora UNESP, 2014. p. 33-34. 12 - (UFRGS/2019) Considere as afirmações abaixo, sobre a formação de palavras no texto. I. A palavra chuvosa (Ref. 02) é formada por sufixação a partir de um substantivo. II. A palavra amanhecer (Ref. 04) é formada por parassíntese a partir de um substantivo. III. A palavra rapidamente (Ref. 05) é formada por sufixação a partir de um substantivo. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. O QUE NOSSAS METÁFORAS DIZEM DE NÓS 1Para o poeta Robert Frost, a vida era um caminho que passa por encruzilhadas inevitáveis; para 2Fernando Pessoa, uma sombra que passa sobre um rio. Shakespeare via o mundo como um palco 3e Scott Fitzgerald percebia os seres humanos como barcos contra a corrente. Metáforas como essas 4nos rodeiam, mas não só quando seguramos um livro nas mãos. Em nosso uso cotidiano da língua, 5elas são tão presentes que nem sequer percebemos. São exemplos “teto de vidro impede a carreira 6das mulheres”, “a bolha do aluguel”, “cortar o mal pela raiz”. Considerada a forma por excelência da 7linguagem figurada, a metáfora às vezes é tida como mero embelezamento do discurso. 8Entretanto, desde 1980, com a publicação do livro Metáforas da vida cotidiana, essa figura retórica 9recuperou seu protagonismo. Os autores George Lakoff e Mark Johnson mostraram que as alegorias 10desenham o mapa conceitual a partir do qual observamos, pensamos e agimos. Com frequência são 11nossa bússola invisível, orientando tanto os gestos instintivos que fazemos como as decisões mais 12importantes que tomamos. É muito provável que aqueles que concebem a vida como uma cruz e 13os que a entendem como uma viagem não reajam da mesma forma ante um mesmo dilema. As 14metáforas são ferramentas eficazes e de múltiplas utilidades. Ao partir de elementos já conhecidos, 15nos ajudam a examinar realidades, conceitos e teorias novas de uma maneira prática. Também nos 16servem para abordar experiências traumáticas nas quais a linguagem literal se revela impotente. 17São vigorosos atalhos que a mente usa para assimilar situações complexas em que a literalidade 18acaba sendo tediosa, limitada e confusa. É mais fácil para nós entender que a depressão é uma 19espécie de buraco negro e que o DNA é o manual de instruções de cada ser vivo. 20As figurações dão coesão às identidades coletivas, pois circulam sem cessar até se incorporarem 21à linguagem cotidiana. Há alguns anos, os psicólogos Paul Thibodeau e Lera Boroditsky, da 22Universidade Stanford (E.U.A.), analisaram os resultados de um debate sobre políticas contra a 23criminalidade que recorria a duas metáforas. Quando o problema era ilustrado como se houvesse 24predadores devorando a comunidade, a resposta era endurecer a vigilância policial e aplicar leis 25mais severas. No entanto, quando o problema era exposto como um vírus infectando a cidade, a 26opção era a de adotar medidas para erradicar a desigualdade e melhorar a educação. Comparações 27ruins levam a políticas ruins, escreveu o Nobel de Economia Paul Krugman. 28No campo da medicina, tem havido mudanças de paradigma no que diz respeito ao impacto 29emocional das metáforas. Num recente seminário organizado pela Universidade de Navarra 30(Espanha), a linguista Elena Semino dissertou sobre os efeitos de abordar o câncer como se 31fosse uma guerra, provocando sensações negativas quando o paciente acredita estar “perdendo a 32batalha”, mesmo que isso possa ser estimulante para outros. O erro, segundo a especialista, reside 33em misturar os campos semânticos da guerra e da saúde. Para corrigir essa questão, a linguista 34elabora o que chama de “cardápio de metáforas”, para que médicos e pacientes enfrentem a doença 35de forma mais construtiva. 36As boas metáforas nos trazem outras perspectivas, fronteiras menos rígidas e novas categorizações 37que substituem aquelas já desgastadas. MARTA REBÓN Adaptado de brasil.elpais.com, 11/04/2018. 13 - (UERJ/2020) Considerada a forma por excelência da linguagem figurada, a metáfora às vezes é tida como mero embelezamento do discurso. (refs. 6-7) Com a ampliação da visão sobre o papel da metáfora, ressalta-se a seguinte propriedade dessa figura de linguagem: a) atua na organização das percepções de mundo b) induz ao esquecimento das vivências negativas c) delimita a fronteira entre saberes comuns e científicos d) possibilita o contato entre concepções culturais distintas A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis, ocorreu como folhetim na revista carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma educacional efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da escassez de conhecimento científico e da abundância de vaidades, concomitantemente. A obra deixa ver as relações promíscuas entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o poder político tal como era exercido em Itaguaí, então uma vila, distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos quais o alienista vai fazendo suas experimentações cientificistas até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, visto que reconhece em si mesmo a única pessoa cujas faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele, portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, alienar-se. Texto 1 Capítulo IV UMA TEORIA NOVA 1 Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão 2 Bacamarte estudava por todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as 3 bases da psicologia. Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era pouco 4 para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e 5 virgulando as falas de um olhar que metia medo aos mais heroicos. 6 Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando Crispim Soares ocupado 7 em temperar um medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar. 8 – Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador. 9 Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da 10 comitiva, e especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto 11 insistirem nele os cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram 12 separados um só dia. Assim se explicam os monólogos que fazia agora, e que os fâmulos lhe 13 ouviam muita vez: – “Anda, bem feito, quem te mandou consentir na viagem de Cesária? 14 Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda; 15 aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o 16 lucro, biltre!”. – E muitos outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros, 17 quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa ele o 18 recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde. 19 Simão Bacamarterecebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada 20 de circunspeção até o pescoço. 21 — Estou muito contente, disse ele. 22 — Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz trêmula. 23 O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu: 24 — Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, 25 porque não me atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. 26 Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma 27 experiência que vai mudar a face da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora 28 uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. 29 Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou 30 compridamente a sua ideia. No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de 31 cérebros; e desenvolveu isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os 32 exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um raro espírito que era, reconheceu o 33 perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com 34 especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar, Pascal, que via um 35 abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos e 36 pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o 37 boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse- lhe que era tudo a mesma 38 coisa, e até acrescentou sentenciosamente: 39 — A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério. 40 — Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu. 41 Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas 42 a modéstia, principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um 43 nobre entusiasmo; declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”. 44 Esta expressão não tem equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí, que como as 45 demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de 46 divulgar uma notícia: ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e 47 da matriz; – ou por meio de matraca. 48 Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais 49 dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão. 50 De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe 51 incumbiam, – um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo 52 eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha 53 inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia de divulgação 54 que possuía. Por exemplo, um dos vereadores, – aquele justamente que mais se opusera à 55 criação da Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e 56 aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a 57 matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto 58 cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à 59 absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regime 60 mereciam o desprezo do nosso século. 61 — Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à 62 insinuação do boticário. 63 E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que 64 era melhor começar pela execução. 65 — Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele. 66 Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse: 67 — Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso 68 extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da 69 razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, 70 insânia e só insânia. 71 O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não 72 chegava a entendê-la, que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo 73 colossal que não merecia princípio de execução. 74 — Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão 75 estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que 76 transpor a cerca? 77 Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra de uma intenção de riso, 78 em que o desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias 79 entranhas. 80 A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal segurança, que a 81 teologia não soube enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma 82 revolução. ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível em: <http:// www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=19 39>. Acesso em: 12/08/2019. O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais famoso da antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como concebido no continente europeu. Texto 2 XIII 1 “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… 5 E conversamos toda a noite, enquanto A Via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: "Tresloucado amigo! 10 Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?" Direis agora: "Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?" BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em: <http://www. dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019. 14 - (IME RJ/2020) “Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada de circunspeção até o pescoço.” (Texto 1, Refs. 19 e 20) A figura de linguagem construída no trecho em negrito é a(o) a) ambiguidade. b) apóstrofe. c) sinestesia. d) personificação. e) hipérbato. TEXTO: 12 - Comum à questão: 15 Legado do Iluminismo 1 O pensamento iluminista abraçou a ideia do progresso e buscou ativamente a ruptura com a 2 história e a tradição esposada pela modernidade. Foi, sobretudo, um movimento secular que procurou 3 desmistificar e dessacralizar o conhecimento e a organização social para libertar os seres humanos de 4 seus grilhões. Ele levou a injunção de Alexander Pope, de que “o estudo próprio da humanidade é o 5 homem”, muito a sério. Na medida em que ele também saudava a criatividade humana, a descoberta 6 científica e a busca da excelência individual em nome do progresso humano, os pensadores iluministas 7 acolheram o turbilhão da mudança e viram a transitoriedade, o fugidio e o fragmentário como condição 8 necessária por meio da qual o projeto modernizador poderia ser realizado. Abundavam doutrinas de 9 igualdade, liberdade, fé na inteligência humana (uma vez permitidos os benefícios da educação) e razão 10 universal. “Uma boa lei deve ser boa para todos”, pronunciou Condorcet às vésperas da Revolução 11 Francesa, “exatamente da mesma maneira como uma proposição verdadeira é verdadeira para todos”. 12 Essa visão era incrivelmente otimista. Escritores como Condorcet, observa Habermas (1983,p. 9), estavam 13 possuídos “da extravagante expectativa de que as artes e as ciências iriam promover não somente o 14 controle das forças naturais, mas também a compreensão do mundo e do eu, o progresso moral, a justiça 15 das instituições e até a felicidade dos seres humanos”. 16 O século XX – com seus campos de concentração e esquadrões da morte, seu militarismo e duas 17 guerras mundiais, sua ameaça de aniquilação nuclear e sua experiência de Hiroshima e Nagasaki – 18 certamente deitou por terra esse otimismo. Pior ainda, há suspeita de que o projeto do Iluminismo estava 19 fadado a voltar-se contra si mesmo e transformar a busca da emancipação humana num sistema de 20 opressão universal em nome da libertação humana. Essa foi a atrevida tese apresentada por Horkheimer e 21 Adorno em Dialética do esclarecimento (1972). Escrevendo sob as sombras da Alemanha de Hitler e da 22 Rússia de Stálin, eles alegavam que a lógica que se oculta por trás da racionalidade iluminista é uma lógica 23 da dominação e da opressão. A ânsia por dominar a natureza envolvia o domínio dos seres humanos, o 24 que no final só poderia levar a “uma tenebrosa condição de autodominação”, conforme salienta Bernstein 25 (1985, p. 9). A revolta da natureza, que eles apresentavam como a única saída para o impasse, tinha, 26 portanto, de ser concebida como uma revolta da natureza humana contra o poder opressor da razão 27 puramente instrumental sobre a cultura e a personalidade. 28 São questões cruciais saber (i) se o projeto do Iluminismo estava ou não fadado desde o começo a 29 nos mergulhar num mundo kafkiano; (ii) se tinha ou não de levar a Auschwitz e Hiroshima; e (iii) se lhe 30 restava ou não poder para formar e inspirar o pensamento e a ação contemporâneos. Há quem, como 31 Habermas, continue a apoiar o projeto, se bem que com forte dose de ceticismo quanto às suas metas, 32 com muita angústia quanto à relação entre meios e fins e com certo pessimismo no tocante à possiblidade 33 de realizar tal projeto nas condições econômicas e políticas contemporâneas. E há quem – e isso é o cerne 34 do pensamento filosófico pós- modernista – insista que devemos, em nome da emancipação humana, 35 abandonar por inteiro o projeto iluminista. A posição a tomar depende de como se explica o “lado sombrio” 36 da nossa história recente e do grau até o qual o atribuímos aos defeitos da razão iluminista, e não à falta de 37 sua correta aplicação. HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993. p. 23-24. (Adaptado). 15 - (UEG GO/2020) No período “O pensamento iluminista abraçou a ideia do progresso e buscou ativamente a ruptura com a história e a tradição esposada pela modernidade” (Refs. 1-2), as palavras “abraçou” e “esposada” são usadas em sentido a) literal b) irônico c) filosófico d) metafórico e) metalinguístico GABARITO: 1) Gab: A 2) Gab: A 3) Gab: a) Na primeira estrofe, a ambiguidade decorre do uso da palavra “gênero”, que pode corresponder tanto à categoria gramatical (gênero masculino, feminino e neutro) quanto à identidade (sexual ou não) de uma pessoa. Já na segunda estrofe, a ambiguidade está no uso da palavra “coletivos”, que tanto pode se referir aos substantivos que indicam pluralidade quanto a grupos de pessoas com objetivos afins. Nos dois casos, as palavras polissêmicas (“gênero” e “coletivos”) remetem, de um lado, a um sentido gramatical e, de outro, a um sentido político- social. b) Uma figura de linguagem usada é a ironia. Há uma quebra de expectativa, pois espera-se que se expresse o poder das mulheres e, ao contrário, o grupo de estudos traz o nome do gramático Celso Pedro Luft, sugerindo que o estudo será reduzido à gramática, área de saber aqui representada por um homem. A ironia ocorre no jogo de palavras que provoca o humor, ou seja, o grupo de mulheres fica subordinado a uma figura masculina, desestabilizando o sentido esperado e produzindo uma interpretação inusitada. Outra figura de linguagem usada é a elipse, que é a omissão de um termo ou expressão subentendida no contexto. Um tipo de elipse encontrado no poema é a zeugma, que é a omissão de um termo já citado anteriormente. Exemplos: “então as três *mulheres+ se juntaram” (elipse) e “*as três+ fundaram o grupo de estudos” (zeugma). 4) Gab: A 5) Gab: E 6) Gab: A 7) Gab: E 8) Gab: E 9) Gab: D 10) Gab: D 11) Gab: B 12) Gab: C 13) Gab: A 14) Gab: D 15) Gab: D
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