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Eletromecânica Manutenção industrial Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 Manutenção industrial SENAI-SP, 2006 Trabalho elaborado pelas CFPs 5.03, 5.68 e 6.02 e editorado por Meios Educacionais da Gerência de Educação da Diretoria Técnica do SENAI-SP para o Curso Técnico de Manutenção Eletromecânica. Coordenação técnica Airton Almeida de Moraes (GED) Elaboração Fernando Rigolon (5.68) Milton Antônio Scarpelin (5.03) Vitório Moreira Yugulis (6.02) Coordenação editorial Gilvan Lima da Silva (GED) SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de São Paulo Av. Paulista, 1.313 - Cerqueira César São Paulo - SP CEP 01311-923 Telefone Telefax SENAI on-line (0XX11) 3146-7000 (0XX11) 3146-7230 0800-55-1000 E-mail Home page senai@sp.senai.br http://www.sp.senai.br Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 Sumário Fundamentos da manutenção preditiva 01 • Classificação geral das técnicas de monitoramento 01 • Execução da manutenção preditiva 04 • Análise da tendência da falha 05 Técnica de análise da vibração 09 • Vibração mecânica 09 • Tipos de vibração 12 • Medições de vibração 14 • Parâmetros do sinal de vibração e unidades de medição 19 • Análise espectral das principais anomalias 22 • Mais alguns parâmetros para medição e análise de vibrações 24 • Captação dos sinais de vibração com transdutores 26 • Analisadores 27 Termômetro 35 • Termômetro com infra-vermelho 35 • Aplicação dos termômetros com infra-vermelho 36 Aplicação da termografia 37 • Termografia 38 • Aparelhos de medição 41 • termovisores 42 • Aplicação da termografia em sistemas elétricos 42 • Planejamento das inspeções termográficas 43 Ultra-som 47 • E o que é ultra-som? 47 • Aplicando o ultra-som 48 • O que é transdutor? 48 • Acoplante 49 Realizando o ensaio de ultra-som 53 • Técnicas de ensaio 53 Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 • Equipamento de ensaio por ultra-som 57 • Medição de espessura com o ultra-som 59 Análise de óleos lubrificantes 61 • Coletas de amostras de lubrificantes 61 Análise de lubrificantes por meio da técnica ferrográfica 65 • Conceito da ferrografia 65 • Origem da ferrografia 65 • A técnica ferrográfica 66 • Funcionamento do ferrógrafo 67 • Ferrograma 68 • Ferrografia quantitativa 69 • Ferrografia analítica 72 • Cronograma de monitoramento 73 • Comparação com outras técnicas 73 • Tipos de máquinas 76 • Casos históricos 77 Alinhamentos 81 • Alinhamentos 81 Alinhamento a laser 81 Cuidados especiais de alinhamento 89 Análise por sintomas 91 • Tomada de decisões 91 • Análise de sintomas 92 • Exemplos de aplicação 94 Tribologia 97 • Atrito 98 • Lubrificação 99 • Especificação de lubrificantes 101 • Itens de estocagem 103 • Sistemática de lubrificação 105 • Codificação convencional 107 • Controle 108 • Análise de óleos 109 • Análises físico-química 111 • Ensaios utilizados, descrição e interpretação 111 • Análise morfológica de partículas e de desgaste 115 • Custo-beneficio 117 Prestação de serviços de manutenção pró-ativa 119 Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 • Análise de contrato 119 • Análise de relatório 120 • Desenvolvimento de fornecedores 120 • Avaliação do desempenho 120 Abordagem estatística da falha 123 • Histograma 125 • Funções de densidade de probabilidade 125 • Taxa de falha em idade determinada 127 • O perfil de falha durante a vida de um equipamento 128 • Disponibilidade de instalações 129 Manutenção baseada na confiabilidade 131 • Processo de manutenção baseada na confiabilidade 131 • Fluxograma de decisão 134 • Risco 136 • Etapas de implantação 138 • Funções e padrão de desempenho 141 • Estudo de falhas 141 • Tarefas 146 • Planilhas 147 • Sistema de Informações 150 Referências 153 Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 1 Fundamentos da manutenção preditiva Uma empresa vinha desenvolvendo de modo satisfatório um programa de manutenção, porém, o relatório final de produção indicava a possibilidade de aperfeiçoamentos no processo. Estudos posteriores revelaram que, para aperfeiçoar o processo com ganhos de produção, era preciso, entre outros procedimentos, incluir a manutenção preditiva no programa de manutenção. Após muitas reuniões entre dirigentes, gerentes, encarregados, supervisores e operários, chegou-se ao consenso de que a empresa, para instalar um programa de manutenção preditiva, precisaria, antes de qualquer coisa, capacitar uma equipe em manutenção preditiva e orientar todo o pessoal por meio de treinamentos específicos. Classificação geral das técnicas de monitoramento Já vimos que a manutenção preditiva é aquela que indica a necessidade de intervenção com base no estado do equipamento. A avaliação do estado do equipamento se dá através de medição, acompanhamento ou monitoração de parâmetros. Esse acompanhamento pode ser feito de três formas: • Acompanhamento ou monitoração subjetiva. • Acompanhamento ou monitoração objetiva. • Monitoração contínua. Monitoração subjetiva Variáveis como temperatura, vibração, ruído e folgas já são acompanhadas há muitos anos pelo pessoal da manutenção, independente da existência de instrumentos. Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-062 O ruído e o tato podem nos indicar o estado de algumas peças ou a existência de peças frouxas. Esses procedimentos fazem parte da monitoração da condição do equipamento, e serão tanto mais confiáveis quanto mais experientes sejam os profissionais de manutenção. Mesmo que a experiência propicie um identificação razoável nesse tipo de verificação, ela não deve ser adotada como base para decisão por ser extremamente subjetiva. Cada pessoa terá uma opinião. A temperatura de uma caixa de mancal pode estar boa para um e estar muito alta para outro. Apesar disso, o uso dos sentidos pelo pessoal de manutenção deve ser incentivado. Visão, Audição, tato, olfato. Faça uso, mas seja cauteloso. Esses “instrumentos” não são substituíveis. Certifique-se das condições de segurança antes de usar seus sentidos. Monitoração objetiva A monitoração, ou o acompanhamento objetivo, é feita com base em medições utilizando equipamentos ou instrumentos especiais. É objetiva por: • Fornecer um valor de medição do parâmetro que está sendo acompanhado. • Ser o valor medido independente do operador do instrumento, desde que utilizado o mesmo procedimento. Para utilização de qualquer meio de acompanhamento do estado de equipamentos por meio de instrumentos – monitoração objetiva – é fundamental que: • O pessoal que opera os instrumentos seja treinado e habilitado para tal. • Os instrumentos estejam calibrados. • Haja pessoal capaz de interpretar os dados coletados e emitir diagnóstico. E, finalmente, tão ou mais importante do que os três itens relacionados é que a média e a alta gerência confiem no diagnóstico de seus técnicos. Monitoração contínua A monitoração contínua, que é também um acompanhamento objetivo, foi inicialmente adotada em situações onde o tempo de desenvolvimento do defeito era muito curto e em equipamentos de alta responsabilidade. Isso significa uma excelente proteção desde que, usualmente, a monitoração contínua venha associada a dispositivos que, Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 3 em um primeiro momento, alarmam e em seguida promovem a parada ou desligamento do equipamento uma vez atingido o valor limite estipulado. Como os sistemas de monitoração contínua tinham um preço muito elevado, somente na situação descrita sua aquisição era justificada. Com o desenvolvimento da eletrônica e de sistemas digitais, a oferta de sistemas de monitoração teve seu leque de aplicações ampliado e o preço final tem caído. Isso vem permitindo, também a utilização de sistemas de monitoração à distância. Um exemplo disso é a monitoração dos grupos geradores nas usinas hidrelétricas. O sistema instalado nas máquinas na usina fornece dados para a usina e ao mesmo tempo para os terminais instalados na sede da empresa.É possível monitorar variáveis típicas de processo como densidade, vazão, pressão, etc. e variáveis relacionadas mais diretamente com os equipamentos, como vibração, temperatura de mancais, temperatura do enrolamento de motores elétricos, etc. Outros aspectos importantes da monitoração contínua: • Independe de pessoal • Efetua monitoração realmente contínua, o que não é razoável de ser conseguido com pessoas operando instrumentos. • Pode enviar os dados em tempo real para unidades lógicas de processamento ou computadores com programas especialistas. • Pode ser configurada de acordo com as necessidades do cliente, fornecendo redundância onde se exija alta confiabilidade e saídas para acoplamento de instrumentos e processadores visando análises mais aprofundadas. • Alguns fenômenos, particularmente na área de equipamentos rotativos, somente podem ser detectados através do acompanhamento permanente de determinadas variáveis. • Alguns dados só podem ser levantados em situação de parada ou partida das máquinas, por serem muito rápidos ou por ocorrerem em horários e condições que inviabilizam o levantamento manual de dados. • Sistemas de monitoração contínua são adequados para verificação de transientes, o que não ocorre com coletores manuais. • A existência de sistemas de monitoração é fator de economia em relação a prêmios de seguros e tempo de campanha. No local mais apropriado para medição é instalado um sensor ou captor que pode ser de contato ou não, dependendo do tipo de medição. Esse sensor está ligado a um Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-064 transdutor que faz a decodificação do sinal para que ele possa ser traduzido em valores no indicador instalado no painel. São comumente empregados os seguintes tipos de instalação: • No campo. Todo o sistema, desde os sensores até o painel, é instalado no campo, normalmente ao lado das máquinas ou instalações. • Painel na casa de controle local, quando a indústria utiliza o conceito de casas de controles por unidades operacionais ou conjunto fabril. • Painel ou dados para a casa de controle central , principalmente quando a planta usa sistema centralizado de controle como SDCD – Sistema Digital de Controle Distribuído. • Painel na unidade operacional, em uma das três opções acima, é dado em locais remotos, sede da empresa, centro de controle etc. distantes fisicamente da planta. • Os sinais de condição mecânica, elétrica ou de processos transmitidos pelos sensores são levados até os transmissores, que são capazes de realizar cálculos complexos, detecção de alarme e verificação de erros. Desse modo, entradas de pressão, temperatura, rotação, fase, tensão, corrente elétrica, quando processadas, podem fornecer a potência, carga e eficiência volumétrica; comparar os resultados com dados previamente informados ; verificar níveis de alarme e comunicar essas condições para PLC ou SDCD. Execução da manutenção preditiva Para ser executada, a manutenção preditiva exige a utilização de aparelhos adequados, capazes de registrar vários fenômenos, tais como: • vibrações das máquinas; • pressão; • temperatura; • desempenho; • aceleração. Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 5 Com base no conhecimento e análise dos fenômenos, torna-se possível indicar, com antecedência, eventuais defeitos ou falhas nas máquinas e equipamentos. A manutenção preditiva, após a análise do fenômenos, adota dois procedimentos para atacar os problemas detectados: estabelece um diagnóstico e efetua uma análise de tendências. Diagnóstico Detectada a irregularidade, o responsável terá o encargo de estabelecer, na medida do possível, um diagnóstico referente à origem e à gravidade do defeito constatado. Este diagnóstico deve ser feito antes de se programar o reparo. Análise da tendência da falha A análise consiste em prever com antecedência a avaria ou a quebra, por meio de aparelhos que exercem vigilância constante predizendo a necessidade do reparo. Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-066 Graficamente temos: O esquema a seguir resume o que foi discutido até o momento. Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 7 A manutenção preditiva, geralmente, adota vários métodos de investigação para poder intervir nas máquinas e equipamentos. Entre os vários métodos destacam-se os seguintes: estudo das vibrações; análise dos óleos; análise do estado das superfícies e análises estruturais de peças. Manutenção Industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-068 Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 9 Técnica de análise da vibração Vibração mecânica Para compreender os fundamentos da análise de vibrações, será preciso compreender o que é vibração mecânica. Leia atentamente o que segue, orientando-se pela figura abaixo, que mostra um equipamento sujeito a vibrações. Vibração mecânica é o movimento resultante da ação de uma força sobre uma partícula de massa. No detalhe da figura acima, o ponto P, quando em repouso ou não estimulado pela força, localiza-se sobre o eixo x. Sendo estimulado por uma força, ele se moverá na direção do eixo y, entre duas posições limites, eqüidistantes de x, percorrendo a distância 2D, isto é, o ponto P realiza um movimento oscilatório sobre o eixo x. Para que o movimento oscilatório do ponto P se constitua numa vibração, ele deverá percorrer a trajetória 2D, denominada trajetória completa, ou ciclo, conhecida pelo nome de período de oscilação. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0610 Deslocamento De acordo com o detalhe mostrado na ilustração, podemos definir o deslocamento como a medida do grau de distanciamento instantâneo que experimenta o ponto P no espaço, em relação à sua posição de repouso sobre o eixo x. O ponto P alcança seu valor máximo D, de um e do outro lado do eixo x. Esse valor máximo de deslocamento é chamado de amplitude de deslocamento, que é medida em micrometro (µm). Observação 1µm = 0,001mm = 10-3mm O ponto P realiza uma trajetória completa em um ciclo, denominado período de movimento, mais usualmente chamado freqüência de vibração. Freqüência é a quantidade de vezes, por unidade de tempo, que um fenômeno se repete. No caso do ponto P, a freqüência é a quantidade de ciclos que ele realiza na unidade de tempo. No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de freqüência recebe o nome de hertz (Hz), que equivale a um ciclo por segundo. Na literatura mecânica, é comum encontrarmos número de rotações por minuto e ciclos por minuto como unidades de freqüência. Essas unidades podem ser aceitas, considerando-se que o movimento de rotação do eixo é a causa, em última instância, da existência de vibrações em uma máquina, e que quando o eixo completa uma rotação, o ponto P descreverá um número inteiro de trajetórias completas ou ciclos. Velocidade O ponto P tem sua velocidade nula nas posições da amplitude máxima de deslocamento, e velocidade máxima quando passa pelo eixo x, que é a posição intermediária de sua trajetória. No SI, a unidade de velocidade é metros/segundo (m/s). No caso particular do ponto P, a velocidade é expressa em mm/s. Aceleração Como a velocidade do ponto P varia no decorrer do tempo, fica definida uma certa aceleração para ele. A variação máxima da velocidade é alcançada pelo ponto P em um dos pontos extremos de sua trajetória, isto é, ao chegar à sua elongação máxima D. Nessas posições extremas, a velocidade não somente muda de valor absoluto, como também de sentido, já que neste ponto ocorre inversão do movimento. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 11 A aceleração do ponto P será nula sobre o eixo x, pois sobre ele o ponto P estará com velocidade máxima. Resumindo, o movimento vibratório fica definido pelas seguintes grandezas: deslocamento, velocidade, aceleração, amplitude e freqüência. Amplitude e freqüência A amplitude pode ser representada por 3 grandezas: • Deslocamento microns/ mm • Velocidade mm/s • Aceleração mm/s² ou g A freqüência é número de vezes em que o movimento se repeteem um determinado espaço de tempo. A freqüência da vibração de Máquinas normalmente e medida em: • Hz - Ciclos por segundo. • CPM - Ciclos por minuto. Segue abaixo os mecanismos de uma vibração. Movimentos harmônicos De acordo com a definição de vibração vista anteriormente, percebe-se que o processo vibratório pode ser traduzido matematicamente pela teoria dos Movimentos Harmônicos, que representam movimentos de “vai e vem” em torno de uma posição de equilíbrio. Os movimentos harmônicos se repetem regularmente a intervalos de tempo iguais T, e por isso são denominados movimentos harmônicos periódicos. O tempo de repetição T é chamado de período de oscilação e o seu inverso f = l/T de freqüência. Veja que o sistema massa/mola da figura abaixo descreve um movimento harmônico, quando vibra. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0612 Movimento harmônico descrito por um sistema massa/mola. Note-se que no eixo do tempo a função registrada tem a forma precisa de uma senóide, definindo, então, a forma de onda mais simples registrada durante um movimento vibratório. Como toda função seno, este movimento pode ser representado, matematicamente, pela equação: x (t) = A1 . sen (ωt + φ,) Onde: x (t) - deslocamento da massa m; A1 - amplitude do onda; ω = 2.π.f1 - velocidade angular; φ - ângulo de fase. Tipos de vibração Vibrações não periódicas São vibrações cuja curva (deslocamento x tempo) não se repete ao final de um período. Este tipo de vibração é provocado por forças de excitação irregulares, como, por exemplo, tráfego de veículos sobre uma ponte e forças de turbulências emaviões. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 13 Vibrações periódicas São vibrações cuja curva (deslocamento x tempo) repete-se exatamente após certo período de tempo. Vibrações periódicas são produzidas por excitações igualmente periódicas. Este é o tipo mais freqüente de vibrações em máquinas. Na prática, a forma de onda que se observa nas máquinas é do tipo da figura acima. Ele é periódico, por se repetir igualmente, a cada intervalo de tempo T, mas não pode ser classificado como harmônico, uma vez que foge das características senoidais. No entanto, pode ser entendido como uma superposição de duas ou mais harmônicas de diferentes freqüências. Os sistemas que vibram são caracterizados como lineares e não lineares. Para os primeiros, prevalece o principio da superposição e os métodos matemáticos para o seu estudo estão bem desenvolvidos. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0614 Para os sistemas não lineares, os métodos de análise são bem menos conhecidos e de difícil aplicação. Assim, costuma-se trabalhar na análise de vibrações considerando- se que um sinal de vibração é nada mais que um somatório de várias ondas senoidais. Isto muitas vezes pode não ser uma maneira muito precisa de encarar o problema, quando o sistema tem parâmetros não lineares muito fortes, mas se não, é uma forma bem próxima da realidade e que ao mesmo tempo facilita os cálculos e o entendimento dos problemas. Medições de vibração A vibração mecânica é um fenômeno bastante complexo, resultante da combinação de várias excitações simultâneas sobre a máquina ou estrutura sob consideração como na ilustração abaixo. As técnicas de medições agrupam número significativo de conceitos e regras práticas, exigindo da pessoa designada para o serviço um sem número de conhecimentos. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 15 O responsável pela especificação dos aparelhos e processos de medidas, no caso um técnico, engenheiro ou pesquisador, deve considerar certos fatores para que seja tomada uma decisão sábia e correta, raciocinando sobre as etapas que seguem: 1. Que tipo de informações deseja obter. 2. Como obtê-las. 3. Onde colher os dados. 4. Como armazená-los da melhor forma. 5. De que forma apresentar os resultados. 6. Como interpretar os resultados. 7. Que decisão tomar. O operador do instrumento precisa seguir alguns procedimentos para realizar o trabalho: Conhecer o aparelho. 1. Receber treinamento de utilização. 2. Tirar o maior proveito das medições. 3. Executar as medições nos pontos preestabelecidos. 4. Anotar corretamente os valores obtidos. 5. Conhecer um mínimo da dinâmica do maquinário para poder avaliar as medições e situações de alarme. Pontos de medição O primeiro passo é colher os dados do maquinário em questão para se ter uma idéia dos pontos críticos (maiores níveis de vibração) que ele apresenta. Conhecendo o que se deseja monitorar, é preciso identificar um ponto externo acessível durante o funcionamento da máquina. A trajetória da vibração da fonte até o ponto de captação deve ser a mais sólida e curta possível, garantindo a máxima veracidade na transmissão, como, por exemplo, nos mancais de ponto de partida. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0616 Caso não se conheça profundamente a máquina ou equipamento, deve-se levantar o maior numero de pontos possíveis para garantir a aquisição de todas as informações. Escolha dos parâmetros • deslocamento • velocidade • aceleração • freqüência Tratando-se de vibrações mecânicas, cada um dos parâmetros tem diferentes utilidades na análise da máquina. Vejamos cada um deles com detalhes. Com relação ao deslocamento, temos o percurso executado por um elemento ou sistema. A unidade oficial é o micrometro (µm). Este parâmetro tem grande utilização na indústria para: • indicar a vibração do maquinário; • monitorar através de alarme de indicação, o desbalanceamento ou empenamento de rotores; • indicar folgas excessivas; • verificar transmissibilidade; • observar fadigas. É muito importante que os pontos sejam numerados e identificados facilmente, para uma análise posterior. Salientamos ainda que se deve registrar a direção em que foi feita a medição (axial ou radial). Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 17 Para avaliação da severidade, a medida do deslocamento deverá ser acompanhada da freqüência. Para tal, utilizamos as curvas de Rathbone que servem de guia ideal para este parâmetro. Tolerância para vibrações baseada no deslocamento No caso da velocidade, cujo módulo é o produto da amplitude do sinal de deslocamento pela freqüência circular, existe informação de severidade já embutida com a freqüência de rotação. A unidade normalizada para este parâmetro é o milímetro por segundo (mm/s). É utilizado em: • indicadores de níveis de vibração. • acompanhamento de quase todos os componentes da máquina. • sistemas de monitoração contínua. A aceleração oferece uma medida de vibração com grande conotação de severidade para componentes de alta freqüência. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0618 A quantificação do sinal de vibração Existem várias maneiras de quantificar a amplitude do sinal de vibração no tempo. As unidades de medidas podem adquirir diferentes significados. Quantificado do sinal de vibração Com base na figura acima pode-se definir: a. Nível de RMS (Root Mean Square): Raiz Média Quadrática. Provavelmente é a representação do nível de vibração mais usado. É a raiz quadrada da integral da função quadrática da onda no domínio do tempo. O valor do RMS traduz a energia contida na vibração e logo, o potencial de perigo da vibração. O valor do RMS de uma onda senoidal é 1/ 2 vezes o valor de pico. b. Valor de Pico: Define o valor máximo do sinal de vibração e é mais usado nas medidas de impacto de curta duração. Porém, não representa nenhuma avaliação da vibração. c. Pico-a-Pico: Utiliza-se para quantificar vibração representada através do parâmetro “deslocamento”. Este valor é raramente usado. d. Nível Médio: Representa uma avaliação da vibração no tempo, porém não tem nenhum significado físico. Na figura acima o nível médio é coincidente com o eixo do tempo. e. Fator de Crista: É a relação entre o valor de pico e o RMS. Quando a vibração transforma-se em mais impulsiva, ou mais randômica, o fator de crista cresce. Um exemplo de aplicação é em rolamentos. Àsvezes uma falha de rolamento pode não ser detectada pelo valor de RMS, no entanto, o fator de crista altera-se. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 19 Parâmetros do sinal de vibração e unidades de medição A aceleração com a qual a estrutura vibra, ou sua velocidade, ou ainda o seu deslocamento estes três parâmetros podem ser medidos diretamente com acelerômetros, vibrômetros ou sensores de deslocamento, ou indiretamente, como será visto adiante. Normalmente a vibração é medida com acelerômetros, os quais medem aceleração. Somente a análise de freqüência pode revelar a composição de um sinal de vibração. Para medidas de “banda larga”, em máquinas rotativas, o parâmetro velocidade é o melhor em 70% dos casos, aceleração em 30% e deslocamento dificilmente usado. O parâmetro deslocamento é algumas vezes usado para medir vibrações de baixa freqüência e grandes deslocamentos, freqüentemente encontrados em estruturas como navios, construções civis e pontes. Como regra geral sugere-se a seguinte tabela: Parâmetros recomendáveis para medidas de vibração. De 1 à 50 HZ Deslocamento De 50 a 1000 HZ Velocidade Acima de 1000 HZ Aceleração Durante medições em campo, observa-se uma maior estabilidade dos valores da velocidade de vibração do que da aceleração. Quando a finalidade é monitorar o nível de RMS para traçar curvas de tendência de falhas recomendam-se as medidas em velocidade. Ou quando se está diante de uma análise de severidade, comparando-se com valores recomendados por normas como a VDI-2056, ISO-2372 ou 150-3945, obrigatoriamente deve-se estabelecer o parâmetro velocidade, como será visto no próximo capitulo. Quando sinais complexos como impactos e impulsos são medidos, a integração não deve ser usada, porque introduz erros de fase, resultando em sérios erros de medida na amplitude. Possibilidades da análise de vibrações Por meio da medição e análise das vibrações existentes numa máquina em operação, é possível detectar com antecipação a presença de falhas que podem comprometer a continuidade do serviço, ou mesmo colocar em risco a integridade física da máquina ou a segurança do pessoal da área. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0620 A aplicação do sistema de análise de vibrações permite detectar e acompanhar o desenvolvimento de falhas nos componentes das máquinas. Por exemplo, pela análise de vibrações constatam-se as seguintes falhas: • rolamentos deteriorados; • engrenagens defeituosas; • acoplamentos desalinhados; • rotores desbalanceados; • vínculos desajustados; • eixos deformados; • lubrificação deficiente; • folgas excessivas em buchas; • falta de rigidez; • problemas aerodinâmicos ou hidráulicos; • cavitação; • desbalanceamento de rotores de motores elétricos. O registro das vibrações das estruturas é efetuado por meio de sensores ou captadores colocados em pontos estratégicos das máquinas. Esses sensores transformam a energia mecânica de vibração em sinais elétricos. Esses sinais elétricos são, a seguir, encaminhados para os aparelhos registradores de vibrações ou para os aparelhos analisadores de vibrações. Os dados armazenados nos registradores e nos analisadores são, em seguida, interpretados por especialistas, e desse modo obtém-se uma verdadeira radiografia dos componentes de uma máquina, seja ela nova ou velha. A análise das vibrações também permite, por meio de comparação, identificar o aparecimento de esforços dinâmicos novos, indicando uma degradação em processo de desenvolvimento. Os níveis de vibrações de uma máquina podem ser representados de várias maneiras; porém, a maneira mais usual de representação é a espectral ou freqüencial, em que a amplitude da vibração é dada de acordo com a freqüência. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 21 Graficamente temos: No ponto A 0 temos a amplitude de uma certa vibração, e no ponto A 1 a amplitude de uma outra vibração. Desse modo, em um espectro todos os componentes de um nível vibratório são representados sob a forma de picos que nos permitem seguir, individualmente, a variação da amplitude de cada vibração e discriminar, sem mascaramentos, os defeitos em desenvolvimento nos componentes das máquinas. A figura a seguir mostra um gráfico real de uma análise espectral. Esse gráfico foi gerado por um analisador de vibrações completo. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0622 Análise espectral das principais anomalias As anomalias espectrais podem ser classificadas em três categorias, relacionadas a seguir. 1. Picos que aparecem nas freqüências múltiplas ou como múltiplos da velocidade desenvolvida pelo rotor Dentro dessa categoria, os picos são causados pelos seguintes fenômenos: • desbalanceamento de componentes mecânicos; • desalinhamento; • mau ajuste mecânico; • avarias nas engrenagens; • turbilhonamento da película de óleo; • excitação hidrodinâmica; • mau estado da correia de transmissão. O fenômeno do desbalanceamento é a causa mais comum das vibrações, sendo caracterizado por uma forte vibração radial que apresenta a mesma freqüência de rotação do rotor. O desalinhamento também é bastante comum em máquinas e provoca vibrações na mesma freqüência de rotação do rotor, ou em freqüências múltiplas, notadamente no caso de dentes acoplados. Quando há mau ajuste mecânico de um mancal, por exemplo, ou quando ocorre a possibilidade de um movimento parcial dele, no plano radial surge uma vibração numa freqüência duas vezes maior que a velocidade de rotação do eixo. Essa vibração aparece por causa do efeito de desbalanceamento inicial e pode adquirir uma grande amplitude em função do desgaste do mancal. No caso de engrenamento entre uma coroa e um pinhão, por exemplo, ocorrerá sempre um choque entre os dentes das engrenagens. Isto gera uma vibração no conjunto, cuja freqüência é igual à velocidade de rotação do pinhão multiplicado pelo seu número de dentes. O mau estado de uma correia em “V” provoca variação de largura, sua deformação etc. e, como conseqüência, faz surgirem variações de tensão que criam vibrações Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 23 de freqüência iguais àquelas da rotação da correia. Se as polias não estiverem bem alinhadas, haverá um grande componente axial nessa vibração. 2. Picos que aparecem em velocidades independentes da velocidade desenvolvida pelo rotor Os principais fenômenos que podem criar picos com freqüências não relacionadas à freqüência do rotor são causados pelos seguintes fatores: • Vibração de máquinas vizinhas – O solo, bem como o apoio de alvenaria que fixa a máquina, pode transmitir vibração de uma máquina para outra. • Vibrações de origem elétrica – As vibrações das partes metálicas do estator e do rotor, sob excitação do campo eletromagnético, produzem picos com freqüências iguais às do rotor. O aumento dos picos pode ser um indício de degradação do motor; por exemplo: diferenças no campo magnético do indutor devido ao número desigual de espiras no enrolamento do motor. • Ressonância da estrutura ou de eixos – Cada componente da máquina possui uma freqüência própria de ressonância. Se uma excitação qualquer tiver uma freqüência similar àquela de ressonância de um dado componente, um pico aparecerá no espectro. • As máquinas são sempre projetadas para que tais freqüências de ressonância não se verifiquem em regime normal de funcionamento, aceitando-se o seu aparecimento somente em regimes transitórios. 3. Densidade espectral proveniente de componentes aleatórios da vibração Os principais fenômenos que provocam modificações nos componentes aleatórios do espectro são os seguintes: • Cavitação – Esse fenômeno hidrodinâmico induz a vibrações aleatórias e é necessário reconhecê-las para eliminá-las, modificando-se as características de aspiração da bomba. A cavitação pode ser também identificada pelo ruído característico que produz. • Escamação dos rolamentos – A escamação de uma pista do rolamento provoca choques e ressonância do mancal, e é fácil de se identificar com um aparelhode medida de ondas de choque. Na análise espectral, esse fenômeno aparece nas altas freqüências, para uma densidade espectral que aumenta à medida que os rolamentos deterioram. Se a avaria no rolamento fosse em um ponto apenas, seria possível ver um pico de freqüência ligado à velocidade do rotor e às dimensões do rolamento (diâmetro das pistas interiores e exteriores, número de rolamentos etc.), porém isto é muito raro. Na verdade, um único ponto deteriorado promove a propagação da deterioração por toda a superfície Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0624 da pista e por outras peças do rolamento, criando, assim, uma vibração do tipo aleatória. • Atrito – O atrito gera vibrações de freqüência quase sempre elevada. O estado das superfícies e a natureza dos materiais em contato têm influência sobre a intensidade e a freqüência das vibrações assim criadas. Parâmetros deste tipo são esporádicos, difíceis de analisar e de vigiar. A tabela a seguir resume as principais anomalias ligadas às vibrações. VibraçãoCausa Freqüência Direção Observações Turbilhão de óleo De 0,42 a 0,48 x FR FR = Freqüência de rotação Radial Unicamente sobre mancais lisoshidrodinâmicos com grande velocidade. Desbalanceam ento 1 x FR Radial Radial Intensidade proporcional à velocidade de rotação Defeito de fixação 1, 2, 3, 4 x FR Radial Defeito de alinhamento 2 x FR Axial e radial Vibração axial em geral mais importante, se o defeito de alinhamento contém um desvio angular. Excitação elétrica 1, 2, 3, 4 x 60Hz Axial e radial Desaparece ao se interromper a energia elétrica. Velocidade crítica de rotação Freqüência crítica do motor Radial Aparece em regime transitório e desaparece em seguida. Correia em mau estado 1, 2, 3, 4 x FR Radial Engrenagens defeituosas Freqüência de engrenamento = F F = no de dentes x FR árvore Radial + axial Banda lateral em torno da freqüência de engrenamento. Pinhão (“falsa volta”) F ± FR pinhão Radial + axial Bandas laterais em torno da freqüência de engrenamento devido às “falsas voltas”. Excitação hidrodinâmica Freqüência de passagem das pás Radial e axial Deterioração do rolamento Altas freqüências Radial e axial Ondas de choque causadas por escamações. Mais alguns parâmetros para medição e análise de vibrações Amplitude de velocidade Para equipamentos em que a carga é relativamente CTE, ou seja, não sujeita à variações bruscas ou pisos, como o caso de prensas ou trituradores pode-se admitir a seguinte norma: Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 25 • Equipamentos em muito bom estado de funcionamento, valores inferiores a 2,5mm/seg. • Equipamentos com começo de falha valores entre 2,5 e 4mm/seg. • Equipamentos com algum componente estragado ou com elementos desbalanceados, valores entre 4 e 6,5mm/seg. • Trocar componentes imediatamente ou elementos muito desbalanceados, valores superiores a 6,5mm/seg. Equipamentos A evolução do estado e estimativa da vida útil se obtém de forma direta mediante a leitura do padrão incorporado à escala entre 200 e 12.000rpm para motores elétricos, bombas, ventiladores, árvores de transmissão, eixos conduzidos etc: Para valores superiores à 12.000rpm pode-se confundir o defeito do rolamento com um desbalanceamento do rotor da máquina. Caixas de engrenagens A freqüência do sinal gerado por engrenagens se encontra dentro da faixa correspondente à dos rolamentos, devendo ser tomadas as seguintes precauções: 1. Verificar se o redutor funcionando a plena carga e com todos os seus rolamentos em perfeitas condições, os valores medidos não superam 1/3 da escala. 2. Para redutores que cumpram a condição acima, acusando um aumento do valor medido localizado em um dos rolamentos, a classificação de seu estado mecânico será diretamente indicada pela escala. Quando se observa um desenvolvimento generalizado dos valores medidos, deverá ser considerada a possibilidade de falhas na engrenagem como dentes estragados, deficiência na lubrificação, desgaste, desajuste, etc. 3. Para redutores que não satisfaçam a condição l, não será possível distinguir entre as falhas dos rolamentos ou das engrenagens. Determinação de freqüência Na determinação da freqüência das vibrações deverão ser feitas medições sucessivas de velocidade e deslocamento em um mesmo ponto: com ambos valores e utilizando o gráfico l pode-se encontrar o valor da freqüência correspondente. Naturalmente para este cálculo da freqüência, supõe-se que a vibração é uma senoide pura. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0626 Captação dos sinais de vibração com transdutores Os sensores são componentes fundamentais para o recebimento de informações, merecendo uma atenção bastante cuidadosa por parte do usuário. Existem dois tipos de transdutores básicos para a medida de vibração mecânica: absolutos e relativos. São chamados absolutos os transdutores que medem a vibração de um corpo sem vínculo com alguma referência externa, ou seja, somente o movimento alternado é medido. Nesta categoria estão o vibrômetro e o acelerômetro, que são firmemente presos ao equipamento sob medição. Os transdutores denominados relativos são acondicionados fora do elemento cuja vibração se deseja medir, e ela é captada em relação àquele ponto de fixação. Sensores ou captadores Existem três tipos de sensores mecânico-elétricos baseados em três diferentes sistemas de transdução: • sensores eletrodinâmicos: detectam vibrações absolutas de freqüências superiores a 3Hz (180cpm). • sensores piezoelétricos: detectam vibrações absolutas de freqüências superiores a 1Hz (60cpm). • sensores indutivos (sem contato ou de proximidade): detectam vibrações relativas desde 0 Hz, podendo ser utilizados tanto para medir deslocamentos estáticos quanto dinâmicos. Registradores e medidores Esses aparelhos medem a amplitude das vibrações, permitindo avaliar a sua magnitude. Medem, também, a freqüência, possibilitando identificar sua fonte causadora. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 27 Os registradores podem ser analógicos ou digitais, e estes últimos tendem a ocupar todo o espaço dos primeiros. Analisadores Existem vários tipos e, entre eles, destacam-se: analisadores de medição global, analisadores com filtros conciliadores (fornecem medidas filtradas para uma gama de freqüência escolhida, sendo que existem os filtros de porcentagem constante e os de largura da banda espectral constante) e analisadores do espectro em tempo real. Os analisadores de espectro e os softwares associados a eles, com a presença de um computador, permitem efetuar: • zoom, que é uma função que possibilita a ampliação de bandas de freqüência; • a diferenciação e integração de dados; • a comparação de espectros; • a comparação de espectros com correção da velocidade de rotação. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0628 Gráfico geral de vibração Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 29 Gráfico para a determinação da freqüência de uma vibração Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0630 Gráfico para avaliação de rolamentos Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 31 Equipamento G – Grandes máquinas solidárias a um único bloco de fundação Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0632 Equipamento do grupo T – Grandes máquinas turbinas e turbo compressores Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 33 Equipamentos do grupo M – Máquinas médias, motores entre 15 a 75kw Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0634 Equipamento do grupo K – Motores elétricos até 15kw, moto–bombas e monobloco Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 35 Termômetro Termômetro é um instrumento utilizado para medir temperaturas. Existem vários tipos de termômetros que podem ser aplicados em diversas áreas, desde a clínica até a industrial, para monitoramento das temperaturas dos ambientes. Na mecânica, o controle de temperatura está diretamente ligado à manutenção dos equipamentos, pois temperaturaselevadas podem ser sinal de mau funcionamento de um conjunto ou elemento mecânico. Na mecânica, os termômetros são empregados nos processos de manutenção preditiva, já que muitas vezes o monitoramento dos equipamentos por meio deles pode antever possíveis danos e eventuais paradas por quebra. Termômetro com infra-vermelho O termômetro com sensor infra-vermelho, que é o componente que capta a temperatura, é um instrumento que faz leitura da temperatura sem manter contato com o equipamento; alguns desses termômetros possuem uma mira laser que facilita no direcionamento do infra-vermelho. Termômetros infravermelhos Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0636 Termômetro infravermelho com mira laser Aplicação dos termômetros com infra-vermelho O termômetro com infra-vermelho é muito empregado nas manutenções mecânica e elétrica, pois possibilita as medições de temperatura com a máquina ou equipamento em funcionamento, fornecendo, instantaneamente, a uma distância segura, valores de temperatura que indicam possíveis anomalias no equipamento analisado. O termômetro com infra-vermelho pode ser aplicado em: • rolamentos, eixos e engrenagens; • painéis elétricos, disjuntores e geradores; • vazamentos de dutos; • monitoração de cilindros de motores a combustão. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 37 Aplicação da termografia O objetivo é apresentar aplicação do termovisor nas instalações elétricas como meio de detecção de possíveis falhas. É de grande importância a manutenção pois possibilita efetivar a medição de temperatura à distância sem necessidade de contato físico, obtendo-se informações sobre as condições dos componentes medidos. A termografia é uma técnica utilizada nas medições de temperaturas a partir da radiação naturalmente emitida pêlos corpos no campo do infravermelho. Esta técnica possibilita a medição de temperatura à distância e a determinação de imagens térmicas (termogramas) a partir da radiação infravermelha naturalmente emitida pêlos corpos em função de sua temperatura absoluta. Uma das aplicações mais importantes se dá no campo dos sistemas elétricos. A medição é realizada com instrumento denominado termovisor e são comparados os resultados entre as radiações emitidas pelo objeto observado e a radiação de uma temperatura de referência que, normalmente, é a do meio ambiente. Na área elétrica, a termografia é de grande importância, pois permite localizar componentes defeituosos sem a necessidade de contato físico e interrupções de fornecimento de energia ao sistema elétrico. Falhas em redes de transmissão, distribuição, subestações e centros de carga podem causar interrupções não programadas, cuja prevenção pode ser auxiliada pela termografia. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0638 Termografia A existência da porção infravermelha no espectro eletromagnético foi descoberto em 1800 pelo astrônomo inglês Sir. Willian Hersschel. A descoberta ocorreu durante suas pesquisas para novos materiais nos filtros éticos dos telescópios usados para análise dos fenômenos solares. Entre 1920 e 1940, vários programas secretos, para fins militares, se concentraram no desenvolvimento de detectores de infravermelho que detectassem o movimento de tropas e da artilharia inimiga durante a noite. Os sistemas inicialmente desenvolvidos necessitavam, aproximadamente, de 10 minutos para a formação de imagens térmicas, e se restringiam a objetos fixos. A partir de 1965, foi introduzido no mercado o primeiro instrumento capaz de formar imagens térmicas instantâneas, tanto para objetos fixos como em movimento. Na década de 70 a termografia se tomou uma técnica largamente utilizada nas indústrias siderúrgicas, companhias de geração e distribuição de energia elétrica, indústrias petroquímicas, medicina etc. A técnica que permite a interpretação pela visão humana, através do espectro infravermelho da radiação emitida pêlos corpos, é chamada de termografia. A termografia possibilita a obtenção de imagens térmicas, chamadas termogramas, as quais permitem uma análise quantitativa para identificação de níveis isotérmicos e a determinação da temperatura dos corpos. Conceito de termografia Termografia é o nome dado à técnica de se obter imagens de calor ou imagens de irradiações infravermelho empregando equipamentos eletrônicos ou câmeras às quais possibilitam visualizar as variações de irradiações infravermelho em um visor que inclusive pode ser gravado por diversos métodos. Emissividade Emissividade é um dos três termos bastante usados quando se refere à termografia ou medidas de temperatura. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 39 Os três termos portanto são: • Emissividade = E • Reflexão = R • Transmissão = T Para entendermos esses termos, vamos observar a figura a seguir: A = absorção R = reflexão T = transmissão E = emissividade O corpo do lado esquerdo está mais aquecido que o da direita, portanto está irradiando calor para o corpo do lado direito. O que pode ocorrer com o calor ou energia irradiada (raios infravermelhos) ao chegar no corpo da direita é o seguinte: 1. Parte da energia é absorvida (A) pelo corpo da direita 2. Parte da energia é refletida (R) pelo corpo da direita 3. Parte da energia é completamente transmitida (T) pelo corpo da direita Então, dependendo das características do corpo da direita, mais ou menos energia será absorvida ou mais ou menos será refletida, ou então, mais ou menos será transmitida. A soma da energia absorvida + refletida + transmitida é igual a 100% da energia irradiada, portanto, a soma dos coeficientes A, R e T deve ser igual a 1. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0640 Se a situação é invertida, e o corpo da direita está agora mais aquecido que o da esquerda, vai ocorrer transferência de calor (energia) para o do corpo do lado esquerdo. Pode ser demonstrado que a característica própria do corpo ou seja, sua capacidade de irradiar calor (Emissividade), é exatamente igual à sua capacidade de absorver calor. Desta forma, A (Absorção) pode ser substituída por E (Emissividade), resultando no que foi colocado na fórmula da figura anterior E + R + T = 1. A emissividade de um corpo depende do tipo do material que é constituído o corpo (borracha, ferro, cerâmica etc.) e também como é a superfície do corpo (áspera, lisa, lustrosa, etc.). A seguir, temos uma tabela de diversos materiais com diferentes superfícies e as respectivas emissividades. Material Superfície E Alumínio Polida Áspera Oxidada 05 07 25 Amianto Cartão Papel 22 03 Latão Leve esmaltado Refratário Bem queimado Comum de barro 85 85 90 94 Bronze Polido Áspero 10 55 Carbono Puro 80 Ferro Fundido Polido 81 21 Cimento 54 Carvão Pó 96 Cromo Polida 10 Cobre Comercial Eletrolítico Oxidado Muito oxidado 07 02 65 88 Esmalte 90 Verniz 90 Ouro Polida 02 Grafite Pó 97 Gypsum Gelo 97 Ferro Laminado Oxidado 77 74 Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 41 Galvanizado Estampado Forjado Galvanizado Oxidado Polido Polido 23 28 16 28 Baquelite Envernizada Porosa Brilhante 93 97 87 Mercúrio 10 Níquel Liga ferro 05 Níquel Polida 05 Pintura a óleo 94 Papel 90 Papel Porosa 94 Platina Polida 08 Porcelana Envernizada 92 Quartzo 93 Borracha 95 Shellac, Black, Dull 91 Neve 80 Estanho 05 Aço Galvanizada Muito oxidada Lam. a frio Áspera Oxidada Chapa laminada 28 88 24 96 69 56 Tungstênio 05 Água 98 Madeira Plainada 85 F. Flambe 20 Aparelhos de medição Pirômetros ou radiômetros Pirômetros são dispositivos de se medir temperatura à distância, ou seja, não precisam ter um ponto em contato com a superfície do corpo cuja temperatura se queira medir. Importante Não se deve confundir os Pirômetros ou Radiômetros com Equipamentos de Visão Infravermelho (Termovisores). Os Pirômetros e Radiômetros medem a temperatura do ponto para onde está sendo dirigida a mira do aparelho. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0642 Termovisores Os Equipamentos de Visão Infravermelho (Termovisores)são equipamentos mais sofisticados que permitem a análise da distribuição térmica de um objeto completo, de toda uma região ou de vários objetos ao mesmo tempo. Normalmente, os equipamentos de termovisão têm agregados Radiômetros ou Pirômetros e desta forma pode-se ter a imagem térmica e se medir a temperatura dos pontos desejados. Os termovisores podem fornecer imagens em preto e branco ou em cores. No caso das imagens em preto e branco, tem-se que uma temperatura mais elevada é mais branca e uma temperatura mais baixa aparece mais escura. No caso das imagens em cores visualizam-se as diferentes temperaturas através das diferentes cores. Componentes do termo visor: Os principais componentes do termovisor são: Unidade de câmera - A unidade de câmera é constituída de: • Receptor óptico: lentes, filtros e diafragma. • Mecanismo de varredura: prisma horizontal e vertical. • Detector e reservatório de nitrogênio (Frasco de Dewar). Aplicação da termografia em sistemas elétricos A energia elétrica, desde a sua geração, transmissão e distribuição, passa por milhares de equipamentos e conexões. Os defeitos nos diversos componentes podem causar interrupções no fornecimento de energia, acarretando enormes prejuízos às concessionárias e consumidores. Portanto, é muito importante que o serviço de distribuição de energia elétrica seja cada vez mais confiável e contínuo. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 43 Uma conexão elétrica em boas condições tem uma resistência de contato mais baixa que um pedaço de condutor de comprimento equivalente e, portanto, opera com temperatura igual ou inferior à dos condutores adjacentes. Quando a conexão está defeituosa, os valores da resistência de contato são elevados e se aquecem proporcionalmente aos valores quadráticos de corrente (P = Ri2). Todos os corpos acima de zero graus absoluto (-273° C), emitem radiação eletromagnética. O aparelho termovisor, através de um detector de alta sensibilidade colocado na base de sua câmera, converte a energia radiante em sinal elétrico. Aplicações Podemos direcionar nossa imaginação sobre as mais variadas aplicações de um "dispositivo" que nos fornece a possibilidade de enxergar as irradiações infravermelho (calor). Alguns exemplo de aplicações : • Verificação de falhas de isolações térmicas em: − Paredes − Tetos − Tubulações − Trocadores de calor • Verificações de aquecimento em: − Mancais de máquinas girantes − Conexões elétricas − Equipamentos mecânicos − Equipamentos elétricos Análises de defeitos/problemas que se caracterizam por variações de temperatura para mais ou para menos. Dos exemplos citados acima, as aplicações atualmente mais utilizadas se referem às inspeções nos sistemas elétricos. Planejamento das inspeções termográficas O planejamento é uma atividade indispensável ao administrador moderno. As inspeções termográficas também precisam ser planejadas para se obter: Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0644 • Maior rendimento das inspeções - mais pontos inspecionados no mais breve tempo disponível. • Qualidade adequada nas inspeções • Maior retorno do investimento efetuado O planejamento por exemplo deve considerar: a. Periodicidade das inspeções: Defina uma periodicidade em função da confiabilidade maior ou menor do equipamento ou do sistema ou ainda dos riscos ou dos problemas que têm ocorrido. Na área industrial, atualmente estão sendo praticados períodos trimestrais, semestrais ou anuais. b. Roteiro de inspeções: Estabeleça um roteiro considerando: - Trajetória a ser seguida evitando-se deslocamentos desnecessários. - A trajetória também deve considerar, na medida do possível, os horários em que os equipamentos ou sistemas estejam com a maior carga. - Convencione um nome para cada local e indique no roteiro. Isto fará com que os relatórios técnicos fiquem mais claros . - Oriente o que inspecionar em cada local. - Identifique os Painéis e Equipamentos. Isto também trará o benefício citado com a convenção dos nomes dos locais. c. Simulação de cargas: Quando viável, planeje a simulação de cargas, ou seja, ligue os sistemas de ar condicionado, máquinas de grande consumo, etc. d. Acompanhamento: Defina antecipadamente a pessoa que ira acompanhar os serviços de inspeção termográfíca. Informe-o ao máximo que puder sobre inspeção termográfica e sobre o roteiro a ser seguido. e. Preparativos dos locais e equipamentos a serem inspecionados: Os aparelhos de termografia detectam apenas temperaturas superficiais, portanto é importante tomar as seguintes providencias antecipadamente: - Retirar barreiras, tampas ou portas que impeçam a visualização dos pontos a serem inspecionados. - Alguns disjuntores são instalados de forma que as portas somente podem ser abertas quando os disjuntores são desligados. Ao se pensar nisto o disjuntor deve ser desligado antecipadamente de forma mais conveniente. - Muitos painéis têm instalados barreiras de acrílico para segurança contra contatos eventuais de pessoas, e então também devem ser removidos para inspeção. f. Equipamentos instalados ao tempo: Os equipamentos instalados ao tempo, tais como subestações e linhas aéreas devem ser inspecionados, preferencialmente, em horários em que não haja incidência de raios solares. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 45 g. Carregamento de sistemas elétricos: A temperatura de uma conexão deficiente aumenta com o quadrado da corrente. Os circuitos devem estar carregados com pelo menos 30% das cargas. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0646 Mecânica industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 47 Ultra-som E o que é ultra-som? O som audível pelo ouvido humano está compreendido entre as freqüências de 20 a 20.000Hz. Alguns animais são capazes de ouvir ultra-sons. É o caso dos cães, que chegam a perceber sons com 25.000 vibrações por segundo (25kHz). Os morcegos captam sons de até 50.000 vibrações por segundo (50kHz). Os sons com freqüências abaixo de 20 Hz são chamados de infra-sons. Os sons com freqüência acima de 20.000Hz são chamados de ultra-sons. Vantagens e desvantagens do ensaio por ultra-som O ensaio por ultra-som, comparado com outros métodos não destrutivos, apresenta as seguintes vantagens: • localização precisa das descontinuidades existentes nas peças, sem processos intermediários, como, por exemplo, a revelação de filmes; • alta sensibilidade ao detectar pequenas descontinuidades; • maior penetração para detectar descontinuidades internas na peça; • respostas imediatas pelo uso de equipamento eletrônico. Como desvantagens podemos citar: • exigência de bons conhecimentos técnicos do operador; • atenção durante todo o ensaio; • obediência a padrões para calibração do equipamento; • necessidade de aplicar substâncias que façam a ligação entre o equipamento de ensaio e a peça (acoplantes). Mecânica industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0648 Aplicando o ultra-som O uso do ultra-som como ensaio não destrutivo é largamente difundido nas indústrias para detectar descontinuidades em todo o volume do material a analisar, tanto em metais (ferrosos ou não ferrosos) como em não metais. O ensaio consiste em fazer com que o ultra-som, emitido por um transdutor, percorra o material a ser ensaiado, efetuando-se a verificação dos ecos recebidos de volta, pelo mesmo ou por outro transdutor. Esquema básico: Ultra-som O que é transdutor? Transdutor, também conhecido como cabeçote, é todo dispositivo que converte um tipo de energia em outro. Conhecemos vários tipos de transdutores, entre eles o microfone e o alto-falante. No ensaio de ultra-som, os transdutores são necessários para converter energia elétrica em energia mecânica de vibração (ultra-som) e vice-versa. Parâmetros dos transdutores No ensaio por ultra-som, existe grande variedade de transdutores para atender a diversas aplicações. São subdivididos em categorias: quanto ao ângulo de emissão/recepção do ultra-som e quanto à função (emissorou receptor ou emissor/receptor). Mecânica industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 49 Quanto ao ângulo de emissão/recepção do ultra-som os transdutores podem ser: • Normais: emitem e/ou recebem o ultra-som perpendicularmente à sua superfície. Transdutor normal – monocristal • Angulares: emitem e/ou recebem o ultra-som obliquamente à sua superfície. Transdutor angular - monocristal Quanto à função, os transdutores podem ser: • Monocristal: possuem apenas um cristal piezelétrico. Há três modalidades: − só emissor de ondas ultra-sônicas; − só receptor de ondas ultra-sônicas (este tipo deve trabalhar junto com o primeiro); Mecânica industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0650 − emissor e receptor de ondas ultra-sônicas (o mesmo cristal emite e recebe os ecos ultra-sônicos de maneira sincronizada). • Duplo cristal: o mesmo transdutor possui um cristal para recepção e outro para emissão do ultra-som. Transdutor normal – duplo cristal Características dos transdutores Os elementos que caracterizam os transdutores são: • Tamanho do cristal piezelétrico: os transdutores normais mais utilizados possuem de 5 a 25mm de diâmetro. Em geral, nos transdutores angulares utilizam- se cristais retangulares. • Freqüência: devido às diferentes aplicações, existem transdutores com freqüência de 0,5 a 25MHz. Os mais usuais vão de 1 a 6MHz. • Amortecimento mecânico: o elemento a mortecedor suprime no transdutor todas as vibrações indesejáveis do cristal. • Face protetora: são elementos de contato com a peça. Em geral, são películas de material plástico. • Carcaça: elemento com forma apropriada para acomodar todo o conjunto e, ao mesmo tempo, facilitar seu manuseio. • Elementos elétricos: são contatos elétricos ligando o cristal piezelétrico ao elemento de engate do cabo coaxial e à bobina geradora de freqüência. Mecânica industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 51 Acoplante Como o ultra-som deve passar do transdutor para a peça com o mínimo de interferência, há necessidade de colocar um elemento, o acoplante, que faça esta ligação, evitando o mau contato. Este acoplante pode ser óleo, água, glicerina, graxa etc. Método de ensaio Quanto ao tipo de acoplamento, o ensaio por ultra-som pode ser classificado em dois grupos: • Ensaio por contato direto: o acoplante é colocado em pequena quantidade entre a peça e o cabeçote, formando uma película. Acoplamento peça-transdutor • Ensaio por imersão: a peça e o cabeçote são mergulhados num líquido, geralmente água, obtendo-se um acoplamento perfeito. Mecânica industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0652 A aplicação deste método requer a construção de dispositivos adaptados ao tipo de peça a ensaiar. Agora você já sabe o que é uma onda sonora, como as ondas se propagam, o que é o ultra-som, os tipos de transdutores e as técnicas de acoplamento, o próximo passo é a realização do ensaio. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 53 Realizando o ensaio de ultra-som No capitulo anterior, você ficou sabendo que o ultra-som é uma onda mecânica que se propaga de uma fonte emissora até uma fonte receptora, através de um meio físico. Viu também que a velocidade de propagação depende do meio e do tipo de onda emitido (longitudinal ou transversal). E ficou conhecendo alguns tipos de transdutores, que são elementos fundamentais no ensaio, pois têm a função de receber o sinal elétrico do aparelho e converter esse sinal em energia mecânica de vibração, produzindo o ultra-som e vice-versa. Agora, vamos completar nosso estudo conhecendo um pouco mais sobre as técnicas de ensaios. Técnicas de ensaio Pelo tipo de transdutor utilizado, podemos classificar o ensaio por ultra-som em quatro técnicas: por transparência, por pulso-eco, por duplo cristal e por transdutores angulares. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0654 Técnica da transparência Observe a figura abaixo. Não havendo descontinuidades no material, o receptor recebe aproximadamente 100% do sinal emitido. Havendo descontinuidades, o receptor recebe uma porcentagem inferior ao sinal emitido. Esta técnica é mais indicada para processos automáticos que envolvem grandes produções. Ela não é apropriada para processos de medições manuais, por diversas razões: • cansaço em segurar dois cabeçotes; • a face posterior da peça pode ser inacessível; • dificuldade de bom acoplamento dos dois lados; • dificuldade de posicionar corretamente os dois cabeçotes; • dificuldade em manusear o equipamento e os dois cabeçotes ao mesmo tempo. Técnica por pulso-eco Nos ensaios por ultra-som em processos manuais, geralmente usamos os transdutores do tipo monocristal, emissor e receptor (pulso-eco), pela facilidade de manuseio e de operação. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 55 É possível fazer uma medição precisa quando o transdutor não está emitindo sinal durante a chegada de um eco. Neste caso, as ondas ultra-sônicas têm de ser pulsantes para que o cristal possa receber os ecos de retorno nos intervalos de pulsação. É fácil entender que, se o pulso emissor bater numa descontinuidade muito próxima da superfície, haverá um eco retornando, antes de terminar a emissão. Neste caso, o sinal da descontinuidade não é percebido. Zona morta do transdutor pulso-eco Zona morta é a área próxima da superfície na qual não se detectam ecos durante o tempo de emissão. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0656 Técnica do duplo cristal Para ensaiar peças com pouca espessura, nas quais se espera encontrar descontinuidades próximas à superfície, os transdutores pulso-eco não são adequados, pelos motivos já vistos. Neste caso, usamos outro tipo de transdutor – o transmissor e receptor (TR), por duplo cristal. A zona morta, neste caso, é menor. Os transdutores TR são usados freqüentemente para verificar dimensões de materiais e detectar, localizar e avaliar falhas subsuperficiais. Técnica com transdutores angulares Imagine a colocação de qualquer dos transdutores vistos anteriormente sobre um cordão de solda. Não teríamos acoplamento suficiente para o ensaio. Neste caso, usamos os transdutores angulares, que possibilitam um acoplamento perfeito e a detecção das descontinuidades. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 57 Equipamento de ensaio por ultra-som No ensaio, o que nos interessa é medir a intensidade do sinal elétrico de retorno (tensão), recebido pelo transdutor, e o tempo transcorrido entre a emissão do pulso e o retorno do eco. Imagine que você tenha em mãos uma chapa de aço com 50mm de espessura e precise medir o tempo que o som leva para percorrer o caminho de ida e volta através dessa espessura. Sabendo que: espessura (e) = 0,050m velocidade de propagação do som no aço (v) = 5.920m/s tempo (t) = sµ16,8 = t ou 0,0000168s = t 5.920m/s 0,050m x 2 = t v e x 2 µs = microsegundos Como você mediria esse tempo tão pequeno? O equipamento que realiza tais medidas no ensaio por ultra-som é um tipo de osciloscópio. Os sinais elétricos recebidos do transdutor são tratados eletronicamente no aparelho e mostrados numa tela, a partir da qual o técnico em ultra-som interpreta os resultados. Na tela, vemos na vertical a intensidade do sinal elétrico de saída do eco e de retorno e, na horizontal, o intervalo entre a emissão e a recepção do pulso. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0658 Além de operar como osciloscópio, efetuando medições (fonte receptora), o aparelho possui também uma fonte emissora de sinais elétricos, para gerar o ultra-som através dos transdutores. Esquema básico de resposta obtida no ensaio de ultra-som Na prática, o valor numérico dessas medidas propriamente ditas não nos interessa, pois trabalhamos por meio de comparações. Comparamos as alturas e as distâncias entre os pulsos na tela com outros conhecidos, ajustados previamente na calibração do equipamento. Vejamos o que isso significa. Tomemos novamente o exemplo da chapa de aço com 50mm de espessura.O procedimento para acerto da escala da tela consiste em ajustar as 10 divisões horizontais da tela, a partir de um padrão confeccionado do mesmo tipo de material a ser ensaiado. Neste caso, usaremos um bloco de aço, que apresenta uma das suas dimensões equivalente a 100mm. Portanto, cada divisão da tela terá 10mm (100mm/10 divisões = 10mm por divisão). Logo, o valor do tempo (16,8µs) não nos interessa, mas sim que este tempo é relativo a 50mm de peça, isto é, a distância entre o pulso de saída e o de retorno na tela, corresponde a 50mm. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 59 Sendo nossa escala de 0 a 100mm, o pulso de resposta da parede oposta da chapa – eco de fundo – aparecerá na tela na quinta divisão. Como a espessura cabe duas vezes na tela ajustada para 100mm, aparecerá mais um pulso na décima divisão. Essa é a metodologia utilizada para o ajuste da escala. Tela com escala de 10 divisões Observe que os pulsos, embora sejam da mesma superfície refletora, diminuem de tamanho. Essa atenuação é causada pela distância que o som percorre no material, ou seja, quanto maior a distância percorrida dentro da peça, menor a intensidade do sinal de retorno, devido aos desvios e absorção do ultra-som pelo material. Medição de espessura com o ultra-som Em muitas situações a espessura do material define a condição de um componente ou do próprio equipamento. Exemplos típicos são a espessura de uma chapa de um vaso de pressão, a espessura da parede de uma carcaça de bomba e a espessura de paredes de tubulações. Os três exemplos acima, encontrados na maioria das industrias, apresentam requisitos diferentes para a medição e acompanhamento da espessura. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0660 Na medição de espessura podem ser utilizados equipamentos convencionais , tais como paquimetros e micrômetros, mas em peças de grande porte oo peças cujo o acesso é impossível para instrumentos convencionais é utilizado a medição de espessura por ultra-som. O uso do ultra-som permite que a medição seja feita a partir de um só lado, permitindo que o seja feita as medidas mais rapidamente e com maior precisão. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 61 Análise de óleos lubrificantes As análises físico químicas de óleos lubrificantes e a ferrografia são técnicas complementares de manutenção preditiva para equipamentos que trabalham com óleos para lubrificação de mancais, engrenagens e circuitos hidráulicos. O acompanhamento das características de especificação do óleo lubrificante e a análise das partículas de desgaste e de contaminação são de fundamental importância. A viscosidade, o PH, o aspecto visual (cor e espuma), a contaminação por água e outros elementos metálicos ou não metálicos, o tipo e a quantidade de aditivos, o teste de RBOT (taxa de oxidação por bomba rotativa) são algumas características que podem ser acompanhadas através de um simples kit de ensaio e/ou através de laboratórios especializados; A Ferrografia é a técnica de análise de óleos lubrificantes e de graxas para a análise de partículas de desgaste. O principio básico de seu funcionamento é através da análise da deposição de partículas de desgaste, metálicas ou não metálicas, que se depositam devido aos efeitos de um campo magnético e gravimétrico. Coletas de amostras de lubrificantes Para se coletar uma amostra de lubrificante em serviço, deve-se escolher criteriosamente o ponto de coleta; o volume a ser colhido e qual método deverá ser utilizado na coleta. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0662 Escolha do ponto de coleta As partículas que interessam para a análise são aquelas geradas recentemente. Considerando este pré-requisito, o ponto de coleta deverá ser aquele em que uma grande quantidade de partículas novas estejam em região de grande agitação. Exemplos • Tubulação geral de retorno do lubrificante para o reservatório; • Janela de inspeção de reservatório, próximo à tubulação de descarga; • Drenos laterais em reservatórios ou cárteres; • Dreno geral de reservatório ou cárteres, em região de agitação, • Varetas de nível. Pontos após filtros ou após chicanas de reservatórios devem ser evitados, pois esses elementos retiram ou precipitam as partículas do lubrificante. Volume de amostra São necessários apenas 100ml de amostra, que é colocada em um frasco com capacidade para 150ml. Excesso de lubrificante, após a coleta, deve ser descartado imediatamente, para evitar que as partículas se precipitem. O espaço de 50ml, que corresponde a 1/3 do frasco, é deixado vazio para permitir uma agitação posterior da amostra. Métodos de coleta Os principais métodos de coleta de lubrificantes envolvem válvulas de coleta, bombas de coleta e imersão. Se a máquina estiver dotada de válvulas de coletas, o método de coleta deverá passar pela seguinte seqüência: • Limpar a região da coleta; • Abrir a válvula permitindo uma vazão razoável para arrastar as partículas (filete de 1/4" a 2", proporcional à máquina); • Purgar 2 a 3 vexes o volume parado na tubulação da válvula; • Retirar o frasco quando completar o nível de coleta nele indicado; • Fechar a válvula (nunca abri-la ou fechá-la sobre o frasco); • Descartar imediatamente o lubrificante que excedeu o nível de coleta; • Limpar o frasco; • Identificar a amostra com os seguintes dados: máquina, ponto de coleta, empresa e data. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 63 Se o lubrificante estiver em constante agitação, a amostra poderá ser coletada pelo método de imersão que consiste em mergulhar o frasco no lubrificante. Em casos de temperaturas elevadas o frasco é fixado em um cabo dotado de braçadeiras. Esse cuidado é necessário para evitar queimaduras no operador. A seqüência para aplicar o método da imersão consiste nos seguintes passos: • Destampar o frasco e prendê-lo no suporte com braçadeiras; • Introduzir o frasco no reservatório ou canal de lubrificante, com a boca para baixo, até que o nível médio do lubrificante seja alcançado, sem tocar no fundo do reservatório ou canal; Virar o frasco para cima, permitindo a entrada do lubrificante; • Descartar imediatamente o excesso de lubrificante que exceder o nível de coleta; • Tampar o frasco com batoque plástico e tampa roscada; • Limpar o frasco; • Identificar a amostra com os seguintes dados: máquina, ponto de coleta, empresa, data. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0664 Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 65 Análise de lubrificantes por meio da técnica ferrográfica Uma fresadora CNC foi vistoriada pela equipe de manutenção da empresa e o líder da equipe ficou encarregado de efetuar a coleta de amostra do óleo lubrificante da máquina para uma ferrografia, pois era preciso constatar a ocorrência de desgaste de alguns componentes de funções importantes. Como o líder coletou a amostra de óleo? Como o exame de um óleo permite detectar desgastes? O que é exame ferrográfico? Conceito da ferrografia A ferrografia é uma técnica de avaliação das condições de desgaste dos componentes de uma máquina por meio da quantificação e observação das partículas em suspensão no lubrificante. Essa técnica satisfaz todos os requisitos exigidos pela manutenção preditiva e também pode ser empregada na análise de falhas e na avaliação rápida do desempenho de lubrificantes. Origem da ferrografia A ferrografia foi descoberta em 1971 por Vernon C. Westcott, um tribologista de Massachusetts, Estados Unidos, e desenvolvida durante os anos subsequentes com a colaboração de Roderic Bowen e patrocínio do Centro de Engenharia Aeronaval Americano e outras entidades. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0666 O objetivo inicialmente proposto foi o de quantificar a severidade do desgaste de máquinas e para a pesquisa foram adotadas as seguintes premissas: 1. Toda máquina desgasta-se antes de falhar. 2. desgaste gera partículas. 3. A quantidade e o tamanho das partículas são diretamente proporcionais à severidade do desgasteque pode ser constatado mesmo a olho nu. 4. Os componentes de máquinas, que sofrem atrito, geralmente são lubrificados e as partículas permanecem em suspensão durante um certo tempo. 5. Considerando que as máquinas e seus elementos são constituídos basicamente de ligas de ferro, a maior parte das partículas provém dessas ligas. A técnica ferrográfica O método usual de quantificação da concentração de material particulado consiste na contagem das partículas depositadas em papel de filtro e observadas em microscópio. Este método, porém, não proporciona condições adequadas para a classificação dimensional, que é de grande importância para a avaliação da intensidade do desgaste de máquinas. Orientando-se pela quinta premissa, ou seja, de que há predominância de ligas ferrosas nas máquinas e seus elementos, Westcott inventou um aparelho para separar as partículas de acordo com o tamanho. O aparelho chama-se ferrógrafo. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 67 Funcionamento do ferrógrafo Acompanhando a figura anterior, o ferrógrafo de Westcott é constituído de um tubo de ensaio, uma bomba peristáltica, uma mangueira, uma lâmina de vidro, um imã e um dreno. A bomba peristáltica, atuando na mangueira, faz com que o lubrificante se desloque do tubo de ensaio em direção à lâmina de vidro, que se encontra ligeiramente inclinada e apoiada sobre um imã com forte campo magnético. A inclinação da lâmina de vidro garantirá que o fluxo do lubrificante tenha apenas uma direção. O lubrificante, do tubo de ensaio até a extremidade final da mangueira, transporta partículas grandes e pequenas com a mesma velocidade. Quando o fluxo passa sobre a lâmina de vidro, a velocidade de imersão ou afundamento das partículas grandes passa a ser maior que a velocidade das pequenas. Isto ocorre devido à ação do campo magnético do imã. Nesse momento, começa a separação entre partículas grandes e pequenas. As partículas grandes vão se fixando na lâmina de vidro logo no seu inicio, e as menores depositam-se mais abaixo. Com esse ferrógrafo, constatou-se que as partículas maiores que 5µm fixam-se no início da placa de vidro e que as partículas entre 1µm e 2µm fixam-se seis milímetros abaixo. Essas posições têm grande importância, pois as partículas provenientes de desgastes severos geralmente apresentam dimensões com mais de 15m, enquanto as partículas provenientes de desgastes normais apresentam dimensões ao redor de 1µm a 2µm. O dimensionamento de partículas é efetuado com o auxílio de um microscópio de alta resolução. Muitas tentativas foram feitas até se obter a vazão de fluido e o imã mais adequados. Nos ferrógrafos atuais, a vazão é de 0,3ml de fluido por minuto e 98% das partículas ficam retidas na lâmina de vidro, mesmo as não magnéticas. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0668 Ferrograma A figura seguinte mostra um ferrograma, isto é, uma lâmina preparada que permite obter a dimensão aproximada de partículas depositadas. A lâmina mede aproximadamente 57mm. Ao longo dela passa o fluxo de lubrificante que vai deixando as partículas atrás de si. Como foi dito, as maiores ficam no início do fluxo e as menores no final. As partículas não magnéticas, como as provenientes de cobre e suas ligas, alumínio e suas ligas, cromo e suas ligas, compostos orgânicos, areia etc, também depositam-se no ferrograma. Isto é explicável pela ação da gravidade, auxiliada pela lentidão do fluxo, além de algum magnetismo adquirido pelo atrito desses materiais com partículas de ligas de ferro. As partículas não magnéticas distinguem-se das partículas de ligas ferrosas pela disposição que as primeiras assumem no ferrograma. No ferrograma as partículas de materiais não magnéticos depositam-se aleatoriamente, sem serem alinhadas pelo campo magnético do imã. Uma outra importante utilidade do ferrograma é que ele permite descobrir as causas dos desgastes: deslizamento, fadiga, excesso de cargas etc. Essas causas geram partículas de forma e cores específicas, como se fossem impressões digitais deixadas na vítima pelo criminoso. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 69 Ferrografia quantitativa Com a evolução do ferrógrafo, chegou-se ao ferrógrafo de leitura direta, que permite quantificar as partículas grandes e pequenas de modo rápido e objetivo. Seu princípio é o mesmo adotado nas pesquisas com ferrogramas e encontra-se esquematizado a seguir. A luz proveniente da fonte, divide-se em dois feixes que passam por uma fibra óptica. Esses feixes são parcialmente atenuados pelas partículas nas posições de entrada e seis milímetros abaixo. Os dois feixes atenuados são captados por sensores ópticos ou fotodectetores que mandam sinais para um processador, e os resultados são mostrados digitalmente em um display de cristal líquido. Os valores encontrados são Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0670 comparados com os valores obtidos por um ensaio sobre uma lâmina limpa, considerando que a diferença de atenuações da luz é proporcional à quantidade de partículas presentes. O campo de medição vai de 0 a 190 unidades DR (Direct Reading = Leitura Direta), mas é linear apenas até 100. A partir deste valor, as partículas empilham-se umas as outras, acarretando leituras menores que as reais. Por isso, muitas vezes é necessário diluir o lubrificante original para se manter a linearidade. O acompanhamento da máquina, por meio da ferrografia quantitativa, possibilita a construção de gráficos, e as condições de maior severidade são definidas depois de efetuadas algumas medições. Os resultados obtidos são tratados estaticamente. Por exemplo, o gráfico a seguir, chamado de gráfico de tendências, é obtido por meio da ferrografia quantitativa. O valor L + S, chamado concentração total de partículas, é um dos parâmetros utilizados para avaliação do desgaste. Significados: L - (abreviatura de large, que significa grande) corresponde ao valor encontrado de partículas grandes ( > 5µm). S - (abreviatura de small, que significa pequeno) corresponde ao valor encontrado de partículas pequenas (> 5µm). Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-06 71 A unidade utilizada na ferrografia quantitativa é exclusiva e arbitrada. Para 50% da área do tubo coberta por partículas foi arbitrado o número 100, adimensional. A leitura fornecida pelo instrumento é diretamente proporcional à concentração de partículas da amostra. O manuseio dos valores de L e S permitem várias interpretações, tais como: L + S = concentração total de partículas. PLP = (L - S) / (L + S)* 100 = modo de desgaste. IS = (L2 - S2) diluição = índice de severidade. Significado do gráfico Os resultados obtidos com a ferrografia quantitativa são utilizados principalmente na análise de tendências. O gráfico a seguir, chamado "curva de asa", mostra a evolução do desgaste dos elementos de um máquina. Observe que o tamanho das partículas provenientes de desgaste normal varia de 0,1µm até aproximadamente 5µm. A presença de partículas maiores praticamente garantirá a indesejável falha do componente. Manutenção industrial SENAI-SP – INTRANET AA217-0672 Para maior clareza, observe o gráfico seguinte que mostra as faixas limítrofes dos tamanhos das partículas. Ferrografia analítica A identificação das causas de desgaste é feita por meio do exame visual da morfologia, cor das partículas, verificação de tamanhos, distribuição e concentração no ferrograma. Pela ferrografia analítica, faz-se a classificação das partículas de desgaste em cinco grupos. O quadro a seguir mostra os cinco grupos de partículas de desgaste e as causas que as originam. Classificação das Partículas Causas Ferrosas esfoliação; corte por abrasão; fadiga de rolamento; arrastamento; desgaste severo por deslizamento Não-ferrosas metais brancos; ligas de cobre, ligas de metal patente ou antrificação Óxidos de ferro óxidos vermelhos; óxidos escuros; metais oxidados escuros Produtos da degradação do lubrificante corrosão; polímeros de fricção Contaminantes poeira
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