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AÇÃO - RECISÃO CONTRATUAL - BONFIM CURSOS-

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AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CATALÃO - GOIÁS
DANIELLE DA SILVA DOZONO, brasileiro, solteira, auxiliar administrativo, inscrito no CPF.: 005.445.081-06 , RG:4537055 – DGPC – GO, residente e domiciliado na Rua Rui Barbosa, 690, Vila União, na cidade de Catalão – GO, CEP: 75701-970, e RUTE ARAÚJO OLIVEIRA, brasileira, casada, pedagoga, inscrita no CPF.: 927.344.215-34, RG: 37829358 – SSP – SP, residente e domiciliada na Rua B, Qd. 06M LT. N° 654, Alto da Boa Vista II, na cidade de Catalão – GO, CEP: 75713-265, ANDREIA PEREIRA RIBEIRO, brasileira, casada, inscrito no CPF.: 720.063.901-04, RG:61449653, residente e domiciliada à Rua 404, nº 234, Casa 1, Loteamento Pontal Norte, Catalão-Goiás, e DIOVANA FRANCISCA ALVES NETTO, brasileira, casada, do lar, inscrito no CPF.: 016.601.201-79, RG: 4412395, residente e domiciliada à Rua M-13, QD. 08, nº 26, Residencial Pontal do Lago, Catalão-Goiás, CEP: 75.709-830, e DENNEIRE BRUCINEIA BARBOSA MOURA, brasileira, casada, inscrito no CPF.: 848.926.766-91, RG: M-7.589.037, residente e domiciliada à Rua 108, nº 353, Castelo Branco, Catalão-Goiás, e RAQUEL LINO VAZ, brasileira, divorciada, inscrito no CPF.: 926.935.981-68, RG: 3198393, residente e domiciliada à Rua Bolívia, 61, Bairro das Américas, Catalão-Goiás, e por intermédio de seus advogados infra- assinados, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 6°, inciso VI, artigo 20, inciso II, artigo 39, inciso V, ambos do Código de Defesa do Consumidor, artigo 5°, V, da Constituição Federal de 1988, artigo 273, inciso I do CPC e na Lei 9.099/95 propor a presente:
AÇÃO DE RECISÃO CONTRATUAL C/C ANULAÇÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAL
Em face de, BONFIM CURSOS PREPARATÓRIOS EIRELI, inscrita no CNPJ sob o n° 32.508.410/0002-15, situada na Rua Doutor Lamartine, n° 1.450, Setor Universitário Catalão - GO, CEP: xxx. Pelas seguintes razões de fato e de direito:
 I – DO FORO COMPETENTE
 A cláusula VII, §9°, do contrato de adesão n° 10575297, elege o foro da Comarca de Catalão/GO, como competente para dirimir controvérsias surgidas.
Tem-se que referida cláusula fere o exercício da ampla defesa, da busca pela prestação jurisdicional do Estado, posto a dificuldade de deslocamento imposta aos Requerentes, sendo restritiva ao exercício do consumidor, assim considerada cláusula abusiva por ferir o disposto no art. 6°, VII e VIII do Código de Defesa do Consumidor.
Ademais, nos contratos de consumo típicos de adesão, como é o caso, a imposição de cláusula de eleição de foro que afaste o direito do consumidor de propor a sua demanda em seu domicílio, à luz do inc. I do art. 101 do CDC, é nula de pleno direito por colocar o consumidor em desvantagem exagerada diante da sua vulnerabilidade em relação ao fornecedor, inc. IV do art. 51 do CDC, bem com opor estar em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor, que prevê a competência diferenciada para a defesa de seus interesses, inc. XV do art. 51 do CDC, o que não impede a propositura da ação no foro de domicílio do consumidor.
Pleiteia, assim, os Requerentes, que seja atraída a COMPETÊNCIA DE FORO para a Comarca de CATALÃO/GO, onde mantêm residência e domicilio, permitindo- lhes acesso ao Judiciário na busca da prestação jurisdicional eficiente e eficaz, com fundamento no art. 101, I, da Lei Consumerista.
 II – DOS FATOS
Os Requerentes, a busca dos anseios de um aperfeiçoamento profissional fecharam contrato com a empresa BONFIM CURSOS PREPARATÓRIOS EIRELI, na perspectiva de terem a
 em anseio passeio na cidade de Caldas Novas/GO, ficando hospedados em um dos hotéis (Thermas diRoma) da primeira Requerida, lá foram abordados por representantes, também denominados “Promotores de Marketing”. Os captadores insistiram muito para que os Autores os acompanhassem, com a proposta de que eles ganhariam vários brindes se assistissem a uma apresentação de um novo programa de férias do clube diRoma, com o intuito de apresentarem o clube para os novos consumidores. A cada recusa por parte dos Requerentes persistiam com o “convite”. Depois de negar várias vezes, os Requerentes acabaram sendo convencidos pelos brindes oferecidos, que os captadores alegaram ser de graça.
Os Requerentes, então, foram até o local onde se encontravam os representantes da Primeira Requerida entre outras pessoas. O produto ofertado aos Requerentes consistia basicamente na utilização de diárias de hotéis, acesso ao Clube Acqua Park/Splash e descontos em viagens nacionais e internacionais a um custo menor, tudo isto mediante a utilização de pontos previamente adquiridos, e administrados pela Segunda Requerida. Portanto, tratava-se de uma ação de marketing que visava comercializar uso de imóvel mediante utilização de pontos.
Já dentro do escritório da empresa, os Requerentes perceberam que havia muitos vendedores e turistas “fechando negócios”, sentados às mesas, num ambiente bem descontraído, com músicas e regado a bebidas. Continuadamente, chegando na tal “apresentação”, foram recebidos por uma outra promotora que preencheu um formulário com os dados pessoais, profissão e valor de proventos dos Autores, sendo encaminhados a uma terceira promotora.
Esta promotora de vendas se apresentou aos Requerentes, pediu para que eles se sentassem e nesse momento começou uma explanação a respeito do produto, que foi apresentado como um gigantesco sonho de férias, o que é usual em vendas desse tipo de produto. Os Requerentes passaram a ser questionados a respeito de qual seria o destino de viagem de seus sonhos, foram mostrados lindos hotéis e destinos estonteantes. Em catálogos, foram mostradas famílias curtindo as férias em lugares com paisagens exuberantes.
Depois de um grande lapso de tempo, quando a apresentação chegou ao fim, foram apresentados os valores aos Requerentes que pediram um tempo para analisarem a proposta, e concomitantemente, lerem o contrato com calma. Contudo, a promotora de vendas disse que não era possível levarem consigo o referido contrato para posteriormente darem retorno, haja vista que a proposta ofertada apenas seria válida naquele momento.
Ressalta-se que a promotora de vendas utilizou- se de muita pressão psicológica e técnicas de persuasão para que fosse aceito o contrato de adesão não dando tempo aos consumidores para analisar e ponderar as cláusulas e implicações do negócio, principalmente pelo longo tempo de negociação, em torno de 3 horas.
Inebriados com a possibilidade de realizarem diversas viagens, os Requerentes acabaram por aderir ao contrato proposto (contrato n° 10575297) adquirindo o total de 100.000 (cem mil) pontos, com duração de 05 anos, pelo valor total de R$ 12.800,00 (doze mil e oitocentos reais), com entrada no valor de R$ 320,00 (trezentos e vinte reais), e o saldo restante de R$ 12.480,00 (doze mil quatrocentos e oitenta reais) em 39 (trinta e nove) parcelas iguais e sucessivas, a serem pagas por meio de boleto bancário, tido a primeira vencimento em 16/12/2019.
Todavia o produto dos sonhos ofertado anteriormente não era bem a realidade com a qual se depararam, pois durante esse período os Requerentes tiveram dificuldades na solicitação de reservas, haja vista que mesmo havendo a solicitação prévia por diversas vezes foram-lhes negadas estas, sob o argumento que não havia disponibilidade para a data desejada. 
Vale dizer ainda Excelência, que todas as vezes que os Requerentes conseguiam realizar alguma reserva para desfrutarem de momentos de lazer juntamente com a sua família em algum dos hotéis da Primeira Requerida, era preciso pagar uma taxa a mais para utilização do serviço, além das parcelas que já eram mensalmente pagas, o que torna o contrato extremamente oneroso para os Requerentes, havendo um desequilíbrio entre as partes.
Com a quarentena obrigatória advinda da periculosidade de contágio do Covid-19, os Autores que são proprietários de comércio, se viram em grande aperto econômico, enfrentando tal emblema os Requerentes não conseguiram mais arcar com as parcelasdo contrato em questão, e para que não fossem acumuladas mais parcelas decidiram entrar em contato, conforme e-mails anexos, para fazer o cancelamento do contrato, porém houve resistência a proposta devidamente sensata e honesta sobre alento de novas parcelas.
E ainda, a empresa ré se negou a proceder com a abertura do cancelamento do Contrato, devido o autor estar inadimplente, e que somente realizaria o procedimento para cancelamento se o autor quitasse integralmente as 03 (três) parcelas que estariam em atraso, reflexo da PANDEMIA do COVID-19 que assola nosso país. 
Logo, diante da insuficiência econômica e pressionado pela parte ré, sem poder fazer o cancelamento por conta da inadimplência, o autor ficou 02 (dois) meses lutando, fazendo economias para quitar as parcelas vencidas, para que a empresa ré abrisse o procedimento do cancelamento. Porém, quando o autor conseguiu levantar o dinheiro devido das parcelas vencidas, teve a notícia pela parte ré que teria que quitar integralmente as 05 (cinco) faturas vencidas, caso contrário, mais uma vez não seria possível iniciar o procedimento do cancelamento, pois, a empresa exigia que somente abriria o cancelamento se todas as parcelas estivessem em dias. 
Diante do alegado a empresa continuou a pressionar o autor para que quitasse as parcelas vencidas imediatamente, no dia 15 de dezembro encaminhou em seu WHATSSAP uma NOTIFICAÇÃO SPC/SERASA, lhe informando que seu contrato estava incluso nos órgãos de proteção ao crédito (SPC/SERASA). E para retirada era necessário que o autor entrasse em contato com a central e efetuar o pagamento do débito, vejamos:
=
Logo, presenciamos as abusividades cometidas pela parte ré:
Pressionou o autor que somente abriria o procedimento de cancelamento do Contrato, se todas as parcelas vencidas, fossem quitadas integralmente, caso contrário, o contrato permaneceria em aberto, vencendo a cada mês parcelas e mais parcelas, ou seja, se o autor não providenciasse o dinheiro para pagamento das 05 (cinco) parcelas que até o momento já estava inadimplentes, iria virar um “bola de neve” e o autor jamais conseguiria se livrar do débito acumulado, e com isso a empresa ré ganharia tempo, e mensalmente, acrescentaria uma parcela vencida no histórico de débitos do autor, ou seja, quanto mais o autor atrasasse as mensalidades, mais ficaria maior o débito com a empresa, para abertura do CANCELAMENTO, uma tremenda ABUSIVIDADE cometida pela parte ré. 
Outra abusividade cometida pela parte ré foi a questão da negativação para pressionar o autor a quitar os débitos vencidos imediatamente, uma vez que, os autores são comerciantes e dependem EXLCUSIVAMENTE do nome de ambos, para manter ativos seus assuntos profissionais, logo, a empresa ré tentava de todas as maneiras pressionar o réu para quitar seus débitos imediatos, mesmo a empresa ré, sabendo da grave crise econômica sofrida pelo impacto da PANDEMIA, e tampouco, se importou com as necessidades financeiras do autor, pensando exclusivamente na empresa, e deixando o autor a mercê. 
Logo, o autor não viu outra saída, há não ser quitar o valor inadimplente pegando o valor emprestado e quitando integralmente os débitos em 17 de dezembro de 2020, e solicitando imediatamente que o cancelamento do contrato fosse finalizado. Assim, a empresa solicitou que o pedido de cancelamento fosse encaminhado via e-mail com os dados de praxe, logo, tal procedimento foi feito pelo autor, que após finalizar informou a parte ré que qualquer cobrança a partir daquela data seria representado em Juízo com a reclamação por danos morais, vejamos: 
Porém, para a surpresa do autor a parte ré persistiu colocando óbice ao cancelamento do referido contrato, tentando ludibriar o mesmo, com cláusulas abusivas para que o autor persiste com o contrato ativo, vejamos:
Logo após, houve contato via telefone com os Requerentes e foi informado que o contrato não poderia ser cessado enquanto não fossem quitadas todas as multas estipuladas em contrato, e que ainda, segundo o §3° da cláusula V ficariam retidos 17% (dezessete por cento) do valor TOTAL do contrato referente a custas com despesas administrativas operacionais e de marketing, além do §1° da cláusula VI que depõe o pagamento de multa contratual pelo término antecipado do pactuado de 10% (dez por cento) também do valor TOTAL do acordo. Cláusulas claramente ABUSIVAS ao querer dispor do valor total do pacto, quando o correto seria coletar apenas do valor já pago. 
Diante de tal ação abusiva da parte Ré e sem conseguir solução amigável da situação, agindo sempre de boa-fé, sem ter outra alternativa, buscam o judiciário, para efetuar a rescisão do contrato, a anulação das cláusulas abusivas citadas acima, bem como a indenização por danos morais diante do transtorno que as Requeridas causaram.
DO ABATIMENTO DAS DIÁRIAS UTILIZADAS
Ressalta-se que no decorrer do presente Contrato, os autores hospedaram-se uma única vez no Hotel do Lacqua Di Roma I nos períodos de 23/01/2020 à 26/01/2020 sendo necessários a cobrança duplicada por ter sido 07 (sete) hóspedes, conforme e-mail encaminhado pela parte ré, totalizando o valor das diárias em R$ 3.780,00 (três mil setecentos e oitenta reais), vejamos:
 Logo, o valor referente as diárias realmente foram utilizadas pela parte autora, logo, concorda com o abatimento nos valores devidamente pagos, ao final do presente processo indenizatório. 
 III – DO DIREITO
1. DO CONTRATO DE ADESÃO 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
A doutrina e a jurisprudência, em uníssono, atribuem aos negócios como o celebrado entre os Requerentes e as Requeridas o caráter de contrato de adesão por excelência. Tal modalidade de contrato obviamente subtrai a uma das partes contratantes, o aderente, praticamente toda e qualquer manifestação da livre autonomia na vontade de contratar, constrangendo à realização de negócio jurídico sem maiores questionamentos.
 Felizmente, o Direito reserva grande proteção à parte aderente, cuja expressão de vontade limita-se à concordância quanto a cláusulas previamente estabelecidas. A legislação pátria disciplina, especificamente no Código de Defesa do Consumidor (Artigo 54), os contratos de adesão, estabelecendo normas capazes de resguardar o consumidor. 
No presente caso, os meios usados pelas Requeridas são completamente abusivos, uma vez que usaram da capacidade negocial de seus representantes, altamente treinados, para utilizar da fragilidade e fácil convencimento de turistas, como os Requerentes. 
Sobre a publicidade enganosa, seja por omissão, seja por falsidade parcial na informação veiculada, o Código de Defesa do Consumidor, assim dispõe: 
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Portanto, na análise do caso em tela, não deve prevalecer em sua integralidade tudo o que foi estipulado em contrato, haja vista este estar eivado de cláusulas draconianas, bem como o fato de que seus termos foram expostos de maneira completamente fantasiosa e irreal, caracterizando, assim, publicidade enganosa.
 2. DA RESCISÃO CONTRATUAL E DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS 
Conforme já massivamente abordado na parte fática da presente peça, as Requeridas, ao serem contatadas pelos Requerentes, em momento algum facilitaram o acesso destes aos serviços contratados, de forma que, mesmo tentando agendar antecipadamente as reservas, não conseguiram usufruir dos brindes a que tinha direito nos períodos desejados, tampouco fazer alguma outra reserva. 
Sendo assim, fica cristalino o direito dos Requerentes de que o instrumento seja rescindido, sem ônus algum a Eles, uma vez que houve total descumprimento por parte das Requeridas dos termos neleinserido, além do descaso em resolver qualquer tipo de problema.
A legislação consumerista, relativamente à relação de consumo, destaca dois momentos distintos para a proteção do consumidor.
Primeiramente, ampara o consumidor na fase pré-contratual e no momento da formação do vínculo com o fornecedor, estabelecendo direitos àquele e deveres a este. Posteriormente, assegura ao consumidor o controle judicial da matéria vertida no contrato, criando, expressamente, normas que proíbem as cláusulas abusivas nos contratos de consumo. A proteção do consumidor contra cláusulas abusivas, dessa maneira, ocorre em momento posterior ao da contratação, ou seja, por ocasião da execução do pacto firmado quando o instrumento passa a gerar os efeitos declinados pelas partes nas cláusulas firmadas. 
A propósito, depreende-se dos termos do artigo 1º do Código de Defesa do Consumidor que as normas que objetivam a proteção e a defesa do consumidor são consideradas de ordem pública e de interesse social. Desse modo, as normas são consideradas imperativas e inafastáveis pela vontade dos contratantes, consubstanciando-se em “instrumentos do direito para restabelecer o equilíbrio, para restabelecer a força da “vontade ‟, das expectativas legítimas, do consumidor, compensando, assim, sua vulnerabilidade fática”. Então, “a proibição das cláusulas abusivas é uma das formas de intervenção do Estado nos negócios privados para impedir o abuso na faculdade de predispor unilateralmente as cláusulas contratuais, antes deixadas sob o exclusivo domínio da autonomia da vontade”.
Conforme se observa pela análise do contrato, se tornam abusivos, frente ao caso concreto, o último tópico do Termo de Verificação do Contrato (Anexo II) devidamente anexado aos autos, que impõe a cobrança de 17% do valor total do contrato a título de compensação de despesas administrativas, comerciais, marketing e outras despesas e custos, e de 10% do valor total do contrato a título de multa de rescisão contratual.
No que tange a cobrança dos 17% do valor total do contrato, tal imposição é incabível por ser desproporcional e abusiva, vez que não confere aos Requerentes os mesmos direitos, Salientando- se que, ao consumidor é garantido a modificação, ou até mesmo a anulação, da referida imposição abusiva, conforme o art. 51, §1°, III, do CDC. Senão vejamos:
“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: ...
§1° Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: ...
III – se mostre excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.”
O art. 20, inciso II do Código de Defesa do Consumidor também se aplica perfeitamente ao caso em análise:
“Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade comas indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
...
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
Não obstante o acima exposto, o Código de Defesa do Consumidor veda expressamente a conduta das Requeridas, que no presente caso, exige do consumidor uma vantagem manifestamente excessiva, ao estipular em contrato cláusulas para a rescisão a serem calculadas sobre a integralidade do contrato, ou seja, valor este manifestamente desproporcional a qualquer custo que porventura tenha sido despendido para formalização do negócio vez que os Requerentes não desfrutaram totalmente do primeiro contrato firmado, e não desfrutaram de qualquer serviço contratado referente ao segundo contrato celebrado. Vejamos o que dispõe o art. 39, V do CDC:
“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas: 
... 
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva.”
Destaca-se que os Requerentes NÃO FORAM AS PRIMEIRAS “VÍTIMAS” a terem seu consentimento viciado na realização da venda emocional efetivada pelas Requeridas, através de suas técnicas agressivas de persuasão, tanto que há uma infinidade de reclamações de consumidores junto ao Procon (www.reclameaqui.com.br), iludidos pelas mesmas “facilidades” oferecidas ao Requerente. Conforme documentos anexados aos autos.
Tanto é que nossos Tribunais já firmaram entendimento no sentido de que as técnicas empregadas pelas Requeridas são contrárias ao que dispõe o CDC, e em razão disso, há diversas decisões em casos semelhantes, determinando a rescisão contratual com a devolução integral de valores, Vejamos:
Ementa: RESCISÃO CONTRATUAL E DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS - CESSÃO DE DIREITOS DE OCUPAÇÃO DE UNIDADE HABITACIONAL HOTELEIRA EM SISTEMA DE TEMPO COMPARTILHADO. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. Inconformismo das rés. Venda emocional - utilização de técnicas que retiram do consumidor a possibilidade concreta de tomar conhecimento integral do negócio e de refletir sobre sua conveniência e oportunidade – consentimento viciado. Rescisão do contrato e devolução dos valores pagos. Decisão mantida Recurso de apelação não provido (Apelação 9064578-77.2004.8.26.0000 – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – 9ª Câmara de Direito Privado – Americana – Rel Piva Rodrigues – julgado em 19.10.2010).
No mesmo entendimento demonstra-se a decisão do processo 0706046-23.2018.8.07.0014 da juíza titular do Juizado Especial Cível do Guará:
“A juíza titular do Juizado Especial Cível do Guará declarou nula, por abusividade, cláusula de contrato de pacote turístico que previa retenção de todo o valor já pago em caso de desistência do consumidor. A magistrada rescindiu o contrato celebrado entre as partes e determinou a restituição de parte da quantia paga pelo autor, após o desconto da multa de 10% do valor contratado.
Na sentença, a juíza verificou que a cláusula quinta do contrato celebrado entre as partes prevê que o cancelamento antecipado do mesmo implicaria na cobrança de 21,42% do valor total do contrato, a título de compensação pelos custos administrativos e comerciais. Para a magistrada, “tal cláusula reputa-se flagrantemente abusiva e violadora da boa-fé a que devem se subordinar as relações consumeristas, nos termos do art. 51, inc. IV, do Código de Defesa do Consumidor, que estabelece que as cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade são nulas de pleno direito”.
A argumentação continua no sentido de que “permitir a retenção de 21,42% (vinte e um vírgula quarenta e dois por cento) do valor total do contrato, quando a demandada não comprovou qualquer prejuízo ou mesmo utilização dos serviços pelo requerente, seria possibilitar enriquecimento indevido das empresas de turismo, o que não se admite, até mesmo porque as cláusulas estipuladas desconsideram a desigualdade da força econômica das partes envolvidas, bem como a natureza do contrato entabulado, notadamente de adesão”.
A juíza ponderou, por outro lado, que devido ao fato de o pedido de rescisão ter sido feito pelo consumidor é devida a retenção e parte do valor pago, uma vez que “não há qualquer ilegalidade na retenção de valores a título de multa, que servirão para compensar eventuais prejuízos sofridos pela requerida, desde que se dê nos termos da lei”.
Por fim, a magistrada entendeu razoável a aplicação de multa compensatória de 10% (dez por cento) sobre o valor que já havia sido pago, “como suficiente para reembolsar a requerida por eventual prejuízo decorrente da rescisão unilateral, especialmente considerando que o requerente não chegou a fazer uso do pacote fornecido”.
Ela concluiu registrando que “o autor deixou de realizar o pagamento das parcelas por haver solicitado a rescisão contratual e não ter concordado com os termos do distrato, não podendo ser compelido a pagar por eventuais meses inadimplidos, uma vez que a questão vinhasendo resolvida administrativa e judicialmente, não podendo o consumidor ser compelido a firmar distrato baseado em cláusulas abusivas”.”
Portanto, deve ser rescindido o instrumento em questão, sem nenhum ônus aos Requerentes, já que as Requeridas deram causa a rescisão, e as cláusulas contratuais que somam uma cobrança de 27% sobre o valor total do contrato, são demasiadamente abusivas. Sendo assim, os Requerentes fazem jus a devolução integral do valor já pago, qual seja, R$ 4.480,00 (quatro mil quatrocentos e oitenta reais) devidamente acrescidos de juros e correção monetária. 
Por fim, diante da utilização das diárias no clube da empresa ré, o autor requer, o abatimento no valor de R$ 3.780,00 (três mil setecentos e oitenta reais), abatidos pelo valor pago de R$ 4.480,00 (quatro mil quatrocentos e oitenta reais). 
Entretanto, caso Vossa Excelência entenda que, ainda que os Requerentes não tenham descumprido qualquer de suas obrigações, seja cabível algum valor a título de multa, que seja aplicada apenas a multa da Cláusula 06 do Contrato, onde estipula a porcentagem de apenas 10%, porém, caso seja esse o entendimento de Vossa Excelência, que o valor/percentual determinado por este Juízo, seja calculado sobre o valor já pago pelo Requerente e não sobre o valor total do contrato.
 3. DO DANO MORAL
Não há como se falar em danos morais sem que se aborde a norma esculpida no artigo 186 do Código Civil Brasileiro, in verbis:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
No caso em estudo, nítido é o fato de que ambas as Requeridas agiram de forma omissa e negligente, causando imensuráveis transtornos aos Requerentes. Sob esse prisma, o artigo 927, caput, do mesmo diploma legal estabelece que:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Desta feita, perante a conduta desleal e ilícita por parte das Requeridas têm elas a obrigação de reparar os danos resultantes de tal ato. Os Requerentes confiaram nas palavras dos representantes das Requeridas de que a prestação do serviço melhoraria, e outra vez foram enganados, momento em que os sentimentos de angústia, impotência e frustração vieram à tona, fazendo que com que se sentissem lesados.
O descaso das Requeridas perante os Requerentes, privando-os de informações, bem como não lhes disponibilizando o que lhes era de direito, além da falta de empenho para que a situação fosse resolvida amigavelmente sem ser necessário mover o judiciário, incontestavelmente foi fato gerador de grandes danos e transtornos, gerando, assim, o dever de indenizar.
Outrossim, basta que se pesquise no sistema de nosso tribunal demandas envolvendo as Requeridas, para que se perceba que não se trata de um fato isolado, conforme já explanado. A triste realidade é a de que esta é uma prática corriqueira destas empresas.
É sabido que a indenização por danos morais não tem somente o caráter compensatório ao ofendido, mas também a função de oprimir o ofensor, devendo ter a intensidade capaz de coibir a reincidência, devendo, portanto, ser a condenação estimada em patamar considerável.
Enfim, não restam dúvidas quanto ao fato de que as empresas Requeridas têm o dever de indenizar os Requerentes por todos os danos e constrangimentos por eles experimentados. Portanto, como medida de inteira justiça, com base em julgados analisados em circunstâncias fáticas semelhantes ao presente caso, define-se o valor de R$10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais.
TUTELA ANTECIPADA - LIMINAR
Diante de todo exposto, requer-se, de Vossa Excelência a concessão da medida liminar antecipada para que a parte ré seja intimada, a não proceder com qualquer cobrança após o pedido de cancelamento do presente contrato, e ainda, que seja impedida de negativar o autor por qualquer débito após o pedido de cancelamento do presente Contrato, qual seja, dia 18 de dezembro de 2020, tendo em vista que cobranças indevidas e negativações abusivas poderá acarretar enormes prejuízos financeiros para os autores, tendo em vista que no ramo que trabalham dependem EXLCUSIVAMENTE do nome de ambos para continuarem no mercado de trabalho. 
Logo, requer, o deferimento da tutela antecipada ora requerida. 
 III - DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer:
I. PRELIMINARMENTE, seja reconhecido o viés consumerista existente na relação contratual entre as partes, com a consequente atração da competência de foro para a Comarca de Catalão/GO, onde mantêm residência e domicilio, permitindo-lhes acesso ao Judiciário na busca da prestação jurisdicional eficiente e eficaz, com espeque no art. 101, I, do CDC;
II. A concessão da medida liminar antecipada para que a parte ré seja intimada, a não proceder com qualquer cobrança após o pedido de cancelamento do presente contrato, e ainda, que seja impedida de negativar o autor por qualquer débito após o pedido de cancelamento do presente Contrato, qual seja, dia 18 de dezembro de 2020, tendo em vista que cobranças indevidas e negativações abusivas poderá acarretar enormes prejuízos financeiros para os autores, tendo em vista que no ramo que trabalham dependem EXLCUSIVAMENTE do nome de ambos para continuarem no mercado de trabalho.
III. A citação da Requerida, via AR, no endereço inicialmente indicado para que, caso queiram, apresentem resposta no prazo legal, sob pena de serem aplicados os efeitos da revelia e confissão;
IV. Seja declarada a rescisão do contrato n° 10575297, sem qualquer ônus aos Requerentes, com a respectiva devolução do valor já pago, qual seja o de R$ 4.480,00 (quatro mil quatrocentos e oitenta reais), abatido o valor de R$ 3.780,00 (três mil setecentos e oitenta reais) referente as diárias utilizadas, com a consequente devolução dos valores restante, devidamente acrescido de juros e correção monetária. Entretanto, caso Vossa Excelência entenda que, ainda que os Requerentes não tenham descumprido qualquer de suas obrigações, seja cabível algum valor a título de multa, que seja aplicada apenas a multa da Cláusula 06 do Contrato, onde estipula a porcentagem de apenas 10%, porém, caso seja esse o entendimento de Vossa Excelência, que o valor/percentual determinado por este Juízo, seja calculado sobre o valor já pago pelo Requerente e não sobre o valor total do contrato.
V. A condenação das Requeridas ao ressarcimento dos danos morais causados aos Requerentes, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), para que com esta condenação, sofra em seu patrimônio e não volte a tomar as mesmas atitudes desonrosas a mais ninguém, tornando-se ciente que a justiça está presente para fazer valer os ditames da Lei, em vista da propaganda enganosa utilizada;
VI. A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6°, VIII do CDC, uma vez que configurada a hipossuficiência dos Requerentes, face às Requeridas;
VII. Seja designada audiência de conciliação, nos termos do art. 334, do Código de Processo Civil;
Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, pelos documentos acostados à inicial.
Dá-se o valor da causa de R$ 14.480,00 (quatorze mil quatrocentos e oitenta reais).
 Nesses termos, pede deferimento.
 Catalão, 02 de fevereiro de 2020.
DIOGO VINÍCIUS DOS SANTOS MESSIAS
OAB/GO 55.161

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