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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de análise Disciplina: Direito do Seguro e Resseguro-0421-1_2 Módulo: Atividade Individual Aluno: BRUNNA SIMON VECCHI Turma: ONL021LA-PODEMSP11T2 Tarefa: PARECER JURIDICO CASO CONCRETO Introdução Em síntese, uma Construtora denominada de” XPTO “ venceu uma licitação e por consequência pactuou um contrato administrativo para a construção de uma rodovia interestadual cujo para interligar as Regiões Norte e Centro-Oeste dos portos de Santos e do Rio de Janeiro. A obra, de grande vulto, foi orçada e m 980 milhões de reais, sendo necessárias desapropriações antes do início da prestação. O contrato foi assinado em 25 d e maio de 2014, com previsão de entrega em 25 de maio de 2018. O Governo Federal exigiu que a garantia fosse no maior do que o valor permitido da Lei 8.666/93, por isso a construtora XPTO ofereceu um seguro de garantia com embasamento jurídico pela autarquia federal, SUSEP. Porém, para a surpresa da seguradora na data de 20 de fevereiro de 2016, recebeu de notificação do Governo Federal a rescisão do contrato administrativo com a Construtora. A rescisão, se deu após processo administrativo em face do tomador aplicando-se a aplicação de uma multa à Construtora XPTO no valor de 120 milhões de reais Ante a inércia da Construtora XPTO, o Governo Federal cobrava a multa da seguradora, in vocando o seguro garantia para tal fim. Esse é o breve relatório. 2 Desenvolvimento POSSIBILIDADE APLICAÇÃO DE PRESCRIÇÃO A lide trata-se de ação de direito público subjetivo disposta na norma Constitucional disposta no Art. 5º, XXXV, na qual dispõe sobre a ocorrência de fato danoso a um bem juridicamente tutelado. O código Civil já dispõe em seu Art. 189 que: violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206“. Ora, é fidedigno que independente da natureza da ação o seu direito deve ser exercido dentro do prazo previsto em lei, pois caso não ocorra, o titular perde a pretensão de reparação do direito violado. O direito de ação é uma proteção a ordem pública em razão de ser a consolidação do ordenamento jurídico para que esse esteja sempre em consonância com o Estado Democrático de Direito. Pois bem, no caso a Seguradora não teve previa notificação pelo Segurado (Governo Federal) da existência do processo administrativo em face da tomadora do Seguro de garantia (Construtora XPTO ) e da decisão de rescisão do contrato entre ambos, o que parece que o segurado agiu dolosamente e optou por omitir a informação e por consequente os seus deveres contratuais de informação e transparência com a Seguradora. Fica evidente que o Segurado omitiu todo o processo administrativo tendo a Seguradora tomado conhecimento apenas após a decisão de rescisão contratual e consequente pagamento de multa. Isso porque, o caso aponta que somente em fevereiro de 2016, ou seja, após quase 02 (dois) anos houve a notificação extrajudicial a seguradora para haver o valor de 120 (cento e vinte milhões), relativo à multa, em tese pela razão do cumprimento do seguro garantia contratado. Em razão da multa aplicada, é de suma importância que a Seguradora tivesse dito o conhecimento da data exata que fora proferida a decisão de rescisão do contrato entre o segurador e tomador no processo administrativo, para que se pudesse verificar se ocorreu prescrição ou não pela norma jurídica vigente. A Circular SUSEP nº 477/ 2013- ramo 0075 esclarece no item 17, do Cap. I, das condições gerais - que é aplicado os prazos prescricionais da lei quando se trata de seguros garantias. Além da norma especifica, o Código Civil Lei 10.4 06 de janeiro de 2002 , em no art . 206, § 1º, II determina que : a pretensão do segurado prescreve em 1 (um) ano contra o segurador, e a alínea “b”, do referido inciso II, do artigo 206, determina que o prazo de um ano começa a contar pela data que o segurado tomou ciência da situação fatídica, ou seja, fato gerador do direito atingido. Dos fatos narrados, fica claro que a Seguradora teve conhecimento da decisão, apenas quando já havia ocorrido a decisão do Processo administrativo que restou a decisão de rescisão e a aplicação de multa pecuniária a construtora. Ora, o fato do Segurado se abster de compartilhar informação de extrema relevância, fere o princípio contratual da boa-fé objetiva disposta no Art. 768 do Código Civil. De acordo com a análise e hipóteses do caso é possível afirmar que: a) Se por hipótese, a decisão ocorreu na data de 19.02.2015, ou anteriormente, a prescrição restara configurada em razão do segurado não ter proposto a ação no tempo hábil, decaindo o direito de interposição de ação do segurado pela seguradora, seguradora b) Caso a decisão do processo tenha sido um ano posterior a data do conhecimento pela Seguradora, ou seja, 20 de fevereiro de 2015, não 4 haveria prescrição com fulcro no Art. 199, Inciso II do Código Civil. Contudo, é possível identificar que mesmo se não tivesse ocorrido a prescrição no caso em tela, a Seguradora ainda assim estaria tutelada a negativa de cobertura ao Segurado, pois esse deixou de adimplir com os seus deveres e obrigações contratuais, ferindo o princípio da boa-fé contratual e ordem publica, além da norma jurídica vigente. O que ocorre é que houve o agravamento intencional do risco do Sinistro, em razão da omissão por parte do Segurado, gerando as penalidades contratuais e legislativas, como a isenção da responsabilidade da seguradora e o valor da multa fora dos parâmetros legais. DA INCORREÇÃO DO VALOR DA MULTA Pois bem, o Governo Federal através do processo administrativo imputou a Seguradora à aplicação da multa e rescisão contratual por força do texto de artigos de lei do art. 86 e 87, da Lei de Licitações a lei de 21 de junho de 1993, tendo aplicado ao segurador a multa de R$120.000.000,00 (cento e vinte milhões de reais). Mesmo se levar em consideração a hipótese de não aplicação de prescrição no caso concreto, existe no ordenamento jurídico e jurisprudência o direito líquido e certo no sentido de afastamento da responsabilidade de cobertura por parte da seguradora. Isso porque, mesmo levando em consideração a remota possibilidade de pagamento da multa por parte da Seguradora, como dispõe o art. 86 §2° da lei de licitações, é visto que a obra in casu esta prescrita no Art. 6 inciso II c/c 23, inciso I, alínea “c” da mesma legislação, pelo fato da obra ter montante acima de R$1.500.000,00 (um milhão e quinhentos reais). O valor da obra fora o equivalente a R$980.000.000,00 (noventos e oitenta milhões) de reais, por isso o enquadramento da obra no texto de lei. Porém, a lei de licitações que recai sobre o caso concreto, identifica-se ser aplicável o art. 56 §3° da lei 8.666: “3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do contrato. “ Dito isso, evidente por simples cálculo matemático que a multa aplicada de R$120.000.000,00 (cento e vinte milhões de reais) não deveria ser imputada por estar além dos limites previstos no Art. 56§3° da Lei 8.666/93. Caso tal valor fosse de fato desprendido ou até mesmo arbitrado poderia gerar dano econômico a seguradora e sua consequente instabilidade. Sendo assim, caso fosse reconhecidaqualquer legitimidade para que a Seguradora realizasse a cobertura, essa deveria ser a multa pecuniária de no máximo até 10%(dez) por cento do valor do contrato, ou seja, a importância de R$98.000.000,00 (noventa e oito milhões de reais), conforme prevê o artigo de lei. Nesse diapasão, o art. 87§21 também preceitua que o Governo Federal poderia cobrar da Construtora XPTO a quantia de R$22.000.00,00 (vinte dois milhões de reais), caso o pelo fato do valor ser maior do que a garantia prestada. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA O princípio da boa-fé é presente em todo o ordenamento jurídico, porém em na legislação atual esse esta disposta no Código Cível no artigo 422, seção I do capítulo “Disposições Gerais”, do Título V “Dos Contratos em Geral: "os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os principios de probidade e boa -fé". Em outras palavras, a Boa-Fé esta presente em todos os tipos de contratos, não havendo exceções. 6 Ora verdade seja dita que no Direito não há muitas hipóteses em que a norma é “ sine qua non”, por essa razão o legislador no contrato de seguro tutelou sobre a importância da veracidade e a mais estrita boa-fé objetiva entre o Segurador e o Segurado em todos os seus aspectos. Fato é que as seguradoras possuem “confiança” nos segurados, pois se caso, essas precisassem fiscalizar todos os seus clientes de forma minuciosa acabariam tornando os processos ainda mais morosos. Fato é que a Seguradora não teve qualquer conhecimento do processo administrativo que ocorreu em pelo do Governo Federal e em face da Construtora XPTO, tendo descoberto apenas quando esse já havia sido julgado e Governo Federal portanto, queria haver a multa de R$120.000.000,00 (Cento e Vinte Milhões de Reais). Sendo assim, a legislação especifica presente na Circular SUSEP nº 477/2013, no Capítulo II, Modalidade II, item 4.1, dispõe sobre à necessidade de prestação de informações sobre a expectativa de sinistro, devendo o Tomador ser imediatamente notificado sobre todos os itens para apurar a possível inadimplência (o que não ocorreu no caso concreto), para que seja concedido um prazo maior para a regularização da irregularidade identificada para registro da Expectativa do Sinistro. No caso não há qualquer menção de envio de notificação por parte do Segurado sobre o processo administrativo entre as partes e tampouco, decisão de aplicação de multa pecuniária. Fato é que o Segurado não informou de forma imediata sobre o sinistro, sendo a Seguradora notificada apenas após um longo período não podendo ser responsabilizada que não havia qualquer conhecimento (processo em andamento). Com isso, o Segurado agiu dolosamente e com o expresso descumprimento das normas especificas e do princípio da boa-fé objetiva, ao omitir a informação, além de ferir o Art. 768 do Código Civil que dispõe do risco de perda do objeto do contrato caso agrave a situação intencionalmente, sendo exatamente esse o caso descrito. Evidente as obrigações assumidas pela Seguradora, porém existem hipóteses que levam a isenção ou à perda da garantia securitária. A responsabilidade da Seguradora esta assegurada com a disposição da obrigatoriedade da comunicação imediata do sinistro, o que não ocorreu sendo legalmente possivél que a Seguradora seja eximida de pagar a multa. A Legislação e Jurisprudência vigente dispõe da possibilidade de ocorrer a negativa de cobertura, diante do descumprimento das obrigações do segurado não devendo a Seguradora arcar com multa pecuniária que não lhe era sabida e não teve tempo hábil para defesa. Fora apresentado elementos para uma possível tese de defesa para Seguradora em possível negociação ou processo judicial. Conclusão Por todo apresentado podemos observar 03(três) teses de defesa para Seguradora manter a negativa de cobertura: a prescrição, o valor alto da multa e por fim a ausência de responsabilidade. Primeiramente, a Seguradora não teve conhecimento da data que fora prolatada a decisão do processo administrativo, tendo apenas sido notificada pelo Governo Federal para pagamento da multa de R$120 milhões (ante a inércia da Construtora) em 20.02.2016, não havendo a data exata para avaliação da prescrição anual ou não, disposto no Codigo Civil. Sendo assim, configurada a prescrição ausente o pagamento da cobertura. Porém, mesmo com a ausência da primeira defesa é evidente que o Segurado feriu os princípios contratuais e obrigações contratuais perdendo o seu direito de garantia. Isso porque, fica evidenciada a conduta dolosa e consequente má-fé por parte do Segurado ao deixar de comunicar a Seguradora sobre o processo administrativo, e 8 ainda, o Governo Federal fora acionar a seguradora ante a demora da construtora no pagamento da multa. O segurado não pode omitir a informação de expectativa do sinistro, pois se assim o faz, contribui intencionamente para o agravamento do risco com dispõe o artigo 768 do código civil, havendo a perda da pretensão da garantia. Mesmo na remota possibilidade do não reconhecimento das teses acima, é evidente que a multa cobrada esta acima dos parâmetros estabelecidos na norma jurídica específica devendo o valor máximo a importancia máxima de R$98.000.000,00 ( noventa e oito milhões de reais) por parte da seguradora. Conclui-se assim, que a Seguradora possui grande probalidade de vencer um processo judicial. Referências bibliográficas CIRCULAR SUSEP Nº 477, DE 30 DE SETE MBRO DE 2013. <https://www.editora roncara ti.com.br/v2/Diario -Oficial/Diario-Ofi cial/circular -suse p- no -477-de- 30092013.html#item2 >. Acesso e m 20/05/2021 – 21:01 CÓDIGO CIVIL – 18 EDICÇAO – 2019 – AASP - Acesso e m 20/05/2021 – 21:06 https://www.aurum.com.br/blog/principio-da-boa-fe/ . Acesso em 21/05/2021 – 06:40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm Acesso em 21/05/2021 - 06:40 https://www.normaseregras.com/normas-abnt/ Acesso em 21/05/2021 - 06:45
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