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Edward Carr (1892-1982) Histórico pessoal: Nasceu em 1892, historiador de formação, formação em Cambridge, foi jornalista, diplomata, cientista político. Serviu por 20 anos (1916-1936) na Inglaterra como o que equivaleria ao cargo de Ministro de Relações Exteriores no Brasil. Largou a diplomacia por alguns fatores: um dos fatores foi a insatisfação dele com as políticas implementadas no pós guerra. Crítico profundo da formação da Liga das Nações (esteve presente em algumas reuniões da Conferência de Paz de Paris). Seu livro se destina a qualquer pessoa que tenha interesse sobre política internacional e que seja minimamente esclarecida. Seu livro foi escrito em 1939. De 1941-1947 ele foi editor chefe do London Times. Importância acadêmica: Noção de que polítia internacional pode ter uma pretensão científica sem perder suas origens de propósito social; história importa, não basta estudos contextualizados, não basta estudar as estruturas e instituições de um Estado sem ter uma noção de processo histórico. Primeira e Segunda Parte: O Carr vai identificar alguns rastros do pensamento utópico no mundo medieval. Por que isso? Ele vai dizer que no mundo medieval a gente verificava a existência de padrões de moralidade, ditos universais, supostamente universais. Ele vai dizer que no mundo medieval existiam esses supostos valores de cunho universais, representados pela Igreja. Ele vai dizer que os padrões de moralidade, os critérios de certo ou errado, moral ou imoral, eram em última instância derivados de Deus. A autoridade divina era o árbitro final da moralidade. Neste contexto, portanto, a noção de guerra justa era iminentemente divina. Qual é a forma que vai ser encontrada segundo Carr, no século XVIII, XIX? No mundo medieval a base da moraldiade é divina e aos poucos vai se buscando uma base de moralidade interna aos próprios individuos, e a moral passa a ser visto como fruto da razão humana, da razão individual. Seres humanos racionais são capazes de detectar padrões de moralidade. São seres humanos racionais que em função da razão humana são capazes de vislumbrar o que é certo e o que é errado. Essa visão segundo ele não é uma visão que se torna inédita no mundo moderno, já que na própria Grécia Antiga a gente poderia vislumbrar alguns sinais dessa visão, de uma lei natural que brota da razão ou da consciência humana. Por exemplo: a Antígona de Sóficles, ela vai desafiar uma ordem do estadista (seu tio, Creonte) e ela vai lutar pelo direito de enterrar o seu irmão. Ela vai fazer isso a partir da sua consciência do que é certo. Ele vai fazer a partir daquilo que manda seu coração, sua razão, independente da ordem do Estado. Nesse sentido, essa ideia da Antígona pode ser vista como uma ideia realista, no sentido que adquire nas RI`s? SIM. Dois autores vão ter importância na representação do liberalismo inglês. Jeremy Bentham e James Mill. Eles vão de alguma forma transferir essa autoridade para o patamar da opinião pública. A racionalidade da opinião pública. O Carr diz que esses dois autores liberais tiveram uma influência no pensamento dos utópicos (Wilson). Ele identifica nas raízes do pensamento do presdiente Wilson o pensamento liberal do Jeremy Bentah e dos James Mill que é discípulo do Benthan. Ele vai falar que os realistas do renascimento (ex: Maquiavel) vão questionar isso. A ética deve ser adaptada a política. A autoridade para Maquiável passa a vir do príncipe. O credo liberal que vem com Adam Smith e assume sua forma institucional com a defesa do livre comércio no século XIX, era a ideia que os interesses individuais coincidem com os interesses coletivos e nesse sentido um operário em greve estaria contra o interesse britânico e seu proprio interesse. Essa visão se difere da visão marxista, porque pro Marx, trabalho e capital, o proletariado e os burgueses, não podem ter os mesmo interesses. Ele enfatiza o conflito de interesses. O Marx é crítico do liberalismo e da ideia da harmonia natural de interesses. O CARR TAMBÉM. Ambos (Marx e Carr) fazem crítica ao liberailsmo, a ideia da harmonia natural de interesses. Marxistas e Carr convergem ao identificar a harmonia natural de interesses como o discurso, a ideologia, do mais forte, de quem detém o poder. O foco do Carr recai sobre o Estado e do Marx sobre as classes sociais. No pós primeira Guerra Mundial quem definia a ordem foram os Estados que ganharam que não coincidiam com os interesses do que perderam a guerra. As três bases do pensamento do Wilson analisadas pelo Carr são: Bentham, Mill e Adam Smith. O Carr vai dizer que as bases de Wilson vão ter um impacto decisivo na política dele, ele vai transplantar o liberalismo e o racionalismo do Bentham, para o EUA do século XX, no pós primeira guerra. O pensamento do Carr se liga ao pensamento do Stanley Hoffman e do Steve Smith? Sim. O saber em RI não é neutro, nem apolítico. Ao final de uma guerra, o Estado vencedor tende a manter seu stato quo. (Lógica de Carr) A Liga depositou uma fé exagerada no papel da opinião pública dos Estados democráticos. Essa é a opinião pública dos Estados democráticos. Mas, isso fez com que a Liga carecesse de um poder coercitivo. O livro do Carr é uma crítica ao pensamento utópico. Carr diz que o realismo também pode ser criticado pelas mesmas armas que ele critica a utopia? A arma do realismo pra criticar a utopia é: esse pensamento não tem nada de nobre, ele é condicionado. Pro Carr todo pensamento é condicionado. Ele critica tanto a utopia como o realista puro. Para Carr, o realismo não trabalha com um objetivo finito, a utopia trabalha com um objetivo finito. O realismo parte de uma visão determinista. Não tem o mesmo apelo para a mente humana que o pensamento utópico tem. Por outro lado, os realistas tendem a não emitir um julgamento moral entre os fatos. A utopia seria ingênua. O realismo seria infértil, no sentido de mudança. Terceira Parte: Na terceira parte, mais uma vez o Carr mostra um pensamento que não é realista puro, não é um pensamento extremo, ou seja, não é aquele pensamento utópico e nem aquele realismo puro, que apresenta uma série de inconvenientes. O realismo puro apresenta um inconveniente principal que era a esterelidade, justamente o fato dele não oferecer um campo de ação, não oferecendo assim um campo de transformação da realidade, visto que ele pressupõe que os homens não tem condições de alterar a realidade, uma vez que se coloca que essa realidade é pré determinada, ela consiste apenas numa sequência de causa e efeito, causa qual os homens são impotentes. Concepção de natureza humana: mistura entre realismo e utopia. Ele vai nos dizer o que? Qual filosófo que ele usa? Ele fala de uma natureza humana aristotélica. O argumento central do Aristóteles é que o homem é um animal político. Isso significa para Aristóteles a ideia de que o homem tem um potencial agregário, uma tendência inata a associabilidade. Não é uma visão tipiamente realista, eles se valem normalmente da concepção hobbesiana, segundo a qual os homens buscam inerentemente o poder e maximizar o poder, "o homem é o lobo do homem". Carr diz que os homens nunca viveram em pleno isolamento, ele argumenta que o homem sempre viveu em grupos, permanentes ou semi-permanentes, daí o estudo da política não é desses homens isolados e sim de forma agregária. Ele diz que isso aconteceu desde os tempos primitivos, justamente por partir da ideia aristotélica. Todavia, Carr vai colocar que os homens reagem de duas formas distintas quando se relacionam com seus semelhantes e que nos atentariam pra esse união de utopia e realismo: egoísmo e cooperação. Por vezes, os homens agem de forma egoísta, buscando seus interesses próprios, em detrimento dos outros. Mas, esse não é um comportamento que pode ser universalizado. Ele tá chamando atenção danatureza dual dos seres humanos, que ora agem de forma egoísta, de forma auto-interessada e ora agem de forma cooperativa, demonstrando boa vontade, desejo de cooperar, amizade. A visão de natureza humana que eles nos apresenta é DUAL. Visão egoísta é a vertente realista, já a visão cooperativa é a vertente utópica. Ele diz que isso serve tanto para o "homem" econômico" como para o "homem" político. Essa análise é importante, porque ele vai falar do caráter dual da própria vida política. Nesse sentido, uma prática política não se sustenta só da cooperação, ele diz que é fundamental, mas não é único, também faz-se necessário um pouco de egoísmo e para conseguir algo, as vezes é necessário o uso da força, logo é necessário ter poder. Ele vai dizer que tanto os realistas, quanto os utópicos estariam equivocados. Visto que os utópicos só acreditariam na bondade, na eliminação do uso da força. E que os realistas só acreditam no ganho das coisas através da força, no seu interesse próprio. Esta visão de Carr está em conformidade com o pensamento maduro que ele nos apresenta a cerca de utopia e realismo. Ele vai mostrar que toda ação política deve ser coordenada na moral e no poder. Se você não leva em consideração os dos dois elementos, isto tem consequências práticas e fatais. Ele diz que a guerra seria evitada pelo "tribunal da opinião pública". Ele vai falar claramente que aqueles que criaram a Liga das Nações se inserem no registro utópico, e na medida que eles se inserem, eles acreditariam que a política de poder poderia vir a ser eliminada da cena internacional. Ou seja, para os utópicos o poder ou a força (o exército e a marinha) seriam dispensáveis, o que na verdade promoveria a paz seriam as discussões levada à Liga das Nações. Então, a Liga foi um projeto utópico. Os utópicos achavam que a política de poder fosse um velho modo de se fazer a política na Europa. Wilson apresenta uma nova forma de se fazer política. Ele diz que ação política deve combinar moral e poder, até porque a natureza humana combina esses dois aspectos. O problema da Liga é que ela basicamente utilizou a moral. Carr diz que essa é uma das causas do fracasso da Liga. Ele vai dizer que a Liga primou uma importância a igualdade jurídica dos Estados. O argumento do Carr é de que quem continuava a tomar as decisões eram as grandes potências. Se a Grã-Bretanha e a França não tinham interesse em alguma ação ou discussão, logo não era colocada em pauta. Nas votações mais importantes, os Estados menores tinham receio em confrontar a opinião da França e da Grã-Bretanha, então por mais que tivessem direito de voto, eles acabavam seguindo a decisão das grandes potências. O Carr tenta mostrar que o sistema jurídico e a igualdade jurídica não "valia" muito. Daí a ingenuidade da Liga das Nações. Ele também diz do sistema de mandatos da Liga das Nações. Ele diz que o sistema de mandatos, que era um forma de manter o colonialismo, estavam sob mandatos de outros Estados Nacionais. Daí, surgiram propostas em transformar esses mandatos em mandatos não-específicos, mas internacionais. O Carr não vê sentido nisso. Ele diz que não teria condições dele ser bem sucedido, ele fala que o poder está organizado de forma "nacional", está descentralizado, os Estados são os atores do sistema internacional (visão realista). Então, não faz sentido transformar um mandato em uma administração internacional, porque quem vai garantir aquele mandato vão ser os poderes nacionais. Essa proposta depende da força militar e essa força está concentrada no Estado. Diferente do Angell, que não fala de interesses nacionais, sua principal preocupação é com os interesses individuais de cunhos universais. Um dos fatores que fez o pensamento dos utópicos (Wilson) a dizer que "política do poder" é coisa do passado e que a política moral seria a nova política, foi justamente o poder exagerado da Grã-Bretanha do pós-primeira Guerra Mundial. O uso da força, na verdade, demonstra uma situação de estar sendo incomodado. No pós-Primeira Guerra Mundial não havia necessidade da Grã-Bretanha mostrar a força. Ele diz que no final da década de 30, grande parte da opinião pública vai aceitar sacrificar o bem estar econômico em prol do investimento do país no poder militar. Ele diz que sempre que um país está ameaçado ele vai se preocupar com os canhões. Esta é uma visão tipicamente realista. Sua ideia é então a de que as grandes potências tem necessidade de usar a força quando são ameaçados. O Poder: Enquanto um autor realista, ele vai dedicar grande parte da obra a temática do poder. O poder político pra ele é dividido em três tipos: poder militar, econômico e poder sobre a opinião. Ele diz que essa separação é feita para fins analíticos, didáticos. Essa visão é tipicamente realista. Ele diz que não tem como separar esses poderes na prática, só pra analisar. Pros realistas o poder é visto como uno, como coeso, como interdependente. Por isso, ele diz que essa divisão é feita apenas para fins analíticos. O poder militar: Enquanto realista ele vai considerar o poder militar o aspecto central do poder dos Estados. Ele vai dizer claramente (visão realista clássica) de que a ideia de que a política internacional é um espaço de insegurança, incerteza e daí a guerra está presente na sua forma latente. Ele parte que as relações internacionais partem de um conflito, embora esse conflito não seja permanente, mas os Estados devem estar preparados para ele. Ele diz que não é um desejo dos Estados se armarem, mas a insegurança que impera faz com quem os Estados tenham o dever de se amar. O aspecto central é o poder militar. Toda grande civilização encontrada na história contou com um poder militar. Ele fala da Grécia Antiga dos gregos atenienses que venceram os persas com seu poder militar. Ele fala que um aspecto fundamental para definir uma grande potência é a posse de poder militar, que confere o status político a uma determinada nação. Um fator decisivo também é o fato deles terem vencido numa guerra. O poder dos EUA depois da guerra de independência. O poder do Japão depois da guerra com a Rússia. Ele nos fala que um aspecto central para evidenciar esse poder político é que os Estados querem mostrar esse poder militar, através de paradas, campanhas, passeatas. Ele confere uma primazia ao poder militar, porque ele acredita que as RIs se constituem em um espaço de insegurança e para isso so Estados devem estar sempre armados para fazer frente a possiblidade da guerra. Ele vai adotar o ponto de vista, associado aos realistas, de que a polex dos Estados deve ser de alguma forma elitista, que as questões relacionadas ao poderio militar não podem ser democratizadas. Essas questões tem que ser de ordem sigilosa. Ele vai dizer que a guerra tem muitas vezes por fim a própria guerra. Ele tá falando de um ciclo vicioso. É a noção da importância dos ganhos relativos. Ele vai se valer de uma frase do Maquiavel. "Os homens nunca estão seguros até que consigam mais que os outros." O Carr diz que a lógica da segurança coletiva nao tem condições de se efetivar, se concretizar, porque ela parte de um objetivo específico e limitado, que é o objetivo de fazer fente a uma agressão. Segundo ele os Estados não se contentariam com isto, iam querem sempre mais e mais. Os Estados nunca se mostram satisfeitos com aquilo que eles tem. Ele vai dizer que as guerras nos últimos séculos nao foram guerras de domínio territorial ou ter ganhos econômicos, era pra aumentar o poder do Estado. As guerras, muitas vezes não tinha um objetivo concreto. Ele diz que Estados de bem-estar social são Estados que já tem poderio militar. Há uma contradição nisso. Como definir um ponto objetivo de que você está seguro, se para ele existe sempre uma insegurança no sistema. Como avaliar se você está realmente seguro, já que ele fala queos Estados nunca estão satisfeitos com o que eles tem. Existe uma contradição então, quando ele fala que quando os Estados tem o poderio militar eles vão passar a dar atenção ao Estado de bem-estar social. Poder Econômico: Para ele o econômico é também um poder muito importante. Aquele que detem poder econômico consegue traduzir facilmente isso em poder militar. Ele vai falar que os Estados mais ricos tradicionalmente foram aqueles que conseguiram vencer as principais batalhas. Ele diz que existe uma conexão íntima entre poder militar e econômico. Ele vai criticar o liberalismo, porque o liberalismo tenderia a separar o poder político do poder econômico. O Carr vai ser favorável a um regime mais liberal ou mais auto-suficiente? A auto-suficiência é um aspecto importante para cada Estado. O Estado deve ser o mais autárquico possível. Ele diz que auto-suficiência pode ser um grande poder econômico. O comércio pode ser favorável em termos econômicos, mas que por mais que seja caro a auto-suficiência, isto é um aspecto de defesa em uma guerra. Ele vai citar o caso da Liga das Nações, o artigo 16, referente a Segurança Coletiva. Ele vai dizer que tinha dois parágrafos falando que um Estado deve sofrer sanções e retaliações militares caso cometa algum ataque. Mas, que em função do pensamento utópico no pós-primeira guerra mundial, esses artigos foram visto como artigos alternativos, ou um ou outro. A lógica realista teria que unir esses dois artigos (militar e econômico), porque eles são interdependentes. Um dos erros da Liga vai ser justamente esse predomínio do pensamento utópico, liberal, que fez com que o poder econômico e o militar fossem visto de forma separadas, isoladas (típico do pensamento liberal) e as sanções econômicas fossem sido aplicadas sem o respaldo do poder militar. Ele diz que esses poderes são indissociáveis. Ele vai discutir a moralidade e o poder econômico. Ele vai se perguntar. Será que a arma econômica é a arma do forte ou a arma do fraco? Será que a arma econômica é mais moral do que arma militar? É a arma do forte. Usando o exemplo da Grã-Bretanha, que ele vai dizer que o embargo da GB aos soviéticos pode ser muito mais eficaz do que um embargo da Itália em relação a Grécia. Aquele que é mais fraco tende a maior necessidade de usar a força. É uma falácia, ou uma ilusão essa ideia de que a GB garantiu a independência das suas colônias e nao ocupou militarmente suas colonias, e que isso seria um gesto altruista por parte da GB, essa garantia de que suas colonias não seriam ocupadas, essa independêcia formal concedida ao Egito. Ele vai dizer que isso é um sinal de poder da GB. Porque a arma economica é a arma do forte. Ele diz que aquele que se vale da força (conquista) não é aquele que está numa posição privilegiada, mas aquele que não consegue impor suas vontades pelos meios econômicos, ou seja seu poder econômico é ameaçado. E o uso do poder econômico nem sempre é o mais moral, porque pode trazer mais danos do que o uso do poder militar. Poder sobre a opinião: Durante a Primeira Guerra Mundial, o poder sobre a opinião vai ter papel fundamental. É tão fundamental quanto o poder militar e econômico, dependendo do contexto é até mais importante. Vai incidir diretamente sobre os civis. Vai ter uma maior demanda do fim dos tratados secretos e de uma maior participação política do povo, isso porque o povo foi afetado com a primeira guerra. O povo vai demandar uma maior participação nas relações internacionais e daí a própria criação da disciplina de RI. Ele está dizendo então que a guerra vai reunir os 3 aspectos, você vai tentar influenciar a moral da outra população e não só atingir o poder militar e econômico do outro. Ele vai dizer que em algumas situação o poder da moral é até mais importante que os outros dois e que ele deve ser visto de forma combinada aos outros poderes. Tanto democracia quanto regimes totalitários prestam atenção, ou tentam exercer influência sobre a opinião pública? Sim. Ambos os regimes tentam exercer essa influência sobre as suas opiniões públicas. Essa opinião pública tem que ser moldada então, porque ela passa a ser decisória. A Primeira guerra Mundial reuniu esses 3 poderes, porque você tinha tanto alvos militares, infraestrutura e também alvos civis. Por exemplo, a distribuição de panfletos sobre as linhas inimigas. O Carr se coloca contra o discurso liberal, do laisez-faire, de deixar a área econômica sem qualquer tipo de interferência. Ele é a favor de regimes protecionistas, que o Estado tem ingerência na área econômica. O mesmo ele fala a cerca da opinião pública. Ele vai dizer que os liberais acreditariam no mito de que os Estados não devem interferir, ou impor censura, controle e regulamentação sobre essa opinião pública. Pra ele isso não é possível, é mítico. O que ele tá dizendo é que tanto Estados democráticos como totalitários moldam essa opinião pública, ou seja, não é livre. Pra ele a Igreja é a primeira empresa de propaganda universal. Tentar vender valores universais para uma opinião pública internacional, impõe a censura. Ele vai dizer claramente que a Igreja católica tem poder influente sobre as massas. Ele vai dizer que a Igreja enfrentou resistência com as Reformas Protestantes e desse fato surgem as primeiras censuras, feitas pela Igreja Católica. Depois ela seria sucedida pelo Estado, que vai tentar ter essa influência universal. Ele vai falar da União Soviética, que através da Internacional Comunista vai tentar influenciar a humanidade através de valores universais. Pra ele o poder sobre a opinião pública, ou sobre as massas universalmente, a tentativa de vender ideias universais é possível se ela não estiver amparada pelo poder militar, ou por um Estados, um Império? Pra ele o poder se organiza nos Estados Nacionais. A base central desse poder é o militar e eles são interdependentes. As ideias da Rev. Francesa só tiveram impacto porque estavam respaldadas por um Estado, pela França e depois por um império napoleônico, que inclusive deturpou os ideários da Rev. Francesa. Então foi amparado por poderio militar. Na Guerra dos Trinta Anos a Igreja foi respaldada pelo Império dos Habsburgos. Ele vai dizer então que as ideias da URSS, propagados por eles só tiveram impacto porque depois foram respaldados por uma potência e pelo exército vermelho. Então, essas ideias só se propagam se tem respaldo do Estado e o poderio militar. O lugar da moral na política internacional: Pro Carr uma ciência deve combinar utopia e realidade. Poderia existir uma moralidade internacional para os realistas puros? Não. Porque e a moral pra eles brota do poder político, então só existe moralidade dentro do Estado. O árbitro final da moralidade é o Estado e aí a moralidade não tem uma influência nas relações internacionais. A outra visão é a utópica, que pensa em uma moralidade universal, definida a priori, que segundo o Carr vai criar uma equiparação entre a moral individual e a moral do Estado. Ele vai dizer que o Wilson expressava essa visão, que os Estados deveriam pautar suas condutas pela mesma moralidade que pautavam suas condutas individuais. Existe um abismo entre a moral do filósofo (dos utópicos) e a moral do homem em comum. Será que essa moral do homem comum é igual a moral dos realistas? Não. Ele vai falar que essa moral do homem comum é a que ele quer resgatar, que segundo ele é praticada, mas raramente é discutida (ao contrário da moral do filósofo, que é discutida, mas raramente encontrada empiricamente). Ele diz que existe uma moralidade internacional, mas ela não é a mesma que vale para os indivíduos. O homem comum sabe que o que vale para os indivíduos não vale para os Estados, mas ao mesmo tempo o homem comum demanda um comportamento moral por parte dos Estados. O exemplo que ele dá são as normas ou regras de guerra (jus in bellum). Ele não secoloca então como os realistas, porque pros realistas não existe uma moralidade internacional, as RI`s se constituem unicamente como política de poder. Carr está propondo uma junção de poder e moral. Ele critica os utópicos porque eles acreditavam que a moral podia vir a sucumbir o poder e que a moralidade do Estado iria vir a ser a mesma que dos indivíduos. Carr vai regastar da ideia de moralidade do homem comum. Pro Carr a moralidade é criada, pros utópicos a moralidade é natural. É uma falácia você acreditar que o Estado mais forte, na verdade, é mais moral, normalmente os Estados mais fortes se vendem como mais morais, isso porque eles tem as condições de se colocarem nesse papel. O Carr vai dizer que ao final da Primeira Guerra Mundial a culpa pela guerra recaiu sobre a Alemanha ou sobre a figura do kaiser? Ele vai dizer que em grande medida vai recair sobre o kaiser Guilherme II, é como o Estado se confundisse com a pessoa que controla o poder político. A lógica das indenizações então não tem muito sentido, porque o kaiser é deposto e as indenizações recaem sobre o Estado alemão e sua população. Carr diz: A ideia de uma comunidade internacional é construída, depende que nós nos sintamos nessa comunidade. Ele deixa claro que a comunidade internacional não tem a mesma coerência do que a comunidade nacional, até porque, segundo Carr, ela sofre de de uma desigualdade e discriminação endêmica. Ele vai dizer que obviamente os Estados lutam por igualdade no sistema internacional, mas dificilmente o sentimento de solidariedade que você tem para o seu próprio Estado vai ser a mesma em relação aos outros Estados. Anotações finais: Qual crítica que ele vai fazer a Liga das Nações? A ideia de que ela acreditou na existência de um opinião pública internacional, mas que careceu do poder coercitivo. Pra ele essas três facetas do poder estão interligadas, mas segundo ele a Liga foi produto de um pensamento liberal. O poder se organiza territorialmente, nacionalmente. Sua visão nesta parte toda de poder é bem Realista. Ele diz que Hitler percebeu a futilidade a propaganda de guerra que construía o inimigo como desprezível. Ele vai dizer que tem que ter alguma correspondência. Esse poder sobre a opinião não pode carecer de argumentação empírica. Keohane e Nye são teóricos da interdependência, não pensam igual ao Carr. Para eles, o poder de influência não necessariamente está relacionado ao poderio militar. Resumo feito por Victor Miranda IRischool 2011.2
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