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Aula 1 Compreendendo o Sistema Familiar

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Disciplina: Mediação Familiar
Aula 1: Compreendendo o Sistema Familiar
Apresentação
O conceito de família como um sistema, durante o decorrer da história da
humanidade, apresentou diferentes papéis e funções, em várias perspectivas. Todos
sabemos que não está limitada apenas aos laços familiares, já que inclui objetivos
internos/proteção e externos/transmissão.
Essas relações familiares sofrem mudanças ao longo do tempo, à medida que os
indivíduos e as suas famílias se desenvolvem. Esse desenvolvimento, considerando os
diversos ambientes e momentos dos grupos familiares, é chamado de “ciclo de vida”.
Nesta aula, vamos observar também que o relacionamento conjugal não é mais a
única forma de se construir uma família. O sexo deixou de ser um problema quando
está fora do casamento e a reprodução já não está mais, obrigatoriamente, ligada à
sexualidade.
As pessoas passaram a se casar por amor e como esse amor às vezes acaba, surgem
o divórcio, o recasamento e as novas possibilidades de construir famílias. Veremos
que, dessa forma, a família deixou de ser uma questão econômica e de reprodução
para ser um espaço de amor e de formação e estruturação dos sujeitos.
Objetivos
Descrever o sistema familiar e suas relações;
Identificar os ciclos de vida das famílias;
Analisar as novas formas de conjugalidade e parentalidade na
contemporaneidade.
O sistema familiar
Se perguntarem o que é uma família, todos nós conseguiremos elaborar uma
resposta. E provavelmente ela será baseada nas experiências com a nossa
própria família. Falaremos como funciona sua estrutura, organização,
problemas, peculiaridades etc.
Porém, ao mesmo tempo, todos perceberemos que se trata de uma resposta
bem complexa, cheia de contradições, paradoxos, dúvidas e significados.
Isso ocorre porque essa realidade, estando tão próxima de cada um de nós,
acaba se tornando contraditória, ou seja, conhecida e, ao mesmo tempo,
cheia de surpresas.
Aspectos e teorias do conceito de
família
A família pode ser compreendida sob vários aspectos e teorias, no
entanto, a concepção sistêmica da família, no caso da Mediação Familiar,
é uma visão importante por propiciar a compreensão a respeito das
relações estabelecidas entre as pessoas e as suas formas de
funcionamento. Além disso, uma das bases teóricas da mediação é a
própria Teoria Sistêmica.
Assim, cada família é um todo considerado como um sistema, mas é,
também, parte de outros sistemas, em situações mais amplas, como a
comunidade e a sociedade.
Esses subsistemas surgem por meio de interações específicas entre os
indivíduos envolvidos, com os papéis que desempenham e os lugares que
ocupam, com finalidades e objetivos comuns.

Atenção
É importante lembrar que as normas estabelecidas nas relações entre
esses subsistemas vão, progressivamente, sendo construídas e que a
estrutura da família está diretamente ligada à forma como se organizam
e se relacionam.
A organização dos elementos dentro dos subsistemas e suas funções e
papéis representam a dinâmica das relações da família. É na estrutura
familiar que se vivencia seus modelos de relações e se estabelece as
formas comunicacionais.
A compreensão dessas relações sistêmicas é fundamental no estudo da
família pois é a partir delas que são estabelecidos os papéis e funções
esperados socialmente. Cada família se organiza de uma forma única.
Não existem famílias iguais, mas todas agem e funcionam como tal.
De acordo com os estudos de Relvas (2004), encontramos vários subsistemas
na família:
INDIVIDUAL
Formado pelo indivíduo, que, além do envolvimento no seu sistema familiar,
desempenha funções e papéis em outros sistemas que interferem no seu
desenvolvimento pessoal e, dessa forma, no seu posicionamento familiar.
PARENTAL
Na maioria das vezes esse subsistema é constituído pelos pais e apresenta
funções para a execução de tarefas, como a proteção e a educação das
gerações mais novas.
CONJUGAL
Constituído por um casal.
FRATERNAL
Composto por irmãos e serve para o treinamento de relações entre indivíduos
iguais.
Já a autora Cezar-Ferreira (2007) afirma que as interações entre os familiares
ocorrem de maneira circular e, por essa razão, em uma situação de separação
entre o casal, não só o casal será afetado, mas também os filhos.
Para ela, devemos entender a família como um sistema que estabelece
influências recíprocas e circulares.
Causalidade circular e ciclo vital
Imagine uma família composta por pai, mãe e um filho. O que ocorre com o
pai afeta a mãe e o filho, o que ocorre com a mãe afeta o pai e o filho e o que
ocorre com o filho afeta o pai e a mãe.
Podemos chamar esta situação de causalidade circular, porque as pessoas não
têm uma existência independente da outra na família, ou seja, as situações
não ocorrem sem que todos, de alguma forma, sejam atingidos.
É a partir dessa compreensão que a separação não afeta somente o casal, mas
também os filhos. Por isso, a preocupação com a saúde mental e emocional deles é
fundamental, principalmente se estiverem nas primeiras fases do desenvolvimento.
Outra questão importante é aquela que diz respeito às pequenas mudanças
previsíveis na vida, que em geral acontecem com cada membro da família, como
crescimento e envelhecimento, acarretando adaptações no sistema. Essas mudanças
não alteram a organização da família.
Já outros acontecimentos são imprevisíveis, como uma doença grave ou uma
separação. Dependendo da força afetiva, podem alterar a organização da família e,
outras vezes, podem exigir uma atenção de especialistas.
Um sistema, como a família, necessita estar sempre em um movimento de
estabilidade e mudança, realizando a integração daquilo que é conhecido com aquilo
que é novo, buscando um outro nível de estabilidade.
A vida pode ser representada por meio de ininterruptas passagens pelo ciclo vital.
Crescimento e envelhecimento, por exemplo, são passagens e eventos previsíveis,
porque, em geral, é esperado que todos os seres humanos passem.
Por outro lado, existem os eventos imprevisíveis, que podem incluir desde situações
muito prazerosas até situações que podem interferir no desenvolvimento físico da
pessoa, como uma doença terminal.
Alguns acontecimentos no ciclo vital, por causa de sua intensidade afetiva, podem
desestruturar famílias, até mesmo as mais flexíveis, ainda que por um breve período.
Assim como as pessoas têm um ciclo vital, vamos entender, agora, como as famílias
passam por este mesmo processo.
Ciclos de vida da família
O ciclo de vida de uma pessoa ocorre dentro do ciclo de vida familiar.
A família é o ambiente primário do desenvolvimento humano e
suas relações vão estabelecer a base da vida familiar.
Não há um ponto predeterminado para entender o ciclo de vida familiar.
Deve ser levado em conta que a família é como um sistema que se move no
transcorrer do tempo, como uma espiral, e não de forma linear.
As diversas gerações que fazem parte de uma família passam pelo tempo através do
ciclo vital, que destaca os acontecimentos que definem as diferentes fases do
crescimento, e as tarefas ligadas ao processo de socialização correspondentes a cada
elemento da família no caminho que percorrem juntos.
No desenvolvimento da família, em cada fase, ocorrem acontecimentos que levam às
situações que podem atingir os seus membros.
Esse fato exige de cada um a possibilidade de buscar e encontrar outras formas de
relacionamento que permitam uma adaptação à essas modificações na sua estrutura,
nas suas funções e nas mudanças que fazem parte de cada etapa do ciclo familiar.
Fases do ciclo de vida das famílias
Apesar de já termos afirmado que cada família é diferente, podemos também
observar várias características semelhantes no decorrer do ciclo de vida das famílias,
que são chamadas de Fases do ciclo de vida das famílias.
Segundo Cesar (s.d.), é importante conhecer essas etapas porque elas nos
permitem compreender a forma como as famílias enfrentam e superam cada
fase do seu desenvolvimento, deixando claras as dificuldades ou as soluçõesvivenciadas. 
 
Mônica McGoldrick e Betty Carter (1995), por exemplo, escreveram sobre a
sequência de estágios do ciclo de vida na família americana de classe média,
com uma abordagem abrangendo três gerações. 
 
Essas autoras descreveram as tarefas de desenvolvimento próprias para cada
estágio no ciclo de vida das famílias mas, ao mesmo tempo, trataram das
dificuldades de mudanças. 
 
Este trabalho, segundo Cesar (s.d.), foi importante e continua sendo a base para
vários trabalhos clínicos, e não apenas para a terapia de família. 
 
Cesar (s.d.) realizou algumas adaptações para a realidade brasileira, entretanto
manteve a divisão esquemática do desenvolvimento familiar em seis
estágios, conforme o trabalho das autoras (MCGOLDRICK; CARTER,1995), que
veremos a partir de agora.
1. Jovem solteiro
Podemos definir, a partir do nosso nascimento, em qual fase do ciclo de vida
começa uma nova família. Usando o trabalho de Cesar (s.d.) como parâmetro,
escolhemos estabelecer esse começo no momento em que um jovem adulto sai
de casa.
Vamos imaginar, então, uma jovem, chamada Ana, saindo da casa em que mora
com a sua família para estudar em outra cidade.
Nesse período, ela terá que assumir responsabilidades como:
• Cuidar de si mesma sozinha; 
• Manter uma casa; 
• Administrar seu tempo de estudo e lazer sem a intervenção direta dos pais
(mesmo que estes a ajudem financeiramente); 
• Realizar o controle do seu dinheiro; 
• Lidar com as exigências de um curso universitário em uma outra cidade.
Mesmo que, durante a sua vida, Ana tenha assimilado, na convivência com sua
família, uma atitude independente, este é, também, um período de novas
descobertas sobre si mesma, sua família de origem e outros adultos.
Com o passar do tempo, Ana encontrou Francisco e eles começaram a namorar.
Após passarem algum tempo juntos, decidiram se casar.
2. Família sem filhos
Ana e Francisco, a partir da união, transformam-se em uma família sem filhos.
As preocupações, agora, são com a formação da conjugalidade, com o rearranjo
das relações com as famílias extensas e com as amizades de ambos.
Essa é uma das fases da vida que deveria ser tranquila, porque está
fundamentada na novidade e na afetividade. Entretanto, nem sempre é assim.
De acordo com Carter e McGoldrick (1995), passar para uma vida a dois
acarreta nova experiência e muitos pontos devem ser acertados.
3. Família com crianças
Ana e Francisco permanecem na vida a dois, indo para a fase da família com
crianças pequenas.
Quando as crianças nasceram, foram iniciadas as tarefas de rearranjo do
sistema conjugal para dar espaço para o(s) filho(s). Agora, serão acrescentadas
as tarefas relacionadas à educação dos filhos, às vidas financeira e doméstica.
Haverá, também, o realinhamento das relações com a família de origem, para
inserir os papéis de pais e avós.
Essa fase não, obrigatoriamente, acarretará em conflitos. Em geral, no entanto,
questões não/mal resolvidas neste período podem aparecer na adolescência dos
filhos.
4. Família com adolescentes
Os filhos crescem, chegando à adolescência. Para Ana e Francisco, esta é uma
fase em que os limites anteriores estabelecidos com os filhos devem ser
flexibilizados, fazendo com que eles possam interagir dentro e fora do sistema
familiar.
Haverá a presença e influência dos amigos e de outros modelos familiares.
Aparecem, nesse momento, novas questões do desenvolvimento e a necessidade
de negociações de limites para esses jovens. Nesta fase, é comum que pais/avôs
ficarem mais expostos, em suas fragilidades, para os filhos.
5. Família no meio da vida
Este é um momento, segundo Cesar (s.d), em que o casal viverá uma situação
chamada de geração sanduíche, pois, ao mesmo tempo, cuida-se dos filhos e
dos pais.
No nosso exemplo, os filhos de Ana e Francisco saem de casa para formar suas
próprias famílias. Nesse período, há, também, a chegada da meia-idade.
Aqui, é importante a manutenção do espaço do casal na vida familiar. Esse
espaço do casal favorece a superação das crises na passagem de uma fase para
outra, mantém a qualidade de vida e o relacionamento familiar.
6. Família no estágio tardio
Por fim, as famílias no estágio tardio da vida têm, como uma das suas propostas
de funcionamento, manter os interesses em si mesma e no casal, apesar das
mudanças físicas e emocionais decorrentes do avanço da idade.
As famílias e casais, que se apresentam nesta fase, estarão tendo que lidar, na
sua realidade, com as próprias limitações da idade e com a morte dos pais. Essa
mudança apresenta impactos não só para o casal, mas para os filhos e a rede
social envolvida, como um todo.

Leitura
Tabela das fases do ciclo da vida familiar.
<galeria/aula1/anexo/pdf01_aula01.pdf>
Exemplo
Devemos lembrar que uma família é formada por vários membros, que se encontram
em diferentes fases do desenvolvimento. Essas fases não são vividas de forma
isolada e independente. Ocorre uma sobreposição de etapas, acarretando situações
file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/mediacao_familiar__GON957/galeria/aula1/anexo/pdf01_aula01.pdf
importantes na passagem de uma fase para outra.
Para que fique mais claro para você, vamos a um exemplo:

Exemplo
A família de Maria e João se prepara para o casamento de Pedro, que tem 26
anos e acabou de se formar em Direito. Paula, a filha mais nova, tem 21 anos, e
está apresentando comportamentos que levam à hipótese de uso de drogas.
Nos últimos dias, D. Rosa, tia de João, que sempre foi uma pessoa muito
importante para ele ao longo de sua vida, ficou viúva e, não podendo morar
sozinha, teve que se mudar para a casa de João e Maria.
Primeiramente, esse exemplo sugere que a família esteja na fase de meia-idade,
com os filhos saindo de casa. Mas, também, é possível a inclusão da fase
seguinte, o estágio tardio da vida, na medida em que D. Rosa passa a participar
da vida dessa família.
Eventos estressores
No decorrer do ciclo de vida, as famílias passam por situações que podem ser vividas
como estressores.
De acordo com Cesar (s.d.), são dois os tipos de eventos estressores:
– Estressores verticais –
Formas de relacionamento e funcionamento que são transmitidas para as próximas
gerações em uma família. Nesse tipo, encontramos “as atitudes, tabus, expectativas,
rótulos e questões familiares com as quais nós crescemos e convivemos” (CESAR,
s.d., p.4);
– Estressores horizontais –
São encontradas as passagens de uma fase do ciclo de vida para outra. “São os
eventos previsíveis chamados de desenvolvimentais” (CESAR, s.d., p.4).
Não se pode esquecer que existem outros acontecimentos que podem alterar o
caminho da família, acarretando instabilidades, como, por exemplo, as doenças
crônicas, os acidentes, o desemprego, as mortes prematuras, entre outros.

Comentário
Como vimos, o estudo das Fases do Ciclo de Vida (FCV) de uma família é uma
forma de compreensão do sistema familiar que, sem dúvida, auxiliará o
mediador familiar a compreender a fase do desenvolvimento em que a família
atendida se encontra.
Ao analisarmos as FCV, antes de identificar as dificuldades, busca-se um
entendimento para que, dessa forma, seja possível auxiliar o sistema familiar na
sua reorganização e no encontro de novas soluções para seus desafios.
Atividade
Observe com atenção o quadrinho a seguir.
Mafalda e sua amiguinha estão conversando sobre a vida e a amiga de Mafalda
descreve como ela imagina o seu ciclo de vida.
Escreva uma interpretação sobre o comentário de Mafalda.
Novas formas de conjugalidade e
parentalidade
Nas últimas décadas, principalmente, o conceito de família vem adquirindo uma
dimensão muito maior, porque novas tendências, novas configurações familiares têm
permitido novos entendimentos sobre a família e a organização da vida dos seus
membros. Alguns valorizam a tradição e outros enaltecem o seu progresso e suas
mudanças.
Nas teorias modernas, mais liberais, que descrevem as famílias, são valorizados mais
os sentimentos, a afetividade. A biologia não é o fator determinante dessafamília.
De acordo com essas novas ideias, o que deve ser ressaltado é a diversidade e a
pluralidade. Os padrões públicos devem ser evitados.
O Estado, segundo Dias (2011), permanece afastado de regulamentos, dedicando um
tratamento igualitário às diferentes formas de socialização, de famílias e à variedade
de inserções das crianças, nas diferentes formas de convivência.
Atualmente, ainda de acordo com Dias (2011), é preciso não ficar preso à cultura
passada, seus valores e costumes.
Devemos substituí-los, tornando a família mais diversificada, entendendo a
coabitação como uma relação semelhante ao casamento, evitando a ideia de uma
família padronizada e incentivando o convívio de:

(...) diferentes formas de famílias, tais como as famílias
divorciadas, recasadas, uniões de fato, uniões homossexuais,
crianças criadas por avós ou tios etc.
DIAS, 2011, p.140
Apesar dessa nova realidade, a família não deixa de ser um sistema que, ao mesmo
tempo, estabelece um processo de interação e de integração dos seus membros.
A comunicação é a ligação e a condição de convívio e de suporte desse sistema,
fundamentado na igualdade e na diferença.
De acordo com Giddens (2004), a família vem enfrentando um processo de profundas
transformações ao longo dos tempos, independentemente do formato:

(...) ela é sempre um conjunto de pessoas consideradas como
unidade social, como um todo sistêmico onde se estabelecem
relações entre os seus membros e o meio exterior.
DIAS, 2011, p.141
A família é um sistema dinâmico que, como já estudamos, mantém outros
subsistemas em relação, com funções importantes para a sociedade, como, por
exemplo, a afetividade, a educação, a socialização e a função reprodutora.
A família também é um sistema de comunicação entre os seus membros, que ajuda
na realização de soluções para mantê-los integrados no sistema como um todo.
É importante ainda destacar que fatores econômicos, políticos, sociais, culturais,
demográficos e tecnológicos contribuíram de forma inquestionável para as alterações
na estrutura e dinâmica familiar.
Esses fatores, de acordo com Dias (2011, p.142):
(...) interferiram na organização, nas funções, nas
relações e na complexidade ao longo do
desenvolvimento familiar, refletindo a evolução de
cada momento histórico e social.
Com o passar do tempo, a família foi modificada na sua organização interna. Como
podemos perceber, atualmente, houve:
Diminuição do número de filhos.
Diminuição das famílias extensas.
Diminuição da reprodução.
Aumento das pessoas morando sozinhas.
Aumento das famílias reconstituídas, por causa
do aumento do número de divórcios, aumento
das uniões de fato e uniões livres e, mais
recentemente, a oficialização das famílias
homossexuais.
Os diferentes tipos de família são entidades dinâmicas com uma identidade
própria, formadas por pessoas unidas por laços de consanguinidade, de
afetividade ou interesse e que convivem por um determinado espaço de tempo,
durante o qual constroem uma história de vida que é única e que é irreplicável. 
 
(GIDDENS, 1999; 2004; AMARO, 2006: 71; ALARCÃO; RELVAS, 2002. Citados
por DIAS, 2011, p.143).
Diferentes formações familiares
Vamos entender um pouco mais as diferentes formações familiares, segundo Dias
(2011):
Família nuclear
A família nuclear é formada por dois adultos de sexo diferente e os seus filhos
biológicos ou adotados. Essa família não é para muitos um modelo de referência,
apesar de ainda ser o mais presente.
União de fato
A união, de fato, abrange uma situação semelhante ao casamento. No entanto,
não há qualquer documento escrito.
União livre
A união livre não é muito diferente das uniões de fato, entretanto nelas nunca
está em mente a ideia de formar uma família com contrato.
Família recomposta
A família recomposta é formada por relações conjugais que ocorrem após o
divórcio ou separações. Com frequência, são encontrados filhos de casamentos
ou ligações diferentes dando origem aos meios-irmãos.
Família monoparental
A família monoparental é composta pela mãe ou pelo pai e os filhos. É a
família derivada do divórcio, viuvez ou da própria opção dos genitores, pais
solteiros, adoção por parte das mulheres ou dos homens sós, recurso a técnicas
de reprodução. De acordo com Dias (2011), a alta frequência dos divórcios fez
aumentar o número dessas famílias. Em muitos casos, é uma transição para a
família recomposta.
Família homossexual
A família homossexual constituída por duas pessoas do mesmo sexo com ou
sem filhos.
Um dos fatores importantes para enfraquecer a hierarquia tradicional, ligada às
famílias, foi a valorização do afeto, auxiliado pelo princípio constitucional da dignidade
humana, estabelecido em nossa Carta Magna (1988).
Veja outra forma de qualificar as novas organizações familiares estabelecida por
Diniz:
1) FAMÍLIA
MATRIMONIAL
Casamento - decorre do casamento como ato formal. Até
1988, era o único vínculo familiar reconhecido no país.
2)
CONCUBINATO
Quando se apresentarem relações não eventuais entre
homem e mulher, em que um deles ou ambos estão
impedidos legalmente de casar.
3) UNIÃO
ESTÁVEL OU
UNIÃO
HETEROAFETIVA
É a relação entre homem e mulher que não tenham
impedimento para o casamento. A grande característica é a
informalidade e, em regra, não ser registrada, embora possa
obter registro.
4) FAMÍLIA
MONOPARENTAL
É a relação protegida pelo vínculo de parentesco de
ascendência e descendência. É a família constituída por um
dos pais e seus descendentes.
5) FAMÍLIA
ANAPARENTAL É a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui
vínculo de ascendência e descendência. É a hipótese de dois
irmãos que vivam juntos.
6) FAMÍLIA
PLURIPARENTAL
A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo,
reconstruído por casais onde um ou ambos são egressos de
casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para a nova
família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum. É a
clássica expressão: os meus, os teus, os nossos.
7) FAMÍLIA
EUDEMONISTA
Família que busca a realização plena de seus membros,
caracterizando-se pela comunhão de afeto recíproco, a
consideração e o respeito mútuos entre os membros que a
compõe, independente do vínculo biológico.
8) FAMÍLIA OU
UNIÃO
HOMOAFETIVA
É aquela decorrente da união de pessoas do mesmo sexo, as
quais se unem para a constituição de um vínculo familiar.
9) FAMÍLIA
UNIPESSOAL É a composta por apenas uma pessoa
Fonte: DIAS, 2017, p.47
Na atualidade, existe um número crescente de diferentes tipos de famílias. As
organizações familiares apresentadas são apenas exemplos das inúmeras
classificações, que são encontradas atualmente. 
 
Não podemos esquecer também que essas novas formas de estrutura e dinâmica
familiar não perdem a sua essência. A família é um grupo social em que os seus
membros coabitam unidos através de uma complexidade de relações
interpessoais.
Atividades
1. A teoria familiar sistêmica tem por pressuposto principal que o sistema se
refira a um conjunto de elementos:
 a) Interconectados.
 b) Elementares.
 c) Multifacetados.
 d) Singularizados.
 e) Mensuráveis.
2. A abordagem sistêmica pode ser usada na mediação de conflitos familiares.
Nesta abordagem terapêutica, a família é vista como:
 a) Um sistema fechado, em evolução, capaz de se autorregular e
autotransformar, de acordo com os princípios da homeostase e da morfogênese.
 b) Um sistema fechado, com pouca ou nenhuma influência do meio externo,
em que o comportamento de cada membro é afetado pela atuação de outros
membros familiares.
 c) Um sistema aberto, cuja totalidade pode ser entendida pelo somatório de
suas partes, considerando a comunicação constante entre seus membros.
 d) Um sistema aberto, em constante contato com o meio, em transformação
contínua, mantendo alguns elementos relativamente estáveis, como valores
éticos e culturais.
 e) Um sistema semifechado, com pouca ou nenhuma influência do meio
interno e externo, funcionando autonomamente.
3. Ao tratarmos de questões vinculadas ao entendimentoe ao atendimento de
famílias no âmbito da Psicologia, podemos fazer uso da Teoria Sistêmica para a
compreensão e intervenção dos casos atendidos. Nesse sentido, podemos
afirmar que a Teoria Sistêmica expressa, de forma significativa, os novos
paradigmas da contemporaneidade. Assinale a alternativa que apresenta esses
paradigmas:
 a) Complexidade, intrasubjetividade e instabilidade.
 b) Complexidade, intersubjetividade e estabilidade.
 c) Especificidade, intrasubjetividade e instabilidade.
 d) Especificidade, intersubjetividade e estabilidade.
 e) Complexidade, intersubjetividade e instabilidade.
Notas
Parte corpórea
Florestas, rios, fauna, sítio arqueológico.
Transindividual
Interesse de um grupo, coletividade.
Coautoria
Ocorre quando duas ou mais pessoas praticam o núcleo (verbo) descrito no tipo
penal.
Exemplo: duas pessoas desferindo golpes na cabeça de uma vítima que vem a
morrer. Neste caso, ambas são coautoras do crime de homicídio.
Transindividual
O agente não pratica o núcleo (verbo) descrito no tipo penal, mas concorre de algum
modo para o fato criminoso. Pode ocorrer de forma moral (induzimento ou instigação)
ou material (emprestar a arma do crime).
1
2
3
4
Exemplo: o agente que empresta a arma de fogo para o amigo matar o seu
desafeto. Neste caso, temos o agente que emprestou a arma de fogo como partícipe
do crime de homicídio e quem efetivamente matou a vítima como autor do crime de
homicídio.
Referências
CARTER, B.; MCGOLDRICK, M. As mudanças no ciclo de vida familiar. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 1995.
CESAR, C. C. F. A vida das famílias e suas fases: desafios, mudanças e ajustes.
Disponível em:
http://www.familia.med.br/imagens/file/A%20vida%20das%20familias%
20e%20suas%20fases.pdf
<http://www.familia.med.br/imagens/file/A%20vida%20das%20familias
%20e%20suas%20fases.pdf> . Acesso em: 29 abr. 2018.
CEZAR-FERREIRA, V. A. da M. Família, separação e mediação: uma visão
psicojurídica. 2. ed. São Paulo: Método, 2007.
DIAS, M. B. Manual de Direito das Famílias. 12. ed. São Paulo: RT, 2017, p.47.
_____. Um olhar sobre a família na perspectiva sistêmica: o processo de
comunicação no sistema familiar. Gestão e Desenvolvimento, 19, 2011, p.139-156.
Disponível em:
http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvim
ento19_139.pdf
<http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvi
mento19_139.pdf> . Acesso em: 30 mai. 2018.
DINIZ, M. H. Código Civil anotado. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
GIDDENS, A. Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
GOMES, L. F. O que se entende por família eudemonista. Disponível em
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/492747/o-que-se-entende-por-
familia-eudemonista <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/492747/o-que-
se-entende-por-familia-eudemonista> . Acesso em 29 abr. 2018.
PORTAL DA EDUCAÇÃO. A família na visão sistêmica. Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a-
familia-na-visao-sistemica/35171
http://www.familia.med.br/imagens/file/A%20vida%20das%20familias%20e%20suas%20fases.pdf
http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvimento19_139.pdf
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/492747/o-que-se-entende-por-familia-eudemonista
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a-familia-na-visao-sistemica/35171
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a-
familia-na-visao-sistemica/35171> . Acesso em: 31 mai. 2018.
SOUZA, Daniel Barbosa Lima Faria Corrêa de. Famílias plurais ou espécies de
famílias. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 14 dez. 2009. Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.25712&seo=1
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.25712&seo=1> .
Acesso em: 29 abr. 2018.
Próximos Passos
• Divórcio e responsabilidades parentais;
• Divórcio e enquadramento legal;
• Consequências para pais e filhos com a separação.
Explore mais
Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto.
Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos
disponíveis no ambiente de aprendizagem.
• Leia os seguintes artigos:
“Visão sistêmica da família”, de Caio Eduardo de Aguirre:
http://www.rkladvocacia.com/visao-sistemica-da-familia/
<http://www.rkladvocacia.com/visao-sistemica-da-familia/>
“Um olhar sobre a família na perspectiva sistêmica: o processo de comunicação no
sistema familiar”, de Maria Olívia Dias:
http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvim
ento19_139.pdf
<http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvi
mento19_139.pdf>
“Conciliação e Mediação: A importância da visão sistêmica”, de José Osmir Fiorelli,
autor de livros na área de Mediação e Psicologia:
http://genjuridico.com.br/2016/07/15/conciliacao-e-mediacao-a-
importancia-da-visao-sistemica/
<http://genjuridico.com.br/2016/07/15/conciliacao-e-mediacao-a-
importancia-da-visao-sistemica/>
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a-familia-na-visao-sistemica/35171
http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.25712&seo=1
http://www.rkladvocacia.com/visao-sistemica-da-familia/
http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvimento19_139.pdf
http://genjuridico.com.br/2016/07/15/conciliacao-e-mediacao-a-importancia-da-visao-sistemica/
Assista ao filme:
Festa de Família
Sinopse: “No desenrolar da trama do filme Festa de Família, assistimos a uma família
com um padrão de comunicação completamente disfuncional, onde o relacionamento
entre pais e filhos se dá através de uma linguagem formalizada e fria, e que tenta
sustentar há anos o mito do poder e da união perante a sociedade. Porém, diante da
denúncia de um segredo por um membro, se vê em uma situação de desequilíbrio e
mudanças.”

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