Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Disciplina: Mediação Familiar Aula 1: Compreendendo o Sistema Familiar Apresentação O conceito de família como um sistema, durante o decorrer da história da humanidade, apresentou diferentes papéis e funções, em várias perspectivas. Todos sabemos que não está limitada apenas aos laços familiares, já que inclui objetivos internos/proteção e externos/transmissão. Essas relações familiares sofrem mudanças ao longo do tempo, à medida que os indivíduos e as suas famílias se desenvolvem. Esse desenvolvimento, considerando os diversos ambientes e momentos dos grupos familiares, é chamado de “ciclo de vida”. Nesta aula, vamos observar também que o relacionamento conjugal não é mais a única forma de se construir uma família. O sexo deixou de ser um problema quando está fora do casamento e a reprodução já não está mais, obrigatoriamente, ligada à sexualidade. As pessoas passaram a se casar por amor e como esse amor às vezes acaba, surgem o divórcio, o recasamento e as novas possibilidades de construir famílias. Veremos que, dessa forma, a família deixou de ser uma questão econômica e de reprodução para ser um espaço de amor e de formação e estruturação dos sujeitos. Objetivos Descrever o sistema familiar e suas relações; Identificar os ciclos de vida das famílias; Analisar as novas formas de conjugalidade e parentalidade na contemporaneidade. O sistema familiar Se perguntarem o que é uma família, todos nós conseguiremos elaborar uma resposta. E provavelmente ela será baseada nas experiências com a nossa própria família. Falaremos como funciona sua estrutura, organização, problemas, peculiaridades etc. Porém, ao mesmo tempo, todos perceberemos que se trata de uma resposta bem complexa, cheia de contradições, paradoxos, dúvidas e significados. Isso ocorre porque essa realidade, estando tão próxima de cada um de nós, acaba se tornando contraditória, ou seja, conhecida e, ao mesmo tempo, cheia de surpresas. Aspectos e teorias do conceito de família A família pode ser compreendida sob vários aspectos e teorias, no entanto, a concepção sistêmica da família, no caso da Mediação Familiar, é uma visão importante por propiciar a compreensão a respeito das relações estabelecidas entre as pessoas e as suas formas de funcionamento. Além disso, uma das bases teóricas da mediação é a própria Teoria Sistêmica. Assim, cada família é um todo considerado como um sistema, mas é, também, parte de outros sistemas, em situações mais amplas, como a comunidade e a sociedade. Esses subsistemas surgem por meio de interações específicas entre os indivíduos envolvidos, com os papéis que desempenham e os lugares que ocupam, com finalidades e objetivos comuns. Atenção É importante lembrar que as normas estabelecidas nas relações entre esses subsistemas vão, progressivamente, sendo construídas e que a estrutura da família está diretamente ligada à forma como se organizam e se relacionam. A organização dos elementos dentro dos subsistemas e suas funções e papéis representam a dinâmica das relações da família. É na estrutura familiar que se vivencia seus modelos de relações e se estabelece as formas comunicacionais. A compreensão dessas relações sistêmicas é fundamental no estudo da família pois é a partir delas que são estabelecidos os papéis e funções esperados socialmente. Cada família se organiza de uma forma única. Não existem famílias iguais, mas todas agem e funcionam como tal. De acordo com os estudos de Relvas (2004), encontramos vários subsistemas na família: INDIVIDUAL Formado pelo indivíduo, que, além do envolvimento no seu sistema familiar, desempenha funções e papéis em outros sistemas que interferem no seu desenvolvimento pessoal e, dessa forma, no seu posicionamento familiar. PARENTAL Na maioria das vezes esse subsistema é constituído pelos pais e apresenta funções para a execução de tarefas, como a proteção e a educação das gerações mais novas. CONJUGAL Constituído por um casal. FRATERNAL Composto por irmãos e serve para o treinamento de relações entre indivíduos iguais. Já a autora Cezar-Ferreira (2007) afirma que as interações entre os familiares ocorrem de maneira circular e, por essa razão, em uma situação de separação entre o casal, não só o casal será afetado, mas também os filhos. Para ela, devemos entender a família como um sistema que estabelece influências recíprocas e circulares. Causalidade circular e ciclo vital Imagine uma família composta por pai, mãe e um filho. O que ocorre com o pai afeta a mãe e o filho, o que ocorre com a mãe afeta o pai e o filho e o que ocorre com o filho afeta o pai e a mãe. Podemos chamar esta situação de causalidade circular, porque as pessoas não têm uma existência independente da outra na família, ou seja, as situações não ocorrem sem que todos, de alguma forma, sejam atingidos. É a partir dessa compreensão que a separação não afeta somente o casal, mas também os filhos. Por isso, a preocupação com a saúde mental e emocional deles é fundamental, principalmente se estiverem nas primeiras fases do desenvolvimento. Outra questão importante é aquela que diz respeito às pequenas mudanças previsíveis na vida, que em geral acontecem com cada membro da família, como crescimento e envelhecimento, acarretando adaptações no sistema. Essas mudanças não alteram a organização da família. Já outros acontecimentos são imprevisíveis, como uma doença grave ou uma separação. Dependendo da força afetiva, podem alterar a organização da família e, outras vezes, podem exigir uma atenção de especialistas. Um sistema, como a família, necessita estar sempre em um movimento de estabilidade e mudança, realizando a integração daquilo que é conhecido com aquilo que é novo, buscando um outro nível de estabilidade. A vida pode ser representada por meio de ininterruptas passagens pelo ciclo vital. Crescimento e envelhecimento, por exemplo, são passagens e eventos previsíveis, porque, em geral, é esperado que todos os seres humanos passem. Por outro lado, existem os eventos imprevisíveis, que podem incluir desde situações muito prazerosas até situações que podem interferir no desenvolvimento físico da pessoa, como uma doença terminal. Alguns acontecimentos no ciclo vital, por causa de sua intensidade afetiva, podem desestruturar famílias, até mesmo as mais flexíveis, ainda que por um breve período. Assim como as pessoas têm um ciclo vital, vamos entender, agora, como as famílias passam por este mesmo processo. Ciclos de vida da família O ciclo de vida de uma pessoa ocorre dentro do ciclo de vida familiar. A família é o ambiente primário do desenvolvimento humano e suas relações vão estabelecer a base da vida familiar. Não há um ponto predeterminado para entender o ciclo de vida familiar. Deve ser levado em conta que a família é como um sistema que se move no transcorrer do tempo, como uma espiral, e não de forma linear. As diversas gerações que fazem parte de uma família passam pelo tempo através do ciclo vital, que destaca os acontecimentos que definem as diferentes fases do crescimento, e as tarefas ligadas ao processo de socialização correspondentes a cada elemento da família no caminho que percorrem juntos. No desenvolvimento da família, em cada fase, ocorrem acontecimentos que levam às situações que podem atingir os seus membros. Esse fato exige de cada um a possibilidade de buscar e encontrar outras formas de relacionamento que permitam uma adaptação à essas modificações na sua estrutura, nas suas funções e nas mudanças que fazem parte de cada etapa do ciclo familiar. Fases do ciclo de vida das famílias Apesar de já termos afirmado que cada família é diferente, podemos também observar várias características semelhantes no decorrer do ciclo de vida das famílias, que são chamadas de Fases do ciclo de vida das famílias. Segundo Cesar (s.d.), é importante conhecer essas etapas porque elas nos permitem compreender a forma como as famílias enfrentam e superam cada fase do seu desenvolvimento, deixando claras as dificuldades ou as soluçõesvivenciadas. Mônica McGoldrick e Betty Carter (1995), por exemplo, escreveram sobre a sequência de estágios do ciclo de vida na família americana de classe média, com uma abordagem abrangendo três gerações. Essas autoras descreveram as tarefas de desenvolvimento próprias para cada estágio no ciclo de vida das famílias mas, ao mesmo tempo, trataram das dificuldades de mudanças. Este trabalho, segundo Cesar (s.d.), foi importante e continua sendo a base para vários trabalhos clínicos, e não apenas para a terapia de família. Cesar (s.d.) realizou algumas adaptações para a realidade brasileira, entretanto manteve a divisão esquemática do desenvolvimento familiar em seis estágios, conforme o trabalho das autoras (MCGOLDRICK; CARTER,1995), que veremos a partir de agora. 1. Jovem solteiro Podemos definir, a partir do nosso nascimento, em qual fase do ciclo de vida começa uma nova família. Usando o trabalho de Cesar (s.d.) como parâmetro, escolhemos estabelecer esse começo no momento em que um jovem adulto sai de casa. Vamos imaginar, então, uma jovem, chamada Ana, saindo da casa em que mora com a sua família para estudar em outra cidade. Nesse período, ela terá que assumir responsabilidades como: • Cuidar de si mesma sozinha; • Manter uma casa; • Administrar seu tempo de estudo e lazer sem a intervenção direta dos pais (mesmo que estes a ajudem financeiramente); • Realizar o controle do seu dinheiro; • Lidar com as exigências de um curso universitário em uma outra cidade. Mesmo que, durante a sua vida, Ana tenha assimilado, na convivência com sua família, uma atitude independente, este é, também, um período de novas descobertas sobre si mesma, sua família de origem e outros adultos. Com o passar do tempo, Ana encontrou Francisco e eles começaram a namorar. Após passarem algum tempo juntos, decidiram se casar. 2. Família sem filhos Ana e Francisco, a partir da união, transformam-se em uma família sem filhos. As preocupações, agora, são com a formação da conjugalidade, com o rearranjo das relações com as famílias extensas e com as amizades de ambos. Essa é uma das fases da vida que deveria ser tranquila, porque está fundamentada na novidade e na afetividade. Entretanto, nem sempre é assim. De acordo com Carter e McGoldrick (1995), passar para uma vida a dois acarreta nova experiência e muitos pontos devem ser acertados. 3. Família com crianças Ana e Francisco permanecem na vida a dois, indo para a fase da família com crianças pequenas. Quando as crianças nasceram, foram iniciadas as tarefas de rearranjo do sistema conjugal para dar espaço para o(s) filho(s). Agora, serão acrescentadas as tarefas relacionadas à educação dos filhos, às vidas financeira e doméstica. Haverá, também, o realinhamento das relações com a família de origem, para inserir os papéis de pais e avós. Essa fase não, obrigatoriamente, acarretará em conflitos. Em geral, no entanto, questões não/mal resolvidas neste período podem aparecer na adolescência dos filhos. 4. Família com adolescentes Os filhos crescem, chegando à adolescência. Para Ana e Francisco, esta é uma fase em que os limites anteriores estabelecidos com os filhos devem ser flexibilizados, fazendo com que eles possam interagir dentro e fora do sistema familiar. Haverá a presença e influência dos amigos e de outros modelos familiares. Aparecem, nesse momento, novas questões do desenvolvimento e a necessidade de negociações de limites para esses jovens. Nesta fase, é comum que pais/avôs ficarem mais expostos, em suas fragilidades, para os filhos. 5. Família no meio da vida Este é um momento, segundo Cesar (s.d), em que o casal viverá uma situação chamada de geração sanduíche, pois, ao mesmo tempo, cuida-se dos filhos e dos pais. No nosso exemplo, os filhos de Ana e Francisco saem de casa para formar suas próprias famílias. Nesse período, há, também, a chegada da meia-idade. Aqui, é importante a manutenção do espaço do casal na vida familiar. Esse espaço do casal favorece a superação das crises na passagem de uma fase para outra, mantém a qualidade de vida e o relacionamento familiar. 6. Família no estágio tardio Por fim, as famílias no estágio tardio da vida têm, como uma das suas propostas de funcionamento, manter os interesses em si mesma e no casal, apesar das mudanças físicas e emocionais decorrentes do avanço da idade. As famílias e casais, que se apresentam nesta fase, estarão tendo que lidar, na sua realidade, com as próprias limitações da idade e com a morte dos pais. Essa mudança apresenta impactos não só para o casal, mas para os filhos e a rede social envolvida, como um todo. Leitura Tabela das fases do ciclo da vida familiar. <galeria/aula1/anexo/pdf01_aula01.pdf> Exemplo Devemos lembrar que uma família é formada por vários membros, que se encontram em diferentes fases do desenvolvimento. Essas fases não são vividas de forma isolada e independente. Ocorre uma sobreposição de etapas, acarretando situações file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/mediacao_familiar__GON957/galeria/aula1/anexo/pdf01_aula01.pdf importantes na passagem de uma fase para outra. Para que fique mais claro para você, vamos a um exemplo: Exemplo A família de Maria e João se prepara para o casamento de Pedro, que tem 26 anos e acabou de se formar em Direito. Paula, a filha mais nova, tem 21 anos, e está apresentando comportamentos que levam à hipótese de uso de drogas. Nos últimos dias, D. Rosa, tia de João, que sempre foi uma pessoa muito importante para ele ao longo de sua vida, ficou viúva e, não podendo morar sozinha, teve que se mudar para a casa de João e Maria. Primeiramente, esse exemplo sugere que a família esteja na fase de meia-idade, com os filhos saindo de casa. Mas, também, é possível a inclusão da fase seguinte, o estágio tardio da vida, na medida em que D. Rosa passa a participar da vida dessa família. Eventos estressores No decorrer do ciclo de vida, as famílias passam por situações que podem ser vividas como estressores. De acordo com Cesar (s.d.), são dois os tipos de eventos estressores: – Estressores verticais – Formas de relacionamento e funcionamento que são transmitidas para as próximas gerações em uma família. Nesse tipo, encontramos “as atitudes, tabus, expectativas, rótulos e questões familiares com as quais nós crescemos e convivemos” (CESAR, s.d., p.4); – Estressores horizontais – São encontradas as passagens de uma fase do ciclo de vida para outra. “São os eventos previsíveis chamados de desenvolvimentais” (CESAR, s.d., p.4). Não se pode esquecer que existem outros acontecimentos que podem alterar o caminho da família, acarretando instabilidades, como, por exemplo, as doenças crônicas, os acidentes, o desemprego, as mortes prematuras, entre outros. Comentário Como vimos, o estudo das Fases do Ciclo de Vida (FCV) de uma família é uma forma de compreensão do sistema familiar que, sem dúvida, auxiliará o mediador familiar a compreender a fase do desenvolvimento em que a família atendida se encontra. Ao analisarmos as FCV, antes de identificar as dificuldades, busca-se um entendimento para que, dessa forma, seja possível auxiliar o sistema familiar na sua reorganização e no encontro de novas soluções para seus desafios. Atividade Observe com atenção o quadrinho a seguir. Mafalda e sua amiguinha estão conversando sobre a vida e a amiga de Mafalda descreve como ela imagina o seu ciclo de vida. Escreva uma interpretação sobre o comentário de Mafalda. Novas formas de conjugalidade e parentalidade Nas últimas décadas, principalmente, o conceito de família vem adquirindo uma dimensão muito maior, porque novas tendências, novas configurações familiares têm permitido novos entendimentos sobre a família e a organização da vida dos seus membros. Alguns valorizam a tradição e outros enaltecem o seu progresso e suas mudanças. Nas teorias modernas, mais liberais, que descrevem as famílias, são valorizados mais os sentimentos, a afetividade. A biologia não é o fator determinante dessafamília. De acordo com essas novas ideias, o que deve ser ressaltado é a diversidade e a pluralidade. Os padrões públicos devem ser evitados. O Estado, segundo Dias (2011), permanece afastado de regulamentos, dedicando um tratamento igualitário às diferentes formas de socialização, de famílias e à variedade de inserções das crianças, nas diferentes formas de convivência. Atualmente, ainda de acordo com Dias (2011), é preciso não ficar preso à cultura passada, seus valores e costumes. Devemos substituí-los, tornando a família mais diversificada, entendendo a coabitação como uma relação semelhante ao casamento, evitando a ideia de uma família padronizada e incentivando o convívio de: (...) diferentes formas de famílias, tais como as famílias divorciadas, recasadas, uniões de fato, uniões homossexuais, crianças criadas por avós ou tios etc. DIAS, 2011, p.140 Apesar dessa nova realidade, a família não deixa de ser um sistema que, ao mesmo tempo, estabelece um processo de interação e de integração dos seus membros. A comunicação é a ligação e a condição de convívio e de suporte desse sistema, fundamentado na igualdade e na diferença. De acordo com Giddens (2004), a família vem enfrentando um processo de profundas transformações ao longo dos tempos, independentemente do formato: (...) ela é sempre um conjunto de pessoas consideradas como unidade social, como um todo sistêmico onde se estabelecem relações entre os seus membros e o meio exterior. DIAS, 2011, p.141 A família é um sistema dinâmico que, como já estudamos, mantém outros subsistemas em relação, com funções importantes para a sociedade, como, por exemplo, a afetividade, a educação, a socialização e a função reprodutora. A família também é um sistema de comunicação entre os seus membros, que ajuda na realização de soluções para mantê-los integrados no sistema como um todo. É importante ainda destacar que fatores econômicos, políticos, sociais, culturais, demográficos e tecnológicos contribuíram de forma inquestionável para as alterações na estrutura e dinâmica familiar. Esses fatores, de acordo com Dias (2011, p.142): (...) interferiram na organização, nas funções, nas relações e na complexidade ao longo do desenvolvimento familiar, refletindo a evolução de cada momento histórico e social. Com o passar do tempo, a família foi modificada na sua organização interna. Como podemos perceber, atualmente, houve: Diminuição do número de filhos. Diminuição das famílias extensas. Diminuição da reprodução. Aumento das pessoas morando sozinhas. Aumento das famílias reconstituídas, por causa do aumento do número de divórcios, aumento das uniões de fato e uniões livres e, mais recentemente, a oficialização das famílias homossexuais. Os diferentes tipos de família são entidades dinâmicas com uma identidade própria, formadas por pessoas unidas por laços de consanguinidade, de afetividade ou interesse e que convivem por um determinado espaço de tempo, durante o qual constroem uma história de vida que é única e que é irreplicável. (GIDDENS, 1999; 2004; AMARO, 2006: 71; ALARCÃO; RELVAS, 2002. Citados por DIAS, 2011, p.143). Diferentes formações familiares Vamos entender um pouco mais as diferentes formações familiares, segundo Dias (2011): Família nuclear A família nuclear é formada por dois adultos de sexo diferente e os seus filhos biológicos ou adotados. Essa família não é para muitos um modelo de referência, apesar de ainda ser o mais presente. União de fato A união, de fato, abrange uma situação semelhante ao casamento. No entanto, não há qualquer documento escrito. União livre A união livre não é muito diferente das uniões de fato, entretanto nelas nunca está em mente a ideia de formar uma família com contrato. Família recomposta A família recomposta é formada por relações conjugais que ocorrem após o divórcio ou separações. Com frequência, são encontrados filhos de casamentos ou ligações diferentes dando origem aos meios-irmãos. Família monoparental A família monoparental é composta pela mãe ou pelo pai e os filhos. É a família derivada do divórcio, viuvez ou da própria opção dos genitores, pais solteiros, adoção por parte das mulheres ou dos homens sós, recurso a técnicas de reprodução. De acordo com Dias (2011), a alta frequência dos divórcios fez aumentar o número dessas famílias. Em muitos casos, é uma transição para a família recomposta. Família homossexual A família homossexual constituída por duas pessoas do mesmo sexo com ou sem filhos. Um dos fatores importantes para enfraquecer a hierarquia tradicional, ligada às famílias, foi a valorização do afeto, auxiliado pelo princípio constitucional da dignidade humana, estabelecido em nossa Carta Magna (1988). Veja outra forma de qualificar as novas organizações familiares estabelecida por Diniz: 1) FAMÍLIA MATRIMONIAL Casamento - decorre do casamento como ato formal. Até 1988, era o único vínculo familiar reconhecido no país. 2) CONCUBINATO Quando se apresentarem relações não eventuais entre homem e mulher, em que um deles ou ambos estão impedidos legalmente de casar. 3) UNIÃO ESTÁVEL OU UNIÃO HETEROAFETIVA É a relação entre homem e mulher que não tenham impedimento para o casamento. A grande característica é a informalidade e, em regra, não ser registrada, embora possa obter registro. 4) FAMÍLIA MONOPARENTAL É a relação protegida pelo vínculo de parentesco de ascendência e descendência. É a família constituída por um dos pais e seus descendentes. 5) FAMÍLIA ANAPARENTAL É a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui vínculo de ascendência e descendência. É a hipótese de dois irmãos que vivam juntos. 6) FAMÍLIA PLURIPARENTAL A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum. É a clássica expressão: os meus, os teus, os nossos. 7) FAMÍLIA EUDEMONISTA Família que busca a realização plena de seus membros, caracterizando-se pela comunhão de afeto recíproco, a consideração e o respeito mútuos entre os membros que a compõe, independente do vínculo biológico. 8) FAMÍLIA OU UNIÃO HOMOAFETIVA É aquela decorrente da união de pessoas do mesmo sexo, as quais se unem para a constituição de um vínculo familiar. 9) FAMÍLIA UNIPESSOAL É a composta por apenas uma pessoa Fonte: DIAS, 2017, p.47 Na atualidade, existe um número crescente de diferentes tipos de famílias. As organizações familiares apresentadas são apenas exemplos das inúmeras classificações, que são encontradas atualmente. Não podemos esquecer também que essas novas formas de estrutura e dinâmica familiar não perdem a sua essência. A família é um grupo social em que os seus membros coabitam unidos através de uma complexidade de relações interpessoais. Atividades 1. A teoria familiar sistêmica tem por pressuposto principal que o sistema se refira a um conjunto de elementos: a) Interconectados. b) Elementares. c) Multifacetados. d) Singularizados. e) Mensuráveis. 2. A abordagem sistêmica pode ser usada na mediação de conflitos familiares. Nesta abordagem terapêutica, a família é vista como: a) Um sistema fechado, em evolução, capaz de se autorregular e autotransformar, de acordo com os princípios da homeostase e da morfogênese. b) Um sistema fechado, com pouca ou nenhuma influência do meio externo, em que o comportamento de cada membro é afetado pela atuação de outros membros familiares. c) Um sistema aberto, cuja totalidade pode ser entendida pelo somatório de suas partes, considerando a comunicação constante entre seus membros. d) Um sistema aberto, em constante contato com o meio, em transformação contínua, mantendo alguns elementos relativamente estáveis, como valores éticos e culturais. e) Um sistema semifechado, com pouca ou nenhuma influência do meio interno e externo, funcionando autonomamente. 3. Ao tratarmos de questões vinculadas ao entendimentoe ao atendimento de famílias no âmbito da Psicologia, podemos fazer uso da Teoria Sistêmica para a compreensão e intervenção dos casos atendidos. Nesse sentido, podemos afirmar que a Teoria Sistêmica expressa, de forma significativa, os novos paradigmas da contemporaneidade. Assinale a alternativa que apresenta esses paradigmas: a) Complexidade, intrasubjetividade e instabilidade. b) Complexidade, intersubjetividade e estabilidade. c) Especificidade, intrasubjetividade e instabilidade. d) Especificidade, intersubjetividade e estabilidade. e) Complexidade, intersubjetividade e instabilidade. Notas Parte corpórea Florestas, rios, fauna, sítio arqueológico. Transindividual Interesse de um grupo, coletividade. Coautoria Ocorre quando duas ou mais pessoas praticam o núcleo (verbo) descrito no tipo penal. Exemplo: duas pessoas desferindo golpes na cabeça de uma vítima que vem a morrer. Neste caso, ambas são coautoras do crime de homicídio. Transindividual O agente não pratica o núcleo (verbo) descrito no tipo penal, mas concorre de algum modo para o fato criminoso. Pode ocorrer de forma moral (induzimento ou instigação) ou material (emprestar a arma do crime). 1 2 3 4 Exemplo: o agente que empresta a arma de fogo para o amigo matar o seu desafeto. Neste caso, temos o agente que emprestou a arma de fogo como partícipe do crime de homicídio e quem efetivamente matou a vítima como autor do crime de homicídio. Referências CARTER, B.; MCGOLDRICK, M. As mudanças no ciclo de vida familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1995. CESAR, C. C. F. A vida das famílias e suas fases: desafios, mudanças e ajustes. Disponível em: http://www.familia.med.br/imagens/file/A%20vida%20das%20familias% 20e%20suas%20fases.pdf <http://www.familia.med.br/imagens/file/A%20vida%20das%20familias %20e%20suas%20fases.pdf> . Acesso em: 29 abr. 2018. CEZAR-FERREIRA, V. A. da M. Família, separação e mediação: uma visão psicojurídica. 2. ed. São Paulo: Método, 2007. DIAS, M. B. Manual de Direito das Famílias. 12. ed. São Paulo: RT, 2017, p.47. _____. Um olhar sobre a família na perspectiva sistêmica: o processo de comunicação no sistema familiar. Gestão e Desenvolvimento, 19, 2011, p.139-156. Disponível em: http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvim ento19_139.pdf <http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvi mento19_139.pdf> . Acesso em: 30 mai. 2018. DINIZ, M. H. Código Civil anotado. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. GIDDENS, A. Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. GOMES, L. F. O que se entende por família eudemonista. Disponível em https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/492747/o-que-se-entende-por- familia-eudemonista <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/492747/o-que- se-entende-por-familia-eudemonista> . Acesso em 29 abr. 2018. PORTAL DA EDUCAÇÃO. A família na visão sistêmica. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a- familia-na-visao-sistemica/35171 http://www.familia.med.br/imagens/file/A%20vida%20das%20familias%20e%20suas%20fases.pdf http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvimento19_139.pdf https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/492747/o-que-se-entende-por-familia-eudemonista https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a-familia-na-visao-sistemica/35171 <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a- familia-na-visao-sistemica/35171> . Acesso em: 31 mai. 2018. SOUZA, Daniel Barbosa Lima Faria Corrêa de. Famílias plurais ou espécies de famílias. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 14 dez. 2009. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.25712&seo=1 <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.25712&seo=1> . Acesso em: 29 abr. 2018. Próximos Passos • Divórcio e responsabilidades parentais; • Divórcio e enquadramento legal; • Consequências para pais e filhos com a separação. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. • Leia os seguintes artigos: “Visão sistêmica da família”, de Caio Eduardo de Aguirre: http://www.rkladvocacia.com/visao-sistemica-da-familia/ <http://www.rkladvocacia.com/visao-sistemica-da-familia/> “Um olhar sobre a família na perspectiva sistêmica: o processo de comunicação no sistema familiar”, de Maria Olívia Dias: http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvim ento19_139.pdf <http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvi mento19_139.pdf> “Conciliação e Mediação: A importância da visão sistêmica”, de José Osmir Fiorelli, autor de livros na área de Mediação e Psicologia: http://genjuridico.com.br/2016/07/15/conciliacao-e-mediacao-a- importancia-da-visao-sistemica/ <http://genjuridico.com.br/2016/07/15/conciliacao-e-mediacao-a- importancia-da-visao-sistemica/> https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a-familia-na-visao-sistemica/35171 http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.25712&seo=1 http://www.rkladvocacia.com/visao-sistemica-da-familia/ http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/gestaodesenv/gd19/gestaodesenvolvimento19_139.pdf http://genjuridico.com.br/2016/07/15/conciliacao-e-mediacao-a-importancia-da-visao-sistemica/ Assista ao filme: Festa de Família Sinopse: “No desenrolar da trama do filme Festa de Família, assistimos a uma família com um padrão de comunicação completamente disfuncional, onde o relacionamento entre pais e filhos se dá através de uma linguagem formalizada e fria, e que tenta sustentar há anos o mito do poder e da união perante a sociedade. Porém, diante da denúncia de um segredo por um membro, se vê em uma situação de desequilíbrio e mudanças.”
Compartilhar