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Ciência Política, 1º Período, FIS Victória Thalita do Nascimento Pereira HOBBES, Thomas. Leviatã: Ou, a matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Tradução de D’Angina, Rosina. São Paulo: Ícone, 2000. (Parte 2: Do Estado) Palavras-chave: Apolítico; Guerra; República; Leviatã; Medo; Esperança Conteúdo: O contexto da obra “O Leviatã”, escrito por Hobbes, é do século XVII, na Inglaterra, em uma sociedade de guerras civis e religiosas. Com o advento da Reforma Protestante, a Igreja passa a ser criticada. Diante de uma sociedade indivíduos, agora, a Teoria Política Antiga não é mais suficiente para organizar a sociedade. Este século é conhecido como a crise do poder na Europa inteira: ocorre um fim da supremacia da Igreja e, simultaneamente, há a ascensão da soberania do Estado, nascendo, assim, o Estado Moderno. Perante um cenário de problema de sucessão real, texto e o contexto do Leviatã estão ligados. O livro tem como tema central, a organização social do mundo moderno. Resumo O nome da obra, Leviatã, faz referência ao monstro bíblico, que seria uma das criaturas mais temíveis e poderosas do mundo. Mas, Hobbes representa o Leviatã (Estado) como um deus mortal (abaixo do Imortal) composto por diversos outros indivíduos com uma espada em mão (que representa a força) e um cetro na outra (que representa o controle das ideologias). Evidentemente, Hobbes é defensor do poder absoluto, porém este conceito difere de absolutismo que está diretamente relacionado com monarquias e estas monarquias têm concepções extramundanas (Deus escolhe o rei), o que contraria a teoria hobbesiana moderna que é intramundana. Para Hobbes, a política é construção, é algo artificial e, por isso, ele pensa o Leviatã como mortal. Mas nós só conseguimos viver em sociedade por meio desse artifício, o Estado. Partindo do pressuposto que toda Teoria Política é fundamentada numa antropologia, a análise do homem, para Hobbes é: São apolíticos por natureza, iniciando assim uma nova teoria política contrária à Antiga de Aristóteles; São seres de paixões, ou seja, que possuem inveja, ambições, mas isso não quer dizer necessariamente que sejam maus por natureza (esta é uma forma equivocada da interpretação de Hobbes); São iguais por natureza, tanto em corpo, como em espírito (a explicação para isso é a de que embora um homem se encontre mais forte que outro, o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, seja por secreta maquinação ou aliando-se Ciência Política, 1º Período, FIS Victória Thalita do Nascimento Pereira com outros que se encontram ameaçados pelo mesmo perigo); São livres para fazerem tudo e qualquer coisa para sobreviver. Segundo Hobbes, os homens, orginalmente, viviam no Estado de Natureza (este é hipotético), ou seja, no Estado de Guerra, onde se configura o conflito de um contra cada um. Os homens são incapazes de ler o coração dos outros homens, e isso causa medo e desconfiança. Diferentemente da teoria aristotélica, na Teoria Política Moderna, a linguagem é motivo de conflito e desconfiança. Diante de tal individualismo moderno, Hobbes faz uma metáfora dos homens com lobos, daí onde surge a famosa frase “O homem é lobo do próprio homem”. Hobbes vai pensar sua política a partir de dois conceitos: O medo que está presente no Estado da Natureza (Estado de Guerra) e a esperança de estabelecimento de uma ordem. É a partir justamente daí que o estado é criado: pelo medo da morte violenta e da esperança de acabar com o conflito. No capítulo XVII (Parte 2) do livro (p.145), Hobbes ressalta a diferença entre os homens e criaturas que vivem socialmente sem nenhum poder coercitivo (abelhas e formigas): 1º Os homens estão constantemente em uma competição pela honra e pela dignidade. O que faz surgir a inveja, o ódio e finalmente, a guerra. 2º Os homens distinguem o bem comum do individual. Nessa relação, nós tendemos a nos comparar com outros e só encontramos a felicidade na apreciação do que eminente (superior). 3º No Estado de Guerra, os homens agem por cálculos mentais (o meio termo entre a razão e o instinto). Pela capacidade de cálculo mental, nós percebemos erros nos modos de administração da vida coletiva e nos julgamos melhor para exercer essa função. Essa competição acaba levando à guerra civil. 4º Por possuírem a arte das palavras, os homens podem descrever uns aos outros de maneira positiva ou pejorativa, podendo apresentar o mal como bem e vice-versa, constituindo, assim, uma relação de desconfiança, onde a paz não pode ser alcançada. 5º As criaturas são incapazes de perceber dano e prejuízo, fazendo com que estejam satisfeitas e não ofendam seus semelhantes. Já o homem, quantos mais satisfeito, tende a exibir mais sua sabedoria para controlar as ações dos que governam a república. 6º A acordo dessas criaturas é natural. Já o homem, em decorrência desses 5 elementos, necessita de um pacto artificial para viver em sociedade. Este pacto é sustentado por meio da espada para garantir que nenhum homem fira as leis do pacto. (Pacto apenas por palavras não servem). Ciência Política, 1º Período, FIS Victória Thalita do Nascimento Pereira Vale ressaltar que todas essas características não implicam em dizer que o homem é mau por natureza, mas sim um ser de paixões. No Estado de Guerra, para Hobbes, o melhor meio para a sobrevivência é a antecipação, a partir do cálculo mental. Nele, não há injustiça, pois não existem leis, nem noções de certo ou errado. Não há propriedade privada (noção de meu e teu). A razão é o que irá sugerir as normas de paz. Forma do Pacto: Os homens abrem mão da sua força, abdicando de seu poder, e a deposita nas mãos de um homem ou de uma assembleia de homens (esta forma somente um: o Estado). O Estado deve estar acima de tudo (soberano) e tem como fim garantir a paz e a sobrevivência dos súditos. O pacto é feito de um com cada um. Depois de feito, o pacto não pode ser desfeito. O Soberano está acima das leis, podendo adotar uma conduta de como achar mais conveniente e os súditos podem fazer somente aquilo que as leis permitem ou que a lei se cala. Há uma propriedade primeira que os homens não abrem mãos para o pacto: o corpo. *É pacto e não contrato social, pois o pacto é feito por indivíduos no Estado da Natureza, já o contrato social é firmado já dentro de uma sociedade. Hobbes afirma que não é inteligente derrubar um soberano porque assim o Estado de Guerra retornaria. Então, é melhor viver no pior dos estados tirânicos que retornar ao Estado da Natureza. Questões sobre Hobbes para refletir 1º) Por que, para Hobbes, os homens não podem ser comparados a animais que vivem em conjunto por natureza? 2º) O que seria o Estado (Leviatã) de Hobbes e quais seriam os motivos de sua criação? 3º) Descreva as duas formas adquiridas pelo poder soberano, segundo Hobbes? 4º) Quais os direitos do Soberano por instituição? 5º) Quais são, segundo Hobbes, as espécies de governo e partir de quais critérios ocorreria a sucessão numa monarquia?
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