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Farmacologia Aplicada à Fonoaudiologia

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FARMACOLOGIA APLICADA
À FONOAUDIOLOGIA
PROF.A DRA VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Felipe Veiga da Fonseca
Luana Ramos Rocha
Marta Yumi Ando
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande re-
sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conhec-
imento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................ 4
1. CONCEITOS GERAIS EM FARMACOLOGIA ............................................................................................................ 5
2. FORMAS FARMACÊUTICAS .................................................................................................................................... 9
3. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ......................................................................................................................................11
4. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM PACIENTES DISFÁGICOS ..............................................................13
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................17
CONCEITOS GERAIS, FORMAS FARMACÊUTICAS
 E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
PROF.A DRA VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Olá, prezado(a) aluno(a)!
Bem-vindo(a) à nossa Unidade I da disciplina Farmacologia para Fonoaudiologia!
Embora reconheçamos a importância dos tratamentos não medicamentosos, como o 
acompanhamento fonoaudiológico, melhora de hábitos alimentares, prática de atividade física 
etc., na prevenção e no tratamento de doenças, os tratamentos farmacológicos ainda constituem 
importante ferramenta para alcançar os resultados esperados no restabelecimento da saúde.
Apesar dos benefícios obtidos quando utilizados corretamente, medicamentos 
também podem representar riscos à população quando prescritos, dispensados, armazenados, 
administrados ou descartados incorretamente. Assim, o conhecimento sobre este tema contribui 
tanto para a eficácia dos tratamentos quanto para a segurança da população.
Os principais responsáveis pela prescrição de medicamentos de uso humano são os 
médicos, porém os demais profissionais da saúde também devem ter conhecimento suficiente 
para contribuir para a recuperação do paciente.
Para tanto, elaboramos cuidadosamente um material que contempla os principais tópicos 
da farmacologia aplicada à prática do fonoaudiólogo, de modo a colaborar para a formação de 
profissionais que irão contribuir para o uso racional de medicamentos. 
Sendo assim, desejamos a você ótimos momentos de estudo e aprendizado e, para 
que possa aproveitar ao máximo o conteúdo deste material, não deixe de conferir também os 
materiais complementares, participar dos fóruns e ficar atento a todas as orientações da equipe 
que o acompanha.
 Bons estudos!
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. CONCEITOS GERAIS EM FARMACOLOGIA
O termo farmacologia pode ser definido como o estudo da interação de compostos 
químicos com organismos vivos e, sendo assim, requer tanto o conhecimento das propriedades 
físicas e químicas dos compostos, como a compreensão das ações fisiológicas, absorção, 
distribuição, excreção e usos terapêuticos dos fármacos.
Nesta unidade, apresentaremos definições de conceitos gerais importantes em 
farmacologia e as principais formas farmacêuticas e vias de administração de medicamentos.
Para iniciar a apresentação dos conceitos, trazemos a definição de duas palavras que 
apresentam significados diferentes, porém são comumente utilizadas como sinônimos pela 
população em geral. 
Estamos falando de remédio e medicamento.
O termo remédio tem significado amplo e se refere a algo que serve para destruir ou 
minimizar o sofrimento do paciente, podendo tanto ser um fármaco, como outros recursos não 
farmacológicos disponíveis, como sessões de fisioterapia, banhos terapêuticos, massagens etc. 
Resumindo... Aliviou o sofrimento do paciente, pode ser considerado remédio, sendo 
este um medicamento ou não.
O termo medicamento se refere ao produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou 
elaborado, com as seguintes finalidades:
• Preventiva: exemplo: vacinas.
• Curativa: exemplo: antibióticos.
• Paliativa: exemplo: analgésico opioide.
• Reposição: exemplo: insulina em pacientes diabéticos tipo I.
• Diagnóstico: exemplo: contrastes utilizados em exames de imagem.
Quando conhecemos a diferença entre esses dois conceitos, podemos afirmar que todos 
os medicamentos são remédios, mas nem todos os remédios são medicamentos.
Outros termos que, para algumas pessoas, podem gerar dúvidas são droga e fármaco. 
O termo droga pode ser definido como toda substância com capacidade de modificar 
algum sistema fisiológico, que pode ou não apresentar propriedades terapêuticas, podendo ou 
não ser utilizada com a intenção de trazer benefícios para o organismo. Esse conceito é utilizado 
com muita frequência por pesquisadores no meio acadêmico para descrever substâncias com 
potencial terapêutico, mas que ainda estão em fase de estudo; ou até mesmo pela população em 
geral, como sinônimo de substâncias de abuso.
O termo fármaco/princípio ativo refere-se a toda substância com estrutura química 
conhecida e propriedade de modificar alguma função fisiológica ou estado patológico, quando 
usada com finalidade preventiva, diagnóstica ou terapêutica. Consiste na substância principal 
da formulação do medicamento, responsável pelo efeito terapêutico, conhecido também como 
princípio ativo. 
Agora que já conhecermos os conceitos básicos relativos aos fármacos, vamos discutir 
as etapas de testes pelas quais os medicamentos são submetidos, até que seja autorizada sua 
comercialização. Esses testes geralmente são realizados em modelos experimentais animais – 
ensaios pré-clínicos, e posteriormente em humanos – ensaios clínicos.
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Ensaios clínicos
Os ensaios clínicos correspondem à pesquisa conduzida em pacientes,ou em voluntários 
sadios, usualmente destinada a avaliar um novo tratamento.
Os ensaios clínicos são indicados para avaliar a segurança e eficácia de:
• Um novo produto.
• Uma nova formulação de um mesmo produto ou associação de produtos já em uso.
• Uma nova indicação clínica de um produto já aprovado. 
Esses ensaios são classificados em quatro fases I-IV, de acordo com a complexidade, o 
estágio de desenvolvimento do produto a ser testado e o objetivo da avaliação (Quadro 1).
Fase I
Os ensaios desta fase geralmente são precedidos de provas em modelos experimentais 
em animais para avaliar toxicidade e eficácia. O objetivo principal desta fase de estudo é avaliar 
a toxicidade e farmacocinética do produto e determinar a posologia segura. São realizados sob 
rigorosa supervisão médica, usualmente em hospitais, e envolvem um número limitado de 
voluntários (até 80) adultos saudáveis ou pessoas com a doença específica que a droga se destina 
a tratar. 
Fase II
Os ensaios são projetados para avaliar se um medicamento possui atividade biológica e 
para determinar sua segurança e tolerabilidade. Visa estudar a eficiência terapêutica, intervalo de 
dose, cinética e metabolismo. Esses estudos podem envolver de 100 a 300 pacientes.
Fase III
Destina-se a testar a eficácia e segurança por meio de um grande número de voluntários 
(pode chegar até dez ou vinte mil indivíduos). 
Nesta fase, são incluídos tratamentos mais prolongados com o fármaco em estudo, 
visando à flexibilidade na dosagem, bem como à coleta de dados sobre sua segurança e eficácia. 
Geralmente esses estudos são multicêntricos internacionais, com grupos de pacientes o mais 
heterogêneo possível, o que torna seus resultados e suas conclusões mais aceitáveis e aplicáveis.
Fase IV
Ocorre após aprovação e avaliam-se os resultados associados a uma droga ou intervenção 
na prática clínica com o uso na população geral. Esses estudos também são chamados de 
Farmacovigilância e têm por objetivo obter mais informações sobre os seus efeitos, suas interações 
medicamentosas e, sobretudo, ampliar as avaliações de segurança realizadas por intermédio dos 
estudos farmacoepidemiológicos.
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Quadro 1 – Fases dos ensaios clínicos necessários para a comercialização de novos fármacos. Fonte: Brunton, Cha-
bner e Knollmann (2012).
Apesar da importância dos testes pré-clínicos e clínicos, nem todos os medicamentos 
que serão comercializados passam por todas as etapas descritas. O estudo completo (testes pré-
clínicos e clínicos) é realizado apenas pelo laboratório que descobriu a utilidade terapêutica de 
uma droga, e será o primeiro a comercializá-la, tendo, antes disso, que confirmar sua segurança 
e eficácia. Os demais laboratórios que irão comercializar preparações farmacêuticas com as 
mesmas preparações terão que realizar apenas uma parte dos testes clínicos, uma vez que a 
eficácia e segurança do fármaco já foi comprovada. Os testes necessários dependerão do tipo de 
medicamento que se deseja registrar.
Considerando as exigências de testes para obtenção do registro de um medicamento, 
temos 3 tipos de medicamentos: Medicamentos de Referência, Genéricos e Similares, que 
irão apresentar diferenças quantos aos testes realizados nas fases de pesquisa, desenvolvimento 
e registro dos produtos, o que irá impactar tanto o preço de venda quanto a forma como serão 
vendidos, podendo ou não ser intercambiáveis.
MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA: produto inovador (o primeiro a ser lançado 
contendo certo princípio ativo), registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e 
comercializado no país, e cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente 
junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro. Serve de parâmetro de eficácia, 
segurança e qualidade para os registros de medicamentos genéricos e similares.
MEDICAMENTO GENÉRICO: contém o mesmo fármaco (princípio ativo), na mesma 
dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica 
do medicamento de referência no país, apresentando a mesma segurança que o medicamento 
de referência no país, podendo, com este, ser intercambiável. Substituição do medicamento de 
referência pelo seu genérico é assegurada por testes de bioequivalência apresentados à Anvisa, 
do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017). Os medicamentos genéricos são geralmente produzidos 
após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade dos 
medicamentos de referência, comprovadas a sua eficácia, segurança e qualidade (Figura 1).
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MEDICAMENTO SIMILAR: aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios 
ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia 
e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no 
órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características 
relativas ao tamanho e à forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes 
e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. Outra diferença 
importante em relação aos medicamentos de referência e genéricos se refere aos testes aos quais 
foram submetidos para se obter o registro junto a Anvisa. Muitos medicamentos similares não 
têm sua bioequivalência comprovada e, portanto, não são intercambiáveis.
Quanto à forma de apresentação, é importante saber que os medicamentos 
genéricos irão apresentar uma faixa amarela na embalagem onde deverá estar 
escrito: “Medicamento Genérico”, e a letra G aparecerá em tamanho maior. Logo 
abaixo aparecerão as informações referentes à lei 9.787, de 1999. Dependendo 
do caso, se for um medicamento de venda sob prescrição médica, a embalagem 
ainda poderá apresentar a faixa vermelha, ou a faixa preta, para medicamentos 
capazes de causar dependência (Figura 1).
Figura 1 – Medicamento genérico. Fonte: David (2017).
PORTAL DA EDUCAÇÃO. Avaliação de biodisponibilidade e bioequivalência. Dis-
ponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/
avaliacao-de-biodisponibilidade-e-bioequivalencia/12461>. Acesso em: 01 jun. 
2019.
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Para continuarmos o estudo dos medicamentos, é importante conhecer as formas de 
apresentação desses produtos, denominadas formas farmacêuticas.
2. FORMAS FARMACÊUTICAS
 
São as formas físicas de apresentação do medicamento e foram desenvolvidas para facilitar 
a administração de medicamentos a pacientes de faixas etárias diferentes ou em condições 
especiais, e para permitir seu melhor aproveitamento.
A forma farmacêutica se relaciona à via de administração que vai ser utilizada, isto é, a 
porta de entrada do medicamento no corpo da pessoa, que pode ser por via oral, intravenosa, 
tópica, nasal, entre outras. Detalhes sobre as principais vias de administração serão discutidos 
mais adiante, ainda nesta unidade.
Podem ser classificadas em: Líquidas, Semissólidas, Sólidas. Estas podem constituir 
sistemas simples ou sistema de liberação controlada de fármacos. As principais formas 
farmacêuticas são apresentadas na Quadro 2.
Formas Farmacêuticas Líquidas
Soluções Preparações líquidas com uma ou mais 
substâncias químicas dissolvidas num sol-
vente mutuamente miscíveis.
Suspensões São preparações que contêm partículas de 
fármaco finamente divididas, distribuídas 
de modo uniforme em um veículo no qual 
o fármaco apresenta mínima solubilidade. 
Xaropes Formas farmacêuticas aquosas que apre-
sentam no mínimo 45% (p/p) de sacarose 
ou outros açúcares na sua composição, que 
contêm um ou mais fármacos.
Formas Farmacêuticas SemissólidasPomadas São preparações para aplicação externa que 
amolecem ou derretem à temperatura cor-
pórea. O fármaco é geralmente inserido em 
uma base oleosa.
Géis São preparações à base de água, que con-
têm um agente gelificante para fornecer fir-
meza à solução. 
VARELLA, D. Significado das tarjas de medicamentos. 2017. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=ZfZWo8o7F90>. Acesso em: 01 maio 2019.
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Cremes São preparações com parte de água e parte 
de óleo. Consistem em uma emulsão, for-
mada por uma fase lipofílica e uma fase 
hidrofílica.
Formas Farmacêuticas Sólidas
Cápsulas Formas sólidas nas quais os princípios ati-
vos e substâncias inertes são acondiciona-
dos em um receptáculo de gelatina.
Comprimidos Formas sólidas obtidas por compressão da 
mistura de pós, contendo fármaco e adju-
vante.
Formas gasosas
Sistemas de gás comprimido ou aerossóis Geralmente são soluções associadas a ga-
ses. Antigamente o gás mais utilizado era o 
CFC (clorofluorcarbono), porpen, este foi 
substituído atualmente pelos hidrocarbo-
netos (n-butano, propano, iso-butano), que 
são inflamáveis, mas pouco tóxicos e mais 
baratos.
Quadro 2 – Formas farmacêuticas. Fonte: Allen Jr., Popovich e Ansel (2007). 
Algumas formas farmacêuticas (Ex.: comprimidos revestidos) podem apresentar sistemas 
modificados de liberação, onde temos o fármaco ligado a um transportador (carreador), que é o 
responsável por: potencialização do efeito terapêutico, controlar a absorção, distribuição tecidual 
ou reduzir os seus efeitos toxicológicos. 
Veja também o vídeo: 
ONASSIS, J. Pesquisa Clínica. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=nk177LhhbMs>. 
Para mais informações, sugerimos a leitura do seguinte material:
HENRIQUE, J. S.; FALCARE, R. S.; LOPES, P. S. Sistemas de liberação controlada. 
Pharmacia Brasileira. nov./dez. 2006. Disponível em: <http://www.cff.org.br/sis-
temas/geral/revista/pdf/11/22.pdf>.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Para continuarmos nosso estudo, vamos conhecer as principais vias de administração de 
medicamentos que estão mais presentes na prática do profissional de fonoaudiologia 
(demais fármacos podem ser administrados por outras vias e apresentar formas 
farmacêuticas que não estão apresentadas neste material). 
3. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
A via de administração do medicamento é o caminho pelo qual ele é colocado em contato 
com o organismo. Para que o efeito terapêutico seja obtido, além da escolha do fármaco correto, 
a escolha da via de administração também é essencial. Essa escolha leva em consideração os 
seguintes fatores:
 ✓ Rapidez de ação desejada.
 ✓ Efeito (local ou sistêmico). 
 ✓ Natureza do fármaco.
 ✓ Forma farmacêutica (liberação lenta ou rápida do princípio ativo).
De forma didática, classificamos as vias de administração em vias enterais, parenterais e 
tópicas, e o conhecimento das vantagens e desvantagens das diferentes vias de administração é 
fundamental para a indicação mais segura e eficaz.
Vias enterais: constituem as vias mais comuns de administração de fármacos.
As principais vias enterais de administração de fármacos são as vias oral e sublingual.
Vantagens:
• Comodidade, pois permite autoadministração.
• Esquemas terapêuticos fáceis de serem cumpridos.
• Baixo custo se comparada a outras vias.
• Maior segurança, pois diminui os riscos de contaminação e má administração e aumenta 
as chances de intervenção em casos de intoxicação (via oral).
Na via oral, o medicamento é ingerido pela boca e sua absorção geralmente ocorre no 
estômago ou no intestino.
Na via sublingual, o medicamento é depositado debaixo da língua e é absorvido pelas 
mucosas  situadas na região  sublingual que são altamente vascularizadas. A via sublingual 
apresenta tempo de latência (intervalo de tempo entre a administração do fármaco e a observação 
de seu efeito terapêutico) menor que a via oral, por isso pode ser utilizada pelo próprio paciente, 
em situações de emergência (Exemplo: comprimidos sublinguais de clonazepam em crises de 
transtorno do pânico).
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Desvantagens:
• Taxa de absorção variável.
• Pode ocorrer irritação gástrica ou da mucosa sublingual.
• Vias oral e sublingual não podem ser utilizadas em pacientes inconscientes.
• Sabor desagradável de alguns fármacos.
As principais formas farmacêuticas utilizadas para a administração oral de psicotrópicos 
incluem comprimidos, cápsulas e soluções (líquido/gotas) (Figura 2). 
Já a administração sublingual utiliza principalmente fármacos na forma de comprimidos 
sublinguais.
Figura 2 – Formas farmacêuticas mais utilizadas. Fonte: Farmacologia geral (2012).
Vias parenterais: utilizam dispositivos que auxiliam a administração dos medicamentos, 
como seringas e agulhas, por exemplo. 
Vantagens da via parenteral:
• O fármaco atinge mais rapidamente o local de ação, produzindo uma resposta rápida, que 
pode ser necessária em situações de emergência.
• A dose pode ser administrada com maior precisão.
• A administração parenteral pode ser utilizada quando a via enteral é impossível.
Desvantagens da via parenteral:
• A absorção mais rápida do fármaco pode resultar em aumento dos efeitos adversos.
• É necessária uma formulação estéril, bem como uma técnica asséptica da administração.
• Pode ocorrer irritação no local da injeção.
• Requer profissional treinado para a aplicação.
• Pode ser dolorosa.
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As principais vias parenterais de administração de psicotrópicos são:
Via endovenosa: por esta via o medicamento é administrado diretamente na circulação 
venosa e apresenta efeito rápido. Indicada para situações de emergência, porém com a presença 
de um profissional capacitado para executar.
Via intramuscular: por esta via o medicamento é administrado diretamente no músculo, 
podendo agir rapidamente ou ficar armazenado e apresentar efeito prolongado. 
As formas farmacêuticas utilizadas para as vias enterais são soluções ou suspenções 
líquidas estéreis (Figura 2). Para a via endovenosa, o líquido deve ser obrigatoriamente 
hidrossolúvel (compatíveis com o plasma sanguíneo); e para a administração intramuscular, 
podem ser hidrossolúveis (ação rápida), ou lipossolúveis (ação lenta).
4. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM 
PACIENTES DISFÁGICOS
A disfagia é um distúrbio no processo de deglutição, que acomete o trajeto do alimento 
da boca até o estômago, devido a alterações nas estruturas envolvidas nessa função, podendo ser 
de causa neurológica, mecânica ou psicogênica. 
Para paciente com disfagia, a administração oral de medicamentos pode ser um desafio. 
As dificuldades em tomar os medicamentos podem causar falhas nos tratamentos por omissão 
das administrações, ou de aspiração inadvertida da medicação. 
Na tentativa de solucionar esses problemas de administração das formas farmacêuticas 
orais sólidas, muitas vezes, o próprio doente, cuidadores ou mesmo os profissionais de saúde 
trituram os comprimidos ou abrem as cápsulas, misturando o pó assim obtido com alimentos ou 
líquidos. O ato de triturar um comprimido ou abrir uma cápsula modifica a forma farmacêutica 
e conduz a alterações da velocidade e do grau de absorção da substância ativa pelo organismo, 
que pode causar alterações nos efeitos observados, tais como diminuição da eficácia e aumento 
dos efeitos adversos.
O profissional de saúde deve ter conhecimento suficiente para fazer as orientações 
necessárias ao melhor manejo da dificuldade na administração, ou fazer os devidos 
encaminhamentos a outros profissionais.
Paramais informações, leia: O processo de desenvolvimento de um medicamento: 
da pesquisa até o uso pela população. Disponível em: <https://extensao.cecierj.
edu.br/material_didatico/sau2203/pdfs/aula04.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2019.
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Características dos medicamentos que devem ser consideradas ao analisar problemas na 
administração oral em pacientes disfágicos:
- Formulações de libertação modificada: formulações que liberam o princípio ativo de 
forma gradual e sustentada ao longo de um período de tempo definido podem ter seu perfil de 
liberação modificado, o que pode alterar o efeito observado.
- Formulações gastrorresistentes: preparações que deveriam resistir íntegras ao pH ácido 
e liberar o princípio ativo no intestino delgado podem ter seu local de liberação modificado, o 
que pode alterar o efeito observado.
- Formulações com revestimento destinadas a diversas finalidades, como proteção contra 
a umidade, mascarar o gosto ou o odor, facilitar a deglutição, ou prevenir a sensibilização por 
contato ao manipular o medicamento podem ter seu revestimento perdido, e consequentemente 
a função exercida estará comprometida.
Considerando o grau de comprometimento que a disfagia pode oferecer para o sucesso 
do tratamento farmacológico, várias sugestões de abordagem ao paciente com dificuldades de 
deglutição foram propostas (Figura 3).
Figura 3 – Algoritmo de abordagem ao doente com dificuldades de deglutição. Fonte: Mendes (2018).
Sob o ponto de vista legal, a modificação da forma farmacêutica de um medic-
amento que não esteja contemplada no Resumo das Características do Medic-
amento (RCM) consiste no uso não aprovado - off label, o que pode tornar os 
profissionais de saúde legalmente responsáveis por qualquer efeito adverso que 
decorra da tomada do medicamento. 
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Prover uma deglutição segura para indivíduos disfágicos é um desafio que pode ser 
facilitado com uso de recursos terapêuticos como a adaptação das dietas, com mudanças na 
consistência, volume, temperatura e sabor. Essas estratégias utilizadas pelos fonoaudiólogos 
fazem parte da reabilitação da deglutição, pois elas interferem no desempenho sensório-motor 
oral e no trânsito orofaríngeo, minimizando os riscos de aspiração laringotraqueal.
Se considerarmos que a mudança na consistência dos alimentos é uma importante 
ferramenta no tratamento da disfagia, temos que o uso de espessante alimentício é um recurso 
utilizado para o espessamento de líquidos, conduta comum na prática fonoaudiológica, pois a 
deglutição de alimentos líquidos exige maior controle oral do que outras. A chance de escape 
precoce do alimento é um dos maiores riscos de penetração e/ou aspiração laringotraqueal. 
Os líquidos podem ser espessados em três consistências: néctar, mel e pudim, as quais 
são definidas pelo fonoaudiólogo de acordo com o grau da disfagia do paciente. A quantidade 
de espessante indicada para cada consistência dependerá das diferentes marcas presentes no 
mercado.
Para pacientes portadores de sondas para a administração de alimentos, líquidos e 
medicamentos diretamente no trato gastrointestinal, a modificação das formas farmacêuticas é 
muitas vezes a única opção disponível para administrar medicação. Nestes casos, deve-se conhecer 
o tipo de sonda, onde está localizada a sua extremidade distal (estômago, duodeno ou jejuno) e 
o tipo de alimentação e devem ser considerados potenciais problemas, como interações entre os 
medicamentos e a alimentação entérica e bloqueios da sonda, os quais podem ser discutidos com 
outros profissionais de saúde da equipe de cuidados, tais como médicos e farmacêuticos.
Além dos cuidados aos pacientes com disfagias provocadas por causas diversas, ainda 
devemos considerar que, apesar de não ser frequente, alguns medicamentos também podem 
causar ou agravar a disfagia, pois podem interferir no processo da deglutição. 
As possíveis alterações resultantes do efeito colateral dos medicamentos são: 
• Alteração da motilidade, sensibilidade, força ou coordenação da musculatura oral.
• Alteração da saliva – interfere na formação do bolo, ejeção oral e limpeza da cavidade 
oral e faríngea. Ex.: antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos e anticolinérgicos 
diminuem a produção de saliva e aumentam sua viscosidade. Já as drogas com efeito 
colinérgico provocam aumento da salivação. 
• Alteração na movimentação faríngea – causa incoordenação ou déficits na movimentação 
da musculatura da faringe, deixando o trânsito do bolo alimentar mais lento ou provocando 
estase de pequenas porções nas paredes da faringe, facilitando a ocorrência de aspiração. 
MASTROIANNI, P. C.; FORGERINI, M. Ajustes da administração de medicamen-
tos para pacientes idosos com disfagia: um relato de caso. Dement. Neuropsy-
chol, v. 12, n. 1, p. 97-100, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/dn/
v12n1/1980-5764-dn-12-01-0097.pdf>.
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• Alteração no nível de consciência e a supressão da regulação central da deglutição – 
geralmente os sintomas da disfagia, como engasgos frequentes, surgem no início do uso 
da droga ou com a modificação da dosagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, finalizamos nossa Unidade I. Nesta unidade, pudemos conhecer os conceitos 
fundamentais em farmacologia, formas farmacêuticas e vias de administração mais adequadas a 
cada situação/paciente. Ainda pudemos ver como a disfagia pode interferir na administração de 
medicamentos e como alguns medicamentos podem causar disfagia.
Continuaremos nosso estudo na Unidade II, na qual conheceremos os processos 
farmacocinéticos e farmacodinâmicos.
Bons estudos e até lá!
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U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................19
1. FARMACOCINÉTICA ................................................................................................................................................ 20
1.1 ABSORÇÃO ..............................................................................................................................................................21
1.2 DISTRIBUIÇÃO ....................................................................................................................................................... 23
1.3 METABOLIZAÇÃO ................................................................................................................................................... 24
1.4 ELIMINAÇÃO .......................................................................................................................................................... 25
2. FARMACODINÂMICA .............................................................................................................................................. 26
2.1 ALVOS DA AÇÃO DE FÁRMACOS ........................................................................................................................... 26
2.2 FÁRMACOS AGONISTAS ....................................................................................................................................... 28
2.3 FÁRMACOS ANTAGONISTAS................................................................................................................................ 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 32
FARMACOCINÉTICAE FARMACODINÂMICA
PROF.A DRA VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
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INTRODUÇÃO
Olá, prezado(a) aluno(a)!
Bem-vindo(a) à nossa segunda unidade da disciplina de Farmacologia para 
Fonoaudiologia.
Agora que já conhecemos os conceitos gerais em farmacologia, bem como as principais 
vias de administração de medicamentos, estamos prontos para iniciar o estudo dos processos que 
fundamentam a terapia farmacológica: Farmacocinética e Farmacodinâmica.
A farmacocinética se refere ao caminho que a droga faz no organismo; a farmacodinâmica 
estuda o efeito de um determinado fármaco em seu tecido-alvo. Apesar desta divisão, uma vez 
que a droga já se encontra no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea, sendo essa 
divisão apenas de caráter didático.
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1. FARMACOCINÉTICA
A divisão da farmacologia, que explica a movimentação dos fármacos no corpo, do 
momento de sua administração até sua saída do organismo, é a farmacocinética. Considerando 
que essa movimentação é realizada por processos fisiológicos, podemos dizer que a farmacocinética 
é o que o corpo faz com a droga, e são as etapas envolvidas nesse processo que estudaremos 
nesta unidade.
O conhecimento da farmacocinética permite otimizar os efeitos, aumentando as chances 
de sucesso terapêutico, além de evitar e tratar eventuais interações medicamentosas e efeitos 
adversos e intoxicações causadas por esses agentes.
Do momento da administração até a saída do corpo, os fármacos passam por diversos 
compartimentos, e seu deslocamento é influenciado tanto por características do ambiente 
fisiológico onde ele se encontra, como por características do próprio fármaco.
Para exercer efeito terapêutico, a maioria dos fármacos deve satisfazer certas exigências 
mínimas para ter efetividade clínica, sendo uma delas a capacidade de atravessar as barreiras 
fisiológicas que existem no corpo para limitar o acesso das substâncias estranhas.
Os fármacos atravessam as membranas por processos de transporte passivo (do meio 
mais concentrado, onde foi depositado na administração, para o meio menos concentrado. 
Exemplo: do estômago para a circulação sanguínea); ou por transporte ativo, contra o gradiente 
de concentração, ou seja, do meio menos para o mais concentrado, com gasto de energia na 
forma de ATP (Figura 1).
Figura 1 – Transporte através de membranas. Fonte: Aprile (2017).
Agora que já conhecemos as formas de transporte de fármacos através das membranas 
biológicas, vamos estudar as etapas pelas quais ele passa após sua administração. 
Podemos dividir a farmacocinética em 4 processos principais, sendo eles: absorção, 
distribuição, metabolismo, excreção/eliminação, e é sobre eles que vamos conversar nesta unidade.
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Figura 2 – Representação dos processos farmacocinéticos (Absorção, Distribuição, Metabolização e Eliminação – 
ADME). Fonte: Ibuprofeno (2019). 
Começaremos falando sobre Absorção...
1.1 Absorção 
É definida como a passagem de uma substância de seu local de administração para a 
circulação sanguínea local. No caso de formas farmacêuticas sólidas, a absorção depende 
inicialmente da dissolução do comprimido ou da cápsula, que então libera o fármaco.
Esta etapa farmacocinética pode ser influenciada por diversos fatores, tais como:
• Via de administração
A escolha da via de administração pode influenciar tanto a absorção quanto o tempo de 
latência para se observar os efeitos terapêuticos. 
Para compreender melhor esta influência, basta comparar a rapidez do efeito observado 
quando um mesmo fármaco é administrado por duas vias diferentes. Exemplo: após administração 
oral, seu tempo de latência sempre será maior que o tempo observado após a administração 
pela via sublingual ou endovenosa. Por este motivo, essas duas últimas vias são preferidas para 
situações de emergência. Essas variações se devem a diferenças na quantidade de membranas que 
precisam ser atravessadas pelos fármacos administrados por essas duas vias.
Por ser considerada como processo de passagem até o sangue, a etapa de absorção não é 
considerada para os fármacos administrados por via endovenosa, pois por essa via os fármacos 
já são depositados no sangue.
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• Variabilidade biológica
Decorre de diferenças fisiológicas observadas entre indivíduos. Como exemplo, temos 
a velocidade de trânsito intestinal. Em indivíduos com trânsito mais lento, os medicamentos 
podem ficar mais tempo em contato com as mucosas intestinais e, assim, apresentar variações 
quanto à taxa de absorção.
• Circulação no local de administração
Quanto maior a circulação sanguínea no local de depósito do fármaco, melhor a absorção.
• Área de absorção
Quanto maior a área exposta ao fármaco, melhor (e na maioria das vezes mais rápida) a 
absorção. Neste sentido, órgãos com grandes superfícies de contato, como o pulmão e o intestino, 
quando forem locais de depósito de fármacos, podem resultar em um menor tempo de latência, 
comparados ao mesmo fármaco administrado pela via oral. 
No caso da via oral, ainda devemos considerar a presença de alimentos no estômago, o 
que pode aumentar o período de latência.
• Solubilidade
Considerando que as membranas fisiológicas são constituídas por células, que possuem 
como envoltório a bicamada fosfolipídica, é importante sabermos que os fármacos precisam ser 
lipossolúveis o suficiente para atravessar essas bicamadas. 
• pKa do fármaco e pH do sítio de absorção
As moléculas do fármaco podem se apresentar na forma não ionizada, ou seja, sem cargas, 
sendo esta a forma mais lipossolúvel (mais bem absorvida); ou na forma ionizada, por interações 
com componentes do meio. Nesta última forma, por apresentar cargas, as moléculas são mais 
hidrossolúveis (mal absorvidas).
A forma predominante será determinada pelo pKa do fármaco e pH do sítio de absorção.
O pKa se refere à constante de dissociação, e é definido pelo pH no qual 50% da droga 
encontra-se no estado ionizado e 50% em estado não ionizado.
Drogas com pKa ácido (menor que 7), em meio com pH também ácido (Exemplo: 
estômago), terão sua absorção favorecida.
A mesma regra vale para drogas com pKa básico (maior que 7); em meio básico, também 
terão sua absorção favorecida.
De forma oposta, drogas com pKa básico, no meio ácido, ou drogas com pKa ácido, 
no meio básico, encontram-se predominantemente na forma ionizada, e terão sua absorção 
diminuída nesses meios opostos ao seu pKa.
 
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Após a droga alcançar a corrente sanguínea, é necessário que ela alcance seu sítio de ação, 
e a este movimento denominamos distribuição.
1.2 Distribuição
Distribuição é a passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os tecidos, quando 
o fármaco reversivelmente abandona o leito vascular e entra no líquido extracelular e/ou nas 
células dos tecidos.
Assim como na absorção, certos fatores ligados ao fármaco e fatores fisiológicos também 
podem interferir na distribuição, como por exemplo:
• Ionização
Fármacos ionizados (com cargas) têm dificuldade de deixar a circulação em direção a 
outras regiões do organismo.
• Permeabilidade Capilar
Em estruturas nobres do organismo, existem barreiras específicas, com o objetivo de 
protegê-las da ação de substâncias potencialmente tóxicas. São elas:
 ■ Barreira Hematencefálica - localizada no sistema nervoso.
 ■ Barreira Placentária - localizada na placenta.■ Barreira Hematotesticular - localizada na região dos testículos.
Os capilares que formam essas barreiras apresentam células muito justapostas, o que 
dificulta a saída de drogas da circulação sanguínea em direção ao tecido cerebral.
Considerando as semelhanças entre a barreira hematencefálica e a placentária, 
é possível compreender por que o uso de drogas de abuso pode ser prejudicial 
durante a gestação. Para as drogas de abuso, como o álcool, por exemplo, ex-
ercerem seu efeito, precisam alcançar o cérebro. Se são capazes de alcançar a cir-
culação cerebral, serão também capazes de alcançar a circulação fetal, podendo 
comprometer o desenvolvimento fetal, provocando futuras doenças no indivíduo 
em formação. No caso do álcool, uma das consequências é a síndrome alcoólica 
fetal.
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• Fluxo sanguíneo 
Quanto mais irrigado for o órgão, maior a quantidade de fármaco que deve chegar a ele.
• Ligação a proteínas plasmáticas
Ao alcançarem a circulação sanguínea, os fármacos podem se ligar, em diferentes 
proporções, às proteínas plasmáticas. 
Como essas proteínas não passam através das paredes capilares, a ligação do fármaco a 
elas pode retê-lo no espaço vascular por um determinado tempo. Neste sentido, apenas a fração 
do fármaco livre (não ligado) é que atravessará as membranas tornando-se disponível para 
interações com receptores nos órgãos-alvo, ou seja, é ela que exercerá o efeito farmacológico, 
sendo, assim, chamada de fração farmacologicamente ativa. Já a fração do fármaco que ficou 
ligada às proteínas plasmáticas é considerada farmacologicamente inerte.
Os fármacos são eliminados pelo processo de excreção em sua forma original, ou são 
convertidos em metabólitos. Os compostos hidrossolúveis são eliminados mais facilmente. Já os 
fármacos lipossolúveis precisam ser metabolizados em compostos mais hidrossolúveis para que 
possam ser eliminados também. 
É sobre este processo de metabolização que vamos falar a seguir.
1.3 Metabolização
A metabolização tem como principal objetivo a conversão de fármacos em metabólitos 
(produtos da metabolização) mais hidrofílicos, capazes de serem eliminados mais facilmente 
pelos órgãos excretores (Ex.: Rim – urina). Além disso, a metabolização ainda contribui para a 
cessação das atividades biológica e farmacológica dos compostos.
Na maioria dos casos, a metabolização gera compostos inativos mais polares, facilmente 
excretados pelo organismo. Entretanto, em alguns casos, a molécula original do fármaco pode 
ser pouco ou não ser farmacologicamente eficaz, mas após ser metabolizada, origina metabólitos 
mais eficazes. Nos casos em que a forma ativa do fármaco é o seu respectivo metabólito, dizemos 
que se trata de um pró-fármaco.
A metabolização de fármacos é realizada principalmente por enzimas hepáticas, que 
podem ser induzidas ou inibidas, e diferenças nas taxas de metabolização entre um indivíduo e 
outro podem resultar em diferentes respostas farmacológicas perante a mesma dose administrada.
O aumento na fração do fármaco livre (não ligado à proteína) resultará em maior 
quantidade de fármaco capaz de deixar a circulação, o que poderá resultar em 
efeitos tóxicos. Esta situação pode acometer pacientes com desnutrição proteica, 
por exemplo, e exige ajuste na dose.
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O uso concomitante de indutores e inibidores enzimáticos altera o tempo de meia vida 
da droga (t1/2).
O t1/2 se refere ao tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado 
fármaco seja reduzida pela metade. O uso de indutores reduz o t1/2 de algumas drogas, e o uso 
de inibidores aumenta esse tempo. Nos dois casos, os níveis terapêuticos poderão ser corrigidos 
com ajuste da dose.
Na forma hidrossolúvel, os fármacos ou seus metabólitos estão prontos para deixar o 
organismo. 
1.4 Eliminação
A eliminação consiste na saída do fármaco do organismo. 
A principal forma de eliminação de drogas é pela via renal, sendo os rins os órgãos mais 
importantes para a excreção dos fármacos e de seus metabólitos. Devido ao caráter aquoso da 
urina, a excreção renal baseia-se na natureza hidrofílica do fármaco ou de seu metabólito. Neste 
momento, deseja-se o oposto ao desejável na absorção, ou seja, quanto mais hidrossolúvel o 
fármaco/metabólito, melhor sua eliminação.
Semelhantemente ao observado durante a absorção, na excreção renal, o pKa do fármaco/
metabólito e o pH da urina também irão influenciar a predominância das formas ionizadas ou 
não ionizadas. 
 É importante lembrar que há um declínio da função renal com o avançar da idade. Por 
isso, indivíduos idosos podem ter maior dificuldade para eliminar medicamentos por esta via, 
resultando em um aumento do tempo de meia-vida, que deve ser considerado no momento da 
determinação da dose. 
Além da excreção renal, os fármacos ainda podem ser eliminados pelas fezes, suor, leite, 
saliva, lágrimas, sêmen ou ar exalado pelos pulmões (via pulmonar).
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É importante lembrar que há um declínio da função renal com o avançar da idade. Por 
isso, indivíduos idosos podem ter maior dificuldade para eliminar medicamentos por esta via, 
resultando em um aumento do tempo de meia-vida, que deve ser considerado no momento da 
determinação da dose. 
Além da excreção renal, os fármacos ainda podem ser eliminados pelas fezes, suor, leite, 
saliva, lágrimas, sêmen ou ar exalado pelos pulmões (via pulmonar).
2. FARMACODINÂMICA
Uma vez alcançados os órgãos-alvo, os fármacos irão interagir com moléculas biológicas 
para exercer seu efeito. A divisão da farmacologia que explica o mecanismo de ação dos fármacos 
para produzir efeitos biológicos é chamada de farmacodinâmica. 
Considerando que o efeito observado é consequência da interação já citada, podemos 
dizer ainda que a farmacodinâmica descreve o que a droga faz com o corpo. 
Após interagir com o organismo, os fármacos irão provocar manifestações nos sistemas 
orgânicos que resultarão em diversos tipos de efeito, sendo o principal deles o efeito terapêutico, 
que representa o efeito benéfico e desejado, provocado pelo fármaco quando administrado no 
organismo.
Além do efeito terapêutico, a maioria dos fármacos drogas exibirá efeitos indesejáveis 
juntamente com os efeitos terapêuticos esperados.
Os efeitos indesejáveis, ou adversos, podem ser caracterizados como:
• Efeitos colaterais: atribuíveis ao mecanismo de ação das drogas. Ocorrem juntamente 
com os efeitos que a droga deveria produzir.
• Efeitos tóxicos: só se manifestam durante a superdosagem intencional ou acidental.
2.1 Alvos da Ação de Fármacos
Agora que já conhecemos os possíveis efeitos da administração de fármacos, vamos 
entender como ocorre sua interação com os alvos farmacológicos. Os locais onde o fármaco 
interage e produz um efeito farmacológico são chamados de receptores farmacológicos.
Todos os possíveis efeitos observados após a administração de medicamentos se devem a 
interações moleculares entre os fármacos e sítios de ligação presentes no organismo.
Uma revisão interessante do conceito de farmacocinética pode ser vista no vídeo: 
CIÊNCAS EM QUADRO. Farmacocinética em 15 Minutos! – Farmacologia. Dis-
ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rvUKv0D9cdY>. Acesso em: 30 
ago. 2019.
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Quanto aos alvos de ação dos fármacos no organismo, temos:
• Fármacos que interagem com enzimas
Esses fármacos podem atuar de duas formas, promovendo:
1. Ativação (indução) de enzimas – atuam levando a um aumento da atividade da 
enzima em questão. Neste caso, podemos observar diminuição dos níveisde seu 
substrato, bem como acúmulo de seu produto.
2. Inativação (inibição) de enzimas – atuam levando a uma diminuição da atividade da 
enzima em questão, que deixa de exercer sua função, podendo provocar acúmulo de 
seu substrato, bem como a falta de seu produto.
• Fármacos que interagem com proteínas carregadoras
Estes fármacos irão interagir com proteínas carregadoras que facilitam o transporte de 
substâncias através de membranas biológicas. A inibição dessas proteínas leva ao acúmulo de 
determinada substância em um compartimento, enquanto pode provocar sua deficiência em 
outro compartimento. 
• Fármacos que interagem com canais iônicos
Os canais iônicos estão presentes na membrana celular e permitem a passagem de íons 
entre os dois lados da membrana. 
• Fármacos que interagem com receptores
De forma geral, como já citado, o termo receptor pode se referir aos locais onde o fármaco 
interage e produz um efeito farmacológico. Podem caracterizar moléculas proteicas cuja função é 
reconhecer sinais químicos endógenos e responder a eles.
De forma simples, podemos dizer que os receptores existem, pois o próprio organismo é 
capaz de produzir substâncias capazes de ativá-los. A estas substâncias damos o nome de ligantes 
endógenos ou agonistas endógenos. 
A maioria dos receptores pode se apresentar em dois estados: ativos ou inativos, que são 
diretamente influenciados pela ação de ligantes endógenos ou fármacos.
Para avaliar o efeito farmacológico do fármaco, precisamos considerar duas características: 
1. Afinidade pelo receptor
A afinidade é a atração mútua ou força de ligação entre um fármaco e o seu receptor-
alvo. Para que um fármaco consiga interagir com esses receptores, é necessário que sua estrutura 
química seja compatível com os sítios de ligação presentes no receptor, permitindo uma interação 
efetiva entre eles.
2. Atividade intrínseca
Após a ligação com o receptor, a interação poderá resultar no aumento ou na diminuição 
da atividade exercida por esse receptor. A capacidade de ativar a atividade de um receptor e 
produzir efeito farmacológico é o que caracteriza sua atividade intrínseca.
De acordo com esse critério, podemos classificar os fármacos como agonistas ou 
antagonistas.
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2.2 Fármacos Agonistas
São fármacos que, por ter afinidade pelo receptor, se ligam ao mesmo sítio de 
reconhecimento que o ligante endógeno e o estabiliza em um determinado estado, geralmente no 
estado ativo. Podem ainda ser divididos em:
Agonistas plenos, que além de apresentar afinidade, apresentam atividade intrínseca 
máxima, sendo capazes de ativar 100% da atividade de um receptor.
Agonistas parciais, que também possuem afinidade, porém apresentam atividade 
intrínseca parcial, não sendo capazes de alcançar a atividade máxima, mesmo com ocupação da 
totalidade dos receptores.
Temos ainda os agonistas inversos, que são fármacos que se ligam seletivamente à forma 
inativa dos receptores, estabilizando-os nesta conformação (Figura 3).
Figura 3 – Efeitos dos agonistas. Fonte: Whalen, Finkel e Panavelil (2016).
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2.3 Fármacos Antagonistas
São fármacos que também possuem afinidade pelo receptor, porém não possuem 
atividade intrínseca. Seu efeito farmacológico se deve ao bloqueio ou à redução da ação do ligante 
endógeno ou do fármaco agonista.
Temos os seguintes tipos de antagonismo:
Antagonismo competitivo
É exercido por fármacos que competem com o agonista (endógeno ou fármaco) pelo sítio 
de ligação do receptor. A preferência de ligação pelo receptor será determinada pelas concentrações 
do agonista ou do antagonista. Assim, mesmo na presença do antagonista, se o agonista estiver 
em maior concentração, poderá se ligar aos receptores-alvo e desencadear resposta máxima. Já se 
o antagonista estiver em concentração maior, poderá reduzir a resposta do receptor a zero.
Antagonismo não competitivo
É exercido por fármacos antagonistas que se ligam em sítios diferentes do sítio que o agonista 
ocuparia, no mesmo receptor. Neste caso, o receptor pode acomodar ambos simultaneamente, 
mas a ligação do antagonista inativa o receptor, de modo que o estado inativo não possa ser 
revertido, mesmo na presença de grandes concentrações do agonista ligado (Figuras 4 e 5).
Figura 4 – Representação dos tipos de antagonismo. Fonte: Golan et al. (2014).
Figura 5 – Efeito dos fármacos antagonistas. Fonte: Whalen, Finkel e Panavelil (2016).
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Agora que já conhecemos os possíveis tipos de interação com receptores biológicos, 
vamos conhecer as diferenças entre alguns conceitos, que, de forma errada, são as vezes usados 
como sinônimos.
Para quantificar as respostas produzidas pelos fármacos, é importante diferenciar os 
conceitos de eficácia e potência.
A eficácia de um fármaco é sua capacidade de promover efeito biológico quando ligado 
a um receptor, e refere-se à resposta terapêutica potencial máxima que um fármaco pode induzir.
Já a potência está relacionada à quantidade de fármaco (geralmente expressa em 
miligramas) necessária para produzir um efeito, como aliviar a dor ou diminuir a pressão arterial, 
por exemplo. 
A potência de um fármaco é um parâmetro relativo, que só pode ser avaliado a partir da 
comparação de fármacos que possuem a mesma eficácia. Como exemplos, vamos considerar os 
fármacos A e B, sendo necessários 5 mg do fármaco A para aliviar a dor, ou 10 mg do fármaco B, 
para se obter o mesmo efeito. Como o fármaco A produz o mesmo efeito de B em uma quantidade 
(em mg) menor, dizemos que, apesar de ambos terem a mesma eficácia (produzirem o mesmo 
efeito), A é mais potente que B (Figura 6). 
Figura 6 – Curvas dose-resposta típicas para fármacos que mostram diferenças entre potência e eficácia. Fonte: 
Whalen, Finkel e Panavelil (2016).
Ao longo deste estudo, pudemos compreender como a interação dos fármacos com 
receptores farmacológicos é capaz de produzir efeitos biológicos. Além disso, é importante saber 
que o tempo de exposição a determinado fármaco, nos tratamentos agudos ou crônicos, pode 
influenciar a intensidade de resposta de determinados receptores a eles.
Da mesma forma como são capazes de regular diversas atividades celulares, os receptores 
também estão submetidos a mecanismos de controle reguladores e homeostáticos. Esses controles 
incluem a regulação da síntese e degradação de receptores, que irão provocar mudanças nas suas 
quantidades, dependendo dos estímulos aos quais eles forem expostos.
Na exposição prolongada, observada em tratamentos crônicos, essas mudanças são bem 
mais evidentes.
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A estimulação prolongada das células por fármacos agonistas pode levar a um estado de 
dessensibilização (também conhecido como adaptação, refratariedade ou hiporregulação) que 
leva ao estado de tolerância. A dessensibilização é caracterizada pela diminuição do número de 
receptores disponíveis para interagir com o fármaco. Do ponto de vista clínico, essa adaptação 
é evidenciada pela diminuição do efeito observado ao longo do tratamento, quando se utiliza a 
mesma dose do fármaco por longos períodos.
Para compensar esta diminuição do efeito ao longo do tempo, é necessário um aumento 
na quantidade do fármaco administrado. Esse processo é o que caracteriza a tolerância, e leva à 
necessidade de doses cada vez maiores para se obter o efeito experimentado inicialmente.
A ocorrência de dessensibilização e tolerância é observada tanto na exposição crônica a 
fármacos agonistas, como na exposição prolongada a drogas de abuso agonistas como o álcool, 
porexemplo. Neste sentido, a tolerância ao efeito de determinada substância é um dos parâmetros 
considerados no diagnóstico da dependência de drogas.
Seguindo o mesmo raciocínio, a exposição prolongada a drogas antagonistas pode levar 
a um estado de sensibilização, caracterizado pelo aumento do número de receptores disponíveis 
para interagir com o fármaco. 
E, por fim, temos os conceitos relacionados à terapia: janela terapêutica e índice terapêutico.
A janela terapêutica define a faixa de doses de um fármaco que produz efeito terapêutico 
sem causar efeitos adversos inaceitáveis. Esse parâmetro é quantificado pelo índice terapêutico, 
que é definido como a relação entre a dose que produz respostas tóxicas em 50% da população 
(DT50) e a dose terapêutica efetiva em 50% da população (DE50).
Quanto maior o IT, maior a janela terapêutica, maior a diferença entre a dose efetiva e a 
tóxica, e consequentemente maior a segurança que o tratamento oferece.
Para mais informações sobre a interferência da ação de medicamentos sobre a 
terapia fonoaudiológica, acessar: 
SILVA, A. P. et al. A farmacovigilância na reabilitação fonoaudiológica de pacientes 
com doenças neurológicas. O Mundo da Saúde, São 
Paulo, v. 32, n. 2, p. 229-237, abr./jun. 2008. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/periodicos/mundo_saude_artigos/farmacovigilancia_fonoaudiologi-
ca_neurologicas.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2019.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, finalizamos nossa Unidade II. Nesta unidade, pudemos conhecer os processos 
farmacocinéticos e farmacodinâmicos e compreender o caminho percorrido pelos fármacos 
desde sua entrada, até sua eliminação do organismo, bem como os mecanismos de ação pelos 
quais os fármacos atuam para exercer seus efeitos terapêuticos e/ou adversos. Além disso, ainda 
foram discutidos os fatores que influenciam cada etapa farmacocinética e farmacodinâmica.
Na próxima unidade, iniciaremos o estudo das classes farmacológicas.
Bons estudos e até lá!
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 34
1. SISTEMA NERVOSO ................................................................................................................................................ 35
1.1 VISÃO GERAL DO SISTEMA NERVOSO ................................................................................................................. 35
1.2 CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO ....................................................................................................................... 36
1.2.1 NEURÔNIOS ......................................................................................................................................................... 36
1.2.2 CÉLULAS DA GLIA ............................................................................................................................................... 39
2. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ......................................................................................................................... 40
2.1 TRANSMISSÃO COLINÉRGICA ............................................................................................................................. 45
2.1.1 FÁRMACOS QUE AGEM NA TRANSMISSÃO COLINÉRGICA ............................................................................ 45
2.1.1.1 AGONISTAS MUSCARÍNICOS .......................................................................................................................... 45
2.1.1.2 ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS ................................................................................................................... 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................51
FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO 
AUTÔNOMO
PROF.A DRA VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
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INTRODUÇÃO
Olá, prezado(a) aluno(a)!
Bem-vindo(a) à nossa Unidade III da disciplina Farmacologia para Fonoaudiologia.
 O sistema nervoso tem apenas 2 kg, e corresponde a 3% do peso total do corpo, 
entretanto é o mais complexo de todos os sistemas do corpo. O sistema nervoso é responsável 
por uma gama de tarefas complexas, é capaz de detectar, transmitir, analisar, utilizar informações, 
perceber calor, luz, energia mecânica e modificações químicas do ambiente externo e interno. 
Ainda é capaz de organizar e coordenar as funções do organismo, entre as quais as funções 
motoras, viscerais, endócrinas e psíquicas. O sistema nervoso apresenta uma divisão funcional, 
denominado sistema nervoso autônomo, responsável pela manutenção das funções viscerais do 
organismo, agindo de maneira involuntária. Este, por sua vez, se divide em sistema simpático, 
parassimpático e entérico. Considerando a importância do sistema nervoso autônomo para a 
manutenção da vida, e que hoje existem meios farmacológicos que podem mimetizar ou interferir 
nesse sistema, o foco desta unidade é a transmissão química no sistema nervoso autônomo 
periférico e as diversas maneiras pelas quais o processo pode ser modificado farmacologicamente.
 Este material foi elaborado com o intuito de descrever o sistema nervoso, bem 
como as suas células, principalmente a unidade funcional desse sistema, que é o neurônio, 
e suas divisões anatômicas, sistema nervoso central e sistema nervoso periférico. Depois 
abordaremos o sistema nervoso autônomo, uma subdivisão do sistema nervoso periférico, e suas 
vias, principalmente a via colinérgica, que se refere à via farmacológica onde a acetilcolina é 
seu principal neurotransmissor. Iniciaremos também as principais intervenções farmacológicas 
da transmissão colinérgica, fármacos que agem de forma agonista ou antagonista a acetilcolina. 
Bons estudos!
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1. SISTEMA NERVOSO
1.1 Visão Geral do Sistema Nervoso 
O sistema nervoso (SN) é um sistema bastante complexo, composto basicamente por dois 
tipos celulares: os neurônios, que representam as células nervosas que permitem a transmissão 
das informações, e as células da glia, também chamadas de neuroglias, que suportam e nutrem o 
SN. Esse sistema pode ser dividido em duas partes: o sistema nervoso central (SNC), que engloba 
o encéfalo e a medula espinal; e o sistema nervoso periférico (SNP), composto por todas as 
estruturas nervosas que se encontram fora da parte central, como os nervos (feixe de centenas a 
milhares de axônios) cranianos e espinais e seus ramos, os gânglios (corpos celulares de neurônios 
que se encontram fora do SNC), os plexos entéricos e os receptores. 
Funcionalmente, a parte periférica do SN é dividida em três componentes funcionais: 
(1) parte somática do SN, (2) divisão autônoma do SN e (3) parte entérica do SN (Figura 1). A 
parte somática do SN é constituída pelos neurônios sensitivos, chamados de neurônios sensitivos 
somáticos, que por meio dos receptores sensoriais que estão difundidos por todo o corpo 
monitoram continuamente as condições dos meios interno e externo do corpo. A função da 
porção somática, portanto, é garantir que a informação sensorial, vinda de receptores localizados 
em toda a superfície do corpo e de algumas estruturas profundas, chegue ao SNC pelos nervos 
periféricos, havendo o influxo de informação. Essa informação proveniente desses neurônios 
sensitivos é analisada pelo SNC (interneurônios), que determina ou não uma resposta; caso uma 
ação seja necessária, o SNCenviará a resposta via neurônios eferentes, que participam do efluxo 
de informações. 
A resposta enviada via neurônios eferentes controla: (1) a contração dos músculos 
esqueléticos apropriados, por todo o corpo; (2) a contração da musculatura lisa dos órgãos 
internos; (3) a secreção de substâncias químicas pelas glândulas exócrinas e endócrinas que agem 
em diversas partes do corpo. São ações que coletivamente são chamadas de funções motoras, 
e os músculos e glândulas são denominados efetores, porque são as estruturas anatômicas que 
verdadeiramente executam as funções ditadas pelos sinais nervosos. Entretanto, os neurônios 
eferentes se subdividem. Há os que controlam os músculos esqueléticos, ou seja, são respostas 
motoras conscientemente controladas e voluntárias. São chamados de neurônios motores 
eferentes, que compõem a via motora somática, a primeira classificação funcional já detalhada 
acima. 
Quando esses neurônios controlam os músculos liso e cardíaco, as glândulas exócrinas, 
algumas glândulas endócrinas e alguns tipos de tecido adiposo, são denominados neurônios 
motores autônomos, e fazem parte da segunda classificação: a divisão autônoma do SN. Logo, 
a divisão autônoma do SN controla respostas motoras que normalmente não estão sob controle 
consciente; a ação é involuntária. 
De maneira mais específica, os neurônios que conduzem as informações para o SNC, a 
partir dos receptores sensoriais autônomos localizados basicamente nos órgãos viscerais (órgãos 
musculares lisos no tórax, abdome e pelve), são chamados de neurônios sensitivos autônomos. 
E os neurônios que enviam a resposta são os neurônios motores autônomos, essa parte motora 
da divisão autônoma do SN, ou seja, a parte do SN autônomo que envia as respostas vindas 
do SNC, ainda se divide em duas partes: os ramos simpático e parassimpático, os quais podem 
ser distinguidos por sua organização anatômica e pelas substâncias químicas que eles utilizam 
para se comunicar com as suas células-alvo. Basicamente, a parte simpática se vincula a ações 
relacionadas ao exercício ou a ações de emergência, as assim chamadas respostas de “luta ou 
fuga”; já a parte parassimpática controla as atividades de “repouso e digestão”. 
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A terceira divisão do SN, parte entérica do SN, engloba uma rede de neurônios presente 
na parede do trato digestório, que são frequentemente controlados pela divisão autônoma do SN, 
mas também podem funcionar de maneira independente como seu próprio centro integrador; 
são caracterizados por ações involuntárias. Os neurônios sensitivos são responsáveis pela 
detecção das alterações no trato gastrointestinal. Já os neurônios motores controlam a contração 
do músculo liso e as secreções dos órgãos do trato gastrointestinal. 
1.2 Células do Sistema Nervoso
As células do SN, neurônios e células da glia, se combinam de diversas formas em 
regiões diferentes do sistema nervoso, formando redes de processamento complexas. O sistema 
nervoso central contém mais de 100 bilhões de neurônios, células geralmente com longos 
prolongamentos. Os vários tipos de células da glia sustentam os neurônios e participam de outras 
funções importantes, têm um tamanho menor que os neurônios, mas superam em até 25 vezes o 
número de neurônios.
Figura 1 – Organização funcional do sistema nervoso. DASN: divisão autônoma do sistema nervoso; PESN: parte 
entérica do sistema nervoso; PCSN: parte central do sistema nervoso; PSSN: parte somática do sistema nervoso; 
SNP: sistema nervoso periférico. Fonte: Tortora e Nielsen (2013).
1.2.1 Neurônios
Os neurônios representam a unidade funcional do SN, possuem uma estrutura básica 
que contém um corpo celular e prolongamentos ou processos que se estendem do corpo celular. 
Os prolongamentos são classificados conforme sua funcionalidade: são denominados dendritos 
os processos que recebem os sinais de entrada, e denomina-se axônio os prolongamentos que 
conduzem informações de saída (Figura 2). Os neurônios são células que apresentam excitabilidade 
elétrica, propriedade de responder a alterações do meio em que se encontram (estímulos) com 
modificações da diferença de potencial elétrico que existe entre as superfícies externa e interna 
da membrana celular. Essa propagação constitui o que se denomina impulso nervoso, cuja função 
é transmitir informações a outros neurônios, músculos ou glândulas. O corpo celular é o centro 
de controle, contém núcleo, citoplasma e organelas típicas. Os dendritos são curtos, afilados e 
muito ramificados, sua função é receber os estímulos. Já o axônio conduz os sinais de saída, sua 
extensão varia de um milímetro até um metro ou mais. 
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Geralmente é um prolongamento único, mas pode apresentar axônios colaterais, na parte 
final do axônio; ele se divide em muitos prolongamentos denominados terminações axônicas. Os 
neurônios podem ser classificados quanto à sua estrutura em:
• Neurônios multipolares: apresentam vários dendritos e um axônio, representados pelos 
interneurônios e os neurônios eferentes motores. 
• Neurônios bipolares: exibem um dendrito principal estendendo-se do corpo celular e um 
axônio. São encontrados em áreas sensoriais, como retina e orelha interna.
• Neurônios pseudounipolares: apresentam o axônio e o dendrito próximos e fundidos e o 
corpo celular lateralmente localizado e também são neurônios sensitivos.
• Neurônios anaxônicos: possuem diversos dendritos, mas não apresentam axônio 
identificável.
A informação é transmitida no SN, primordialmente, na forma de potenciais de ação, os 
chamados impulsos nervosos, que se propagam por sucessão de neurônios, um após o outro. O 
local onde ocorre a comunicação entre dois neurônios ou entre um neurônio e uma célula efetora 
é chamado sinapse. O neurônio que transmite um sinal para a sinapse é denominado célula pré-
sináptica, o neurônio que recebe o sinal é chamado de célula pós-sináptica, e entre essas células 
encontra-se a fenda sináptica. A célula pré-sináptica libera no seu terminal a substância química 
chamada neurotransmissor, que se difunde através da fenda sináptica e se liga a um receptor de 
membrana localizado na célula pós-sináptica, gerando excitação, inibição ou ainda modificando 
a sensibilidade dessa célula.
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Figura 2 – Anatomia do neurônio e sua classificação. Fonte: Silverton (2017).
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1.2.2 Células da glia
As células gliais do SN variam conforme a sua localização. No SNP, existem dois tipos: 
as células de Schwann e as células satélite. Já o SNC possui quatro tipos de células diferentes: os 
oligodendrócitos, os astrócitos, a micróglia e as células ependimárias (Figura 3).
As células de Schwann no SNP e os oligodendrócitos no SNC são responsáveis pela 
formação e manutenção do revestimento protetor em torno dos axônios, por meio da formação 
da mielina, uma substância composta por várias camadas concêntricas de fosfolipídios de 
membrana. Essa mielina mantém e isola os axônios, e também acelera a condução do impulso 
nervoso.
As células satélites, pertencentes ao SNP, circundam os corpos celulares dos neurônios 
do SNP, formando cápsulas de suporte. Ainda regulam a troca de substâncias entre os corpos das 
células neuronais e o líquido intersticial.
Os astrócitos são células do SNC que possuem diversas ramificações e formam uma rede 
funcional, comunicando-se uns com os outros através de junções comunicantes. Os astrócitos 
participam das sinapses, capturando substâncias químicas. Suportam os neurônios por meio 
de seus microfilamentos, fornecem ATPaos neurônios, mantêm a homeostasia do líquido 
extracelular. Os prolongamentos dos astrócitos se associam aos capilares sanguíneos e secretam 
substâncias químicas que mantêm as características de permeabilidade exclusivas das células 
endoteliais, fazendo parte da barreira hematencefálica.
As células da micróglia são pequenas e alongadas, com prolongamentos curtos e 
irregulares, e atuam como fagócitos. Elas são células especializadas do sistema imune que residem 
permanentemente no SNC. Quando ativadas, removem fragmentos celulares, células danificadas 
e fagocitam invasores.
As células ependimárias são células que revestem os ventrículos do cérebro e o canal 
central da medula espinal. Um tipo celular especializado que cria uma camada epitelial com 
permeabilidade seletiva, o epêndima, o qual separa os compartimentos líquidos do SNC. 
Funcionalmente, as células ependimárias produzem e auxiliam na circulação do líquido 
cerebrospinal.
Figura 3 – Tipos de células da glia. Fonte: Silverton (2017).
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Em relação à substância branca e substância cinzenta, no SNC, há uma segre-
gação entre os corpos celulares dos neurônios e os seus prolongamentos; assim, 
algumas regiões parecem brancas e brilhantes, enquanto outras parecem cinza. 
Portanto, a substância cinzenta, principalmente os corpos celulares neuronais e 
seus dendritos, pode conter também axônios não mielinizados e células da glia. 
Essa coloração se dá, devido a um componente do corpo celular denominado 
corpúsculo de Nissl, que macroscopicamente apresenta essa cor acinzentada. Já 
na substância branca, não há corpos neuronais, mas sim prolongamentos neuro-
nais, os axônios mielinizados e não mielinizados e também células da glia. Devido 
à grande quantidade de mielina nesses locais, um material de coloração esbran-
quiçada, essas regiões são denominadas substância branca.
2. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
O SNA, como o próprio nome diz, é autônomo, ou seja, suas atividades não estão sob um 
controle consciente direto. Suas principais funções são as viscerais, como débito cardíaco, controle 
da musculatura lisa, fluxo sanguíneo, glândulas exócrinas e digestão. O SNA é composto de três 
divisões anatômicas principais: a simpática, a parassimpática e o SN entérico. Existe uma ligação 
entre o SNC e os órgãos periféricos que são vinculados pelos sistemas simpático e parassimpático. 
Assim, o SNA conduz informações vindas do SNC, exceto para músculos esqueléticos (que faz 
parte do sistema somático, ou seja, voluntário). E não é capaz de funcionar sem o SNC. Já o 
SN entérico é composto por plexos nervosos intrínsecos do trato gastrointestinal, que estão 
intimamente interconectados com os sistemas simpático e parassimpático. E seu funcionamento 
é independente do SNC, devido aos seus recursos integrativos.
Os neurônios da via autônoma que se originam no SNC são denominados neurônios 
(ou fibras) pré-ganglionares, neurônios que terminam em gânglios; a partir do gânglio, tem-
se o segundo neurônio, que é chamado de neurônio pós-ganglionar, que tem suas terminações 
nervosas nos tecidos. Nos gânglios, que se localizam fora do sistema nervoso central, ocorrem 
as sinapses. É o local onde se encontram as terminações nervosas, fibras pré-ganglionares e os 
corpos celulares dos neurônios pós-ganglionares. Na via simpática, os gânglios se localizam na 
cadeia simpática paravertebral, já na via parassimpática os gânglios são isolados e encontrados 
apenas na cabeça e no pescoço (Figura 4).
A ação do SNA é de vital importância para o bem-estar do organismo, ele regula a 
constância do meio interno. A atuação do simpático e do parassimpático em alguns locais produz 
efeitos opostos, porém em outros locais apenas uma divisão do sistema autônomo opera. Cada 
um tem sua própria função fisiológica e pode estar mais ou menos ativo em determinado órgão ou 
tecido de acordo com a necessidade do momento. Normalmente o sistema simpático age de forma 
contínua, entretanto ele é acionado nas reações de “luta ou fuga” em situações de emergência. Já o 
parassimpático é organizado primordialmente para descargas limitadas e localizadas (Figura 5). 
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Figura 4 – Sistema nervoso autônomo. C: cervical; GI: gastrointestinal; L: lombar; S: sacral: T: torácico. Fonte: Rang 
et al. (2016).
Os termos simpático e parassimpático são designados para distinção anatômica, e 
não dependem do tipo de neurotransmissor químico liberado das terminações nervosas. 
Os dois principais neurotransmissores que operam no sistema autônomo são a acetilcolina e 
a norepinefrina. Os neurônios pré-ganglionares liberam acetilcolina e via de regra agem nos 
receptores nicotínicos, entretanto uma pequena parte pode ativar receptores muscarínicos nos 
gânglios autônomos. Depois os neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático liberam 
acetilcolina, que age em receptores muscarínicos dos tecidos-alvo. Já no sistema simpático 
pode haver liberação tanto de norepinefrina, que estimula receptores α ou β-adrenérgicos, ou 
acetilcolina, que age sobre receptores muscarínicos. As fibras que funcionam pela liberação de 
acetilcolina são chamadas de colinérgicas, no caso, todas as fibras pré-ganglionares. Já as fibras 
que liberam norepinefrina são conhecidas como fibras adrenérgicas, ou noradrenérgicas (Figura 
6). Além disso, é importante saber que as fibras colinérgicas e adrenérgicas respondem a outras 
substâncias como: ATP, neuropeptídeo Y (NPY), ou derivadas de outras fontes, que incluem 
óxido nítrico, prostaglandinas, adenosina, dopamina, 5 hidroxitriptamina, GABA, peptídeos 
opioides, endocanabinoides, entre outras. 
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Figura 5 – Efeitos do SNA nos sistemas orgânicos. a: Outros transmissores químicos diferentes da acetilcolina e no-
repinefrina contribuem para essas respostas; b: Os efeitos vasodilatadores dos receptores M3 resultam da liberação 
do óxido nítrico (por células endoteliais); c: Efeito resultante da epinefrina liberada da suprarrenal (sem enervação 
direta). Fonte: Rang et al. (2016).
Figura 6 – Acetilcolina e norepinefrina no sistema nervoso periférico. ACh: acetilcolina; nic: receptor nicotínico; 
mus: receptor muscarínico; α ou β: receptores adrenérgicos; NE: norepinefrina. Fonte: Rang et al. (2016).
Os eventos envolvidos na neurotransmissão, bem como a sua sequência, precisam ser 
entendidos, devido ao fato de que os agentes farmacológicos modulam de forma individual cada 
passo. Brevemente, a título de relembrar a fisiologia de uma sinapse, revisaremos o que ocorre na 
sinapse. A transmissão do sinal inicia-se a partir de um potencial de ação que levará a condução 
do impulso nervoso ao longo do axônio pré-sináptico. A membrana desse neurônio apresenta 
vários canais de cálcio dependentes de voltagem. Quando o potencial de ação despolariza a 
membrana pré-sináptica, esses canais de cálcio se abrem e permitem a passagem de inúmeros 
íons cálcio para o terminal pré-sináptico. 
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Quando os íons cálcio entram no terminal pré-sináptico, se ligam a moléculas de proteínas 
especiais, que, por sua vez, provocam a abertura dos sítios de liberação através da membrana, 
permitindo que algumas vesículas, contendo os neurotransmissores, liberem seu conteúdo na 
fenda sináptica, após cada potencial de ação. A célula pós-sináptica (que pode ser um neurônio 
ou uma célula efetora) apresenta um grande número de proteínas receptoras (ou receptores) às

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