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FARMACOLOGIA PROF.A DRA. VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica: Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Luana Cimatti Zago Silvério Marta Yumi Ando Renata da Rocha Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Aliana de Araujo Camolez © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................5 1. CONCEITOS GERAIS EM FARMACOLOGIA ........................................................................................................6 1.1 ENSAIOS CLÍNICOS ............................................................................................................................................7 1.1.1 FASE I .................................................................................................................................................................7 1.1.2 FASE II ...............................................................................................................................................................7 1.1.3 FASE III ..............................................................................................................................................................7 1.1.4 FASE IV ..............................................................................................................................................................7 1.2 MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA.....................................................................................................................8 1.3 MEDICAMENTO GENÉRICO...............................................................................................................................9 1.4 MEDICAMENTO SIMILAR .................................................................................................................................10 2. FORMAS FARMACÊUTICAS ..............................................................................................................................10 CONCEITOS GERAIS, FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA PROF.A DRA. VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FARMACOLOGIA 4WWW.UNINGA.BR 3. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO .................................................................................................................................12 3.1 VIAS ENTERAIS ..................................................................................................................................................12 3.2 VIAS PARENTERAIS ..........................................................................................................................................14 3.3 VIAS TÓPICAS ...................................................................................................................................................14 4. FARMACOCINÉTICA ............................................................................................................................................15 4.1 ABSORÇÃO ........................................................................................................................................................16 4.1.1 VIA DE ADMINISTRAÇÃO ...............................................................................................................................16 4.1.2 VARIABILIDADE BIOLÓGICA .......................................................................................................................... 17 4.1.3 CIRCULAÇÃO NO LOCAL DE ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................... 17 4.1.4 ÁREA DE ABSORÇÃO...................................................................................................................................... 17 4.1.5 SOLUBILIDADE ............................................................................................................................................... 17 4.1.6 PKA DO FÁRMACO E PH DO SÍTIO DE ABSORÇÃO ..................................................................................... 17 4.2 DISTRIBUIÇÃO ..................................................................................................................................................18 4.2.1 IONIZAÇÃO ......................................................................................................................................................18 4.2.2 PERMEABILIDADE CAPILAR ........................................................................................................................18 4.2.3 FLUXO SANGUÍNEO ......................................................................................................................................19 4.2.4 LIGAÇÃO A PROTEÍNAS PLASMÁTICAS ......................................................................................................19 4.3 METABOLIZAÇÃO ..............................................................................................................................................19 4.4 ELIMINAÇÃO .................................................................................................................................................... 20 5. FARMACODINÂMICA ..........................................................................................................................................21 5.1 ALVOS DA AÇÃO DE FÁRMACOS ......................................................................................................................21 5.2 INTERAÇÃO FÁRMACO - RECEPTOR ..............................................................................................................22 5.2.1 FÁRMACOS AGONISTAS ................................................................................................................................23 5.2.2 FÁRMACOS ANTAGONISTAS ....................................................................................................................... 24 5.2.2.1 ANTAGONISMO COMPETITIVO ................................................................................................................ 24 5.2.2.2 ANTAGONISMO NÃO COMPETITIVO ....................................................................................................... 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................275WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Embora reconheçamos a importância dos tratamentos não medicamentosos, como mudança de hábitos alimentares, atividade física, diminuição do consumo de bebidas alcóolicas etc., na prevenção de doenças, melhora da saúde e qualidade de vida das pessoas, o tratamento farmacológico das doenças ainda constitui importante ferramenta para alcançar melhores resultados no restabelecimento da saúde. Os medicamentos apresentam benefícios quando utilizados corretamente, porém podem trazer riscos à população quando prescritos, dispensados, armazenados, administrados ou descartados de maneira incorreta. Assim, o conhecimento sobre esse tema contribui tanto para a e� cácia dos tratamentos quanto para a segurança da população. Elaboramos cuidadosamente um material que contempla os principais tópicos da farmacologia, de modo a colaborar na formação acadêmica de futuros pro� ssionais que irão contribuir para o uso racional de medicamentos. Sendo assim, desejamos a você ótimos momentos de estudo e aprendizado, e, para que possa aproveitar ao máximo o conteúdo deste neste material, não deixe de conferir também os materiais complementares, participar dos fóruns e � car atento a todas as orientações da equipe que o acompanha. Bons estudos! 6WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. CONCEITOS GERAIS EM FARMACOLOGIA O termo farmacologia pode ser de� nido como o estudo da interação de compostos químicos com organismos vivos. Sendo assim, requer tanto o conhecimento das propriedades físicas e químicas dos compostos como a compreensão das ações � siológicas, da absorção, da distribuição, da excreção e dos usos terapêuticos dos fármacos. Nesta unidade, apresentaremos de� nições de conceitos gerais importantes em farmacologia, bem como as principais formas farmacêuticas e vias de administração de medicamentos. Por � m, estudaremos os processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos envolvidos nos tratamentos medicamentosos. Para iniciar a apresentação dos conceitos, trazemos a de� nição de duas palavras que apresentam signi� cados diferentes, porém são comumente utilizadas como sinônimos pela população em geral. Estamos falando de remédio e medicamento. O termo remédio tem signi� cado amplo e se refere a algo que serve para destruir ou minimizar o sofrimento do paciente, podendo tanto ser um fármaco como outros recursos não farmacológicos disponíveis, como sessões de � sioterapia, banhos terapêuticos, massagens etc. Resumindo, aliviou o sofrimento do paciente, pode ser considerado remédio, sendo um medicamento ou não. O termo medicamento refere-se ao produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com as seguintes � nalidades: • Preventiva. Exemplo: vacinas. • Curativa. Exemplo: antibióticos. • Paliativa. Exemplo: analgésico opioide. • Reposição. Exemplo: insulina em pacientes diabéticos tipo I. • Diagnóstico. Exemplo: contrastes utilizados em exames de imagem. Quando conhecemos a diferença entre esses dois conceitos, podemos a� rmar que todos os medicamentos são remédios, mas nem todos os remédios são medicamentos. Outros termos que, para algumas pessoas, podem gerar dúvidas são droga e fármaco. O termo droga pode ser de� nido como toda substância com capacidade de modi� car algum sistema � siológico, que pode ou não apresentar propriedades terapêuticas, pode ser ou não utilizada com a intenção de trazer benefícios para o organismo. Esse conceito é utilizado com muita frequência por pesquisadores no meio acadêmico para descrever substâncias com potencial terapêutico, mas que ainda estão em fase de estudo. Pela população em geral, é comumente usado como sinônimo de substância de abuso. O fármaco é toda substância com estrutura química conhecida e propriedade de modi� car alguma função � siológica ou estado patológico, quando usada com � nalidade preventiva, diagnóstica ou terapêutica. Consiste na substância principal da formulação do medicamento, responsável pelo efeito terapêutico, conhecida também como princípio ativo. Agora que já conhecermos os conceitos básicos relativos aos fármacos, vamos discutir as etapas de testes às quais os medicamentos são submetidos, até que seja autorizada sua comercialização. Esses testes geralmente são realizados em modelos experimentais animais - ensaios pré-clínicos – e, posteriormente, em humanos – ensaios clínicos. 7WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 Ensaios Clínicos Os ensaios clínicos correspondem à pesquisa conduzida em pacientes, ou em voluntários sadios, usualmente, destinada a avaliar um novo tratamento. Os ensaios clínicos são indicados para avaliar a segurança e e� cácia de: • Um novo produto. • Uma nova formulação de um mesmo produto ou associação de produtos já em uso. • Uma nova indicação clínica de um produto já aprovado. Esses ensaios são classi� cados em quatro fases, de acordo com a complexidade, o estágio de desenvolvimento do produto a ser testado e o objetivo da avaliação (Quadro 1). 1.1.1 Fase I Os ensaios desta fase são, geralmente, precedidos de provas em modelos experimentais em animais para avaliar toxicidade e e� cácia. O objetivo principal desta fase de estudo é avaliar a toxicidade e farmacocinética do produto e determinar a posologia segura. São realizados sob rigorosa supervisão médica, usualmente em hospitais, e envolvem um número limitado de voluntários (até 80) adultos saudáveis ou pessoas com a doença especí� ca que a droga se destina a tratar. 1.1.2 Fase II São projetados para avaliar se um medicamento possui atividade biológica e para determinar sua segurança e tolerabilidade. Visa estudar a e� ciência terapêutica, intervalo de dose e parâmetros farmacocinéticos, como a metabolização. Esses estudos podem envolver de 100 a 300 pacientes. 1.1.3 Fase III Destina-se a testar a e� cácia e a segurança por meio de um grande número de voluntários (pode chegar até dez ou vinte mil indivíduos). Nesta fase, são incluídos tratamentos mais prolongados com o fármaco em estudo, visando à � exibilidade na dosagem, bem como à coleta de dados sobre a segurança e a e� cácia dele. Geralmente esses estudos são multicêntricos e internacionais, com grupos de pacientes o mais heterogêneo possível, o que torna seus resultados e suas conclusões mais aceitáveis e aplicáveis. 1.1.4 Fase IV Ocorre após a aprovação para uso e comercialização. Esta fase avalia os resultados associados a uma droga ou intervenção na prática clínica, com o uso na população geral. Os estudos desta fase são chamados de farmacovigilância e têm por objetivo obter mais informações sobre os efeitos do fármaco, suas interações medicamentosas e, sobretudo, ampliar as avaliações de segurança realizadas por intermédio dos estudos farmacoepidemiológicos. 8WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quadro 1 – Fases dos ensaios clínicos necessários para a comercialização de novos fármacos. Fonte: Brunton, Cha- bner e Knollmann (2012). Apesar da importância dos testes pré-clínicos e clínicos, nem todos os medicamentos que serão comercializados passam por todas as etapas descritas. O estudo completo (testes pré- clínicos e clínicos) é realizado apenas pelo laboratório que descobriu a utilidade terapêutica de uma droga. Esse laboratório será o primeiro a comercializá-la. Antes disso, deve con� rmar a segurança e a e� cácia da droga. Os demais laboratórios que irão comercializar preparações farmacêuticas com as mesmas formulações terão de realizar apenas uma parte dos testes clínicos, uma vez que a e� cácia e a segurança do fármaco já foram comprovadas. Os testes necessários dependerão do tipo de medicamento que se deseja registrar. Há três tipos de medicamentos, tendo em vista as exigências de testes para obtenção do seu registro: medicamentos de referência, genéricos e similares. Esses trêstipos apresentam diferenças quanto aos testes realizados nas fases de pesquisa, desenvolvimento e registro dos produtos, o que irá impactar tanto no preço de venda quanto na forma como serão vendidos, podendo ou não ser intercambiáveis. 1.2 Medicamento de Referência Produto inovador (o primeiro a ser lançado contendo certo princípio ativo), registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no país, cuja e� cácia, segurança e qualidade foram comprovadas cienti� camente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro. Serve de parâmetro de e� cácia, segurança e qualidade para os registros de medicamentos genéricos e similares. 9WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Medicamento Genérico Contém o mesmo fármaco (princípio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência. Apresenta a mesma segurança que o medicamento de referência no país, podendo, com este, ser intercambiável. A substituição do medicamento de referência pelo seu genérico é assegurada por testes de bioequivalência, que incluem comparação in vitro, através dos estudos de equivalência farmacêutica, e in vivo, com os estudos de bioequivalência apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde. Quanto à denominação, o genérico possui a denominação genérica do princípio ativo, não possuindo nome comercial. Os medicamentos genéricos são geralmente produzidos após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade dos medicamentos de referência, comprovada a sua e� cácia, segurança e qualidade (Figura 1). Quanto à forma de apresentação, é importante saber que os medicamentos gené- ricos irão apresentar uma faixa amarela na embalagem, onde deverá estar escrito: “Medicamento Genérico”, e a letra G aparecerá em tamanho maior. Logo abaixo, aparecerão as informações referentes à Lei 9.787, de 1999. Dependendo do caso, se for um medicamento de venda sob prescrição médica, a embalagem ainda po- derá apresentar a faixa vermelha ou a faixa preta, para medicamentos capazes de causar dependência (Figura 1). Figura 1 – Medicamento genérico. Fonte: Antunes, 2016. 10WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.4 Medicamento Similar O medicamento similar é aquele que contém o(s) mesmo(s) princípio(s) ativo(s), concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia, indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária. Difere do medicamento de referência em características relativas ao tamanho, forma, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos. Deve sempre ser identi� cado por nome comercial ou marca. A obrigatoriedade da apresentação dos testes de bioequivalência para medicamentos similares teve início em 2003, com a publicação da Resolução RDC 133/2003 e da Resolução RDC 134/2003, que determinam que os medicamentos similares devem apresentar os testes de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica para obtenção do registro. Assim, atualmente, todos os medicamentos similares passam pelos mesmos testes que o medicamento genérico. Para continuarmos o estudo dos medicamentos, é importante conhecer as formas de apresentação desses produtos, denominadas formas farmacêuticas. É o que veremos a seguir. 2. FORMAS FARMACÊUTICAS São as formas físicas de apresentação do medicamento. Foram desenvolvidas para facilitar a administração do fármaco a pacientes de faixas etárias diferentes ou em condições especiais e para permitir seu melhor aproveitamento. A forma farmacêutica se relaciona à via de administração que vai ser utilizada, que é a porta de entrada do medicamento no corpo da pessoa. Pode ser: por via oral, intravenosa, tópica, nasal, entre outras. Detalhes sobre as principais vias de administração serão discutidos mais adiante, ainda nesta unidade. As formas farmacêuticas podem ser classi� cadas em: líquidas, semissólidas e sólidas. Podem constituir sistemas simples ou sistema de liberação controlada de fármacos. As principais formas farmacêuticas são apresentadas no Quadro 2. Assista ao vídeo Signifi cado das tarjas de medicamentos | Coluna #72, do Dr. Drauzio Varella. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZfZWo8o7F90. 11WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Formas Farmacêuticas Líquidas Soluções Preparações líquidas com uma ou mais substâncias químicas, dissolvidas num solvente, mutuamente miscíveis. Suspensões São preparações que contêm partículas de fármaco fi namente divididas, distribuídas de modo uniforme em um veículo no qual o fármaco apresenta mínima solubilidade. Xaropes Formas farmacêuticas aquosas que apresentam, no mínimo, 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua composição, que contêm um ou mais fárma- cos. Formas Farmacêuticas Semissólidas Pomadas São preparações para aplicação externa, que amole- cem ou derretem à temperatura corpórea. O fárma- co é, geralmente, inserido em uma base oleosa. Géis São preparações à base de água, que contêm um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza à solução. Cremes São preparação com parte de água e parte de óleo. Consistem em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Formas Farmacêuticas Sólidas Cápsulas Formas sólidas nas quais os princípios ativos e substâncias inertes são acondicionadas em um re- ceptáculo de gelatina. Comprimidos Formas sólidas obtidas por compressão da mistura de pós, contendo fármaco e adjuvante. Formas Gasosas Sistemas de gás comprimido ou aerossóis Geralmente são soluções associadas a gases. An- tigamente o gás mais utilizado era o CFC (cloro- fl uorcarbono), porém foi substituído pelos hidrocar- bonetos (n-butano, propano, isobutano), que são infl amáveis, mas pouco tóxicos e mais baratos. Quadro 2 – Formas farmacêuticas. Fonte: Allen Jr., Popovich e Ansel (2007). Algumas formas farmacêuticas, como os comprimidos revestidos, podem apresentar sistemas modi� cados de liberação. Nesse caso, o fármaco é ligado a um transportador (carreador) responsável por: potencialização do efeito terapêutico, controle da absorção, distribuição tecidual ou redução dos efeitos toxicológicos. Para saber mais sobre sistemas de liberação, sugerimos a leitura do artigo Siste- mas de liberação controlada, de Henrique, Falcare e Lopes, publicado pela Phar- macia Brasileira em nov./dez. 2006. Disponível em: http://www.cff.org.br/siste- mas/geral/revista/pdf/11/22.pdf. 12WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO A via de administração do medicamento é o caminho pelo qual ele é colocado em contato com o organismo. Para que o efeito terapêutico seja obtido, além da escolha do fármaco correto, a escolha da via de administração também é essencial. Essa escolha leva em consideração os seguintes fatores: • Rapidez de ação desejada. • Duração do tratamento. • Efeito (local ou sistêmico). • Natureza do fármaco. • Forma farmacêutica (liberação lenta ou rápida do princípio ativo). • Idade do paciente. • Obediência do paciente ao regime terapêutico. De forma didática, classi� camos as vias de administração em vias enterais, parenterais e tópicas. O conhecimento das vantagens e desvantagens das diferentes vias de administração é fundamental para a indicação mais segura e e� caz. 3.1 Vias Enterais Fármacos administrados por essa via podem ser absorvidos, alcançar a circulação sanguínea e exercer efeitos sistêmicos. São as vias mais comuns de administração de fármacos para tratamentos ambulatoriais. Como exemplos das vias enterais, temos: via oral, sublingual e retal. O Quadro 3, a seguir, mostra uma lista de vantagense desvantagens das vias enterais. Recomendamos o vídeo Pesquisa Clínica, o qual traz uma abordagem lúdica sobre o tema. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nk177LhhbMs. 13WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VIA ORAL: o medicamento é ingerido pela boa e sua absorção ocorre no estômago ou no intestino. Vantagens Desvantagens • Maior segurança, pois permite maior possibilidade de intervenções nos casos de intoxicações. • Menor risco de contaminação e má administração. • Comodidade, permite autoadministração. • Baixo custo. • Absorção variável. • Período de latência: médio a longo. • Interferência do suco gástrico. • Interação com alimentos. • Não aplicável a pacientes inconscientes. • Sabor desagradável. • Efeito de primeira passagem. VIA SUBLINGUAL: o medicamento é depositado debaixo da língua e é absorvido pelas mucosas si- tuadas na região sublingual, que são altamente vascularizadas. Vantagens Desvantagens • Fácil acesso e aplicação. • Latência curta. • Útil em casos de urgência. • Imprópria para pacientes inconscientes. • Irritação da mucosa. • Difi culdade em pediatria. VIA RETAL: a administração é realizada por meio de supositório. Vantagens Desvantagens • Útil na impossibilidade de uso da via oral. • Menor efeito de primeira passagem. • Lesão da mucosa. • Incômodo. • Expulsão. • Absorção variável. Quadro 3 – Vias enterais. Fonte: A autora. As principais formas farmacêuticas utilizadas para a administração oral de psicotrópicos incluem comprimidos, cápsulas e soluções (líquido/gotas) (Figura 2). Já a administração sublingual utiliza, principalmente, fármacos na forma de comprimidos sublinguais. Figura 2 – Formas farmacêuticas mais utilizadas. Fonte: Batista (2012). 14WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2 Vias Parenterais Utilizam dispositivos que auxiliam a administração dos medicamentos, como seringas e agulhas, por exemplo. A administração parenteral pode ser utilizada quando a via enteral é impossível, porém requer formulação estéril, bem como uma técnica asséptica da administração que deve ser realizada por pessoal treinado. Pode se dolorosa e ocorrer irritação no local da injeção. VIA INTRAMUSCULAR: o medicamento é depositado profundamente no tecido muscular, o qual é bastante vascularizado, podendo absorver rapidamente ou lentamente. Vantagens Desvantagens • Fácil aplicação. • Efeito rápido (soluções aquosas). • Efeito lento/prolongado (via de depósito para soluções oleosas). • Dolorosa. • Não suporta grandes volumes. • Efeito de primeira passagem. VIA ENDOVENOSA: o medicamento é depositado diretamente na circulação venosa. Vantagens Desvantagens • Efeito imediato. • Controle da dose. • Admite grandes volumes. • Efeito imediato (maior risco). • Maior risco de intoxicação. • Risco de acidente tromboembólico. Quadro 4 – Vias parenterais: Fonte: A autora. As formas farmacêuticas utilizadas para a vias enterais são soluções ou suspenções líquidas estéreis (Figura 2). Para a via endovenosa, o líquido deve ser obrigatoriamente hidrossolúvel (compatível com o plasma sanguíneo). Para a administração intramuscular, pode ser hidrossolúvel (ação rápida) ou lipossolúvel (ação lenta). 3.3 Vias Tópicas Na administração por via tópica, o medicamento é depositado diretamente sobre o tecido ou órgão afetado. Visa à obtenção de uma ação local, de modo a que os princípios ativos passem em quantidade diminuta para a circulação sanguínea, evitando os efeitos sistémicos. Sugerimos a leitura do material didático Uso racional de medicamentos, aula 4, “O processo de desenvolvimento de um medicamento: da pesquisa até o uso pela população”. Disponível em: https://extensao.cecierj.edu.br/material_didatico/ sau2203/pdfs/aula04.pdf. 15WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Exemplos de vias tópicas: • Vias cutânea (administração sobre a pele). • Via ocular ou conjuntival (administração sobre a conjuntiva do olho). • Via otológica (administração pelo ouvido). • Via vaginal (administração dentro da vagina). 4. FARMACOCINÉTICA A área da farmacologia que explica a movimentação dos fármacos no corpo, do momento de sua administração até sua saída do organismo, é a farmacocinética. Considerando que essa movimentação é realizada por processos � siológicos, podemos dizer que a farmacocinética é o que o corpo faz com a droga. São as etapas envolvidas nesse processo que estudaremos nesta unidade. O conhecimento da farmacociné tica permite otimizar os efeitos do fármaco, aumentando as chances de sucesso terapêutico, além de evitar e tratar eventuais interações medicamentosas, efeitos adversos e intoxicações causadas por esses agentes. Do momento da administração até a saída do corpo, os fármacos passam por diversos compartimentos. Seu deslocamento é in� uenciado tanto por características do ambiente � siológico onde ele se encontra como por características do próprio fármaco. Para exercer efeito terapêutico, a maioria dos fármacos deve satisfazer certas exigências mínimas para ter efetividade clínica. Uma delas é a capacidade de atravessar as barreiras � siológicas que existem no corpo para limitar o acesso das substâncias estranhas. Os fármacos atravessam as membranas por processos de transporte passivo (do meio mais concentrado, onde foi depositado na administração, para o meio menos concentrado; por exemplo, do estômago para a circulação sanguínea); ou por transporte ativo, contra o gradiente de concentração. Ou seja, do meio menos concentrado para o meio mais concentrado, com gasto de energia na forma de ATP (Figura 3). Figura 3 – Transporte através de membranas. Fonte: Aprile (2013). 16WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Agora que já conhecemos as formas de transporte de fármacos através das membranas biológicas, vamos estudar as etapas pelas quais ele passa após sua administração. Podemos dividir a farmacocinética em quatro processos principais: absorção, distribuição, metabolismo e excreção/eliminação – ADME. Falaremos sobre eles a seguir. Figura 4 – Os princípios da ADME (absorção, distribuição, metabolização e eliminação). Fonte: Ferreira, Borges e Leão (2016). 4.1 Absorção É de� nida como a passagem de uma substância de seu local de administração para a circulação sanguínea local. No caso de formas farmacêuticas sólidas, a absorção depende inicialmente da dissolução do comprimido ou da cápsula, que, então, libera o fármaco. Essa etapa farmacocinética pode ser in� uenciada por diversos fatores, tais como: 4.1.1 Via de administração A escolha da via de administração pode in� uenciar tanto a absorção quanto o tempo de latência para se observar os efeitos terapêuticos. Para compreender melhor essa in� uência, basta comparar a rapidez do efeito observado quando um mesmo fármaco é administrado por duas vias diferentes. Exemplo: o tempo de latência da administração via oral sempre será maior do que das vias sublingual e endovenosa. Por esse motivo, essas duas últimas vias são preferidas para situações de emergência. Essas variações se devem a diferenças na quantidade de membranas que precisam ser atravessadas pelos fármacos administrados pelas vias sublingual e endovenosa. Por ser considerada como processo de passagem até o sangue, a etapa de absorção não existe para os fármacos administrados por via endovenosa, pois, por essa via, os fármacos já são depositados no sangue. 17WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.1.2 Variabilidade biológica Decorre de diferenças � siológicas observadas entre indivíduos, por exemplo, a velocidade de trânsito intestinal. Em indivíduos com trânsito mais lento, os medicamentos podem � car mais tempo em contato com as mucosas intestinais e, assim, apresentar variações quanto à taxa de absorção. 4.1.3 Circulação no local de administraçãoQuanto maior a circulação sanguínea no local de depósito do fármaco, melhor a absorção. 4.1.4 Área de absorção Quanto maior a área exposta ao fármaco, melhor e, na maioria das vezes, mais rápida a absorção. Órgãos com grandes superfícies de contato, como o pulmão e o intestino, quando forem locais de depósito de fármacos, podem resultar em um menor tempo de latência, comparados ao mesmo fármaco administrado pela via oral. No caso da via oral, ainda devemos considerar a presença de alimentos no estômago, o que pode aumentar o período de latência. 4.1.5 Solubilidade Considerando que as membranas � siológicas são constituídas por células, que possuem como envoltório a bicamada fosfolipídica, é importante sabermos que os fármacos precisam ser lipossolúveis o su� ciente para atravessar essas bicamadas. 4.1.6 pKa do fármaco e pH do sítio de absorção As moléculas do fármaco podem se apresentar na forma não ionizada, ou seja, sem cargas, que é a forma mais lipossolúvel (melhor absorvida); ou na forma ionizada, por interações com componentes do meio. Nesta, por apresentar cargas, as moléculas são mais hidrossolúveis e, portanto, menos absorvidas. A forma predominante será determinada pelo pKa do fármaco e pH do sítio de absorção. O pKa se refere à constante de dissociação e é de� nido pelo pH, em que 50% da droga encontra- se no estado ionizado e 50% em estado não ionizado. Drogas com pKa ácido (menor que 7), em meio com pH também ácido (por exemplo, o estômago), terão sua absorção favorecida. A mesma regra vale para drogas com pKa básico (maior que 7), em meio básico, também terão sua absorção favorecida. De forma oposta, drogas com pKa básico, no meio ácido, ou drogas com pKa ácido, no meio básico, encontram-se predominantemente na forma ionizada e terão sua absorção diminuída. 18WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Após a droga alcançar a corrente sanguínea, é necessário que ela alcance seu sítio de ação, e a esse movimento denominamos distribuição. 4.2 Distribuição Distribuição é a passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os tecidos, quando o fármaco reversivelmente abandona o leito vascular e entra no líquido extracelular e/ou nas células dos tecidos. Assim como na absorção, certos fatores ligados ao fármaco e fatores � siológicos também podem interferir na distribuição, por exemplo: 4.2.1 Ionização Fármacos ionizados (com cargas) têm di� culdade de deixar a circulação em direção a outras regiões do organismo. 4.2.2 Permeabilidade capilar Em estruturas nobres do organismo, existem barreiras especí� cas, com o objetivo de protegê-las da ação de substâncias potencialmente tóxicas. São elas: • Barreira hematoencefálica - localizada no sistema nervoso. • Barreira placentária - localizada na placenta. • Barreira hematotesticular - localizada na região dos testículos. Os capilares que formam essas barreiras apresentam células muito justapostas, o que di� culta a saída de drogas da circulação sanguínea em direção ao tecido cerebral. Drogas ácidas são melhor absorvidas em meio ácido. Drogas básicas são melhor absorvidas em meio básico. Considerando as semelhanças entre a barreira hematoencefálica e a placentária, é possível compreender porque o uso de drogas de abuso pode ser prejudicial durante a gestação. Para as drogas de abuso, como o álcool, por exemplo, exer- cerem seu efeito, precisam alcançar o cérebro. Se são capazes de alcançar a cir- culação cerebral, serão também capazes de alcançar a circulação fetal, podendo comprometer o desenvolvimento fetal, provocando futuras doenças no indivíduo em formação. No caso do álcool, uma das consequências é a síndrome alcoólica fetal. 19WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.2.3 Fluxo sanguíneo Quanto mais irrigado for o órgão, maior a quantidade de fármaco que deve chegar a ele e, consequentemente, mais moléculas do fármaco podem alcançar essa região. 4.2.4 Ligação a proteínas plasmáticas Ao alcançarem a circulação sanguínea, os fármacos podem se ligar em diferentes proporções às proteínas plasmáticas. Como essas proteínas não passam através das paredes capilares, a ligação do fármaco a elas pode retê-lo no espaço vascular por um determinado tempo. Nesse sentido, apenas a fração do fármaco livre (não ligado) é que atravessará as membranas, tornando-se disponível para interações com receptores nos órgãos-alvo. Ou seja, é ela que exercerá o efeito farmacológico, sendo, assim, chamada de fração farmacologicamente ativa. Já a fração do fármaco que � cou ligada às proteínas plasmáticas é considerada farmacologicamente inerte. Os fármacos são eliminados pelo processo de excreção em sua forma original, ou são convertidos em metabólitos. Os compostos hidrossolúveis são eliminados mais facilmente. Já os fármacos lipossolúveis precisam ser metabolizados em compostos mais hidrossolúveis para que possam ser eliminados também. É sobre esse processo de metabolização que vamos falar a seguir. 4.3 Metabolização A metabolização tem como principal objetivo a conversão de fármacos em metabólitos (produtos da metabolização) mais hidrofílicos, capazes de serem eliminados mais facilmente pelos órgãos excretores, por exemplo, rim – urina. Além disso, a metabolização ainda contribui para a cessação das atividades biológica e farmacológica dos compostos. Na maioria dos casos, a metabolização gera compostos inativos mais polares, facilmente excretados pelo organismo. Entretanto, em alguns casos, a molécula original do fármaco pode ser pouco ou não ser farmacologicamente e� caz, mas, após ser metabolizada, origina metabólitos mais e� cazes. Nos casos em que a forma ativa do fármaco é o seu respectivo metabólito, dizemos que se trata de um pró-fármaco. A metabolização de fármacos é realizada principalmente por enzimas hepáticas, que podem ser induzidas ou inibidas. Diferenças nas taxas de metabolização entre um indivíduo e outro podem resultar em diferentes respostas farmacológicas frente à mesma dose administrada. O aumento na fração do fármaco livre (não ligado à proteína) resultará em maior quantidade de fármaco capaz de deixar a circulação, o que poderá resultar em efeitos tóxicos. Essa situação pode acometer pacientes com desnutrição protei- ca, por exemplo, e exige ajuste na dose. 20WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O uso concomitante de indutores e inibidores enzimáticos altera a etapa de metabolização e, consequentemente, altera o tempo de meia vida da droga (t1/2). O t1/2 se refere ao tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja reduzida pela metade. O uso de indutores reduz o t1/2 de algumas drogas, e o uso de inibidores aumenta esse tempo. Nos dois casos, os níveis terapêuticos poderão ser corrigidos com ajuste da dose. Na forma hidrossolúvel, os fármacos ou seus metabólitos estão prontos para deixar o organismo. 4.4 Eliminação A eliminação consiste na saída do fármaco do organismo. A principal forma de eliminação de drogas é pela via renal. Os rins são os órgãos mais importantes para a excreção dos fármacos e seus metabólitos. Devido ao caráter aquoso da urina, a excreção renal baseia-se na natureza hidrofílica do fármaco ou seu metabólito. Nesse momento, deseja-se o oposto do que se deseja na absorção, ou seja, quanto mais hidrossolúvel o fármaco/ metabólito, melhor sua eliminação. Semelhante ao observado durante a absorção, na excreção renal, o pKa do fármaco/ metabólito e o pH da urina também irão in� uenciar a predominância das formas ionizadas ou não ionizadas. É importante lembrar que há um declínio da função renal com o avançar da idade. Por isso, indivíduos idosos podem ter maior di� culdade para eliminar medicamentos por essa via, resultando em um aumento do tempo de meia-vida, que deve ser considerado no momento da determinação da dose. Além da excreção renal, os fármacosainda podem ser eliminados pelas fezes, suor, leite, saliva, lágrimas, sêmen ou ar exalado pelos pulmões (via pulmonar). Fármacos/metabólitos ácidos são melhor excretados na urina básica. Fármacos/metabólitos básicos são melhor excretados na urina ácida. Uma revisão interessante do conceito de farmacocinética pode ser vista no vídeo: FARMACOCINÉTICA em 15 Minu- tos! – Farmacologia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rvUKv0D9cdY. 21WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 5. FARMACODINÂMICA Uma vez alcançados os órgãos-alvo, os fármacos irão interagir com moléculas biológicas (receptores) para exercer seu efeito. A divisão da farmacologia que explica o mecanismo de ação dos fármacos para produzir efeitos biológicos é chamada de farmacodinâmica. Considerando que o efeito observado é consequência da interação já citada, podemos dizer ainda que a farmacodinâmica descreve o que a droga faz com o corpo. Após interagir com o organismo, os fármacos irão provocar manifestações nos sistemas orgânicos que resultarão em diversos tipos de efeito. O principal deles é o efeito terapêutico, que representa o efeito bené� co e desejado, provocado pelo fármaco quando administrado no organismo. Além do efeito terapêutico, a maioria dos fármacos drogas exibirá efeitos indesejáveis juntamente com os efeitos terapêuticos esperados deles. Os efeitos indesejáveis, ou adversos, podem ser caracterizados como: • Efeitos colaterais: atribuíveis ao mecanismo de ação das drogas. Ocorrem juntamente com os efeitos que a droga deveria produzir. • Efeitos tóxicos: só se manifestam durante a superdosagem intencional ou acidental. 5.1 Alvos da Ação de Fármacos Agora que já conhecemos os possíveis efeitos da administração de fármacos, vamos entender como ocorre sua interação com os alvos farmacológicos. Os locais onde o fármaco interage e produz um efeito farmacológico são chamados de receptores farmacológicos. Todos os possíveis efeitos observados após a administração de medicamentos se devem a interações moleculares entre os fármacos e os sítios de ligação presentes no organismo. A maioria das interações fármaco–receptor pode ser dividida nos seguintes grupos: A. Canais iônicos. Estão presentes na membrana celular e permitem a passagem de íons entre os dois lados da membrana. A ligação do fármaco a esses canais pode aumentar ou diminuir a abertura deles, alterando o � uxo de íons entre os compartimentos (Figura 5A). B. Receptores acoplados funcionalmente a proteínas G intracelulares. Os fármacos podem in� uenciar as ações desses receptores através de sua ligação à superfície extracelular ou à região transmembrana do receptor (Figura 5B). C. Receptores transmembrana. Os fármacos podem se ligar ao domínio extracelular desses receptores e causar uma alteração de sinalização no interior da célula, por meio da ativação ou da inibição de um domínio intracelular enzimático da mesma molécula do receptor (boxe retangular na Figura 5C). D. Receptores citoplasmáticos ou nucleares. Trata-se frequentemente da via utilizada pelos fármacos lipofílicos (por exemplo, fármacos que se ligam a receptores de hormônios esteroides) capazes de sofrer difusão através da membrana plasmática e ligar-se a alvos intracelulares (Figura 5D). 22WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 – Receptores de fármacos: canal iônico (A); receptor acoplado a proteína G (B); receptor transmembrana (C); receptor intracelular (D). Fonte: Golan (2014). Alternativamente, os fármacos podem inibir enzimas no espaço extracelular, sem a necessidade de atravessar a membrana plasmática (não mostrado). Os fármacos que interagem com enzimas podem atuar de duas formas, promovendo: • Ativação (indução) de enzimas. Atuam levando a um aumento da atividade da enzima em questão. Nesse caso, podemos observar diminuição dos níveis de seu substrato, bem como acúmulo de seu produto. • Inativação (inibição) de enzimas. Atuam levando a uma diminuição da atividade da enzima em questão, que deixa de exercer sua função, podendo provocar acúmulo de seu substrato, bem como a falta de seu produto. E, por � m, temos os fármacos que interagem com proteínas carregadoras, facilitando o transporte de substâncias através de membranas biológicas. A inibição dessas proteínas leva ao acúmulo de determinada substância em um compartimento, enquanto pode provocar sua de� ciência em outro compartimento. 5.2 Interação Fármaco - Receptor De forma geral, como já citado, o termo receptor pode se referir ao local onde o fármaco interage e produz um efeito farmacológico. Pode caracterizar moléculas proteicas cuja função é reconhecer sinais químicos endógenos e responder a eles. De forma simples, podemos dizer que os receptores existem, pois o próprio organismo é capaz de produzir substâncias capazes de ativá-los. A essas substâncias damos o nome de ligantes endógenos ou agonistas endógenos. A maioria dos receptores pode se apresentar em dois estados: ativos ou inativos, que são diretamente in� uenciados pela ação de ligantes endógenos ou fármacos. Para avaliar o efeito farmacológico do fármaco, precisamos considerar duas características: • A� nidade pelo receptor. A a� nidade é a atração mútua ou força de ligação entre um fármaco e o seu receptor-alvo. Para que um fármaco consiga interagir com esses receptores, é necessário que sua estrutura química seja compatível com os sítios de ligação presentes no receptor, permitindo uma interação efetiva entre eles. 23WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Atividade intrínseca. Após a ligação com o receptor, a interação poderá resultar no aumento ou na diminuição da atividade exercida por esse receptor. A capacidade de ativar a atividade de um receptor e produzir efeito farmacológico é o que caracteriza sua atividade intrínseca. De acordo com esse critério, podemos classi� car os fármacos como agonistas ou antagonistas. 5.2.1 Fármacos agonistas São fármacos que, por terem a� nidade pelo receptor, ligam-se ao mesmo sítio de reconhecimento que o ligante endógeno e o estabilizam em um determinado estado, geralmente no estado ativo. Podem ainda ser divididos em: • Agonistas plenos, que, além de apresentarem a� nidade, apresentam atividade intrínseca máxima, sendo capazes de ativar 100% da atividade de um receptor. • Agonistas parciais, os quais também possuem a� nidade, porém apresentam atividade intrínseca parcial, não sendo capaz de alcançar a atividade máxima, mesmo com ocupação da totalidade dos receptores. • Agonistas inversos, que são fármacos que se ligam seletivamente à forma inativa dos receptores, estabilizando-os nessa conformação (Figura 6). Figura 6 – Efeitos dos agonistas: Fonte: Whalen, Finkel e Panavelil (2016). 24WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 5.2.2 Fármacos antagonistas São fármacos que também possuem a� nidade pelo receptor, porém não possuem atividade intrínseca. Seu efeito farmacológico se deve ao bloqueio ou redução da ação do ligante endógeno ou do fármaco agonista. Temos os seguintes tipos de antagonismo: 5.2.2.1 Antagonismo competitivo É exercido por fármacos que competem com o agonista (endógeno ou fármaco) pelo sítio de ligação do receptor. A preferência de ligação pelo receptor será determinada pelas concentrações do agonista ou do antagonista. Assim, mesmo na presença do antagonista, se o agonista estiver em maior concentração, poderá se ligar aos receptores-alvo e desencadear resposta máxima. Já se o antagonista estiver em concentração maior, poderá reduzir a resposta do receptor a zero. 5.2.2.2 Antagonismo não competitivo É exercido por fármacos antagonistas que se ligam em sítios diferentes do sítio que o agonista ocuparia, no mesmo receptor. Nesse caso, o receptor pode acomodar ambos simultaneamente, mas a ligação do antagonista inativa o receptor, demodo que o estado inativo não possa ser revertido, mesmo na presença de grandes concentrações do agonista ligado (Figuras 7 e 8). Figura 7 – Representação dos tipos de antagonismo. Fonte: Golan (2014). Figura 8 – Efeito dos fármacos antagonistas. Fonte: Whalen, Finkel e Panavelil (2016). 25WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Agora que já conhecemos os possíveis tipos de interação com receptores biológicos, vamos conhecer as diferenças entre alguns conceitos, os quais, às vezes, erroneamente, são usados como sinônimos. Para quanti� car as respostas produzidas pelos fármacos, é importante diferenciar os conceitos de e� cácia e potência. A e� cácia de um fármaco é sua capacidade de promover efeito biológico quando ligado a um receptor e refere-se à resposta terapêutica potencial máxima que um fármaco pode induzir. Já a potência está relacionada à quantidade de fármaco (geralmente expressa em miligramas) necessária para produzir um efeito, como aliviar a dor ou diminuir a pressão arterial, por exemplo. A potência de um fármaco é um parâmetro relativo, que só pode ser avaliado a partir da comparação de fármacos que possuem a mesma e� cácia. Como exemplos, vamos considerar os fármacos A e B. São necessárias 5 mg do fármaco A para aliviar a dor, ou 10 mg do fármaco B para se obter o mesmo efeito. Como o fármaco A produz o meio efeito de B em uma quantidade (mg) menor, dizemos que, apesar de ambos terem a mesma e� cácia (produzirem o mesmo efeito), A é mais potente que B (Figura 6). Figura 9 – Curvas dose-resposta típicas para fármacos que mostram diferenças entre potência e e� cácia. Fonte: Whalen, Finkel e Panavelil (2016). Ao longo deste estudo, pudemos compreender como a interação dos fármacos com receptores farmacológicos é capaz de produzir efeitos biológicos. Além disso, é importante saber que o tempo de exposição à determinado fármaco, nos tratamentos agudos ou crônicos, pode in� uenciar a intensidade de resposta de determinados receptores. Da mesma forma como são capazes de regular diversas atividades celulares, os receptores também estão submetidos a mecanismos de controle reguladores e homeostáticos. Esses controles incluem a regulação da síntese e a degradação de receptores, que irão provocar mudanças em sua quantidade, dependendo dos estímulos aos quais forem expostos. Na exposição prolongada, observada em tratamentos crônicos, essas mudanças são bem mais evidentes. 26WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A estimulação prolongada das células por fármacos agonistas pode levar a um estado de dessensibilizaç ã o (também conhecido como adaptação, refratariedade ou hiporregulaç ã o), que leva ao estado de tolerância. A dessensibilização é caracterizada pela diminuição do número de receptores disponíveis para interagir com o fármaco. Do ponto de vista clínico, essa adaptação é evidenciada pela diminuição do efeito observado ao longo do tratamento, quando se utiliza a mesma dose do fármaco por longos períodos. Para compensar a diminuição do efeito ao longo do tempo, é necessário um aumento na quantidade do fármaco administrado. Esse processo é o que caracteriza a tolerância e leva à necessidade de doses cada vez maiores para se obter o efeito experimentado inicialmente. A ocorrência de dessensibilização e tolerância é observada tanto na exposição crônica a fármacos agonistas como na exposição prolongada a drogas de abuso agonistas, como o álcool. Nesse sentido, a tolerância ao efeito de determinada substância é um dos parâmetros considerados no diagnóstico da dependência de drogas. Seguindo o mesmo raciocínio, a exposição prolongada a drogas antagonistas pode levar a um estado de sensibilização, caracterizado pelo aumento do número de receptores disponíveis para interagir com o fármaco. E, por � m, temos os conceitos relacionados à terapia: janela terapêutica e índice terapêutico. A janela terapêutica de� ne a faixa de doses de um fármaco que produz efeito terapêutico sem causar efeitos adversos inaceitáveis. Esse parâmetro é quanti� cado pelo índice terapêutico (IT), que é de� nido pela relação entre a dose que produz respostas tóxicas em 50% da população (DT50) e a dose terapêutica efetiva em 50% da população (DE50). Quanto maior o IT, maior a janela terapêutica, maior a diferença entre a dose efetiva e a tóxica e, consequentemente, maior a segurança que o tratamento oferece. Para mais informações sobre a interferência da ação de medicamentos sobre a terapia fonoaudiológica, leia o artigo A farmacovigilância na reabilitação fonoaudiológica de pacientes com doenças neurológicas. Disponível em: http:// www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/59/229a237.pdf. 27WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS E assim � nalizamos nossa Unidade I. Nesta unidade, pudemos conhecer os conceitos e de� nições gerais relacionados à farmacologia, as principais formas farmacêuticas e vias de administração. Vimos, ainda, os processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, a � m de compreender o caminho percorrido pelos fármacos desde sua entrada até sua eliminação do organismo, bem como os mecanismos de ação pelos quais os fármacos atuam para exercer seus efeitos terapêuticos e/ou adversos. Além disso, foram discutidos os fatores que in� uenciam cada etapa farmacocinética e farmacodinâmica. Na próxima unidade, iniciaremos o estudo das classes farmacológicas. Bons estudos e até lá! 2828WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 30 1. FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ..................................................................................31 1.1 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO SIMPÁTICO ...............................................................................................34 1.1.1 RECEPTORES α1 ..............................................................................................................................................34 1.1.2 RECEPTORES α2.............................................................................................................................................34 1.1.3 RECEPTORES β1 .............................................................................................................................................35 1.1.4 RECEPTORES β2.............................................................................................................................................35 1.1.5 RECEPTORES β3.............................................................................................................................................35 1.1.6 SIMPATICOMIMÉTICOS .................................................................................................................................37 1.1.6.1 AGONISTAS ADRENÉRGICOS NÃO SELETIVOS ........................................................................................37 1.1.6.2 AGONISTAS ADRENÉRGICOS SELETIVOS ................................................................................................... 371.1.6.3 AGONISTAS β2 ADRENÉRGICOS .........................................................................................................37 1.1.7 SIMPATICOLÍTICOS ....................................................................................................................................... 38 1.1.7.1 ANTAGONISTAS α1 SELETIVOS .................................................................................................................. 38 1.1.7.2 AGONISTAS DE α2 ...................................................................................................................................... 38 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRALPROF.A DRA. VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FARMACOLOGIA 29WWW.UNINGA.BR 1.1.7.3 ANTAGONISTA β NÃO SELETIVO............................................................................................................... 38 1.1.7.4 ANTAGONISTA β1 SELETIVO ...................................................................................................................... 39 1.2 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO PARASSIMPÁTICO .................................................................................. 39 1.2.1 PARASSIMPATICOMIMÉTICOS DE AÇÃO DIRETA ..................................................................................... 40 1.2.1.1 AGONISTAS MUSCARÍNICOS ..................................................................................................................... 40 1.2.2 PARASSIMPATICOLÍTICOS DE AÇÃO DIRETA .............................................................................................41 1.2.2.1 ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS ..............................................................................................................41 1.2.3 ANTICOLINESTERÁSICOS ............................................................................................................................41 1.2.4 TOXINA BOTULÍNICA .................................................................................................................................... 42 2. FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ....................................................................... 42 2.1 DEPRESSÃO E ANTIDEPRESSIVOS ................................................................................................................ 42 2.1.1 DEPRESSÃO .................................................................................................................................................... 42 2.1.2 ANTIDEPRESSIVOS ....................................................................................................................................... 44 2.1.2.1 INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE (IMAO) ....................................................................................... 44 2.1.2.2 ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (ADT) ................................................................................................. 45 2.1.2.3 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRS) ................................................... 46 2.1.2.4 ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS ...................................................................................................................47 2.1.2.4.1 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA E DA NORADRENALINA (ISRSN) .....47 2.1.2.4.2 BUPROPIONA ...........................................................................................................................................47 2.1.2.4.3 TRAZODONA E NEFAZODONA .................................................................................................................47 2.2 ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS ....................................................................................................................... 48 2.2.1 FISIOPATOLOGIA DA ANSIEDADE ................................................................................................................ 48 2.2.2 BENZODIAZEPÍNICOS .................................................................................................................................. 49 2.2.3 BARBITÚRICOS ............................................................................................................................................. 50 2.2.4 DROGAS Z ......................................................................................................................................................51 2.2.5 BUSPIRONA ....................................................................................................................................................51 2.3 PSICOSE E ANTIPSICÓTICOS ......................................................................................................................... 52 2.3.1 ANTIPSICÓTICOS .......................................................................................................................................... 54 2.3.1.1 ANTIPSICÓTICOS CONVENCIONAIS (TÍPICOS) ...................................................................................... 54 2.3.1.2 ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS ..................................................................................................................... 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 58 30WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá, prezado(a) aluno(a)! Bem-vindo(a) à Unidade II da disciplina de Farmacologia! Agora que já conhecemos o caminho que o fármaco percorre no organismo, (farmacocinética) e compreendemos como ele interage com os receptores farmacológicos no organismo (farmacodinâmica), vamos começar a conhecer algumas das classes farmacológicas, seus mecanismos de ação, indicações etc. Estudaremos as principais ações dos fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo, bem como suas indicações, contraindicações e efeitos adversos. Por � m, vamos conhecer as principais classes farmacológicas que atuam no sistema nervoso central: antidepressivos, ansiolíticos a antipsicóticos. Desejamos a você ótimos momentos de estudo e aprendizado, e, para que possa aproveitar ao máximo o conteúdo deste neste material, não deixe de conferir os materiais complementares, participar dos fóruns e � car atento a todas as orientações da equipe que o acompanha. Bons estudos! 31WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Para iniciarmos nosso estudo dos fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo (SNA), antes de entrarmos na parte farmacológica propriamente dita, vamos recapitular alguns conceitos de � siologia. O controle geral do organismo é exercido pelos sistemas nervoso e endócrino. Anatomicamente, o sistema nervoso pode ser dividido em: central, formado pelo encéfalo e medula espinhal; e periférico, formado pelos nervos. O sistema nervoso periférico é funcionalmente dividido entre somático e autônomo (Figura 1). Figura 1 – Divisões e subdivisões anatômicas e funcionais do sistema nervoso. Fonte: A autora. O sistema nervoso somático permite que o indivíduo se relacione com o meio ambiente com atitudes voluntárias. Está relacionado à motricidade, ao controle da contração da musculatura esquelética. Já o SNA, também conhecido como sistema neurovegetativo ou sistema nervoso visceral, está relacionado ao controle de funções subconscientes e comunicação interna do organismo, baseado no controle de vasos sanguíneos, vísceras, glândulas, respiração, regulação de temperatura e digestão. O SNA atua sem controle consciente, ou seja, autonomamente, e coordena funções como pressão arterial, frequência cardíaca, motilidade intestinal, diâmetro pupilar. É sobre os mecanismos � siológicos e manipulações farmacológicas desse sistema que iremos discutir na primeira parte desta unidade (Figura 1). O SNA ainda se divide em simpático, parassimpático e entérico, com base na anatomia e nas funções. As divisões simpática e parassimpática serão nosso objeto de estudo nesta unidade, pois apresentam os receptores para os fármacos que atuam nessa parte do sistema nervoso. Fisiologicamente, essas divisões atuam em momentos opostos: o simpático é acionado em situações de luta ou fuga; o parassimpático, em situações de repouso e digestão (Figuras 2 e 3). 32WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 – Apresentação dos principais órgãos e funções com suas respectivas atuações no sistema nervoso autôno- mo. Fonte: Lopes (2002). Figura 3 – Sistema nervosoautônomo: equilíbrio entre as divisões simpáticas e parassimpáticas. Fonte: Silverthorn (2010). 33WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O SNA entérico é encontrado ao longo de todo trato gastrointestinal e se estende do esôfago ao reto, além estar presente no pâncreas e na vesícula biliar. É responsável pelo controle neural da função gastrointestinal. Como as divisões simpática e parassimpática serão nossos alvos farmacológicos, vamos recordar mais alguns detalhes de sua � siologia. A unidade funcional primária do SNA consiste em uma via motora formada por dois neurônios, um pré-ganglionar e um neurônio pós-ganglionar. Os neurônios pré-ganglionares têm o corpo celular localizado no sistema nervoso central (SNC), e os neurônios pós-ganglionares têm o seu corpo celular num gânglio autonômico (Figura 4). Em relação ao ponto de partida do SNC, sabemos que os nervos simpáticos partem da porção tóraco-lombar, enquanto os nervos parassimpáticos partem das regiões cranianas e caldais (Figura 2). Figura 4 – Vias autônomas simpáticas e parassimpáticas. Fonte: Silverthorn (2010). Para maiores informações sobre o SNA entérico, sugerimos a leitura do material O sistema nervoso entérico, de Frauches et al. Disponível em: http://pdf.blucher. com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/openaccess/9788580391893/13.pdf. 34WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quando se trata de neurotransmissores e receptores presentes nesses neurônios, temos na sinapse ganglionar uma semelhança entre simpático e parassimpático. As duas vias (simpática a parassimpática) apresentam neurônios pré-ganglionares que liberam acetilcolina e neurônios pós-ganglionares com receptores para esse neurotransmissor, chamados receptores nicotínicos (Figura 4). Já na sinapse que ocorre nos órgãos efetores, neurônios pós-ganglionares parassimpáticos também liberam acetilcolina, porém, nessa sinapse, a acetilcolina se liga a receptores colinérgicos muscarínicos presentes nos órgãos-alvo (Figura 4), enquanto os neurônios pós-ganglionares simpáticos liberam noradrenalina, que se liga a receptores adrenérgicos presentes nos seus órgãos-alvo (Figura 4). Os receptores adrenérgicos ainda podem ser ativados pela adrenalina, produzida a partir da noradrenalina, na glândula adrenal. Os receptores muscarínicos e adrenérgicos, localizados nas sinapses que ocorrem nos órgãos efetores, serão os principais alvos da terapia farmacológica, e suas funções e subtipos serão discutidos adiante, ainda nesta unidade. Em um estudo detalhado da � siologia, poderemos ver a ampla distribuição desses receptores pelos diversos órgãos/tecidos do organismo, bem como uma in� nidade de funções atribuídas a eles. No entanto, neste material, damos destaque apenas para os principais receptores e órgãos relacionados às classes farmacológicas aqui abordadas. 1.1 Sistema Nervoso Autônomo Simpático Como já citado, a divisão simpática é responsável pelas respostas de luta ou fuga. Nesse sentido, todos os órgãos inervados pelas vias simpáticas irão apresentar receptores adrenérgicos que, quando ativados por adrenalina ou noradrenalina, irão desencadear ações que colaboram para a adaptação/sobrevivência do indivíduo a situações extremas, de perigo iminente. A divisão simpática apresenta dois tipos de receptores adrenérgicos: α (alfa) e β (beta), com vários subtipos. Os receptores α-adrenérgicos são divididos em subclasses α1 e α2. 1.1.1 Receptores α1 Os receptores α1 são expressos no músculo liso vascular, no músculo liso do trato geniturinário, no músculo liso intestinal, no coração e no fígado. Na musculatura lisa vascular, sua ativação provoca vasoconstrição, o que resulta em aumento da pressão arterial. Sendo assim, esse receptor é um importante alvo para agentes anti- hipertensivos. De forma semelhante, esses mesmos receptores, quando ativados, resultam em contração da musculatura lisa da próstata e da uretra, o que pode causar di� culdades para urinar. Sendo assim, os receptores α1 dessa região são importantes alvos para o tratamento sintomático da hiperplasia de próstata. 1.1.2 Receptores α2 Diferentemente do observado com a maioria dos receptores autonômicos, os receptores α2 exercem função inibitória. Quando são ativados, temos a diminuição da liberação de neurotransmissores no neurônio-alvo. Podem estar presentes tanto em neurônios pré-sinápticos (autorreceptores) quanto em células pós-sinápticas. 35WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os autorreceptores α2 medeiam a inibição da transmissão sináptica por retroalimentação, sendo importantes alvos farmacológicos, uma vez que, nesse caso, seus agonistas reforçam sua atividade inibitória e, assim, diminuem as respostas simpáticas, por diminuir a liberação de norepinefrina (Figura 5). Figura 5 – Receptores α2 adrenérgicos. Fonte: Riker et al. (2009). Quanto aos receptores β-adrenérgicos, são divididos em três subclasses denominadas β1, β2 e β3. 1.1.3 Receptores β1 Os receptores β1 localizam-se principalmente no coração e nos rins. A estimulação desses receptores cardíacos aumenta a força de contração e a frequência cardíaca, o que pode causar aumento da pressão arterial. Assim, os receptores β1 também constituem alvos importantes para o tratamento da hipertensão arterial. 1.1.4 Receptores β2 Os receptores β2 estão presentes em músculos lisos, como nos brônquios, onde sua ativação resulta em broncodilatação. São importantes alvos para fármacos utilizados no tratamento da asma. 1.1.5 Receptores β3 Finalmente, temos os receptores β3, que são expressos no tecido adiposo, mas, por não serem alvo de tratamentos farmacológicos, não serão discutidos em detalhes neste material (Quadro 1). 36WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quadro 1 – Ações dos receptores adrenérgicos. Fonte: Golan (2014). Agora que já recapitulamos os tipos, localizações e funções dos receptores adrenérgicos e conhecemos os conceitos de agonistas e antagonistas, estudados no início desta unidade, vamos estudar as drogas de atuam na divisão simpática do SNA. Para uma apresentação de forma mais organizada, vamos dividir os fármacos em duas categorias: os simpaticomiméticos, cujas ações mimetizam os efeitos da divisão simpática e cujos principais representantes são as drogas agonistas adrenérgicas; e os simpaticolíticos, cujas ações inibem esses mesmos efeitos. Nesse grupo, temos principalmente drogas antagonistas adrenérgicas. A ação dos agentes que atuam no sistema nervoso autônomo ainda pode ser classi� cada como direta, quando os fármacos agem diretamente nos receptores adrenérgicos ou muscarínicos, como os agonistas e antagonistas; ou indireta, quando atuam na síntese, transporte ou degradação dos neurotransmissores envolvidos. A seguir, vamos apresentar os principais agentes simpaticomiméticos, seus alvos, mecanismos de ação e indicações clínicas. Você se lembra dos conceitos de farmacodinâmica? Não podemos nos esquecer de que os fármacos agonistas adrenérgicos irão reforçar as ações já exercidas por esses receptores, enquanto os antagonistas irão inibir essas mesmas ações. Para facilitar o entendimento, precisamos saber se as respostas simpáticas serão desejadas ou indesejadas para determinada situação, para, então, sugerirmos o uso de agonistas ou antagonistas de determinados receptores. 37WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.6 Simpaticomiméticos 1.1.6.1 Agonistas adrenérgicos não seletivos São drogas que podem exercer efeitos agonistas sobre todos os tipos de receptores adrenérgicos α1, α2, β1, β2 e β3. Apesar de terem preferência por determinados receptores, não são seletivas para esses subtipos, podendo se ligar também aos demais. Os principais exemplos são: A. Epinefrina (Adrenalina) Ações principais: agonista de receptores α1: vasoconstrição nas mucosasprovocando diminuição das secreções; agonista de receptores β2: broncodilatação. Indicações: tratamento de crises graves de asma e choque ana� lático (antagoniza ações da histamina). B. Norepinefrina (Noradrenalina) Ação principal: agonista de receptores α1: vasoconstrição que resulta em aumento da pressão arterial. Pode causar bradicardia por re� exo vagal. Indicação: choque circulatório, cuja � nalidade é elevar a pressão arterial em pacientes hipotensos. 1.1.6.2 Agonistas adrenérgicos seletivos São drogas que exercem ação agonista preferencialmente sobre um subtipo de receptores adrenérgicos especí� co, quando administradas em doses terapêuticas. Agonistas α1 adrenérgicos São drogas que exercem ação agonista preferencialmente sobre receptores α1 adrenérgicos, quando administradas em doses terapêuticas. São exemplos: fenilefrina, oximetazolina e tetraidrazolina. Ações principais: vasoconstrição da mucosa nasal, provocando diminuição das secreções; e vasoconstrição sistêmica. Indicações: congestão nasal e tratamento do choque circulatório. 1.1.6.3 Agonistas β2 adrenérgicos São drogas que exercem ação agonista preferencialmente sobre receptores β2 adrenérgicos, quando administradas em doses terapêuticas. São exemplos: salbutamol e terbutalina Ação principal: broncodilatação. Indicações: tratamento de crises de asma. Além das substâncias simpaticomiméticas de ação direta, temos as drogas de ação indireta que atuam no SNA simpático, como as anfetaminas, utilizadas principalmente como psicoestimulantes e anorexígenos. 38WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E para � nalizar o estudo dos fármacos que atuam no SNA simpático, vamos apresentar os principais agentes simpaticolíticos, seus alvos, mecanismos de ação e indicações clínicas. 1.1.7 Simpaticolíticos 1.1.7.1 Antagonistas α1 seletivos São drogas que exercem ação antagonista preferencialmente sobre receptores α1 adrenérgicos, quando administradas em doses terapêuticas. Alguns exemplos são: A. Prazosina Ação principal: inibe a vasoconstrição mediada por α1. Indicação: tratamento da hipertensão arterial. B. Doxazosina Ação principal: inibe contração do músculo liso do trato geniturinário (próstata e uretra). Indicação: tratamento da obstrução benigna da próstata, para melhorar o � uxo urinário. 1.1.7.2 Agonistas de α2 São drogas que exercem ação agonista preferencialmente sobre receptores α2 adrenérgicos, quando administradas em doses terapêuticas. Apesar de parecer contraditório, o uso de agonistas como agentes simpaticolíticos, como os receptores α2, são considerados inibitórios. Sua ativação inibe as respostas típicas da ativação do SNA simpático. Os exemplos são clonidina e metildopa: Clonidina e metildopa Ação principal: inibem a liberação de noradrenalina por neurônios adrenérgicos centrais. Indicação: tratamento da hipertensão arterial. 1.1.7.3 Antagonista β não seletivo São drogas que exercem efeitos antagonistas sobre os dois tipos de receptores β adrenérgicos, ou seja, β1 e β2. O principal representante dessa classe é o propranolol. Para conhecer mais sobre essa classe de drogas, sugerimos a leitura do artigo Uso de anfetaminas e substâncias relacionadas na sociedade contemporânea, de Marcon et al., publicado na revista eletrônica Disciplinarum Scientia. Disponível em: https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/ view/1018/963. 39WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Propranolol Ações principais: inibição de β1: diminui a força de contração cardíaca; inibição de β2: broncoconstrição. Contraindicado para pacientes asmáticos. Indicação: tratamento da hipertensão arterial e tremores. 1.1.7.4 Antagonista β1 seletivo São drogas que exercem ação antagonista preferencialmente sobre receptores β1 adrenérgicos, quando administradas em doses terapêuticas. O principal representante dessa classe é o atenolol. Atenolol Ação principal: inibição de β1- diminui a força de contração cardíaca. Indicação: tratamento da hipertensão arterial. 1.2 Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático A divisão parassimpática é responsável pelas respostas de repouso e digestão. Assim, de forma análoga ao que observamos no SNA simpático, todos os órgãos inervados pelas vias parassimpáticas irão apresentar receptores colinérgicos muscarínicos, que, quando ativados pela acetilcolina, irão desencadear ações que colaboram para a adaptação/sobrevivência do indivíduo a situações não estressantes, em que a pessoa pode relaxar, e funções vegetativas, como digestão e repouso, prevalecem. A divisão parassimpática utiliza receptores muscarínicos nos órgãos efetores, que podem ser divididos em cinco subtipos: M1, M2, M3, M4 e M5. Os receptores M1, M3 e M5, quando ativados, elevam os níveis de cálcio (Ca+) intracelular, resultando em efeitos excitatórios nas células que os expressam. Já os receptores M2 e M4, quando ativados, diminuem os níveis de Ca+ intracelular, resultando em efeitos inibitórios nas células que os expressam. Para a compreensão dos mecanismos de ação das drogas que atuam no SNA parassimpático, é necessário conhecer as vias de síntese e degradação da acetilcolina. A acetilcolina é sintetizada na terminação nervosa a partir da colina, geralmente presente no sangue e nos líquidos corporais em geral, sendo encontrada em concentração maior na imediata vizinhança das terminações nervosas colinérgicas. A colina livre é transportada para dentro da terminação nervosa, onde é acetilada por uma enzima citosólica chamada colina acetiltransferase (Figura 6). 40WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 – Sinapse colinérgica. Fonte: Laboratório de Tecnologias Cognitivas (LTC) (2020). Após ser liberada na fenda sináptica, a acetilcolina pode se ligar a receptores colinérgicos e/ou ser hidrolisada pela enzima colinesterase, que quebrará a molécula desse neurotransmissor, gerando acetato e colina, que será posteriormente reaproveitada para a síntese de mais acetilcolina. Assim, a inibição da enzima acetilcolinesterase na terminação nervosa provoca um acúmulo de acetilcolina. Da mesma forma que apresentamos os fármacos que atuam na divisão simpática, na divisão parassimpática também teremos duas categorias: os parassimpaticomiméticos, cujas ações mimetizam os efeitos da divisão parassimpática; e os parassimpaticolíticos, cujas ações inibem os mesmos efeitos. Começaremos apresentando os fármacos parassimpaticomiméticos de ação direta, seus mecanismos de ação nos órgãos-alvo e suas indicações clínicas. 1.2.1 Parassimpaticomiméticos de ação direta 1.2.1.1 Agonistas muscarínicos São drogas que mimetizam os efeitos da acetilcolina, ligando-se diretamente aos receptores colinérgicos muscarínicos (presentes nos órgãos efetores). Seu uso resulta em aumento das ações já exercidas pela ativação � siológica do SNA parassimpático. Os principais representantes são: A. Betanecol Ação principal: aumenta a motilidade do trato urinário. Indicações: tratamento da retenção urinária no pós-operatório, pós-parto, relacionada a fármacos ou para bexiga neurogênica hipotônica. 41WWW.UNINGA.BR FA RM AC OL OG IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA B. Carbacol Ação principal: contração do músculo ciliar, provocando miose – constrição pupila. Consequentemente, ocorre a melhora na drenagem do humor aquoso, resultando na diminuição da pressão intraocular, quando administrado pela via o� álmica na forma de colírio. Indicação: tratamento do glaucoma. C. Pilocarpina Ações principais: assim como o carbacol, provoca miose, resultando em diminuição da pressão intraocular, além de estimular a salivação (sialagogo). Indicações: tratamento do glaucoma, quando administrado pela via o� álmica na forma de colírio; tratamento da xerostomia (boca seca), quando administrado sistemicamente. 1.2.2 Parassimpaticolíticos de ação direta 1.2.2.1 Antagonistas muscarínicos
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