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RIO DE JANEIRO, 25-03-2010 EXERCICIO G1: DEBATES DAS RELACOES INTERNACIONAIS DO SECULO XX REFERENCIA: SMITH, S. &HOLLIS, M. (1991). The growth of a Discipline. In HOLLIS, M.&SMITH, S. (1991). Explaining and Understanding International Relations.Oxford, Claredon, 16-44 KAHLER, M.(1997). Inventing International Relations-International Relations After 1945. In DOYLE, M.W.&IKKENBERRY, G.J. (eds.) (1997). New Thinking in International Relations Theory. San Francisco, Westview, 20-53 QUESTAO 1: Na visão de Steve Smith e Martin Hollis, a caracterização da Primeira Guerra Mundial foi um fator relevante para o debate das Relações Internacionais no começo do século XX. Em “One”, composição do Metallica, a Primeira Guerra Mundial é caracterizada a partir de imagens, conceitos, palavras, sons. Com base na leitura dos autores, aponte quais elementos presentes na composição do Metallica ilustram com clareza pontos de debate das Relações Internacionais no começo do século XX referentes: 1.1 À eficiência do uso da violência para solucionar problemas políticos; 1.2 Ao impacto da Primeira Guerra Mundial nas “pessoas comuns”; 1.3 À relação entre os dirigentes e os dirigidos, durante o conflito; 1.4 Às “conseqüências” da Primeira Guerra para os estados democráticos ou não. QUESTAO 2: Na visão de Miles Kahler, uma abordagem critica a respeito do fenômeno da Guerra foi um fator relevante para o debate das Relações Internacionais no começo do século XX. Em “Civil War”, composição do Guns N‟Roses, o fenômeno da Guerra e caracterizado a partir de imagens, conceitos, palavras, sons. Com base na leitura do autor, aponte quais elementos presentes na composição do Guns N‟Roses ilustram com clareza pontos de debate das Relações Internacionais no começo do século XX referentes: 2.1 A relação entre política domestica e política internacional; 2.2 As “causas” das guerras; 2.3 A possibilidade do tempo “curar as feridas” das guerras; 2.4 Ao impacto das guerras sobre as desigualdades sociais. Introdução Os dois textos fazem uma abordagem cronológica dos „Grandes Debates‟ que fundamentaram as Relações Internacionais a partir do século XX. Steve Smith e Martin Hollis propoem que a utlizacao do metodo de „dar voz ao passado‟ facilitaria a construcao das Relacoes Internacionais. Deveriam-se juntar os fragmentos do que diz respeito ao internacional e montar este quebra-cabeca. A melhor forma de montagem seria a vivencia ou a socializacao das relacoes internacionais e seu mapeamento. Estes dois autores entendem o desenvolvimento historico das Relacoes Internacionais como uma fonte de teorias antagônicas (incialmente pelo menos) que de acordo com o contexto externo iam configurando uma disciplina academica. As relações internacionais são confeccionadas através do debate dessas teorias. Esse debate não necessariamente acabara com uma escola vencedora, mas segue- se o pensamento de que a cada nova fase uma nova teoria será postulada para que aconteça essa discussão. Contrapondo essa visao, Kahler afirma que o passado seria uma invenção humana, uma pratica social de fundamentos tradicionalistas: o que foi observado no passado seria utilizado no presente e influenciaria o futuro. No entanto, cometemos um erro ao presumir que há uma continuidade na história humana. Para o teorico os debates representariam os „mitos fundadores‟ da disciplina. Independente destas reflexões, Kahler afirma, que os debates foram relevantes para a definição da área de Relações Internacionais com a ambição de criar uma fronteira com as outras academias. Vale ressaltar que no contexto internacional do século XX, especificamente nos períodos de crises diplomáticas e guerras, houve um aumento na demanda por uma disciplina e um corpo teórico aplicável. As Relações Internacionais foram adquirindo uma identidade autônoma e em paralelo com a realidade dos fatos externos. QUESTAO 1: 1. À eficiência do uso da violência para solucionar problemas políticos; Segundos aos autores, para entender que o idealismo foi a teoria predominante no pós primeira guerra, tinha que se entender dois principais motivos. Primeiro que as forças militares não atingiriam mais seus objetivos, ou seja, a guerra provou que as batalhas eram por pequenos avanços estratégicos que logo eram perdidos. Por isso as forças militares não tinham mais eficácia. O objetivo das guerras perdeu o sentido e a guerra própria tornou-se obsoleta em pensamento. O segundo motivo foi a visão de que a guerra não foi fruto de uma vontade da população, e sim de um desejo autônomo dos líderes que levados por uma vontade irracional, declararam guerra uns aos outros. Não foi um acontecimento com motivos encadeados, onde uma série de mútuas ofensas resultou em guerra, mas sim uma vaidade de líderes. Podemos perceber esse fenômeno na canção quando é comentado que a guerra lhe tirou a audição, visão, braços e pernas deixando-o no inferno. O “eu lírico” da composição também comenta que a guerra acabou com a sua vida e não esta nada além de dor. Vemos assim traços de que a guerra foi e não foi de forma alguma útil ao interesses políticos, mas foi vista como algo custoso à população e também como uma barbárie. A primeira guerra terminou de um jeito muito peculiar: não ficou perceptível de modo claro se a guerra teve vencedores. Todas as potências beligerantes sofreram perdas grandiosas, não tanto em territórios ou de algum modo estratégico, uma vez que a Grande Guerra não teve muita movimentação em ganhos terrestres ou avanços táticos, mas as economias destas potências sofreram danos severos devido à necessidade de uma economia de guerra própria para sustentar os custos dessas guerras tecnológicas. Angell, um dos expoentes idealistas, argumenta justamente a ineficiência da guerra como mecanismo de lucro e benefício, onde um mundo tomado por relações de interdependência que surgia deixava a guerra como uma ação obsoleta. (Angell em Sorensen&Jackson, 2007, pg.67) A visão realista das Relações Internacionais começa a criticar o idealismo por essa premissa da guerra como sendo algo não proveitoso. Para Morgenthau, um cânone do realismo, a guerra é uma forma de estender o poder e buscar este poder, que é o único objetivo dos Estados. Logo a guerra não é só um mecanismo útil aos Estados como também um mecanismo fundamental de manutenção de poder. O ambiente anárquico inerente às relações internacionais não deixa, para os realistas, alternativa a não se ambicionar o poder e encontrar meios para obtê-lo. A beligerância é se não a única forma de consegui-lo e ao mesmo tempo é uma continuação da política. Podemos ver que o debate começa nas premissas mais básicas e se espalha por todas as frentes. Sorensen comenta em seu livro que o “foco de análise” sofreu uma alteração brusca, onde a interdependência, a cooperação, o direito internacional e a noção de busca pela harmonia e paz que eram pertencentes aos liberalistas internacionais mudaram para noções de política de poder, segurança, agressão, conflito e o permanente estado de guerra. (Sorensen & Jackson, 2007, pg. 73). 2. Ao impacto da Primeira Guerra Mundial nas “pessoas comuns” A partir dos textos, os autores ainda defendendo a tese de que o idealismo foi predominante no início do debate na disciplina. Os autores comentam que a opinião pública via a guerra como algo sem sentido, que resultou poucos ganhos para quaisquer uns dos lados e era a causa de mortes em massa. A guerra deixou um impacto profundo na população na esfera social onde houve mais de 19 milhões de mortes. A composição mostra em sua letra e também no filme do clipe que os danos nos combatentes foram muito profundos, deixando marcas e seqüelas. O soldado ferido fala que tudo o que viu foi um horror absoluto e que não podia mais viver e nem morrer aprisionado em sua cela, seu próprio corpo. A guerra lhe proporcionouàs pessoas uma cena de caos que jamais alguém havia visto. Os elementos da composição mostram o horror da guerra, a primeira com caráter de guerra total e que envolveu todos os setores da população. Toda a situação do clipe gira em torno de um soldado. Esse cenário acaba que se encaixa como a visão liberal da natureza humana, onde existe uma constante busca pelo progresso e a guerra é vista como irracional. A guerra seria então uma barbárie a ser compelida. A teoria Realista, inclusive, será pensada por pessoas que sofreram as conseqüências da guerra – e até mais da situação deplorável pós-guerra – e encontraram nos EUA tanto incentivo financeiro como estabilidade política, a exemplo E.H.Carr que era britânico e Morgenthau que era Alemão. A visão dessas pessoas marcadas pela guerra é mais objetiva que aquela teorizada apenas no papel, apresentando assim um perfil mais prático e duro. Morgenthau mesmo defende que as relações internacionais têm como base as relações humanas, sempre objetivando a busca pelo poder. Essa visão tão objetiva pode ser um reflexo do impacto causado pelas conseqüências da Primeira Grande Guerra e as marcas deixadas tanto na população européia como na cabeça dos dirigentes. 3. À relação entre os dirigentes e os dirigidos, durante o conflito Segundo Smith e Hollis, a preponderância da visão idealista deve-se muito a relação entre os dirigentes e os dirigidos durante o conflito, onde após a guerra, ela foi considerada um produto da vaidade dos dirigentes. A população não queria ir à guerra segundo esses teóricos, uma vez que o ideal liberal que regia a corrente pregava que a população não ia querer a guerra, e se de fato houve uma foi apenas fruto da escolha irracional dos líderes. As próprias causas da guerra são mais vaidosas ofensas mútuas de líderes que aliado ao clima de insegurança resultou na guerra como houve. As causas eram obscuras. Podemos perceber esse fato na composição através tanto da fala do Pai a Arthur, quando ele comenta sobre o que é democracia, confundindo-a com o nacionalismo e até mesmo declarando-a como a própria causa da guerra, definindo-a como sendo apenas um fenômeno de jovens se matando. Diversos conceitos idealistas podem ser analisados aqui: Podemos dar atenção à visão liberal da natureza humana, onde não faria sentido imaginar que a população optaria pela guerra ou apoiaria seus líderes em uma empreitada beligerante. A população segundo os idealistas tem a sempre buscar o progresso de uma forma cooperativa, pacífica e racional, onde a guerra não faz sentido, nem como mecanismo de obtenção de lucros – uma vez que é custosa - nem como mecanismo de obtenção de resultados – devido às características da guerra moderna. Podemos também ver aliado duas questões que na composição se permutam em seu sentido: O nacionalismo e a democracia. O ideal liberal da “Paz Democrática” e o fenômeno do nacionalismo interagem em conjunto na mente da população européia, obscurecendo esses conceitos. Fica claro que a população não tinha consciência das causas da guerra e que foi uma ação muito mais de “cima para baixo” do que de “baixo para cima” O realismo fará frente a todas essas idéias. Questionará, por exemplo, a ascensão dos governos de extrema-direita na Alemanha e Itália foi apoiada pela maioria da população, apesar de seus líderes serem tiranos e autocráticos. Até o extermino em massa dos judeus contava com o apoio da população (Goldhagen em Sorensen & Jackson, 2007, pg.71). O sistema Democrático não se torna nem objeto de análise dos Realistas, uma vez que pouco importa qual sistema será instituído, uma vez que as ações do homem, as relações entre os estados e os objetivos almejados pelo estado serão sempre os mesmos. É possível de se notar aqui um completo giro no foco da questão analisada: Os realistas se atinham mais a idéia da relação entre estados e o idealismo priorizava a relação dos indivíduos com esse estado que seria essencial para a política interna; a visão realista é de fora para dentro do estado e a idealista é de dentro para fora do estado. 4. As “conseqüências” da Primeira Guerra para os estados democráticos ou não. As conseqüências da primeira guerra para os Estados - querem que sejam eles democráticos ou não – era a conclusão que a guerra foi irracional e não poderia nunca mais ser um mecanismo de uso do estado, uma vez que foi devastadora para a sociedade européia que não a queria e concluiu que sua motivação foi um desentendimento entre líderes e falta de abertura democrática para a população. Com isso, o pensamento liberal preponderante no idealismo proveu boas explicações para os conflitos e ainda argumentava sobre ideais de liberdade e democracia, de um ambiente onde todos os países uma vez democratas não entrariam em guerra uns com os outros. Para isso era preciso lutar pela democracia e criar um ambiente favorável a conversa entre os membros da sociedade internacional. Esse ambiente seria institucionalizado na liga das Nações, criada justamente para oferecer esse sistema de auxílio mútuo. Podemos ver que a noção de democracia e a expansão desta mesma estavam enraizadas na população quando o pai fala que pela democracia as famílias tem que dar até seus filhos mais queridos. Apesar de que esse ideal de luta pela democracia não estivesse tão claramente objetivado na cabeça da população européia (talvez o proclamassem mais pela influência de líderes do que uma consciência democrática própria) ele se encontrava presente. O período após a primeira guerra até a eclosão da Segunda Guerra Mundial foi de difícil trato para o povo europeu. Em um cenário de economia frágil e destroçada, a Europa teve que conviver com a inflação, a falta de credibilidade no mercado internacional e a ascensão dos governos nazifascistas na década de 30. Muitos historiadores comentam que grande parte da legitimidade que esses governos se fizeram ter foi conseguida a partir de como as propostas encararam assuntos desse período, como as penas do Tratado de Versalhes e a Crise de 1929 As conseqüências “Grande Guerra”, juntamente com o período entre guerras e a Segunda Guerra Mundial são os palcos para o desenvolvimento da doutrina realista, que figurará junto ao realismo, e, segundo Hollis e Smith, confrontando-o em no primeiro debate das RI. Parte do Trabalho em Grupo Parte Feita por Felippe De Rosa IRiscool 2011.2
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