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Redação Discursiva - Marcus Prado

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Prévia do material em texto

Marcus Prado
EDITORA
Sin t a g m a
Ed it o r a
SINTAGMA
B rasília l2012
© 04/2012 - Editora Sintagma
Ed it o r a
Sin ta g m a
P896
Prado, Marcus.
Redação discursiva / Marcus Prado. - Brasília : Sintagma, 2012.
116 p . ; 23 cm.
1. Redação - Língua portuguesa -Brasil. 2. Redação - Língua portuguesa
- Problemas, questões, exercícios - Brasil. I. Título.
CDU: 808.1(079.1)(81) 
CDD: 808.06634
Capa
Guilherme Alcântara
Revisão 
Liv Chamma
Ficha catalográfica 
Kassandra Trindade - CRB - 1/1979
Designer de livros 
Raquel Simon
Editora Sintagma - SIG, Quadra 01, Lote 495, Brasília/DF 
Ed. Barão do Rio Branco - Sala 110 - CEP: 70610-410 - Tel.: (61) 3033 8475
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - De acordo com a Lei n° 9.610, de 19.02.1998, nenhuma 
parte deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de 
recuperação de informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico 
ou mecânico sem o prévio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor.
Editor
Marcos Pacco
Conselho Editorial 
Liv Chamma 
Renata Ribeiro 
Ricardo Araújo 
Lucas Ribeiro
com m uito carinho e adm iração que dedico este livro à 
m inha companheira, amante e amada esposa, Adriana do Prado, que 
sempre fo i uma pessoa que acreditou em rneu potencial de trabalho 
e na m inha capacidade de querer mais conhecimento, e aprimorá-lo 
cada vez mais, além de ter sido ju n to a m ini a idealizadora da teoria 
e de todo o material deste livro. Não posso deixar também de dedi­
cá-lo ao meu filh o amado, Marcus Levi, o meu “m enininho garotão”: 
um filh o abençoado de Deus em minha vida e de minha esposa; filh o 
este que é o meu grande estímulo ao trabalho, que rejuvenesceu meu 
coração, deixando-m e como aquele hom em que vive o primeiro amor. 
Dedico ainda aos meus estimados alunos que admiram m eu trabalho 
e poderão, através deste livro, ter sucesso nas provas de redação que 
forem prestar. Antes de tudo e de todos, esta obra é uma dedicatória ao 
meu Deus, que m eperm itiu e me deu como presente e responsabilidade 
a minha bela fam ília. Toda a honra e toda a glória a Deus!
elato inicialmente que antes de começar, em cada dia 
de trabalho, a confecção desta obra, prostrava-me em oração a D eus, 
dizendo: “Eis-me aqui, toma-me, pois estou rendido à tua vontade. 
Faça com que eu seja instrumento em tuas mãos e que minhas mãos 
sejam instrumentos de bênçãos na vida daquele que precisar do con­
hecim ento contido nesta obra para conseguir o tão almejado sonho: 
fa zer um ótimo texto em uma prova de c o n c u r so R e la to isso, pois é 
a D eus a quem agradeço o conhecim ento dado a mim, os professores
- “ i n s t r u m e n t o s q u e Ele usou para que eu soubesse o que sei hoje, 
as várias horas e dias de estudo que m e Ele me perm itiu ter para que 
pudesse aprimorar m eu conhecimento. Agradeço a E le as pessoas tão 
importantes que contribuíram para que eu chegasse até aqui, como 
meus pais - Valdir Coelho e Maria Auxiliadora minha tia Beth, 
m eus amigos insubstituíveis, como o Fagner Ribeiro, que está hoje na 
Austrália. Em especial, agradeço a D eus a fam ília que Ele me perm itiu 
formar, a minha avó Rosa Amélia, os meus sogros - M arques D ias e 
A lzira - e um grande cunhado e sua fam ília , que ajudaram a m im e 
a m inha fam ília em momentos de grande importância e de dificuldades: 
Cristovam do Espírito Santo. Agradeço aos meus queridos alunos de 
G oiânia-G O e Palmas-TO, que sempre me receberam tão bem., além 
dos alunos de outros estados, como os do Rio Grande do Sul. Agradeço 
a D eus a vida de todos.
Sumário
Apresentação, 11 
Prefácio, 13
CAPÍTULOS
1. O que é necessário para dissertar de forma argumentativa?, 15
2. A e s tru tu ra tex tual dissertativa, 23
3. O estudo dos parágrafos, 31
4. O que é necessário para dissertar de forma argumentativa?, 39
5. A diferença entre fato e tese (opinião), 45
6. Estudo da tese, 51
7. Como posso enriquecer o m eu texto dissertativo, 57
8. D iferentes formas de se começar um a redação, 69
9. Como desenvolver parágrafos, 73
10. As falácias, 91
11. Propostas de redação com texto elaborado pelo professor, 97
12. Exercitando a redação, 105
Apresentação
Por que devo aprender o básico para depois aperfeiçoar a minha 
escrita?
Estimado concursando, tudo tem um início e nada se constrói sem 
termos uma boa base para nos apoiar. Assim é com a escrita, principalmente 
dos textos mais cobrados nos concursos. O que propomos é oferecer-lhe o 
necessário para que você crie seu estilo próprio, mas consciente de que sua 
criação foi feita com base em outras criações.
É preciso ler outros textos para encontrarmos o caminho, por isso, neste 
material, há vários textos de diversas fontes para serem estudados e pesqui­
sados. Há também fontes do seu orientador, eu, como exemplos didáticos, 
visto que na fonte midiática têm-se muitos equívocos quanto à estrutura 
discursiva. • • • . ; •
Além de textos, teremos modalidades de exercícios e parte teóricas para 
entendermos o porquê de tudo. Em nenhum momento tem-se a pretensão da 
perfeição, mas, sim, a busca do suficiente para sermos concorrentes nessa 
briga por um vaga pública.
O que é preciso entender primeiro?
a) Que tipo de texto é cobrado nos concursos?
b) Como reconhecer essa estrutura e saber conduzi-la (identificar real­
mente uma introdução dissertativa-argumentativa, desenvolvimento compa­
tível com a introdução e conclusão compatível com o desenvolvimento, que 
está automaticamente amarrado à introdução, como se fosse algo cíclico.)
c) Como enriquecer seus textos?
d) E como reconhecer outros textos dentro do seu texto?
e) Como utilizar as técnicas das aulas expositivas, correção de redação 
as do professor?
Prefácio
A ntes de falar sobre os objetivos desta obra, gostaria de comparti­lhar parte de minha vida para que entendam o que me levou a criar este livro. Comecei minha vida acadêmica cursando Odontologia 
e paralelamente lecionava, na rede Anglo de Ensino, aulas de Língua Portu­
guesa, matéria esta que sempre amei e que tive prazer em ensinar. À medida 
que dava mais aulas, adentrava outras redes particulares de ensino e ia me 
embrenhando na vida em sala de aula, tal amor foi aumentando e a neces­
sidade de buscar mais conhecimento tomava conta de meus pensamentos. 
Deixei a Odontologia, depois de dois anos de curso, e fui cursar Letras Portu­
guês/Inglês, que concluí. Tal mudança não foi bem aceita pelos meus pais 
e parentes, pois a ideia de que um curso de Letras não poderia trazer muito 
sucesso e prosperidade financeira era o maior preconceito que enfrentava 
todos os dias. Entretanto, eu acreditava que dar aulas com dedicação, com 
a busca cada vez maior pelo aperfeiçoamento de conteúdo e pela didática, 
poderia me dar o que me completaria plenamente: a satisfação profissional e a 
prosperidade financeira. E foi o que trilhei em minha vida acadêmica e profis­
sional. Os anos foram se passando. Frustrações e alegrias ocorreram simulta­
neamente. A alegria e o sofrimento foram caminhos justapostos que percorri 
durante anos: lidar com educação não é fácil no Brasil devido a fatores ligados 
ao governo , à estrutura da escola, à família do aluno e ao próprio aluno. 
Mas continuei minha busca e as alegrias se tornaram mais freqüentes que 
as decepções e as frustrações. Depois de anos no ensino médio e em pré- 
-vestibular lecionando gramática, interpretação, literatura e redação, surgiu 
a oportunidade inesperada de dar aulas de gramática em um preparatório 
para concursos públicos em um mês em que eu estava em férias. Era algo 
novo e bem diferente de tudo o que eu havia trabalhado - inclusive de aulas
que havia dado também na universidade mas estimulante e desafiador, pois 
eu me deparei com um público diversificado quanto a cultura e a necessidades. 
A vontade de ensinar passou rapidamente em meu espírito, levando-me a 
um rejuvenescimento; o Português,para muitos, era uma barreira intrans­
ponível, que poderia afastá-los de um cargo público. Sempre gostei do que 
era desafio e me prontifiquei a estudar provas de concursos e a própria língua 
quanto norma, interpretação e escrita como nunca havia feito antes. Queria 
criar uma metodologia que fizesse meu aluno alcançar os objetivos tão alme­
jados: cargos públicos. Foi então que durante meses de dedicação e com a 
experiência adquirida no ensino médio criei uma metodologia muito fácil e 
inovadora de ensinar gramática, interpretação e redação,
Esta obra — que trata da Redação Discursiva especificamente — é fruto 
de vários anos de estudo de autores renomados na área de análise de texto 
e produção textual e de ministração de cursos específicos de redação para 
concursos. É um conteúdo projetado por mim e pela minha esposa - também 
formada em minha área que visa levar o aluno a criar um texto a partir de 
um projeto textual bem direcionado, controlado, criativo e com caracterís­
ticas distintas de tudo o que há no mercado de preparatório em Redação para 
concursos. Isso levará você, meu estimado concursando, a criar um texto 
diferenciado de seu concorrente, um texto inovador, de tamanha dimensão, 
que o examinador do concurso que você irá prestar será satisfatoriamente 
obrigado a dar a você a pontuação tão buscada depois de semanas de estudo. 
Tenha ciência de que a arte da escrita não é fácil, mas nada melhor do que 
um bom livro e um professor dedicado para levá-lo àquilo a que aspira tanto: 
ter o governo como patrão.
Siga todos os caminhos programados e explicados a você neste livro, não 
se desviando hora alguma do que foi determinado e ensinado a você, mesmo 
nos momentos em que as dificuldades parecerem intransponíveis. Aliás, 
nesses momentos é que deverá se lembrar das dificuldades que enfrentei, 
e que cada uma delas serviu para que eu quisesse mais. E foi na busca do 
“mais” que hoje consegui chegar à minha realização pessoal em todos os 
âmbitos. Você também será capaz! Tenho fé em Cristo que aquele que busca 
passa a ser merecedor daquilo que almeja para a sua vida.
Vamos trabalhar!
O que é necessário 
para dissertar de 
forma argumentativa?
A dissertação é o texto mais exigido, pois nela pòde-se perceber se o
' t ' r
candidato tem autonomia no que pensa e no que escreve. E preciso conteúdo 
e uma boa base. Mas o que é a dissertação como tipo de texto?
Dissertação é um texto que se caracteriza pela exposição, defesa de uma 
ideia que será analisada e discutida a partir de um ponto de vista. Para tal 
defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, 
com dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento 
de suas ideias. Organiza-se, geralmente, em três partes:
• Introdução - Onde você apresentará uma tese em que irá defendê-la
r
até o fim de seu texto. E no parágrafo introdutório que você criará 
o caminho dos argumentos, direcionando-os para que não percam o 
foco.
Marcus Prado
• Desenvolvimento ou argumentação - Parágrafo em que irá desen­
volver seu ponto de vista. Para isso, deve argumentar, fornecer 
dados, trabalhar exemplos, se necessário, ou seja, devem-se apre­
sentar as técnicas para enriquecer os argumentos.
• Conclusão - Parágrafo em que dará um fecho coerente com o desen­
volvimento e com os argumentos apresentados. Em geral, a conclusão 
é uma retomada da ideia apresentada na introdução, agora com mais 
ênfase, de forma mais conclusiva, onde não deve aparecer nenhuma 
ideia nova, uma vez que você está fechando o texto.
O texto dissertativo argumentativo destina-se ao chamado "leitor 
universal" ou seja, a qualquer pessoa que tenha acesso a ele. Por Isso 
recomenda-se o uso da terceira pessoa, a não ser que a proposta deixe 
claro que deva-se usar a primeira pessoa, como é o caso de um artigo 
de opinião.
E o gênero argumentativo?
No texto dissertativo, o autor discorre sobre determinado tema 
explicando cada parte. Geralmente, a dissertação está relacionada com a 
transmissão de conhecimento, e não com a persuasão sobre um ponto de 
vista. De outro lado, encontram-se os textos argumentativos que, como 
veremos, visam primordialmente à defesa de uma opinião. O texto disser- 
tativo-argumentativo é aquele que, além de trazer informações e explica­
ções sobre determinado assunto, traz também o posicionamento do autor 
no sentido de persuadir o interlocutor. Para isso, têm-se as técnicas para 
a persuasão.
Assim como os textos argumentativos, convencionalmente, dividem-se 
em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão). Há o predomínio 
da linguagem clara, objetiva e impessoal apresentada com o uso do padrão 
culto e formal.
O texto dissertativo faz parte da tipologia textual e possui caracterís­
ticas próprias que o torna um gênero opinativo. Mas antes mesmo de enten-
16\
StN TAüM A
Redação Discursiva
dermos o todo, é preciso conceituar o básico. Nossos compêndios e manuais 
da língua portuguesa não costumam distinguir a dissertação da argumen­
tação, considerando esta apenas momentos daquela. No entanto, uma e outra 
têm características próprias. Se a primeira tem como propósito principal 
expor ou explanar, explicar ou interpretar ideias, a segunda visa sobretudo a 
convencer, a persuadir ou a influenciar o leitor ou o ouvinte. Tentamos fazer 
com que o outro acredite em nós, para isso usamos do recurso da argumen­
tação.
Na dissertação podemos expor, sem combater ideias de que discor­
damos ou que nos são indiferentes. Podemos explanar sobre as questões 
do trânsito brasileiro sem contudo analisar verdades ou falsidades, 
sem pensarmos em convencer alguém de alguma coisa dentro do tema 
analisado.O caminho então ficaria aberto ao leitor para decidir. Já na 
argumentação, apresentam-se as razões, as vantagens ou as desvanta­
gens, as evidências das provas, tudo à luz de um raciocínio coerente e 
consistente.
Agora vejamos as palavras-chave dentro de um texto dissertativo:
O Trem Pequi
A recente notícia sobre a implantação de uma linha ferroviária de 
média velocidade entre Goiânia e Brasília, (tema do texto) bucolicamente 
denominada Trem Pequi, merece aplauso em sua intenção, mas reco­
mendações aos gestos que doravante serão necessários à materiali­
zação da ideia (tese do autor).
COMENTÁRIO
17 ' i
S5NTA ÜV.A
Marcus Prado
A primeira questão que se apresenta para ser superada é de ordem 
econômica, pois qualquer proposta de infraestrutura ferroviária atrai
automática resistência do poderoso setor industrial automobilístico e de
t
seus derivados (autopeças, borracha, vidros, lubrificantes, combustíveis, 
betumes, minérios etc.). Basta recorrermos à história, especialmente a 
partir de 1950, e verificar que foi este o setor que mereceu incentivos 
prioritários no pós-guerra para que fosse consolidado como base do novo 
modelo econômico brasileiro, até hoje predominante como opção nas 
políticas de transportes brasileiras, (veja que é ainda dissertativo, cons­
trói a defesa de sua tese)
Este molde de gestão, desde então adotado como indutor do desen­
volvimento econômico brasileiro, resultou em dois vetores diametral­
mente opostos, hoje consolidados e em contínua progressão. De um lado 
incrementou magnificamente o sistema rodoviário brasileiro, que passou 
de aproximadamente 38 mil (1950) para 1,6 milhão de quilômetros de 
extensão (2000). Na outra ponta> a mesma política desestimulou o sistema 
ferroviário, que regrediu de 35 mil (1945) para 29,7 mil quilômetros de 
extensão em rede (2000), conforme anota Juciara Rodrigues em seu 500 
Anos de Trânsito no Brasil - praticamente a mesma quilometragem ferro­
viária do Japão que, além de ser 23 vezes menor que o Brasil, possui topo­
grafia adversa, montanhosa em 71% de seu território.
A segunda questão que se nos apresenta tem nuança cultural. No Brasil, 
transporte sobre trilhos é pouco aceitável porque remete à ideia de veloci­
dade moderada, custos vultosos, estética proletária, ambiente rural, filmes 
western e cheirode carvão, tipo coisa ultrapassada. Trata-se de “incul- 
cação” ideológica competentemente construída pelo marketing da indústria 
sobre rodas, cuja ação inicial se notabilizou com a deliberada destruição
{EjgÍÍÍk
f q 8t
ÍINITACWA
Redação Discursiva
dos sistemas de bondes urbanos de São Paulo e Rio de Janeiro, culminando 
com o sucateamento da indústria de vagões e locomotivas e a privatização 
de seus setores estatais, (veja que o parágrafo apresenta argumentação, 
pois diferencia seu pensamento para que o leitor pense na situação, logo 
podemos refutar com facilidade)
Essa aparente obsolescência muda um pouco na medida em que se 
popularizam as novas tecnologias de transportes sobre trilhos, sobretudo 
os europeus e asiáticos - o “trem-bala”, o “shinkansen” japonês e outros 
sofisticados de altas velocidades e designers arrojados, (ainda disserta­
tivo). De fato, esses modernos modais nos permitem retomar a simpatia 
pelo sistema, cuja eficiência já é experimentada nos ambientes urbanos 
metroviários existentes nas grandes cidades brasileiras, (finalizou como 
dissertativo)
Portanto, a proposta do Trem Pequi surge nesse contexto fático , num 
país que continua priorizando o transporte rodoviário, sobretudo o individual, 
com sucessivas isenções tributárias e fiscais, e com menos trilhos hoje 
que há 50 anos. A isso se agregam as demandas acumuladas dos transportes 
sobre rodas, espelhadas nas rodovias mal conservadas, nos altos custos 
sociais traduzidos na expressiva acidentalidade viária, mas também na 
capital do Estado, cujas políticas de mobilidade ainda tangem a improvisa­
ção.' (texto dissertativo com suaves pinceladas de argumentação)
Como te r íam os um p a rá g ra fo in t ro d u tó r io d is se r ta - 
t ivo-argum enta tivo?
O Trem Pequi (título sugestivo à argumentação)
A recente notícia sobre a implantação de uma linha ferroviária de 
média velocidade entre Goiânia e Brasília, antigo projeto de empresários 
italianos, mostra que a ideia de ligar as duas cidades em alta velocidade é 
uma utopia realizável - assim como a solução do problema de saneamento 
básico em Águas Lindas. Bucolicamente denominada Trem Pequi, merece
' Antenor Pinheiro é jornalista e presidente do Conselho Estadual deTrânsito!Cetran-GO
19
Marcus Prado
aplauso em sua intenção, mas recomendações aos gestos que doravante 
serão necessários à materialização da ideia. Não bastam discursos politi­
queiros e motivos de campanhas, é preciso o espírito do “bom selvagem” 
de Rousseau para pensar no coletivo sem paixões e interesses unívocos.
COMENTÁRIO
: : 
: É interessante notar que, no último período, optou-se por não usar uma :
Outra:
FOLHETIM POLÍTICO
O fantasma
É provável que a maioria dos jovens, hoje, nem tenha ouvido falar 
da comunicação por telex. Pois bem: ela era grande novidade no início da 
década de 1960. Um dos primeiros aparelhos de telex instalados em Goiânia
S IN T A G V .A
Redação Discursiva
destinou-se a servir à secretaria do Governo, que funcionava em sala anexa 
ao gabinete do então governador Mauro Borges, no Palácio das Esmeraldas. 
Numa das primeiras madrugadas após a instalação do aparelho, um policial 
que estava de guarda no Palácio percebeu um barulho e foi ver de que se 
tratava. O barulho originava-se da sala em que estava o telex, que ele não 
conhecia ainda. Entrou na sala e viu a máquina escrevendo sozinha. Saiu 
correndo, esbaforido, supondo que acabara de presenciar a invasão, do 
Palácio, por um fantasma.
COMENTÁRIO
• * * • * • : « S*!.* » > « • * ♦ . • « • « . # . » • » • « « . . * v . » . » , » . * , * * • I A M Í í í M ♦V • • • •• ■ ............ ...y. ■, <- ••• V. ...... . ... *
• ■ ■ ■ ........... ......... ; . . :
• . < f ■ /■ ........................... • .................................................. f • • • ■ : > <-.< J j ............... -•< v í . . . 7 • " ‘> S ‘ ' ‘ ^ V
O restante serve como desenvolvimento: “Um dos primeiros aparelhos 
de telex instalados em Goiânia destinou-se a servir à secretaria do Governo,
110 Palácio das Esmeraldas. Numa das primeiras madrugadas após a instalação 
do aparelho, um policial que estava de guarda no Palácio percebeu Um barulho 
e foi ver de que se tratava. O barulho originava-se da sala em que estava 
o telex, que ele não conhecia ainda. Entrou na sala e viu a máquina escre­
vendo sozinha. Saiu correndo, esbaforido, supondo que acabara de presenciar 
a invasão, do Palácio, por um fantasma”.
21
A estrutura textual
dissertativa
BASES CONCEITUAIS 
Apresentação textual
• Legibilidade e erro
Escreva sempre com letra legível. Prefira a letra cursiva. A letra 
imprensa poderá ser usada desde que se distingam bem as iniciais 
maiúsculas e minúsculas. No caso de erro, risque com um traço 
simples o trecho ou o sinal gráfico e escreva o respectivo substituto. 
Lembre-se de que a rasura pode ser tratada como erro por parte 
dos analisadores de sua redação.
iINTAüMA
Marcus Prado
• Respeito às margens e indicação dos parágrafos
Para dar início aos parágrafos, dê o espaço de mais ou menos dois 
centímetros, pois é suficiente. Observe as margens esquerda e 
direita na folha para o texto definitivo. Não crie outras. Não deixe 
“buracos” no texto. Na transiineação, obedeça às regras de divisão 
silábica.
• Limite máximo de linhas
Além de escrever seu texto em local devido (folha definitiva), respeite 
o limite máximo de linhas destinadas a cada parte da prova, conforme 
orientação da banca. As linhas que ultrapassarem o limite máximo 
serão desconsideradas e até mesmo será penalizado o aluno na nota 
conforme o que estiver especificado em edital.
• Eliminação do candidato
Seu texto poderá ser desconsiderado nas seguintes situações:
- ultrapassagem do limite máximo de linhas;
- ausência de texto: quando o candidato não faz seu texto na folha 
oficial;
- fuga total ao tema: analise cuidadosamente a proposta apresentada.
Estruture seu texto èm conformidade com as orientações explicitadas 
no caderno da prova discursiva.
• Registros indevidos: anotações do tipo “fim”, “the end”, “O senhor 
é meu pastor, nada me faltará” ou recados ao examinador, rubricas e 
desenhos.
E S T R U T U R A TEXTUAL DISSERTATIVA
Não dê título ao texto (a não ser que a folha de instruções da prova 
peça o título a você); logo, comece na línha 1 da folha definitiva o seu 
parágrafo de introdução.
SlfíTAtíM A
Redação Discursiva
Estrutura clássica do texto dissertativo 
In t ro d u ç ã o a d e q u a d a ao te m a 1 p o s ic io n a m e n to
Apresenta a ideia que vai ser discutida, a tese a ser defendida. Cabe à 
introdução situar o leitor a respeito da postura ideológica de quem o redige 
acerca de determinado assunto. Deve conter a tese e as generalidades que 
serão aprofundadas ao longo do desenvolvimento do texto. O importante é 
que a sua introdução seja completa e esteja em consonância com os critérios 
de paragrafação. Não misture as ideias que usará para provar a sua tese, caso 
seja um principiante na arte da argumentação (veremos mais à frente uma 
proposta estrutural para seu texto).
D esenvo lv im en to
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detida­
mente as ideias e exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento. 
No desenvolvimento, organizamos o pensamento em favor da tese. Cada pará­
grafo (e o texto) pode ser organizado de diferentes maneiras:
• estabelecimento das relações de causa e efeito: motivos, razões, 
fundamentos, alicerces, os porquês/consequências, efeitos, repercus­
sões, reflexos;
• estabelecimento de comparações e contrastes: diferenças e seme­
lhanças entre elementos - de um lado, de outro lado, em contraste, ao 
contrário;
• enumerações e exemplificacões: indicação de fatores, funções ou 
elementos que esclarecem ou reforçam uma afirmação.
F e c h a m e n to do tex to de fo rm a co e re n te
Retoma ou reafirma todas as ideias apresentadas e discutidas no desen­
volvimento, tomando uma posição acerca do problema,da tese, ou seja, é 
uma retomada direta ou indireta da introdução. É também um momento de 
expansão, desde que se mantenha uma conexão lógica entre as ideias.
é:cí'Zs
25
SlNTAÜM A
Marcus Prado
. ..
indicam ao
porta
v>s.creyç flU^.escritorprQfiçie
Desenvolvimento do tema
E stab e lec im en to de conexões lógicas e n tre os a r g u ­
m entos
Apresentação dos argumentos de forma ordenada, com análise detida 
das ideias e exemplificação de maneira rica e suficiente do pensamento. 
Para garantir as devidas conexões entre períodos, parágrafos e argumentos, 
devemos empregar os elementos responsáveis pela coerência e unicidade, tais 
como operadores de sequenciação, conectores, pronomes. Procure garantir a 
unidade temática.
O bjetiv idade de a rg u m e n ta ç ã o f re n te ao tem a 1 posi­
c io n am en to
O texto precisa ser articulado com base nas informações essenciais que 
desenvolverão o tema proposto. Dispensar as ideias excessivas e periféricas. 
Planejar previamente a redação definindo antecipadamente o que deve ser 
feito. Recorrer ao banco de ideias é um passo importante. Listar as ideias 
que lhe vier à cabeça sobre o tema. Estabelecer a tese que será defendida. 
Selecionar cuidadosamente entre as ideias listadas aquelas que delimitarão o 
tema e defenderão o seu posicionamento.
Redação Discursiva
E stab e lec im en to de u m a p ro g re ss iv id a d e te x tu a l 
em re lação à seq ü ên c ia lógica do p e n sa m e n to
O texto deve apresentar coerência seqüencial satisfatória. Quando se 
proceder à seleção dos argumentos no banco de ideias, deve-se classificá-los 
segundo a força para convencer o leitor, partindo dos menos fortes para os 
mais fortes.
Caríssimos, é possível (e bem mais tranqüilo) desenvolver um texto 
dissertativo a partir da elaboração de esquemas. Por mais simples que lhes 
pareça, a redação elaborada a partir de esquema permite-lhes desenvolver o 
texto com seqüência lógica, de acordo com os critérios exigidos no comando 
da questão (número de linhas, por exemplo).
S ugestão de p ro d u ç ã o de te x to com base em 
esquem as
ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO
Io parágrafo: TESE + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3
2o parágrafo: desenvolvimento do argumento 1
3o parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
4o parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
5o parágrafo: retomada da tese + reafirmação do tema + observação final
TEMA: Chegando oo terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu 
resolver graves problemas que preocupam a todos.
POR QUÊ? Não com intuito de prestar causas e conseqüências, mas 
apenas para incentivar o raciocínio.
• arg. 1: Existem populações imersas em completa miséria.
• arg. 2: A paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais.
• arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio 
ecológico.
27
ta
*• i
Sintagma.
Marcus Prado
Veja um exemplo de introdução com um parágrafo de desenvolvi­
mento com base no tema dado anteriormente.
O Sertão vai virar mar, e o mar virar sertão? Previsões catastróficas 
em livros e filmes têm aproximado a ficção da realidade. O desequilíbrio 
ecológico é evidente e amendrontador. Como se não bastasse, o acúmulo 
de tantas misérias poderá desencadear com rapidez o que o mundo teme: a 
extinção total do pouco que ainda resta de civilidade. Com certeza conflitos 
internacionais são um sinal de que não há diálogos para amenizarem tantas 
diferenças. À natureza vai recebendo tantas agressões, mas a resposta pode 
estar próxima ao que a ficção chamou de “2012”.
Lotam-se as salas de cinemas para o lançamento de um dos filmes mais 
esperados pelo público. A crítica demonstra empolgação quanto ao roteiro 
e efeitos especiais, e aqueles que assistem ao filme se sentem impotentes 
ao que para muitos está próximo a acontecer. Os desequilíbrios ambientais 
já não são novidade e mesmo assim tanta tecnologia não consegue superar 
o medo de que ainda há de um colapso ambiental.
SlNTAOMA
28
Redação Discursiva
Como forma de exercício, construa o restante dos parágrafos de 
desenvolvimento e a conclusão com base na introdução e no primeiro 
parágrafo de desenvolvimento dados a você.
O estudo dos parágrafos
Além da estrutura global do texto dissertati vo-argumentati vo, é impor­
tante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.
Parágrafo é uma unidade de tèxto organizada em torno de uma ideia- 
-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser 
formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto 
d i ssertati vo-argumentati vo os parágrafos devem estar todos relacionados 
com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introdução. 
Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos 
dissertativos-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma 
estrutura padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a ideia-núcleo, as 
ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão. Em 
parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Marcus Prado
Outro aspecto que merece especial atenção são os elementos rela- 
cionadores, isto é, os conectores ou conetivos. Eles são responsáveis 
pela coesão do texto e tornam a leitura mais fluente; visam estabelecer 
um encadeam ento lógico entre as ideias e servem de “ elo” entre os 
parágrafos, ou entre as ideias no interior do período e entre o tópico que 
o antecede. Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase quanto 
ao passar de um enunciado para outro é uma exigência também para a 
clareza do texto. Sem esses conectores - pronomes relativos, conjun­
ções, advérbios, preposições, palavras denotativas - as ideias não fluem; 
muitas vezes, o pensamento não se completa e o texto torna-se obscuro, 
sem coerência.
/
Os elementos relacionadores não são, todavia, obrigatórios; geral­
mente estão presentes a partir do segundo parágrafo. No exemplo a seguir, 
o parágrafo demonstrativo certamente não constitui o Io parágrafo de uma 
redação.
E x em p lo de u m p a rá g ra fo e su as d iv isões
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará 
de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário 
controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas insti­
tuições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para 
atender a demanda. Enfim, viveremos o caos.”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
• Elemento relacionador: Nesse contexto, (os elementos sublinhados 
trabalham a relação coerente entre as ideias).
• Tópico frasal: ... é um grave erro a liberação da maconha.
• Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do 
consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce 
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recupe­
ração de viciados não terão estrutura suficiente para atender à 
demanda.
9 Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
Redação Discursiva
A estruturação do parágrafo
P a rá g ra fo -p a d rã o
O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um 
ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou 
nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo 
sentido e logicamente decorrentes dela.
O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da 
folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenien­
temente as ideias principais de sua composição, permitindo ao leitor acom- 
panhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios.
O ta m a n h o do p a rá g ra fo
Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou 
diminuídos conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação 
em que o texto será divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos 
parágrafos, dará colorido especial ao texto, captando a atenção do leitor, do 
começo ao fim. Em princípio, o parágrafo é mais longo que o período e menor 
que uma página impressa no livro,e a regra geral para determinar o tamanho 
é o bom senso.
• Parágrafos curtos - próprios para textos pequenos, fabricados 
para leitores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos 
curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter 
parágrafos mais longos. Revistas populares, livros didáticos desti-
*
nados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos 
curtos. Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo 
em parágrafos menores, seguindo critério claro e definido. O pará­
grafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio 
de longos parágrafos, ou para enfatizar uma ideia,
• Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos desti­
nados a um leitor de nível médio (2o grau). Cada parágrafo médio 
é construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. 
Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios.
S i n t a g m a
33
Marcus Prado
• Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e acadêmicas 
possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e 
consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem 
várias ideias e especificações, ocupando mais espaço; os leitores 
possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.
Tópico frasa l
A ideia central do parágrafo é enunciada através do período denominado 
tópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse 
período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos 
secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção 
do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave. Como o 
enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema 
central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio 
do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse 
assunto, ou a ideia central com o potencial de gerar “ ideias-filhote”; como 
a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou hegação 
que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, 
detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio 
completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou 
explicação.
A ideia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, 
seguida de outros períodos que a explicam ou a detalham.
Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem 
maltratá-los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro 
jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades 
e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. 
O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais 
meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode 
exigir mais do que é esperado.
34■■ i\
SlNTACMA
Redação Discursiva
A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per 
capita brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo 
ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de 
vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que 
vale U $ $ 112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário 
mínimo. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças 
e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o 
número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas 
que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras 
ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham 
e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso 
país é injusta.
Tópico frasa l desenvolv ido p o r e n u m e ra ç ã o
Trata de enumerar os elementos concretos da discussão ou que ainda 
podem ser discutidos.
A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios 
às pessoas, tais como: informação por meio de noticiários que mostram o 
que acontece de importante em qualquer parte do mundo; diversão através 
de programas de entretenimento (shows, competições esportivas); cultura 
por meio de filmes, debates, cursos.
Tópico frasa l desenvolv ido p o r con fron to
Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, 
dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das 
semelhanças.
35
Marcus Prado
Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez 
pode ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se 
pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada 
jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir 
seu plano sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será 
prontamente abatido. 0 mesmo acontecerá com um pai que tentar 
seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às 
respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação 
geral, na medida em que se apresentam.
Tópico f ra s a l d esen v o lv id o p o r razões = c a u sa e 
c o n se q ü ê n c ia ou c a u sa e efeito
No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que 
comprovam o que afirmamos no tópico frasal.
As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que 
isso acontece de maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, 
representam a forma concentrada, quase simbólica, da experiência 
infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está 
cheio de objetos m isteriosos, de acontecimentos incom preensíveis, 
de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo 
é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de expe­
rimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da 
procura da surpresa.
T ópico f ra sa l d esen v o lv id o p o r aná lise
É a divisão do todo em partes.
S i n t a g m a
36
Redação Discursiva
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: 
informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão 
de notícias, relatos e comentários sobre a realidade. A segunda atende à 
procura de distração, de evasão, de divertimento por parte do público. 
A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo 
produto, A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de 
material que contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu 
acervo de conhecimentos.
Tópico fra sa l desenvo lv ido pe la exem plificação
Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de 
exemplos.
A imaginação utópica e inerente ao homem sempre existiu e 
continuará existindo. Sua presença é uma constante em diferentes 
momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas 
e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensa­
mento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de 
filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida 
mais justa, pedem-nos que sejamos realistas, exijamos o impossível.
U N TA C M A
O que é necessário 
para dissertar de forma 
argumentativa?
O QUE É PR E C ISO SABER PARA DISSERTAR?
1. Dissertação: É dialogar com o outro numa tentativa de se mostrar 
presente quanto à opinião. Não há aqui uma tentativa de persuasão, 
somente uma expressão como resposta ao outro que provocou uma 
tomada de posição.
r
2. Argumentação: E também um diálogo, mas numa presença impo- 
sitiva, insistente, às vezes, autoritária, religiosa, machista, feminista 
etc. Tudo com o objetivo de convencer o outro. Existem vários 
recursos para movimentar o convencimento.
39
Marcus Prado
3. Dissertação-argumentativa: é a exposição de uma opinião com 
objetivos claros para tentar convencer alguém de algo exposto no 
possível conflito.
4. Assunto: Para uma boa compreensão do que se leu em uma coletânea 
ou trecho em sua prova, deve-se perceber do que se trata de modo geral.
5. Tema: Após a leitura do assunto, devemos especificar esse assunto, 
aquilo que realmente usaremos para iniciara tese.
6. Tese: Pegue o tema e acrescente sua opinião sobre ele, posicionando-se, 
mas sem explicações ou exemplos. Seria um raciocínio diferente sobre 
o que é pedido, um olhar diferenciado, menos comum possível, mas 
lógico e interessante de se pensar.
C onceitos básicos e necessá rio s
Após a leitura de uma coletânea ou trecho da prova dissertativa, é preciso 
pensar no assunto, tema e tese antes mesmo de iniciarmos nossa introdução. 
Isso é uma forma de organizar nosso raciocínio.
Yejainos:
Texto 1
Corrupção cultural ou organizada?
I *
Renato Janine Ribeiro2
Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcor- 
rupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção, Ficamos 
muito atentos, nos últimos anos, a um tipo de corrupção que é muito 
freqüente em nossa sociedade: o pequeno ato, que muitos praticam, de pedir 
um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum 
para obter uma vantagem pessoal. Foi e é importante prestar atenção a 
essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupção política
- por sinal, praticada por gente eleita por nós.
2 (Renato Janine Ribeiro, 59, é professor titular de ética e filosofia política do Departamento de 
Filosofia da USP. É autor, entre outras obras, de República (Publifolha. Coleção Folha Explica).
40
S lN TA tiM A
CflCiív s
m »
V
Redação Discursiva
(
(
Esclareço que, por corrupção, não entendo sua definição legal, mas 
ética. Corrupção é o que existe de mais antirrepublicano, isto é, mais 
contrário ao bem comum e à coisa pública. Por isso, pertence à mesma 
família que trafegar pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos 
outros. Às vezes é proibida por lei, outras, não. Mas, aqui, o que conta 
é seu lado ético, não legal. Deputados brasileiros e britânicos fizeram 
despesas legais, mas não éticas. E desse universo que trato.
O problema é que a corrupção “cultural”, pequena, disseminada - que <
mencionei acima - não é a única que existe. Aliás, sua existência nos poderes 
públicos tem sido devassada por inúmeras iniciativas da sociedade, do 
Ministério Público, da Controladoria Geral da União (órgão do Executivo) 
e do Tribunal de Contas da União (que serve ao Legislativo). Chamei-a de r 
“corrupção cultural” pois expressa uma cultura forte em nosso país, que é 
a busca do privilégio pessoal somada a uma relação com o outro permeada 
pelo favor. É, sim, antirrepublicana. Dissolve ou impede a criação de laços 
importantes. Mas não faz sistema, não faz estrutura. (
Porque há outra corrupção que, essa, sim, organiza-se sob a forma de 
complô para pilhar os cofres públicos - e mal deixa rastros. A corrupção 
“cultural” é visível para qualquer um. Suas pegadas são evidentes. Bastou 
colocar as contas do governo na internet para saltarem aos olhos vários 
gastos indevidos, os quais a mídia apontou no ano passado. Mas nem a (
tapioca de R$ 8 de um ministro nem o apartamento de um reitor - gastos 
não republicanos - montam um complô.
■
Não fazem parte de um sistema que vise a desviar vultosas somas dos 
cofres públicos. Quem desvia essas grandes somas não aparece, a não ser t
depois de investigações demoradas, que requerem talentos bem aprimorados /
- da polícia, de auditores de crimes financeiros ou mesmo de jornalistas muito 
especializados. O problema é que, ao darmos tanta atenção ao que é fácil de 
enxergar (a corrupção “cultural”), acabamos esquecendo a enorme dimensão 
da Corrupção estrutural, estruturada ou, como eu a chamaria, organizada.
Ora, podemos ter certeza de uma coisa: um grande corrupto não usa , 
cartão corporativo nem gasta dinheiro da Câmara com a faxineira. Para 
que vai se expor com migalhas? Ele ataca somas enormes. E só pode ser 
pego com dificuldade. Se lembrarmos que Al Capone acabou na cadeia por {
ter fraudado o Imposto de Renda, crime bem menor do que as chacinas 
que promoveu, é de imaginar que um megacorrupto tome cuidado com 
suas contas, com os detalhes que possam levá-lo à cadeia - e trate de 
esconder bem os caminhos que levam a seus negócios.
á
4 1
SlNTAviMA 5
Marcus Prado
Penso que devemos combater os dois tipos de corrupção. A corrupção 
enquanto cultura nos desmoraliza como povo. Ela nos torna “blasé”*. Faz-nos 
perder o empenho em cultivar valores éticos, Porque a república é o regime 
por excelência da ética na política: aquele que educa as pessoas para que 
prefiram o bem geral à vantagem individual. Daí a importância dos exemplos, 
altamente pedagógicos.
Valorizar o laço social exige o fim da corrupção cultural, e isso só se 
consegue pela educação. Temos de fazer que as novas gerações sintam pela 
corrupção a mesma ojeriza que lima formação ética nos faz sentir pelo crime 
em geral. Mas falai- só na corrupção cultural acaba nos indignando com o 
pequeno criminoso e poupando o macrocorrupto. Mesmo uma sociedade 
como a norte-americana, em que corromper o fiscal da prefeitura é bem mais 
raro, teve há pouco um govemo cujo vice-presidente favoreceu, antietica- 
mente, uma empresa de suas relações na ocupação do Iraque.
A corrupção secreta e organizada não é privilégio de país pobre, “atra­
sado”. Porém, se pensarmos que corrupção mata - porque desvia dinheiro de 
hospitais, de escolas, da segurança —, então a mais homicida é a corrupção 
estruturada. Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcor- 
rupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção. É mais difícil de 
descobrir. Mas é ela que mata mais gente.
* blasé (icomparativo: more blasé; superlativo: inost blasé)
A ssunto: A co rru p ção no B ras il
* • * * , , ' '
Tema: Coincide com o próprio título - “Corrupção cultural ou 
organizada?”
• . . •................ ..
então, quando seDelimitação assunto e o própr
delimitá-lo
rtsco
■ ■ :-y-' %
S IN TA G M A
Redação Discursiva
Tese: Poderá estar bem clara na introdução ou poderá estar diluída (no 
caso, precisaremos pensar ou escrever com nossas palavras para retirá-la do 
parágrafo), mas, nesse texto, percebemos que está fácil: “Precisamos evitar 
que a necessária indignação com as microcorrupções ‘culturais’ nos leve a 
ignorar a grande corrupção.”
dar peso de artigo de opinião,
t ,, o 7 ;>.«• - ''~.W. -%».• i'.. >• a,.; . . /.
l '' ̂ < .... •- ̂ '• .-.V > < . .....- - ■ • -■ ■ ' - • •..... I
para estendermos argumentos a dois ou mais piaráqrafôs. Trecho: "atenção a »
■ .í: .~ .............. : • . :• •■■■ ........ -J / • ' ̂ . \
43
n?n ofí/í&o»
V I\
ÓJtfTAüMA
Marcus Prado
lípiEPppF
epensê::esse
s p *mí m0 partir’ 
ice ao outro!
insp írâpo é diferènttW plagio!)
m m
M .V T A ÍÍW A
4 4*•1 
\
A diferença entre 
fato e tese (opinião)
Problemas comuns encontrados:
A tese não é exatamente uma tese. O aluno costuma confundir o posi­
cionamento com o fato constatado. Temos assim um desenvolvimento e 
não uma introdução com um objetivo persuasivo, como pedido na proposta.
Exemplo de uma introdução com fato constatado e não com tese.
Observe que fato constatado é algo que não pertence à minha criação; 
temos os “já ditos”. Podemos utilizar os “já ditos” como recurso e não 
como meu absoluto, pois tais “já ditos ” se tornaram domínio de todos.
• Assunto: Ética e Moral
• Tema: A ética e a moral na relação com a ordem social.
& 6 h
4 5
i \
SlíCTAÜMA
Marcus Prado
• Tese: Não há um posicionamento de tese, pois os fatos são expo- 
sitivos, retratam um acontecimento constatado. Ninguém duvida 
desses fatos.
Ética e moral
Ética tem origem no grego eíhos, que significa modo de ser. A palavra 
moral vem do latim mos ou mores, ou seja, costume ou costumes. A primeira 
é uma ciência sobre o comportamento moral dos homens em sociedade e está
relacionada à Filosofia. Sua função é a mesma de qualquer teoria: explicar,
/
esclarecer ou investigar determinada realidade, elaborando os conceitos 
corespondentes, A segunda, como define o filósofo Vázquez, expressa “um 
conjunto de normas, aceitas livre e concientemente, que regulam o compor­
tamento individual dos homens”.
COMENTÁRIOE xem plo de In t ro d u ç ã o com a te se
Tese: devemos reescrevê-la, visto que copiar é impossível. Ela está 
diluída na introdução.
Ao campo da ética, diferente do da moral, não cabe formular juízo 
valorativo, mas, sim, explicar as razões da existência de determinada 
realidade e proporcionar a reflexão acerca dela. A moral é normativa e se 
manifesta concretamente nas diferentes sociedades como resposta a neces­
sidades sociais; sua função consiste em regulamentar as relações entre 
indivíduos e entre estes e a comunidade, contribuindo para a estabilidade 
da ordem social.
(Inteniet:www.espacoacadêmico.com.br (coin adaptações)
SINTAGM A
Redação Discursiva
Tese reescrita: A moral é um regulador das necessidades sociais, enquanto 
que a ética não se valoriza, e sim, explica o porquê das tais necessidades. 
Observe que a proposta para o desenvolvimento foi traçada: enumeração de 
temas importantes: ética e moral.
O Eu se mostra nas escolhas pessoais tais como: “diferente da moral, 
não cabe formular juízo valorativo ”, ” necessidades sociais ”, “contri­
buição para estabilidade social”.
Muitos filósofos discordam desse tipo de divisa quanto à questão 
da ética e da moral, então temos a manifestação do E u num 
todo. Mas cuidado esse tipo de tese está praticamente “em cima 
do muro”, pois aponta para dois lados e quase não se revolve 
num ponto. A Numeração de itens tende a nos prejudicar caso não 
tenhamos domínio desse tipo de recurso. Também não é recomen­
dável iniciar com “ao campo da ética”.
Mas mesmo com o exemplo dado acima, o aluno possui grande difi­
culdade em diferenciar um fato de uma opinião que ele possa criar em uma 
introdução ou ao longo do desenvolvimento. Como saber quando é fato e 
opinião? Como transformar um fato em opinião diferenciada? Ou seja, 
como fugir do senso comum? Veja a análise desse texto e observe como 
ele foi construindo a opinião através do fato, mas sem entrar demasia­
damente no senso comum, o que todos esperam sem questionar.
Texto p a r a aná lise
O número de acidentes de trânsito caiu drasticamente após a apro­
vação da lei seca. Este é um fato. O número de vítimas decorrentes dos 
acidentes também caiu. Este também é um fato. Os defensores da lei seca 
dirão: “contra fatos não há argumentos”. É verdade, contra fatos não há 
argumentos. Contudo, a interpretação dos fatores que geraram os fatos é 
sim sujeita a questionamentos.
Para ilustrar o parágrafo acima imagine que Janjão diga: “Vai chover 
amanhã”. E no dia seguinte efetivamente ocorre uma chuva. Janjão disse que 
iria chover e choveu, isso é um fato. Contudo podemos interpretar o resultado 
de pelo menos três maneiras distintas:
4 7
SINTAGMA
Marcus Prado
1. Janjão veio do futuro, e assim sabia o que aconteceria no dia 
seguinte;
2. Janjão era um excelente cientista e por meio de análises estatísticas 
previu corretamente a chuva; ou
3. Janjão apenas deu um palpite que se realizou.
Assim, da próxima vez que você ouvir alguém dizer que os acidentes de 
trânsito se reduziram após a lei seca, lembre-se de que isso é um fato. Mas, 
existem várias interpretações sobre o que gerou talfato. Talvez a proibição de 
beber e dirigir (lei seca) deva receber esse crédito. Talvez essa redução tenha 
se originado apenas por causa do aumento da fiscalização que se seguiu após 
a aprovação da lei seca.
Alguns podem argumentar que não importa o motivo, o fato é que os 
acidentes se reduziram e assim devemos manter a lei seca. Discordo dos 
que pensam assim. Meu argumento é simples: que tal proibirmos o uso de 
rádio dentro do carro? Afinal, ouvir música enquanto se dirige é a terceira 
causa de acidentes por distração nos Estados Unidos. Além disso, mudar 
de estação de rádio é a primeira causa de acidentes por distração nos EUA. 
Nada mais natural do que proibirmos o uso do rádio nos carros. Ou seja, é 
fato que rádio no carro aumenta o risco de acidentes. Contudo, a interpre­
tação dos fatores é importante. Afinal, por que impedir TODOS de ouvirem 
música no carro?
Quanto à lei seca, meu ponto é o mesmo. O problema não está no casal 
que saiu para tomar uma jarra de vinho. Também não está no pai de família 
que tomou uma latinha de cerveja na festa junina da escola. São os excessos 
que devem ser coibidos.
I
Para finalizar quero deixar duas perguntas;
a) alguém se lembrou de analisar o efeito substituição? Ou seja, talvez 
alguns troquem o consumo de álcool pelo consumo de drogas. Outros 
podem substituir o álcool pela violência. Afinal, se você limita uma 
veia de escape (chope com os amigos) outras veias de escape irão 
surgir.
48
Redação Discursiva
b) Minha pergunta parece estúpida, mas tente responder a ela e você verá 
quão difícil ela é: será justo condenarmos alguém por antecipação? 
Quando a polícia prende um bêbado dirigindo, ela o fez por ASSUMIR 
que ele não tem condições de dirigir. No fundo, ele está sendo 
condenado por antecipação. Assume-se que um bêbado irá provocar 
um acidente de trânsito, mas isso é apenas uma suposição. Experimente 
expandir esse argumento para o resto da sociedade e você verá o quão 
perigoso ele é. Essa segunda pergunta me foi feita pelo Daniel Marchi, 
e confesso que eu gastei um bom tempo tentando responder a ela. Note 
que essa segunda pergunta é muito semelhante ao argumento central 
de um filme com Tom Cruise (Minority Report). Assista a esse filme 
para que possa despertar suas ideias...
Estudo da tese
Na dissertação, podemos expor um tema sem tentar convencer o 
leitor. Quando temos o objetivo de convencer, o texto passã a ser uma 
argumentação. Se o texto dissertativo tem como propósito principal 
explicar ideias, a argumentação procura formar a opinião do leitor ou do 
ouvinte. No texto dissertativo, apresentamos ideias para serem desenvol­
vidas. Já no texto argumentativo, apresentamos argumentos com provas 
completas. Logo, o fato é uma realidade desse tipo de texto.
Assunto
Após a leitura do texto fonte como motivador, tem-se a presença da 
ideia geral de que se trata o texto. Mas de forma alguma inicie seu parágrafo
introdutório com a ideia geral apenas. O assunto prepara a temática.
.1 > V V =1
51 \
S IN TA G M A
Marcus Prado
Tema
Ideia principal concernente ao verdadeiro propósito do autor no texto.
Mais específico. Prepara o ambiente para a chegada da tese.
Tese
Dentro da dissertação argumentatíva: TEMA + EU (POSICIONA­
MENTO) = TESE
• Assunto: As pessoas no ambiente de trabalho.
• Tema: O pseudopoder e a sabedoria no ambiente profissional.
• Tese: Os pseudopoderosos mascaram a hipocrisia do “manda quem 
pode; obedece quem tem juízo” na fragilidade da não convivência 
harmoniosa com o outro no ambiente profissional.
• Tese diluída na introdução: A tese não irá aparecer exatamente 
na forma de tópico frasal como acima, mas envolvida num todo 
para a construção de uma introdução dissertativa argumentativa.
Exemplo de Introdução Completa
É comum no ambiente profissional ouvirmos o dito popular "manda 
quem pode; obedece quem tem juízo". Na definição de fluxos de trabalho, 
é bem possível que essa frase tenha sua serventia e sua dose de verdade. 
No entanto, o poder, seja o verbo ou seja o substantivo, é exercido, em 
maioria, por pessoas inábeis e presunçosas. São os pseudopoderosos. 
Uma turma mesquinha e apequenada que, por pura insegurança, 
escreve na testa "quem manda aqui sou eu" e desfila por nossas 
vidas diariamente, sem a menor noção do quão patética e cafona 
nos parece e, de fato, é. (Tese diluída com o raciocínio complementar 
para o enriquecimento dela).
C i » - i T * r : u «.
Redação Discursiva
Assunto: Política
Tema: A imagem dos políticos brasileiros 
Tese: “O mundo político vive em queda livre 
Tese mais explícita : “O mundo político vive em queda livre
Introdução com Tese Explícita
O mundo político vive em queda livre. A capacidade de decep­
cionar parece ser rotina em todas as esferas do setor público brasileiro. 
Os exemplos estão estampados diariamente na mídia e fazemcom que 
a maioria dos cidadãos, indignada, se afaste da política.
Outro exemplo de Tese explícita, mais fácil de identificar.
• Assunto: O funcionário público
• Tema: A relação entre o funcionalismo e a funcionabilidade do 
serviço público.
• Tese: Por que os servidores públicos insistem em ser incompetentes 
quando se trata de compromisso com a pontualidade e da qualidade 
dos serviços prestados à aqueles que necessitam?
Por que os servidores públicos insistem em ser incom petentes 
quando se trata de compromisso com a pontualidade e a q u a lid ad e 
dos serviços prestados àqueles que necessitam? Pelo visto, tudo 
o que não corre riscos de mudanças torna-se porto seguro de maus 
empregados. E os reflexos não podiam ser diferentes: burocracia e 
exemplos de andorinhasquetentam m ostrarverõesetêm suas"asinhas 
cortadas bem rapidinho".
53
S lN lA üM A
Marcus Prado
Formas de tese a serem construídas na introdução dissertativa argumen- 
tativa
TESE = Tema 4- En 4- Outro 4- Eu (como reforço, caso seja necessário)
O último gargalo Bem Sangari
Se sobreviver às mudanças, o vestibular completará cem anos em
/
2011 (TEMA). Não é de admirar que ainda gere algum apego e defesa, 
por parte de interesses ligados à sua existência e subsistência.
(PRESENÇA DO OUTRO) Mas não deveria ser assimAO EU PRESENTE) O 
vestibular é o último gargalo que impede o desenvolvimento da quali­
dade na educação brasileira, entre várias razões, porque simboliza tudo o 
que agora é considerado obsoleto na era do conhecimento. Sua extinção 
inevitavelmente introduziria uma nova etapa de mudanças, cuio impacto 
chegaria até o ensino fundamental. Um eventual fim do vestibular 
merece, portanto, ser reconhecido como marco histórico, a preparar o 
terreno para que o Brasil trilhe mais celerementeo longo caminho rumo 
a um sistema educacional compatível com as exigências e os desafios 
que a juventude enfrenta no século 21. (REFORÇO DO EU)
Outro Exemplo:
• Assunto: corrupção
• Tema: A corrupção no Brasil
• Tese: A maldita herança do “jeitinho
<fláííis
im m
5 4
S IN TA O M A
Redação Discursiva
"De tanto ver triunfar as nulidades. de tanto ver crescer as in jus­
tiças. de tanto ver agigantarem -se os poderes nas mãos dos maus, 
o homem chega a desanim ar-se da virtude, a rir-se da hora, e 
ter vergonha de ser honesto". (Rui Barbosa). Há séculos tem-se a 
maldita herança num dos traços mais marcantes da identidade brasi­
leira: o famoso "jeitinho brasileiro", (PRESENÇA DO EU) definido por 
Lourenço Stelio Rega (Dando um ieito no Je itinho) como "a im po­
sição do conveniente sobre o certo", ou seia, uma forma malandra de 
se resolver um problema, ainda que sob a forma de burla de algum a 
norma oreestabelecida. Apesar de nem sem pre m anifestar-se de 
forma negativa, (PRESENÇA BEM LEVE DO OUTRO, MAS IMPOR­
TANTE) o "je itin h o "éa força m otriz de um dos m aiores problem as 
da p o lít ica b rasile ira : a corrupção. (REFORÇO DO EU)
TESE = Tema + Eu+ Eu (reforço, caso necessário)
Veja que utilizaremos o último exemplo dado para demonstar a primeira 
forma de se fazer uma tese, só que desta vez sem a presença do OUTRO.
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, 
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem 
chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da hora, e ter vergonha 
de ser honesto". (Rui Barbosa). Há séculos tem -se a m aldita 
herança num dos tracos mais marcantes da identidade brasileira: o 
famoso "ieitinho brasileiro", (PRESENÇA DO EU) definido por Lourenço 
Stelio Rega (Dando um jeito no Jeitinho) como "a imposição do conve­
Marcus Prado
niente sobre o certo", ou seja, uma forma malandra de se resolver um 
problema, ainda que sob a forma de burla de alguma norma preesta- 
belecida. O "jeitinho" é a força motriz de um dos maiores problemas da 
política brasileira: a corrupção. (REFORÇO DO EU)
COMENTÁRIO
Outro Exemplo:
• Assunto: A corrupção
• Tema: A corrupção no Brasil
• Tese: O Brasil não é um país sério.
A corrupção no Brasil é um problema que está longe de ser resol­
vido, (PRESENÇA DO EU) pois, ao que parece, esse país só terá jeito 
quando esse ciclo for quebrado; quando os brasileiros decidirem trocar 
o discurso hipócrita pela prática coerente e admitirem que as raízes da 
corrupção estão nos valores que eles próprios transmitem a seus filhos. 
Até lá, faz-se jus concordar com o que diz Charles de Gaulle:"o Brasil não 
é um país sério". (PRESENÇA DO EU).
S i n t a g m a
Como posso enriquecer o 
meu texto dissertativo?
O objetivo deste capítulo é ensiná-lo a fazer a produção de parágrafos 
mais criativos e argumentos para serem desenvolvidos com uma visão 
diferenciada da do seu concorrente.
Como posso pensar em enriquecer minha in­
trodução?
1. Pense num projeto em que sua tese deverá ser rodeada por temas 
transversais = tudo aquilo de que preciso para poder relacionar argu­
mentos novos à minha tese, que é o centro para as justificativas, ou 
seja, tudo deve justificar-se na tese, por isso devem estar relacionados, 
interligados.
57
SINTAUMÀ
Marcus Prado
As setas poderiam relacionar:
• Educação familiar;
• Permissividade e liberdade
• Autoridade versus educação
• Mídia versus família
- Sociedade consumista
• Punição versus maus tratos
Tese: A disciplina é o aspecto mais estudado e pouco 
praticado por todos num meio social 
que necessita de ajustes rápidos 
ante um clima de total desordem e descontrole
Redação Discursiva
Recursos ricos e interessantes que podem ser 
usados para montar a introdução
S is tem a polifônico
r
E um recurso que nos mostra formas marcadas (discurso direto, indireto, 
aspas, negrito, travessões ) tomados como se fossem a presença de outros 
no enunciado. Também chamados de “vozes no texto” . Isso acontece 
automaticamente, sem nos atermos a sua presença. Vamos escrevendo e 
acrescentando “os outros lados da moeda”.
Vejamos:
(Introdução com base no projeto de temas transversais dado anteriormente 
com o recurso da polifonia)
A disciplina é o aspecto mais estudado e pouco praticado por todos 
num meio social que necessita de ajustes rápidos ante um clima de 
total desordem e descontrole. A educação familiar tem que se fazer 
presente nos ditos "é preciso proibir" corno forma de amor preventivo. 
Caso contrário, a turma do "deixa disso, vamos lá, é bacana" trará 
memórias de como deveria ter feito de outra forma. A mídia mostra, 
mas a família permite. Há limites para tudo debaixo do céu e da terra 
e punir é o melhor caminho, mesmo que contrarie "ele precisa se 
desenvolver em suas capacidades". O melhor produto de consumo 
que não gera idas às delegacias ou o infortuno de"era tão bonzinho..."
omento, há ínterferênci;
-y ••Í K V • » - Y f - -Jf.T -ÍO i-V .,-'- V.?i> í f f í
y ■■■
iscussão
>
,
recursos c !
. . . . .. 
- v ......................
fSrSfpervirão ao meu propôs ................1 ■ 1
S lN TA O M A
59
Marcus Prado
(Trecho de texto que também utiliza tais recursos)
Artigo da Veja: "O agito na rua do Senhor", (o título do artigo já nos 
mostra o tom implícito do posicionamento do autor diante do comércio 
de artigos evangélicos).
Durante a semana, o maior movimento na rua é de lojistas de todo o 
país em busca de mercadorias. No sábado é a vez do comprador individual. 
"Vim com a família comprar peças de vestuário para o novo grupo 
de jovens da igreja", diz o paulistano Valteci Figueiredo dos Santos, 
que não resistiu à pechincha de três gravatas por 10 reais. O burburinho 
na Conde de Sarzedas é similar ao das vias de comércio popular das 
proximidades. A peculiaridade é que nela os camelôs e as barraquinhas 
de comida dividem as calçadas com pregadores e cantores gospel. 
Naturalmente, os ambulantes vendem produtos pirateados, só que 
autenticamente evangélicos. Por enquanto, o negócio é próspero para 
todos. "A pirataria ainda não conseguiu nos incomodar" diz Renato 
Fleischner, editor-chefe da Editora Mundo Cristão, com estimativade 
venda de 1,5 milhão de livros neste ano.
(Introdução dissertativa sobre o assunto beleza)
Elas não passam em branco. Cabelo grisalho é bacana-para as mulheres 
fortes, bonitas, interessantes, bem cuidadas, elegantes e psicologica­
mente preparadas para serem chamadas de senhoras o tempo todo.
Redação Discursiva
P r im e iro p a rá g ra fo de d esenvo lv im en to do p a r á ­
grafo ac im a
Cabelo branco pode ser chique, autêntico e libertador, mas na maior 
parte do planeta continua vetado, sinônimo de desleixo, preguiça 011, anátema 
supremo, velhice. As mulheres pintam os cabelos porque querem se ver e 
ser vistas como detentoras de pelo menos alguns traços de juventude. E 
também porque culturalmente isso é aceitável e desejável - ao contrário dos 
homens, nos quais a artificialidade capilar evoca comparações com Silvio 
Berlusconi, Josc Sarney ou Manuel Zelava. (interferências com citações) 
Em compensação, a explicação evolutiva, que virou o manual universal de 
respostas fáceis para questões complexas, estabelece que as mulheres grisa­
lhas evidenciam a perda dos atributos reprodutivos, enquanto os homens nas 
mesmas condições emanam poder e distinção, características evidentemente 
desejáveis. O que nos leva de volta às personagens iniciais: será que só 
mulheres muito poderosas se sentem livres para assuinir a brancura dos 
cabelos?
COMENTÁRIO
Outro recurso interessante e que além de demonstrar criatividade na 
feitura do parágrafo ainda serve como “autoridade textual”(característica 
obrigatória em um texto argumentativo) daquilo que se discute no desen­
volvimento da tese, é a “comparação de realidades” diferentes da que está
/
(
61
i
S IN TA G M A
Marcus Prado
sendo discutida. Em um contexto bem trabalhado, confirmam não só a nossa 
discussão (autoridade textual), como também será mostrado ao seu anali- 
sador de prova que você possui uma leitura atualizada e de boa qualidade.
Vejamos um exemplo de introdução que tem por objetivo discutir a 
“regulamentação do diploma de jornalismo para o exercícios da profissão”. 
Logo após a introdução, teremos um parágrafo de desenvovimento com o 
recurso de autoridade textual por comparação de realidades diferentes da 
discutida em questão.
In t ro d u ç ã o
/
O decreto-lei n° 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para 
o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Consti­
tuição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei é apenas mais 
um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações 
e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de 
qualquer manipulação.
S eg u n d o p a rá g ra fo
Ao se ler uma notícia não verídica, percebe-se que ela não será evitada 
pela exigência de que os jornalistas freqüentem um curso de formação. Dife- 
rentimente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão 
dê jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, 
engenharia, advocacia. Nesse sentido, por não implicar tais riscosTnão 
poderia exigir um diploma para exercer a profissão, (fato constatado, real e 
aceitável na sociedade, sem refutação) Não há razão para se acreditar que 
a exigência do diploma seja a fonna mais adequada para evitar o exercício 
abusivo da profissão. (No restante do parágrafo, tivemos a opinião.)
COMENTÁRIO
mm ' i 1
SlNTAíiMA
62
Redação Discursiva
Recapitulando o que já foi trabalhado em todos 
os capítulos anteriores
Vamos agora observar uma proposta de redação, fazendo parte a parte 
toda a produção de um texto dissertativo argumentativo, seguindo o conteúdo 
dos capítulos já trabalhados
Devemos observar a coletânea, o texto ou apenas um fragmento a 
partir deles, organizar as ideias para que, ao construir sua introdução, 
não tenhamos a decepção de perceber que caímos apenas em redundân­
cias e fatos/acontecimentos apenas constatados e a tese com certeza não 
existirá.
Coletânea:
Maioria dos ministros do STF vota contra a exigência de diploma de 
jornalista
MÁRCIO FALCÃO da Folha Online, em Brasília 
Atualizado às 18h43.
Sete ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votaram contra a 
exigência do diploma de jornalista para exercício da profissão. Dois 
dos 11 ministros - Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezeis Direito - 
não estão na sessão.
Histórico
O Ministério Público Federal entrou com ação em outubro 2001 para que 
não seja exigido o diploma de jornalista para exercer a profissão. Uma 
liminar editada ainda em outubro de 2001 suspendeu a exigência do 
diploma de jornalismo. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) 
e a União entraram com um recurso. Em outubro de 2005, a 4a Turma 
do Tribunal Regional Federal da 3a Região entendeu que o dioloma é 
necessário para o exercício do jornalismo. A decisão provocou um novo
Marcus Prado
recurso do Ministério Público Federal no STF e, em seguida, com a ação 
para garantir o exercício da profissão por quem não tem diploma até que 
o tema seja definido pelo Supremo. Em novembro de 2006, o STF decidiu 
liminarmente pela garantia do exercício da atividade jornalística aos que 
já atuavam na profissão independentemente de registro no Ministério 
do Trabalho ou de diploma de curso superior na área.
Como m otivação de su a re d a ç ã o faça u m a d is se r ­
ta ç ã o em p ro sa sobre o a s su n to exposto
Vamos analisar ponto a ponto:
• Raciocínio: Percebemos que se trata do seguinte assunto: Regula­
mentação do jornalismo.
«
• Direcionamento do tema: A obrigatoriedade do diploma para o 
exercício da profissão de jornalista. (Não temos a tendenciosa, pois 
o pensamento é abrangido na coletânea), ua 4a Turma do Tribunal 
Reviortal Federal da 3aRcziãw entendeu que o diploma é necessário 
para o exercício do jornalismo. ” (Nada sugeriu como uma espécie de 
voz a opinar e me direcionar na problemática. Ela é, então, abrangente 
e explanada a todos.)
• Recordando os modos infalíveis de garantir uina boa tese: A tese 
pode ser construída de dois tipos, que vão lhe dar êxito quanto à
' construção de uma introdução dissertativa.
• Primeiro modo: EU + EU = TESE
Apenas um lado é avaliado; não interessa ao construtor da tese a 
exposição de outro lado da situação, ou seja, o recurso de persuasão 
de mostrar o outro não é utilizado. Com isso teremos um gênero 
chamado Artigo de Opinião.
O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para 
o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios 
da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei
64
Redação Discursiva
é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura m ilitar a 
controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelec­
tuais e pensadores isentos de qualquer m anipulação. (EU - em nenhum 
momento analisei o outro lado)
* Segundo modo: Como analisar então o outro lado: EU + OUTRO 
+ EU = TESE
O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para 
o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da 
Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Mesmo 
sabendo que a regulamentação ajudará em vários aspectos 
positivos quanto ao que se refere ao interesse à busca do conhe­
cimento através de uma formação universitária, (manifestação 
do OUTRO) tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da 
ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos 
veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipu­
lação.(EU)
* Tese sugerida: O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma 
é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende 
aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de 
profissões (veja que temos a exposição de uma opinião sem 
interesse por enquanto de argumentar-persuadir: sem interesse 
de busca pelas estratégias para que o texto se torne hiais apelativo 
e interessante.) Ào colocarmos a persuasão, automaticamente 
construiremos nossa introdução de formadissertativo-argumen- 
tativa. Observe:
O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para 
o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Consti­
tuição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei é apenas mais 
um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informa­
ções e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos 
de qualquer manipulação. (Aqui está algo a mais que ao todo complementa 
nossa ideia em torno da tese. Fiz então minha introdução quase sem esforço 
em pensar como preencher o parágrafo!!!)
SlKTAÜ.OA
65
Marcus Prado
E como desenvolver essa introdução?
Pense em qual posicionamento você quer assumir e fique firme; 
busque levar o leitor a pensar em tal situação: "Tal lei é apenas mais 
um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informa­
ções e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores 
isentos de qualquer manipulação". Vejamos:
S eg u n d o p a rág ra fo
Ao se ler uma notícia não verídica, percebe-se que ela não será 
ev itad a pela exigência de que os jornalistas freqüentem um curso de 
formação. Diferentemente de um motorista, que coloca em risco a coleti­
vidade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade 
tais como medicina, engenharia, advocacia. Nesse sentido, por não implicar 
tais riscos, não se poderia exigir um diploma para exercer a profissão (fato 
constatado, real e aceitável na sociedade, sem refutação). Não há razão 
para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada 
para evitar o exercício abusivo da profissão, (o restante do parágrafo 
tivemos a opinião).
T erce iro p a rág ra fo
Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de 
culinária (comparação do que é tratado com outra realidade distinta),
o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita 
por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. 
O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional 
no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a 
possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos 
eventualmente até à saúde e à vida dos consumidores. (Parágrafo dedi­
cado a explanação de exemplos: comparação de um cliefe de cozinha 
(real) ao ato de praticar o jornalismo).
Redação Discursiva
Q u a r to p a rá g ra fo
A “queda” do diploma de jornalista não fechará as faculdades de comu­
nicação. Tais cursos são importantes e exizem preparo técnico e ético dos 
pro fissionais para atuarem. Os jornalistas se dedicam ao exercício pleno da 
liberdade de expressão.(fato constatado, real, ninguém duvida) O jorna­
lismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por 
sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada, 
(fora o fato constatado, temos a opinião individual e persuasiva, estrate­
gicamente a convencer o leitor).
Q uin to parág rafo : conclusão
A Constituição é bem clara quanto ao exercício da liberdade: querer 
destituir o direito do cidadão é crime e viola todo um principio ético. Regu­
lamentar algo que já está explicitamente regulamentado é como revogar 
direitos já adquiridos, pois, além de absurdo, é retrógado à ideia do autori­
tarismo. Uma experiência amarga e nada salutar na prática da democracia. 
(Observe que na conclusão temos apenas uni retorno às minhas ideias 
expostas na introdução. A conclusão serviria ate mesmo de introdução 
e vice-versa).
O parágrafo, na sua construção, pede um fato/acontecimento + ooiníão. I 
• ■ • : ■ •• •' . • ■ ■ ■ [ 
Dessa forma, não desperdiçaremos a chance de tentar convencer a banca
a acreditar que sou politizado e conhecedor do que é dito. ■; . - 1 I xO- • . • . . . . . :
67
/
I
/
Diferentes formas de se 
começar uma redação
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t
■ ■ ‘ . . ■ ■ ( 
Divisão (tema: exclusão social)
Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema 
da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público 
e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. 
Experiências relatadas em diversos jornais renomados como New York Times 
mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com 
intensivos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada.
COMENTÁRIO
dfáfe* aa'»5
69 H
SINTAGMA
Marcus Prado
A lu sã o H istó r ica (alusão a fatos históricos, lendas, tradições cren­
dices, anedotas ou a acontecimentos de que o autor tenha participado ou 
que testemunhado)
Conta uma tradição, cara ao povo americano, que o Sino da Liberdade, 
cujos sons anunciaram, Filadélfia, o nascimento dos Estados Unidos, inopina- 
damente se fendeu, estalando, pelo pensamento de Marshall. Era uma dessas 
casualidades eloqüentes, em que a alma ignota das coisas parece lembrar 
misteriosamente aos homens grandes verdades esquecidas.
COMENTÁRIO
Outro tema: Desinteresse pela condição das crianças
Às crianças nunca foi dada a importância devida. Em Canudos e em 
Palmares não foram poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé continuam 
não sendo.
COMENTÁRIO
Outro tema: Globalização
Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste/ 
oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. 
As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de 
competição.
COMENTÁRIO
5 lNTAüViA
Redação Discursiva
A introdução tem o dever de criar uma perspectiva textual no leitor; deve 
levá-lo a imaginar o contexto da discussão, mas é claro que será o escritor 
do texto que irá surpreender o leitor com ideias criativas e inusitadas 
daquilo que ele esperava como discussão.
C o m p a ra ç ã o - p o r s e m e lh a n ç a ou oposição
Tema: Reforma agrária
O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões 
sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação 
entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil no final do século 
passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber 
algumas semelhanças. Da mesma forma que na época da abolição da escra­
vidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os 
que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária.
COM ENTÁRIO
O posição
Tema: A educação no Brasil
De um lado, professores mal pagos, desestimnlados, esquecidos pelo
governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas,
/
aparelhos de videocassete. E este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.
COM ENTÁRIO
SlMTAÜMÀ
Marcus Prado
N a r ra ç ã o
Tem a: Maltrato aos animais
Foi numa tarde dessas que Preta, a velha cadela do bairro, gestante de 
dez filhotes, teve sua pequenina vida de marginalizada ceifada por bandidos 
quase diplomados, universitários que a arrastaram pela ruas da Moca, na 
grande São Paulo. A mídia pouco noticiou uma narrativa de uma cadela 
apenas. Da mesma forma, esqueceram-se dos “Joões Hélios”, também 
arrastados pelas grandes cidades. Por não diplomados, mas formados na 
necessidade de sofrimento absurdamente angustiante e ponto final.
COM ENTÁRIO
* w * * , . r í i‘ « i • 2 ^ \ ’ ■ j •* Veja que a introdução acima foi realizada predominantemente pelo uso da :
: . J * ................. . 1 >, .. is:. .. . . ......... >. . .
: ■ _ . . ' T ' ' " : V ' ■ •..... • ’ • is is :
72\
SINTAGMA
JSfiL
I v ; , ' ■;
Como desenvolver
parágrafos
Recordando o que é um parágrafo
O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um 
ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central 
ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas 
pelo sentido e logicamente decorrentes dela.
O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da 
folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar conveniente­
mente as ideias principais de sua

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