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Marcus Prado EDITORA Sin t a g m a Ed it o r a SINTAGMA B rasília l2012 © 04/2012 - Editora Sintagma Ed it o r a Sin ta g m a P896 Prado, Marcus. Redação discursiva / Marcus Prado. - Brasília : Sintagma, 2012. 116 p . ; 23 cm. 1. Redação - Língua portuguesa -Brasil. 2. Redação - Língua portuguesa - Problemas, questões, exercícios - Brasil. I. Título. CDU: 808.1(079.1)(81) CDD: 808.06634 Capa Guilherme Alcântara Revisão Liv Chamma Ficha catalográfica Kassandra Trindade - CRB - 1/1979 Designer de livros Raquel Simon Editora Sintagma - SIG, Quadra 01, Lote 495, Brasília/DF Ed. Barão do Rio Branco - Sala 110 - CEP: 70610-410 - Tel.: (61) 3033 8475 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - De acordo com a Lei n° 9.610, de 19.02.1998, nenhuma parte deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação de informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor. Editor Marcos Pacco Conselho Editorial Liv Chamma Renata Ribeiro Ricardo Araújo Lucas Ribeiro com m uito carinho e adm iração que dedico este livro à m inha companheira, amante e amada esposa, Adriana do Prado, que sempre fo i uma pessoa que acreditou em rneu potencial de trabalho e na m inha capacidade de querer mais conhecimento, e aprimorá-lo cada vez mais, além de ter sido ju n to a m ini a idealizadora da teoria e de todo o material deste livro. Não posso deixar também de dedi cá-lo ao meu filh o amado, Marcus Levi, o meu “m enininho garotão”: um filh o abençoado de Deus em minha vida e de minha esposa; filh o este que é o meu grande estímulo ao trabalho, que rejuvenesceu meu coração, deixando-m e como aquele hom em que vive o primeiro amor. Dedico ainda aos meus estimados alunos que admiram m eu trabalho e poderão, através deste livro, ter sucesso nas provas de redação que forem prestar. Antes de tudo e de todos, esta obra é uma dedicatória ao meu Deus, que m eperm itiu e me deu como presente e responsabilidade a minha bela fam ília. Toda a honra e toda a glória a Deus! elato inicialmente que antes de começar, em cada dia de trabalho, a confecção desta obra, prostrava-me em oração a D eus, dizendo: “Eis-me aqui, toma-me, pois estou rendido à tua vontade. Faça com que eu seja instrumento em tuas mãos e que minhas mãos sejam instrumentos de bênçãos na vida daquele que precisar do con hecim ento contido nesta obra para conseguir o tão almejado sonho: fa zer um ótimo texto em uma prova de c o n c u r so R e la to isso, pois é a D eus a quem agradeço o conhecim ento dado a mim, os professores - “ i n s t r u m e n t o s q u e Ele usou para que eu soubesse o que sei hoje, as várias horas e dias de estudo que m e Ele me perm itiu ter para que pudesse aprimorar m eu conhecimento. Agradeço a E le as pessoas tão importantes que contribuíram para que eu chegasse até aqui, como meus pais - Valdir Coelho e Maria Auxiliadora minha tia Beth, m eus amigos insubstituíveis, como o Fagner Ribeiro, que está hoje na Austrália. Em especial, agradeço a D eus a fam ília que Ele me perm itiu formar, a minha avó Rosa Amélia, os meus sogros - M arques D ias e A lzira - e um grande cunhado e sua fam ília , que ajudaram a m im e a m inha fam ília em momentos de grande importância e de dificuldades: Cristovam do Espírito Santo. Agradeço aos meus queridos alunos de G oiânia-G O e Palmas-TO, que sempre me receberam tão bem., além dos alunos de outros estados, como os do Rio Grande do Sul. Agradeço a D eus a vida de todos. Sumário Apresentação, 11 Prefácio, 13 CAPÍTULOS 1. O que é necessário para dissertar de forma argumentativa?, 15 2. A e s tru tu ra tex tual dissertativa, 23 3. O estudo dos parágrafos, 31 4. O que é necessário para dissertar de forma argumentativa?, 39 5. A diferença entre fato e tese (opinião), 45 6. Estudo da tese, 51 7. Como posso enriquecer o m eu texto dissertativo, 57 8. D iferentes formas de se começar um a redação, 69 9. Como desenvolver parágrafos, 73 10. As falácias, 91 11. Propostas de redação com texto elaborado pelo professor, 97 12. Exercitando a redação, 105 Apresentação Por que devo aprender o básico para depois aperfeiçoar a minha escrita? Estimado concursando, tudo tem um início e nada se constrói sem termos uma boa base para nos apoiar. Assim é com a escrita, principalmente dos textos mais cobrados nos concursos. O que propomos é oferecer-lhe o necessário para que você crie seu estilo próprio, mas consciente de que sua criação foi feita com base em outras criações. É preciso ler outros textos para encontrarmos o caminho, por isso, neste material, há vários textos de diversas fontes para serem estudados e pesqui sados. Há também fontes do seu orientador, eu, como exemplos didáticos, visto que na fonte midiática têm-se muitos equívocos quanto à estrutura discursiva. • • • . ; • Além de textos, teremos modalidades de exercícios e parte teóricas para entendermos o porquê de tudo. Em nenhum momento tem-se a pretensão da perfeição, mas, sim, a busca do suficiente para sermos concorrentes nessa briga por um vaga pública. O que é preciso entender primeiro? a) Que tipo de texto é cobrado nos concursos? b) Como reconhecer essa estrutura e saber conduzi-la (identificar real mente uma introdução dissertativa-argumentativa, desenvolvimento compa tível com a introdução e conclusão compatível com o desenvolvimento, que está automaticamente amarrado à introdução, como se fosse algo cíclico.) c) Como enriquecer seus textos? d) E como reconhecer outros textos dentro do seu texto? e) Como utilizar as técnicas das aulas expositivas, correção de redação as do professor? Prefácio A ntes de falar sobre os objetivos desta obra, gostaria de compartilhar parte de minha vida para que entendam o que me levou a criar este livro. Comecei minha vida acadêmica cursando Odontologia e paralelamente lecionava, na rede Anglo de Ensino, aulas de Língua Portu guesa, matéria esta que sempre amei e que tive prazer em ensinar. À medida que dava mais aulas, adentrava outras redes particulares de ensino e ia me embrenhando na vida em sala de aula, tal amor foi aumentando e a neces sidade de buscar mais conhecimento tomava conta de meus pensamentos. Deixei a Odontologia, depois de dois anos de curso, e fui cursar Letras Portu guês/Inglês, que concluí. Tal mudança não foi bem aceita pelos meus pais e parentes, pois a ideia de que um curso de Letras não poderia trazer muito sucesso e prosperidade financeira era o maior preconceito que enfrentava todos os dias. Entretanto, eu acreditava que dar aulas com dedicação, com a busca cada vez maior pelo aperfeiçoamento de conteúdo e pela didática, poderia me dar o que me completaria plenamente: a satisfação profissional e a prosperidade financeira. E foi o que trilhei em minha vida acadêmica e profis sional. Os anos foram se passando. Frustrações e alegrias ocorreram simulta neamente. A alegria e o sofrimento foram caminhos justapostos que percorri durante anos: lidar com educação não é fácil no Brasil devido a fatores ligados ao governo , à estrutura da escola, à família do aluno e ao próprio aluno. Mas continuei minha busca e as alegrias se tornaram mais freqüentes que as decepções e as frustrações. Depois de anos no ensino médio e em pré- -vestibular lecionando gramática, interpretação, literatura e redação, surgiu a oportunidade inesperada de dar aulas de gramática em um preparatório para concursos públicos em um mês em que eu estava em férias. Era algo novo e bem diferente de tudo o que eu havia trabalhado - inclusive de aulas que havia dado também na universidade mas estimulante e desafiador, pois eu me deparei com um público diversificado quanto a cultura e a necessidades. A vontade de ensinar passou rapidamente em meu espírito, levando-me a um rejuvenescimento; o Português,para muitos, era uma barreira intrans ponível, que poderia afastá-los de um cargo público. Sempre gostei do que era desafio e me prontifiquei a estudar provas de concursos e a própria língua quanto norma, interpretação e escrita como nunca havia feito antes. Queria criar uma metodologia que fizesse meu aluno alcançar os objetivos tão alme jados: cargos públicos. Foi então que durante meses de dedicação e com a experiência adquirida no ensino médio criei uma metodologia muito fácil e inovadora de ensinar gramática, interpretação e redação, Esta obra — que trata da Redação Discursiva especificamente — é fruto de vários anos de estudo de autores renomados na área de análise de texto e produção textual e de ministração de cursos específicos de redação para concursos. É um conteúdo projetado por mim e pela minha esposa - também formada em minha área que visa levar o aluno a criar um texto a partir de um projeto textual bem direcionado, controlado, criativo e com caracterís ticas distintas de tudo o que há no mercado de preparatório em Redação para concursos. Isso levará você, meu estimado concursando, a criar um texto diferenciado de seu concorrente, um texto inovador, de tamanha dimensão, que o examinador do concurso que você irá prestar será satisfatoriamente obrigado a dar a você a pontuação tão buscada depois de semanas de estudo. Tenha ciência de que a arte da escrita não é fácil, mas nada melhor do que um bom livro e um professor dedicado para levá-lo àquilo a que aspira tanto: ter o governo como patrão. Siga todos os caminhos programados e explicados a você neste livro, não se desviando hora alguma do que foi determinado e ensinado a você, mesmo nos momentos em que as dificuldades parecerem intransponíveis. Aliás, nesses momentos é que deverá se lembrar das dificuldades que enfrentei, e que cada uma delas serviu para que eu quisesse mais. E foi na busca do “mais” que hoje consegui chegar à minha realização pessoal em todos os âmbitos. Você também será capaz! Tenho fé em Cristo que aquele que busca passa a ser merecedor daquilo que almeja para a sua vida. Vamos trabalhar! O que é necessário para dissertar de forma argumentativa? A dissertação é o texto mais exigido, pois nela pòde-se perceber se o ' t ' r candidato tem autonomia no que pensa e no que escreve. E preciso conteúdo e uma boa base. Mas o que é a dissertação como tipo de texto? Dissertação é um texto que se caracteriza pela exposição, defesa de uma ideia que será analisada e discutida a partir de um ponto de vista. Para tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias. Organiza-se, geralmente, em três partes: • Introdução - Onde você apresentará uma tese em que irá defendê-la r até o fim de seu texto. E no parágrafo introdutório que você criará o caminho dos argumentos, direcionando-os para que não percam o foco. Marcus Prado • Desenvolvimento ou argumentação - Parágrafo em que irá desen volver seu ponto de vista. Para isso, deve argumentar, fornecer dados, trabalhar exemplos, se necessário, ou seja, devem-se apre sentar as técnicas para enriquecer os argumentos. • Conclusão - Parágrafo em que dará um fecho coerente com o desen volvimento e com os argumentos apresentados. Em geral, a conclusão é uma retomada da ideia apresentada na introdução, agora com mais ênfase, de forma mais conclusiva, onde não deve aparecer nenhuma ideia nova, uma vez que você está fechando o texto. O texto dissertativo argumentativo destina-se ao chamado "leitor universal" ou seja, a qualquer pessoa que tenha acesso a ele. Por Isso recomenda-se o uso da terceira pessoa, a não ser que a proposta deixe claro que deva-se usar a primeira pessoa, como é o caso de um artigo de opinião. E o gênero argumentativo? No texto dissertativo, o autor discorre sobre determinado tema explicando cada parte. Geralmente, a dissertação está relacionada com a transmissão de conhecimento, e não com a persuasão sobre um ponto de vista. De outro lado, encontram-se os textos argumentativos que, como veremos, visam primordialmente à defesa de uma opinião. O texto disser- tativo-argumentativo é aquele que, além de trazer informações e explica ções sobre determinado assunto, traz também o posicionamento do autor no sentido de persuadir o interlocutor. Para isso, têm-se as técnicas para a persuasão. Assim como os textos argumentativos, convencionalmente, dividem-se em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão). Há o predomínio da linguagem clara, objetiva e impessoal apresentada com o uso do padrão culto e formal. O texto dissertativo faz parte da tipologia textual e possui caracterís ticas próprias que o torna um gênero opinativo. Mas antes mesmo de enten- 16\ StN TAüM A Redação Discursiva dermos o todo, é preciso conceituar o básico. Nossos compêndios e manuais da língua portuguesa não costumam distinguir a dissertação da argumen tação, considerando esta apenas momentos daquela. No entanto, uma e outra têm características próprias. Se a primeira tem como propósito principal expor ou explanar, explicar ou interpretar ideias, a segunda visa sobretudo a convencer, a persuadir ou a influenciar o leitor ou o ouvinte. Tentamos fazer com que o outro acredite em nós, para isso usamos do recurso da argumen tação. Na dissertação podemos expor, sem combater ideias de que discor damos ou que nos são indiferentes. Podemos explanar sobre as questões do trânsito brasileiro sem contudo analisar verdades ou falsidades, sem pensarmos em convencer alguém de alguma coisa dentro do tema analisado.O caminho então ficaria aberto ao leitor para decidir. Já na argumentação, apresentam-se as razões, as vantagens ou as desvanta gens, as evidências das provas, tudo à luz de um raciocínio coerente e consistente. Agora vejamos as palavras-chave dentro de um texto dissertativo: O Trem Pequi A recente notícia sobre a implantação de uma linha ferroviária de média velocidade entre Goiânia e Brasília, (tema do texto) bucolicamente denominada Trem Pequi, merece aplauso em sua intenção, mas reco mendações aos gestos que doravante serão necessários à materiali zação da ideia (tese do autor). COMENTÁRIO 17 ' i S5NTA ÜV.A Marcus Prado A primeira questão que se apresenta para ser superada é de ordem econômica, pois qualquer proposta de infraestrutura ferroviária atrai automática resistência do poderoso setor industrial automobilístico e de t seus derivados (autopeças, borracha, vidros, lubrificantes, combustíveis, betumes, minérios etc.). Basta recorrermos à história, especialmente a partir de 1950, e verificar que foi este o setor que mereceu incentivos prioritários no pós-guerra para que fosse consolidado como base do novo modelo econômico brasileiro, até hoje predominante como opção nas políticas de transportes brasileiras, (veja que é ainda dissertativo, cons trói a defesa de sua tese) Este molde de gestão, desde então adotado como indutor do desen volvimento econômico brasileiro, resultou em dois vetores diametral mente opostos, hoje consolidados e em contínua progressão. De um lado incrementou magnificamente o sistema rodoviário brasileiro, que passou de aproximadamente 38 mil (1950) para 1,6 milhão de quilômetros de extensão (2000). Na outra ponta> a mesma política desestimulou o sistema ferroviário, que regrediu de 35 mil (1945) para 29,7 mil quilômetros de extensão em rede (2000), conforme anota Juciara Rodrigues em seu 500 Anos de Trânsito no Brasil - praticamente a mesma quilometragem ferro viária do Japão que, além de ser 23 vezes menor que o Brasil, possui topo grafia adversa, montanhosa em 71% de seu território. A segunda questão que se nos apresenta tem nuança cultural. No Brasil, transporte sobre trilhos é pouco aceitável porque remete à ideia de veloci dade moderada, custos vultosos, estética proletária, ambiente rural, filmes western e cheirode carvão, tipo coisa ultrapassada. Trata-se de “incul- cação” ideológica competentemente construída pelo marketing da indústria sobre rodas, cuja ação inicial se notabilizou com a deliberada destruição {EjgÍÍÍk f q 8t ÍINITACWA Redação Discursiva dos sistemas de bondes urbanos de São Paulo e Rio de Janeiro, culminando com o sucateamento da indústria de vagões e locomotivas e a privatização de seus setores estatais, (veja que o parágrafo apresenta argumentação, pois diferencia seu pensamento para que o leitor pense na situação, logo podemos refutar com facilidade) Essa aparente obsolescência muda um pouco na medida em que se popularizam as novas tecnologias de transportes sobre trilhos, sobretudo os europeus e asiáticos - o “trem-bala”, o “shinkansen” japonês e outros sofisticados de altas velocidades e designers arrojados, (ainda disserta tivo). De fato, esses modernos modais nos permitem retomar a simpatia pelo sistema, cuja eficiência já é experimentada nos ambientes urbanos metroviários existentes nas grandes cidades brasileiras, (finalizou como dissertativo) Portanto, a proposta do Trem Pequi surge nesse contexto fático , num país que continua priorizando o transporte rodoviário, sobretudo o individual, com sucessivas isenções tributárias e fiscais, e com menos trilhos hoje que há 50 anos. A isso se agregam as demandas acumuladas dos transportes sobre rodas, espelhadas nas rodovias mal conservadas, nos altos custos sociais traduzidos na expressiva acidentalidade viária, mas também na capital do Estado, cujas políticas de mobilidade ainda tangem a improvisa ção.' (texto dissertativo com suaves pinceladas de argumentação) Como te r íam os um p a rá g ra fo in t ro d u tó r io d is se r ta - t ivo-argum enta tivo? O Trem Pequi (título sugestivo à argumentação) A recente notícia sobre a implantação de uma linha ferroviária de média velocidade entre Goiânia e Brasília, antigo projeto de empresários italianos, mostra que a ideia de ligar as duas cidades em alta velocidade é uma utopia realizável - assim como a solução do problema de saneamento básico em Águas Lindas. Bucolicamente denominada Trem Pequi, merece ' Antenor Pinheiro é jornalista e presidente do Conselho Estadual deTrânsito!Cetran-GO 19 Marcus Prado aplauso em sua intenção, mas recomendações aos gestos que doravante serão necessários à materialização da ideia. Não bastam discursos politi queiros e motivos de campanhas, é preciso o espírito do “bom selvagem” de Rousseau para pensar no coletivo sem paixões e interesses unívocos. COMENTÁRIO : : : É interessante notar que, no último período, optou-se por não usar uma : Outra: FOLHETIM POLÍTICO O fantasma É provável que a maioria dos jovens, hoje, nem tenha ouvido falar da comunicação por telex. Pois bem: ela era grande novidade no início da década de 1960. Um dos primeiros aparelhos de telex instalados em Goiânia S IN T A G V .A Redação Discursiva destinou-se a servir à secretaria do Governo, que funcionava em sala anexa ao gabinete do então governador Mauro Borges, no Palácio das Esmeraldas. Numa das primeiras madrugadas após a instalação do aparelho, um policial que estava de guarda no Palácio percebeu um barulho e foi ver de que se tratava. O barulho originava-se da sala em que estava o telex, que ele não conhecia ainda. Entrou na sala e viu a máquina escrevendo sozinha. Saiu correndo, esbaforido, supondo que acabara de presenciar a invasão, do Palácio, por um fantasma. COMENTÁRIO • * * • * • : « S*!.* » > « • * ♦ . • « • « . # . » • » • « « . . * v . » . » , » . * , * * • I A M Í í í M ♦V • • • •• ■ ............ ...y. ■, <- ••• V. ...... . ... * • ■ ■ ■ ........... ......... ; . . : • . < f ■ /■ ........................... • .................................................. f • • • ■ : > <-.< J j ............... -•< v í . . . 7 • " ‘> S ‘ ' ‘ ^ V O restante serve como desenvolvimento: “Um dos primeiros aparelhos de telex instalados em Goiânia destinou-se a servir à secretaria do Governo, 110 Palácio das Esmeraldas. Numa das primeiras madrugadas após a instalação do aparelho, um policial que estava de guarda no Palácio percebeu Um barulho e foi ver de que se tratava. O barulho originava-se da sala em que estava o telex, que ele não conhecia ainda. Entrou na sala e viu a máquina escre vendo sozinha. Saiu correndo, esbaforido, supondo que acabara de presenciar a invasão, do Palácio, por um fantasma”. 21 A estrutura textual dissertativa BASES CONCEITUAIS Apresentação textual • Legibilidade e erro Escreva sempre com letra legível. Prefira a letra cursiva. A letra imprensa poderá ser usada desde que se distingam bem as iniciais maiúsculas e minúsculas. No caso de erro, risque com um traço simples o trecho ou o sinal gráfico e escreva o respectivo substituto. Lembre-se de que a rasura pode ser tratada como erro por parte dos analisadores de sua redação. iINTAüMA Marcus Prado • Respeito às margens e indicação dos parágrafos Para dar início aos parágrafos, dê o espaço de mais ou menos dois centímetros, pois é suficiente. Observe as margens esquerda e direita na folha para o texto definitivo. Não crie outras. Não deixe “buracos” no texto. Na transiineação, obedeça às regras de divisão silábica. • Limite máximo de linhas Além de escrever seu texto em local devido (folha definitiva), respeite o limite máximo de linhas destinadas a cada parte da prova, conforme orientação da banca. As linhas que ultrapassarem o limite máximo serão desconsideradas e até mesmo será penalizado o aluno na nota conforme o que estiver especificado em edital. • Eliminação do candidato Seu texto poderá ser desconsiderado nas seguintes situações: - ultrapassagem do limite máximo de linhas; - ausência de texto: quando o candidato não faz seu texto na folha oficial; - fuga total ao tema: analise cuidadosamente a proposta apresentada. Estruture seu texto èm conformidade com as orientações explicitadas no caderno da prova discursiva. • Registros indevidos: anotações do tipo “fim”, “the end”, “O senhor é meu pastor, nada me faltará” ou recados ao examinador, rubricas e desenhos. E S T R U T U R A TEXTUAL DISSERTATIVA Não dê título ao texto (a não ser que a folha de instruções da prova peça o título a você); logo, comece na línha 1 da folha definitiva o seu parágrafo de introdução. SlfíTAtíM A Redação Discursiva Estrutura clássica do texto dissertativo In t ro d u ç ã o a d e q u a d a ao te m a 1 p o s ic io n a m e n to Apresenta a ideia que vai ser discutida, a tese a ser defendida. Cabe à introdução situar o leitor a respeito da postura ideológica de quem o redige acerca de determinado assunto. Deve conter a tese e as generalidades que serão aprofundadas ao longo do desenvolvimento do texto. O importante é que a sua introdução seja completa e esteja em consonância com os critérios de paragrafação. Não misture as ideias que usará para provar a sua tese, caso seja um principiante na arte da argumentação (veremos mais à frente uma proposta estrutural para seu texto). D esenvo lv im en to Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detida mente as ideias e exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento. No desenvolvimento, organizamos o pensamento em favor da tese. Cada pará grafo (e o texto) pode ser organizado de diferentes maneiras: • estabelecimento das relações de causa e efeito: motivos, razões, fundamentos, alicerces, os porquês/consequências, efeitos, repercus sões, reflexos; • estabelecimento de comparações e contrastes: diferenças e seme lhanças entre elementos - de um lado, de outro lado, em contraste, ao contrário; • enumerações e exemplificacões: indicação de fatores, funções ou elementos que esclarecem ou reforçam uma afirmação. F e c h a m e n to do tex to de fo rm a co e re n te Retoma ou reafirma todas as ideias apresentadas e discutidas no desen volvimento, tomando uma posição acerca do problema,da tese, ou seja, é uma retomada direta ou indireta da introdução. É também um momento de expansão, desde que se mantenha uma conexão lógica entre as ideias. é:cí'Zs 25 SlNTAÜM A Marcus Prado . .. indicam ao porta v>s.creyç flU^.escritorprQfiçie Desenvolvimento do tema E stab e lec im en to de conexões lógicas e n tre os a r g u m entos Apresentação dos argumentos de forma ordenada, com análise detida das ideias e exemplificação de maneira rica e suficiente do pensamento. Para garantir as devidas conexões entre períodos, parágrafos e argumentos, devemos empregar os elementos responsáveis pela coerência e unicidade, tais como operadores de sequenciação, conectores, pronomes. Procure garantir a unidade temática. O bjetiv idade de a rg u m e n ta ç ã o f re n te ao tem a 1 posi c io n am en to O texto precisa ser articulado com base nas informações essenciais que desenvolverão o tema proposto. Dispensar as ideias excessivas e periféricas. Planejar previamente a redação definindo antecipadamente o que deve ser feito. Recorrer ao banco de ideias é um passo importante. Listar as ideias que lhe vier à cabeça sobre o tema. Estabelecer a tese que será defendida. Selecionar cuidadosamente entre as ideias listadas aquelas que delimitarão o tema e defenderão o seu posicionamento. Redação Discursiva E stab e lec im en to de u m a p ro g re ss iv id a d e te x tu a l em re lação à seq ü ên c ia lógica do p e n sa m e n to O texto deve apresentar coerência seqüencial satisfatória. Quando se proceder à seleção dos argumentos no banco de ideias, deve-se classificá-los segundo a força para convencer o leitor, partindo dos menos fortes para os mais fortes. Caríssimos, é possível (e bem mais tranqüilo) desenvolver um texto dissertativo a partir da elaboração de esquemas. Por mais simples que lhes pareça, a redação elaborada a partir de esquema permite-lhes desenvolver o texto com seqüência lógica, de acordo com os critérios exigidos no comando da questão (número de linhas, por exemplo). S ugestão de p ro d u ç ã o de te x to com base em esquem as ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO Io parágrafo: TESE + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 2o parágrafo: desenvolvimento do argumento 1 3o parágrafo: desenvolvimento do argumento 2 4o parágrafo: desenvolvimento do argumento 3 5o parágrafo: retomada da tese + reafirmação do tema + observação final TEMA: Chegando oo terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos. POR QUÊ? Não com intuito de prestar causas e conseqüências, mas apenas para incentivar o raciocínio. • arg. 1: Existem populações imersas em completa miséria. • arg. 2: A paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais. • arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico. 27 ta *• i Sintagma. Marcus Prado Veja um exemplo de introdução com um parágrafo de desenvolvi mento com base no tema dado anteriormente. O Sertão vai virar mar, e o mar virar sertão? Previsões catastróficas em livros e filmes têm aproximado a ficção da realidade. O desequilíbrio ecológico é evidente e amendrontador. Como se não bastasse, o acúmulo de tantas misérias poderá desencadear com rapidez o que o mundo teme: a extinção total do pouco que ainda resta de civilidade. Com certeza conflitos internacionais são um sinal de que não há diálogos para amenizarem tantas diferenças. À natureza vai recebendo tantas agressões, mas a resposta pode estar próxima ao que a ficção chamou de “2012”. Lotam-se as salas de cinemas para o lançamento de um dos filmes mais esperados pelo público. A crítica demonstra empolgação quanto ao roteiro e efeitos especiais, e aqueles que assistem ao filme se sentem impotentes ao que para muitos está próximo a acontecer. Os desequilíbrios ambientais já não são novidade e mesmo assim tanta tecnologia não consegue superar o medo de que ainda há de um colapso ambiental. SlNTAOMA 28 Redação Discursiva Como forma de exercício, construa o restante dos parágrafos de desenvolvimento e a conclusão com base na introdução e no primeiro parágrafo de desenvolvimento dados a você. O estudo dos parágrafos Além da estrutura global do texto dissertati vo-argumentati vo, é impor tante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo. Parágrafo é uma unidade de tèxto organizada em torno de uma ideia- -núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto d i ssertati vo-argumentati vo os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introdução. Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos dissertativos-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma estrutura padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão. Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão. Marcus Prado Outro aspecto que merece especial atenção são os elementos rela- cionadores, isto é, os conectores ou conetivos. Eles são responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais fluente; visam estabelecer um encadeam ento lógico entre as ideias e servem de “ elo” entre os parágrafos, ou entre as ideias no interior do período e entre o tópico que o antecede. Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase quanto ao passar de um enunciado para outro é uma exigência também para a clareza do texto. Sem esses conectores - pronomes relativos, conjun ções, advérbios, preposições, palavras denotativas - as ideias não fluem; muitas vezes, o pensamento não se completa e o texto torna-se obscuro, sem coerência. / Os elementos relacionadores não são, todavia, obrigatórios; geral mente estão presentes a partir do segundo parágrafo. No exemplo a seguir, o parágrafo demonstrativo certamente não constitui o Io parágrafo de uma redação. E x em p lo de u m p a rá g ra fo e su as d iv isões “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas insti tuições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender a demanda. Enfim, viveremos o caos.” (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações) • Elemento relacionador: Nesse contexto, (os elementos sublinhados trabalham a relação coerente entre as ideias). • Tópico frasal: ... é um grave erro a liberação da maconha. • Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recupe ração de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. 9 Conclusão: Enfim, viveremos o caos. Redação Discursiva A estruturação do parágrafo P a rá g ra fo -p a d rã o O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenien temente as ideias principais de sua composição, permitindo ao leitor acom- panhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios. O ta m a n h o do p a rá g ra fo Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou diminuídos conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação em que o texto será divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no livro,e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso. • Parágrafos curtos - próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares, livros didáticos desti- * nados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos curtos. Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos menores, seguindo critério claro e definido. O pará grafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma ideia, • Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos desti nados a um leitor de nível médio (2o grau). Cada parágrafo médio é construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios. S i n t a g m a 33 Marcus Prado • Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los. Tópico frasa l A ideia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a ideia central com o potencial de gerar “ ideias-filhote”; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou hegação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou explicação. A ideia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros períodos que a explicam ou a detalham. Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é esperado. 34■■ i\ SlNTACMA Redação Discursiva A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U $ $ 112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta. Tópico frasa l desenvolv ido p o r e n u m e ra ç ã o Trata de enumerar os elementos concretos da discussão ou que ainda podem ser discutidos. A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas, tais como: informação por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante em qualquer parte do mundo; diversão através de programas de entretenimento (shows, competições esportivas); cultura por meio de filmes, debates, cursos. Tópico frasa l desenvolv ido p o r con fron to Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças. 35 Marcus Prado Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir seu plano sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será prontamente abatido. 0 mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam. Tópico f ra s a l d esen v o lv id o p o r razões = c a u sa e c o n se q ü ê n c ia ou c a u sa e efeito No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que afirmamos no tópico frasal. As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio de objetos m isteriosos, de acontecimentos incom preensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de expe rimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. T ópico f ra sa l d esen v o lv id o p o r aná lise É a divisão do todo em partes. S i n t a g m a 36 Redação Discursiva Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto, A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. Tópico fra sa l desenvo lv ido pe la exem plificação Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de exemplos. A imaginação utópica e inerente ao homem sempre existiu e continuará existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensa mento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que sejamos realistas, exijamos o impossível. U N TA C M A O que é necessário para dissertar de forma argumentativa? O QUE É PR E C ISO SABER PARA DISSERTAR? 1. Dissertação: É dialogar com o outro numa tentativa de se mostrar presente quanto à opinião. Não há aqui uma tentativa de persuasão, somente uma expressão como resposta ao outro que provocou uma tomada de posição. r 2. Argumentação: E também um diálogo, mas numa presença impo- sitiva, insistente, às vezes, autoritária, religiosa, machista, feminista etc. Tudo com o objetivo de convencer o outro. Existem vários recursos para movimentar o convencimento. 39 Marcus Prado 3. Dissertação-argumentativa: é a exposição de uma opinião com objetivos claros para tentar convencer alguém de algo exposto no possível conflito. 4. Assunto: Para uma boa compreensão do que se leu em uma coletânea ou trecho em sua prova, deve-se perceber do que se trata de modo geral. 5. Tema: Após a leitura do assunto, devemos especificar esse assunto, aquilo que realmente usaremos para iniciara tese. 6. Tese: Pegue o tema e acrescente sua opinião sobre ele, posicionando-se, mas sem explicações ou exemplos. Seria um raciocínio diferente sobre o que é pedido, um olhar diferenciado, menos comum possível, mas lógico e interessante de se pensar. C onceitos básicos e necessá rio s Após a leitura de uma coletânea ou trecho da prova dissertativa, é preciso pensar no assunto, tema e tese antes mesmo de iniciarmos nossa introdução. Isso é uma forma de organizar nosso raciocínio. Yejainos: Texto 1 Corrupção cultural ou organizada? I * Renato Janine Ribeiro2 Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcor- rupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção, Ficamos muito atentos, nos últimos anos, a um tipo de corrupção que é muito freqüente em nossa sociedade: o pequeno ato, que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum para obter uma vantagem pessoal. Foi e é importante prestar atenção a essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupção política - por sinal, praticada por gente eleita por nós. 2 (Renato Janine Ribeiro, 59, é professor titular de ética e filosofia política do Departamento de Filosofia da USP. É autor, entre outras obras, de República (Publifolha. Coleção Folha Explica). 40 S lN TA tiM A CflCiív s m » V Redação Discursiva ( ( Esclareço que, por corrupção, não entendo sua definição legal, mas ética. Corrupção é o que existe de mais antirrepublicano, isto é, mais contrário ao bem comum e à coisa pública. Por isso, pertence à mesma família que trafegar pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos outros. Às vezes é proibida por lei, outras, não. Mas, aqui, o que conta é seu lado ético, não legal. Deputados brasileiros e britânicos fizeram despesas legais, mas não éticas. E desse universo que trato. O problema é que a corrupção “cultural”, pequena, disseminada - que < mencionei acima - não é a única que existe. Aliás, sua existência nos poderes públicos tem sido devassada por inúmeras iniciativas da sociedade, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União (órgão do Executivo) e do Tribunal de Contas da União (que serve ao Legislativo). Chamei-a de r “corrupção cultural” pois expressa uma cultura forte em nosso país, que é a busca do privilégio pessoal somada a uma relação com o outro permeada pelo favor. É, sim, antirrepublicana. Dissolve ou impede a criação de laços importantes. Mas não faz sistema, não faz estrutura. ( Porque há outra corrupção que, essa, sim, organiza-se sob a forma de complô para pilhar os cofres públicos - e mal deixa rastros. A corrupção “cultural” é visível para qualquer um. Suas pegadas são evidentes. Bastou colocar as contas do governo na internet para saltarem aos olhos vários gastos indevidos, os quais a mídia apontou no ano passado. Mas nem a ( tapioca de R$ 8 de um ministro nem o apartamento de um reitor - gastos não republicanos - montam um complô. ■ Não fazem parte de um sistema que vise a desviar vultosas somas dos cofres públicos. Quem desvia essas grandes somas não aparece, a não ser t depois de investigações demoradas, que requerem talentos bem aprimorados / - da polícia, de auditores de crimes financeiros ou mesmo de jornalistas muito especializados. O problema é que, ao darmos tanta atenção ao que é fácil de enxergar (a corrupção “cultural”), acabamos esquecendo a enorme dimensão da Corrupção estrutural, estruturada ou, como eu a chamaria, organizada. Ora, podemos ter certeza de uma coisa: um grande corrupto não usa , cartão corporativo nem gasta dinheiro da Câmara com a faxineira. Para que vai se expor com migalhas? Ele ataca somas enormes. E só pode ser pego com dificuldade. Se lembrarmos que Al Capone acabou na cadeia por { ter fraudado o Imposto de Renda, crime bem menor do que as chacinas que promoveu, é de imaginar que um megacorrupto tome cuidado com suas contas, com os detalhes que possam levá-lo à cadeia - e trate de esconder bem os caminhos que levam a seus negócios. á 4 1 SlNTAviMA 5 Marcus Prado Penso que devemos combater os dois tipos de corrupção. A corrupção enquanto cultura nos desmoraliza como povo. Ela nos torna “blasé”*. Faz-nos perder o empenho em cultivar valores éticos, Porque a república é o regime por excelência da ética na política: aquele que educa as pessoas para que prefiram o bem geral à vantagem individual. Daí a importância dos exemplos, altamente pedagógicos. Valorizar o laço social exige o fim da corrupção cultural, e isso só se consegue pela educação. Temos de fazer que as novas gerações sintam pela corrupção a mesma ojeriza que lima formação ética nos faz sentir pelo crime em geral. Mas falai- só na corrupção cultural acaba nos indignando com o pequeno criminoso e poupando o macrocorrupto. Mesmo uma sociedade como a norte-americana, em que corromper o fiscal da prefeitura é bem mais raro, teve há pouco um govemo cujo vice-presidente favoreceu, antietica- mente, uma empresa de suas relações na ocupação do Iraque. A corrupção secreta e organizada não é privilégio de país pobre, “atra sado”. Porém, se pensarmos que corrupção mata - porque desvia dinheiro de hospitais, de escolas, da segurança —, então a mais homicida é a corrupção estruturada. Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcor- rupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção. É mais difícil de descobrir. Mas é ela que mata mais gente. * blasé (icomparativo: more blasé; superlativo: inost blasé) A ssunto: A co rru p ção no B ras il * • * * , , ' ' Tema: Coincide com o próprio título - “Corrupção cultural ou organizada?” • . . •................ .. então, quando seDelimitação assunto e o própr delimitá-lo rtsco ■ ■ :-y-' % S IN TA G M A Redação Discursiva Tese: Poderá estar bem clara na introdução ou poderá estar diluída (no caso, precisaremos pensar ou escrever com nossas palavras para retirá-la do parágrafo), mas, nesse texto, percebemos que está fácil: “Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções ‘culturais’ nos leve a ignorar a grande corrupção.” dar peso de artigo de opinião, t ,, o 7 ;>.«• - ''~.W. -%».• i'.. >• a,.; . . /. l '' ̂ < .... •- ̂ '• .-.V > < . .....- - ■ • -■ ■ ' - • •..... I para estendermos argumentos a dois ou mais piaráqrafôs. Trecho: "atenção a » ■ .í: .~ .............. : • . :• •■■■ ........ -J / • ' ̂ . \ 43 n?n ofí/í&o» V I\ ÓJtfTAüMA Marcus Prado lípiEPppF epensê::esse s p *mí m0 partir’ ice ao outro! insp írâpo é diferènttW plagio!) m m M .V T A ÍÍW A 4 4*•1 \ A diferença entre fato e tese (opinião) Problemas comuns encontrados: A tese não é exatamente uma tese. O aluno costuma confundir o posi cionamento com o fato constatado. Temos assim um desenvolvimento e não uma introdução com um objetivo persuasivo, como pedido na proposta. Exemplo de uma introdução com fato constatado e não com tese. Observe que fato constatado é algo que não pertence à minha criação; temos os “já ditos”. Podemos utilizar os “já ditos” como recurso e não como meu absoluto, pois tais “já ditos ” se tornaram domínio de todos. • Assunto: Ética e Moral • Tema: A ética e a moral na relação com a ordem social. & 6 h 4 5 i \ SlíCTAÜMA Marcus Prado • Tese: Não há um posicionamento de tese, pois os fatos são expo- sitivos, retratam um acontecimento constatado. Ninguém duvida desses fatos. Ética e moral Ética tem origem no grego eíhos, que significa modo de ser. A palavra moral vem do latim mos ou mores, ou seja, costume ou costumes. A primeira é uma ciência sobre o comportamento moral dos homens em sociedade e está relacionada à Filosofia. Sua função é a mesma de qualquer teoria: explicar, / esclarecer ou investigar determinada realidade, elaborando os conceitos corespondentes, A segunda, como define o filósofo Vázquez, expressa “um conjunto de normas, aceitas livre e concientemente, que regulam o compor tamento individual dos homens”. COMENTÁRIOE xem plo de In t ro d u ç ã o com a te se Tese: devemos reescrevê-la, visto que copiar é impossível. Ela está diluída na introdução. Ao campo da ética, diferente do da moral, não cabe formular juízo valorativo, mas, sim, explicar as razões da existência de determinada realidade e proporcionar a reflexão acerca dela. A moral é normativa e se manifesta concretamente nas diferentes sociedades como resposta a neces sidades sociais; sua função consiste em regulamentar as relações entre indivíduos e entre estes e a comunidade, contribuindo para a estabilidade da ordem social. (Inteniet:www.espacoacadêmico.com.br (coin adaptações) SINTAGM A Redação Discursiva Tese reescrita: A moral é um regulador das necessidades sociais, enquanto que a ética não se valoriza, e sim, explica o porquê das tais necessidades. Observe que a proposta para o desenvolvimento foi traçada: enumeração de temas importantes: ética e moral. O Eu se mostra nas escolhas pessoais tais como: “diferente da moral, não cabe formular juízo valorativo ”, ” necessidades sociais ”, “contri buição para estabilidade social”. Muitos filósofos discordam desse tipo de divisa quanto à questão da ética e da moral, então temos a manifestação do E u num todo. Mas cuidado esse tipo de tese está praticamente “em cima do muro”, pois aponta para dois lados e quase não se revolve num ponto. A Numeração de itens tende a nos prejudicar caso não tenhamos domínio desse tipo de recurso. Também não é recomen dável iniciar com “ao campo da ética”. Mas mesmo com o exemplo dado acima, o aluno possui grande difi culdade em diferenciar um fato de uma opinião que ele possa criar em uma introdução ou ao longo do desenvolvimento. Como saber quando é fato e opinião? Como transformar um fato em opinião diferenciada? Ou seja, como fugir do senso comum? Veja a análise desse texto e observe como ele foi construindo a opinião através do fato, mas sem entrar demasia damente no senso comum, o que todos esperam sem questionar. Texto p a r a aná lise O número de acidentes de trânsito caiu drasticamente após a apro vação da lei seca. Este é um fato. O número de vítimas decorrentes dos acidentes também caiu. Este também é um fato. Os defensores da lei seca dirão: “contra fatos não há argumentos”. É verdade, contra fatos não há argumentos. Contudo, a interpretação dos fatores que geraram os fatos é sim sujeita a questionamentos. Para ilustrar o parágrafo acima imagine que Janjão diga: “Vai chover amanhã”. E no dia seguinte efetivamente ocorre uma chuva. Janjão disse que iria chover e choveu, isso é um fato. Contudo podemos interpretar o resultado de pelo menos três maneiras distintas: 4 7 SINTAGMA Marcus Prado 1. Janjão veio do futuro, e assim sabia o que aconteceria no dia seguinte; 2. Janjão era um excelente cientista e por meio de análises estatísticas previu corretamente a chuva; ou 3. Janjão apenas deu um palpite que se realizou. Assim, da próxima vez que você ouvir alguém dizer que os acidentes de trânsito se reduziram após a lei seca, lembre-se de que isso é um fato. Mas, existem várias interpretações sobre o que gerou talfato. Talvez a proibição de beber e dirigir (lei seca) deva receber esse crédito. Talvez essa redução tenha se originado apenas por causa do aumento da fiscalização que se seguiu após a aprovação da lei seca. Alguns podem argumentar que não importa o motivo, o fato é que os acidentes se reduziram e assim devemos manter a lei seca. Discordo dos que pensam assim. Meu argumento é simples: que tal proibirmos o uso de rádio dentro do carro? Afinal, ouvir música enquanto se dirige é a terceira causa de acidentes por distração nos Estados Unidos. Além disso, mudar de estação de rádio é a primeira causa de acidentes por distração nos EUA. Nada mais natural do que proibirmos o uso do rádio nos carros. Ou seja, é fato que rádio no carro aumenta o risco de acidentes. Contudo, a interpre tação dos fatores é importante. Afinal, por que impedir TODOS de ouvirem música no carro? Quanto à lei seca, meu ponto é o mesmo. O problema não está no casal que saiu para tomar uma jarra de vinho. Também não está no pai de família que tomou uma latinha de cerveja na festa junina da escola. São os excessos que devem ser coibidos. I Para finalizar quero deixar duas perguntas; a) alguém se lembrou de analisar o efeito substituição? Ou seja, talvez alguns troquem o consumo de álcool pelo consumo de drogas. Outros podem substituir o álcool pela violência. Afinal, se você limita uma veia de escape (chope com os amigos) outras veias de escape irão surgir. 48 Redação Discursiva b) Minha pergunta parece estúpida, mas tente responder a ela e você verá quão difícil ela é: será justo condenarmos alguém por antecipação? Quando a polícia prende um bêbado dirigindo, ela o fez por ASSUMIR que ele não tem condições de dirigir. No fundo, ele está sendo condenado por antecipação. Assume-se que um bêbado irá provocar um acidente de trânsito, mas isso é apenas uma suposição. Experimente expandir esse argumento para o resto da sociedade e você verá o quão perigoso ele é. Essa segunda pergunta me foi feita pelo Daniel Marchi, e confesso que eu gastei um bom tempo tentando responder a ela. Note que essa segunda pergunta é muito semelhante ao argumento central de um filme com Tom Cruise (Minority Report). Assista a esse filme para que possa despertar suas ideias... Estudo da tese Na dissertação, podemos expor um tema sem tentar convencer o leitor. Quando temos o objetivo de convencer, o texto passã a ser uma argumentação. Se o texto dissertativo tem como propósito principal explicar ideias, a argumentação procura formar a opinião do leitor ou do ouvinte. No texto dissertativo, apresentamos ideias para serem desenvol vidas. Já no texto argumentativo, apresentamos argumentos com provas completas. Logo, o fato é uma realidade desse tipo de texto. Assunto Após a leitura do texto fonte como motivador, tem-se a presença da ideia geral de que se trata o texto. Mas de forma alguma inicie seu parágrafo introdutório com a ideia geral apenas. O assunto prepara a temática. .1 > V V =1 51 \ S IN TA G M A Marcus Prado Tema Ideia principal concernente ao verdadeiro propósito do autor no texto. Mais específico. Prepara o ambiente para a chegada da tese. Tese Dentro da dissertação argumentatíva: TEMA + EU (POSICIONA MENTO) = TESE • Assunto: As pessoas no ambiente de trabalho. • Tema: O pseudopoder e a sabedoria no ambiente profissional. • Tese: Os pseudopoderosos mascaram a hipocrisia do “manda quem pode; obedece quem tem juízo” na fragilidade da não convivência harmoniosa com o outro no ambiente profissional. • Tese diluída na introdução: A tese não irá aparecer exatamente na forma de tópico frasal como acima, mas envolvida num todo para a construção de uma introdução dissertativa argumentativa. Exemplo de Introdução Completa É comum no ambiente profissional ouvirmos o dito popular "manda quem pode; obedece quem tem juízo". Na definição de fluxos de trabalho, é bem possível que essa frase tenha sua serventia e sua dose de verdade. No entanto, o poder, seja o verbo ou seja o substantivo, é exercido, em maioria, por pessoas inábeis e presunçosas. São os pseudopoderosos. Uma turma mesquinha e apequenada que, por pura insegurança, escreve na testa "quem manda aqui sou eu" e desfila por nossas vidas diariamente, sem a menor noção do quão patética e cafona nos parece e, de fato, é. (Tese diluída com o raciocínio complementar para o enriquecimento dela). C i » - i T * r : u «. Redação Discursiva Assunto: Política Tema: A imagem dos políticos brasileiros Tese: “O mundo político vive em queda livre Tese mais explícita : “O mundo político vive em queda livre Introdução com Tese Explícita O mundo político vive em queda livre. A capacidade de decep cionar parece ser rotina em todas as esferas do setor público brasileiro. Os exemplos estão estampados diariamente na mídia e fazemcom que a maioria dos cidadãos, indignada, se afaste da política. Outro exemplo de Tese explícita, mais fácil de identificar. • Assunto: O funcionário público • Tema: A relação entre o funcionalismo e a funcionabilidade do serviço público. • Tese: Por que os servidores públicos insistem em ser incompetentes quando se trata de compromisso com a pontualidade e da qualidade dos serviços prestados à aqueles que necessitam? Por que os servidores públicos insistem em ser incom petentes quando se trata de compromisso com a pontualidade e a q u a lid ad e dos serviços prestados àqueles que necessitam? Pelo visto, tudo o que não corre riscos de mudanças torna-se porto seguro de maus empregados. E os reflexos não podiam ser diferentes: burocracia e exemplos de andorinhasquetentam m ostrarverõesetêm suas"asinhas cortadas bem rapidinho". 53 S lN lA üM A Marcus Prado Formas de tese a serem construídas na introdução dissertativa argumen- tativa TESE = Tema 4- En 4- Outro 4- Eu (como reforço, caso seja necessário) O último gargalo Bem Sangari Se sobreviver às mudanças, o vestibular completará cem anos em / 2011 (TEMA). Não é de admirar que ainda gere algum apego e defesa, por parte de interesses ligados à sua existência e subsistência. (PRESENÇA DO OUTRO) Mas não deveria ser assimAO EU PRESENTE) O vestibular é o último gargalo que impede o desenvolvimento da quali dade na educação brasileira, entre várias razões, porque simboliza tudo o que agora é considerado obsoleto na era do conhecimento. Sua extinção inevitavelmente introduziria uma nova etapa de mudanças, cuio impacto chegaria até o ensino fundamental. Um eventual fim do vestibular merece, portanto, ser reconhecido como marco histórico, a preparar o terreno para que o Brasil trilhe mais celerementeo longo caminho rumo a um sistema educacional compatível com as exigências e os desafios que a juventude enfrenta no século 21. (REFORÇO DO EU) Outro Exemplo: • Assunto: corrupção • Tema: A corrupção no Brasil • Tese: A maldita herança do “jeitinho <fláííis im m 5 4 S IN TA O M A Redação Discursiva "De tanto ver triunfar as nulidades. de tanto ver crescer as in jus tiças. de tanto ver agigantarem -se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanim ar-se da virtude, a rir-se da hora, e ter vergonha de ser honesto". (Rui Barbosa). Há séculos tem-se a maldita herança num dos traços mais marcantes da identidade brasi leira: o famoso "jeitinho brasileiro", (PRESENÇA DO EU) definido por Lourenço Stelio Rega (Dando um ieito no Je itinho) como "a im po sição do conveniente sobre o certo", ou seia, uma forma malandra de se resolver um problema, ainda que sob a forma de burla de algum a norma oreestabelecida. Apesar de nem sem pre m anifestar-se de forma negativa, (PRESENÇA BEM LEVE DO OUTRO, MAS IMPOR TANTE) o "je itin h o "éa força m otriz de um dos m aiores problem as da p o lít ica b rasile ira : a corrupção. (REFORÇO DO EU) TESE = Tema + Eu+ Eu (reforço, caso necessário) Veja que utilizaremos o último exemplo dado para demonstar a primeira forma de se fazer uma tese, só que desta vez sem a presença do OUTRO. "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da hora, e ter vergonha de ser honesto". (Rui Barbosa). Há séculos tem -se a m aldita herança num dos tracos mais marcantes da identidade brasileira: o famoso "ieitinho brasileiro", (PRESENÇA DO EU) definido por Lourenço Stelio Rega (Dando um jeito no Jeitinho) como "a imposição do conve Marcus Prado niente sobre o certo", ou seja, uma forma malandra de se resolver um problema, ainda que sob a forma de burla de alguma norma preesta- belecida. O "jeitinho" é a força motriz de um dos maiores problemas da política brasileira: a corrupção. (REFORÇO DO EU) COMENTÁRIO Outro Exemplo: • Assunto: A corrupção • Tema: A corrupção no Brasil • Tese: O Brasil não é um país sério. A corrupção no Brasil é um problema que está longe de ser resol vido, (PRESENÇA DO EU) pois, ao que parece, esse país só terá jeito quando esse ciclo for quebrado; quando os brasileiros decidirem trocar o discurso hipócrita pela prática coerente e admitirem que as raízes da corrupção estão nos valores que eles próprios transmitem a seus filhos. Até lá, faz-se jus concordar com o que diz Charles de Gaulle:"o Brasil não é um país sério". (PRESENÇA DO EU). S i n t a g m a Como posso enriquecer o meu texto dissertativo? O objetivo deste capítulo é ensiná-lo a fazer a produção de parágrafos mais criativos e argumentos para serem desenvolvidos com uma visão diferenciada da do seu concorrente. Como posso pensar em enriquecer minha in trodução? 1. Pense num projeto em que sua tese deverá ser rodeada por temas transversais = tudo aquilo de que preciso para poder relacionar argu mentos novos à minha tese, que é o centro para as justificativas, ou seja, tudo deve justificar-se na tese, por isso devem estar relacionados, interligados. 57 SINTAUMÀ Marcus Prado As setas poderiam relacionar: • Educação familiar; • Permissividade e liberdade • Autoridade versus educação • Mídia versus família - Sociedade consumista • Punição versus maus tratos Tese: A disciplina é o aspecto mais estudado e pouco praticado por todos num meio social que necessita de ajustes rápidos ante um clima de total desordem e descontrole Redação Discursiva Recursos ricos e interessantes que podem ser usados para montar a introdução S is tem a polifônico r E um recurso que nos mostra formas marcadas (discurso direto, indireto, aspas, negrito, travessões ) tomados como se fossem a presença de outros no enunciado. Também chamados de “vozes no texto” . Isso acontece automaticamente, sem nos atermos a sua presença. Vamos escrevendo e acrescentando “os outros lados da moeda”. Vejamos: (Introdução com base no projeto de temas transversais dado anteriormente com o recurso da polifonia) A disciplina é o aspecto mais estudado e pouco praticado por todos num meio social que necessita de ajustes rápidos ante um clima de total desordem e descontrole. A educação familiar tem que se fazer presente nos ditos "é preciso proibir" corno forma de amor preventivo. Caso contrário, a turma do "deixa disso, vamos lá, é bacana" trará memórias de como deveria ter feito de outra forma. A mídia mostra, mas a família permite. Há limites para tudo debaixo do céu e da terra e punir é o melhor caminho, mesmo que contrarie "ele precisa se desenvolver em suas capacidades". O melhor produto de consumo que não gera idas às delegacias ou o infortuno de"era tão bonzinho..." omento, há ínterferênci; -y ••Í K V • » - Y f - -Jf.T -ÍO i-V .,-'- V.?i> í f f í y ■■■ iscussão > , recursos c ! . . . . .. - v ...................... fSrSfpervirão ao meu propôs ................1 ■ 1 S lN TA O M A 59 Marcus Prado (Trecho de texto que também utiliza tais recursos) Artigo da Veja: "O agito na rua do Senhor", (o título do artigo já nos mostra o tom implícito do posicionamento do autor diante do comércio de artigos evangélicos). Durante a semana, o maior movimento na rua é de lojistas de todo o país em busca de mercadorias. No sábado é a vez do comprador individual. "Vim com a família comprar peças de vestuário para o novo grupo de jovens da igreja", diz o paulistano Valteci Figueiredo dos Santos, que não resistiu à pechincha de três gravatas por 10 reais. O burburinho na Conde de Sarzedas é similar ao das vias de comércio popular das proximidades. A peculiaridade é que nela os camelôs e as barraquinhas de comida dividem as calçadas com pregadores e cantores gospel. Naturalmente, os ambulantes vendem produtos pirateados, só que autenticamente evangélicos. Por enquanto, o negócio é próspero para todos. "A pirataria ainda não conseguiu nos incomodar" diz Renato Fleischner, editor-chefe da Editora Mundo Cristão, com estimativade venda de 1,5 milhão de livros neste ano. (Introdução dissertativa sobre o assunto beleza) Elas não passam em branco. Cabelo grisalho é bacana-para as mulheres fortes, bonitas, interessantes, bem cuidadas, elegantes e psicologica mente preparadas para serem chamadas de senhoras o tempo todo. Redação Discursiva P r im e iro p a rá g ra fo de d esenvo lv im en to do p a r á grafo ac im a Cabelo branco pode ser chique, autêntico e libertador, mas na maior parte do planeta continua vetado, sinônimo de desleixo, preguiça 011, anátema supremo, velhice. As mulheres pintam os cabelos porque querem se ver e ser vistas como detentoras de pelo menos alguns traços de juventude. E também porque culturalmente isso é aceitável e desejável - ao contrário dos homens, nos quais a artificialidade capilar evoca comparações com Silvio Berlusconi, Josc Sarney ou Manuel Zelava. (interferências com citações) Em compensação, a explicação evolutiva, que virou o manual universal de respostas fáceis para questões complexas, estabelece que as mulheres grisa lhas evidenciam a perda dos atributos reprodutivos, enquanto os homens nas mesmas condições emanam poder e distinção, características evidentemente desejáveis. O que nos leva de volta às personagens iniciais: será que só mulheres muito poderosas se sentem livres para assuinir a brancura dos cabelos? COMENTÁRIO Outro recurso interessante e que além de demonstrar criatividade na feitura do parágrafo ainda serve como “autoridade textual”(característica obrigatória em um texto argumentativo) daquilo que se discute no desen volvimento da tese, é a “comparação de realidades” diferentes da que está / ( 61 i S IN TA G M A Marcus Prado sendo discutida. Em um contexto bem trabalhado, confirmam não só a nossa discussão (autoridade textual), como também será mostrado ao seu anali- sador de prova que você possui uma leitura atualizada e de boa qualidade. Vejamos um exemplo de introdução que tem por objetivo discutir a “regulamentação do diploma de jornalismo para o exercícios da profissão”. Logo após a introdução, teremos um parágrafo de desenvovimento com o recurso de autoridade textual por comparação de realidades diferentes da discutida em questão. In t ro d u ç ã o / O decreto-lei n° 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Consti tuição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação. S eg u n d o p a rá g ra fo Ao se ler uma notícia não verídica, percebe-se que ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas freqüentem um curso de formação. Dife- rentimente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão dê jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia. Nesse sentido, por não implicar tais riscosTnão poderia exigir um diploma para exercer a profissão, (fato constatado, real e aceitável na sociedade, sem refutação) Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a fonna mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão. (No restante do parágrafo, tivemos a opinião.) COMENTÁRIO mm ' i 1 SlNTAíiMA 62 Redação Discursiva Recapitulando o que já foi trabalhado em todos os capítulos anteriores Vamos agora observar uma proposta de redação, fazendo parte a parte toda a produção de um texto dissertativo argumentativo, seguindo o conteúdo dos capítulos já trabalhados Devemos observar a coletânea, o texto ou apenas um fragmento a partir deles, organizar as ideias para que, ao construir sua introdução, não tenhamos a decepção de perceber que caímos apenas em redundân cias e fatos/acontecimentos apenas constatados e a tese com certeza não existirá. Coletânea: Maioria dos ministros do STF vota contra a exigência de diploma de jornalista MÁRCIO FALCÃO da Folha Online, em Brasília Atualizado às 18h43. Sete ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votaram contra a exigência do diploma de jornalista para exercício da profissão. Dois dos 11 ministros - Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezeis Direito - não estão na sessão. Histórico O Ministério Público Federal entrou com ação em outubro 2001 para que não seja exigido o diploma de jornalista para exercer a profissão. Uma liminar editada ainda em outubro de 2001 suspendeu a exigência do diploma de jornalismo. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a União entraram com um recurso. Em outubro de 2005, a 4a Turma do Tribunal Regional Federal da 3a Região entendeu que o dioloma é necessário para o exercício do jornalismo. A decisão provocou um novo Marcus Prado recurso do Ministério Público Federal no STF e, em seguida, com a ação para garantir o exercício da profissão por quem não tem diploma até que o tema seja definido pelo Supremo. Em novembro de 2006, o STF decidiu liminarmente pela garantia do exercício da atividade jornalística aos que já atuavam na profissão independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área. Como m otivação de su a re d a ç ã o faça u m a d is se r ta ç ã o em p ro sa sobre o a s su n to exposto Vamos analisar ponto a ponto: • Raciocínio: Percebemos que se trata do seguinte assunto: Regula mentação do jornalismo. « • Direcionamento do tema: A obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. (Não temos a tendenciosa, pois o pensamento é abrangido na coletânea), ua 4a Turma do Tribunal Reviortal Federal da 3aRcziãw entendeu que o diploma é necessário para o exercício do jornalismo. ” (Nada sugeriu como uma espécie de voz a opinar e me direcionar na problemática. Ela é, então, abrangente e explanada a todos.) • Recordando os modos infalíveis de garantir uina boa tese: A tese pode ser construída de dois tipos, que vão lhe dar êxito quanto à ' construção de uma introdução dissertativa. • Primeiro modo: EU + EU = TESE Apenas um lado é avaliado; não interessa ao construtor da tese a exposição de outro lado da situação, ou seja, o recurso de persuasão de mostrar o outro não é utilizado. Com isso teremos um gênero chamado Artigo de Opinião. O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei 64 Redação Discursiva é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura m ilitar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelec tuais e pensadores isentos de qualquer m anipulação. (EU - em nenhum momento analisei o outro lado) * Segundo modo: Como analisar então o outro lado: EU + OUTRO + EU = TESE O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Mesmo sabendo que a regulamentação ajudará em vários aspectos positivos quanto ao que se refere ao interesse à busca do conhe cimento através de uma formação universitária, (manifestação do OUTRO) tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipu lação.(EU) * Tese sugerida: O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões (veja que temos a exposição de uma opinião sem interesse por enquanto de argumentar-persuadir: sem interesse de busca pelas estratégias para que o texto se torne hiais apelativo e interessante.) Ào colocarmos a persuasão, automaticamente construiremos nossa introdução de formadissertativo-argumen- tativa. Observe: O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Consti tuição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informa ções e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação. (Aqui está algo a mais que ao todo complementa nossa ideia em torno da tese. Fiz então minha introdução quase sem esforço em pensar como preencher o parágrafo!!!) SlKTAÜ.OA 65 Marcus Prado E como desenvolver essa introdução? Pense em qual posicionamento você quer assumir e fique firme; busque levar o leitor a pensar em tal situação: "Tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informa ções e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação". Vejamos: S eg u n d o p a rág ra fo Ao se ler uma notícia não verídica, percebe-se que ela não será ev itad a pela exigência de que os jornalistas freqüentem um curso de formação. Diferentemente de um motorista, que coloca em risco a coleti vidade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia. Nesse sentido, por não implicar tais riscos, não se poderia exigir um diploma para exercer a profissão (fato constatado, real e aceitável na sociedade, sem refutação). Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão, (o restante do parágrafo tivemos a opinião). T erce iro p a rág ra fo Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária (comparação do que é tratado com outra realidade distinta), o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até à saúde e à vida dos consumidores. (Parágrafo dedi cado a explanação de exemplos: comparação de um cliefe de cozinha (real) ao ato de praticar o jornalismo). Redação Discursiva Q u a r to p a rá g ra fo A “queda” do diploma de jornalista não fechará as faculdades de comu nicação. Tais cursos são importantes e exizem preparo técnico e ético dos pro fissionais para atuarem. Os jornalistas se dedicam ao exercício pleno da liberdade de expressão.(fato constatado, real, ninguém duvida) O jorna lismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada, (fora o fato constatado, temos a opinião individual e persuasiva, estrate gicamente a convencer o leitor). Q uin to parág rafo : conclusão A Constituição é bem clara quanto ao exercício da liberdade: querer destituir o direito do cidadão é crime e viola todo um principio ético. Regu lamentar algo que já está explicitamente regulamentado é como revogar direitos já adquiridos, pois, além de absurdo, é retrógado à ideia do autori tarismo. Uma experiência amarga e nada salutar na prática da democracia. (Observe que na conclusão temos apenas uni retorno às minhas ideias expostas na introdução. A conclusão serviria ate mesmo de introdução e vice-versa). O parágrafo, na sua construção, pede um fato/acontecimento + ooiníão. I • ■ • : ■ •• •' . • ■ ■ ■ [ Dessa forma, não desperdiçaremos a chance de tentar convencer a banca a acreditar que sou politizado e conhecedor do que é dito. ■; . - 1 I xO- • . • . . . . . : 67 / I / Diferentes formas de se começar uma redação i t ■ ■ ‘ . . ■ ■ ( Divisão (tema: exclusão social) Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas em diversos jornais renomados como New York Times mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada. COMENTÁRIO dfáfe* aa'»5 69 H SINTAGMA Marcus Prado A lu sã o H istó r ica (alusão a fatos históricos, lendas, tradições cren dices, anedotas ou a acontecimentos de que o autor tenha participado ou que testemunhado) Conta uma tradição, cara ao povo americano, que o Sino da Liberdade, cujos sons anunciaram, Filadélfia, o nascimento dos Estados Unidos, inopina- damente se fendeu, estalando, pelo pensamento de Marshall. Era uma dessas casualidades eloqüentes, em que a alma ignota das coisas parece lembrar misteriosamente aos homens grandes verdades esquecidas. COMENTÁRIO Outro tema: Desinteresse pela condição das crianças Às crianças nunca foi dada a importância devida. Em Canudos e em Palmares não foram poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé continuam não sendo. COMENTÁRIO Outro tema: Globalização Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste/ oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição. COMENTÁRIO 5 lNTAüViA Redação Discursiva A introdução tem o dever de criar uma perspectiva textual no leitor; deve levá-lo a imaginar o contexto da discussão, mas é claro que será o escritor do texto que irá surpreender o leitor com ideias criativas e inusitadas daquilo que ele esperava como discussão. C o m p a ra ç ã o - p o r s e m e lh a n ç a ou oposição Tema: Reforma agrária O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Da mesma forma que na época da abolição da escra vidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária. COM ENTÁRIO O posição Tema: A educação no Brasil De um lado, professores mal pagos, desestimnlados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, / aparelhos de videocassete. E este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil. COM ENTÁRIO SlMTAÜMÀ Marcus Prado N a r ra ç ã o Tem a: Maltrato aos animais Foi numa tarde dessas que Preta, a velha cadela do bairro, gestante de dez filhotes, teve sua pequenina vida de marginalizada ceifada por bandidos quase diplomados, universitários que a arrastaram pela ruas da Moca, na grande São Paulo. A mídia pouco noticiou uma narrativa de uma cadela apenas. Da mesma forma, esqueceram-se dos “Joões Hélios”, também arrastados pelas grandes cidades. Por não diplomados, mas formados na necessidade de sofrimento absurdamente angustiante e ponto final. COM ENTÁRIO * w * * , . r í i‘ « i • 2 ^ \ ’ ■ j •* Veja que a introdução acima foi realizada predominantemente pelo uso da : : . J * ................. . 1 >, .. is:. .. . . ......... >. . . : ■ _ . . ' T ' ' " : V ' ■ •..... • ’ • is is : 72\ SINTAGMA JSfiL I v ; , ' ■; Como desenvolver parágrafos Recordando o que é um parágrafo O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar conveniente mente as ideias principais de sua
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