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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS DIREITO DO TRABALHO E LEGISLAÇÃO SOCIAL CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ERIVALDO SOUZA BRASILEIRO GREICE MOREIRA MORAES MÔNICA PEDREIRA COSTA MELO EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Feira de Santana/Bahia 2021 ERIVALDO SOUZA BRASILEIRO GREICE MOREIRA MORAES MÔNICA PEDREIRA COSTA MELO EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Atividade apresentada na disciplina Direito do Trabalho e Legislação Social, ministrada pelo Prof. Reginaldo Paiva de Barros, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Feira de Santana/Bahia 2021 SUMÁRIO INTRODUÇÃO Invenção típica do mundo moderno, e mais precisamente do mundo industrializado, a seguridade social se constitui item importantíssimo para o funcionamento das sociedades modernas. Superados os modos de produção baseados na escravidão ou servidão, em que aqueles que laboravam nenhum ou pouquíssimos direitos tinham, surge, a partir do século XIX o modo de produção capitalista, principalmente no continente europeu, a partir da chamada revolução industrial. Num contexto de intensificação da urbanização e da dependência dos detentores dos meios de produção, a classe trabalhadora passou a sofrer de novas mazelas de saúde e viu sua expectativa de vida, muitas vezes, não ir além dos quarenta anos de idade. Nesse moderno sistema de trocas capitalistas, o bem-estar das pessoas passou a ser de interesse de outros além do próprio indivíduo. A combinação de empregadores industriários e comerciantes necessitados de mão de obra, bem como os governantes interessados no desenvolvimento econômico e social que permitisse o fortalecimento do capitalismo, juntamente com as constantes reivindicações dos trabalhadores a exigir melhores condições de trabalho e de desenvolvimento social, formou um ambiente propício ao surgimento de estratégias de mutua colaboração objetivando assistir as pessoas nos diversos momentos de dificuldade, principalmente em decorrência de doenças, acidentes, viuvez, orfandade, idade avançada e miserabilidade. Assim, desenvolve se a seguridade social, que no Brasil veio a ser alavancada pelas forças do estado há aproximadamente duzentos anos. Por muitos anos, esse sistema desenvolveu-se no sentido da ampliação, mas em anos recentes tem dado preocupantes sinais quanto à sua capacidade de manutenção sem ajustes desagradáveis aos beneficiários. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL A seguridade social brasileira teve suas origens na constituição de 1824, a qual previa os chamados “socorros públicos” em seu artigo 179 inciso XXXI. A constituição, entretanto, limitou-se à expressão “A Constituição tambem garante os soccorros publicos”(sic), o que gerou muitas discussões e ambiguidades para efetiva implantação dos sistemas de ajuda aos necessitados. Depois de alguns anos, com a aprovação da chamada Lei dos Municípios, concluiu-se pela efetivação dos serviços na iniciativa privada através das Santas Casas de Misericórdia. Em 1891 houve um segundo momento relevante para a seguridade social brasileira, pois naquele ano foi promulgada nova constituição, a qual, pela primeira vez, trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro a palavra aposentadoria. Aquela estabeleceu o direito aos funcionários públicos em caso de invalidez no serviço da Nação. Em 15 de janeiro de 1919 foi aprovado o decreto 3.724 prevendo a obrigatoriedade de indenizações em decorrência dos acidentes no trabalho. Mas, o grande destaque na vigência da constituição de 1891 foi a chamada Lei Eloy Chaves, que na verdade foi o Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923. Tido como marco inicial da Previdência Social no Brasil, o decreto recebeu esse nome devido em homenagem ao deputado federal paulista que articulou junto às companhias ferroviárias do sistema que, basicamente, previa a criação de uma caixa de aposentadoria e pensão para os ferroviários. A partir de então os benefícios foram se estendendo a outras categorias profissionais e em 1934 já havia previsão para portuários, telegráficos, servidores públicos, mineradores e bancários amparados pelos decretos 5.109, de 26/12/1926 e 24.615, de 09/06/1934. Com a promulgação da terceira constituição brasileira, em 1934, ampliou-se o leque de direitos sociais ao trazer normas sobre assistência social, saúde pública, licenças, aposentadorias e reformas. Destaque para o surgimento da aposentadoria compulsória dos funcionários públicos aos 68 e para o direito aos benefícios com proventos integrais, em algumas circunstâncias. Foi estabelecida também a forma tríplice de contribuição. A constituição de 1937 foi outorgada nova constituição, mas esta pouco trouxe de inovações. Na vigência da mesma foram criados novos institutos de aposentadorias e pensões em favor mais categorias profissionais, tais como empregados de transportes de cargas. Foi garantido também o direito de os pais miseráveis solicitarem auxílio e proteção do Estado para a subsistência e educação dos filhos. Nove anos depois, em 1946, num retorno ao viés democrático, foi promulgada nova constituição, a qual trouxe como avanço uma unificação das diversas normas legislativas então existente sobre seguridade e previdência social. Foi então aprovada na vigência desta constituição a chamada Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), através da Lei 3.807 de 1960, buscando igualdade de custeio e unificação de alíquotas, além da eliminação dos diversos institutos então existentes. Nessa ocasião o Brasil foi considerado o país de maior proteção social, oferecendo 17 possibilidades de assistência. Além das aposentadorias e pensões foram criados benefícios como auxílio-natalidade, auxílio-funeral e auxílio-reclusão. Sem inovações e seguindo o viés já posto por sua antecessora, a constituição de 1967 basicamente reproduziu as normas então vigentes. Foi na vigência desta constituição que se aprovou a Lei 5.316, estatizando o seguro contra acidente de trabalho (SAT). Foi ainda na vigência desta constituição que foram inseridos no sistema de previdência o trabalhador rural, o empregado doméstico e o trabalhador autônomo através do Decreto – Lei nº 564, de 01 de maio de 1969, e da Lei Complementar nº 11, de 25 de maio de 1971. Em 1966 foi aprovada a Lei nº 6.439, de 01/09/77, a qual criou o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência Social) que era subdividido em INPS ( Instituto Nacional da Previdência Social), a FUNABEM (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor), A DATAPREV (Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social) e a CEME (Central de Medicamentos). Finalmente, em 1988 foi promulgada a chamada constituição cidadã, a qual tem todo um capítulo dedicado à seguridade social. A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 Tida como promotora do bem-estar social, a constituição de 1988 manteve o financiamento tripartite da seguridade social entre os entes de estado, os empregadores e os trabalhadores. A seguridade social na constituição de 1988 está organizada em três áreas de atuação: previdência social, assistência social e assistência à saúde. Em 1990 o SINPAS foi extinto e criado o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) mediante fusão do IAPAS e do INPS. Em 1991 foram aprovadas as leis 8.212 e 8.213, regulamentando então a matéria constitucional sobre previdência e estabelecendo o RGPS (Regime Geral de Previdência Social) no qual se unificou os regimes urbano e rural. Além da unificação dos regimes de previdência foram estabelecidas a assistência à saúde através do SUS (Sistema Único de Saúde) e a assistência social nos moldesdas leis 8.080, de 19/09/1990 e 8.742, de 07/12/1993, respectivamente. Em 1995 é extinto o Ministério da Previdência e criado o Ministério da Previdência e Assistência Social, através da Medida Provisória 813. Com a aprovação da Emenda Constitucional no 20, de 15 de dezembro de 1998, o salário- família e o auxílio-reclusão passaram a ser devidos apenas aos dependentes de segurados de baixa renda. Em 1999 é aprovada a lei 9.876, estabelecendo o chamado fator previdenciário, o qual atrela o cálculo dos benefícios previdenciários à expectativa de vida com objetivo de equilíbrio financeiro do sistema. Em 2003 a perda da qualidade de segurado deixa de ser empecilho para a concessão de aposentadorias por idade aos segurados que contribuíram pelo tempo mínimo de carência, conforme lei 10.666, de 08/05/2003 e em 2009 é aprovado o teto máximo para valores dos benefícios previdenciários do RGPS, conforme decreto 6.765, de 10/05/2009. Princípios Constitucionais da Seguridade Social Conforme artigo 194 da constituição de 1988 os princípios da seguridade social são: I - universalidade da cobertura e do atendimento – que se traduz na capacidade de alcançar todos os riscos sociais que possam gerar estado de necessidade e na capacidade de atender a todos os que necessitem do sistema de seguridade social; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais – que se traduz no tratamento isonômico entre as populações urbanas e rurais quanto às prestações da seguridade social; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços – que se traduz na escolha dos benefícios e serviços integrantes da seguridade social, bem como aos critérios de acesso à proteção social; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios – que se traduz por impedimento de redução no valor nominal dos benefícios da seguridade social ou de seu poder de compra em relação à inflação; V - equidade na forma de participação no custeio - que se traduz pela observância da capacidade econômica do contribuinte; VI - diversidade da base de financiamento – que se traduz por uma participação de toda a sociedade, seja de forma direta ou indireta, nos termos da lei. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Inicialmente foram implantados sistemas análogos a um sistema previdenciário, beneficiando determinados setores, os quais gozavam de importância política: funcionários dos correios, das estradas de ferro, da marinha, da casa da moeda, da alfândega etc. Da obrigatoriedade de indenizar contra acidentes de trabalho às Caixas de Aposentadorias de Pensões – CAPs até a implantação de um sistema de seguridade social financiado por toda a sociedade e com objetivo de proteção relativa a situações de doença, velhice e pobreza, o Brasil, há mais de dois séculos, ainda nos tempos do governo imperial construiu um sistema inclusivo o qual, na maior parte de sua história ampliou o acesso às prestações para cobertura de eventos relacionados a necessidade sociais. Se houve época em que o Brasil chegou a ser considerado o país mais inclusivo em sistemas de proteção social, nos anos recentes, contudo, esse viés tem se modificado. Sucessivas reformas no sistema impuseram limite máximo ao valor das prestações, desestimularam a busca pelos benefícios, reduziram o valor inicial dos mesmos e o tempo de duração, além aumentarem os limites mínimos de idade para acesso. Desde a promulgação da constituição de 1988 já foram feitas sete reformas previdenciárias de considerável magnitude: a) durante o Governo Itamar Franco, em 1993, foi aprovada a Emenda Constitucional 03, voltada basicamente para os servidores públicos estabeleceu que as aposentadorias e pensões passariam a ser custeadas também pelas contribuições dos próprios servidores, além das da União; b) no Governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, foi aprovada a Emenda Constitucional 30, com alterações nos sistemas de previdência de servidores públicos e de trabalhadores da iniciativa privada, estabelecendo elevação de idades e de valores de contribuição para acesso aos benefícios; c) Nos anos 2003 e 2005, durante o Governo Lula, foram aprovadas as Emendas Constitucionais 41 e 47, estabelecendo valor médio paras as aposentadorias e pensões de servidores públicos e a contribuição previdenciária para aposentados. Os trabalhadores de baixa renda passaram a ter a possibilidade de inclusão no sistema com alíquotas reduzidas; d) durante o Governo Dilma Rousseff foram aprovadas as Emendas Constitucionais 70/2012 e 88/2015, alterando a forma de cálculos das aposentadorias por invalidez no serviço público para média das contribuições e elevando a idade da aposentadoria compulsória de 70 para 75 anos de idade; e) em 2019, durante o Governo Bolsonaro, foi aprova da Emenda Constitucional 103, estabelecendo aumento nos limites de idade e de tempo de contribuição para acesso às aposentadorias do RGPS, mudanças na forma de cálculo dos valores iniciais dos benefícios e nos tempos de duração da pensão por morte. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL A seguridade social no Brasil iniciou-se de forma privada e para uns poucos grupos de trabalhadores. Mais de um século depois das primeiras iniciativas voltadas para a seguridade social é tem início o efetivo engajamento do Estado na questão e começa então a se formar um sistema de previdência social, também para uns poucos grupos de trabalhadores, conforme visto nos itens anteriores. Aos poucos foram sendo feitas ampliações na cobertura previdenciária de forma que, apenas a partir da constituição de 1946 é que verificar verdadeira maturidade do sistema. Em 1543 foi criado por Braz Cubas um plano de pensão para os empregados da Santa Casa de Santos. Tal iniciativa de estendeu-se posteriormente às Santas Casas do Rio de Janeiro e Salvador, bem como os empregados das Ordens Terceiras. Em 1793 é aprovado pelo Príncipe Regente Dom João VI o plano para os oficiais da marinha, que assegurava pensão às viúvas. O custeio era equivalente a um dia de vencimento e assim vigorou por mais de cem anos. Em 1821 Dom Pedro de Alcântara concede o direito de aposentadoria aos mestres professores após trinta anos de serviço, e ainda o abono de ¼ aos que continuassem trabalhando. Em 1824 surge a primeira menção a direitos sociais nas constituições brasileiras com os chamados socorros públicos, os quais, depois de vários anos ainda não tinha efetividade. Ato Adicional de 1834 estipulava competência às Assembleias Legislativas para legislar sobre os socorros públicos. Em 1835 surge o Montepio Geral dos Servidores do Estado, em que várias pessoas se associavam de forma mutualista para a cobertura de vários riscos. Em 1850 o Código Comercial previu a não interrupção dos salários em virtude de acidentes imprevistos e inculpados, contando que a inabilitação não passasse de três meses contínuos. Em 1891 surge a primeira menção constitucional a aposentadoria, ainda que apenas para servidores públicos e por invalidez no serviço da nação. É no contexto dessa constituição verdadeiramente inicia-se o sistema de previdência do Brasil com a Lei Eloy Chaves, de 1923, que estabeleceu o direito de aposentadorias e pensões aos ferroviários através do custeio pelos empregados, empregadores e pelo Estado. Em 1926 os direitos da Lei Eloy Chaves foram estendidos aos portuários e marítimos e em 1928 aos telegráficos e radiotelegráficos. Em 1934 a constituição estabelece que é da União a competência para fixar regras sobre a assistência social, fixa a forma tríplice de custeio e a contribuição obrigatória. Em 1946 se coloca pela primeira vez o termo “previdência social” numa constituição. É a partir dessa constituição que se inicia a sistematizaçãoconstitucional da matéria previdenciária com fusão das CAPs dos ferroviários e dos servidores públicos, a uniformização de regras e a criação de regimes próprios para os servidores da União, dos Estados, dos Municípios e dos Territórios. Surgem o auxílio-funeral, o auxílio-natalidade e o auxílio-reclusão e passam a ser segurados todos os que exercem atividade remunerada, além dos trabalhadores domésticos e rurais. Em 1967 a nova constituição não inovou, mas foi na vigência da mesma que se deu o status de ministério à previdenciária social com a fusão da mesma ao ministério do trabalho, surgindo assim o Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS. Criou-se ainda Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social – INAMPS, o Instituto de Administração Financeira da Previdência Social – IAPAS, a Fundação Legião Brasileira de Assistência – LBA e a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor – FUNABEM e a Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV e a Central de Medicamentos – CEME. Estes órgãos formavam o chamado Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS. Em 1988 consolida-se na constituição a ideia de Previdência Social como espécie do gênero Seguridade Social. Surgem então leis específicas sobre o custeio e o plano de benefícios da previdência e da assistência social. É criado em 1990 o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS mediante fusão do IAPAS com o INPS. O fator previdenciário é instituído em 1999 com uma fórmula matemática que leva em conta os anos de contribuição, a idade e a expectativa de vida para cálculo dos benefícios previdenciários. Em 2015 é instituído o fator 85/95 garantindo critérios de aposentadoria sem aplicação do fator previdenciário e em 2019, com a aprovação da Emenda Constitucional 103, surgem novas regras de acesso aos benefícios que, basicamente, exigem mais tempo de contribuição e maior idade para a aposentadoria e permitem cálculo que reduz o valor inicial das mesmas, além de mudar as regras de acesso à pensão por morte visando diminuir o valor dos benefícios, a permanência de pagamento da mesma e a impossibilidade de acumulação com aposentadoria em determinados casos. Diante das mudanças demográficas ocorridas no país e tendo em vista o crescente deficit do sistema previdenciário brasileiro, muitos especialistas defendem que as reformas são necessárias para garantir a sustentabilidade do mesmo. Outros defendem que as constantes retiradas de direitos prejudicam aqueles que dependem do sistema ao diminuir a proteção social. Contudo, é perceptível que desde a promulgação da constituição de 1988, em todos os governos, independentemente de seus vieses político-ideológico, predominaram as reformas para redução de despesas no sistema. Princípios Gerais da Previdência Social I – Princípio da Igualdade, fundamentado no inciso I do artigo 5o da Constituição de 1988, em virtude da defesa da igualdade entre homens e mulheres perante a lei; II – Princípio da Legalidade, fundamentado no inciso II do mesmo artigo 5o, em virtude de que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei; III – Princípio do Direito Adquirido, fundamentado ainda no artigo 5o da CF 1988 em seu inciso XXXVI, qual estabelece que a lei não prejudicará direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Princípios Informadores da Previdência Social; Visando alcança a proteção de todos aqueles que participam do sistema de previdência social, a Constituição de 1988 estabelece objetivos a serem perseguidos pelo referido sistema. São os chamados Princípios Informadores da Previdência, quais sejam: I – Princípio da solidariedade e proteção social, tendo em vista o disposto no artigo 1o o qual estabelece a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, que busque a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais, e ainda, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; II – Princípio da seguridade social, baseado no fato de que a previdência social tem caráter contributivo, sendo esta uma particularidade que a diferencia dos outros subsistemas da seguridade social – assistência social e saúde pública; III – Princípios previdenciários, tendo em vista que a previdência Social tem princípios específicos que lhe tornam particular como integrante da seguridade social. Por exemplo: uniformidade, equivalência dos benefícios entre as populações urbana e rural, seletividade, distributividade, irredutibilidade no valor dos benefícios, caráter democrático da gestão, regras de cálculos no valor inicial dos benefícios, obrigatoriedade de participação; IV – Princípio da universalidade de participação, tendo em vista que o sistema de previdência é de contribuição obrigatória para todas as pessoas que exercem alguma atividade remunerada ou da qual venham obter lucro e que também é permitida a participação de pessoas que não estejam nessa condição, mas queiram contribuir facultativamente; V – Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios às populações urbanas e rurais, tendo em vista a pretensão de combater a histórica diferenciação imposta às populações rurais pelo legislador brasileiro no tocante à previdência social; VI – Princípio da seletividade e distributividade, tendo em vista as necessidades de adequação dos benefícios às reais necessidades dos participantes do sistema de previdência e ainda a possibilidade de o participante ser alcançado por todos os benefícios ofertados pelo sistema; VII – Princípio da renda mensal dos benefícios não inferior ao salário mínimo, visto que as prestações do sistema de previdência pretendem substituir a renda do trabalho e que este deve ser remunerado com pelo menos um salário mínimo; VIII – Princípio do financiamento e custeio, tendo em vista que as chamadas contribuições sociais para suporte e financiamento da seguridade social estão são referidas no texto constitucional de forma precisa quanto às fontes de arrecadação e aos contribuintes; XI – Princípio da diversidade na base de financiamento, tendo em vista que a seguridade social deve ter sua base de financiamento lastreada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, a fim de garantir a manutenção e expansão da seguridade social; XII – Princípio da equidade na participação no custeio, tendo em vista que os diferentes participantes, entes estatais, pessoas jurídicas e cidadãos, têm diferentes capacidades contributivas, é razoável a arrecadação considera as diferenças de poder de contribuição nas diretrizes de custeio da seguridade social; XIII – Princípio da contrapartida, tendo em vista o nexo entre a prestação de benefícios e a contribuição. CONCLUSÃO. As transformações tecnológicas e as forças da natureza costumam provocar significativas mudanças nas sociedades. Principalmente nesses últimos duzentos anos de convivência com o modo de produção capitalista industrializado que diversos países têm sido forçados a decisões difíceis em função das constantes crises econômicas que assolam a geração de empregos, o poder de compra das pessoas e, em alguns casos, até mesmo a capacidade de subsistência das populações. Em contextos assim, de escassez de recursos ampliação das necessidades é que a seguridade social se torna essencial para a manutenção da sociedade e para a sobrevivência das pessoas. No caso brasileiro, percebe-se que inicialmente houve uma expansão das coberturas assistenciais e previdenciárias, principalmentea partir da década de 1950. Contudo, a partir dos anos 1990 se fez cada vez mais urgente adotar mudanças ou reformas no sistema de seguridade social para que o mesmo possa continuar atuando, assistindo as pessoas nos momentos de dificuldade social. Assim sucessivas reformas foram feitas, as quais têm atingido principalmente o sistema de previdência social dos trabalhadores da iniciativa privada e até mesmo do serviço público, seja com redução no valor dos benefícios pagos aos segurados e seus dependentes, seja pela exigência de mais tempo de contribuição ao sistema ou mesmo de elevação nas taxas de contribuição, ou mesmo pela postergação do direito de acesso às aposentadorias com a manutenção das pessoas por mais tempo no mercado de trabalho. As sociedades são dinâmicas e essas mudanças precisam ser observadas pelo sistema de seguridade social, a fim de que o mesmo possa continuar a cumprir com seu brilhante papel de assistir às pessoas nos momentos mais difíceis de suas vidas. 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