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Livro_POLÍTICA SOCIAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

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Autor: Prof. Vanderlei da Silva 
Colaboradores: Nome Nome Nome Nome Nome 
 Nome Nome Nome Nome Nome 
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 Nome Nome Nome Nome Nome
Política Social e 
Previdência Social
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Professor conteudista: Vanderlei da Silva
Doutor e mestre em Educação (Universidade de Sorocaba – Uniso). Advogado (Universidade de Sorocaba – 
Uniso). Especialista em Direito do Terceiro Setor (FGV/SP). Professor do curso de graduação em Serviço Social (UNIP) e 
pós‑graduação em Gestão de Políticas Públicas (UNIP). Gerente administrativo e financeiro do Serviço de Obras Sociais 
(SOS). Vice‑presidente do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) e Presidente da Comissão de Direito do 3º 
Setor da OAB/Votorantim. Conselheiro do Conselho Municipal de Educação de Sorocaba. Diretor das Instituições: Vila 
dos Velhinhos de Sorocaba e Lar Escola Monteiro Lobato. Sócio do Escritório de Advogados “Ranuzzi & Silva, Vieira”. 
Autor dos livros: A participação da loja maçônica Perseverança III na educação escolar em Sorocaba e O Terceiro Setor 
e a escola. Participante convidado do Social Innovation and Global Ethics Forum (SIGEF) 2014 e 2015, realizado em 
Genebra/Suíça.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto ‑ São Paulo: Editora Sol.
il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑006/11, ISSN 1517‑9230.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título
681.3
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Vitor Andrade
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Sumário
Política Social e Previdência Social
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL ......................................................................................................... 11
1.1 Direito da seguridade social ............................................................................................................. 11
1.1.1 A evolução da seguridade social no mundo ................................................................................ 12
1.1.2 A evolução da seguridade social no Brasil ................................................................................... 16
1.1.3 Contextualização histórica da construção do sistema previdenciário brasileiro ...............17
1.1.4 A seguridade social na Constituição Federal de 1988 ............................................................. 25
1.2 As particularidades da política e da previdência social brasileira .................................... 34
1.2.1 Princípios específicos da previdência social ................................................................................ 38
1.2.2 Finalidades da Previdência Social..................................................................................................... 38
1.2.3 Regimes de previdência social ........................................................................................................... 39
1.2.4 Previdência complementar ................................................................................................................. 45
1.2.5 Os avanços da política neoliberal e suas repercussões na política da 
Previdência Social .............................................................................................................................................. 46
1.2.6 Estrutura do sistema previdenciário brasileiro ........................................................................... 48
1.2.7 Previdência Complementar: Leis Complementares nº 108 e nº 109 .................................. 49
1.2.8 Conselho de Previdência Social (CPS) ............................................................................................ 49
1.2.9 Rede de atendimento da Previdência Social ............................................................................... 50
Unidade II
2 OS BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................................................................................. 54
2.1 Categorias de contribuintes/segurados e seus benefícios ................................................... 54
2.1.1 Benefícios e serviços da Previdência Social ................................................................................. 62
2.1.2 Aposentadoria por idade ..................................................................................................................... 62
2.1.3 Aposentadoria por invalidez .............................................................................................................. 62
2.1.4 Aposentadoria por tempo de contribuição .................................................................................. 63
2.1.5 Benefícios assistenciais e de legislação específica .................................................................... 65
2.1.6 Cálculo do valor dos benefícios ........................................................................................................ 65
2.1.7 A aposentadoria por tempo de contribuição com a fórmula 85/95 ................................. 66
2.1.8 Serviço no âmbito da Previdência Social ...................................................................................... 67
2.1.9 Serviço social ............................................................................................................................................ 67
2.1.10 Habilitação e reabilitação profissional ......................................................................................... 67
2.1.11 Acidente do trabalho ........................................................................................................................... 68
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2.2 Arrecadação e responsabilidade pelo recolhimento das contribuições para 
a Previdência Social .................................................................................................................................... 69
2.2.1 Previdência privada ................................................................................................................................ 70
2.2.2 Crimes contra a Previdência Social .................................................................................................71
2.2.3 Gestão previdenciária ........................................................................................................................... 72
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APRESENTAÇÃO
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Estado brasileiro passou a tratar de modo indissolúvel 
a articulação entre a ordem social e econômica, adotando um modelo de proteção social desenvolvido com a 
participação da sociedade e do Estado. Contudo, apesar de todos os avanços sociais alcançados após a vigência 
da “Constituição Cidadã”, o Brasil ainda não pode ser considerado como um exemplo de Estado de Bem‑Estar 
Social. Um dos motivos para a ocorrência dessa situação foi a adoção de um sistema econômico baseado 
na política neoliberal, no qual o Estado transfere parte das suas responsabilidades para a iniciativa privada. 
Essa transferência também é verificada no âmbito das políticas sociais. Assim, atualmente, o Brasil adota o 
conceito de seguridade social como um conjunto de princípios, normas e instituições, integrado por ações de 
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social. A seguridade social é composta de várias partes organizadas, formando um sistema.
O Estado brasileiro centraliza o sistema de seguridade social, organizando o custeio e concedendo 
benefícios e serviços.
O órgão incumbido dessas determinações é o INSS, autarquia subordinada ao Ministério da 
Previdência e Assistência Social. Entretanto, não é apenas o Poder Público que vai integrar o sistema da 
seguridade social, a sociedade participa do processo. As eventuais insuficiências financeiras ficarão a 
cargo da União, porém isso não desnatura a participação de todas as pessoas.
Dessa forma, o sistema de Previdência Social visa atender às necessidades que o cidadão vier a ter 
nas adversidades, principalmente quando o trabalhador tenha perdido a sua remuneração.
De modo geral, a seguridade social visa amparar os segurados nas hipóteses em que não possam 
prover suas necessidades e as de seus familiares por seus próprios meios. São as chamadas contingências 
sociais, situações previstas na legislação que, quando verificadas, deflagram o mecanismo de proteção 
descrito na norma. Podem ser consideradas como contingências sociais, para fins de seguridade social, 
por exemplo, invalidez, doença, desemprego, maternidade e deficiência.
A seguridade social é um sistema que tem tríplice atuação, abrangendo as áreas de previdência social, 
assistência social e saúde. A previdência social está prevista no artigo 201 da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, e concebida de acordo com 
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, tendo por finalidade cobrir eventos como doenças, 
invalidez, morte, idade avançada, proteção à maternidade, reclusão e desemprego.
Já a assistência social, prevista no artigo 203 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), é o mecanismo de 
integração e justiça social e é destinada à prestação de serviços e concessão de benefícios aos desvalidos, 
aqueles considerados hipossuficientes, independentemente de contribuição à seguridade social. 
E a saúde, prevista no artigo 196 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), é direito de todos e dever do 
Estado, concebida como política pública de promoção e execução de medidas que visem à redução do risco 
de doenças e de outros agravos, garantindo o acesso ao tratamento para a recuperação da rigidez física 
e mental do indivíduo. O sistema de previdência social não é estático e na verdade está sempre passando 
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por alterações que visem à sustentabilidade financeira do indivíduo. Principalmente com o aumento da 
expectativa de vida dos brasileiros, existe a necessidade de promover mudanças no sistema, uma vez 
que aumenta o número de dependentes em relação ao número de contribuintes. No ano de 2014 foram 
promovidas alterações na Lei de Benefícios da Previdência Social, a Lei nº 8.213 (BRASIL, 1991), sendo 
importante destacar que houve a edição da Lei nº 13.063 (BRASIL, 2014) e a Medida Provisória nº 664 
(BRASIL, 2014). Essas mudanças na legislação produziram significativos impactos na Previdência Social e 
por isso foram chamadas de “Reforma da Previdência” ou de “Minirreforma da Previdência”.
Já em 2015, a Portaria Interministerial MPS/MF nº 13 (BRASIL, 2015) promoveu alterações nos 
valores de reajuste dos benefícios pagos pelo INSS e demais valores constantes no Regulamento da 
Previdência Social, incluindo, nesse rol, os valores do salário de contribuição e o valor para se considerar 
o trabalhador de baixa de renda. Nesse mesmo ano, também foi promulgada a Lei nº 13.134 (BRASIL, 
2015), que dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social.
Além dessas mudanças que já se concretizaram, o Executivo está estudando e pretende enviar ao 
Congresso uma nova proposta de reforma no sistema de previdência social, e um dos principais objetivos 
é a redução dos gastos com aposentadorias. 
Dessa forma, é fundamental conhecermos o histórico e os princípios da Previdência Social no Brasil, 
para que possamos entender melhor como o país está organizado tal processo e como as mudanças na 
legislação contribuem para o aperfeiçoamento do sistema. 
Discutir a seguridade social é de suma importância, especialmente num país com índices elevados 
de pobreza em algumas regiões e crescente aumento da população de idosos. Temos que considerar 
também o alto índice de acidentes de trabalho e de mortes em acidentes de veículos, que oneram 
expressivamente as despesas com saúde pública e a Previdência Social.
Assim, o objetivo deste livro‑texto é o de apresentar e conceituar os objetivos e princípios 
constitucionais da seguridade social, e demonstrar através de quais benefícios sociais criados pela 
legislação infraconstitucional os objetivos estão sendo alcançados, ou, pelo menos, perseguidos.
INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 adotou o conceito de seguridade social, que abrange a saúde, a assistência 
social e a previdência social. Apesar de diferentes em seus direcionamentos e natureza, são políticas sociais que 
visam ao acesso dos indivíduos ao mínimo para sobrevivência ou melhoria nas condições de vida. São políticas 
que têm em comum o trabalho e o objetivo de distribuir os recursos gerados socialmente e de abrandar as 
consequências do modo de produção capitalista. Contudo, para que ocorra, de fato, a distribuição dos recursos 
gerados socialmente, é necessário que se busquem soluções para alguns obstáculos que se apresentam à realidade 
atual. O primeiro deles se refere ao caráter democrático da Constituição de 1988, que, apesar de formalizar e 
institucionalizar o Estado Democrático de Direito, na prática, os direitos não se efetivam completamente.
A demanda é cada vez maior e o Estado, como regulador dessa proteção e facilitador de mecanismos 
para a efetivação, não tem conseguido proporcionar um serviço público de qualidade e eficiência. 
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Mesmo com a participação das organizações privadas, com e sem fins lucrativos, atuando em parceria 
com o Poder Publico, as reclamações são constantes e os problemas apresentados pela seguridade social 
diminuíram, mas ainda persistem. Nesse sentido, a Previdência Social tem ocupado continuamente um 
lugar privilegiado na mídia nacional sempre como deficitária, em crise, fomentadora de privilégios para 
os funcionários públicos e outros apontamentos. Tal discurso demonstra que ainda falta muito para que 
o Estado consiga implantar o sistema de seguridade social público e universal, conforme estabelecido 
pela Constituição Federal de 1988.
Por outro lado,a sociedade vive um período de fragmentação e desmobilização dos movimentos 
dos trabalhadores, uma vez que as transformações do mundo do trabalho e suas manifestações na vida 
social trouxeram, além do desmonte dos sindicatos como lugares privilegiados de luta pela garantia 
de direitos, uma individualização nas relações sociais. Diante de um quadro de desemprego crescente, 
os trabalhadores que permanecem empregados procuram manter seus empregos sujeitando‑se à ótica 
neoliberal. Assim, embora a arquitetura da seguridade brasileira pós‑1988, em que se inclui a Previdência 
Social, tenha a orientação e o conteúdo das políticas de proteção com características do modelo de 
Estado de Bem‑Estar Social, a realidade excludente do mercado de trabalho, o grau de exclusão da 
população, o nível de concentração de renda e as fragilidades do processo de publicização das ações 
dos Estados fazem com que a adoção da concepção de seguridade social não se traduza, ainda, na 
universalização da proteção social.
Outra dificuldade atual é que os movimentos sociais, que no passado foram preponderantes para a 
conquista dos direitos e efetivação da Política da Previdência Social, com as novas relações de trabalho, a 
partir de 1990, enfraqueceram‑se de tal modo, que, no presente, não têm forca suficiente para reivindicar 
mudanças no cenário político, econômico e social da sociedade brasileira. São essas as dificuldades para 
que a efetivação das políticas públicas de seguridade social seja implantada dentro das verdadeiras 
propostas da Constituição Federal de 1988. Diante de todo esse quadro, a gestão e implementação 
da política de seguridade social é fragmentada, permanecendo em ministérios setorizados, que não 
se interligam e não se articulam. Situação que impede a definição de uma política que integre o tripé 
da seguridade composto pela saúde, Previdência Social e assistência social, ficando cada uma com sua 
gestão totalmente setorizada, com suas particularidades e sem uma ligação efetiva entre si. 
Então, apesar de todas as reformas, decretos e leis, ainda perduram um traço da cultura do 
assistencialismo, do nepotismo e do corporativismo, sendo o cidadão o mais prejudicado, pois permanece 
sem ter seus direitos devidamente garantidos, conforme o que está estabelecido na Constituição Federal 
de 1888.
O objetivo principal da Previdência Social é que todos os trabalhadores contribuam de forma regular 
para o sistema e tenham uma garantia para o futuro, tendo uma proteção para a sua velhice ou nos 
casos de doença. 
Contudo, para que esse sistema se sustente, é necessário que, durante sua vida profissional, todo 
cidadão contribua com um percentual dos seus rendimentos, e é esse percentual que vai determinar o 
valor da sua aposentadoria ou do seu benefício. Para que o sistema se sustente, essa lógica precisa ser 
preservada, e o dinheiro deverá ser utilizado para beneficiar o contribuinte ou seus dependentes.
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Outro fator que pode inviabilizar a continuidade da Previdência Social são as fraudes e os desvios 
de dinheiro promovidos em desfavor do sistema. Esse tipo de crime traz enormes prejuízos para todos 
os contribuintes e seus dependentes e por isso devem ser denunciados e julgados. Porém, para que o 
cidadão consiga perceber a existência de ações criminosas e de fatos prejudiciais ao sistema, é necessário 
conhecê‑lo e ter entendimento sobre o seu funcionamento. Esse é o objetivo principal deste livro‑texto, 
ou seja, propiciar informações que permitam, ao aluno, entender a previdência social brasileira.
No decorrer dos estudos, veremos que, desde os primórdios da civilização humana, já existiam 
embriões de proteção social aos idosos e menos aos favorecidos. Nessa conjuntura, também 
na Roma Antiga, o amo, ao adquirir um servo, obrigava‑se a proteger os seus dependentes, 
especialmente filhos menores.
A Lei dos Pobres (Poor Relief Act), criada na Inglaterra, em 1601, foi um grande avanço no 
desenvolvimento do conceito de assistência social. Vários séculos depois, as Constituições Mexicana, em 
1917, e Alemã, em 1919, deram o início à constitucionalização da matéria.
No Brasil, a Constituição de 1824 já se preocupava com os socorros públicos. Nessa linha, a primeira 
entidade de socorro privado a funcionar no Brasil foi o Montepio Geral dos Servidores do Estado 
(Mongeral), fundado em 1835. É na Constituição de 1891 que aparece pela primeira vez a expressão 
“aposentadoria”, que, entretanto, era limitada aos servidores públicos.
A Lei Eloy Chaves (BRASIL, 1923) foi, de fato, o dispositivo legal embrionário para o desenvolvimento da 
previdência social no Brasil. Ela criou a Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados nas empresas 
de estrada de ferro. Mais à frente, essas Caixas de Aposentadoria se organizaram em categorias profissionais, 
dando surgimento aos Institutos de Aposentadoria e Pensões, destacando o Iapi, IAPTEC e outros.
Foi a Constituição de 1946 que deu início à sistematização constitucional da Previdência Social. 
Esse processo tem a sua concretude na Constituição de 1988, quando evoluiu a sistematização para o 
conceito moderno de seguridade social. A partir de 1988, a seguridade social se constituiu numa rede 
de proteção social formada pela saúde pública, assistência social e previdência social.
Os artigos da Constituição Federal que tratam da seguridade social foram regulamentados pelas 
seguintes leis:
• Lei nº 8.212 – “Dispõe sobre a organização da seguridade social, institui Plano de Custeio, e dá 
outras providências” (BRASIL, 1991a).
• Lei nº 8.213 – “Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências” 
(BRASIL, 1991b).
• Lei nº 8.080 – “Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a 
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências” (BRASIL, 1990b).
• Lei nº 8.742 – “Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências” (BRASIL, 1993).
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POLÍTICA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Unidade I
1 A SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL
A seguir, trataremos do direito à seguridade social previsto na Constituição Federal de 1988. Porém, 
até chegarmos a esse importante direito constitucional, faremos um histórico da evolução da seguridade 
social no mundo e no Brasil. Nesse contexto, abordaremos como é a seguridade social presente na 
Constituição Federal de 1988. Depois, faremos a contextualização histórica que levou à construção do 
sistema previdenciário brasileiro.
Vamos tratar, ainda, das particularidades da política da previdência social brasileira e dos princípios 
específicos que a definem. Falaremos sobre as finalidades da Previdência Social, dos regimes de 
previdência social e da previdência complementar.
Entendemos que é importante discutir os avanços da política neoliberal e suas repercussões na política da 
Previdência Social para podermos compreender a estrutura do sistema previdenciário brasileiro.
Também será abordado o Conselho de Previdência Social (CPS) e a rede de atendimento da 
Previdência Social.
1.1 Direito da seguridade social
O processo histórico da construção dos direitos sociais parte do sentimento de auxílio mútuo existente 
naturalmente entre as pessoas. A partir do conceito de ajuda mútua natural, a sociedade humana foi 
evoluindo para mecanismos mais sistemáticos de proteção social, chegando ao direito fundamental do 
indivíduo, que deve ser garantido pelo Estado.
Assim, o direito à seguridade social está diretamente relacionado com os direitos de segunda geração, 
ou seja, os direitos sociais que visam à prestação positiva do Estado para a população nos momentos em 
que não se encontra em sua plena capacidade laborativa.
Tais direitos fundamentais de segunda geração são fundados no ideário da igualdade e 
representamuma exigência do Poder Público, haja vista atuarem em favor do cidadão. A 
prestação positiva do Estado está relacionada com os chamados direitos sociais dos cidadãos, 
que são de caráter econômico e social, com o objetivo de garantir à sociedade melhores 
condições de vida.
A segunda geração de direitos tem vínculos diretos com a evolução do sistema capitalista, 
uma vez que, diante do domínio do capital sobre os direitos da classe trabalhadora, o Estado foi 
chamado para regular e garantir novas relações de trabalho. Dessa forma, a classe trabalhadora 
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Unidade I
passou a ter garantidos alguns direitos, por exemplo: salário mínimo digno, limitação das horas 
de trabalho, aposentadoria, seguro social, férias remuneradas, entre outros.
Dessa forma, podemos dizer que a seguridade social é um sistema de ampla proteção social que visa 
amparar as necessidades da sociedade. 
No Brasil, o sistema da seguridade social tem a sua base legal prevista nos artigos 194 a 204 da 
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), compreendendo um conjunto integrado de ações dos 
poderes públicos e da sociedade civil, englobando a saúde, a Previdência Social e a assistência social.
Na Constituição Federal (BRASIL, 1988), a saúde social está prevista no artigo 196, a Previdência Social 
no artigo 201, e a assistência social no artigo 203. A principal diferença entre a previdência e as outras 
duas políticas é que ela é contributiva. Assim, o cidadão terá acesso à saúde e à assistência social sem 
exigência de nenhuma contrapartida financeira, porém, para usufruir da Previdência Social, será exigido a 
sua participação no custeio, tendo que contribuir de acordo com a sua capacidade de participação.
A atual Constituição Federal do Brasil, no artigo 194, conceitua a seguridade social como “um 
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar 
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988). 
Interpretando o artigo constitucional, podemos conceituar a seguridade social como um conjunto 
de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos 
indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e 
de suas famílias. Esse sistema é integrado por ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, 
visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Sobre o caráter social do direito à seguridade social, ele tem como objetivo garantir, principalmente, 
o mínimo de condição social necessária a uma vida digna, atendendo ao fundamento da República 
contido no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Dessa forma, qualquer 
que seja a posição que se adote em relação ao conceito da seguridade social, deve‑se sempre entendê‑
lo como fenômeno social fundamental, como fundamental é a própria evolução das sociedades. A 
seguridade social é uma forma de proteção social, custeada solidariamente por toda a sociedade 
segundo o potencial de cada um. Tendo como finalidade propiciar de forma universal o bem‑estar de 
todos, por meio das ações de saúde e dos serviços assistenciais em nível mutável, conforme a realidade 
socioeconômica, além de garantir as prestações previdenciárias.
É essencial entender o conceito atribuído à seguridade, pois, a partir dessas definições, foram 
estabelecidos quais os objetivos que deveriam ser alcançados pelo sistema.
1.1.1 A evolução da seguridade social no mundo
A origem da seguridade social na história da humanidade tem relação com a própria essência da 
origem humana, pois, desde os seus primórdios, os homens descobriram a necessidade de viver em 
comunidade e se ajudarem mutuamente.
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Corroborando com essa tese, existem relatos de que, na Idade Média, as corporações de trabalhos 
da época já mantinham um sistema de cooperação. Nesses sistemas, todas as pessoas que exerciam o 
mesmo ofício, quando passavam por problemas com doenças ou já tinham uma idade avançada, ou seja, 
encontravam‑se impossibilitados de prover seu próprio sustento, eram auxiliadas financeiramente pelos 
outros companheiros de trabalho.
Na Antiguidade, as primeiras medidas de proteção que visavam criar mecanismos de segurança nos 
momentos de eventuais contingências foram de inspiração mutualista. Com essa finalidade, as pessoas 
associavam‑se com o objetivo de criarem fundos comuns de reservas que pudessem ser usados em 
possíveis momentos de dificuldades.
Já na sociedade moderna, a primeira participação do Estado como prestador de assistência social 
ocorreu em 1601, na Inglaterra, com a criação da Lei de Amparo aos Pobres (Poor Relief Act). A partir da 
edição dessa lei, o Estado inglês assumiu a condição de organizador e efetivador dos serviços assistenciais. 
Porém, para obter recursos para fazer frente a esses serviços, o Estado impôs uma contribuição obrigatória 
com fins assistenciais.
Essa lei representou uma evolução da previdência social, pois, de certa forma, desvinculava 
a caridade aos pobres da ajuda assistencial aos necessitados, já que o Estado passava a ocupar 
a função de proteger os que eram reconhecidamente necessitados. Nasce assim a ideia de uma 
assistência pública ou social.
Entretanto, com o advento da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, houve um significativo 
aumento da exigência da proteção social. Esse fator foi o que motivou a Inglaterra a alterar a Lei dos 
Pobres para que ela pudesse acompanhar a evolução da época.
Diante desse cenário, um grande número de pessoas deixou a zona rural e passou a viver nas 
cidades. A ampliação de habitantes vivendo na zona urbana e trabalhando nas indústrias trouxe, como 
consequência, a elevação da pobreza e a ocorrência de maiores riscos no trabalho.
Esses fatores levaram a um aumento da pressão dos trabalhadores para que o Estado adotasse 
medidas que pudessem auxiliá‑los nos momentos de enfermidades, acidentes de trabalho e desemprego.
Outro evento histórico que trouxe importantes contribuições para a construção dos direitos sociais 
foi a Revolução Francesa, com a sua Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789. Esse 
documento tratou, entre outros assuntos, do dever do Estado em socorrer aqueles que não têm meios de 
subsistência, fornecendo‑lhes trabalho ou condições de sustento para os que não estão em condições 
de realizar atividades laborativas.
Historicamente, a Inglaterra e a França são os países considerados como os criadores da previdência 
social, porém foi a Alemanha que desenvolveu o conceito do sistema de seguro social totalmente 
organizado e mantido pelo Estado. 
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Para que esse sistema formulado na Alemanha pudesse se sustentar, foi necessário que houvesse a 
participação do Estado, das empresas e dos trabalhadores, todos contribuindo para sua manutenção. 
Assim, a primeira iniciativa de uma lei que garantiu o direito à previdência social foi publicada na 
Alemanha em 1883 e tinha por objetivo a implantação do seguro‑doença.
O modelo alemão foi evoluindo. Aumentaram as proteções sociais aos trabalhadores e, em 1884, foi 
criado um seguro contra acidente do trabalho, financiado pelos empresários. Em 1889, foi instituído 
o seguro de invalidez e velhice, que era garantido por meio de contribuições dos empregados, 
empregadores e Estado.
Apesar de vários países adotarem leis esparsas que tratavam da seguridade social, somente em 1917 
a Constituição Mexicana incluiu, de forma pioneira, o seguro social no texto constitucional.
Seguindo essa tendência, em 1919, a Constituição alemã, denominada Constituição de 
Weimar, trouxeescrito pela primeira vez que o cidadão tem o direito à saúde, à educação, a férias 
trabalhistas, à jornada de trabalho e que a propriedade deve de servir à coletividade, entre outros 
direitos sociais. Foi essa constituição que influenciou os padrões de direitos sociais que passaram 
a ser adotados no mundo.
De acordo com Cabral e Braga (2007), a Previdência Social ocupou‑se, desde seus primórdios, de um 
processo de crescente intervenção da reprodução da vida social com um arco de benefícios e serviços 
de ampla cobertura.
Com a evolução do conceito assistencialista na Europa, outros países começaram a implantar o 
sistema social de ajuda aos necessitados, mas foi somente após a Primeira Guerra Mundial que o mundo 
passou a adotar esse novo conceito assistencial.
Apesar de o seguro social com caráter compulsório ter surgido na Alemanha em pleno processo de 
consolidação da Revolução Industrial alemã, diante de intenso cenário de lutas operárias lideradas pelo 
Partido Social Democrata, o seguro social somente se consolidou como garantia e se estruturou como 
serviço público na Inglaterra, em 1942. Isso ocorreu a partir de uma proposta de William Beveridge, 
deputado liberal inglês, economista e reformista social. A partir dessa proposta, o seguro social adquiriu 
o status de direito social.
Os princípios norteadores da proposta de seguro social de Beveridge foram: a universalidade, a 
unificação dos sistemas e a uniformidade das prestações, que ainda hoje permeiam os princípios 
da seguridade social. Entretanto, esse sistema somente se consolidou como um padrão de 
proteção social no pós‑guerra, tornando‑se hegemônico nas décadas de 1950 e 1960, período 
fortemente marcado pela expansão do capitalismo, do crescimento econômico e da prosperidade 
em âmbito mundial.
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Quadro 1 – Instrumentos no âmbito do direito internacional que buscaram 
concretizar o direito à seguridade social
Instrumento jurídico Ano da promulgação
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem 1948
Declaração Universal dos Direitos Humanos 1948
Carta Social Europeia 1961
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 1966
Convenção Americana de Direitos Humanos 1969
Adaptado de: Miranda (2007, p. 5).
A partir da década de 1930, expandiu‑se, principalmente na Europa, o modelo chamado de Estado 
de Bem‑Estar Social, no qual o Estado é organizador da política e da economia, encarregando‑se da 
promoção e da defesa social.
Nessa gestão, o Estado atua ao lado de sindicatos e empresas privadas, atendendo às características 
de cada país. A finalidade desse modelo é o de garantir serviços públicos e proteção à população. Os 
países europeus foram os primeiros e principais incorporadores do modelo, que agradou os defensores 
da social democracia.
A principal referência no continente veio da região escandinava. Até hoje, Noruega, Suécia, Finlândia 
e Dinamarca são destaques na aplicação do Estado de Bem‑Estar Social e estão no topo do ranking de 
melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Entretanto, a partir de 1970, com a crise do capitalismo, a proposta de seguridade social começou a 
ser questionada. A crise capitalista trouxe um quadro econômico recessivo, que fragilizou as proposta da 
seguridade social, enquanto o capitalismo buscava novas formas de apropriação e acumulação.
O primeiro país a abandonar o modelo do Estado de Bem‑Estar Social foi a Inglaterra, no governo 
de Margaret Thatcher. Os governos alegavam que o Estado já não dispunha de recursos suficientes para 
sustentar esse modelo de gestão e passaram a retirar os direitos que os cidadãos haviam conquistado 
no decorrer das décadas. Essa nova conjuntura econômica e social propiciou o nascimento do Estado 
neoliberal, modelo de gestão no qual o Estado transfere a maior parte de suas atividades para a iniciativa 
privada, incluindo a saúde, a assistência e a Previdência Social.
Dessa forma, todo o sistema capitalista é modificado, principalmente nos grandes centros produtivos, 
ocasionando precarização e fragilização do trabalho, emprego terceirizado, intensificação do ritmo 
produtivo, redução drástica dos postos de trabalho e crescimento do trabalho informal. Todas essas 
transformações resultaram no agravamento da questão social, ocasionando um aumento da miséria, da 
violência, entre outros.
Contudo, algumas pesquisas demonstram que a maioria dos países que investiram partes significativas 
do seu Produto Interno Bruto em políticas sociais apresenta um elevado Índice de Desenvolvimento 
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Humano (IDH). Porém, essas mesmas estatísticas indicam que a relação não é direta, ou seja, não se trata 
apenas de investir, mas da maneira pela qual se investe. 
Nesse mesmo sentido, existem evidências de que o investimento em políticas sociais contribui para 
a redução da pobreza.
1.1.2 A evolução da seguridade social no Brasil
No Brasil, as primeiras iniciativas relacionadas à seguridade social adotavam o modelo de misericórdia, 
tradicional em Portugal. Em 1543, foi criada a primeira Santa Casa de Misericórdia em Santos, que, além 
de prestar assistência de saúde para a população, instituiu um montepio para os seus empregados.
No Período Imperial, foram criados os montepios e montes socorro, em favor dos funcionários 
públicos e seus familiares, porém o Brasil só veio a conhecer regras de previdência social no século XX, 
com a implementação do seguro contra acidentes do trabalho exteriorizado através do Decreto nº 3.724 
(BRASIL, 1919). 
Montepios eram as instituições de caridade e sociedades privadas de ingresso voluntário, que tinham 
por finalidade fornecer empréstimos de pequenos valores e com condições mais favoráveis que as do 
mercado. Além dessa finalidade, o montepio também auxiliava seus afiliados nos casos de doença, 
prisão ou impossibilidade de exercer a profissão ou, ainda, destinando uma pensão pós‑morte para a 
família do falecido.
A criação de montepios também poderia ser de iniciativa do Estado, mas, no Brasil, essa experiência 
somente aconteceu em 1795, quando o Príncipe Regente D. João VI autorizou a criação do Plano de 
Beneficência dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais da Marinha.
Quadro 2 – Histórico dos montepios no Brasil
Tipo de caixa e montepio Ano da criação
Plano de Beneficência dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais 
da Marinha 1795
Montepio da Guarda Pessoal de D. João VI 1808
Montepio do Exército 1827
Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado 1835
Caixa de Socorro para os Trabalhadores das Estradas de 
Ferro do Estado 1888
Montepio para Empregados dos Correios 1889
Caixa de Pensão dos Operários da Imprensa Nacional 1889
Adaptado de: Miranda (2007, p. 6).
É importante ressaltar que as iniciativas de seguridade social, implantadas no Brasil durante o 
período colonial e imperial, tinham como principal característica o assistencialismo ou mutualidade, 
sendo que não ocorreram grandes mudanças nesse sistema durante a primeira fase da República. Assim, 
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a primeira Constituição do Brasil, a Constituição do Império, em 1824, tratava das questões assistenciais 
referindo‑se à garantia de socorros públicos. Já a expressão “aposentadoria” vai aparecer somente na 
Constituição Federal de 1891, quando passa a tratar desse benefício, entretanto, voltada apenas aos 
funcionários públicos e aos casos de invalidez.
1.1.3 Contextualização histórica da construção do sistema previdenciário brasileiro
A primeira legislação brasileira que de fato tratou da proteção do trabalhador, no caso de acidente de 
trabalho, foi o Decreto Legislativo nº 3.724, de 1919 (BRASIL, 1919). A referida lei adotou a teoria do riscoprofissional como o fundamento da responsabilidade do empregador. Dessa forma, coube a ele assumir a 
responsabilidade pelos custos relativos ao seguro para fins da assistência médica e da indenização.
Contudo, o verdadeiro marco da previdência social no Brasil é a Lei Eloy Chaves – Decreto‑lei nº 4.682 
(BRASIL, 1923) –, que autorizava a criação de caixas de aposentadorias e pensões para os ferroviários. A 
lei previa o pagamento de benefícios de aposentadoria por invalidez, pensão por morte, aposentadoria 
ordinária ou por tempo de serviço, além da prestação de assistência médica.
A Lei Eloy Chaves foi promulgada durante a República Velha, num período em que ela já passava 
por uma crise política e que o liberalismo das elites brasileiras estava fortemente ameaçado pela classe 
trabalhadora, que, insatisfeita, iniciou um movimento de mobilização e reivindicação de seus direitos.
Concomitantemente, questões externas mais amplas emergiram também internamente, por exemplo, 
o fim da Primeira Guerra Mundial, com a assinatura do Tratado de Versalhes. O armistício da paz entre 
Alemanha e as potências aliadas associadas, em 28 de junho de 1919, que, dentre suas cláusulas, firmava 
a necessidade de medidas de proteção social e a vitória da Revolução Russa foram acontecimentos 
que trouxeram à tona a necessidade de adoção de medidas sociais mais amplas, que permitissem o 
enfrentamento da questão social (CABRAL, 2000).
Os governantes da República Velha procuravam formas de ignorar e amenizar a questão social e 
adotavam medidas repressivas, mas que não foram suficientes para conter os movimentos reivindicatórios.
Assim, tanto as condições sociais do trabalhador quanto os fatores externos foram determinantes 
para que os governantes iniciassem uma reflexão sobre a necessidade da adoção de medidas de proteção 
social e de garantias de direitos para o trabalhador.
É importante destacar que as greves de 1917 e 1919, em São Paulo, colocam na ordem do dia a 
necessidade de cumprimento do Tratado de Versalhes, do qual o Brasil é signatário, e exigiram medidas 
de proteção social (CABRAL, 2000).
Uma das limitações sociais da Lei Eloy Chaves (BRASIL, 1923) era o fato de que ela instituiu um 
Fundo Especial de Aposentadorias e Pensões (CAP), caixas de aposentadorias e pensões exclusivas 
para os trabalhadores das ferrovias. Dessa forma, o alcance da lei limitou‑se a criar medidas de 
proteção para um grupo específico de trabalhadores das ferrovias, não sendo estendidas para 
outras categorias.
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Os benefícios pecuniários de aposentadorias e pensões, prestação de serviços médicos e farmacêuticos 
previstos pela lei eram estruturados como organizações privadas, supervisionadas pelo governo e 
subsidiadas pelos trabalhadores e pela contribuição dos usuários do transporte coletivo via impostos.
Posteriormente, em 1926, o Decreto‑lei nº 5.109/26 (BRASIL, 1926) ampliou os benefícios previstos na 
Lei Eloy Chaves (BRASIL, 1923) aos marítimos e portuários. Inicialmente, eram restritos aos ferroviários 
e, gradativamente, foram sendo estendidos a outras categorias de trabalhadores ligados à infraestrutura 
de serviços públicos.
Outras caixas de aposentadorias e pensões foram instituídas posteriormente, todavia tal modelo de 
cobertura de riscos sociais foi, na década de 1930, substituído pelos dos institutos de aposentadoria e 
pensões, que tinham a vantagem de congregar maior parcela de indivíduos, pois abrangia categorias 
profissionais, não se limitando a atender isoladamente aos trabalhadores de uma empresa, como até 
então ocorria.
Foram, assim, criados o Instituto dos Marítimos (IAPM), dos Comerciários (IAPC), dos Bancários 
(IAPB), dos Industriários (Iapi), dos Servidores do Estado (Ipase) e dos Empregados em Transportes e 
Cargas (IAPETC) (MIRANDA, 2007).
Assim, percebe‑se que o modelo previdenciário brasileiro foi criado e articulado com um conjunto de 
medidas sociais e trabalhistas que integravam a política estatal da proposta governamental de Vargas.
Essa proposta vem alicerçada pelo novo patamar de acumulação capitalista no País, baseado no projeto 
de expansão industrial e participação ativa do Estado na economia e no setor social, redimensionando 
as relações entre o Estado e a sociedade.
Inicialmente, houve uma ampliação do número de CAPs. Posteriormente, em 1932, foram 
criados os Fundos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), que tinham planos e serviços diferenciados 
de benefícios e serviços, sendo os mais comuns: aposentadorias, pensões, auxílio‑funeral, 
auxílio‑doença, entre outros.
Aos poucos, foram sendo integradas outras categorias de trabalhadores, e os industriários foram os 
últimos a serem inseridos, em 1938, quinze anos após a primeira proposta restrita aos ferroviários.
Em 1934, o Brasil promulgou uma nova Constituição Federal, e essa nova carta constitucional 
apresentou diversas disposições sobre a proteção social, prevendo a assistência medica e sanitária ao 
trabalhador e à gestante, assegurando‑lhe o descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo do salário 
e do emprego. A Constituição também previa a instituição da previdência, que seria custeada por meio 
das contribuições da União, do empregador e do empregado. Essa previdência tinha por objetivos cobrir 
os eventos da velhice, invalidez, maternidade, acidentes do trabalho ou morte.
Essa foi a primeira constituição brasileira que utilizou o termo “previdência”, entretanto, não 
adotou o complemento “social”, que somente será utilizado pela Constituição Federal de 1937, 
referindo‑se ao seguro social. “As bases do moderno sistema previdenciário brasileiro, que vige até 
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1966, têm seus pilares definidos no período Vargas, 1930‑1945, e se constroem a partir do sistema 
proposto em 1923”. (CABRAL, 2000, p. 121).
O Presidente Getúlio Vargas, quase no fim de seu mandato, fez uma tentativa de unificação da 
Previdência Social, criando o Instituto de Serviços Sociais (ISS), que desencadeou mais tarde, em 1960, 
a Lei Orgânica da Previdência Social. A criação dessa lei foi fortemente influenciada pela Organização 
Internacional do Trabalho (OIT) e pelo ideário de Beveridge de universalidade, uniformidade das prestações 
e unificação dos sistemas, ao lado da proposta desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek 
de Oliveira, presidente do Brasil entre 1956 e 1961 e que governou com expressiva intervenção do 
capital estrangeiro.
O texto aprovado não incorporava a tese da unificação. Na realidade, foi uma uniformização de 
planos, permanecendo a diversidade dos IAPs. Essa legislação também não contemplou a transferência 
do seguro acidente para o controle dos IAPs (CABRAL, 2000).
Em 1963, foi criado o Estatuto do Trabalhador Rural, incorporado à previdência social. Também 
são incorporadas as reivindicações dos trabalhadores relacionadas à ampliação dos benefícios, sendo 
abolida a idade mínima de 55 anos para a aposentadoria e a afirmação dos 35 anos de serviço como 
critério único.
Em 1964, houve o golpe militar, resultado da crise econômica e radicalização crescente durante 
o governo João Goulart. Iniciou‑se um longo período de autoritarismo, com restrições políticas e 
forte intervenção nas organizações de trabalhadores. Assim, alterou‑se substancialmente o perfil do 
sistema previdenciário brasileiro, marcado pela construção de um novo padrão de acumulação em 
bases monopolistas, que buscavam atender às exigências da nova ordem econômica, que extinguia a 
participação dos trabalhadores na gestão da proteção social.
Nesse período, destacou‑se a política compensatória, ampliaram‑se os programas assistenciais 
fortemente marcados pelo clientelismo e assistencialismo, numa conjuntura de forte exclusão dos 
trabalhadores da cena política e de modernização da máquinaestatal para atender às demandas da 
nova ordem econômica e social.
Em 1966, é criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), com uma política voltada 
para a unificação e uniformização de planos e benefícios, além de exclusão total dos trabalhadores na 
gestão previdenciária. É um período em que o controle estatal é rigoroso, promovendo fragilização e 
individualização das categorias de trabalhadores e intervindo nos sindicatos, que perderam seu poder 
de mobilização e lutas, pois existiam trabalhadores defendendo a postura autoritária do governo, o que 
eliminava qualquer possibilidade de reivindicações.
Houve, ainda, um grande desenvolvimento da área de saúde médica privada, já que a política 
previdenciária comprava os serviços e praticava a medicina curativa, resultando em um processo de 
aumento crescente da lucratividade e capitalização do setor de saúde no Brasil. Posteriormente, em 
1967, o Estado também assume a gestão do benefício do seguro acidente.
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No ano de 1971, os benefícios e os serviços da previdência são estendidos aos trabalhadores rurais. 
Foi criado o Funrural, uma autarquia administrativamente desvinculada do INPS, que não vai contar 
com rede própria para ministrar serviços e benefícios.
Em 1972, foram incorporados os empregados domésticos, o amparo à velhice e aos inválidos e, 
também, o salário‑maternidade.
Em 1977, instituiu‑se o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas), Lei nº 6.434 
(BRASIL, 1977a), composto pelos seguintes órgãos administrativos:
• Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps).
• Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (Iapas).
• Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev). 
• Legião Brasileira de Assistência (LBA).
• Fundação Nacional do Bem‑Estar do Menor (Funabem). 
• Central de Medicamentos (Ceme).
No fim dos anos 1970, surgem novos sujeitos sociais, que passaram a ter expressão por meio da 
organização sindical e popular. Todas essas reformas resultam em um modelo de assistência médica 
privatista, sendo o Estado o financiador por meio da Previdência Social.
Nessa conjuntura, identifica‑se o agravamento da estabilidade econômica marcado pela falência 
do chamado milagre brasileiro e pelas crises internacionais do petróleo, com consequente aceleração 
do processo inflacionário, explosão da divida externa, recessão, desemprego e aumento crescente da 
pobreza (CABRAL, 2000).
Emergiram nesse período as debilidades do caixa da Previdência, proliferaram as fraudes e os 
abusos. Houve também inflação dos gastos com a assistência médica, resultando em um acréscimo das 
alíquotas de contribuição, passando a ser de 10% para empregadores e 8% a 10% para empregados; 
além do aumento das taxas de alguns produtos importados e também da autorização para emissão de 
obrigações reajustáveis do Tesouro Nacional.
Configurou‑se, posteriormente, um período de lutas e resistência, com intensa participação da sociedade, o 
que resultou na criação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, na Central Única dos Trabalhadores (CUT), 
em 1985, e também na Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap).
Os trabalhadores e aposentados se fazem presentes na Assembleia Constituinte, via Plenária de participação 
popular pró‑constituinte, apresentando suas propostas ao Parlamento. No debate constitucional, assume 
importância a proposta de reforma sanitária discutida e formulada no âmbito do movimento popular de saúde 
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e movimento sanitarista. No debate sobre a assistência, vão incidir as análises e propostas formuladas pela 
categoria dos assistentes sociais nos seus órgãos administrativos (CABRAL, 2000).
Em 1988, o artigo nº 194 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) distinguiu o conceito de 
seguridade social, que passou a ser compreendido como um conjunto integrado de iniciativas dos 
poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à assistência 
e à previdência social. 
A Constituição diferiu do processo autoritário anterior ao assegurar a universalização dos direitos 
e da equidade social, ao propor uma compreensão articulada das áreas da saúde, da Previdência Social 
e da assistência social, constituindo‑se, dessa forma, o tripé da seguridade social, sendo garantido não 
só aos trabalhadores inseridos no mercado formal, mas também aos desempregados, donas de casa, 
deficientes, idosos, entre outros.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações 
de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a 
seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I – universalidade da cobertura e do atendimento;
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais;
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
V – equidade na forma de participação no custeio;
VI – diversidade da base de financiamento;
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, 
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, 1988).
Assim, o artigo 194 da Constituição Federal de 1988 reafirma o sistema de repartição simples 
para a seguridade, sendo financiado pela folha de salários, pela contribuição sobre o lucro líquido e 
o faturamento da empresa (Contribuição para o Financiamento da Seguridade – Cofins), e também 
por percentual sobre os concursos das loterias. O Estado, além de regulador, é o responsável pela 
complementação em caso de déficit no caixa de seguridade social.
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Além disso, em decorrência do princípio de descentralização, na tentativa de garantir maior eficácia 
dos serviços, a União, o Distrito Federal, os Estados e municípios contribuem diretamente para o custeio 
da seguridade social.
Foram feitas várias modificações nos planos de benefícios, com incorporação de novos direitos. 
Atualmente, existem os seguintes benefícios previdenciários previstos em nossas leis:
• aposentadoria por idade;
• aposentadoria por tempo de contribuição;
• aposentadoria especial;
• aposentadoria por invalidez;
• auxílio‑doença;
• salário‑família;
• salário‑maternidade;
• auxílio‑acidente;
• pensão por morte;
• auxílio‑reclusão;
• reabilitação profissional;
• serviço social.
Assim, como podemos perceber, as alterações mais significativas dizem respeito ao conceito de 
seguridade como um direito inerente à condição de cidadania. Merecem destaque a recomposição de 
valores de aposentadorias e pensões e a extensão dos benefícios a todos os cidadãos, sem distinção de 
raça, cor, classe social e ocupação. 
A regulamentação do sistema ocorre no período do mandato do presidente Fernando Collor de 
Mello (1990‑1992), ocorrida pelas Leis nº 8.212 (BRASIL, 1991a) e nº 8.213 (BRASIL, 1991b). A proposta 
do governo Collor embutiu restrições aos direitos incorporados à Constituição quando estabeleceu o 
aumento gradativo da carência previdenciária para 15 anos e desvinculou o reajuste dos benefícios ao 
salário mínimo, esvaziando a recomposição dos benefícios instituídos no documento constitucional 
(CABRAL, 2000).
Dessa forma, apesar de a Constituição de 1988 prever em seus princípios uma unidade entre as 
três áreas, cada qual com sua política traçada, a gestão e execução se dão de forma fragmentada, 
contrariando os pressupostos da lei.
O quadro recessivo e inflacionárioque perdurou durante os anos seguintes, além de comprometer o 
crescimento econômico, repercutindo no nível de emprego e salários e refletindo nas condições de vida 
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e trabalho, aumenta a pressão sobre a previdência, havendo um crescimento no número de demandas 
de benefícios e serviços.
Quadro 3 – Resumo dos acontecimentos históricos que influenciaram na formulação e 
desenvolvimento das regras de proteção social no Brasil, de 1934 a 2003
Ano da promulgação Documento legal Principais temas tratados
1934 Constituição Federal (BRASIL, 1934)
Assistência médica e sanitária ao trabalhador e à 
gestante.
1937 Constituição Federal (BRASIL, 1937)
Instituição do seguro velhice, de invalidez, de vida e para 
os casos de acidente do trabalho.
1942 Decreto‑Lei nº 4.890 (BRASIL, 1942)
Criou a Legião Brasileira de Assistência Social (LBA), com 
a finalidade de promover a assistência social.
1946 Constituição Federal (BRASIL, 1946) 
Primeiro texto constitucional que utiliza o termo 
previdência social, tendo forma de custeio tripartite 
e prevendo prestações de auxílio nos eventos de 
maternidade, doença, velhice, invalidez e morte.
1960
Lei Orgânica da 
Previdência Social (Lops). 
Lei nº 3.807 (BRASIL, 
1960) 
Padronizou os critérios de concessão dos benefícios pelos 
diversos institutos.
1966
Instituto Nacional 
de Previdência Social 
(INPS). Decreto‑lei nº 72 
(BRASIL, 1966)
Unificou os institutos de aposentadoria e pensões. O 
INPS passou a exercer as funções de previdência social.
1967 Constituição Federal (BRASIL, 1967)
Inovou com a criação do seguro‑desemprego em texto 
constitucional. Assegurou, à mulher, aposentadoria aos 
30 anos de trabalho, com salário integral.
1967 Lei nº 5.316 (BRASIL, 1967)
Promoveu a integração do seguro de acidente do 
trabalho (SAT) à Previdência Social. Antes disso, esse 
benefício estava sob a responsabilidade de instituições 
privadas.
1971 Lei Complementar nº 11 (BRASIL, 1971)
Instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural 
(Pró‑Rural), criando um sistema próprio para a proteção 
do trabalhador rural (Funrural).
1977 Lei nº 6.439 (BRASIL, 1977c)
Criou o Sistema Nacional de Previdência Social 
(Sinpas), com a finalidade de integrar as atividades de 
assistência social, previdência social, assistência médica 
e administração financeira e patrimonial de várias 
entidades vinculadas aos Ministérios de Previdência 
e Assistência Social. A lei também criou o Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
(Inamps) e o Instituto de Administração Financeira da 
Previdência Social (Iapas).
1988 Constituição Federal (BRASIL, 1988)
Assimila as novas tendências de proteção social do 
mundo. Adota a expressão seguridade social, como 
sistema que integra os mecanismos de cobertura contra 
os riscos e contingências sociais nas áreas de previdência 
social, assistência social e saúde.
1990 Lei nº 8.029 (BRASIL, 1990a)
Cria o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 
resultado da fusão do INPS e do Iapas. Extingue o Sinpas.
1990 Lei nº 8.080 (BRASIL, 1990b)
Tratou das questões relativas à área da saúde, dispondo 
sobre as condições e promoção, proteção e recuperação 
da saúde, e a organização e funcionamento dos serviços 
correspondentes.
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Unidade I
1991
Lei nº 8.212 (BRASIL, 
1991a) e Lei nº 8.213 
(BRASIL, 1991b)
A primeira tratou do Plano de custeio e Organização da 
seguridade social e a segunda do Plano de Benefício da 
Previdência Social.
1993 Lei nº 8.742 (BRASIL, 1993)
Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). Dispôs sobre 
a organização, benefícios, serviços, programas e 
financiamento da assistência social.
1998 Emenda Constitucional nº 20 (BRASIL, 1998) Criou o Regime Geral da Previdência Social (RGPS).
2003 Emenda Constitucional nº 41 (BRASIL, 2003) Tratou da reforma previdenciária no setor público.
Adaptado de: Miranda (2007, p. 7).
Quadro 4 – Alterações após a Emenda Constitucional nº 41 – de 2003 – até a atualidade
Ano da promulgação Documento lega Principais temas tratados
2005
Emenda Constitucional nº 47 
(BRASIL, 2005)
Altera os artigos 37, 40, 195 e 201 
da Constituição Federal, para dispor 
sobre a Previdência Social, e dá outras 
providências.
2007 Decreto nº 6.214 (BRASIL, 2007)
Regulamenta o benefício de prestação 
continuada da assistência social devido 
à pessoa com deficiência e ao idoso de 
que trata a Lei nº 8.742 (BRASIL, 1993), 
e a Lei nº 10.741 (BRASIL, 2003). Acresce 
parágrafo ao artigo 162 do Decreto 
nº 3.048 (BRASIL, 1999), e dá outras 
providências.
2013
Lei Complementar nº 142 
(BRASIL, 2013)
Regulamenta o § 1º do artigo 201 da 
Constituição Federal (BRASIL, 1988), no 
tocante à aposentadoria da pessoa com 
deficiência segurada do Regime Geral 
de Previdência Social (RGPS).
2014 Lei nº 13.063 (BRASIL, 2014)
Isenção para o aposentado por invalidez 
e para o pensionista inválido quanto à 
perícia após os 60 anos. 
2014
Reforma da Previdência – MP 
nº 664 (BRASIL, 2014)
Esta MP alterou vários artigos da Lei 
nº 8.213 (BRASIL, 1991) em relação aos 
seguintes itens: 
• pensão por morte; 
• auxílio‑reclusão; 
• auxílio‑doença e; 
• aposentadoria por invalidez. 
2015
Instrução Normatiza nº 77/INSS 
(BRASIL, 2015)
Prevê a exclusão do dependente que 
participou dolosamente do óbito 
do segurado, e por isso tenha sido 
judicialmente condenado, quanto à 
pensão por morte e ao auxílio‑reclusão.
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1.1.4 A seguridade social na Constituição Federal de 1988
O texto constitucional, artigo 194 (BRASIL, 1988), nos permite identificar que a seguridade social 
é composta de três grandes sistemas de proteção social, cada um bem caracterizado e especificado: 
saúde; assistência social e previdência social. Quanto à forma de financiamento, podemos classificá‑lo 
em sistemas contributivos e não contributivos.
Sistema contributivo é aquele que o segurado contribui diretamente, na expectativa de auferir um 
benefício no futuro. Sistema não contributivo, por sua vez, é o sistema para o qual não se exige do 
beneficiário uma contribuição direta.
Assim, os recursos para a manutenção do sistema de seguridade social são provenientes da 
arrecadação direta de tributos pelos entes estatais, que posteriormente contemplarão o orçamento 
anual com os recursos destinados para cada setor.
Dessa forma, a Previdência Social se estrutura em forma de sistema contributivo, como expressamente 
determina o artigo 201 (BRASIL, 1988) do texto constitucional, enquanto a saúde e a assistência social 
se organizam como sistemas não contributivos.
Nessa conjuntura, cada um teve a sua ordenação definida em leis reguladoras próprias, existindo 
certa identidade na organização, uma vez que todos eles são compostos por conselhos nas três esferas 
administrativas:
• Conselho Federal. 
• Conselhos Estaduais. 
• Conselhos Municipais.
Esses conselhos, existentes nos níveis municipais, estaduais e federais, são os responsáveis pelas 
diretrizes das ações a serem implementadas na busca dos objetivos constitucionais. Dessa forma, a 
Constituição de 1988, pioneira na sistematização da matéria, incluiu a seguridade social no “Título 
VIII – Da ordem social”, entre os artigos 194 a 204 (BRASIL, 1988). Os dispositivos legais ali inseridos, 
estruturaram toda a seguridade social, estabelecendo os objetivos, os princípios, bem como a forma de 
financiamento. Segundo o texto constitucional, a seguridade social é considerada como um conjunto 
integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social (BRASIL, 1988).
Já oartigo 195 definiu a forma de custeio do sistema de seguridade social brasileira:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma 
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos 
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e 
das seguintes contribuições sociais:
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Unidade I
I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da 
lei, incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou 
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo 
sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não 
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo 
regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
III – sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV – do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele 
equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003). 
§ 1º – As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas 
à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando 
o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de 
forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social 
e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas 
na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de 
seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como 
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele 
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção 
ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, 
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas 
após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver 
instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, “b”.
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§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades 
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas 
em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador 
artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades 
em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão 
para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o 
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos 
termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo 
poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da 
atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da 
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005). 
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema 
único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada 
a respectiva contrapartida de recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 20, de 1998). 
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de 
que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior 
ao fixado em lei complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, 
de 1998). 
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as 
contribuições incidentes na forma dos incisos I, b e IV do caput serão não 
cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42 de 19.12.2003). 
§ 13. Aplica‑se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição 
gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, 
a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) (BRASIL, 1988). 
Pelo que podemos apreender pela leitura dos artigos 194 e 195 da Constituição Federal 
(BRASIL, 1988), a seguridade social constitui‑se num sistema de proteção social formado por 
princípios e regras, que visam garantir a proteção do indivíduo nos momentos em que ocorrem 
as contingências sociais. Essa proteção tem por finalidade assegurar o mínimo necessário para 
a manutenção de uma vida digna. Por esse motivo, a seguridade social oferece a concessão de 
benefícios, prestações e serviços.
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Unidade I
As contingências sociais são as situações previstas na legislação, que, quando verificadas, deflagram 
o mecanismo de proteção descrito na norma. Nesse sentido, são consideradas contingências sociais, 
para fins de seguridade social, por exemplo, invalidez, doença, desemprego, maternidade e deficiência 
(MIRANDA, 2007, p. 9).
No Brasil, a seguridade social faz parte de um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes 
públicos e da sociedade. Então, a seguridade funciona em forma de sistema, cujos integrantes devem 
atuar de forma harmônica, coordenada, visando alcançar os objetivos previstos na Constituição Federal.
Os objetivos da seguridade social, conforme previsto no texto constitucional, visam à implementação 
de políticas públicas, destinadas ao atendimento nas áreas de saúde publica, assistência social e 
previdência social.
A Previdência Social, organizada sob a forma de um sistema contributivo e de filiação obrigatória, 
concederá benefícios visando à cobertura dos riscos de doença, de invalidez, de morte, de idade avançada, 
de proteção à maternidade e à família.
As políticas de saúde pública deverão garantir gratuitamente a toda a população brasileira o acesso 
aos serviços estatais. Por serviços de saúde pública, dentre outros, entende‑se o direito de: vacinação, 
medicamentos de alto custo e uso prolongado, consultas, internações e procedimentos hospitalares, 
bem como o de prevenção de doenças.
Quanto à saúde, é importante destacar a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), presente 
em todos os municípios brasileiros. O SUS, apesar de suas deficiências, foi uma inovação importante 
na introdução e execução das ações de saúde pública no Brasil. Hierarquicamente organizado, tem 
contribuído para o implemento de políticas de saúde pública essenciais, especialmente campanhas de 
vacinação, tratamento da AIDS, procedimentos de alta complexidade médica e o crescimento no número 
de transplantes realizados no Brasil.
Importante destacar que, ao conceituar a seguridade social como conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à 
previdência social e à assistência social –artigo 194 (BRASIL, 1988) –, pela primeira vez, a saúde pública 
adquiriu status de direito constitucional.
Além de constar no artigo 194, a Constituição (BRASIL, 1988) também traz uma seção específica para 
a Saúde nos artigos 196 a 200, em que estão elencadas as diretrizes para o legislador infraconstitucional 
regulamentar as matérias e criar o Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviçospara 
sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988). 
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POLÍTICA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL
O artigo anterior transcrito, devido a sua importância, merece comentários. Primeiramente, 
estabelece que a saúde é direito de todos, ou seja, independentemente de contribuição, toda 
pessoa que estiver no território nacional, em caso de necessidade, será atendida gratuitamente 
pelo SUS, pois o legislador constituinte expressou literalmente o princípio da universalidade 
nesse artigo.
É dever do Estado garantir a saúde, até mesmo porque ele é provedor da seguridade social, 
arrecadando contribuições sociais obrigatoriamente destinadas para esse fim. Entretanto, como 
dito no artigo 194 e reforçado nos artigos 197 e 199 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), nem 
a sociedade, nem a iniciativa privada estão impedidas de participar na execução das ações de 
saúde pública.
Outra questão fundamental sobre os objetivos constitucionalmente previstos para a saúde é que 
eles não se limitam aos tratamentos de doenças. Mais importante, ainda, são as ações de promoção da 
saúde, bem como a prevenção através de campanhas de vacinação, por exemplo.
Já as políticas de assistência social, nos termos do artigo 202 (BRASIL, 1988) do texto constitucional, 
destinam‑se a amparar, gratuitamente, as camadas sociais menos favorecidas, através de programas e 
ações de proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como promoção 
de integração ao trabalho, habilitação e reabilitação e integração na vida social de pessoas portadoras 
de necessidades especiais.
Todos os objetivos da seguridade social devem seguir os princípios que foram definidos pelos 
legisladores como fundamentais para a efetividade do sistema.
Os princípios norteadores da seguridade social estão inseridos no parágrafo único do artigo 194 
da Constituição Federal (BRASIL, 1988). São sete princípios enumerados explicitamente no texto 
constitucional, porém a doutrina elaborou outros que não estão explícitos na Constituição, mas que 
também são importantes, como o princípio da solidariedade.
Quando nos referimos aos princípios da seguridade social, faz‑se necessário trazer o conceito 
de princípio: ele apresenta uma ideia de universalidade, que é aceita mesmo se não estiver escrita. 
É uma diretriz cujo conteúdo é determinante na elaboração e interpretação das normas, ou seja, 
o princípio é a base que irá informar e inspirar as normas jurídicas. Dessa forma, os princípios são 
enunciados juridicamente válidos, conforme a sua proposição, aproveitando‑se a sua razão de ser. 
Trata‑se da condensação de ideias experimentadas no decurso do tempo e que devem comunicar 
rapidamente o seu conteúdo.
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Unidade I
Quadro 5 – Os princípios da seguridade social
Princípio Objetivo
Dignidade da pessoa humana
Garantir o mínimo existencial, proporcionando condições 
materiais mínimas (prestações e serviços) para assegurar 
subsistência digna e vida saudável ao indivíduo atingido por 
determinadas contingências sociais.
Legalidade
A realização das respectivas atividades do sistema é de 
incumbência da Administração Pública (direta e indireta). E, em se 
tratando de direito público, somente é dado ao administrador agir 
dentro dos limites estabelecidos na lei, ou seja, só poderá fazer o 
que a lei permite.
Igualdade ou isonomia
Na interpretação e na aplicação das leis, não deve haver 
privilégios ou discriminações arbitrárias, mas sim produzir 
resultado que identifique tratamento equitativo.
Direito adquirido
Se determinado segurado houver preenchido os requisitos 
necessários para a concessão do benefício previdenciário, sem 
que tenha exercido imediatamente seu direito, poderá fazê‑lo 
posteriormente, não se aplicando ao caso eventuais alterações 
legais que instituam novas exigências. Preserva‑se aí o direito que 
já se havia integrado ao patrimônio de seu titular e que estava 
apenas na dependência de seu exercício.
Devido processo legal
Por esse princípio, não se admite que o administrador cancele ou 
suspenda benefícios (previdenciários ou assistenciais) sem que se 
instaure o devido processo legal, abrindo‑se a oportunidade para 
que o segurado ou beneficiários, após pleno conhecimento da 
questão deduzida na instância administrativa, formule respostas e 
produza provas.
Solidariedade
O conceito é decorrente da própria natureza do direito social, 
fundamentado na cooperação de toda a sociedade na promoção 
e no financiamento de ações que visem cobrir as necessidades 
sociais. Assim, este princípio garante a proteção dos menos 
favorecidos com suporte nos recursos alocados por toda a 
sociedade para o sistema.
Universalidade da cobertura e 
do atendimento
É o princípio que assegura a todos, nacionais e estrangeiros 
residentes no País, diante de riscos e contingências sociais 
específicas, o direito de usufruir das medidas e prestações de 
proteção social, sem quaisquer discriminação.
Uniformidade e equivalência 
dos benefícios e serviços
A uniformidade visa à instituição de idênticos benefícios 
e serviços para ambas as populações rurais e urbanas, 
representando um mesmo rol de medidas de proteção social. Já a 
equivalência diz respeito ao valor ou quantidade das prestações 
que devem guardar correspondência.
Seletividade e distribuitividade
Esses princípios constituem diretrizes que recomendam a 
cobertura das principais contingências sociais, destinando suas 
prestações e serviços aos indivíduos que mais necessitam.
Irredutibilidade do valor dos 
benefícios
É o princípio que visa garantir a preservação do poder aquisitivo 
das prestações pecuniárias, não podendo sofrer redução no seu 
valor real.
Equidade na forma de 
participação no custeio
É o princípio que se refere ao tratamento equilibrado e equânime 
daqueles que devem participar do financiamento da seguridade 
social, tendo por parâmetro básico a capacidade econômica do 
contribuinte.
Diversidade da base de 
financiamento
Está relacionado com as diversas fontes de financiamento 
da seguridade social, cujo sistema é provido com recursos 
provenientes de contribuições das empresas, dos trabalhadores, 
dos concursos de prognósticos e do orçamento dos entes públicos 
(União, Estados, Distrito Federal e municípios).
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POLÍTICA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Gestão democrática e 
descentralizada
A seguridade social também tem como princípio o caráter 
democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregados, 
aposentados e do governo nós órgãos colegiados.
Preexistência do custeio
Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser 
criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de 
custeio total. Essa regra visa à garantia de funcionalidade e 
subsistência do sistema, uma vez que, sem equilíbrio financeiro 
e atuarial, não é possível fazer frente às necessidades sociais 
atendidas pela instituição de prestação e serviços.
Adaptado de: Miranda (2007, p. 24).
Para uma melhor compreensão dos princípios constitucionais que norteiam a seguridade social no 
Brasil, faremos um breve comentário sobre os que consideramos de maior importância, começando pelo 
princípio da universalidade da cobertura do atendimento.
O princípio da universalidade da cobertura do atendimento consiste em promover indistintamente o 
acesso ao maior número possível de benefícios, na tentativa de proteger a população de todos os riscos 
sociais previsíveis e possíveis. Nesse sentido, as ações devem contemplar necessidades individuais e 
coletivas, bem como ações reparadoras e preventivas. Quando tratamos do direito à saúde, por exemplo, 
o texto constitucional expressamente

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