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LIVRO_DAS_SIMPATIAs

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Prévia do material em texto

ANTONIO BARRETO
Ilustrações Guili Seara
MANUAL DO PROFESSOR
Maria das Graças Leão Sette (Org.)
Antonio Barreto • Márcia Travalha • Maria Zoé Rios
Lílian de Oliveira
LIVRO DAS SIMPATIAS
MANUAL DO PROFESSOR
Maria das Graças Leão Sette (Org.)
Antonio Barreto • Márcia Travalha • Maria Zoé Rios 
Lílian de Oliveira
 Livro das simpatias - manual do professor / Maria das Graças 
 L784 Leão Sette, organizadora. - Belo Horizonte: Baobá, 2018.
 92p.
 1. Educação infantil. I. Sette, Maria 
 das Graças Leão.
 CDD: 372.2
 CDU: 372.4
 Elaborada por: Maria Aparecida Costa Duarte 
 CRB/6-1047
Editor: Rafael Borges de Andrade
Assessoria editorial: Mário Vinícius Silva
Organizadora: Maria das Graças Leão Sette
Instrutores pedagógicos:
Maria das Graças Leão Sette
Antonio Barreto
Márcia Travalha
Supervisão pedagógica: Maria Zoé Rios
Revisão e preparação de texto: Lílian de Oliveira
Revisão de provas: Flávio Mota
ISBN: 978-85-66653-60-1
1ª edição
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra
sem o consentimento por escrito da editora.
Todos os direitos reservados à:
Editora Baobá LTDA.
Rua Helium, 119- 3º andar – Nova Floresta
Belo Horizonte – MG – CEP: 31140-280
Telefone: (31) 3653-5217 
editorabaoba@editorabaoba.com.br
Manual do professor concebido com base na obra 
Livro das Simpatias, do autor Antonio Barreto, com ilustrações de Guili Seara
Título: Livro das Simpatias
Autor: Antonio Barreto
Ilustrações: Guili Seara
Idioma: língua portuguesa
categoria 2: para estudantes do 8º e 9º anos do Ensino 
Fundamental
Tema da categoria: Outros: folclore, costumes e crenças
gênero literário: conto, crônica, novela, teatro, texto da 
tradição popular
SUMáRIO
1 - Sobre o Livro das simpatias
2 - Pré e pós-leitura
3 - A magia da interdisciplinaridade
5
17
39
SObRE O Livro das simpatias1
“A arte existe porque a vida não basta.”
(Ferreira Gullar)
“Simpatia e poesia são, a nosso ver, a mesma coisa. Se 
uma ajuda (com a esperança) a curar os males do cor-
po, a outra ajuda (com a fantasia) a curar os males da 
alma (...) E a fantasia, por ser poética, é apenas uma gre-
ta de porta pela qual a verdade passa assobiando.”
(Antonio Barreto)
O autOr 
Antonio Barreto (Antonio de 
Pádua Barreto Carvalho) nasceu 
em 13 de junho de 1954 em Pas-
sos (MG), onde foi editor e fun-
dou, com vários colegas da UPES 
(União Passense dos Estudantes 
Secundários), a revista literária 
Protótipo, uma das precursoras 
da chamada “Literatura Indepen-
dente” no Brasil. Mudou-se para 
Belo Horizonte no início da dé-
cada de 1970, onde foi tentar a carreira de jogador de futebol, no 
juvenil do América FC. Mas, precocemente, teve a carreira encerrada 
por uma contusão no joelho. Posteriormente, morou também em al-
gumas cidades do Oriente Médio (Bagdá, Ramadi, Fallujah, Amman e 
Istambul), trabalhando como intérprete e projetista de uma multina-
cional, na construção de estradas, pontes e ferrovias, na década de 
1980.
Poeta, contista, romancista, cronista e autor de literatura infan-
tojuvenil, Antonio Barreto recebeu dezenas de prêmios nacionais e 
5
internacionais para sua obra. Participa também de antologias nacionais e 
estrangeiras de contos e poemas, com trabalhos traduzidos para diversas 
línguas (inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, árabe, húngaro etc.).
Outras atividades
Na década de 1990, foi cronista do jornal Estado de Minas e da 
revista Morada, além de colaborador de periódicos do Brasil e do ex-
terior. Entre 2000 e 2017, com um grupo de professores e linguistas 
que formam o Grupo Didacta/TBH de Criação, dedicou-se a projetos 
didáticos e educacionais na área de Língua Portuguesa, produzindo a 
série de coleções Para Ler o Mundo, destinada a alunos de Letramen-
to/Alfabetização, Ensino Fundamental e Ensino Médio do país. Foi/é 
colaborador e colunista dos sites e revistas eletrônicas: Contemporâ-
nea-Brasil/SP; Primeiro Programa/Rádio Transamérica-SP; Puxa Pro-
sa-SP e Algo a Dizer-RJ; Ecológico-BH (Olhar Poético:); Tanto-BH, 
Palavrarte-RJ, Letras & Ponto-BH e Sagarana, da Itália, entre outras. 
É também redator e coordenador do Grupo Didacta-TBH, que, desde 
1999, se dedica a projetos de criação, produção literária, oficinas de 
texto (orais e escritos) e produção de material didático-pedagógico 
(coleções impressas, apostilas e plataformas digitais on-line) de Lín-
gua Portuguesa para várias editoras e sistemas de ensino do país. 
O autOr e seu prOcessO de criaçãO da Obra
A primeira simpatia que Barreto escreveu foi para São Longuinho, 
o santo que faz aparecer coisas sumidas, no seu caso, um guarda-
-chuva. Depois de encontrá-lo atrás de um sofá, não teve como es-
capulir dos tradicionais três pulinhos. Como deu certo, começou a 
escrever simpatia para tudo, todas inventadas. “A inspiração veio da 
minha avó Sebastiana (irmã de Aracy de Almeida), que era meio mági-
ca. Lidava com as plantas, tinha um raminho de arruda atrás da orelha 
para espantar o mau-olhado e dizia que sabia ler as vozes do vento. 
Meu lado poético herdei dela, que não era letrada, nunca estudou, 
mas era uma contadora de histórias incrível. Era inventiva oral. Não 
professava uma religião, era misteriosa, meio alquimista. Tinha uma 
energia muito forte e dizia que eu tinha uma grande proteção, por 
causa do meu coração”, relembra Barreto. 
E revela: “Não tenho religião, mas acredito em uma energia su-
perior, e ela já me salvou de situações graves. Tenho a proteção de 
6
São Miguel e de Santo Antônio”, diz Barreto, que, seguindo os cami-
nhos da vó Sebastiana, vai destrinchando as vozes do vento1.
O ilustradOr
Guili Seara nasceu em plena Floresta Amazônica, em 1960, na 
cidade de Serra do Navio – Amapá. É designer, atua nas áreas edi-
torial, de arte, cultura e identidade visual, tendo recebido mais de 40 
prêmios nacionais e internacionais na área de design. Entre eles estão 
os concedidos pelo Instituto de Altos Estudos em Artes Plásticas da 
França; dois Grandes Prêmios Nacionais em duas Bienais de Design 
Gráfico da ADG São Paulo; e Prêmio Luis Jardim, em 2006, pela Fun-
dação Nacional do Livro Infantojuvenil, como melhor livro de ima-
gem: A linha, de Mario Vale (Editora RHJ). 
Para ilustrar o Livro das simpatias, Guili Seara utilizou a técnica da 
colagem. A base para a elaboração das ilustrações são desenhos em 
bico de pena dos autores Thiebault, H. Emy, Coste, datados de 1898, 
junto com recortes digitais de imagens fotográficas, proporcionam 
um diálogo com as inusitadas simpatias. Professor, é importante res-
saltar aos alunos que as ilustrações da obra não são apenas atrativos 
para a leitura dos textos: elas contribuem para a clareza das mensa-
gens, dialogando com elas. 
a Obra
Encontrar o amor, atrair prosperidade financeira, passar em um 
exame, fazer crescer o cabelo. Quem nunca fez ou ouviu alguém pró-
ximo contando sua experiência de ter feito uma simpatia? E se ela 
puder ser usada também para encontrar sereia, o príncipe encantado, 
ver um disco voador, alcançar a fonte da eterna juventude? E se, junto 
a essas situações que parecem absurdas, na realidade pudéssemos 
encontrar poesia, uma visão diferente sobre as coisas, rir de crendi-
ces, refletir sobre nossas ações e vivências? É o que oferece ao leitor o 
Livro das simpatias, uma prosa poética em que o autor não se propõe 
a fabular, a contar histórias, e sim a estabelecer um diálogo poético 
com o gênero textual “simpatia”. 
1 Extraído de entrevista dada ao jornal O Tempo, em 2016. O TEMPO. Simpatias 
poéticas de Barreto, seção Literatura, Ana Elizabeth Diniz, 19 jul. 2016. Disponí-
vel em: <https://www.otempo.com.br/interessa/simpatias-po%C3%A9ticas-de-
-barreto-1.1340107>. Acesso em: 20 jul.2018.
7
Ao trabalhar uma obra literária em 
sala de aula, qualquer que seja ela, é 
sempre importante reiterar para os edu-
candos que a literatura cumpre função 
estética e expressiva, mas tematizando 
questões relevantes para o ser humano, 
constituindo-se em sua “dimensão hu-
manizadora, transformadora e mobiliza-
dora” (BRASIL, 2017, p. 136). 
O Livro das simpatias é apropriado 
para 8º e 9º anos do Ensino Fundamen-
tal, considerando-se que os educandos 
dessa faixa etária já são capazes de lidar 
Com o emprego da linguagem figurada, o autor cria um universo 
fantástico, marcado pela inventividade, pela ludicidade. Nele a poesia 
rompe com a forma tradicional do poema e se constitui na sua es-
sência: exploração dos recursos da linguagem literária, do novo, do 
inusitado. É uma obra em prosa poética. 
A poesia está, muitas vezes, associada ao poema: texto escrito 
em versos, organizado em estrofes, com metrificação, rimas, ritmo, 
musicalidade. Enquanto a primeira refere-se à linguagem subjetiva, 
carregada de emoção e sentimento, o segundo refere-se à forma 
como geralmente se emprega essa linguagem. No entanto, a poesia 
não se prende a essa única forma, podendo permear textos em prosa. 
É a chamada prosa poética.
Nesse sentido, podemos classificar a obra como pertencente a 
um gênero maior – o “texto de tradição popular” –, mas que, criati-
vamente, foi adaptado, reinventado como recriação de texto da tradi-
ção popular em prosa poética. 
TEMA ABORDADO NO 
LIVRO DAS SIMPATIAS: 
FOLcLORE, cOSTUMES 
E cRENÇAS 
As simpatias fazem parte 
da cultura popular, estan-
do no campo do nosso 
imaginário, de raízes mais 
profundas, e foram recria-
das neste livro de forma 
poética, com emprego 
do nonsense, do humor e 
valendo-se do fantástico.
com desafios de maior complexidade, sobretudo por já terem se apro-
priado melhor das diferentes lógicas de organização dos conhecimen-
tos relacionados às áreas. Por isso, durante os diferentes momentos da 
leitura literária, eles serão instigados a perceber o diálogo com a Arte, a 
Filosofia, a História, a Geografia e com outras áreas do conhecimento.
A adolescência é um momento marcado por intensas mudan-
ças decorrentes de transformações biológicas, psicológicas, sociais 
e emocionais. Nesse período de vida, como bem aponta o Parecer 
CNE/CEB nº 11/2010, ampliam-se os vínculos sociais e os laços afeti-
8
vos, as possibilidades intelectuais e a ca-
pacidade de raciocínios mais abstratos. 
Ao imergir no universo de folclore, cos-
tumes e crenças do Livro das simpatias, 
o jovem leitor terá a oportunidade de 
conhecer e valorizar as diferentes mani-
festações culturais que constituem a sua 
identidade, bem como de se implicar em 
reflexões de cunho filosófico sobre a importância desses elementos 
que permeiam o imaginário coletivo e são transmitidos de geração 
em geração.
Os temas apontados são contemplados ao longo das atividades 
de leitura compreensiva e de produção de textos sugeridas neste ma-
nual. Como é inerente ao letramento literário, toda a proposta aqui 
contida visa provocar, instigar no leitor a vivência da ficção, da inven-
tividade, da fantasia.
Letramento literário é o processo de apropriação da lingua-
gem literária. Ele se inicia logo na infância, quando cantamos para 
as crianças cantigas de ninar, cantigas de roda, parlendas; quan-
do declamamos poemas, lemos para elas contos maravilhosos, 
fábulas, entre outros. E no decorrer da vida escolar esse proces-
so segue sendo desenvolvido, quando colocamos nossos alunos 
diante de diferentes gêneros, como crônicas, contos, poemas, 
romances, que vão se incorporando ao repertório literário afetivo 
deles e promovendo a constituição de jovens leitores proficien-
tes, autônomos e críticos, livres, capazes de fazer suas próprias 
escolhas.
Para possibilitar o letramento literário, é preciso (*)
- dar ao aluno a oportunidade de interagir ele mesmo com 
as obras literárias;
- construir uma comunidade de leitores, isto é, um espaço 
de compartilhamento de leituras no qual há circulação de textos 
e respeito pelo interesse e pelo grau de dificuldade que o aluno 
possa ter em relação à leitura das obras;
- ampliar o repertório literário do aluno, cabendo ao pro-
fessor acolher no espaço escolar as mais diversas manifestações 
9
culturais, reconhecendo que a literatura se faz presente não ape-
nas nos textos escritos, mas também em outros tantos suportes 
e meios;
- oferecer atividades sistematizadas e contínuas direciona-
das para o desenvolvimento da competência literária[...]
(*) COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. 2012)
O gênerO simpatia 
Um gênero textual não é só a sua forma, é, sobretudo, sua fun-
ção (MARCUSCHI, 2002). Como nos ensina Perini: “Ler um texto poé-
tico em função das informações que ele traz é errar o alvo. Não po-
demos achar que Drummond escreveu para falar de uma pedra que 
estava no meio do caminho, e ficar por aí. E o oposto – ler um texto 
informativo utilizando as estratégias apropriadas à leitura de um tex-
to literário – é igualmente inadequado” (PERINI, 2007, p. 154). Nesse 
sentido, no trabalho com o texto em sala de aula, qualquer que seja 
o gênero, é importante que os estudantes percebam a finalidade do 
texto, bem como os recursos linguísticos usados e o efeito de sentido 
que visam provocar. 
A fim de desenvolver nos edu-
candos o letramento literário, eles 
devem ser estimulados a saber 
quem está falando, para quem, em 
que situação e com que objetivo; 
perceber ironia ou humor quando 
esses elementos estão presentes, 
que a metáfora deve ser compreen-
dida metaforicamente, além de estabelecer a relação entre o texto 
e os recursos não linguísticos usados no texto, entre muitas outras 
operações de construção de sentido para compreender o texto. 
Simpatias são práticas em que o povo acredita, mas não são 
comprovadas pela ciência. A simpatia é um gênero textual em que 
predomina a tipologia instrucional e faz uso da função apelativa da 
linguagem. A finalidade é passar instruções para procedimentos que, 
se seguidos, poderão trazer benefício físico, emocional ou financeiro 
à pessoa, devido à ação de forças sobrenaturais.
10
Assim como as crenças, lendas, sabenças, “causos”, rezas, man-
tras, orações e superstições, elas fazem parte da cultura popular 
brasileira, do nosso imaginário de raízes mais profundas, trazidas de 
terras africanas, europeias, asiáticas e mais: já estavam presentes em 
nossa terra por meio da sabedoria dos xamãs e pajés das nossas tribos 
indígenas mais antigas. 
A ideia de crença tem um componente psicológico na maioria dos 
contextos. Trata-se de um saber popular que lida com a fragilidade do 
ser humano e visa apaziguar algumas condições. Ao acreditar que uma 
simpatia funciona, há uma conexão emocional entre a pessoa que usa 
desse recurso e tudo aquilo em que acredita. Ademais, é uma manifes-
tação cultural que carrega um importante aspecto atemporal. 
O antropólogo Luiz Marin declara que “mitos e ritos são próprios 
do ser humano. São remanescentes de uma visão mágica do mundo 
em que se acredita que fatores sobrenaturais podiam interferir direta-
mente no cotidiano. Essas crendices crenças e superstições, transmi-
tidas através das gerações, em especial entre as camadas populares, 
foram mantidas à margem do conhecimento científico”. Tais manifes-
tações, transmitidas principalmente pela oralidade, perpassam o coti-
diano das pessoas, definem modos de ser e apresentam uma grande 
diversidade de região para região. Ao trabalhar com o Livro das sim-
patias em sala de aula, é importante trazer à tona, durante a discussão, 
esses elementos, estimulando nos educandos a capacidade de se po-
sicionar de forma crítica e reflexiva, valorizando essa expressão, bem 
como estabelecendo conexões com a cultura do lugar onde vive.
Com base nas “simpatias poéticas” trazidas no livro, você,pro-
fessor, terá um arsenal muito rico de questões de diversas áreas do 
conhecimento para abordar, para provocar em seu aluno.
explOrandO a leitura literária
Como já ressaltamos, a principal finalidade da leitura literária é a 
fruição estética. Contudo, sem a compreensão do texto, seu tema e 
subtemas, sem apreender as especificidades dos gêneros literários, o 
emprego da linguagem figurada, os recursos da intertextualidade, a 
fruição – que é o prazer de ler – fica comprometida.
O Livro das simpatias consiste em uma obra marcada pela colo-
quialidade e por referências intertextuais e discursivas com textos da 
11
tradição popular, especialmente com costumes e crenças que envol-
vem as simpatias. Com o emprego da linguagem figurada, o autor cria 
um universo folclórico marcado pela inventividade e pela ludicidade.
Para Barreto, “simpatia e poesia são a mesma coisa. Se uma ajuda 
(com a esperança) a curar os males do corpo, a outra ajuda (com a 
fantasia) a curar os males da alma. Mas se, por acaso, essas simpatias 
poéticas aqui reunidas não derem certo, não me culpem: o que mais 
se aproxima da esperança é a ilusão de que o tempo passa”.
Com a combinação de rituais e poesia, desejo e fantasia, non-
sense e humor, o autor nos leva – nessas páginas fantásticas –, por 
meio de um narrador em 3ª pessoa, a imaginar coisas totalmente inu-
sitadas, como ver um disco voador ou alcançar a Fonte da Eterna 
Juventude... Crendice ou verdade? Não importa. Por meio do pacto 
ficcional, o leitor é convidado a embarcar no sonho, na fantasia, para 
experimentar a emoção estética. Assim, um leitor proficiente de texto 
ficcional consegue se envolver em uma história e aceitar situações 
que são absurdas, ilógicas, como um sapo virar príncipe ou uma abó-
bora virar carruagem.
intertextualidade
O primeiro texto dialoga com o conto maravilhoso “O Príncipe 
Sapo” (dos Irmãos Grimm) e com o provérbio: “De noite todos os gatos 
são pardos” (“de noite todos os sapos são calvos!”). Após a leitura do 
livro, peça aos alunos que identifiquem que elementos o autor pre-
servou e quais ele mudou, bem como relatem as instruções a serem 
seguidas. Pergunte que efeito de sentido as mudanças feitas geraram.
Ainda no primeiro texto, a epígrafe faz referência à subjetividade 
e à relatividade dos conceitos do que é belo e do que é feio. Esses 
conceitos são conferidos pelo olhar de quem contempla. Leve os 
alunos a se lembrarem do provérbio: Quem ama o feio bonito lhe 
parece. Comente também que os conceitos de belo e feio variam de 
cultura para cultura e ao longo dos tempos. 
Posteriormente, neste Manual, esse tema interdisciplinar e filo-
sófico (o Belo e o Feio) será trabalhado de forma mais específica.
No texto “Para eliminar cravos e espinhas”, o autor dialoga com 
o gênero textual receita culinária, levando a seu leitor ingredientes e 
situações inusitadas para resolver a condição, o que gera humor.
12
Há referência ao mito de Narciso no texto “Para ver um disco 
voador”, quando o narrador orienta o leitor que fizer a simpatia para 
se olhar em uma poça d’água. O objetivo não é ver sua própria ima-
gem, mas a imagem da pessoa amada.
“Para conhecer sua sereia” faz referência ao mito grego da se-
reia. Trata-se de uma figura da mitologia grega que pode representar 
os perigos do mar. As sereias eram ninfas (metade peixe e metade 
mulher) que encantavam e atraíam os navegantes, levando-os a se 
afogar no mar enquanto as procuravam. Na cultura brasileira temos 
uma personagem que corresponde à sereia, a Iara (ou Uiara ou Mãe 
d’água), que vive no Rio Amazonas. Pode-se, por exemplo, solicitar 
que os alunos pesquisem essa lenda e leiam outras versões sobre ela, 
como o poema de Olavo Bilac, facilmente encontrado na internet. 
Em “Para ser feliz”, faz-se referência à personagem mitológicaRei 
Midas, que transformava em ouro tudo o que ele tocava (punha as 
mãos). Essa personagem simboliza a ganância, o desejo de ter posses.
Nada do que toco se transforma/ em ouro em prata/ ou música.
Mas o que me toca de repente/ vira um tesouro/ à flor da pele 
(página 49).
Pode-se, por exemplo, pedir aos alunos que expliquem os sen-
tidos das formas verbais do verbo tocar, nos versos: há o sentido de 
colocar as mãos; tatear (algo); e o de sensibilizar, sentir ternura, en-
ternecer.
Figuras de linguagem
persOniFicaçãO (Ou prOsOpOpeia) 
É um recurso da linguagem figurada conotativa muito usada em 
textos literários que consiste em atribuir ações e emoções a animais, 
objetos, seres inanimados. Tal recurso é empregado pelo autor nos 
textos, quando diz “um sapo careca” (página 7), “Deus não acendeu 
a Lua porque os anjos esqueceram de pagar a conta” (página 8), “um 
rinoceronte apaixonado” (página 27), “os sapos conversam na solidão 
noturna” (página 35).
13
metáFOra
A metáfora é o recurso estilístico responsável por transpor o sen-
tido literal para o figurado, por meio de comparações implícitas, sem 
uso de conjunção comparativa. 
Elemento essencial na literatura, no Livro de simpatias, é uma 
figura de linguagem usada com bastante frequência, uma vez que 
tem a capacidade de transportar o leitor para sentimentos, emoções 
e ideias de modo imaginativo e inovador. 
Para o processo interpretativo da obra, é exigida do leitor uma 
dúvida prévia em relação ao sentido primeiro da palavra, para a 
apreensão de outro(s) sentido(s) sugerido(s) e clarificada pelo contex-
to em que se insere. 
Exemplos:
Página 35 – “uma noite morna de luar pleno e derramado” 
“Grilos perfuram as estrelas com seus maçaricos de cristal” 
Página 46 – “Apenas invente coisas vivas, mas não acredite 
que um dia elas serão suas escravas.”
“Lembre-se de que nenhuma prisão é perpétua.”
paradOxO
Paradoxo é um recurso que consiste em uma contradição: “A 
porta mais bem fechada é aquela que se pode deixar aberta” (capa).
No contexto, “porta aberta” é também uma metáfora que tem o 
sentido de “confiança, lealdade, verdade nas relações humanas”.
NoNseNse
O emprego desse recurso no livro, em geral, provoca humor, 
como nos trechos:
Página 7 - “um sapo careca possui sempre aquele ar de 
Ministro das Relações Exteriores [...] pronto a fazer um gra-
ve e longo discurso [...] sobre os velhos e bons tempos de 
Príncipe Desencantado”;
14
Página 8 – “numa noite dessas em que Deus não acen-
deu a Lua porque os anjos se esqueceram de pagar a 
conta de luz”
Página 42 – “Procurar com as lupas de um relojoeiro 
antigo, no mapa das asas da Borboleta Que Sonha, a 
tatuagem frágil do Caracol Que Chora: só ele é quem 
sabe nos contar de tudo.”
Neste último, o efeito de sentido provocado pelo uso de non-
sense transforma o próprio texto em um enigma que cada pessoa vai 
entender de acordo com sua imaginação e experiência. Talvez deci-
frar o enigma seja aceitar esse jogo, não questionando os elementos 
fantasiosos do texto, fazendo com que ele não busque no texto ele-
mentos factuais ou reais.
15
16
a FruiçãO dO textO literáriO
Texto de fruição: aquele que põe em estado de perda, 
aquele que desconforta (talvez até um certo enfado), 
faz vacilar as bases históricas, culturais, psicológicas, 
do leitor, a consistência de seus gostos, de seus valores 
e de suas lembranças, faz entrar em crise sua relação 
com a linguagem. 
BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Pers-
pectiva, 1987. p. 21-22.
Ler diariamente é uma atividade fundamental para cultivar o gos-
to pela leitura em todas as fases da vida. Garantir um espaço especial 
para o livro e a literatura em sala de aula torna-se estratégia importan-
te para o professor que deseja fazer de suas aulas um espaço de am-
pliação da cultura escrita, da oralidade e do conhecimento de mundo. 
A BNCC organiza as práticas de linguagem (leitura de textos, produ-
ção de textos, oralidade e análise linguística/ semiótica) por campos 
de atuação, que 
Aponta[m] para a importância da contextualização doconhecimento escolar, para a ideia de que essas prá-
ticas derivam de situações da vida social, ao mesmo 
tempo, precisam ser situadas em contextos significati-
vos para os estudantes. (BRASIL, 2017, p. 82)
Na BNCC, a organização por campos de atuação aponta para 
a ideia de que essas práticas (leitura de textos, produção de textos, 
oralidade e análise linguística/semiótica) derivam de situações da vida 
social e, ao mesmo tempo, precisam ser situadas em contextos signi-
ficativos para os estudantes. 
Para abranger o universo tão rico e repleto de potencialidade de 
aprendizagens que é a literatura, estabeleceu-se nesse documento o 
Campo de atuação artístico-literário, por meio do qual se visa:
PRé E PóS-LEITURA2
17
[...] possibilitar o contato com as manifestações artís-
ticas em geral, e, de forma particular e especial, com 
a arte literária e de oferecer as condições para que se 
possa reconhecer, valorizar e fruir essas manifestações. 
Está em jogo a continuidade da formação do leitor li-
terário, com especial destaque para o desenvolvimento 
da fruição, de modo a evidenciar a condição estética 
desse tipo de leitura e de escrita. Para que a função 
utilitária da literatura – e da arte em geral – possa dar 
lugar à sua dimensão humanizadora, transformadora e 
mobilizadora, é preciso supor – e, portanto, garantir a 
formação de – um leitor-fruidor, ou seja, de um sujeito 
que seja capaz de se implicar na leitura dos textos, de 
“desvendar” suas múltiplas camadas de sentido, de res-
ponder às suas demandas e de firmar pactos de leitura. 
(BRASIL, 2017, p. 136, grifos nossos)
Nesse sentido, levando em conta o momento de trabalho da 
obra literária em sala de aula, devemos ter em mente, professor, que 
o objetivo das atividades de pré-leitura deve ser o de estimular que 
os alunos acessem seus conhecimentos prévios sobre o assunto/
tema que será lido. Essas atividades “direcionam seus pensamentos, 
criam expectativas para a leitura, estimulam seu interesse, aguçam a 
sua curiosidade e, acima de tudo, proporcionam uma atividade inte-
lectual desde o início do processo [de leitura]” (TAGLIEBER; PEREIRA, 
1997, p. 75).
ObjetivOs das atividades de pré-leitura
• Investigar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito 
do seu repertório literário.
• Levar a turma a fazer predições a respeito do gênero e dos 
temas da obra literária Livro das simpatias, de Antonio Bar-
reto. 
• Proporcionar aos alunos um primeiro contato com a obra, 
identificando seus elementos, como: capa, contracapa, ore-
lhas, folha de rosto, sumário, ilustrações, títulos, subtítulos 
etc.
• Sensibilizar os alunos e motivá-los a ler, de forma prazerosa, 
a obra.
18
Após lida a última palavra de um texto, é chegado o momento 
de verificar o que foi compreendido e dar sentido a isso. É na etapa 
de pós-leitura, portanto, que você, professor, deve lançar mão de di-
versas estratégias para auxiliar seus alunos a se tornarem um leitor 
proficiente com cada vez mais maturidade. 
ObjetivOs das atividades de pós-leitura
Levar os a alunos a:
• socializar a experiência efetiva com o texto literário, em suas 
dimensões estética e emotiva;
• compreender as especificidades do texto literário (suas ca-
racterísticas);
• compreender os efeitos de sentido produzidos pelos recur-
sos expressivos empregados na construção do texto; 
• analisar e compreender os seus diálogos intertextuais. 
Leitor proficiente é aquele que não só decodifica as palavras 
que compõem o texto escrito, mas também constrói sentidos de 
acordo com as condições de funcionamento do gênero em foco, 
mobilizando, para isso, um conjunto de saberes (sobre a língua, 
outros textos, o gênero textual, o assunto focalizado, o autor do 
texto, ...
Glossário Ceale | Verbete Leitor proficiente
Extraído de: <ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/leitor-
-proficiente>
A vivência em leitura com base em de práticas situadas, envol-
vendo o contato com gêneros escritos e multimodais variados, de 
importância para a vida escolar, social e cultural dos estudantes, bem 
como as perspectivas de análise e problematização com base nes-
sas leituras corroboram para o desenvolvimento da leitura crítica e 
para a construção de um percurso criativo e autônomo de fruição do 
texto literário e de aprendizagem da língua, conforme estabelecido 
na BNCC (BRASIL, 2017, p. 155), quando define, no Campo artístico-
-literário dos Anos Finais do Ensino Fundamental, que.
[...] a diversidade deve orientar a organização/progres-
são curricular: diferentes gêneros, estilos, autores e au-
Leitor proficiente é aquele que não só decodifica as palavras 
que compõem o texto escrito, mas também constrói sentidos de 
acordo com as condições de funcionamento do gênero em foco, 
mobilizando, para isso, um conjunto de saberes (sobre a língua, 
outros textos, o gênero textual, o assunto focalizado, o autor do 
texto, ...
Glossário Ceale | Verbete Leitor proficiente
Extraído de: <ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/leitor-
-proficiente>
19
toras – contemporâneos, de outras épocas, regionais, 
nacionais, portugueses, africanos e de outros países – 
devem ser contemplados; o cânone, a literatura univer-
sal, a literatura juvenil, a tradição oral, o multissemióti-
co, a cultura digital e as culturas juvenis, dentre outras 
diversidades, devem ser consideradas, ainda que deva 
haver um privilégio do letramento da letra. 
Compete ainda a este campo o desenvolvimento das 
práticas orais, tanto aquelas relacionadas à produção 
de textos em gêneros literários e artísticos diversos 
quanto as que se prestam à apreciação e ao comparti-
lhamento e envolvam a seleção do que ler/ouvir/assistir 
e o exercício da indicação, da crítica, da recriação e do 
diálogo, por meio de diferentes práticas e gêneros, que 
devem ser explorados ao longo dos anos. 
Nesse sentido, professor, a sua mediação eficiente, certamen-
te, vai aproximar o jovem leitor do texto literário, por meio da leitura 
compreensiva, prazerosa, lúdica e livre; concordando, discordando, 
enfim: posicionando-se em relação ao texto lido. 
Para vivenciar o prazer estético, o leitor deve ser instigado a com-
preender o texto: seu tema e subtemas, os recursos linguísticos empre-
gados, para construir os sentidos. As sugestões de atividades de pré-lei-
tura e pós-leitura apresentadas a seguir, professor, podem ser adaptadas 
ao seu projeto pedagógico, às especificidades de suas turmas.
mediandO a pré-leitura 
Professor, neste momento, incentive a participação de todos os 
alunos e crie situações para que os mais tímidos se expressem. É im-
portante também, em conjunto, estabelecer acordos para que o diá-
logo flua. Sugerimos que combine previamente que os alunos
• se inscrevam para falar, de acordo com a sua orientação;
• aguardem o momento de expor as ideias e opinar; de acordo 
com a inscrição;
• ouçam com atenção os colegas e respeitem as opiniões 
contrárias;
• evitem fugir do assunto;
• sejam claros e objetivos ao expressar ideias, opiniões, argu-
mentos; 
20
• usem linguagem e tom de voz adequado à situação formal.
apresentaçãO da Obra
Estimule a observação de todos estes elementos do livro que vão 
ler. Peça que: 
• explorem a capa (cores, ilustrações, técnica utilizada nos de-
senhos das imagens e das letras); 
• leiam o texto da quarta-capa e questione-os sobre o objeti-
vo do texto, a quem ele é dirigido. 
Baseando-se no título, nas ilustrações da capa e no texto da 
quarta-capa, solicite que levantem hipóteses a respeito do livro que 
vão ler: Sabem o que é uma simpatia? Já ouviram falar de alguma? 
Qual era o objetivo dessa simpatia? Como o texto estava redigido? 
Por que alguém escreveria um livro dedicado somente às “simpatias”? 
É possível que alguns alunos, devido à cultura urbana, desconheçam 
esse gênero da tradição popular brasileira: o que será explorado mais 
à frente. Porora, seria interessante apresentar o verbete a seguir para 
os alunos levantarem hipóteses a respeito da acepção explorada no 
livro: acepção 10.
Sugerimos que peça aos alunos que encontrem no dicionário o 
verbete “simpatia” e peça que algum deles leia em voz alta. A seguir 
disponibilizamos as acepções encontradas no Dicionário Houaiss. 
Após, estimule que discutam qual acepção melhor condiz com o livro 
traz como simpatia.
Simpatia. S. f. - 1. Tendência ou inclinação que reúne duas ou mais 
pessoas. 2. As relações que há entre pessoas que instintivamente 
se sentem atraídas entre si. 3. Sentimento caloroso e espontâ-
neo que alguém experimenta em relação a outrem. 4. Primei-
ros sentimentos de amor. 5. Faculdade de compartir as alegrias 
ou tristezas de outrem. 6. Atração que uma coisa ou uma ideia 
exerce sobre alguém. 7. Bras. Interesse em atender às pretensões 
de alguém. 8. Pessoa muito simpática. 9. Bras. Tratamento inten-
cionalmente amistoso dado a alguém. 10. Bras. Ritual posto em 
prática, ou objetos supersticiosamente usados, para prevenir ou 
curar uma enfermidade ou mal-estar. [...]
21
Pergunte: 
• Pelo que discutiram até aqui, imaginam que vão ler um texto 
literário ou não literário? 
• Tal texto seria em prosa, em versos ou em prosa poética?
• Neste ponto, explique o conceito de prosa poética: um texto 
em prosa que apresenta elementos poéticos como: recria-
ção da linguagem, brincadeiras com fatos inusitados, jogos 
de palavras, emprego de figuras de linguagem; uso de ver-
sos, rimas, sonoridade etc. 
• Qual seria o público-alvo desse livro? Jovens, crianças, adul-
tos ou o público em geral?
apresentaçãO dO autOr e dO ilustradOr
Após a leitura inicial da capa e da quarta-capa, apresente à tur-
ma, oralmente, informações sobre o autor, com base nas informa-
ções apresentadas na Parte 1 deste Manual. Após, faça os seguintes 
questionamentos: 
• Já leram algum outro livro de Antonio Barreto, o autor? 
Qual? Quais? 
• Que informação a respeito desse autor mais chamou sua 
atenção? Por quê? 
• Consideram importante conhecer o autor de uma obra que 
vão ler? Por quê? 
• Já leram algum outro livro ilustrado por Guili Seara, o artista 
ilustrador dessa obra? Qual? Quais? 
• Alguma informação a respeito desse artista/designer gráfico 
chamou sua atenção? Por quê?
22
nOme da editOra
Apresente estas informações à turma:
Baobá é uma árvore de até 30 metros de altura (Adansonia digi-
tata), da família das bombacáceas. Tem tronco muito largo, ereto, 
madeira branca, mole e porosa; casca medicinal da qual se extrai 
uma fibra têxtil. Possui também grandes folhas digitadas e flores 
brancas, às vezes, com tons de lilás. É nativa de regiões tropicais 
da áfrica. Pode viver mais de 2 mil anos e seu tronco alcançar 
mais de 10 m de diâmetro; as folhas, flores, frutos e sementes são 
comestíveis e têm inúmeros usos medicinais. O nome baobá ou 
baobab vem do idioma árabe e quer dizer “pai de muitas semen-
tes”. Essa árvore, trazida da áfrica, é considerada sagrada.
(Adaptado do Dicionário “Houaiss” Eletrônico)
Questione-os sobre o que poderia ter motivado a escolha dessa 
palavra (“Baobá”) para dar nome à editora do livro, qual o sentido/sig-
nificado dela, sua origem, sua sonoridade. Peça também que identi-
fiquem, na capa, o desenho estilizado (em branco) da árvore “baobá”. 
Explique que esse desenho é o logotipo da empresa que publicou o 
livro (a Editora Baobá). Leia para a turma o conceito:
Logotipo, ou simplesmente logo, é a representação gráfica do 
nome de uma empresa ou marca, que determina a sua identi-
dade visual e tem como objetivo facilitar o seu reconhecimento. 
Um logotipo dá sentido à marca em questão, identificando-a e 
definindo-a no tempo e no espaço.
Peça que deem opiniões a respeito desse logotipo: gostaram ou 
não do desenho? Por quê? Se tivessem de criar um logotipo usando 
o desenho de uma árvore, qual seria a árvore? Por quê?
a Frase da capa
Leia para a turma, em voz alta, a frase colocada na parte inferior 
da capa (canto direito): “A porta mais bem fechada é aquela que se 
pode deixar aberta”. Peça que os alunos reflitam e discutam: 
• Por que essa frase estaria colocada na capa? 
23
• É comum aparecer frases como essa (ou qualquer outra fra-
se) em capas de livros? Por quê? 
• Qual seria a intenção do capista (ou ilustrador do livro) ao 
colocá-la aí? 
• Qual seria o sentido dessa frase? 
• Vocês concordam ou não com ela? Por quê?
Ajude os alunos a inferir que essa frase é um provérbio da milenar 
tradição e sabedoria chinesa. Chame a atenção para o uso da lingua-
gem figurada (no caso: um paradoxo, uma contradição): a porta aberta 
é mais segura que a porta fechada. Há ainda uma metáfora, que con-
siste em usar uma palavra para substituir outra por alguma semelhança 
de sentido: porta aberta, no sentido de “confiança, lealdade, verdade 
nas relações humanas”. Para a melhor compreensão desse provérbio 
e das expressões de linguagem figurada do Livro das simpatias, seria 
interessante retomar os conceitos de sentido denotativo e sentido co-
notativo. Uma palavra pode ser empregada no seu sentido próprio ori-
ginal, em sentido denotativo. É comum, nos gêneros literários, o uso 
de palavras fora de seu sentido usual, em sentido conotativo, figurado, 
para conferir subjetividade ou expressividade ao texto.
Estimule a turma a refletir sobre os seguintes pontos: 
• O que vocês deixam sempre fechado? Por quê? 
• O que vocês deixam sempre aberto? Por quê? 
• Têm segredos? Para quem os conta? Sabem guardar os se-
gredos que as pessoas lhes contam?
FOrmulaçãO de hipóteses sObre a Obra a ser lida
Após esse primeiro contato com a obra, solicite que elaborem 
uma hipótese sobre os possíveis temas ou assuntos do livro, com 
base nesses elementos que analisaram na capa, na quarta-capa, no 
título e na frase colocada na parte inferior da capa. Aceite todas as 
respostas. O importante, nessa pré-leitura, é que os alunos possam 
fazer inferências, imaginar o que vão ler – com base nesses elemen-
tos iniciais da obra.
24
a página 2 (dadOs técnicOs, Ficha catalOgráFica 
etc.)
Peça agora que passem/pulem a “folha de rosto” (p. 1) – que será 
trabalhada posteriormente na Pré-leitura de imagens, e acessem a 
página 2. Explique que nessa página (na maioria dos livros), costumam 
ser inseridas informações técnicas da obra, tais como:
1. Nomes das pessoas que editaram, produziram, criaram a parte 
gráfica, ilustraram, revisaram e imprimiram a obra. 
2. A “ficha catalográfica” ou “descrição bibliográfica” da obra, que 
geralmente apresenta as seguintes informações: sobrenome/
nome do autor, título do livro, local de edição, data, número de 
páginas, gênero da obra e alguns dados numéricos ou códigos 
(elaborados pela Biblioteca Nacional) que servem para identifica-
ção da obra em todo o território nacional.
3. O nome, endereço, telefone e os contatos (pela internet, redes 
sociais) da Editora.
Se achar interessante, peça aos alunos que identifiquem alguns 
desses dados.
dedicatórias (página 3)
Proponha que os alunos leiam as dedicatórias e questione-os:
• A quem o livro é dedicado? 
• O que acham que significam as palavras e expressões:
– “à memória de”; “viraram flor” e “vivia enfeitiçado com a 
vida”?
Se necessário, explique que as palavras e expressões “à memó-
ria” e “viraram flor” têm o significado de pessoas que já faleceram, 
mas que ficaram guardadas na lembrança do autor. A expressão: “vivia 
enfeitiçado com a vida” tem o significado de: vivia gostando da vida, 
amando a vida; vivia feliz com ela. 
– “origem dessas palavras”?
Significa que o livro é dedicado às pessoas que deram o dom da 
vida ao autor: ou seja, os seus pais.
25
• “me leu os Livros do Vento”?
Explique que a expressão “ler os Livros do Vento” – segundo o 
autor – era usada antigamente no Sul de Minas (em Passos, onde o 
autor nasceu) e tinha o significado de: “ouviro que o vento leva e traz; 
ter os ouvidos sempre atentos, prontos para escutar e depois contar, 
passar para frente”. Era muito usada nas rodas de contação de histó-
rias, à noite, à beira das fogueiras.
Então, pergunte aos alunos, se eles fossem escrever um livro, a 
quem dedicariam?
sumáriO
Peça que leiam o sumário e respondam:
• Que informações o sumário apresenta e qual é o seu obje-
tivo?
• Pelos títulos, qual texto você leria primeiro? Por quê?
• Os títulos lhe deram mais pistas a respeito do livro? Quais?
Chame a atenção dos alunos para os sobretítulos usados no iní-
cio de cada título das “simpatias”: 
 “Para encontrar...”; 
 “Para eliminar...”
 “Para ouvir...” etc. 
Peça que expliquem, de acordo com o contexto, esses sobretí-
tulos. Ajude-os a inferir que esses sobretítulos indicam a finalidade/
utilidade de cada texto que vão ler. Comente que a palavra para indica 
objetivo, finalidade.
pré-leitura de imagens 
Proponha que descrevam a ilustração da capa e, através dela, 
deduzam qual será o assunto do livro. Leve-os a observar que o fundo 
da capa é azul em várias tonalidades mais escuras até alcançarem a 
cor negra. Há vários seres: duendes, sapos, lagartos, magos, corvos, 
castelos, morcegos, aves, borboletas, plantas, flores, rato, caldeirão, 
peixes, ampulheta, abóbora, estrelas etc. Tudo isso leva a crer que 
vão ler textos ligados à magia, ao encantamento e a outras coisas 
misteriosas...
26
Pergunte-lhes que impressão o cenário dá. O cenário é misterio-
so: sob um céu estrelado, vemos as sombras de montanhas; as águas 
de um oceano agitado, um castelo medieval, um caldeirão usado por 
bruxas, flores exóticas, frutos etc. Enfim, as imagens nos remetem aos 
contos de fada, ao reino da fantasia, com suas bruxarias, feitiços, gno-
mos, duendes, objetos mágicos e misteriosos...
Chame a atenção novamente para o que está escrito em um 
pergaminho, na parte inferior da capa: “A porta mais bem fechada é 
aquela que se pode deixar aberta”. Esse recurso contribui ainda mais 
para reforçar o tom misterioso da obra. Explique que a palavra perga-
minho tem vários sentidos; mas, no contexto, tem o sentido de pele 
de ovelha, bezerro ou cabrito preparada para fazer registros escritos 
antes da difusão do papel. 
Pergunte se sabem o que significa a mancha (o lacre) em ver-
melho acima do pergaminho. Então, caso necessário, explique que, 
antigamente, todo documento em pergaminho recebia um lacre. Ou 
seja: uma espécie de selo feito com cera derretida, impresso por um 
sinete (instrumento de ouro ou prata, em alto-relevo ou baixo-relevo) 
parecido com um carimbo. O sinete-carimbo continha a figura de 
um brasão de um reino, de um nobre, de um rei; o logotipo de uma 
instituição etc.
FOlha de rOstO (página 1)
Pergunte aos alunos o que veem na folha de rosto, o que re-
presentam as imagens e de que eles se lembram ao ver essas figuras. 
Leve-os a perceber que as figuras lembram os contos de fada, os ma-
gos, as bruxas etc. Nessa página aparecem o título da obra, o nome 
do autor e algumas figuras: borboleta, corvo, morcego, caldeirão para 
fazer sopas (um rato), um lagarto, um relógio Cuco com um duende 
pendurado em suas cordas; uma orquídea, um grilo entre as pétalas; 
o pergaminho com o selo impresso em letras enfeitadas. Há outro 
duende lendo o texto. No pé da página, vê-se a logomarca da editora 
(Baobá) com o local e a data em que a obra foi publicada.
letras capitulares, iluminuras e vinhetas
Chame a atenção dos alunos para as grandes letras iniciais (dese-
nhadas) que aparecem sempre na primeira palavra de cada parágrafo. 
27
Peça que folheiem o livro e percebam, identifiquem algumas. Pergunte 
se sabem o significado dessas letras e se lhes parecem antigas ou mo-
dernas. Explique, se necessário, que...
Essa forma de representar as letras iniciais 
do parágrafo é herança de uma arte típica 
dos antigos manuscritos, chamada ilumi-
nura. Os textos eram escritos à mão e or-
namentados por meio de pintura em cores 
vivas, dourado e prateado, de letras iniciais 
– com flores, folhagens, figuras e cenas variadas também conhe-
cidas por arabescos. Essas “cenas” ocupavam parte do espaço 
onde estaria o texto. Os desenhos se estendiam pelas margens, 
barras, molduras e ramagens. Já as letras, especificamente, são 
chamadas de letras capitulares ou letras capitais. Exemplos:
 http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/iluminuras-medievais/
as “vinhetas” (páginas 10, 26 e 44)
Você, professor, pode ler para os alunos o texto abaixo:
A vinheta (às vezes também confundida 
com a iluminura, em artes gráficas) é uma 
pequena ilustração ou ornamento tipográ-
fico inserido em um livro ou um texto, para 
ilustrá-lo, enfeitá-lo ou ainda: separar par-
tes de um texto, de um capítulo. A vinhe-
ta é composta por uma só peça que serve 
de ornato em uma composição gráfica ou 
tipográfica. Essa imagem geralmente é constituída por linhas si-
nuosas, contorcidas e mescladas a imagens de plantas, folhas, 
flores, animais, seres humanos, letras alfabéticas etc. São também 
formadas por arabescos: ornatos de origem árabe, que consistem 
em emaranhado de linhas, ramagens, flores, grinaldas, frutas etc. 
 Em seguida, questione que cor foi usada ou é predominante nas 
letras capitulares iluminuras e vinhetas usadas no livro. Os desenhos 
(das letras, iluminuras e vinhetas) se apresentam com a cor sépia. Expli-
que que essa cor é muito usada para dar um efeito de envelhecimento 
28
em fotos e gravuras. Ela surgiu no fim do século XIX e era feita com uma 
tinta extraída dos polvos e das lulas (sepia). Hoje há substâncias quími-
cas que substituem a tintura extraída desses animais. Leve os alunos a 
perceber que o ilustrador buscou sempre dialogar com o passado, com 
a tradição como forma de mostrar que – assim como o pergaminho, 
as letras capitulares e as iluminuras com seus arabescos – os contos de 
fadas e as simpatias pertencem a um passado remoto.
as ilustrações dOs textOs
É importante ressaltar que as ilustrações da obra não são apenas 
atrativos para a leitura dos textos: elas contribuem para a clareza das 
mensagens, dialogando com elas. O ilustrador Guili Seara fez inter-
venções como: colagens, acréscimo de cores nas gravuras do século 
XIX (dos artistas Thiebault, H. Emy e Coste) a fim de aprofundar o 
diálogo com os textos do autor do livro. Todas as ilustrações serão 
estudadas, mais adiante, na Parte 3 deste Manual, na interdisciplina-
ridade com Arte.
sugestões para a avaliaçãO da atividade de pré- 
-leitura
Em grupos formados sob a sua orientação, professor, oralmente, 
ajude-os a fazer a seguinte avaliação: 
• Todos participaram ativamente da atividade? 
• Seguiram as orientações apresentadas antes da atividade?
• O que aprenderam com os colegas e o professor?
• Gostaram ou não da atividade?
• Têm alguma sugestão para a realização de outras atividades 
orais?
Baseando-se nas respostas, peça que redijam um texto de ava-
liação da atividade para ser compartilhado com a turma, de acordo 
com a sua orientação.
FruindO das simpatias pOéticas
Antes da leitura dos alunos, seria interessante que você, profes-
sor, escolhesse algumas simpatias para ler para a turma. A sua leitura 
29
expressiva vai permitir que eles se sintam também motivados e apre-
ciem os temas sugeridos, os jogos de palavras, os efeitos sonoros e 
outros recursos que são característicos desses textos: “simpatias poé-
ticas”. 
Estabeleça um prazo para que todos leiam individualmente a 
obra e agende um dia para realizar as atividades de leitura comparti-
lhada, que serão feitas após a leitura.
Oriente a turma a fazer a primeira leitura sem interrupção para 
consultar o dicionário, buscando inferir o sentido das palavras desco-
nhecidas pelo contexto.
mediandO a pós-leitura
Professor, após a leitura da obra, incentive a participação de to-
dos os alunos nas discussões pós-leitura, criando situaçõespara que 
os mais tímidos se expressem. Tal como feito na pré-leitura, mante-
nha os combinados para que a discussão flua bem. Peça que:
• se inscrevam para falar, de acordo com a sua orientação;
• aguardem o momento de expor as ideias e opinar; de acordo 
com a inscrição;
• ouçam com atenção os colegas e respeitem as opiniões 
contrárias;
• evitem fugir do assunto;
• sejam claros e objetivos ao expressar ideias, opiniões, argu-
mentos; 
• usem linguagem e tom de voz adequados à situação formal.
as primeiras impressões
Peça que os alunos compartilhem quais foram os sentimentos, 
sensações e impressões ao ler o Livro das simpatias. Pergunte se gos-
taram ou não e por quê.
OrganizandO um glOssáriO
Solicite então que organizem um glossário, explicando que desse 
modo podem melhorar a compreensão global do texto lido. Eles devem:
30
• organizar uma lista de palavras e expressões que ainda não 
fazem parte do vocabulário deles;
• consultar dicionários ou pesquisar em livros, internet e enci-
clopédias as palavras/expressões desconhecidas e registrar 
o sentido em que foram empregadas no texto;
• colocá-las em ordem alfabética e organizar um glossário do 
Livro das simpatias. 
cOnFirmaçãO de hipóteses
Verifique com os alunos se as hipóteses levantadas nas atividades 
de pré-leitura foram confirmadas. Quais? Peça que expliquem.
Apresente novamente o verbete simpatia e questione-os: com 
qual dessas acepções o livro dialoga? Certamente, a turma percebeu 
que o Livro das simpatias recria, de forma ficcional, os rituais usados 
para realizar desejos, prevenir ou curar uma enfermidade ou mal-es-
tar, de forma lúdica e poética. Ou seja, o sentido, nesse caso, é o da 
acepção 10.
aspectOs da Obra
Tema
Peça que identifiquem o tema, a ideia central, da obra, ajudando-
-os a concluir que é a necessidade do ser humano de buscar soluções 
mágicas para resolver seus problemas e realizar desejos inalcançá-
veis; e sua capacidade de sonhar, imaginar, fantasiar.
Questione-os se a hipótese que levantaram em relação a gê-
nero literário ou não literário se confirmou após a leitura do livro e 
peça que apresentem argumentos para justificar a resposta. O livro 
apresenta textos literários, porque cria simpatias poéticas, ficcionais; 
brinca com a imaginação dos leitores, emprega palavras fora de seu 
sentido usual (linguagem figurada), entre outros. Espera-se também 
que o aluno perceba que, por se tratar de um texto literário, o autor 
criou um narrador (em 3ª pessoa) para narrar os fatos ficcionais.
31
Gênero
Questione se os alunos compreendem a diferença entre poesia 
e poema, a fim de ajudá-los a aprofundar e ampliar o conceito de 
poesia. É muito comum os alunos ainda associarem poesia ao gê-
nero poema sonoro, que é construído em versos, estrofes, e com o 
emprego de rimas, exploração do ritmo e da sonoridade das palavras. 
Estimule-os a perceber que, enquanto poema é forma, poesia é a lin-
guagem e que, portanto, pode estar presente, por exemplo, em um 
poema visual, em uma canção, em uma publicidade; em outros gê-
neros literários, em diferentes manifestações artísticas que despertam 
a percepção do belo, emocionam, revelam um aspecto inusitado da 
realidade. A poesia está presente também nas brincadeiras, nos rituais 
da cultura popular, nas cantigas, nas artes plásticas, nos espetáculos 
teatrais e de dança, nas manifestações religiosas etc.
Durante essa discussão, peça que exemplifiquem a presença de 
poesia em livros que leram, em obras de arte que apreciam. Então, 
questione-os se os textos do Livro das simpatias são escritos em ver-
so ou em prosa e pergunte que elementos poéticos ele apresenta. 
Leve-os a inferir que os textos são escritos em prosa poética: narram 
situações absurdas, inusitadas (nonsense) empregando elementos 
poéticos como recriação da linguagem, fantasia, brincadeiras com os 
sentidos e sonoridade das palavras. 
Interrogue-os a respeito dos sentimentos e sensações expe-
rimentadas ao ler o livro, justificando. O Livro das simpatias tem o 
objetivo de entreter, encantar e sensibilizar o leitor. Pergunte se o lei-
tor conseguiu alcançar essa finalidade. Pergunte-lhes também que 
adjetivos usariam para caracterizar as simpatias lidas. Elas são inusi-
tadas, incomuns, ficcionais, irreais, diferentes, estranhas, engraçadas, 
misteriosas, surreais e outras desses campos semânticos. Comente 
com os alunos que uma das funções da arte é mobilizar a fantasia, a 
imaginação, a invenção. Por isso, em geral (ao contrário da Ciência), 
não tem compromisso com a realidade.
Se achar conveniente, apresente-lhes ainda os seguintes ques-
tionamentos: 
• Identificaram-se com quais simpatias? Por quê?
• Consideram que o texto literário cumpre um papel impor-
tante na vida de jovens leitores, quando apresentam ele-
mentos fantásticos, fantasia e imaginação?
32
Intertextualidade
Os alunos já apreenderam o conceito de intertextualidade nas 
séries anteriores, mas é interessante relembrar que esse recurso con-
siste em retomar um texto original, mantendo ou alterando o seu 
sentido, fazendo citação ou alusão a ele. 
Ajude-os a perceber que o autor de Livro das simpatias dialoga 
com o gênero textual simpatia (que apresenta o passo a passo para se 
realizar um determinado ritual, feito com o objetivo de prevenir, curar 
uma enfermidade ou mal-estar, espantar algo indesejado etc.).
Peça que releiam as páginas 57-58, para verem exemplos que o 
próprio autor cita, de algumas simpatias “originais”, e suas instruções 
ou rituais a serem seguidos:
Por exemplo: 
• Colocar uma tesoura aberta embaixo do travesseiro na hora 
de dormir é um santo remédio para afastar pesadelos. 
• Quem sofre de reumatismo pode encontrar alívio para suas 
dores andando sempre com uma batatinha inglesa no bolso, 
ou pendurada no pescoço, até que ela seque. 
• Se o problema é a chuva forte, que pode estragar o progra-
ma do dia seguinte, o jeito é pegar um ovo e deixá-lo pendu-
rado do lado de fora da janela, de preferência dentro de um 
pé de meia, oferecendo-o à Santa Clara. 
• Dizem que outra boa simpatia para abrandar temporais e fu-
racões é colocar um ovo de galinha no toco de uma árvore 
– ou numa cerca de madeira, perto de casa – e acender uma 
vela para Santa Bárbara. 
• E para que nunca falte dinheiro em casa, o melhor é deixar 
algumas moedas dentro da caixa de alfinetes. Mesmo que, 
hoje em dia, já não existam mais caixas de alfinete...
Peça que localizem e leiam no texto outras simpatias feitas atra-
vés de rezas que acompanhavam os rituais de benzedura (feitas por 
benzedeiras e rezadeiras como Sinhá Alzira, citada pelo autor):
a. Para curar a doença chamada “quebranto”.
b. “Com dois puseram, com três eu tiro. Com as três pessoas 
da Santíssima Trindade, que quebra quebranto e mau-
-olhado. Tiro, retiro, suspiro e trespiro! Eu mando esse 
33
mal que vai ser puxado... pras ondas do mar, pra nunca 
mais voltar.”
c. Para curar a doença chamada “espinhela caída”.
d. “Barquinho de Santa Maria, navega no mar sem emborcar. 
Levanta a sua espinhela, põe tudo no seu lugar”.
e. Para curar a doença chamada “erisipela”.
“Ezipa, erisipela, deu no tutano. Do tutano deu no osso, 
do osso deu na carne, da carne deu na pele, da pele vai 
pras ondas do mar sagrado. Com o poder de Deus e da 
Virgem Maria, esse menino vai ser curado, com a ponta 
do meu cajado! Amém!”.
Peça que localizem/leiam a simpatia de “que o autor mais gosta-
va” e expliquem com as próprias palavras como ela era feita. Trata-se 
da simpatia da reza da carne quebrada: 
“O que é que eu cosi? Não sei, não vi. Mas assim mesmo 
eu coso, osso rendido, nervo magoado, veia sentida, 
carne quebrada. Assim mesmo eu coso, assim mesmo 
remendo, essa dor costurada, em louvor do bendito 
São Frutuoso”. 
Era feita enquanto se costurava um pedaço de pano, com agulha 
e linha, em volta do tornozelo da pessoa doente.
Segundo o texto, peçaque expliquem o significado de quebran-
to ou mau-olhado (doença que causava moleza, cansaço, abatimen-
to, sono e irritação), espinhela caída (dor na região do tórax), erisipela 
(doença infecciosa, que provocava inflamação da pele), carne que-
brada (dor muscular provocada por ferimentos internos; contusões 
etc.). 
Questione-os ainda: que outros gêneros textuais foram recria-
dos ou citados na obra. Nesse momento, após ouvir todos os alunos, 
caso necessário, explique que o autor dialoga com: o enredo e perso-
nagens de alguns contos maravilhosos; receita culinária, provérbios, 
versos de poetas como Mario Quintana, prosadores como Osman 
Lins etc.
34
Relembre: A intertextualidade é um recurso muito empregado 
na criação literária para homenagear outro autor, valorizar outro 
gênero, criticar uma obra, criar efeitos humorísticos, entre outros.
Pergunte com qual objetivo o autor e o ilustrador empregaram o 
recurso da intertextualidade na construção de seus textos: verbal e não 
verbal (multimodal). Leve-os a perceber que tanto o autor quanto o ilus-
trador buscaram valorizar a cultura popular de forma poética e lúdica. 
Demais recursos estilísticos
Professor, é importante também que os alunos compreendam 
os demais recursos estilísticos empregados por Antonio Barreto para 
escrever a obra. Peça que reflitam sobre quem é o narrador do texto 
(3ª pessoa), que recursos são usados para gerar humor (personifica-
ção, por exemplo), narrar coisas absurdas ou inusitadas (nonsense e 
paradoxo), possibilitar uma reflexão filosófica (metáforas). 
Peça então que eles se reúnam em pequenos grupos, elejam 
com que simpatia querem trabalhar, façam uma pesquisa sobre as fi-
guras de linguagem e identifiquem ao longo da obra quais são usadas 
e os efeitos de sentido que elas geram no leitor. Após, peça que cada 
grupo apresente oralmente a sua análise.
sugestões para a avaliaçãO da atividade de pós-
-leitura
Em grupos formados sob a sua orientação, de forma oral, ajude-
-os a fazer a seguinte avaliação: 
• Todos participaram ativamente da atividade? 
• Seguiram as orientações apresentadas antes da atividade?
• O que aprenderam com os colegas e o professor?
• Gostaram ou não da atividade?
• Têm alguma sugestão para a realização de outras atividades 
orais?
Baseando-se nas respostas, peça que redijam um texto de ava-
liação da atividade para ser compartilhado com a turma, de acordo 
com sua orientação.
35
habilidades aciOnadas nas atividades prOpOstas
cOnteÚdOs – 8º e 9º anOs
CAMPO DE ATUAÇÃO
Campo artístico-literário.
Campo jornalístico-midiático.
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Leitura/escuta (compartilhada e autônoma/leitura expressiva).
Produção de textos verbais, não verbais e multimodais.
Oralidade.
OBJETOS DE CONHECIMENTO
Reconstrução das condições de produção e recepção de textos.
Estratégias de leitura. 
Formação do leitor literário.
Participação em discussões orais de temas controversos de interesse da 
turma ou de relevância social.
HABILIDADES 
(EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de 
diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses tex-
tos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, socieda-
des e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de 
sua produção.
(EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes 
a gêneros como quarta-capa, programa (de teatro, dança, exposição etc.), 
sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog cultural etc., para se-
lecionar obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, 
exposições, espetáculos, CDs, DVDs etc.), diferenciando as sequências 
descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a 
escolha do livro ou produção cultural e consultando-os no momento de 
fazer escolhas, quando for o caso.
36
(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recep-
ção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clu-
bes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de 
apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, 
saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de 
cinéfilos, de música etc.), entre outros, tecendo, quando possível, comen-
tários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escre-
vendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizan-
do formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts 
culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, 
fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, 
vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de 
manifestação da cultura de fãs.
(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textua-
lização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, 
composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da 
situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circu-
lação do texto, as finalidades etc. – e considerando a imaginação, a estesia 
e a verossimilhança próprias ao texto literário.
(EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos – como contos de 
amor, de humor, de suspense, de terror; crônicas líricas, humorísticas, crí-
ticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com 
o professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de 
enigma, narrativas de aventura, literatura infanto juvenil, – contar/recontar 
histórias tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de 
animais, contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) 
quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e inter-
pretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que 
respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela 
pontuação quanto por outros recursos gráfico-editoriais, como negritos, 
itálicos, caixa-alta, ilustrações etc., gravando essa leitura ou esse conto/
reconto, seja para análise posterior, seja para produção de audiobooks de 
textos literários diversos ou de podcasts de leituras dramáticas com ou sem 
efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de forma livre 
quanto de forma fixa (como quadras, sonetos, liras, haicais etc.), empre-
gando os recursos linguísticos, paralinguísticos e cinésicos necessários aos 
efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de 
pausas e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais 
recursos de gestualidade e pantomima que convenham ao gênero poético 
e à situação de compartilhamento em questão.
(EF69LP13) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns 
relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da turma 
e/ou de relevância social.
(EF69LP14) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos colegas e 
dos professores, tema/questão polêmica, explicações e ou argumentos re-
lativos ao objeto de discussão para análise mais minuciosa e buscar em 
fontes diversas informações ou dados que permitam analisar partes da 
questão e compartilhá-los com a turma.
(EF69LP15) Apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, res-
peitando os turnos de fala, na participação em discussões sobre temas 
controversos e/ou polêmicos.
37
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Todos os campos de atuação.
Campo artístico-literário.
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Leitura.
Produção de textos verbais, não verbais e multimodais.
Análise linguística/semiótica.
OBJETOS DE CONHECIMENTO
Estratégias de leitura / Apreciação e réplica / Formação do leitor literário.
Relação entre textos.
Figuras de linguagem.
HABILIDADES
(EF89LP32) Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanis-
mos de intertextualidade (referências, alusões, retomadas) entre os textos 
literários, entre esses textosliterários e outras manifestações artísticas (ci-
nema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, perso-
nagens, estilos, autores etc., e entre o texto original e paródias, paráfrases, 
pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros.
(EF89LP33) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando 
procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos 
e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, 
contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances 
juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de fic-
ção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como 
haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avalia-
ção sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, 
autores.
(EF89LP37) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem 
como ironia, eufemismo, antítese, aliteração, assonância, entre outras.
 
38
a impOrtância dO trabalhO interdisciplinar 
partindO dO textO literáriO
Caro professor,
Ler literatura é ler o mundo através de uma lente que amplifica o 
olhar, uma vez que trata de registros de experiência humana que pro-
porciona o acesso a outras vivências. Essa compreensão nos permite 
adotar a arte literária como um rico e poderoso objeto no contexto da 
interdisciplinaridade, pois esta permite estabelecer um diálogo com 
diversos campos de saber e compreender as conexões e complexida-
des das relações inteligíveis. Pensando a partir desse contexto, ao pla-
nejar o trabalho pedagógico de uma obra literária, devemos construir, 
de modo intencional e significativo, articulações entre as orientações, 
competências e habilidades das diferentes unidades temáticas, obje-
tos do conhecimento nas diversas áreas, conforme a BNCC.
Como ressaltamos anteriormente, o Livro das simpatias é indica-
do para a fruição e o “prazer de ler” de leitores, especialmente aqueles 
que se encontram no 8º. e 9º anos do Ensino Fundamental. Para além 
desse objetivo primordial, é possível organizar, de forma pedagógica 
e escolar, um trabalho entre a obra e os demais componentes cur-
riculares, propondo aos educandos atividades interdisciplinares que 
estimulem neles, com base na obra, a busca por outros conhecimen-
tos.
Abrir-se para a abordagem de um trabalho interdisciplinar é 
apostar em um planejamento dinâmico, integrador e coletivo. Sabe-
mos das dificuldades, no contexto da escola, de se organizar para 
essa coletividade, tanto para integrar as diferentes competências e 
habilidades como para efetivar o trabalho dentro de uma metodo-
logia sistêmica, em que os objetos se articulam e se complementam 
construindo sentido. No entanto, como enfatiza a BNCC, é preciso 
“decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componen-
tes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes 
escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e cola-
A MAgIA DA INTERDIScIPLINARIDADE3
39
borativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem” (BRASIL, 
2017, p. 16).
Essas discussões sobre o trabalho coletivo entre os grupos de 
professores a partir da temática e elementos de uma obra literária 
atende à proposta metodológica evidenciada nos últimos documen-
tos que norteiam a educação no Brasil, como a Lei de Diretrizes e Base 
(LDB), os Parâmetros Curriculares da Educação Nacional e a BNCC.
O que é interdisciplinaridade?
O conceito de interdisciplinaridade surgiu na década de 
1960, para acatar as demandas que não encontravam resposta 
por uma única disciplina ou saber. Trata-se de um trabalho em 
conjunto, que parta de uma questão, objeto de conhecimento 
ou, conforme a intenção deste Manual, da leitura do livro literário 
que faça advir discussões, questionamentos e reflexões em cada 
campo de saber.
A interdisciplinaridade não se constitui como uma soma frag-
mentada de atividades nas diferentes áreas de conhecimento. Ela é, 
na verdade, o resultado da integração dos saberes em um trabalho 
coletivo, que se desenvolve com base em um tema estabelecendo-se 
conexões nas intervenções propostas.
Em momentos coletivos de planejamento pedagógico, os pro-
fessores de cada componente curricular podem contribuir para as 
orientações e formulações das atividades interdisciplinares, de forma 
a criar uma rede articulada entre as diversas áreas do conhecimento 
prevista para o processo de ensino-aprendizagem na educação es-
colar. Essa abordagem interdisciplinar está em consonância com a 
BNCC, quando “propõe a superação da fragmentação radicalmente 
disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, 
a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o 
protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção 
de seu projeto de vida”.
Apresentamos, portanto, nesta Parte 3 do Manual, várias ativi-
dades que visam potencializar o domínio da fruição leitora das “sim-
patias poéticas” de Antonio Barreto. Oferecemos propostas de ativi-
dades que você pode desenvolver em sala de forma que seus alunos 
– além do prazer de ler – avancem, progridam ou retomem conhe-
40
cimentos paralelos e transversais pertinentes a essas duas séries fi-
nais do Ensino Fundamental. E, desse modo, possam reconhecer a 
importância dessa obra no contexto do nosso “imaginário” cultural e 
regional brasileiro. 
Bom ensino! Bom aprendizado! Bom trabalho!
prOpOstas de atividades
arte
Professor, o Livro das Simpatias apresenta uma série de aborda-
gens propícias ao trabalho interdisciplinar com Arte. 
As ilustrações, iluminuras, letras capitulares e vinhetas do desig-
ner Guili Seara – com intervenções sobre ilustrações do século XIX 
(Romantismo), de autoria dos desenhistas Thiebault, H. Emy e Coste 
(1898) – fazem parte do contexto “imagético-cultural” e literário da 
obra. Essas imagens estão tão imbricadas, interligadas e conectadas 
ao texto que fica difícil separar uma coisa de outra. 
O Livro das simpatias é, portanto, um texto multimodal, pois nele 
são empregadas a linguagem verbal (as simpatias poéticas) e a lingua-
gem não verbal ou imagética (que são as ilustrações).
Como preconiza a BNCC (BRASIL, 2017, p. 203):
No Ensino Fundamental – Anos Finais, é preciso asse-
gurar aos alunos a ampliação de suas interações com 
manifestações artísticas e culturais nacionais e interna-
cionais, de diferentes épocas e contextos. Essas práti-
cas podem ocupar os mais diversos espaços da escola, 
espraiando-se para o seu entorno e favorecendo as re-
lações com a comunidade.
Além disso, o diferencial dessa fase está na maior sis-
tematização dos conhecimentos e na proposição de 
experiências mais diversificadas em relação a cada lin-
guagem, considerando as culturas juvenis.
Desse modo, espera-se que o componente Arte con-
tribua com o aprofundamento das aprendizagens nas 
diferentes linguagens – e no diálogo entre elas e com 
as outras áreas do conhecimento –, com vistas a possi-
41
bilitar aos estudantes maior autonomia nas experiências 
e vivências artísticas.
Tal como feito na atividade de pós-leitura pelo professor de Lín-
gua Portuguesa, na aula de Arte, você, professor, pode abrir a dis-
cussão do livro para promover também a compreensão das imagens. 
Desse modo, os alunos serão estimulados a analisar as intertextua-
lidades presentes na obra, os recursos de intervenção, colagem e 
fotomontagem, o uso de iluminuras ou vinhetas, o diálogo com o 
Surrealismo (textos 6 e 7) e o Romantismo (texto 7).
Após esse momento de compreensão das imagens, que deve es-
tar aliada ao texto verbal, você, professor, pode estimular nos alunos 
diversas produções, sempre apoiadas no Livro das simpatias e no que 
os demais componentes curriculares podem trazer de contribuição. 
Um exemplo é estimular alguma produção que esteja vinculada às 
manifestações folclóricas e da tradição popular que podemser ex-
ploradas na Geografia, ou que tenha relação com as reflexões que 
podem ser suscitadas ao se trabalhar a obra no Ensino Religioso.
A atemporalidade das manifestações culturais/folclóricas, como 
é o caso da simpatia, pode ser explorada em uma situação artística 
que tem uma gênese, podendo-se dar vida a um mito por meio da 
imagem. Explore essa ideia com seus alunos, professor.
Por fim, promova entre os alunos um momento de avaliação 
do que foi vivenciado e aprendido em sala de aula. Sugerimos uma 
atividade em grupo em que os alunos possam retomar o percurso 
de aprendizagem e avaliar o que foi bom e o que não foi, como foi 
seu engajamento e se têm alguma sugestão. Desse modo, também 
nesse momento, estimulamos o protagonismo juvenil. Após, pode-se 
propor que as produções feitas sejam divulgadas para toda a comu-
nidade escolar, em mural ou varal, podendo-se também fazer uso da 
fotografia e do vídeo para divulgação no blog da turma ou da escola, 
bem como nas redes sociais.
42
habilidades que pOdem ser aciOnadas 
cOm base nO trabalhO cOm a Obra
UNIDADES TEMÁTICAS
ARTES vISUAIS – OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES
CONTEXTOS E PRáTICAS
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar 
formas distintas das artes visuais tradicio-
nais e contemporâneas, em obras de artis-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes 
épocas e em diferentes matrizes estéticas 
e culturais, de modo a ampliar a experiên-
cia com diferentes contextos e práticas 
artístico-visuais e cultivar a percepção, o 
imaginário, a capacidade de simbolizar e o 
repertório imagético.
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferen-
tes estilos visuais, contextualizando-os no 
tempo e no espaço.
(EF69AR03) Analisar situações nas quais as 
linguagens das artes visuais se integram às 
linguagens audiovisuais (cinema, anima-
ções, vídeos etc.), gráficas (capas de livros, 
ilustrações de textos diversos etc.), ceno-
gráficas, coreográficas, musicais etc.
ELEMENTOS DA LINGUAGEM
(EF69AR04) Analisar os elementos consti-
tutivos das artes visuais (ponto, linha, for-
ma, direção, cor, tom, escala, dimensão, 
espaço, movimento etc.) na apreciação de 
diferentes produções artísticas.
MATERIALIDADES
(EF69AR05) Experimentar e analisar dife-
rentes formas de expressão artística (dese-
nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra-
dura, escultura, modelagem, instalação, 
vídeo, fotografia, performance etc.).
PROCESSOS DE CRIAçãO
(EF69AR06) Desenvolver processos de 
criação em artes visuais, com base em te-
mas ou interesses artísticos, de modo in-
dividual, coletivo e colaborativo, fazendo 
uso de materiais, instrumentos e recursos 
convencionais, alternativos e digitais.
(EF69AR07) Dialogar com princípios con-
ceituais, proposições temáticas, repertó-
rios imagéticos e processos de criação nas 
suas produções visuais.
SISTEMAS DA LINGUAGEM
(EF69AR08) Diferenciar as categorias de 
artista, artesão, produtor cultural, curador, 
designer, entre outras, estabelecendo rela-
ções entre os profissionais do sistema das 
artes visuais.
43
língua inglesa
Professor, a obra também pode promover diversos conhecimen-
tos de Língua Inglesa para os alunos. Para tanto, sugerimos um traba-
lho em conjunto com os professores de História e de Artes/Educação 
Artística. A seguir estão uma proposição para o 8º Ano e outra para 
o 9º.
8° Ano – Atividade: New Magic Spells
A atividade New Magic Spells consiste na criação, por parte dos 
alunos, de novas “simpatias”. O objetivo é fazer com que, através de 
uma atividade lúdica, aconteça o aprendizado de novo vocabulário, a 
interação oral com colegas e o uso da imaginação e criatividade. Os 
alunos deverão ser divididos em grupos ou pares e cada grupo/par vai 
sortear uma situação e 5 elementos que deverão estar presentes na 
“simpatia” ou “receita de feitiço” que eles vão inventar. A criatividade 
deverá ser altamente estimulada pelo professor de Língua Inglesa e, 
se for o caso, pelo professor de Artes/Educação Artística também.
Material necessário:
- pequenos cartões de papel-cartão ou cartolina, confecciona-
dos antecipadamente pelo professor:
- deverão ser confeccionados 10 cartões (cartões de Spell), no 
tamanho 10cm x 5cm, com as seguintes situações:
• To find a diamond;
• To frighten ghosts;
• To make you run faster;
• To talk to a fairy;
• To transform vegetables into chocolate;
• To hear your friends’s thoughts;
• To make my bedroom organize itself;
• To make your team win the Championship;
• To travel in time;
• To become famous.
- deverão ser confeccionados 50 cartões de elementos, no ta-
manho 5cm x 5cm, com os seguintes elementos (se possível nome e 
imagem):
44
a pair of socks coffee powder a hair pin an old pen
a piece of pink 
paper
a bottle cap
one orange 
seed
water
a piece of 
fingernail
a yellow feather glue
a piece of 
cotton
tea a ruler a white crayon an earring
a rose petal a broom a toothpick a paper napkin
a round rock an eraser a card a pillow
an empty soda 
can
a rubber band honey salt
a handkerchief
a teaspoon of 
sand
a green button hairspray
a leaf
an empty milk 
carton
an old 
toothbrush
a paper clip
a coin deodorant a scarf a hat
 a popsicle a chewing gum sunglasses a tie
 a pair of 
sneakers
a lipstick a dictionary a sharpener
 a bandaid a stick
- listagem, a ser entregue a todos os alunos, de novo vocabulário 
que será utilizado na atividade;
- dicionário bilíngue;
- folhas de papel A4;
- materiais diversos (de acordo com projetos dos alunos).
Duração: 
- Trabalho com novo vocabulário: aproximadamente 30 minutos.
45
- Preparo: mínimo de 1 hora.
- Apresentação: aproximadamente 5 minutos por grupo/par.
9º ano – Atividade: Folklore around the world
A atividade Folklore around the world consiste na pesquisa, por 
parte dos alunos, de elementos do folclore de diferentes países. Os 
alunos deverão ser divididos em pares ou grupos. Cada par ou gru-
po sorteará um país, sobre o qual deverá pesquisar, para encontrar 
elementos do seu folclore. Depois de concluídas a pesquisa e a con-
fecção do texto, os alunos apresentarão seu trabalho para a turma. 
Devem ser incentivados os usos de elementos tais como fotos, rou-
pas e música. Alguns folclores sugeridos são: Arab, Canadian, Korean, 
Czech, Indian, American, Colombian, Turkish, Australian, Mexican.
Material necessário:
- material para pesquisa (físico e/ou on-line);
- dicionário bilíngue;
- folhas de papel A4;
- materiais diversos (de acordo com projetos dos alunos).
Duração: 
- Preparo: mínimo de 1 hora.
- Apresentação: aproximadamente 10 minutos por grupo/par.
46
habilidades que pOdem ser aciOnadas cOm base nO 
trabalhO cOm a Obra
8º ANO
UNIDADES 
TEMÁTICAS
OBJETOS DE CO-
NHECIMENTO
HABILIDADES
PRODUçãO 
ORAL
Produção de 
textos orais com 
autonomia
(EF08LI04) Utilizar recursos e reper-
tório linguísticos apropriados para 
informar/comunicar/falar do futuro: 
planos, possibilidades e probabilida-
des.
PRáTICAS DE 
ESCRITA
Produção de 
textos escritos 
com mediação do 
professor/colegas
(EF08LI11) Produzir texto (comen-
tários em fóruns, relatos pessoais, 
mensagens instantâneas, tweets, re-
portagens, histórias de ficção, blo-
gues, entre outros), com o uso de 
estratégias de escrita (planejamen-
to, produção de rascunho, revisão 
e edição final), apontando sonhos e 
projetos para o futuro (pessoal, da fa-
mília, da comunidade ou do planeta).
GRAMáTICA
Comparativos e 
superlativos
(EF08LI15) Utilizar, de modo inteli-
gível, as formas comparativas e su-
perlativas de adjetivos para comparar 
qualidades e quantidades.
GRAMáTICA Quantificadores
(EF08LI16) Utilizar, de modo inteligí-
vel, corretamente some, any, many, 
much.
GRAMáTICA
Pronomes 
relativos
(EF08LI16) Empregar, de modo inte-
ligível, os pronomes relativos (who, 
which, that, whose) para construir 
períodos compostos por subordina-
ção.
GRAMáTICA
Verbos para 
indicar o futuro
(EF08LI14) Utilizar formas verbais do 
futuro para descrever

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