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@resumosdamed_ 1 DORES DISFUNCIONAIS – FIBROMIALGIA CLASSIFICAR A DOR DISFUNCIONAL: PRESENTE NA FIBROMIALGIA, SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL, MIGRÂNIA, ENTRE OUTRAS. A dor disfuncional representa aqueles pacientes com condições de dor crônica, muitas vezes disseminadas como fibromialgia, onde não há estímulo nocivo, nenhuma inflamação detectável e nenhum dano estrutural ao sistema nervoso ou qualquer outro tecido, e parece resultar de amplificação anormal da dor no SNC. → é uma dor abundante. Normalmente no corpo todo. A síndrome da fibromialgia (FM) é uma síndrome dolorosa crônica comum na população em geral. Não apresenta qualquer processo inflamatório, distrófico ou degenerativo, e é considerada como conseqüente a disfunções neurofisiológicas envolvendo, principalmente, o sistema nervoso central (SNC). A síndrome do cólon irritável (SCI) é considerada como uma entidade disfuncional visceral, caracterizada por fenômenos motores do trânsito gastrointestinal, possivelmente relacionados a alterações neurofisiológicas nas mesmas vias do SNC. Pacientes com síndromes de dor disfuncional podem ser identificados por sintomas como dor, ansiedade e depressão, fadiga e outros sintomas como dificuldade na concentração, necessidade de ajuda com atividades rotineiras, sensibilidade à luz, problemas de pele, diarreia/constipação. CARACTERIZAR FIBROMIALGIA, EXPLICANDO SUA FISIOPATOLOGIA, QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. A fibromialgia (FM) caracteriza-se por dor e sensibilidade musculoesqueléticas crônicas generalizadas. Embora a FM seja definida principalmente como uma si ́ndrome dolorosa, os pacientes tambe ́m se queixam comumente de sintomas neuropsicológicos associados de fadiga, sono não restaurador, disfunção cognitiva, ansiedade e depressão. Os pacientes com FM apresentam uma prevalência aumentada de outras síndrome associadas com dor e fadiga, incluindo síndrome de fadiga crônica distúrbio temporomandibular, cefaleias crônicas, síndrome do intestino irritável, cistite intersticial/síndrome da bexiga dolorosa e outras síndromes de dor pélvica. As evidências disponíveis apontam o sistema nervoso central como essencial na manutenção da dor e de outros sintomas centrais de FM e de condic ̧ões correlacionadas. A presença de FM está associada a consequências negativas substanciais para o funcionamento físico e social. EPIDEMIOLOGIA Em ambientes clínicos, o diagnóstico de FM é estabelecido em cerca de 2% da população e é muito mais comum em mulheres do que em homens, com uma razão de cerca de 9:1. Todavia, em levantamentos populacionais de âmbito mundial, a taxa de prevalência é de cerca de 2 a 5%, com uma razão mulheres:homens de apenas 2-3:1 e com alguma variabilidade, dependendo do método empregado. Os dados de prevalência assemelham-se entre classes socioeconômicas. Fatores culturais podem atuar determinando se um paciente com sintomas de FM procurará assistência médica; entretanto, mesmo em culturas nas quais não se espera que o ganho secundário possa desempenhar um papel significativo, a prevalência da FM permanece nessa faixa. FISIOPATOLOGIA Alguns mecanismos fisiopatológicos da fibromialgia são postulados. Dentre os mais importantes, está a sensibilização central. Portadores de fibromialgia estão em um estado de centralização da dor, o que significa que eles @resumosdamed_ 2 sentem mais dor do que o esperado para certo estímulo nociceptivo. Algumas alterações do sistema nervoso central interpretam esse estímulo como sensações desagradáveis e os traduzem em dor, além de amplificá- los. As fibras da dor (fibras C desmielinizadas) são estimuladas repetida, rápida e prolongadamente – em um somatório temporal dos impulsos neurais. Isso amplifica os potenciais de ação nos neurônios do corno posterior da medula. E essa hiperestimulação causa despolarização dos receptores N- metil-D-aspartado (NMDA), gerando alterações da transcrição que afetam o processamento da dor. Além disso, há uma inibição das vias descendentes inibitórias da dor. Essas vias modulam a resposta medular aos estímulos dolorosos e estão prejudicadas em portadores de fibromialgia, o que potencializa a sensibilização central. Os níveis de neurotransimissores estão implicados na percepção da dor pelo indivíduo, facilitando ou dificultando a transmissão do estímulo. Esses transmissores também controlam o sono, humor, memória e atenção, e por isso pacientes com fibromialgia muito frequentemente também apresentam alterações do padrão do sono, humor, da memória e da atenção, como veremos adiante nas manifestações clínicas. Além da sensibilização central, na fibromialgia, há alterações musculares. Foram observadas, por técnicas de imunohistoquímica, atrofia muscular de fibras tipo II, bem como fibras reticulares, maior quantidade de lipídeos e de mitocôndrias. Essas alterações são secundárias à redução da microcirculação local, causando hipóxia e reduzindo a energia disponível. Como, na contração, há maior necessidade de oxigênio, isso acaba causando hipóxias focais cronicamente. Esse processo ativa os receptores adenosina A2, sensibilizando fibras nervosas não-mielinizadas. Além disso, há desregulação vascular, aumento de substância P nos músculos, de interleucina-1 (IL-1) no tecido cutâneo e fragmentação do DNA de fibras musculares. Todos esses processos parecem estar implicados também na fisiopatologia da fibromialgia. Na fibromialgia, há também importantes alterações neuro-hormonais e autonômicas. A cronicidade da dor e alterações nos mecanismos nociceptivos no SNC geram uma hipersecreção do hormônio ACTH (adrenocorticotropico). Essa hipersecreção ocasiona uma resposta sustentada ao estresse pelo eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HHS). Estudos mostram aumento dos níveis de ACTH em nível basal e em estresse, além de níveis elevados de cortisol – particularmente no fim do dia – e de ciclo cicardiano interrompido. Altos níveis de ACTH aumentam os níveis do hormônio somatostatina, que, por sua vez, inibe o GH. Este hormônio também é produzido na fase IV do sono, fase esta que é interrompida nos pacientes fibromiálgicos. Logo, os níveis de GH nesses indivíduos é reduzido, particularmente durante o sono. Alterações na frequência cardíaca de repouso, diminuição da variabilidade desta ao longo do dia e hipotensão ortostática sugerem uma hiperreatividade persistente no sistema nervoso autônomo (SNA) em pacientes com fibromialgia. Um aumento do tônus simpático durante o sono foi sugerido como possível explicação para a fragmentação do sono, além de pode explicar fadiga, rigidez matinal, distúrbios do sono, ansiedade e irritabilidade nesses pacientes. Com relação às alterações do sono, um aspecto importante do sono desses indivíduos é a presença de sono alfa-delta. • O sono não-REM possui quatro fases. À medida que essas fases progridem e o sono mais profundo é alcançado, a frequência das ondas cerebrais diminui. Na vigília com olhos fechados, as ondas possuem uma frequência entre 8Hz e 13Hz – chamadas de ondas alfa. A fase I é uma transição da vigília e, no eletroencefalograma, se associa a ondas teta (4 a 7Hz); já a fase IV é constituído majoritariamente por ondas delta (<4Hz). É a fase IV, formada pelas ondas delta, a responsável pelo sono reparador e recuperador da energia física. @resumosdamed_ 3 • Em pacientes com fibromialgia, há redução da eficiência do sono, com pequenos despertares noturnos frequentes, diminuição da duração de sono de ondas lentas e intrusão de ondas alfa nas fases do sono profundo. Esse padrão é chamado de sono alfa-delta e está presente em cerca de 90% dos pacientes. No entanto, o sono alfa-delta não é específico da fibromialgia, podendo estar presentes em outras condições e até em indivíduos normais. MANIFESTAÇÕESCL ÍNICAS Os principais sintomas da fibromialgia podem ser vistos como uma tríade que inclui: • Dor difusa crônica (bilateral, acima e abaixo do tronco e no esqueleto axial, com duração maior que 3 meses); • Fadiga; • Distúrbios do sono. A dor na fibromialgia é generalizada, de intensidade variável ao longo dos dias e de caráter migratório.Pode começar de forma localizada, tornando- se difusa posteriormente. Além disso, de 76% a 100% dos pacientes afetados têm fadiga, que geralmente piora após esforço físico, podendo inclusive tornar-se o sintoma mais incapacitante. Já os distúrbios do sono ocorrem em 55% a 80% dos portadores. O paciente geralmente apresenta exame físico normal, à exceção da presença de dor difusa. Esta pode ser identificada tanto pela contagem de pontos dolorosos, como pela palpação digital de várias regiões do corpo. A hipersensibilidade deve ser avaliada para a presença de alodinia ou hiperalgesia. Obs.: Alodinia se refere a dor a um estímulo não doloroso em situações normais; já a hiperalgesia se refere a dor extrema e desproporcional a um estímulo doloroso. O exame físico também pode auxiliar no diagnóstico diferencial de outras condições, sendo particularmente o exame articular de grande importância nesse contexto. DIAGNÓSTICO Em 1990, a American College of Rheumatology criou critérios para classificação da fibromialgia. No entanto, esses critérios foram criados com o objetivo de facilitar a condução de ensaios clínicos, não para uso na prática clínica. De qualquer forma, acabaram por ser adotados por muitos @resumosdamed_ 4 profissionais para o diagnóstico de fibromialgia. Tais critérios estão descritos abaixo: o dor difusa (bilateral, acima e abaixo do tronco, acometendo esqueleto axial, por no mínimo 3 meses); o detecção de onze pontos dolorosos à palpação (dentre 18), os chamados tender points. No entanto, essa classificação limitava a investigação da doença na medida em que não levava em consideração alterações do sono, fadiga e distúrbios cognitivos. Assim, em 2010, a American College of Rheumatology mais uma vez se reuniu e elaborou os critérios de 2010, utilizando o índice de dor generalizada (IDG) e a escala de gravidade dos sintomas (EGS). IDG Marcar as áreas em que o paciente sentiu dor nos últimos 7 dias: EGS Marcar a gravidade dos seguintes sintomas nos últimos 7 dias: • Fadiga (cansaço ao executar atividades): (0) (1) (2) (3) • Sono não reparador (acordar cansado): (0) (1) (2) (3) • Sintomas cognitivos (dificuldade de memória, concentração): (0) (1) (2) (3) Sendo que: 0 = ausente; 1 = leve ou intermitente; 2 = moderado: intensidade moderada, sintoma geralmente presente; 3 = grave: sintoma persistente, contínuo, com prejuízo da qualidade de vida e funcionalidade. Subtotal:___________ (máximo de 9) Sintomas somáticos: responder às seguintes questões Você apresentou um desses sintomas nos últimos 6 meses? o Dor abdominal: Não (0) Sim (1) o Cefaleia: Não (0) Sim (1) o Depressão: Não (0) Sim (1) Total do EGS: _____________ (máximo de 12) @resumosdamed_ 5 Total do IDG e EGS: _____________(máximo de 18 pontos) Classifica-se como fibromialgia se as 3 condições estiverem presentes: • IDG ≥ 7 e EGS ≥ 5, ou IDG 3-6 e EGS ≥ 9; • Sintomas estáveis e presentes por pelo menos 3 meses; • Não haver outra causa que explique os sintomas. A fibromialgia possui também uma ampla gama de diagnósticos diferenciais, principalmente aqueles que cursam com dor crônica. Dentre os principais, temos: osteoartrite, artrite reumatoide, espondiloartrites, hipotireoidismo, deficiência de vitamina D/osteomalácia, polimialgia reumática, miopatias inflamatórias, distrofias musculares, parkinsonismo, hipopotassemia, uso de certos medicamentos (estatinas, bloqueadores de H2) ou drogas ilícitas (cocaína, cannabis). Alguns exames complementares podem auxiliar no diagnósitco diferencial: reagentes de fase aguda (VHS e PCR), função tireoideana, avaliação do metabolismo ósseo (cálcio, paratormônio e vit. D), potássio sérico (uso de diuréticos), dosagem sérica de enzimas musculares (CPK e aldolase), eletroforese de proteínas séricas e sorologias (HCV, HBV, HIV, citomegalovírus, toxoplasmose parvovirose). Os reagentes de fase aguda estão geralmente ausentes na fibromialgia e aumentados em condições inflamatórias, como polimialgia reumática, miopatias inflamatórias e doenças articulares inflamatórias (artrite reumatoide e espondiloartrites). Lembre-se que a fibromialgia não é uma condição inflamatória, logo, provas inflamatória não estão tipicamente alteradas. Exames de autoanticorpos, como fator anti-nuclear (FAN) e fator reumatoide (FR), podem ajudar a excluir lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide – pois o FAN e o FR estão presentes na maioria dos casos dessas doenças, respectivamente, ao passo que sua positividade não é característica ou fala a favor da fibromialgia. No entanto, esses exames devem ser feitos com cautela, pois a fibromialgia pode ocorrer concomitantemente a outras doenças reumáticas. Nesse caso, a dor difusa crônica, fadiga e distúrbios do sono falam a favor da fibromialgia; lesões cutâneas, nódulos subcutâneos, acometimento pulmonar e renal – comuns no lúpus ou na artrite reumatoide – não compõem o quadro da fibromialgia. Exames hormonais tireoideanos ajudam a excluir tireoideopatia como possível causa, e exames de enzimas musculares são normais na fibromialgia – ao passo que podem estar aumentados em doenças musculares inflamatórias. Outro dado que pode auxiliar na diferenciação entre fibromialgia e polimialgia reumática é a epidemiologia: nesta, frequentemente a doença surge a partir dos 50 anos, enquanto naquela o diagnóstico é mais provável em idade mais jovem. A anamnese também pode ajudar no diagnóstico diferencial ao questionar o uso de medicamentos e de drogas – como cocaína e cannabis. TRATAMENTO: O tratamento ideal requer uma abordagem multidisciplinar, incluindo a associação de terapia farmacológica com não farmacológica (vasta sintomatologia e natureza multifatorial da sua patogênese) • A terapia farmacológica atualmente preconizada nessa síndrome inclui antidepressivos, modeladores dos canais de cálcio, relaxantes musculares e analgésicos • Tratamento não farmacológico: educação do paciente, atividade física aeróbica supervisionada e terapia cognitivo-comportamental. Corticoesteróides e anti-inflamatórios não esteroidais (AINE’s) não são recomendados para o tratamento da fibromialgia! Muitos pacientes não apresentam respostas satisfatórias ou apresentam efeitos colaterais associados ao uso de tais fármacos a longo prazo. Há grande interesse por parte dos pacientes por uma terapia alternativa e complementar, muitos médicos são questionados sobre estas formas complementares ou adjuvantes de tratamento @resumosdamed_ 6 DISCUTIR OS CONCEITOS DE HIPOCONDRIA E SOMATIZAÇÃO: Hipocondria é o quadro em que se tem um medo excessivo e não realista de ter algum sintoma ou condição de saúde que pode ameaçar sua vida e ainda não foi diagnosticado. Trata-se de uma patologia na qual a pessoa acredita que possui uma doença, geralmente séria, mesmo sem nenhuma evidência médica. O hipocondríaco tem o costume de procurar médicos e fazer exames rotineiramente, além de possuir um medo excessivo da morte. A preocupação abundante com doenças traz uma angústia constante ao hipocondríaco. Somatização é uma ação sobre o corpo (soma = corpo), ou seja, nada mais é do que a representação física do desequilíbrio psíquico e biológico do indivíduo. A palavra somatizar remete a apresentar sintomas no corpo, mas sem existir uma doença física associada ao desconforto. São problemas emocionais que causam esses sintomas. Por isso, ao realizar um exame e não diagnosticar nenhuma anormalidade,o médico deve encaminhar o paciente para um psicólogo ou psiquiatra, profissionais capazes de detectar a origem de suas dores ou reações físicas. CONCEITUAR TERAPIAS COMPLEMENTARES - ACUPUNTURA, FITOTERAPIA (CHÁS, HOMEOPATIA, HIPNOSE, ORTOMOLECULAR, ATIVIDADE FÍSICA, MASSAGEM, MEDITAÇÃO: O tratamento não farmacológico dá-se por: • Atividade física aeróbica supervisionada e terapia cognitivo- comportamental. • Medicina alternativa: acupuntura; naturopática, ayurvedica, homeopatia. • Terapias com bases biológicas: fitoterapia, suplementação dietética. • Terapias energéticas: reike, toque terapêutico, terapia magnética. • Manipulação corporal: quiropraxia, osteopatia e massagens. • Corpo e mente: meditação, relaxamento e hipnoterapia. SOBRE O TRATAMENTO DA DOR DISFUNCIONAL - RELAXANTES MUSCULARES (CICLOBENZAPRINA), ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (AMITRIPTILINA, NORTRIPTILINA): A terapia farmacológica dá-se por: • Antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina ou Nortriptilina); • Moduladores dos canais de cálcio; • Relaxantes musculares (Ciclobenzaprina) e analgésicos (opioides – Tramadol); • Inibidores seletivos da captação de serotonina (Fluoxetina em altas doses); • Neuromoduladores (Gabapentina e Pregabalina). Além disso, pode-se tratar o sono com Zopiclona e Zolpidem. REFERÊNCIAS: 1. https://www.scielo.br/j/rbr/a/XpMmjdrNzC8fFCBsDfFWxGs/?lang=pt https://www.scielo.br/j/rbr/a/XpMmjdrNzC8fFCBsDfFWxGs/?lang=pt @resumosdamed_ 7 2. https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala- aula/5daac574132ed4001119eb4b/5daac248132ed4001119eb42/d ocumento/5ea198ae7a1166001c319ca4 3. Medicina Interna de Harrison 2 volumes 20ª edição https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5daac574132ed4001119eb4b/5daac248132ed4001119eb42/documento/5ea198ae7a1166001c319ca4 https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5daac574132ed4001119eb4b/5daac248132ed4001119eb42/documento/5ea198ae7a1166001c319ca4 https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5daac574132ed4001119eb4b/5daac248132ed4001119eb42/documento/5ea198ae7a1166001c319ca4
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