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Dor | P5 Mt1 Pr5 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 1 Objetivos: 1. Esquematizar a fibromialgia (epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico); *questionário FIQ 2. Citar os diagnósticos diferenciais da fibromialgia; 3. Listar os tratamentos da fibromialgia (farmacológico e não farmacológico); 4. Diferenciar fibromialgia e síndrome miofascial; 5. Entender o quadro clínico e listar os tratamentos da síndrome miofascial (farmacológico e não farmacológico); 6. Associar os efeitos psicossociais dos pacientes com fibromialgia. Esquematizar a fibromialgia (epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico); *questionário FIQ Epidemiologia Estima-se que a proporção de pacientes relatando sintomas que satisfaçam critérios para fibromialgia varia de 2 a 22%, em variados grupos étnicos, na população adulta. Acomete preferencialmente, mas não exclusivamente, mulheres, entre 35 e 60 anos de idade. • Acomete entre 2,5 e 4,4% da população. • Pode estar presente em crianças e adolescentes, com frequência entre 1,2 e 6,2%, não havendo diferenças entre meninos e meninas e em 71% dos casos, a coincidência com fibromialgia materna. • Associada ao sedentarismo. Um estudo demonstrou uma frequência de fibromialgia de apenas 0,15% entre atletas. Etiologia Não existe consenso quanto às causas específicas e patogênese da fibromialgia, porém, é bastante evidente que a fibromialgia envolva uma complexa interação entre fatores biológico e psicossociais. Fisiopatologia O emprego de técnicas Imuno-histoquímicas demonstrou atrofia muscular de fibras tipo II, presença de fibras reticulares, edema focal, aumento do conteúdo lipídico e do número de mitocôndrias. • igual, encontradas no sedentarismo. Essas alterações são interpretadas como consequentes a redução da microcirculação local, que acarreta hipóxia das fibras musculares, que culmina com a redução do teor energético do tecido muscular. Atualmente, acredita-se haver uma interação de fatores genéticos, ambientais, neuroendócrinos e neuropsicológicos que acometem o sistema muscular, o processamento sensorial central, a regulação do sono e a função mental. Todas essas alterações parecem ser igualmente dependentes do contexto biopsicossocial do paciente. O envolvimento do sistema nervoso central é reforçado pela fadiga, pelos distúrbios de humor (depressão e ansiedade) E pelas alterações do sono encontradas na maioria dos pacientes. Alguns autores descrevem a fibromialgia, como um distúrbio do controle da intensidade sensorial, visto que muitos pacientes exibem baixos limiares, ou hipersensibilidade, não somente a dor, mas também a vários estímulos como barulho, pressão, temperatura odores e luz. A diminuição do fluxo cerebral em áreas do cérebro envolvidas no controle da dor, como tálamo, núcleo caudado e teto pontinho, pode colaborar com a percepção amplificada das sensações, sobretudo a dolorosa. Pacientes com fibromialgia apresentam diminuição dos níveis de serotonina no soro e no líquido cefalorraquidiano (LCR). Pacientes com fibromialgia também apresentam diminuição dos níveis de norepinefrina e dopamina no LCR. Tanto a serotonina como a dopamina, e a norepinefrina tem ação antinoceptiva, principalmente das vias descendentes supramedulares. Dor | P5 Mt1 Pr5 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 2 Níveis de substâncias como a substância P, glutamato, fator de crescimento de nervo e fator neurotrófico derivado do cérebro, são responsáveis pelo aumento da percepção dolorosa e encontram-se elevados no LCR ou no cérebro de pacientes com fibromialgia. Isso justifica o porquê de indivíduos com essa condição ter a sensibilização do sistema nervoso central e não apresentarem boa resposta a terapias utilizadas em casos de dano ou inflamação tecidual, como os anti- inflamatórios não hormonais, opióides, infiltração com corticosteroides ou procedimentos de cirúrgicos. A fibromialgia (FM) tem sido associada a estresse crônico, e fatores físicos ou emocionais atuam como fatores predisponentes, desencadeadores ou perpetuadores. Estudos recentes demonstraram que a personalidade perfeccionista, tão notável em pacientes com fibromialgia, tem importante papel na manutenção de níveis de estresse e dificuldade de lidar com problemas da vida diária e de saúde. O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) e o sistema nervoso autônomo (SNA) são os principais sistemas de resposta ao estresse nos pacientes com fibromialgia. A função alterada do SNA pode ser responsável por parte dos sintomas como a fadiga, a rigidez matinal, alguns dos distúrbios do sono, hipotensão ortostática, ansiedade, mãos frias, secura de mucosas e irritabilidade intestinal e vesical. Diversos estudos demonstraram que o eixo HHA apresentou uma resposta sustentada ao estresse, evidenciada principalmente por aumento do hormônio liberador de corticotropina. Quadro clínico O diagnóstico de FM baseia-se principalmente em manifestações clínicas típicas, que incluem: • Dor musculoesquelética difusa: manifestação cardinal da FM, deve envolver ambos os lados do corpo e estar presente acima e abaixo da cintura, por pelo menos 3 meses. Pode ser descrita como mialgia ou artralgia, além de ser relatado edema articular. É comum que pacientes queixem-se de agravamento pelo frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico • Fadiga: comumente apresentada ao acordar, quando os pacientes costumam sentir rigidez e sentem-se cansados, a despeito de terem dormido durante 8 a 10 h • Distúrbios do sono: a prevalência de anormalidades do sono é superior a 90% nesses pacientes. A gravidade desse distúrbio se correlaciona com a gravidade da dor, e vice- versa, havendo um efeito cumulativo entre má qualidade do sono, dor e fadiga • Distúrbios cognitivos: incluem distúrbios de atenção e dificuldade de realizar tarefas que exijam rápido raciocínio • Sintomas psiquiátricos: depressão e ansiedade surgem em 62 a 86% dos pacientes e estão associadas à gravidade de sintomas na FM • Cefaleias: acontecem em mais de 50% dos pacientes e incluem migrânea e cefaleia tensional • Parestesias: comumente relatadas, incluem dormência, formigamento, queimação ou crepitações, especialmente em ambos os braços e nas pernas • Outros sintomas e distúrbios: esses pacientes podem apresentar uma variedade de sintomas inespecíficos, como dor abdominal, costocondrite, sintomas sugestivos de síndrome do intestino irritável (SII), dor pélvica, cistite intersticial ou síndrome da bexiga dolorosa. Mesmo sendo SII a síndrome mais comumente associada à FM, a doença do refluxo gastresofágico ainda é mais comum na FM em comparação à população geral. Esses pacientes também podem apresentar fenômeno de Raynaud sem que isso implique doença inflamatória. É frequente ouvir de diferentes pacientes que eles se sentem como se todo seu corpo estivesse “podre”. Diagnóstico “Interessantemente, em tempos de alta tecnologia, tudo que se requer para o diagnostico de fibromialgia é despender tempo adequado e suficiente com o paciente”. Exame físico – um dos achados mais típicos durante o exame físico desses pacientes é o padrão postural flexor típico. Doze dos dezoito tender points para a caracterização da fibromialgia se localizam em músculos eretores e outros dois, em articulações esternais, estruturas sobrecarregadas na posição fletida. O principal achado ao exame físico desse paciente consiste na sensibilidade dolorosa à palpação de locais conhecidos como tender points, os quais não necessariamente fazem parte do local central de dor do paciente, mas, ao serem estimulados, provocam sintomatologia dolorosa. Dor | P5 Mt1 Pr5 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 3É de extrema importância que o examinador saiba o local exato de palpação e a intensidade de pressão a se aplicar na área. Essa pressão deve ser de 4 kg/cm2, quantidade suficiente para esbranquiçar o leito ungueal do examinador. • Esses pacientes não costumam ser sensíveis em áreas de controle – região sobre o polegar, metade do antebraço, região frontal e linha média. • O exame neurológico pode revelar alterações mínimas motoras e de sensibilidade. Exames complementares: Não há achados laboratoriais ou radiográficos diagnósticos de FM, motivo pelo qual exames complementares devem ser realizados minimamente. Existe quadros sistêmicos com sintomas semelhantes, porém, terapêutica diferente. São esses principalmente a hiperparatireoidismo, a polimialgia reumática, demato/polimiosite, o parkinsonismo, a hipopotassemia, assim como o uso de derterminados fármacos (estatinas, bloqueadores de hidrogênio, corticoesteroides) ou substâncias ilícitas (cocaína e cânabis) Sugere a realização de provas de atividade inflamatória (velocidade de hemossedimentação [VSH], proteína C reativa, outros), dosagem de hormônios tireoidianos, avaliação do metabolismo ósseo com dosagem de cálcio, 25-OH vitamina D3, paratormônio, dosagem de potássio sérico, se detectada fraqueza muscular a CPK e aldolase. Critérios classificatórios: Foram criados para homogeneizar as populações para ensaios clínicos e para permitir a padronização como ferramentas diagnósticas. Critérios classificatórios propostos pelo American College of Rheumatology de 1990: O diagnóstico é feito de forma simples, com a combinação de dois critérios: • Sintomas de dor difusa com, pelo menos, 3 meses de duração, ocorrendo acima e abaixo do quadril e afetando ambos os lados do corpo, além do esqueleto axial • Positividade em pelo menos 11 de 18 tender points previamente definidos. Assim, apresenta sensibilidade e especificidade maiores que 85%. Localização dos pontos sensíveis: (todos pares) • Sob o musculo esternomastoide inferior; • Próximo da segunda junção costocondral; • 2cm distais ao epicôndilo lateral; • Na proeminência do trocanter maior; • No coxim adiposo medial do joelho; • Inserção do musculo suboccipital; • Musculo trapézio superior médio; • Origem do musculo supraespinhal; • Quadrante superior externo da nádega. Critérios diagnósticos preliminares do American College of Rheumatology de 2010: Os critérios do American College of Rheumatology (ACR) de 2010 fornecem uma abordagem objetiva para o diagnóstico e a classificação e reconhecem a importância de sintomas somáticos e problemas cognitivos em pacientes com FM que não foram considerados nos critérios de 1990. 1. Índice de dor generalizada (IDG): medida da quantidade de regiões dolorosas do corpo, previamente determinadas, em um total de 19 regiões. 2. Escala de Gravidade de Sintomas (ESS): incluem uma estimativa do grau de fadiga, sono não reparador, sintomas cognitivos e somáticos em geral. Esses sintomas são medidos em uma escala de 0 a 3 para resultar em um total de 0 a 12. Pode ser usada em uma avaliação longitudinal. Esses critérios foram modificados em 2011, resultando nos critérios finais, que apresentam sensibilidade de 90,2% e especificidade de 89,5%. Dor | P5 Mt1 Pr5 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 4 Critérios diagnósticos do American College of Rheumatology de 2016: Nessa proposta, houve alterações nos critérios propostos em 2010/2011, sendo as principais: • Diagnóstico se IDG ≥ 7 e ESS ≥ 5 ou IDG 4 a 6 e ESS ≥ 9 • Adiciona um segundo critério de dor generalizada, definido como dor em pelo menos quatro de cinco regiões (membro superior esquerdo, membro superior direito, membro inferior esquerdo, membro inferior direito e axial) • Afirma que o diagnóstico de FM pode ser dado a despeito da ocorrência de outras comorbidades clínicas importantes • Adiciona a Escala de Sintomas de Fibromialgia como parte dos critérios. A Sociedade Brasileira de Reumatologia, em suas recomendações lançadas em 2016, orienta que a FM não deve ser considerada um diagnóstico de exclusão, sendo importante também ter em mente diagnósticos diferenciais. Além disso, os pontos dolorosos podem ser úteis no diagnóstico da FM quando avaliados em conjunto com outros distúrbios funcionais contemplados nos critérios de 2010. Sua contagem pode se correlacionar com a intensidade de alguns sintomas, particularmente de estresse emocional. A Sociedade recomendou, ainda, que a FM seja diagnosticada por meio da utilização dos critérios do ACR 2010, podendo-se associá-los aos critérios de 1990 para maior acurácia. Tabela 93.1 - Critérios preliminares de fibromialgia elaborados pelo ACR em 2010. Critérios: Um paciente satisfaz os critérios diagnósticos para fibromialgia se as três condições a seguir forem encontradas: 1.Índice de dor generalizada (IDG) ≥ 7 e Escala de Gravidade de Sintomas (ESS) ≥ 5 ou IDG 3 a 6 e ESS ≥ 9 2.Sintomas estão presentes em um nível similar por, pelo menos, 3 meses 3. O paciente não apresenta outra condição que justifique os sintomas IDG Pontuar todas as regiões de dor (pontuação de 0 a 19): 1.Pescoço 2.Mandíbula esquerda 3.Mandíbula direita 4.Cintura escapular esquerda 5.Cintura escapular direita 6.Braço esquerdo 7.Braço direito 8.Antebraço esquerdo 9.Antebraço direito 10.Tórax 11.Abdome 12.Coluna torácica 13.Coluna lombar 14.Quadril (nádega, trocanter) esquerdo 15.Quadril (nádega, trocanter) direito 16.Coxa esquerda 17.Coxa direita 18.Perna esquerda 19.Perna direita ESS Para cada um dos sintomas descritos, indicar o nível de gravidade ao longo da última semana, usando a escala a seguir: 0 – sem problema; 1 – problemas mínimos a leves, geralmente intermitentes; 2 – problemas consideráveis, moderados e frequentes; 3 – problemas graves que afetam continuamente a qualidade de vida. 1.Fadiga (0 a 3) 2.Sono não reparador (0 a 3) 3.Sintomas cognitivos (0 a 3) Sintomas somáticos em geral 1.Sem sintomas (0) 2.Poucos sintomas (1) 3.Sintomas moderados (2) 4.Muito sintomático (3) Dor | P5 Mt1 Pr5 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 5 Questionário FIQ O Questionário de Impacto na Fibromialgia (FIQ) avalia capacidade funcional, status de trabalho, distúrbios psicológicos, sintomas físicos e dolorosos do paciente; quanto maior o impacto da doença, maior será o escore encontrado Citar os diagnósticos diferenciais da fibromialgia; Muitas patologias que fazem diagnóstico diferencial com FM podem também surgir concomitantemente a esse diagnóstico: • Síndrome da fadiga crônica: fadiga inexplicada, recorrente ou persistente nos últimos 6 meses • SII: desconforto abdominal afetado pela evacuação por 3 meses ou mais no último ano • Disfunção da articulação temporomandibular: dor facial ou em mandíbula, recorrente e/ou limitação da abertura da mandíbula • Vulvodinia: dor pélvica ou vaginal frequentes • Distúrbios psiquiátricos • Síndrome da dor miofascial • Distúrbios neurológicos, como esclerose múltipla, miastenia grave, neuropatias periféricas • Polimialgia reumática • Miopatias endócrinas e metabólicas • Doenças inflamatórias e autoimunes: a prevalência de FM está aumentada nos pacientes com artrite crônica; 34% dos pacientes com artrite reumatoide tinham dor difusa consistente com FM, segundo o estudo de Arnold et al., de 2012.2 Listar os tratamentos da fibromialgia (farmacológico e não farmacológico); O tratamento da FM ainda tem mostrado resultados limitados, com melhora pouco significativa. Cerca de 50% dos pacientes apresentam alguma melhora e apenas 3% mostram remissão completa do quadro. Para um manejo adequado, é essencial combinar medidas não farmacológicase farmacológicas, objetivando sempre menores intensidade e frequência de sintomas. Tratamento não farmacológico • Educação do paciente: quanto à doença, sua natureza e benignidade. Além disso, orientar quanto às opções terapêuticas, à higiene do sono, aos efeitos adversos de um sono ruim sobre a dor e à importância de tratar comorbidades capazes de contribuir para os sintomas, como os distúrbios de humor. Quando possível, incluir familiares nas orientações • Programa de exercícios regular, incluindo condicionamento aeróbico e alongamento, com incremento na intensidade do exercício a Dor | P5 Mt1 Pr5 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 6 ser feito de maneira progressiva. Orientar que é possível haver piora da mialgia ao iniciar, mas que essas queixas melhorarão com a continuação das atividades. As opções mais bem-sucedidas são atividades aeróbicas de baixo impacto, como andar rápido, bicicleta, natação e hidroginástica • Tratamento psicológico: principalmente a terapia cognitivo-comportamental • Terapias alternativas: ioga, acupuntura, massagens terapêuticas. Tratamento farmacológico A terapia medicamentosa deve ser iniciada para sintomas que não responderam adequadamente às medidas não farmacológicas. As medicações mais bem estudadas e com efeitos mais consistentes são os antidepressivos [tricíclicos e inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN)] e alguns anticonvulsivantes. Em geral, o tratamento inicial deve ser feito com tricíclico em dose baixa, com aumento progressivo da dose da medicação. Caso, após 3 meses, não haja resposta ideal, deve-se propor uma combinação de medicamentos, idealmente de classes diferentes para que se aproveite o benefício de mecanismos distintos. Antidepressivos tricíclicos De preferência a amitriptilina, com doses de 10 a 50 mg/dia, a ser fornecida 2 h antes de dormir. Não são usadas doses maiores pelos efeitos adversos inerentes à classe, como boca seca, constipação intestinal, retenção hídrica, ganho de peso e dificuldade de concentração. Ciclobenzaprina Pode ser usada como medicação inicial em pacientes com sintomas leves a moderados como alternativa à amitriptilina. Ambas têm estrutura tricíclica semelhante, porém a ciclobenzaprina apresenta pouco efeito antidepressivo. Iniciar com dose de 5 a 10 mg à noite, podendo chegar a doses de 40 mg/dia. Inibidor de recaptação de serotonina e norepinefrina Boa opção para pacientes com fadiga grave, sendo usado pela manhã. A duloxetina é preferível em pacientes que necessitam de tratamento conjunto para depressão, com dose inicial de 30 mg/dia até 60 mg/dia. Outra opção é a milnaciprana (dose inicial de até 100 mg 2 vezes/dia). Efeitos adversos incluem cefaleia, constipação intestinal e náuseas. Anticonvulsivantes Boa opção para pacientes com maior intensidade de distúrbios de sono, podendo-se utilizar pregabalina ou gabapentina (menos eficaz, porém com menor custo). Ambos são moduladores de canais de cálcio alfa- 2/delta ligante, que modulam o influxo de cálcio nos canais iônicos ativados por voltagem e promovem, assim, efeito analgésico. A dose inicial da pregabalina é de 50 a 75 mg à noite até 300 a 450 mg/dia, se necessário. Já para a gabapentina, a dose inicial é de 300 mg 2 vezes/dia, atingindo a dose terapêutica progressivamente de 1.200 a 2.400 mg/dia. Efeitos adversos incluem tontura, sedação e ganho de peso. Inibidores seletivos de recaptação de serotonina Há pouca evidência sobre os efeitos dessa classe no tratamento de FM, não se mostrando melhores que placebo para dor, fadiga ou distúrbios do sono. Porém, podem ser considerados para tratamento de depressão nesses pacientes. Analgésicos Não há evidência que demonstre benefício com uso de analgésicos simples, anti-inflamatórios não esteroides ou opioides para tratamento da FM. A exceção é o tramadol, que está indicado por apresentar ação analgésica mi-opioide e por sua ação na recaptação de neurotransmissores. PROGNÓSTICO A maioria dos pacientes com FM continua a apresentar dor crônica e fadiga ao longo dos anos, independentemente da terapêutica usada. Contudo, é notável que esses pacientes se tornam capazes de levar uma vida próxima da normalidade, inclusive trabalhando em carga horária cheia, com pouca interferência da doença em suas atividades diárias. Diferenciar fibromialgia e síndrome miofascial; A síndrome da dor miofascial não deve ser confundida com fibromialgia, que apresenta sintomas semelhantes. Uma vez que a fibromialgia é uma condição crônica que causa dor e sensibilidade em todo o corpo – não apenas em áreas específicas – e não inclui pontos-gatilho. É causada por um estresse anormal sobre os músculos, é uma condição de dor crônica que afeta as fáscias do tecido conjuntivo que recobre as estruturas do organismo, tende ocorrer em pontos de gatilho, permanece geralmente localizada. É frequentemente causada por tensão e espasmo ou fadiga muscular, Dor | P5 Mt1 Pr5 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 7 principalmente os músculos mastigatórios, o ranger dos dentes, o bruxismo, estão relacionados com a dor miofascial, e pode provocar terríveis dores de cabeça. Lesão do chicote – pode então surgir a dor miofascial. Entender o quadro clínico e listar os tratamentos da síndrome miofascial (farmacológico e não farmacológico); Esse distúrbio é a doença mais comum que afeta a região temporomandibular. É mais frequente em mulheres e tem distribuição de idade bimodal, no início da terceira década de vida e por volta da menopausa. No músculo afetado, tanto a dor como os pontos de gatilho (que causam dor referida) podem resultar de comportamentos parafuncionais como bruxismo (apertar e ranger dos dentes), que é visto como duas entidades distintas: bruxismo durante o sono ou desperto, cada um com etiologias diferentes. A síndrome da dor miofascial não está limitada aos músculos da mastigação. Pode acontecer em qualquer local do corpo, porém mais comumente envolve os músculos do pescoço, ombros e costas. Os sintomas incluem dor e sensibilidade dos músculos mastigatórios e, com frequência, há dor e limitação dos movimentos excursivos mandibulares. Bruxismo noturno e respiração irregular durante o sono (como apneia obstrutiva do sono e síndrome de resistência das vias respiratórias superiores) estão associados à cefaleia que é mais grave ao despertar e diminui gradualmente ao longo do dia. Essa dor deve ser diferenciada da arterite de células gigantes. Sintomas diurnos, incluindo fadiga dos músculos da mandíbula, dor mandibular e cefaleias, geralmente pioram se o comportamento parafuncional continuar ao longo do dia. A mandíbula desvia ao abrir a boca, mas, geralmente, não tão repentinamente ou sempre no mesmo ponto da abertura, como ocorre na desestabilização interna da articulação temporomandibular. Exercendo pressão leve sobre o dente anterior inferior, o examinador pode alongar os músculos afetados e, portanto, ajudar o paciente a abrir a boca 1 a 3 mm além da abertura máxima sem assistência Qual é o quadro clínico? Como consequência, surge a dor – constante, em peso ou queimação, mal localizada, regional ou referida, a qual pode vir acompanhada de diminuição de amplitude de movimento articular, tensão muscular, paresia, disestesias e paniculose. Tratamento da síndrome miofascial • Analgésicos moderados; • Aparelhos orais; • Possível uso temporário de ansiolítico ou ciclobenzaprina na hora de dormir; • Analgésicos; • AINEs – casos agudos; • Neurolépticos; • Injeções em pontos-gatilho e outras modalidades de fisioterapia e terapia comportamental. o Inativação do ponto gatilho; o Agulhamento seco; o Agulhamento e infiltração do ponto gatilho; o Dessensibilização segmentar; o Exercícios terapêuticos.Associar os efeitos psicossociais dos pacientes com fibromialgia. A fadiga constante também gera isolamento de atividades, ansiedade, falta de energia, sentimento de culpa e muitos outros sintomas que desencadeiam a depressão. Referências: Tratado de clínica medica 3ª ed - Antônio Carlos Lopes https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/dist%C3%BArbios- odontol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios- temporomandibulares/s%C3%ADndrome-da-dor- miofascial https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-odontol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-temporomandibulares/s%C3%ADndrome-da-dor-miofascial https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-odontol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-temporomandibulares/s%C3%ADndrome-da-dor-miofascial https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-odontol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-temporomandibulares/s%C3%ADndrome-da-dor-miofascial https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-odontol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-temporomandibulares/s%C3%ADndrome-da-dor-miofascial https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-odontol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-temporomandibulares/s%C3%ADndrome-da-dor-miofascial
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