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EMPREENDEDORISMO EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. André Luís Almeida Bastos Profª. Cláudia de Fátima Ribeiro Basso U n i v e r s i d a d e R e g i o n a l d e B l u m e n a u Reitor Prof. Dr. Eduardo Deschamps Vice-Reitor Prof. Dr. Romero Fenili Pró-Reitora de Ensino de Graduação Profa. Ms. Sônia Regina de Andrade Pró-Reitor de Administração Prof. Dr. Edesio Luiz Simionatto Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Dr. Clodoaldo Machado Divisão de Modalidades de Ensino Coordenação Geral Profa. Ms. Henriette Damm Prof. Ms. Alexander Roberto Valdameri Equipe Multidisciplinar Técnica Airton Zancanaro Alexandre Adaime da Silva Prof. Ms. Fabio Rafael Segundo Gerson Luís de Souza Jean Rigo da Silva Léo Fath Equipe Multidisciplinar Pedagógica Profa. Ms. Daniela Karine Ramos Prof. Diego Fernando Negherbon Prof. Ms. Luiz Rafael dos Santos Profa. Dra. Rosemeri Laurindo Prof. Ms. Víctor César da Silva Nones Administrativo Profa. Viviane Alexandra Machado Saragoça Assessoria em Educação do Vale do Itajaí Dirigente Prof. Ms. Kiliano Gesser Equipe Administrativa Prof. Carlos Alberto Alves de Oliveira Prof. Ms. Kiliano Gesser Equipe Multidisciplinar Pedagógica Profª Ms. Laura Cristina Peixoto Chaves Profª Olga Sansão Gesser Profª Zilma Mônica Sansão Benevenutti Diagramação Alvin Noriler 2008 FURB – Universidade Regional de Blumenau Divisão de Modalidades de Ensino Rua Antônio da Veiga, 140 Bairro: Victor Konder Blumenau – SC - 89012-900 Fone: (47) 3321-0577 E-mail: dme@furb.br Site: www.furb.br/ead Assevali Educacional Ltda. Rua Belarmino João da Silva, 52 Bairro: Santa Terezinha Gaspar – SC – 89110-000 Fone: (47) 3318-0909 E-mail: secretaria@assevali.com.br Site: www.assevali.com.br Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1825, de 20 de dezembro de 1907. “Impresso no Brasil / Printed in Brazil” Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da FURB Bastos, André Luís Almeida B327e Empreendedorismo educação a distância / André L. A. Bastos, Cláudia de Fátima Ribeiro Basso, - Blumenau: Edifurb; Gaspar: ASSEVALI Educacional, 2008. 88p. : il. - (Pós-Graduação. Modalidade a distância) Bibliografia: p. 85-88. ISBN: 978-85-7114-193-3 1. Ensino a distância. I. Basso, Cláudia de Fátima Ribeiro. II. Título. III. Série. CDD 378.03 Professor André L. A. Bastos Natural do Rio de Janeiro, graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Mestre e doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor do quadro da Fundação Universidade Regional de Blumenau, foi coordenador de curso de graduação em Engenharia de Produção, Chefe do Departamento de Engenharia de Produção e Design e Coordenador de Pós-graduação Lato Sensu em Engenharia de Produção. Tem ampla experiência profissional em empresas nas áreas de Qualidade. Além das atividades como docente e como gestor em IES, atua também como consultor de empresas e ministrante de diversos cursos in company. Professora Cláudia de Fátima Ribeiro Basso Natural de Brasília/DF, é formada em Pedagogia, especialista em Metodologia de Ensino e Mestre em Educação. Atua como professora nas Faculdades Integradas Urubupungá/SP. Coordenadora de cursos de pós-graduação no Instituto de Educação Superior Unyahna de Barreiras/BA. Consultora educacional de escolas e prefeituras no Estado de São Paulo e Distrito Federal. Sumário 1 AS BASES DO EMPREENDEDORISMO .........................................11 1.1CONCEPÇÕES............................................................................... 15 1.1.1 Empreendedorismo.................................................................. 16 1.1.2 O Empreendedor ...................................................................... 19 2 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO.......................................................... 35 2.1 CRIATIVIDADE ............................................................................. 36 2.2 INOVAÇÃO ..................................................................................... 45 3 IDENTIFICAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ................................. 53 3.1 IDÉIAS E OPORTUNIDADES ....................................................... 54 3.2 COMO AVALIAR E SELECIONAR A OPORTUNIDADE .............. 58 4 PLANO DE NEGÓCIOS.................................................................... 61 4.1 CONCEPÇÃO ................................................................................ 62 4.2 PARA QUE SERVE UM PLANO DE NEGÓCIOS ......................... 63 4.3 O TAMANHO IDEAL DE UM PLANO DE NEGÓCIOS ................ 65 4.4 COMO ELABORAR UM PLANO DE NEGÓCIOS........................ 65 4.4.1 Generalidades ........................................................................... 65 4.4.2 Estrutura de um Plano de Negócios ...................................... 66 REFERÊNCIAS .................................................................................... 85 APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), Bem-vindo(a) à disciplina de EMPREENDEDORISMO. Este é o nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos sobre Empreendedorismo. A carga horária desta disciplina é de 45 horas e cabe a você administrar sua aprendizagem e determinar o tempo para seus estudos e aprofundamento dos temas tratados. Lembre-se, porém, de que há um prazo limite para a conclusão dos estudos. Você deverá realizar as avaliações presenciais nas datas previstas no cronograma do curso. Os capítulos foram organizados de forma didática e complementar. Eles apresentam os textos básicos, com questões para reflexão e indicam outras referências a serem consultadas. Desejamos um bom trabalho e que você aproveite, ao máximo, o estudo dos temas abordados nesta disciplina! 11 C A P ÍT U LO 1 1 AS BASES DO EMPREENDEDORISMO Objetivos de Aprendizagem: - Conceituar empreendedorismo e empreendedor. - Relacionar o início do movimento do empreendedorismo no Brasil com as mudanças científicas e tecnológicas do mundo moderno. - Identificar as principais características que constituem o perfil empreendedor. - Desenvolver uma postura empreendedora. INTRODUÇÃO Vivemos a aceleração da história e de sua imprevisibilidade. Para encará- la será preciso estar cheio de novas idéias e de entusiasmo. É preciso imaginar o futuro e ousar vivê-lo antes dos outros. Aproveitar a mudança em lugar de sofrê-la. Ralph Hababou Você já parou para refletir sobre a quantidade de mudanças que estamos vivenciando? Nossa sociedade, atualmente, vive um momento histórico marcado por grandes e intensas transformações e quebra de paradigmas. Caso você tenha vivido ou lido sobre a década de oitenta pode, tranqüilamente, fazer um paralelo entre a realidade contemporânea e a realidade daquela época. Pare sua leitura durante alguns minutinhos e tente se lembrar de algumas características da sociedade daquela época. Procure identificar as principais transformações ocorridas em relação à: - economia mundial; - variedade de oferta de produtos e serviços (ex. modelos de carros, fast-food, delivery); - concorrência entre empresas; - automatização dos processos nas fábricas; - tecnologia (ex. computador); - quantidade de funcionários nas empresas; É, muita coisa mudou em poucos anos, não é mesmo? Compare algumas mudanças da nossa sociedade em relação a dos anos 80: Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 12 - a globalização da economia (que eliminou fronteiras e barreiras comerciais); - o aumento da concorrência entre as empresas (que deixou de ser uma concorrência local para ser mundial); - a crescente automatização nos processos das fábricas (basta imaginar uma montadorade automóveis nas quais as modernas tecnologias das máquinas substituíram os operários); - o enxugamento de pessoas nos postos de trabalho (antigamente as grandes empresas funcionavam, invariavelmente, com milhares de funcionários). - a diminuição das horas de trabalho (nos países desenvolvidos, em 80 anos as horas dedicadas ao trabalho diminuíram quase pela metade - de 3.000 horas por ano para 1.600 - ao mesmo tempo que a produtividade se multiplicou por 50). Diante desta comparação, podemos tranquilamente afirmar que, em termos de avanços tecnológicos, aconteceram mais coisas nos últimos 50 anos do que em toda a história da civilização. Essa observação é ilustrada, de modo bem significativo, por TOFFLER (2001). Confira: Se os últimos 50.000 anos da existência do homem fossem divididos em períodos de geração de aproximadamente 62 anos cada um, teríamos tido cerca de 800 gerações. Dessas 800 gerações, 650 foram completamente passadas nas cavernas. Apenas durante as 70 últimas gerações foi possível a comunicação efetiva de uma geração para a outra, uma vez que a escrita possibilitou essa transposição. Apenas durante as últimas 6 gerações, as massas humanas viram, pela primeira vez, a palavra impressa. Apenas nas 2 últimas gerações, pôde alguém usar um motor elétrico. E a esmagadora maioria de todos os bens materiais que usamos cotidianamente em nossa vida comum desenvolveu-se dentro da presente geração, que é a octocentésima. (TOFFLER,1980) Concomitantemente a toda essa mudança econômica e tecnológica, houve também a mudança cultural. Atualmente, milhões de pessoas consomem uma grande variedade de produtos e serviços de outras nações que não são as suas, assim como se comunicam nos idiomas dos países mais desenvolvidos, em detrimento de sua língua natal. Esta tendência tornou-se um fenômeno mundial conhecido por globalização. O fenômeno da globalização, segundo Almeida (2008), é um fenômeno irreversível que apresenta, entre seus principais aspectos: - o desenvolvimento intenso da tecnologia da informação e da capacitação logística, fazendo do mundo uma verdadeira aldeia global; - a formação de grupos que se unem em busca de vantagens comerciais multilaterais (como a Nafta, a Comunidade Européia, o Mercosul); - a internacionalização do sistema produtivo, do capital e dos investimentos; - a constante expansão dos mercados; - o predomínio do capitalismo e de sistemas democráticos de governo. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 13 Estamos, portanto, diante de um mundo novo, como jamais visto antes. As coisas mudaram e continuarão mudando numa velocidade cada vez mais acelerada. As conseqüências desta mudança não podem ser completamente previstas, conforme afirma Carvalho (2008), mas certamente podemos construir algumas opções baseadas no histórico recente das transformações ocorridas nas últimas décadas, em especial, da evolução da eletrônica e da tecnologia de informação. A esse respeito, alerta o autor, "a vida do homem na terra nos próximos 25 anos vai mudar tanto quanto nos últimos 100" (CARVALHO, 2008). As previsões a seguir confirmam tal idéia. Observe: Segundo projeções da Universidade de São Paulo (USP) - 70% das profissões que dominarão o mercado em 2010 não existiam na virada do século; - a partir de 2020, as profissões terão uma vida útil média de 12 a 14 anos; - 75% do PIB mundial de 2010 será formado por produtos que ainda não foram inventados; - Em 2020, o conhecimento estará duplicando a cada 83 dias (atualmente duplica a cada quatro anos); - Em 2050, se mantido o paradigma médico atual, a expectativa de vida chegará aos 120 anos. (CASSARRO, 2008) Neste cenário de mudanças e incertezas, uma coisa podemos afirmar com segurança: a globalização, apesar de fundamental, deve ser tratada com cautela, pois se por um lado oferece boas oportunidades e prosperidade econômica, por outro produz efeitos sociais nocivos como o desemprego. As indústrias gradativamente oferecem menos empregos, embora estejam produzindo cada vez mais, com modernização, tecnologia, melhoria de processos e aumento da produtividade das pessoas. (SCHIER, 2008) E por falar em empregos... Atualmente, algumas das grandes empresas sobrevivem com um número reduzido de funcionários. Com isso, passam a exigir um perfil de trabalhador diferenciado, capacitado para lidar com situações de maior complexidade, que tenha iniciativa, flexibilidade, criatividade, equilíbrio emocional, espírito de liderança e ainda, que aceite desafios, saiba trabalhar em equipe e seja exigente em relação à qualidade e eficiência. Em síntese, alguém que seja competente para resolver problemas. O emprego só é mantido, portanto, para aqueles que conseguem exercer distintas funções e, assim, uma pessoa acaba tendo que adquirir múltiplas competências. Além disso, as atividades internas das organizações são cada vez mais focadas apenas no seu negócio principal. O que isso quer dizer? Vamos ilustrar com um exemplo: Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 14 Numa indústria têxtil, os tomadores de decisão e técnicos precisam centrar sua atenção no negócio principal da organização, qual seja: produzir artigos confeccionados da melhor maneira possível (do ponto de vista do consumidor!), a tal ponto que se mantenha a competitividade dos seus produtos oferecidos ao mercado. Assim, o foco nas atividades principais é uma das exigências do cenário de competição. Dessa modo, é perfeitamente conveniente que as atividades de manutenção dos equipamentos, transportes de material, atividades de departamento pessoal e, em alguns casos, até o departamento de vendas, seja desenvolvido por empresas parceiras que possam, por sua vez, focar-se apenas nestes assuntos. Se você observar bem, verá que esta é uma situação muito comum na atualidade. Mas por que isto acontece? Vamos entender melhor essa questão: Existem inúmeros motivos que podem levar o empresário a tomar esta decisão estratégica. Alguns deles são decorrentes do intenso processo de mudança de nossa sociedade, conforme já abordamos anteriormente. A concorrência mundial entre as empresas, por exemplo, o avanço das tecnologias no processo de fabricação e a pressão dos consumidores para adquirir um produto bom, bonito e barato, são alguns dos motivos que fazem com que a empresa foque suas atividades naquilo que é o seu negócio principal, ou seja, onde ela tem maior competência e pode melhorar seus processos: fazer melhor e de forma mais produtiva! Uma conseqüência desse fato é que os processos tornam-se mais enxutos - e, por conseguinte, as empresas empregam menos pessoas. Agora reflita um pouco: Para Pensar! Como sobreviver nesse cenário irreversível? Será que tais transformações geram apenas ameaças? Junto às ameaças surgem oportunidades? É fato que a busca de novos caminhos e alternativas para lidar com esse novo contexto não é uma tarefa fácil; mas é inegável, também, que este mesmo contexto proporciona a criação de novas oportunidades, concorda? Aliás, a esse respeito, os chineses têm uma teoria bem interessante: com sua sabedoria milenar, acreditam que é na crise que surge a verdadeira oportunidade. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 15 Saiba Mais Na China, existe apenas um símbolo para representar as palavras crise e oportunidade. Segundo a cultura chinesa, em cada crise, sempre se esconde uma oportunidade - o segredo está em aproveitá- la da melhor maneira. Quer saber mais sobre isso? Leia o texto Crise = oportunidade, de Wilson Weigl, no site: h t t p : / /www.g rupo foco .com.b r / s i t e / conhecaogrupo foco / saladeimprensa.php?id=2905 É exatamente sobre as oportunidades que surgem neste cenário de intensas mudanças que vamos tratar neste caderno: o empreendedorismo. Preparados? Então vamos lá... 1.1 CONCEPÇÕES O Empreendedorismo é, atualmente, uma das áreas que mais se destaca em número de pesquisas e publicações. As publicações acadêmicas na área atingem mais de mil artigos por ano, em cerca de 50 congressos e 25 títulos especializados. (DOLABELA, 1999a).Contudo, não pode ser considerado, ainda, uma ciência. Em termos acadêmicos, é um campo muito recente, com cerca de vinte anos. Os cursos nessa área, porém, têm se multiplicado com uma velocidade incrível, segundo Dolabela (1999a). De acordo com o autor, em 1975, nos EUA, havia cerca de cinqüenta cursos. Atualmente, há mais de mil cursos superiores e cursos, superiores e de nível médio, ensinando empreendedorismo. Mas e no Brasil? Você sabe como começou esse movimento? O movimento do empreendedorismo começou a ser difundido no Brasil a partir da década de 90, graças ao surgimento de entidades como o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas. Nos períodos anteriores, os ambientes político e econômico do país não eram favoráveis e havia pouca oferta de informação para auxiliar os candidatos a empreendedores em sua jornada. Atualmente, o país conta com uma estrutura de apoio empreendedor bastante significativa, entre os quais encontram-se o EMPRETEC, o programa Jovem Empreendedor do Sebrae e o Programa Brasil Empreendedor do Governo Federal, dirigido à capacitação de mais de um milhão de empreendedores em todo o país. O cenário das significativas mudanças em nossa sociedade (discutido anteriormente) intensificou as atividades empreendedoras em nosso país. Uma evidência concreta do crescimento do movimento de empreendedorismo é que, hoje, o Brasil é o 9º país com o maior número de pessoas que abrem negócios no mundo, segundo o relatório da pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2007. Impressionante, não??? E não pára nisso. De acordo com os dados do relatório, a vocação empreendedora do povo brasileiro apresenta uma taxa de 12,7%, ou seja, praticamente treze em cada cem brasileiros adultos estão envolvidos com alguma atividade empreendedora (GEM, 2007). Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 16 Saiba Mais Estamos em 9º lugar num ranking de 42 países, mas com alguns destaques: desde o início da pesquisa, há seis anos, a taxa de empreendedorismo do brasileiro tem sido sempre superior a 10, uma das mais dinâmicas do mundo. Outro dado relevante é o de que, entre os integrantes do BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia), ficamos atrás somente da China, o que é facilmente explicável pela explosão da economia chinesa. GEM, 2007 Para saber mais, acesse o relatório completo no site: http:// www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-pesquisas/estudos- e pesquisas/empreendedorismo-no-brasil-pesquisa-gem/ livro_gem_2007.pdf De fato, estes dados confirmam a capacidade do povo brasileiro em adaptar-se às novas circunstâncias, realçando ainda mais a sua já notável flexibilidade e capacidade de empreender. Mas afinal, O que é empreendedorismo? Quem é o empreendedor? É o que veremos a seguir, como tema central deste capítulo. 1.1.1 Empreendedorismo O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o século 20. Timmons Embora este seja um tema amplamente discutido na atualidade, conforme já destacamos, o conceito de empreendedorismo se modifica significativamente de acordo com o autor que o concebe. Isso porque, apesar de ter se originado a partir de pesquisas em economia, recebeu fortes contribuições de outras ciências, como a psicologia e a sociologia tendo, como conseqüência, variações em seu conteúdo. Os economistas, de maneira geral, o associam à idéia de inovação. Já os comportamentalistas (psicólogos, sociólogos, psicanalistas e outros especialistas do comportamento humano), focalizam mais os aspectos relacionados à criatividade e intuição. Em relação à semântica dessa palavra, Dolabela (1999a) explica que o termo empreendedorismo é utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor: seu perfil, origens, sistema de atividades e universo de atuação. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 17 Uma idéia prática, entretanto genérica do termo é dada por Low e MacMillan (1988). Os autores definem o empreendedorismo como o processo pelo qual indivíduos iniciam e desenvolvem novos negócios. Já a idéia de Schumpeter (1983), desenvolvida dentro de um contexto econômico, aponta que empreendedorismo envolve qualquer forma de inovação que tenha uma relação com a prosperidade da empresa. Observe que, de acordo com a idéia deste autor, o empreendedorismo não está relacionado apenas à abertura de novos negócios, como muitas pessoas costumam pensar... Qualquer inovação feita numa empresa já estabelecida, com o objetivo de fazer esta empresa reagir às mudanças da atualidade ou mesmo de buscar o seu crescimento, também pode ser entendida como uma ação de empreendedorismo. O empreendedorismo, portanto, é a realização de coisas novas, e não, necessariamente, a sua invenção. Vamos entender melhor essa questão? Veja o caso da Chilli Beans, uma famosa marca de óculos escuros. O que eles fazem? Eles importam óculos escuros da China, ou seja, um produto comum que até camelô vende na praia. A diferença está em dois fatores de inovação básica. A marca oferece produtos de design arrojados, com lançamentos de novos modelos toda semana - esse é o exemplo básico. Além disso, criou o conceito de espelho digital: o cliente experimenta, tira quatro fotos digitais na hora e pode ver seu rosto em vários ângulos, com os óculos que deseja comprar. Como é que ninguém pensou nisso antes? Hoje a empresa é uma rede de varejo com 170 pontos no Brasil e lojas em Lisboa e Los Angeles. SOHSTEN, 2007 Este é um exemplo de como uma inovação pode ser feita a partir de coisas simples. O segredo, segundo o autor, está na idéia, na ousadia e na coragem de implementar, pois sempre vai aparecer alguém para perguntar "será que vai dar certo?", "isso já existe?", "alguém já testou?" e coisas do tipo. (SOHSTEN, 2007) Outra conclusão que podemos tirar, a partir deste exemplo, é que "inovar significa mais do que ter 'aquele' produto que ninguém tem" (Marques, 2005). A inovação, portanto, não precisa ser aplicada, necessariamente, em alguma coisa material. Ela pode ser aplicada em produtos, processos, tecnologia, gestão, negócios, investimentos, enfim, em todos os setores de uma empresa, conforme afirma a gerente da Inova Incubadora da UFMG, Ana Maria Serrão (apud Marques, 2005). A esse respeito, afirma Garcia (2008), os empreendedores bem sucedidos praticam a inovação no próprio trabalho. Segundo o autor, eles não esperam até que tenham o insight para ter a "idéia brilhante". Não buscam a "sorte grande", a inovação que irá "revolucionar a indústria", criar um "negócio de bilhões", ou "tornar alguém rico da noite para o dia". Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 18 Os empreendedores que já começam com a idéia de que irão conseguir grandes e rápidas realizações têm, em sua opinião, fracasso assegurado, pois estarão destinados a fazer coisas erradas. O autor, ainda, alerta para o fato de que uma inovação que parece sensacional pode resultar em nada mais do que um virtuosismo técnico; e inovações com modestas pretensões intelectuais, como o Mc Donald´s, por exemplo, podem resultar em negócios gigantescos, altamente lucrativos (GARCIA, 2008). Acreditamos que, a essa altura, você não tenha nenhuma dúvida de que a inovação é uma das características essenciais para a empresas no o século XXI, não é mesmo? Mas atenção: Inovar é essencial, mas não é garantia de sucesso. Se você parar para observar, poderá facilmente certificar-se de que nem sempre a inovação, por si só, traz bons retornos financeiros. Quer um exemplo? A fabricante de computadores Apple. Confira: A Apple é considerada uma das organizações mais inovadoras do mundo. No entanto, controla apenas 2% do mercado de computadores pessoais, estimado em US$ 180 bilhões. Este é também o caso da empresa brasileira Tupy Fundições. Esta empresa, considerada a maior fundição da América Latina e uma das maiores do mundo entre as fundições independentes, implementou 170.000 inovações em seis anos. Com esta impressionante marca, classificou-se em primeiro lugar no Rankingde Empreendedorismo Corporativo, criado pelo Instituto Brasileiro de Intra-Empreendedorismo (IBIE). No entanto, apesar de sua receita ter dobrado nos últimos três anos (de 516 milhões para 1,1 bilhão de reais), seu lucro no ano passado foi de apenas 9 milhões. Saiba Mais O importante é não competir W. Chan Kim Inovar é sempre bom, mas não garante o sucesso. O Iridium (telefone móvel por satélite) era uma inovação tecnológica, mas a Motorola perdeu milhões de dólares com ele. Outro exemplo foi a Philips com o CDI (o primeiro videogame multimídia). Foi um produto muito inovador, de alta tecnologia, mas um fracasso comercial. Para saber mais, leia a reportagem completa no site: http:// revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG75035-5856-430,00- INTEGRA+DA+ENTREVISTA+COM+W+CHAN+KIM.html Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 19 Diante de tudo o constatamos até aqui, podemos fazer uma observação importante para o nosso estudo: Em empresas novas ou empresas já estabelecidas, o empreendedorismo é o fator que permite que os negócios sobrevivam e prosperem neste cenário cada vez mais competitivo e globalizado em que nos encontramos. Isso posto, vamos prosseguir o nosso estudo, abordando a importância do empreendedor nesse contexto. 1.1.2 O Empreendedor Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: "Por quê?". Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: "Por que não?" George Bernard Shaw O conceito de empreendedor, assim como o de empreendedorismo, tem variações significativas de autor para autor. No entanto, embora não haja concordância entre os pesquisadores em relação à definição do que seja um empreendedor, "as pesquisas desenvolvidas por acadêmicos e praticantes das mais diversas correntes conseguem encontrar pontos em comum no que diz respeito às principais características encontradas nos empreendedores de sucesso" (DOLABELA, 1999b). Mas quem é, exatamente, o empreendedor? Quais são as suas características mais marcantes? O termo empreendedor vem do francês entrepreuner e significa fazer algo ou empreender. Etimologicamente, o termo deriva dos vocábulos latinos entre (espaço que vai de um lugar a outro, ação mútua, reciprocidade e interação) e pendre (tomar posse, utilizar, empregar, tomar uma atitude). (BOM ÂNGELO, 2003) Nos dicionários, encontramos as seguintes definições para empreendedor: - Que empreende; ativo, arrojado, cometedor.1 - Chefe de uma empresa; chefe de uma empresa especializada na construção, nos trabalhos públicos, nos trabalhos de habitação.2 - Que empreende; que se aventura à realização de coisas difíceis ou fora do comum; ativo, arrojado.3 - O termo empreendedor denota a pessoa que exercita total ou parcialmente as funções de: iniciar, coordenar, controlar e instituir maiores mudanças no negócio da empresa.4 1 Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio (1999). 2 Grande Dicionário Enciclopédico Larousse (1983). 3 Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: http:// michaelis.uol.com.br/ 4 Dicionário de Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 20 Diante dessas definições, podemos afirmar que o termo empreendedor possui uma concepção abrangente, que "não se restringe ao âmbito dos negócios, mas está igualmente presente nas artes, na guerra, na ciência, em outros campos de atividade humana" (OLIVEIRA, 1995, p.18-19). Historicamente, uma das primeiras definições da palavra empreendedor foi elaborada pelo economista francês Jean-Baptiste Say, no início do século XIX. Say, considerado por Filion (1999) como o "pai do empreendedorismo" foi quem primeiro concebeu o empreendedor como alguém que inova e é agente de mudanças. Posteriormente, Schumpeter, um dos mais importantes economistas do século XX, deu projeção ao tema, associando-o definitivamente ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. Na definição do autor, O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente através da introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização, ou pela exploração de novos recursos e materiais (SCHUMPETER, 1949, p.55). Outros economistas usaram o termo em diferentes sentidos, mas o conceito derivado destes dois autores - Say e Schumpeter - continua servindo de base para o uso contemporâneo do termo. A figura do empreendedor pode ser entendida, também, por um conjunto de características que facilitam sua atuação e lhe dão uma diferenciação perante outros profissionais. No entanto, grande parte dos aspectos relacionados ao empreendedor, considerados verdadeiros, são, na realidade, apenas crenças mal explicadas. Estas crenças são conhecidas como mitos, ou seja, de tanto as pessoas falarem que é verdade, por não sabermos se realmente é correto, acabamos por acreditar. Dentre os inúmeros mitos existentes destacam-se, segundo Dornelas (2001), especialmente três: Mito 1 - Os Empreendedores são natos, nascem para o sucesso. Realidade: - enquanto a maioria dos empreendedores nasce com um certo nível de inteligência, empreendedores de sucesso acumulam habilidades relevantes, experiências e contactos com o passar dos anos; - a capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimora-se com o tempo. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 21 Mito 2 - Empreendedores são "jogadores" que assumem riscos altíssimos. Realidade: - tomam riscos calculados; - evitam riscos desnecessários; - compartilham o risco com outros; - dividem o risco em "partes menores". Mito 3 - Os empreendedores são "lobos solitários" e não conseguem trabalhar em equipe. Realidade: - são ótimos líderes; - criam equipes; - desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com colegas, parceiros, clientes, fornecedores e muitos outros. A esse respeito, a revista exame publicou um interessante artigo com o título: As falsas verdades sobre empreendedores, no qual destaca seis mitos acerca do empreendedorismo. Confira: Falsas verdades sobre empreendedores EXAME 24/07/2002 Para Farrell, a mídia e o mundo dos negócios vêm nos bombardeando com mitos sobre empreendedorismo. Conheça os mais comuns e as respostas do autor a eles. Mito 1 Não é possível desenvolver o empreendedorismo, você deve nascer empreendedor. Nos Estados Unidos, os maiores responsáveis pelo surgimento de novos negócios são os profissionais que foram demitidos de seus empregos e precisaram encontrar uma forma de sobreviver. São gestores que viraram empreendedores por necessidade? Mito 2 Todo empreendedor inventou algo na garagem de casa, quando jovem, e tem uma personalidade esquisita? O empreendedor americano médio tem entre 35 e 45 anos, dez anos de experiência numa grande empresa e um perfil psicológico rico. Empreendedores são pessoas normais, como eu e você? Mito 3 O objetivo de todo empreendedor é ser milionário? Todos os empreendedores que entrevistei, mesmo os que ficaram ricos, afirmam que isso não é verdade. O que os motivou foi a vontade de criar algo novo e não a pergunta. Bom, o que eu posso fazer para ficar rico? Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 22 Mito 4 Empreendedores não são muito confiáveis? Essa visão era muito comum quando eu era jovem. Agora responda: onde estão acontecendo os maiores crimes do mundo dos negócios? Nas grandes empresas. Não faz sentido dizer que um empreendedor deve ser menos respeitado do que um CEO? Mito 5 Um empreendedor precisa tomar riscos enormes? Como investem o próprio dinheiro, empreendedores tendem a ser muito conservador. Os maiores riscos são tomados pelos principais executivos das grandes empresas. Vários já me disseram que apostariam um milhão de dólares numa nova idéia. Nenhum empreendedor faria isso? Mito 6 Fazer um MBA é a melhor forma de se transformar num empreendedor? Minha recomendação aqui é: economize seu dinheiro. O conhecimento sobre gestão vai fazer falta depois que sua empresa atingir certo tamanho. Nessa hora, pode ser uma boa idéia contratar alguém com MBA. Fonte: Portal Exame. Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/ gestaoepessoas/m0042859.htmlSaiba Mais Mitos e fatos sobre o empreendedor brasileiro Comumente, ouvimos que empreender no Brasil é difícil. Pelas condições econômicas, fiscais e sociais, dir-se-ia que o empreendedorismo é arriscado. No entanto, há no país uma massa de empreendedores que sobreviveram às dificuldades iniciais e já podem ser considerados bem sucedidos. Mas, o que difere estes da imensa maioria, que vê seu negócio falir antes mesmo de completar dois ou três anos? Foi para identificar essas características que José Dornelas e Caio Cezar decidiram fazer um estudo qualitativo com 399 entrevistas de empreendedores de sucesso, trabalho apresentado durante o XVI Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadora de Empresas. Para ler o estudo completo acesse: http://www.universia.com.br/ materia/materia.jsp?materia=12058 Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 23 Conforme você pode observar, há muitas idéias preconcebidas a respeito do que é um empreendedor, que não refletem a realidade. Essas idéias, entretanto, precisam ser criteriosamente analisadas, para que possamos construir uma nova consciência em relação aos empreendedores, fugindo da falácia comum que, como vimos, muitos defendem sem conhecimento. Desmitificar essas idéias, portanto, deve ser o ponto de partida dos pesquisadores para o estudo das condições que levam o empreendedor ao sucesso. Nessa perspectiva, o estudo do perfil de empreendedores, atual foco das pesquisas na área, tem sido fundamental. A definição do perfil do empreendedor, de acordo com Dolabela (1999a, p.36), é importante "para que possamos aprender a agir, adotando comportamentos e atitudes adequadas". Na visão Dornelas (2001), o primeiro passo para a definição do perfil empreendedor é conhecer as habilidades e características comportamentais empreendedoras. De acordo o autor, as habilidades requeridas de um empreendedor podem ser classificadas em três áreas: - Técnicas - envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e captar informações, ser um bom orador, ser organizado, saber liderar e trabalhar em equipe e possuir know-how técnico na sua área de atuação. - Gerenciais - incluem as áreas envolvidas na criação, desenvolvimento e gerenciamento de uma nova empresa: marketing, administração, finanças, operacional, produção, tomada de decisão, controle das ações da empresa e ser um bom negociador. - Características pessoais - inclui ser disciplinado, assumir riscos, ser inovador, orientado para mudanças, persistente e ser um líder visionário. Ao contrário do que se pensava até pouco tempo, o sucesso de um empreendedor depende mais do seu comportamento, características e atitudes do que de suas habilidades técnicas, conforme comprovam as últimas pesquisas na área. Nesse sentido, surgem algumas perguntas: Quais são as características dos empreendedores de sucesso? O que eles têm de diferente dos outros? Antes de respondermos essas questões, que tal uma reflexão? Para Pensar! Apesar das conhecidas dificuldades para se iniciar um empreendimento no Brasil, algumas pessoas têm tido sucesso nas suas investidas e você, certamente, conhece algumas delas, não é mesmo? Muito bem. Pense em um empreendedor que você conhece e que considera bem-sucedido e identifique: O que ele faz de diferente? Quais são as suas principais características? Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 24 Conforme você deve ter constatado, os empreendedores não são pessoas de outro mundo. São pessoas normais que fizeram acontecer, reconhecidamente, algo de sucesso, concorda? Pois bem. Vamos então prosseguir nosso estudo abordando as questões anteriormente levantadas: Quais as principais características dos empreendedores de sucesso? O que os diferencia dos demais? As pesquisas demonstram que não há diferenças substanciais de conhecimento entre os empreendedores que fracassam e os que são bem sucedidos. Mas demonstram, também, que há características comportamentais específicas entre os empreendedores de sucesso (MOREIRA, 2007). Essas características comportamentais que marcam o perfil do empreendedor são chamadas de "qualidades" essenciais ao sucesso do empreendimento, ou seja, o perfil do empreendedor é baseado num conjunto de fatores de comportamentos e atitudes que contribuem para o seu sucesso. Segundo Dolabela (1999a), não é possível estabelecer cientificamente o perfil psicológico do empreendedor, devido às inúmeras variáveis que influenciam na sua formação: as características do período e do lugar em que vive, a cultura familiar, o nível da educação, da religião, da experiência de trabalho e de muitas outras variáveis. Partindo dessas premissas, podemos concluir que: - O empreendedor é um ser social, produto do meio em que vive (época e lugar). Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, então terá motivação para criar o seu próprio negócio. - É um fenômeno regional, ou seja, existem cidades, regiões, países mais - ou menos - empreendedores do que outros. O perfil do empreendedor (fatores do comportamento e atitudes que contribuem para o sucesso) pode variar de um lugar para outro. (DOLABELA, 1999a, p. 28) Contudo, afirma o autor, hoje há certa concordância entre os teóricos sobre as principais características dos empreendedores de sucesso: traços de personalidade, atitudes e comportamentos que ajudam a alcançar êxito nos negócios (DOLABELA, 1999b). Na prática, isso significa que algumas características comumente são encontradas nos empreendedores, demonstrando que eles são pessoas visionárias, dinâmicas, determinadas, dedicadas, independentes, conhecedoras do negócio, otimistas e assumem riscos moderados (DORNELAS, 2001). Oliveira (1995, p.33) também apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida pelo SENAC, com empresários, em que foram atribuídas catorze características ao empreendedor, dentre as quais se destacam “a autoconfiança, dedicação, necessidade de conhecimento, inovação, improvisação e iniciativa”. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 25 Mas atenção: não podemos afirmar, com isso, que a existência de tais características são determinantes para o sucesso de um empreendimento, ou seja, que o sucesso será conseqüência desse conjunto de qualidades. O que podemos, entretanto, é afirmar que estas condições, presentes no indivíduo, seguramente contribuirão para o seu sucesso como empreendedor. Quer um exemplo? Veja o caso do Coronel Harland Sanders, criador da KFC. O KFC ou Kentucky Fried Chicken é uma rede de restaurantes de comida rápida estadunidense, que explora a antiga receita de frango frito de Kentucky, criada pelo Coronel Harland Sanders, em 1939. Atualmente, a Rede KFC possui restaurantes em mais de 80 países, sendo 4 deles no Brasil. Em razão do seu sucesso, o Coronel Harland Sanders passou a ser considerado um símbolo do empreendedroismo. Confira: O Coronel Harland Sanders, nascido em 9 de setembro de 1890, começou ativamente o negócio de franquia de frango frito com a idade 65 anos. Hoje, o negócio da KFC® iniciado por ele, cresceu e é um dos maiores sistemas de serviço de comida rápida no mundo. E o Coronel Sanders, um pioneiro de restaurante de serviço rápido, se tornou um símbolo de espírito empreendedor. Mais de um bilhão de finger lickin' good (bons jantares de frango) do Coronel são servidos anualmente. E não só na América do Norte. A arte culinária do Coronel está disponível em mais de 80 países e territórios ao redor do mundo. Quando o Coronel tinha seis anos, seu pai faleceu. A sua mãe foi obrigada a trabalhar, e Sanders ainda jovem teve que cuidar do seu irmão de três anos e de sua irmã ainda bebê. Isto o ajudou a conhecer a arte da culinária familiar. Com sete anos de idade ele era mestre de vários pratos regionais. Com dez anos ele arrumou o seu primeiro emprego em uma fazenda próxima para ganhar US$ 2 por mês. Quando ele tinha 12 anos, a sua mãe casou-se novamente e ele se mudou de sua casa perto de Henryville, para um trabalho em uma fazenda em Greenwood. Ele teve vários tipos de trabalhodurante os anos seguintes, primeiro como um condutor de bonde aos 15 anos de idade em New Albany, e então com 16 anos, como soldador durante seis meses em Cuba. Depois disso ele foi bombeiro de via férrea, estudou direito por correspondência, praticou o advocacia na corte da paz, foi vendedor de seguros, dirigiu bote de transporte no rio Ohio, vendeu pneus, e trabalhou nas estações de serviço. Aos 40 anos, o Coronel começou a cozinhar para viajantes famintos que pararam em sua estação de serviço em Corbin, Kentucky. Ele não tinha um restaurante ainda, mas CORONEL SANDERS Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 26 servia as pessoas na sua própria mesa jantando com eles nos trimestres em que a estação de serviço operava. Como muitas pessoas começaram a vir só para comer, ele mudou para o outro lado da rua para um hotel e restaurante que cabiam 142 pessoas sentadas. Durante os próximos nove anos, ele aperfeiçoou a sua mistura secreta de 11 ervas e temperos e a técnica da arte culinária básica que ainda são usados hoje. A fama de Sanders cresceu. O Governador Ruby Laffoon lhe fez Coronel de Kentucky em 1935 em reconhecimento de suas contribuições para a culinária do estado. E em 1939, o seu estabelecimento foi listado em primeiro lugar por Duncan Hines, (Adventures in Good Eating). No inicio de 1950 uma nova rodovia interestadual foi planejada para evitar a cidade de Corbin. Vendo um fim do seu negócio, o Coronel vendeu suas instalações. Depois de pagar suas contas, ele se manteve com o cheque de US$ 105 de sua aposentadoria. Em 1952, confiante na qualidade do seu frango frito, o Coronel se dedicou ao negócio de franchising de frango. Ele viajou pelo país de carro, de restaurante em restaurante, cozinhando frango para os donos de restaurantes e os seus empregados. Se a reação fosse favorável, ele entrava em um acordo de aperto de mão em uma transação que estipulou um pagamento a ele de um níquel para cada frango vendido no restaurante. Antes das 1964, Coronel Sanders teve mais de 600 pontos de franchising para o seu frango nos Estados Unidos e Canadá. Ele vendeu suas ações da companhia norte-americana por US$ 2 milhões para um grupo de investidores naquele ano, inclusive John Y. Brown Jr., que foi o governador de Kentucky de 1980 a 1984. O Coronel permaneceu como porta-voz da companhia. Em 1976, uma pesquisa independente classificou o Coronel o segundo do mundo como a celebridade mais reconhecida. Sob a nova direção, Kentucky Fried Chicken Corporation cresceu rapidamente. Abriu seu capital no dia 17 de março de 1966, e ingressou na Bolsa de valores de Nova Iorque no dia 16 de janeiro de 1969. Mais de 3.500 franquias e restaurantes próprios estavam em operação no mundo quando o Heublein Inc. adquiriu a KFC no dia 8 de julho de 1971, por US$ 285 milhões. Kentucky Fried Chiken se tornou uma subsidiária de R.J. Indústrias da Reynolds, Inc. (agora RJR Nabisco, Inc.), quando o Heublein Inc. foi adquirida por Reynolds em 1982. KFC era comprada em outubro de 1986 da RJR Nabisco, Inc. pela PepsiCo, Inc., por aproximadamente US$ 840 milhões. Em janeiro de 1997, PepsiCo, Inc. anunciou a subsidiária de seus restaurantes de serviço rápidos, KFC, Taco Bell e Pizza Hut, em uma companhia de restaurante independente, Tricon Global Restaurants, Inc. Em maio de 2002, a companhia anunciou que recebeu a aprovação dos acionistas para mudar o nome de corporação para Yum Brands, Inc. A companhia que possui A&W All-American Food, KFC, Long John Silvers, Pizza Hut e Taco Bell restaurantes se tornou a maior companhia de restaurante do mundo em termos de unidades de sistema com Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 27 quase 32,500 em mais de 100 países e territórios. Mesmo enfermo de leucemia em 1980 a 1990, o Coronel viajou 250,000 milhas por ano visitando os restaurantes da KFC ao redor do mundo. E tudo começou com um cavalheiro de 65 anos de idade que usou o cheque de $105 de sua aposentadoria para começar um negócio. Fonte: OLIVEIRA, C. A. Quando começar. Disponível em: http://www.professorcezar.adm.br/Textos/ Quando%20Começar.pdf Para finalizar, conheça as características que, segundo Oliveira (2008), fazem parte do perfil de uma pessoa empreendedora: 1. Autoconfiança. Sentir-se seguro em relação aos seus propósitos, ao seu projeto. Mesmo tendo muitas opiniões contrárias podendo agir com firmeza e determinação para atingir o seu objetivo. 2. Automotivação. Não necessita do "empurrão" de outros para se animar. Encontra forças em si mesmo diante dos desafios. Mesmo diante de algum fracasso encontra sempre um motivo para recomeçar. 3. Criatividade. Capacidade de encontrar soluções viáveis para solução de problemas. Capacidade de criar novos produtos e serviços. Capacidade de encontrar novos caminhos, novos processos. Tem sempre uma sugestão, mesmo que não seja a melhor. 4. Flexibilidade. Pessoas inflexíveis têm muitos problemas para o recomeço quando necessário. A flexibilidade habilita para rever posições, assumir o novo, ceder quando preciso. Ouvir as idéias e sugestões e aceitá-las quando for o caso, mesmo que isso signifique uma grande mudança no projeto. 5. Energia. Que tem seu negócio próprio, dificilmente trabalhará oito horas por dia. Serão doze, senão catorze horas de trabalho diariamente. É preciso ter "pique", muita energia até o negócio poder caminhar sem necessidade de acompanhamento "full time". Tem que suar a camisa. 6. Iniciativa. Capacidade para agir de maneira oportuna e adequada sobre a realidade, apresentando soluções, influenciando acontecimentos e se antecipando às situações. 7. Perseverança. Capacidade de manter-se firme e constante em seus propósitos, porém, sem perder a objetividade e clareza frente às situações (saber perceber limites). 8. Resistência à frustração. Este é um item de muita importância no perfil do empreendedor. Não são poucos que abrem um negócio que não tem vida longa. Há sempre um recomeço. Este item está muito ligado à perseverança e à motivação. Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 28 9. Disposição para assumir riscos. São muitos os riscos que o empreendedor assume ao criar seu negócio. Risco do abandono do emprego, riscos financeiros, riscos psicológicos pela possibilidade de fracassar. Muito bem. Chegamos ao final do nosso capítulo. Agora que você já sabe o significa ser um empreendedor e quais características compõem o perfil empreendedor, reflita sobre as questões abaixo e, em seguida, faça o teste para conhecer seu perfil empreendedor: Lembre-se: Você não precisa provar nada a ninguém. Apenas aproveite a oportunidade de se conhecer melhor. Você se julga uma pessoa empreendedora? Dentre as características que compõem o perfil empreendedor, quais você já possui? Quais você ainda precisa desenvolver? Distribua cinco pontos em cada par de afirmações a seguir, destinando uma pontuação maior para aquela afirmação que você mais concorda. Por exemplo: na questão 1, se você concorda plenamente com a afirmação A e discorda totalmente da afirmação B, escolha a combinação 5-0 (cinco pontos para A e nenhum ponto para B). Se concorda muito com a afirmação A e um pouco com a afirmação B, escolha então a combinação 4-1 (quatro pontos para A e um ponto para B). Se concordar apenas ligeiramente com a afirmação A em relação à afirmação B, use a combinação 3-2 (três pontos para A e dois pontos para B). A mesma lógica vale para o caso de você concordar mais com a afirmação B, claro. E não se esqueça: seja verdadeiro consigo mesmo! TESTE: Você é empreendedor? Luiz Fernando Garcia é consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. É metodologista, empresário, palestrante e autor dos livros "Pessoas de Resultado" e "Gente que faz", da Editora Gente. É um dos quatro consultores certificados pela ONU (Organização das Nações Unidas) para coordenar os seminários e capacitar os coordenadores, facilitadores e trainees do EMPRETEC/ SEBRAE. Coordenou a equipe responsável pelo desenvolvimento do T.O.T (Training of Trainers) da metodologia EMPRETECno Brasil, América Latina e África (ano 2002 / 2003). Disponível em: <http://www.ethesis .inf.br/index.php? option=com_content &task=view&id=1897 &Itemid=96>. Acesso em: 15 abr. 2008. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 29 Conteudista e responsável técnico pelo projeto de Educação Empreendedora no Ensino Médio- Técnico MEC(Ministério da Educação e Cultura)/SEBRAE - 2000, qualificando mais de 12.000 educadores no Brasil, além da certificação Notório Saber em comportamento empreendedor (MEC). É pioneiro no Brasil, na abordagem de Orientação para Resultados e equipes e empresas e pelo desenvolvimento da metodologia de Manejo Comportamental como no Projeto APL - Arranjos Produtivos Locais para a Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Questão 1. A) A capacidade de um empreendedor acaba tendo pouca influência sobre o sucesso que ele obtém, por isso depende de muitos outros fatores. B) Um empreendedor capaz sempre consegue definir o destino de seu negócio. Questão 2. A) Empreendedorismo é um dom que nasce com a pessoa. B) É possível desenvolver o empreendedorismo ao longo da vida. Questão 3. A) A competência dos concorrentes define se um vendedor conseguirá vender seus produtos. B) Um vendedor capaz sempre consegue vender seus produtos, mesmo com bons concorrentes. Questão 4. A) O planejamento é um fator determinante para o sucesso de um empreendimento. B) O planejamento não define o sucesso de um empreendimento, porque sempre surgem fatores inesperados que se tornam mais decisivos. Questão 5. A) A condição econômica da pessoa é essencial para que ela se transforme em uma empreendedora de sucesso. B) Um empreendedor pode se tornar um sucesso, independente da condição econômica. Questão 6. A) Os erros dos empreendedores surgem principalmente da sua própria falta de habilidade e de percepção. B) Os erros dos empreendedores surgem principalmente de fatores sobre os quais ele não tem controle. Questão 7. A) Os empreendedores são freqüentemente vitimados por fatores conjunturais que sequer chegam a compreender plenamente. B) A informação e o envolvimento em temas sociais, políticos e econômicos podem levar os empreendedores a compreender todos os fatores que afetam o seu negócio. Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 30 Questão 8. A) Obter um empréstimo depende sobretudo da boa vontade do banco. B) Obter um empréstimo depende sobretudo da viabilidade do plano de negócio. Questão 9. A) Buscar informações com vários fornecedores antes de comprar matéria prima é essencial para obter o melhor produto. B) Não há porque perder tempo coletando informações: a qualidade do produto que se compra está diretamente relacionada ao valor que se paga. Questão 10. A) Ter ou não ter lucro depende da sorte. B) Ter ou não ter lucro depende da competência. Questão 11. A) Há pessoas que, por suas características, jamais terão sucesso como empreendedoras. B) É possível desenvolver capacidade empreendedora em pessoas com qualquer tipo de perfil. Questão 12. A) As origens sociais de uma pessoa definem se ela terá sucesso como empreendedora. B) Não importam as origens sociais; o esforço e a capacidade da pessoa podem levá-la ao sucesso como empreendedora. Questão 13. A) Não há como escapar dos entraves causados pela burocracia (órgãos do Governo, funcionários públicos, bancos). B) É possível não depender da burocracia. Questão 14. A) O mercado se tornou tão imprevisível que é aceitável empreendedores de visão errarem. B) Um empreendedor deve culpar a si próprio pelos seus erros de percepção. Questão 15. A) O destino de cada um depende de seus próprios esforços. B) Tentar mudar o destino de alguém é inútil. O que tiver que ser, será. Questão 16. A) Há muitas circunstâncias que escapam do controle do empreendedor. B) Os empreendedores fazem suas próprias circunstâncias. Questão 17. A) Não importa o quanto nos esforçamos, só conseguimos realizar o que está reservado pelo destino. B) Os resultados que obtemos dependem dos nossos esforços. Questão 18. A) A eficácia de uma organização depende sobretudo da existência das pessoas competentes. B) Por mais competentes que sejam os profissionais de uma empresa, as condições socioeconômicas podem levá-la a enfrentar sérios problemas. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 31 Conhecendo o total de cada coluna, divida a soma da COLUNA 1 pelo total da COLUNA 2. COLUNA 1 ( ) ___________ = Total COLUNA 2 ( ) ___________ = Total Resultado: Abaixo de 1,0 - Indica que você possui um alto nível de orientação por controle externo, ou seja, depende da influência externa para tomar decisões, de alguém dizendo "faça isso, não faça aquilo". Isso dificulta suas possibilidades de iniciar uma atividade como empreendedor ou de se destacar profissionalmente. Questão 19. A) Às vezes, é melhor deixar as coisas se encaminharem sozinhas, ao acaso. B) Agir para resolver os problemas é sempre melhor do que deixá-los ao acaso. Questão 20. A) A competência no trabalho sempre será reconhecida. B) Por mais que alguém seja competente, ele dependerá dos contatos para crescer. Agora transfira a pontuação para a tabela abaixo e faça a soma no final: Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 32 Entre 1,0 e 2,9 - Indica que você até pode vir a ser um empreendedor, mas é importante aumentar seu poder de iniciativa. Entre 3,0 e 4,9 - Indica que você tem um bom nível de controle interno: capacidade para eleger prioridades, tomar iniciativas e andar rumo ao foco. Entre 5,0 e 6,9 - Indica que você tem um excelente nível de controle interno, com grandes possibilidades de iniciar uma atividade como empreendedor ou de se destacar profissionalmente. De 7,0 em diante - Você possui um nível de controle interno fora do comum. Dificilmente suportará estruturas corporativas muito rígidas. Pela experiência com a aplicação do formulário de Rao, os empreendedores francos, que possuem personalidade empreendedora, alcançam essa última faixa de pontuação, entre 7 e 9 pontos. São características dessas pessoas: a facilidade em instalar confiança nas outras pessoas, criatividade, liderança, orientação em direção aos resultados. Atividade Complementar ENTREVISTA COM UM EMPREENDEDOR 1. Identifique uma pessoa do seu relacionamento, que você reconheça como empreendedor. 2. Realize uma entrevista com essa pessoa. 3. Após a entrevista, elabore um texto com as principais descobertas que você fez. OBS: Deixe claro o contexto de características empreendedoras presentes no entrevistado e o seu envolvimento com o negócio. A seguir, será apresentado um guia de perguntas para entrevista, que deve ser entendido como uma sugestão e adaptado às circunstâncias. Dicas - Deve-se explicar ao entrevistado que ele estará livre para não responder às perguntas que julgar de natureza confidencial (caso ocorra este fato, registrar no seu texto). - A entrevista deve ser feita, preferencialmente, fora do local de trabalho do entrevistado, para evitar interrupções. Tudo deve ser programado para que a entrevista seja conduzida sob condições favoráveis. Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo 33 SUGESTÃO DE ROTEIRO DA ENTREVISTA COM EMPREENDEDOR: Fonte: h t t p : / / w w w . p l a n o d e n e g o c i o s . c o m . b r / f i l e s / empreendedorismo7.pdf 1.Que fatores influenciaram a pessoa a se tornar empreendedor(a)? 2.Ele/ela criou seu próprio negócio durante a faculdade/colégio? 3.Que pessoas/empreendedoras o inspiraram? 4.Alguém de sua família era empreendedor? 5.Como o empreendedor encontrou a oportunidade? 6.Que experiência de trabalho anterior o empreendedor teve antes de abrir o negócio? 7.Quais são suas forças e fraquezas? 8.Que educação formal ele teve? Foi relevante para o negócio? 9.Como ele avaliou a oportunidade? 10.Ele teve sócios? 11.Pergunte sobre os sócios; eles complementaram suas habilidades para tocar o negócio? 12.Que recursos (econômicos/financeiros) ele precisou para implementar o negócio? 13.Onde e como ele obteve estes recursos? 14.Houve algum eventode "disparo" para iniciar o negócio (demissão? aposentadoria? outro?...) 15.Ele tinha um plano de negócios? Se não, ele fez algum tipo de planejamento? Peça para explicar 16.Quando ele obteve seu primeiro cliente? 17.Qual foi o momento mais crítico no início do negócio ou mesmo depois de sua criação? Como foi superado? 18.Qual foi o momento de maior satisfação? 19.Qual é o lado positivo de ser empreendedor? E o negativo? 20.De que mandeira a carreira como empreendedor afetou sua família? 21.Pergunte se ele faria isso de novo? Caso positivo, o que faria diferente? 22.Que conselhos ele daria a uma pessoa que quer se tornar um empreendedor? 35 C A P ÍT U LO 2 2 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Objetivos de Aprendizagem: - Estabelecer a relação entre criatividade e inovação. - Reconhecer a influência das ações criativas e inovadoras para o empreendedorismo. - Identificar as barreiras que impedem o processo criativo e inovador. - Conceituar intra-empreendedorismo. - Situar a figura do intra-empreendedor no contexto mais amplo das organizações corporativas. INTRODUÇÃO Estamos vivendo, conforme vimos no capítulo anterior, na "era da produtividade". Desde a revolução industrial, um dos principais objetivos para a viabilização econômica das empresas, segundo Sohsten (2003), tem sido: "fazer mais, com menos". Esse "menos", segundo o autor, é composto pelos principais meios de produção: capital, trabalho e pessoas. Houve um tempo em que o poder de uma empresa era medido pela quantidade de funcionários que para ela trabalhava. Hoje em dia essa medida é mais um sinônimo de ineficiência e desatualização tecnológica (SOHSTEN, 2003). Podemos inferir, com isso, que uma das conseqüências dessa espantosa produção de bens e serviços que alcançamos (a maior já registrada em toda história da humanidade), foi a diminuição do número de trabalhadores não- qualificados nas empresas. Isso porque, para superar os desafios da competição global, é imprescindível ter conhecimento para promover as inovações necessárias à sobrevivência das empresas, ou seja, as empresas precisam inovar para se manterem competitivas. Caso contrário, certamente não sobreviverão, pois conforme afirma Druker (apud CYGLER, 2008), "no futuro só existirão dois tipos de empresas: as rápidas e as mortas", e essa diferenciação será estabelecida pela sua capacidade de inovar. É nessa hora que a criatividade se faz presente, pois diante da necessidade que as empresas têm de reagir às mudanças ou mesmo de promover o próprio crescimento, é preciso usar a criatividade, pensar diferente, usar o talento e a imaginação na busca de novas alternativas. Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 36 Num mercado absolutamente competitivo, portanto, ser criativo e inovador não são apenas características desejáveis, mas sim fundamentais para a sobrevivência de qualquer organização. Além dessas condições certamente existem outras, mas sem dúvida, a criatividade e a inovação são importantes diferenciais competitivos que distingue as empresas empreendedoras das demais. Vamos constatar? Faça o seguinte teste sugerido por Silva (2008a): De quantas empresas você se lembra que foram líderes ou importantes no passado e que encolheram ou desapareceram porque algo melhor, mais inovador foi lançado? Analise uma das empresa de que você se lembrou e questione: o que ela fez para manter-se atualizada? O que ela inovou? Como ela tratou o potencial criativo de suas equipes? Como ela valorizava a colaboração dos funcionários com idéias inovadoras? Suas respostas, provavelmente, coincidem com a previsão do autor. Confira: "Eu até arrisco a dar uma resposta. Eram empresas que tinham a postura de dizer: 'sempre fizemos assim e deu certo', 'você não está aqui para pensar, você está aqui para trabalhar', 'não invente moda'. 'em time que está ganhando, não se mexe'". (SILVA, 2008a) Situações como essas ilustram bem o pensamento de Alonso (2008), quando afirma que "a dificuldade de toda da inovação começa no próprio comportamento do ser humano". Nesse sentido, novas posturas se impõem às pessoas que atualmente pretendem ter sucesso em qualquer empreendimento - tanto profissional, quanto pessoal. Essas posturas estão diretamente relacionadas à criatividade e inovação e são temas deste capítulo. Vamos prosseguir? 2.1 CRIATIVIDADE "Imaginação é o inicio da criação. Nós imaginamos o que desejamos; nós seremos o que imaginamos; e, no final, nós criamos o que nós seremos". George Bernard Shaw Atualmente, fala-se muito em criatividade. Nos mais diversos setores e organizações sociais, inclusive no mundo empresarial, tem se ressaltado a importância de sermos criativos. Capítulo 2 Criatividade e Inovação 37 Mas o que é criatividade? Como podemos definir uma atitude criativa? Será que todas as pessoas são criativas? Nós já nascemos criativos ou desenvolvemos esse potencial? É possível ser criativo sempre? Como você pode perceber, são muitas as perguntas e, em sua grande maioria, várias são as respostas possíveis. Vamos começar, então, tentando definir o termo criatividade. No dicionário, encontramos que criatividade é: 1. qualidade ou característica de quem ou do que é criativo. 2. inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo etc. 3. Rubrica: lingüística. Capacidade que tem o falante de produzir e compreender um número imenso de enunciados, mesmo aqueles que não tinham sido por ele ouvidos ou pronunciados anteriormente. Decorre da competência lingüística, que é o conhecimento intuitivo que todo falante possui dos princípios e regras da sua língua. Observe como é amplo o campo de idéias utilizadas para explicar o que é o fenômeno criativo. Se continuarmos pesquisando, vemos ainda que ela pode ser abordada, diferentemente, sob vários pontos de vista: o ponto de vista psicológico, neurológico, cognitivo, organizacional e humano dentre outros. Vejamos, então, o que alguns autores dizem a esse respeito: Segundo Vervalin (1975), a criatividade está presente na música, literatura e artes, que são as áreas onde tradicionalmente se aplica o conceito, mas também existe a criatividade científica, tecnológica e em diversas outras áreas, caracterizando a criatividade, portanto, como um conceito de difícil definição. Para Gardner (1996), analisar a criatividade vai além da competência de uma única disciplina, sendo necessários diferentes níveis de análise para se entender o fenômeno. Assim sendo, sua melhor compreensão se dá pela interação de todas essas dimensões. Portanto, para o autor, a criatividade não está apenas na idéia, no processo ou na habilidade do artista, nem no domínio de prática ou no grupo de juízes, mas sim em todo esse conjunto. Considerando a dificuldade de se estabelecer esse conceito, propomos que você leia o texto a seguir e, então, elabore as suas conclusões. Vamos lá? Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 38 O que é criatividade? Francisco Wilson Dias Miranda "Quando eu era bem pequeno, sonhava em ser um grande pintor, pegava meus lápis de cera e saia pintando tudo que via, no meu jardim de infância, por exemplo, minha mãe vivia sendo chamada à atenção porque as paredes estavam sempre pintadas, particularmente, acho que não gostavam de um "artista". Completei então meus nove anos de idade, meus pais não tinham condição o suficiente para dar-me um presente de aniversário, eu sempre fui compreensivo, e entendia bem a situação. Veio-me assim a incrível idéia de construir meu próprio presente, peguei papéis, plásticos, madeira, ferro e construir um brinquedo que nem eu sabia o que era. A partir daí, comecei a pensar em ser um inventor como Thomas Edson, futuramente. Ingressei no ginásio ainda com apenas 12 anos de idade, tive que acostumar com vários professores e saber me comportar com cada um, eu achava-me um homenzinho, e não teria mais que perder tempo pintando papéis, paredes ou mesmopegar um monte de bagulho pra brincar. Nas aulas de Português sempre líamos textos bastante interessantes antes de vermos o conteúdo. Quase sempre nossa atividade de casa era trazer uma redação. No dia seguinte, fazíamos concursos sobre qual redação merecia nota mais alta, quase sempre eu ganhava! Descobri que teria um futuro brilhante como escritor. Fiz dezenas de textos, cada um mais significante do que o outro, formariam um belíssimo livro. O gosto pela escrita de textos acabou assim que ingressei no teatro municipal de minha cidade, já tinha meus 14 anos, o prazer pela escrita não era o mesmo que sentia na 1ª série do 1º grau, e meus pais viviam dizendo que era bastante envolvente e que acostumaria logo. E a verdade é que me acostumei bem antes do que imaginava, meus professores de teatro eram superlegais, meus colegas viraram depressa meus amigos, e o melhor de tudo era participar de teatro! Meses se passaram, ficava cada vez mais "profissional" no teatro, fazia personagens bem criativos, cheguei a conclusão de que o teatro era a minha "vida". Anos mais tarde derramei muitas lágrimas por terem "arrancado" a escola de teatro da cidade, motivo que até hoje desconheço. Nessa época, já tinha 18 anos, deixei de fazer o que fazia todos os dias. Por isso, fiquei bastante decepcionado. Passei muitos meses sem fazer teatro. Acabei esquecendo, e percebi que teatro não seria a profissão ideal para mim. Nesse mesmo ano, terminei o 2º grau, e em razão de meu ótimo desempenho, conquistei o direito de passar direto pra faculdade. Meus pais ainda não tinham recursos para suprir minhas Capítulo 2 Criatividade e Inovação 39 necessidades dentro de uma faculdade, e por isso, ingressei na faculdade pública para professor. Não era o que eu almejava, mas a vida não é como se quer, e sim as coisas como são! Formei-me em professor muito cedo, e passei assim a ensinar em uma escola pública estadual. Casei-me com uma também professora, comprei uma casa e com ela fui morar. Comecei a "namorar" com a responsabilidade. Não tinha mais tempo pra nada, conforme iam passando os anos, meu tempo encurtava, passava o dia todo estressado, minha cabeça doía em pensar em problemas, era terrível. Hoje sou um velho de 69 anos, tive uma vida muito criativa, porém devia ter sonhado mais, acreditado mais, e não ter desistido quando pensei que não havia mais chances, deixando abrigar em mim um ser que nunca fui, esquecendo meu lado "infantil" e a criatividade. Não me arrependo pelo que fiz, e sim pelo que deixei de fazer. Minha mulher morreu faz dois anos e eu vivo sozinho em minha casa. Aposentei-me como professor há dezoito anos. Não faço mais nada e, por isso, sentindo a necessidade de ser útil, criei uma escola que abrange pintura, criações, escrita e teatro para as crianças que, por meio da criatividade indispensável à vida, sonham com seu futuro bem distante, mas alcançável, pois a criatividade é o “ binóculo” do futuro. In: Revista on line: Gosto de Ler, coluna Crônicas e Poesias. Disponível em: http:/ /www.gostodeler.com.br/frame.php?ver=http:/ / w w w . g o s t o d e l e r . c o m . b r / m a t e r i a / 4 9 8 5 / O_que_%C3%A9_Criativ.html O que podemos concluir com esse relato, em relação à criatividade? Ainda que de forma bastante tímida, a criatividade esteve presente em diversos momentos da vida de nosso personagem. Porém, como geralmente acontece, teve seu auge na infância ou na juventude e acabou se ausentando na idade adulta. Nosso professor viveu essa transformação da criatividade em sua vida, mas percebeu, reagiu e superou essa ausência, construindo outras alternativas para seu futuro. Com isso, podemos, então, compreender a criatividade como o poder de encontrar novas alternativas para os problemas do dia a dia, ainda que sejam simples e adaptadas de outras já existentes. Ser criativo, portanto, não é apenas ter idéias brilhantes e originais o tempo todo, como muitas pessoas pensam. Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 40 Na verdade, esclarece Navega (2000), exercitamos a criatividade toda vez que utilizamos nosso raciocínio para encontrar uma forma diferente de fazer determinada tarefa, quando idealizamos uma nova utilidade para algo já existente ou quando expressamos nossas idéias e opiniões de maneira interessante e divertida, visto que o humor também é uma forma criativa de expressão. Com isso, podemos chegar a uma outra conclusão: a criatividade é algo que se encontra ao alcance de qualquer pessoa. Todos nós somos criativos, sem exceção. O que diferencia uma pessoa da outra, explica Araújo (2003), é a forma como cada um conviverá com isso, pois a criatividade é uma função psicológica e tem apenas que ser reativada, reanimada, treinada.. Mas o que isso significa, na prática? O que é possível ser feito para estimular o potencial criativo? Segundo Fiaschetti (2008), todo ser humano tem um potencial criativo a ser desenvolvido e esse potencial deve ser estimulado com exercícios e convivência com pessoas criativas. Ser criativo, então, é um hábito que pode ser desenvolvido diariamente. Nas palavras do autor, o ato de inovar nas tarefas mais simples, pelo mero prazer de fazer diferente, é um treinamento que nos torna mais aptos a improvisar em situações críticas, para as quais não existe um modelo a ser seguido. Abandonar modelos, ou substituí-los freqüentemente, preserva a flexibilidade mental e mantém reflexos treinados e percepção aguçada para agir criativamente, sempre que necessário. (FIASCHETTI, 2008) Saiba Mais Para conhecer as sugestões do autor sobre como exercitar sua criatividade, acesse o site http://www.msd-brazil.com/msdbrazil/hcp/ farmaceuticos/gestao/marketing_0405.html Exercitar a nossa criatividade, portanto, é algo de devemos fazer sempre, pois, como já dizia Walt Disney Criatividade é como fazer ginástica: quanto mais o corpo se exercita mais forte fica. Conscientes disso, algumas empresas começaram a valorizar bem mais o potencial criativo de seus funcionários. Um exemplo é a Mercedes-Benz, que regularmente oferece cursos de criatividade aos seus funcionários. Durante três dias, um grupo formado por cerca de 30 funcionários é destacado da empresa para desenvolver dinâmicas que favoreçam o surgimento de idéias e estimulem o potencial inovador dos participantes. Isso porque, conforme explica Teixeira (2008), Capítulo 2 Criatividade e Inovação 41 se a criatividade dos funcionários não estiver bem desenvolvida e treinada, esta empresa está perdendo competitividade para aquelas que estão valorizando a criatividade de seus colaboradores. A empresa moderna já abandonou a velha premissa de que é preciso gastar ou investir mais do que o concorrente. Ela sabe que seu grande patrimônio é o potencial de seus funcionários. (TEIXEIRA, 2008) Mas atenção: ser criativo não que dizer, necessariamente, ser inovador. Para compreender melhor essa afirmativa, leia o texto a seguir e veja como Wollheim (2005) explica essa diferença: Criatividade x inovação O que se pode fazer para ser mais inovador (e criativo) no universo dos negócios e do empreendedorismo Você já ouviu alguém dizer que somos um povo criativo? Independentemente das razões - miscigenação, africanos, calor tropical, povo de excluídos e assim por diante -, somos uma nação reconhecidamente de gente criativa. Talvez até seja justamente a capacidade criativa que explique a nossa capacidade de viver e ser feliz num Brasil tão sofrido, difícil e nos exigindo mais e mais. Encontramos sempre um "bico" (ou frila, usando uma expressão mais atual) para ajudar no orçamento. Sempre temos uma solução criativa pra turma do leão. E é com uma destreza criativa impressionante, por exemplo, que nos livramos de um chato que nos pára na estrada quando estamos correndo acima do limite permitido! Tem um provérbio chinês que diz que a nossa grande virtude é também o nosso maior defeito. Grande e simples verdade, daquelas que só os chineses são capazes de formular - apesar de não seguirem a maior parte delas - e que de fato nosalerta para coisas importantes na vida. Nossa enorme criatividade como povo também é o que nos inibe de sermos mais inovadores. O jeitinho brasileiro vem da criatividade e não da inovação. Somos certamente novidadeiros, mas também pouco inovadores. Inovar requer trabalho, pensar muito, quebrar regras e padrões, não se prender ao que já foi feito ou a modelos que já existem e criar tudo novo. Não é a nossa praia. Preferimos resolver as coisas quando elas acontecem. Somos mais "resolvedores" de problemas (criativamente) do que formuladores de novas perguntas. Aspectos culturais e de educação nos impulsionam pra frente dessa maneira, penso eu. Estamos mudando com o mundo, claro. Globalização, americanização, competição, resultados, são fatos que também nos afetam e nos cobram novos olhares, novos modos de vida mas, assim mesmo, temos o nosso jeito que - bem ou mal - funciona há 500 anos! É ou não é assim que pensamos? Brincadeiras à parte, o mundo de hoje pede que, além de criativos, sejamos inovadores de fato. Quem souber pensar à frente do resto do mundo - e agir dessa maneira - terá a capacidade de crescer, progredir Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 42 e participar da riqueza do planeta. Quem, por outro lado, permanecer à margem desse processo, ficará à margem do progresso e da renda. Inovar em um mundo capitalista é saber alimentar constantemente o processo. Entender isso é mistér. Não há país que tenha virado de primeiro mundo sem que o processo de inovação tenha acontecido em sua sociedade. De verdade. (WOLLHEIM, 2005) Para quem ainda não está seguro da sua criatividade, apresentamos algumas dicas. Mas lembre-se: este é um processo lento, que exige muita dedicação: 1ª) Procure romper suas "verdades únicas", por mais doloroso que isto seja para você 2ª) Procure aprender com seus erros, não fique martirizando a si próprio 3ª) Valorize as experiências pessoais daqueles que estão próximos de você 4ª) Desenvolva o hábito de leitura 5ª) Procure reciclar tudo o que você faz ( tudo pode e deve ser melhorado) 6ª) Amplie seus horizontes. Leia com atenção a frase abaixo: "Não é porque da sua janela você enxerga até o horizonte, que o mundo não continua depois dele". Fonte: http://www.gte.xpg.com.br/Teatro/Criatividade.html Além de promover a sua criatividade pessoal, busque ainda aumentar a criatividade do seu grupo de trabalho, pois seguramente todos irão se beneficiar com isso. Como? Suponha que você queira ser um atleta. Você pode começar a se comportar como um, treinando todos os dias, por exemplo. Provavelmente, você não irá para as Olimpíadas, mas vai tornar-se muito mais atleta do que qualquer outra pessoa que não tenha treinado. Da mesma maneira, as pessoas numa empresa podem tornar-se mais criativas se começarem a se comportar criativamente. Michael Michalko (apud CANDELORO, 2006), indica 16 maneiras de estimular a criatividade numa empresa. Veja qual delas pode ser aplicada à sua realidade. 1. Melhore todos os dias: Peça para os membros da sua equipe melhorarem um aspecto de seu trabalho todos os dias, focando nas áreas que estejam sob seu controle. Ao final do dia, faça com que se Capítulo 2 Criatividade e Inovação 43 reúnam e pergunte o que fizeram de maneira diferente ou de melhor que o dia anterior. Isso também pode ser feito por períodos um pouco mais longos, como uma semana ou mês. Basta você escolher um tema - prospecção, por exemplo. Promova a 'Semana da Prospecção Criativa', ou coisa parecida. As melhores histórias podem ser aproveitadas pelo resto da equipe. Depois, é só escolher outro tema, e assim por diante. Depois de certo tempo, vocês vão descobrir dezenas de técnicas criativas e eficientes de vender melhor. 2. Pendure um edital de brainstorming: Coloque um quadro de avisos numa área central e encoraje as pessoas a participarem com idéias. Escreva um tema ou problema numa cartolina colorida e cole-a no centro do quadro. Providencie notas do tipo Post-it (autocolantes) para que as pessoas possam escrever e colar suas idéias no quadro. Exemplo: suponhamos que os vendedores da sua empresa deparem- se regularmente com um certo tipo de objeção. Descreva a situação na cartolina colorida, cole-a no quadro criativo, e deixe todos os funcionários da empresa participarem com idéias e sugestões. 3. Promova uma Loteria de Idéias: Dê um cartão numerado para cada pessoa que tiver uma idéia criativa. No final do mês, compartilhe todas as idéias com sua equipe. Faça um sorteio e dê um prêmio para quem tiver o cartão premiado. Crie um Cantinho da Criatividade: Crie na sua empresa um local (de preferência uma sala) onde as pessoas possam ir para pensar criativamente. Coloque no local livros, vídeos e jogos que estimulem a criatividade. Algumas empresas chegam a decorar esse tipo de área com fotos de funcionários quando eram bebês, reforçando a idéia de que todos nascemos espontâneos e criativos. 4. Inspire através de ícones: Peça às pessoas para colocarem em suas mesas objetos que representem sua própria interpretação pessoal do que é a criatividade no trabalho. Por exemplo, uma bola de cristal para representar o planejamento do futuro, pilhas ou baterias novas para simbolizar energia criadora, etc. 5. Almoce com propósito: Encoraje almoços semanais, com no máximo 5 pessoas, só para fazer um brainstorming. Primeiro, solicite que leiam alguma coisa sobre criatividade. Se for um livro, peça que cada um leia um capítulo diferente. Assim, cada pessoa terá uma perspectiva diferente sobre como aplicar a criatividade na empresa. Convide pessoas criativas da sua cidade para almoçar com o grupo. Peça- lhes para sugerirem como ser mais criativo no que vocês fazem na empresa. 6. Use Agendas de Idéias Brilhantes: Dê a todos uma agenda de 'idéias brilhantes', e peça que escrevam três idéias por dia, durante um mês, sobre como melhorar as vendas. No final do mês, recolha as agendas e categorize as idéias. Discuta-as depois com seu grupo, decidindo quais as melhores e como implantá-las. 7. Organize a Semana das Idéias Estúpidas: Faça com que ter idéias seja divertido. Com a 'Semana das Idéias Estúpidas', promova um Empreendedorismo FURB / ASSEVALI 44 concurso. Coloque as idéias em algum lugar visível, e depois selecione a idéia mais estúpida apresentada. Todos vão se divertir e, no processo, você vai descobrir que algumas idéias não eram tão estúpidas assim. 8. Cultive a Criatividade por Comitês: Estabeleça voluntariamente um 'Comitê Criativo' para discutir e implantar boas idéias apresentadas pelos funcionários. O comitê pode ter alguma forma pública de demonstrar como andam as idéias na empresa (um termômetro, por exemplo). Reconheça e premie as pessoas de acordo com a quantidade e a qualidade de suas contribuições criativas. 9. Crie o Clube dos Campeões: Pegue um corredor da sua empresa e transforme uma de suas paredes no 'Clube dos Campeões'. Coloque fotos das pessoas cujas idéias tenham sido implantadas, junto com um parágrafo descrevendo a idéia e os benefícios que ela trouxe para a empresa. 10. Misture cérebro esquerdo e direito: Quando fizer um brainstorming em grupo, tente dividir as pessoas em pensadores com o lado esquerdo (racionais) e lado direito (intuitivas). Peça aos racionais sugestões práticas, convencionais e lógicas. Peça aos intuitivos para sugerirem coisas ilógicas e pouco convencionais. Depois combine os grupos e discutam as sugestões. 11. Proponha cotas de idéias: Garanta a criatividade dando a cada funcionário uma cota semanal (por exemplo, uma idéia por semana). Thomas Edison usava este sistema. Sua cota pessoal era uma invenção pequena a cada 10 dias e uma grande invenção a cada 6 meses. 12. Exija ingressos criativos: Faça com que seja necessário trazer uma nova idéia para poder participar de qualquer reunião. A idéia deveria focalizar algum aspecto de seu trabalho diário, e como isso pode ser melhorado. 13. Mude de 'Sim, mas...' para 'Sim, e...': Alguém oferece uma idéia durante alguma reunião, e as pessoas já começam a dizer
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