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Caderno_de_Empreendedorismo

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Prévia do material em texto

EMPREENDEDORISMO
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Prof. André Luís Almeida Bastos
Profª. Cláudia de Fátima Ribeiro Basso
U n i v e r s i d a d e R e g i o n a l
d e B l u m e n a u
Reitor
Prof. Dr. Eduardo Deschamps
Vice-Reitor
Prof. Dr. Romero Fenili
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Profa. Ms. Sônia Regina de Andrade
Pró-Reitor de Administração
Prof. Dr. Edesio Luiz Simionatto
Pró-Reitor de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão
Prof. Dr. Clodoaldo Machado
Divisão de Modalidades de Ensino
Coordenação Geral
Profa. Ms. Henriette Damm
Prof. Ms. Alexander Roberto Valdameri
Equipe Multidisciplinar Técnica
Airton Zancanaro
Alexandre Adaime da Silva
Prof. Ms. Fabio Rafael Segundo
Gerson Luís de Souza
Jean Rigo da Silva
Léo Fath
Equipe Multidisciplinar Pedagógica
Profa. Ms. Daniela Karine Ramos
Prof. Diego Fernando Negherbon
Prof. Ms. Luiz Rafael dos Santos
Profa. Dra. Rosemeri Laurindo
Prof. Ms. Víctor César da Silva Nones
Administrativo
Profa. Viviane Alexandra Machado Saragoça
Assessoria em Educação do
Vale do Itajaí
Dirigente
Prof. Ms. Kiliano Gesser
Equipe Administrativa
Prof. Carlos Alberto Alves de Oliveira
Prof. Ms. Kiliano Gesser
Equipe Multidisciplinar Pedagógica
Profª Ms. Laura Cristina Peixoto Chaves
Profª Olga Sansão Gesser
Profª Zilma Mônica Sansão Benevenutti
Diagramação
Alvin Noriler
2008
FURB – Universidade Regional de
Blumenau
Divisão de Modalidades de Ensino
Rua Antônio da Veiga, 140
Bairro: Victor Konder
Blumenau – SC - 89012-900
Fone: (47) 3321-0577
E-mail: dme@furb.br
Site: www.furb.br/ead
Assevali Educacional Ltda.
Rua Belarmino João da Silva, 52
Bairro: Santa Terezinha
Gaspar – SC – 89110-000
Fone: (47) 3318-0909
E-mail: secretaria@assevali.com.br
Site: www.assevali.com.br
Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1825,
de 20 de dezembro de 1907.
“Impresso no Brasil / Printed in Brazil”
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca Universitária da FURB
 Bastos, André Luís Almeida
 B327e Empreendedorismo educação a distância / André L. A.
 Bastos, Cláudia de Fátima Ribeiro Basso, - Blumenau:
 Edifurb; Gaspar: ASSEVALI Educacional, 2008.
 88p. : il. - (Pós-Graduação. Modalidade a distância)
 Bibliografia: p. 85-88.
 ISBN: 978-85-7114-193-3
 1. Ensino a distância. I. Basso, Cláudia de Fátima Ribeiro.
 II. Título. III. Série.
 CDD 378.03
Professor André L. A. Bastos
Natural do Rio de Janeiro, graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Mestre e doutorando em Engenharia de Produção pela
Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor do quadro da
Fundação Universidade Regional de Blumenau, foi coordenador de curso de
graduação em Engenharia de Produção, Chefe do Departamento de Engenharia
de Produção e Design e Coordenador de Pós-graduação Lato Sensu em Engenharia
de Produção. Tem ampla experiência profissional em empresas nas áreas de
Qualidade. Além das atividades como docente e como gestor em IES, atua também
como consultor de empresas e ministrante de diversos cursos in company.
Professora Cláudia de Fátima Ribeiro Basso
Natural de Brasília/DF, é formada em Pedagogia, especialista em Metodologia de
Ensino e Mestre em Educação. Atua como professora nas Faculdades Integradas
Urubupungá/SP. Coordenadora de cursos de pós-graduação no Instituto de
Educação Superior Unyahna de Barreiras/BA. Consultora educacional de escolas
e prefeituras no Estado de São Paulo e Distrito Federal.
Sumário
1 AS BASES DO EMPREENDEDORISMO .........................................11
1.1CONCEPÇÕES............................................................................... 15
1.1.1 Empreendedorismo.................................................................. 16
1.1.2 O Empreendedor ...................................................................... 19
2 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO.......................................................... 35
2.1 CRIATIVIDADE ............................................................................. 36
2.2 INOVAÇÃO ..................................................................................... 45
3 IDENTIFICAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ................................. 53
3.1 IDÉIAS E OPORTUNIDADES ....................................................... 54
3.2 COMO AVALIAR E SELECIONAR A OPORTUNIDADE .............. 58
4 PLANO DE NEGÓCIOS.................................................................... 61
4.1 CONCEPÇÃO ................................................................................ 62
4.2 PARA QUE SERVE UM PLANO DE NEGÓCIOS ......................... 63
4.3 O TAMANHO IDEAL DE UM PLANO DE NEGÓCIOS ................ 65
4.4 COMO ELABORAR UM PLANO DE NEGÓCIOS........................ 65
4.4.1 Generalidades ........................................................................... 65
4.4.2 Estrutura de um Plano de Negócios ...................................... 66
REFERÊNCIAS .................................................................................... 85
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Bem-vindo(a) à disciplina de EMPREENDEDORISMO.
Este é o nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo
de contribuir para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus
conhecimentos sobre Empreendedorismo.
A carga horária desta disciplina é de 45 horas e cabe a você administrar
sua aprendizagem e determinar o tempo para seus estudos e aprofundamento
dos temas tratados. Lembre-se, porém, de que há um prazo limite para a
conclusão dos estudos. Você deverá realizar as avaliações presenciais nas datas
previstas no cronograma do curso.
Os capítulos foram organizados de forma didática e complementar. Eles
apresentam os textos básicos, com questões para reflexão e indicam outras
referências a serem consultadas.
Desejamos um bom trabalho e que você aproveite, ao máximo, o estudo
dos temas abordados nesta disciplina!
11
C
A
P
ÍT
U
LO
1
1 AS BASES DO EMPREENDEDORISMO
Objetivos de Aprendizagem:
- Conceituar empreendedorismo e empreendedor.
- Relacionar o início do movimento do empreendedorismo no Brasil
com as mudanças científicas e tecnológicas do mundo moderno.
- Identificar as principais características que constituem o perfil
empreendedor.
- Desenvolver uma postura empreendedora.
INTRODUÇÃO
Vivemos a aceleração da história e de sua imprevisibilidade. Para encará-
la será preciso estar cheio de novas idéias e de entusiasmo. É preciso
imaginar o futuro e ousar vivê-lo antes dos outros. Aproveitar a mudança
em lugar de sofrê-la.
Ralph Hababou
Você já parou para refletir sobre a quantidade de mudanças que
estamos vivenciando? Nossa sociedade, atualmente, vive um momento
histórico marcado por grandes e intensas transformações e quebra de
paradigmas. Caso você tenha vivido ou lido sobre a década de oitenta pode,
tranqüilamente, fazer um paralelo entre a realidade contemporânea e a
realidade daquela época.
Pare sua leitura durante alguns minutinhos e tente se lembrar de
algumas características da sociedade daquela época. Procure identificar
as principais transformações ocorridas em relação à:
- economia mundial;
- variedade de oferta de produtos e serviços (ex. modelos de carros,
fast-food, delivery);
- concorrência entre empresas;
- automatização dos processos nas fábricas;
- tecnologia (ex. computador);
- quantidade de funcionários nas empresas;
É, muita coisa mudou em poucos anos, não é mesmo? Compare
algumas mudanças da nossa sociedade em relação a dos anos 80:
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
12
- a globalização da economia (que eliminou fronteiras e barreiras
comerciais);
- o aumento da concorrência entre as empresas (que deixou de ser
uma concorrência local para ser mundial);
- a crescente automatização nos processos das fábricas (basta imaginar
uma montadorade automóveis nas quais as modernas tecnologias das
máquinas substituíram os operários);
- o enxugamento de pessoas nos postos de trabalho (antigamente as
grandes empresas funcionavam, invariavelmente, com milhares de
funcionários).
- a diminuição das horas de trabalho (nos países desenvolvidos, em 80
anos as horas dedicadas ao trabalho diminuíram quase pela metade -
de 3.000 horas por ano para 1.600 - ao mesmo tempo que a produtividade
se multiplicou por 50).
Diante desta comparação, podemos tranquilamente afirmar que, em
termos de avanços tecnológicos, aconteceram mais coisas nos últimos 50 anos
do que em toda a história da civilização. Essa observação é ilustrada, de modo
bem significativo, por TOFFLER (2001). Confira:
Se os últimos 50.000 anos da existência do homem fossem divididos em
períodos de geração de aproximadamente 62 anos cada um, teríamos
tido cerca de 800 gerações. Dessas 800 gerações, 650 foram
completamente passadas nas cavernas. Apenas durante as 70 últimas
gerações foi possível a comunicação efetiva de uma geração para a outra,
uma vez que a escrita possibilitou essa transposição. Apenas durante as
últimas 6 gerações, as massas humanas viram, pela primeira vez, a palavra
impressa. Apenas nas 2 últimas gerações, pôde alguém usar um motor
elétrico. E a esmagadora maioria de todos os bens materiais que usamos
cotidianamente em nossa vida comum desenvolveu-se dentro da presente
geração, que é a octocentésima.
(TOFFLER,1980)
Concomitantemente a toda essa mudança econômica e tecnológica,
houve também a mudança cultural. Atualmente, milhões de pessoas consomem
uma grande variedade de produtos e serviços de outras nações que não são as
suas, assim como se comunicam nos idiomas dos países mais desenvolvidos,
em detrimento de sua língua natal. Esta tendência tornou-se um fenômeno
mundial conhecido por globalização.
O fenômeno da globalização, segundo Almeida (2008), é um fenômeno
irreversível que apresenta, entre seus principais aspectos:
- o desenvolvimento intenso da tecnologia da informação e da
capacitação logística, fazendo do mundo uma verdadeira aldeia global;
- a formação de grupos que se unem em busca de vantagens comerciais
multilaterais (como a Nafta, a Comunidade Européia, o Mercosul);
- a internacionalização do sistema produtivo, do capital e dos
investimentos;
- a constante expansão dos mercados;
- o predomínio do capitalismo e de sistemas democráticos de governo.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
13
Estamos, portanto, diante de um mundo novo, como jamais visto antes.
As coisas mudaram e continuarão mudando numa velocidade cada vez mais
acelerada. As conseqüências desta mudança não podem ser completamente
previstas, conforme afirma Carvalho (2008), mas certamente podemos construir
algumas opções baseadas no histórico recente das transformações ocorridas
nas últimas décadas, em especial, da evolução da eletrônica e da tecnologia de
informação. A esse respeito, alerta o autor, "a vida do homem na terra nos
próximos 25 anos vai mudar tanto quanto nos últimos 100" (CARVALHO, 2008).
As previsões a seguir confirmam tal idéia. Observe:
Segundo projeções da Universidade de São Paulo (USP)
- 70% das profissões que dominarão o mercado em 2010 não existiam
na virada do século;
- a partir de 2020, as profissões terão uma vida útil média de 12 a 14
anos;
- 75% do PIB mundial de 2010 será formado por produtos que ainda
não foram inventados;
- Em 2020, o conhecimento estará duplicando a cada 83 dias (atualmente
duplica a cada quatro anos);
- Em 2050, se mantido o paradigma médico atual, a expectativa de vida
chegará aos 120 anos.
(CASSARRO, 2008)
Neste cenário de mudanças e incertezas, uma coisa podemos afirmar
com segurança: a globalização, apesar de fundamental, deve ser tratada com
cautela, pois se por um lado oferece boas oportunidades e prosperidade
econômica, por outro produz efeitos sociais nocivos como o desemprego.
As indústrias gradativamente oferecem menos empregos, embora estejam
produzindo cada vez mais, com modernização, tecnologia, melhoria de
processos e aumento da produtividade das pessoas. (SCHIER, 2008)
E por falar em empregos...
Atualmente, algumas das grandes empresas sobrevivem com um número
reduzido de funcionários. Com isso, passam a exigir um perfil de trabalhador
diferenciado, capacitado para lidar com situações de maior complexidade, que
tenha iniciativa, flexibilidade, criatividade, equilíbrio emocional, espírito de liderança
e ainda, que aceite desafios, saiba trabalhar em equipe e seja exigente em relação
à qualidade e eficiência. Em síntese, alguém que seja competente para resolver
problemas. O emprego só é mantido, portanto, para aqueles que conseguem
exercer distintas funções e, assim, uma pessoa acaba tendo que adquirir
múltiplas competências.
Além disso, as atividades internas das organizações são cada vez mais
focadas apenas no seu negócio principal.
O que isso quer dizer? Vamos ilustrar com um exemplo:
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
14
Numa indústria têxtil, os tomadores de decisão e técnicos precisam
centrar sua atenção no negócio principal da organização, qual seja: produzir
artigos confeccionados da melhor maneira possível (do ponto de vista do
consumidor!), a tal ponto que se mantenha a competitividade dos seus produtos
oferecidos ao mercado. Assim, o foco nas atividades principais é uma das
exigências do cenário de competição.
Dessa modo, é perfeitamente conveniente que as atividades de
manutenção dos equipamentos, transportes de material, atividades de
departamento pessoal e, em alguns casos, até o departamento de vendas, seja
desenvolvido por empresas parceiras que possam, por sua vez, focar-se apenas
nestes assuntos.
Se você observar bem, verá que esta é uma situação muito comum na
atualidade. Mas por que isto acontece? Vamos entender melhor essa questão:
Existem inúmeros motivos que podem levar o empresário a tomar esta
decisão estratégica. Alguns deles são decorrentes do intenso processo de
mudança de nossa sociedade, conforme já abordamos anteriormente. A
concorrência mundial entre as empresas, por exemplo, o avanço das tecnologias
no processo de fabricação e a pressão dos consumidores para adquirir um
produto bom, bonito e barato, são alguns dos motivos que fazem com que a
empresa foque suas atividades naquilo que é o seu negócio principal, ou seja,
onde ela tem maior competência e pode melhorar seus processos: fazer melhor
e de forma mais produtiva!
Uma conseqüência desse fato é que os processos tornam-se mais
enxutos - e, por conseguinte, as empresas empregam menos pessoas.
Agora reflita um pouco:
Para Pensar!
Como sobreviver nesse cenário irreversível?
Será que tais transformações geram apenas ameaças?
Junto às ameaças surgem oportunidades?
É fato que a busca de novos caminhos e alternativas para lidar com esse
novo contexto não é uma tarefa fácil; mas é inegável, também, que este mesmo
contexto proporciona a criação de novas oportunidades, concorda? Aliás, a esse
respeito, os chineses têm uma teoria bem interessante: com sua sabedoria
milenar, acreditam que é na crise que surge a verdadeira oportunidade.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
15
Saiba Mais
Na China, existe apenas um símbolo para representar as palavras
crise e oportunidade. Segundo a cultura chinesa, em cada crise,
sempre se esconde uma oportunidade - o segredo está em aproveitá-
la da melhor maneira. Quer saber mais sobre isso? Leia o texto Crise
= oportunidade, de Wilson Weigl, no site:
h t t p : / /www.g rupo foco .com.b r / s i t e / conhecaogrupo foco /
saladeimprensa.php?id=2905
É exatamente sobre as oportunidades que surgem neste cenário de
intensas mudanças que vamos tratar neste caderno: o empreendedorismo.
Preparados? Então vamos lá...
1.1 CONCEPÇÕES
O Empreendedorismo é, atualmente, uma das áreas que mais se destaca
em número de pesquisas e publicações. As publicações acadêmicas na área
atingem mais de mil artigos por ano, em cerca de 50 congressos e 25 títulos
especializados. (DOLABELA, 1999a).Contudo, não pode ser considerado, ainda,
uma ciência.
Em termos acadêmicos, é um campo muito recente, com cerca de vinte
anos. Os cursos nessa área, porém, têm se multiplicado com uma velocidade
incrível, segundo Dolabela (1999a). De acordo com o autor, em 1975, nos EUA,
havia cerca de cinqüenta cursos. Atualmente, há mais de mil cursos superiores e
cursos, superiores e de nível médio, ensinando empreendedorismo.
Mas e no Brasil? Você sabe como começou esse movimento?
O movimento do empreendedorismo começou a ser difundido no Brasil a
partir da década de 90, graças ao surgimento de entidades como o SEBRAE -
Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas. Nos períodos anteriores, os
ambientes político e econômico do país não eram favoráveis e havia pouca oferta
de informação para auxiliar os candidatos a empreendedores em sua jornada.
Atualmente, o país conta com uma estrutura de apoio empreendedor bastante
significativa, entre os quais encontram-se o EMPRETEC, o programa Jovem
Empreendedor do Sebrae e o Programa Brasil Empreendedor do Governo Federal,
dirigido à capacitação de mais de um milhão de empreendedores em todo o país.
O cenário das significativas mudanças em nossa sociedade (discutido
anteriormente) intensificou as atividades empreendedoras em nosso país. Uma
evidência concreta do crescimento do movimento de empreendedorismo é que,
hoje, o Brasil é o 9º país com o maior número de pessoas que abrem negócios no
mundo, segundo o relatório da pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship
Monitor (GEM) de 2007.
Impressionante, não??? E não pára nisso. De acordo com os dados do
relatório, a vocação empreendedora do povo brasileiro apresenta uma taxa de
12,7%, ou seja, praticamente treze em cada cem brasileiros adultos estão
envolvidos com alguma atividade empreendedora (GEM, 2007).
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
16
Saiba Mais
Estamos em 9º lugar num ranking de 42 países, mas com alguns
destaques: desde o início da pesquisa, há seis anos, a taxa de
empreendedorismo do brasileiro tem sido sempre superior a
10, uma das mais dinâmicas do mundo. Outro dado relevante é
o de que, entre os integrantes do BRIC (Brasil, Rússia, China e
Índia), ficamos atrás somente da China, o que é facilmente
explicável pela explosão da economia chinesa.
GEM, 2007
Para saber mais, acesse o relatório completo no site: http://
www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-pesquisas/estudos-
e pesquisas/empreendedorismo-no-brasil-pesquisa-gem/
livro_gem_2007.pdf
De fato, estes dados confirmam a capacidade do povo brasileiro em
adaptar-se às novas circunstâncias, realçando ainda mais a sua já notável
flexibilidade e capacidade de empreender.
Mas afinal,
O que é empreendedorismo?
Quem é o empreendedor?
É o que veremos a seguir, como tema central deste capítulo.
1.1.1 Empreendedorismo
O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21
mais do que a revolução industrial foi para o século 20.
Timmons
Embora este seja um tema amplamente discutido na atualidade, conforme
já destacamos, o conceito de empreendedorismo se modifica significativamente
de acordo com o autor que o concebe. Isso porque, apesar de ter se originado a
partir de pesquisas em economia, recebeu fortes contribuições de outras
ciências, como a psicologia e a sociologia tendo, como conseqüência, variações
em seu conteúdo. Os economistas, de maneira geral, o associam à idéia de
inovação. Já os comportamentalistas (psicólogos, sociólogos, psicanalistas e
outros especialistas do comportamento humano), focalizam mais os aspectos
relacionados à criatividade e intuição.
Em relação à semântica dessa palavra, Dolabela (1999a) explica que o
termo empreendedorismo é utilizado para designar os estudos relativos ao
empreendedor: seu perfil, origens, sistema de atividades e universo de
atuação.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
17
Uma idéia prática, entretanto genérica do termo é dada por Low e MacMillan
(1988). Os autores definem o empreendedorismo como o processo pelo
qual indivíduos iniciam e desenvolvem novos negócios.
 Já a idéia de Schumpeter (1983), desenvolvida dentro de um contexto
econômico, aponta que empreendedorismo envolve qualquer forma de
inovação que tenha uma relação com a prosperidade da empresa.
Observe que, de acordo com a idéia deste autor, o empreendedorismo
não está relacionado apenas à abertura de novos negócios, como muitas
pessoas costumam pensar... Qualquer inovação feita numa empresa já
estabelecida, com o objetivo de fazer esta empresa reagir às mudanças da
atualidade ou mesmo de buscar o seu crescimento, também pode ser entendida
como uma ação de empreendedorismo. O empreendedorismo, portanto, é a
realização de coisas novas, e não, necessariamente, a sua invenção.
Vamos entender melhor essa questão? Veja o caso da Chilli Beans, uma
famosa marca de óculos escuros. O que eles fazem?
Eles importam óculos escuros da China, ou seja, um produto comum que
até camelô vende na praia. A diferença está em dois fatores de inovação
básica.
A marca oferece produtos de design arrojados, com lançamentos de novos
modelos toda semana - esse é o exemplo básico. Além disso, criou o
conceito de espelho digital: o cliente experimenta, tira quatro fotos digitais
na hora e pode ver seu rosto em vários ângulos, com os óculos que
deseja comprar.
Como é que ninguém pensou nisso antes? Hoje a empresa é uma rede
de varejo com 170 pontos no Brasil e lojas em Lisboa e Los Angeles.
SOHSTEN, 2007
Este é um exemplo de como uma inovação pode ser feita a partir de
coisas simples. O segredo, segundo o autor, está na idéia, na ousadia e na
coragem de implementar, pois sempre vai aparecer alguém para perguntar "será
que vai dar certo?", "isso já existe?", "alguém já testou?" e coisas do tipo.
(SOHSTEN, 2007)
Outra conclusão que podemos tirar, a partir deste exemplo, é que "inovar
significa mais do que ter 'aquele' produto que ninguém tem" (Marques, 2005). A
inovação, portanto, não precisa ser aplicada, necessariamente, em alguma coisa
material. Ela pode ser aplicada em produtos, processos, tecnologia, gestão,
negócios, investimentos, enfim, em todos os setores de uma empresa, conforme
afirma a gerente da Inova Incubadora da UFMG, Ana Maria Serrão (apud Marques,
2005).
A esse respeito, afirma Garcia (2008), os empreendedores bem sucedidos
praticam a inovação no próprio trabalho. Segundo o autor,
eles não esperam até que tenham o insight para ter a "idéia brilhante". Não
buscam a "sorte grande", a inovação que irá "revolucionar a indústria", criar
um "negócio de bilhões", ou "tornar alguém rico da noite para o dia".
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
18
Os empreendedores que já começam com a idéia de que irão conseguir
grandes e rápidas realizações têm, em sua opinião, fracasso assegurado, pois
estarão destinados a fazer coisas erradas. O autor, ainda, alerta para o fato de
que
uma inovação que parece sensacional pode resultar em nada mais do que
um virtuosismo técnico; e inovações com modestas pretensões intelectuais,
como o Mc Donald´s, por exemplo, podem resultar em negócios gigantescos,
altamente lucrativos (GARCIA, 2008).
Acreditamos que, a essa altura, você não tenha nenhuma dúvida de que
a inovação é uma das características essenciais para a empresas no o século
XXI, não é mesmo? Mas atenção:
Inovar é essencial, mas não é garantia de sucesso.
Se você parar para observar, poderá facilmente certificar-se de que nem
sempre a inovação, por si só, traz bons retornos financeiros. Quer um exemplo?
A fabricante de computadores Apple. Confira:
A Apple é considerada uma das organizações mais inovadoras do
mundo. No entanto, controla apenas 2% do mercado de computadores
pessoais, estimado em US$ 180 bilhões.
Este é também o caso da empresa brasileira Tupy Fundições. Esta
empresa, considerada a maior fundição da América Latina e uma das maiores
do mundo entre as fundições independentes, implementou 170.000 inovações
em seis anos. Com esta impressionante marca, classificou-se em primeiro lugar
no Rankingde Empreendedorismo Corporativo, criado pelo Instituto Brasileiro
de Intra-Empreendedorismo (IBIE). No entanto, apesar de sua receita ter dobrado
nos últimos três anos (de 516 milhões para 1,1 bilhão de reais), seu lucro no ano
passado foi de apenas 9 milhões.
Saiba Mais
O importante é não competir
W. Chan Kim
Inovar é sempre bom, mas não garante o sucesso. O Iridium (telefone
móvel por satélite) era uma inovação tecnológica, mas a Motorola
perdeu milhões de dólares com ele. Outro exemplo foi a Philips com o
CDI (o primeiro videogame multimídia). Foi um produto muito inovador,
de alta tecnologia, mas um fracasso comercial.
Para saber mais, leia a reportagem completa no site: http://
revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG75035-5856-430,00-
INTEGRA+DA+ENTREVISTA+COM+W+CHAN+KIM.html
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
19
Diante de tudo o constatamos até aqui, podemos fazer uma observação
importante para o nosso estudo:
Em empresas novas ou empresas já estabelecidas, o
empreendedorismo é o fator que permite que os negócios sobrevivam
e prosperem neste cenário cada vez mais competitivo e globalizado
em que nos encontramos.
Isso posto, vamos prosseguir o nosso estudo, abordando a importância
do empreendedor nesse contexto.
1.1.2 O Empreendedor
Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: "Por quê?". Eu
sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: "Por que não?"
George Bernard Shaw
O conceito de empreendedor, assim como o de empreendedorismo, tem
variações significativas de autor para autor. No entanto, embora não haja
concordância entre os pesquisadores em relação à definição do que seja um
empreendedor, "as pesquisas desenvolvidas por acadêmicos e praticantes das
mais diversas correntes conseguem encontrar pontos em comum no que diz
respeito às principais características encontradas nos empreendedores de
sucesso" (DOLABELA, 1999b).
Mas quem é, exatamente, o empreendedor?
Quais são as suas características mais marcantes?
O termo empreendedor vem do francês entrepreuner e significa fazer
algo ou empreender. Etimologicamente, o termo deriva dos vocábulos latinos
entre (espaço que vai de um lugar a outro, ação mútua, reciprocidade e interação)
e pendre (tomar posse, utilizar, empregar, tomar uma atitude). (BOM ÂNGELO,
2003)
Nos dicionários, encontramos as seguintes definições para
empreendedor:
- Que empreende; ativo, arrojado, cometedor.1
- Chefe de uma empresa; chefe de uma empresa especializada na
construção, nos trabalhos públicos, nos trabalhos de habitação.2
- Que empreende; que se aventura à realização de coisas difíceis ou
fora do comum; ativo, arrojado.3
- O termo empreendedor denota a pessoa que exercita total ou
parcialmente as funções de: iniciar, coordenar, controlar e instituir
maiores mudanças no negócio da empresa.4
1 Dicionário da Língua
Portuguesa Aurélio
(1999).
2 Grande Dicionário
Enciclopédico Larousse
(1983).
3 Michaelis Moderno
Dicionário da Língua
Portuguesa. Disponível
em: http://
michaelis.uol.com.br/
4 Dicionário de
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
20
Diante dessas definições, podemos afirmar que o termo empreendedor
possui uma concepção abrangente, que "não se restringe ao âmbito dos
negócios, mas está igualmente presente nas artes, na guerra, na ciência, em
outros campos de atividade humana" (OLIVEIRA, 1995, p.18-19).
Historicamente, uma das primeiras definições da palavra empreendedor
foi elaborada pelo economista francês Jean-Baptiste Say, no início do século
XIX. Say, considerado por Filion (1999) como o "pai do empreendedorismo" foi
quem primeiro concebeu o empreendedor como alguém que inova e é agente
de mudanças.
Posteriormente, Schumpeter, um dos mais importantes economistas do
século XX, deu projeção ao tema, associando-o definitivamente ao
desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades
em negócios. Na definição do autor,
O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente através
da introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas
de organização, ou pela exploração de novos recursos e materiais
(SCHUMPETER, 1949, p.55).
Outros economistas usaram o termo em diferentes sentidos, mas o
conceito derivado destes dois autores - Say e Schumpeter - continua servindo
de base para o uso contemporâneo do termo.
A figura do empreendedor pode ser entendida, também, por um conjunto
de características que facilitam sua atuação e lhe dão uma diferenciação perante
outros profissionais. No entanto, grande parte dos aspectos relacionados ao
empreendedor, considerados verdadeiros, são, na realidade, apenas crenças
mal explicadas. Estas crenças são conhecidas como mitos, ou seja, de tanto
as pessoas falarem que é verdade, por não sabermos se realmente é correto,
acabamos por acreditar.
Dentre os inúmeros mitos existentes destacam-se, segundo Dornelas
(2001), especialmente três:
Mito 1 - Os Empreendedores são natos, nascem para o sucesso.
Realidade:
- enquanto a maioria dos empreendedores nasce com um certo nível de
inteligência, empreendedores de sucesso acumulam habilidades
relevantes, experiências e contactos com o passar dos anos;
- a capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimora-se com o
tempo.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
21
Mito 2 - Empreendedores são "jogadores" que assumem riscos
altíssimos.
Realidade:
- tomam riscos calculados;
- evitam riscos desnecessários;
- compartilham o risco com outros;
- dividem o risco em "partes menores".
Mito 3 - Os empreendedores são "lobos solitários" e não conseguem
trabalhar em equipe.
Realidade:
- são ótimos líderes;
- criam equipes;
- desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com colegas,
parceiros, clientes, fornecedores e muitos outros.
A esse respeito, a revista exame publicou um interessante artigo com o
título: As falsas verdades sobre empreendedores, no qual destaca seis mitos
acerca do empreendedorismo. Confira:
Falsas verdades sobre empreendedores
EXAME 24/07/2002
Para Farrell, a mídia e o mundo dos negócios vêm nos bombardeando
com mitos sobre empreendedorismo. Conheça os mais comuns e as
respostas do autor a eles.
Mito 1
Não é possível desenvolver o empreendedorismo, você deve
nascer empreendedor. Nos Estados Unidos, os maiores responsáveis
pelo surgimento de novos negócios são os profissionais que foram
demitidos de seus empregos e precisaram encontrar uma forma de
sobreviver. São gestores que viraram empreendedores por necessidade?
Mito 2
Todo empreendedor inventou algo na garagem de casa, quando
jovem, e tem uma personalidade esquisita?
O empreendedor americano médio tem entre 35 e 45 anos, dez anos
de experiência numa grande empresa e um perfil psicológico rico.
Empreendedores são pessoas normais, como eu e você?
Mito 3
O objetivo de todo empreendedor é ser milionário?
Todos os empreendedores que entrevistei, mesmo os que ficaram ricos,
afirmam que isso não é verdade. O que os motivou foi a vontade de criar
algo novo e não a pergunta. Bom, o que eu posso fazer para ficar rico?
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
22
Mito 4
Empreendedores não são muito confiáveis?
Essa visão era muito comum quando eu era jovem. Agora responda:
onde estão acontecendo os maiores crimes do mundo dos negócios?
Nas grandes empresas. Não faz sentido dizer que um empreendedor
deve ser menos respeitado do que um CEO?
Mito 5
Um empreendedor precisa tomar riscos enormes?
Como investem o próprio dinheiro, empreendedores tendem a ser muito
conservador. Os maiores riscos são tomados pelos principais
executivos das grandes empresas. Vários já me disseram que
apostariam um milhão de dólares numa nova idéia. Nenhum
empreendedor faria isso?
Mito 6
Fazer um MBA é a melhor forma de se transformar num
empreendedor?
Minha recomendação aqui é: economize seu dinheiro. O conhecimento
sobre gestão vai fazer falta depois que sua empresa atingir certo
tamanho. Nessa hora, pode ser uma boa idéia contratar alguém com
MBA.
Fonte: Portal Exame. Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/
gestaoepessoas/m0042859.htmlSaiba Mais
Mitos e fatos sobre o empreendedor brasileiro
Comumente, ouvimos que empreender no Brasil é difícil. Pelas
condições econômicas, fiscais e sociais, dir-se-ia que o
empreendedorismo é arriscado. No entanto, há no país uma massa
de empreendedores que sobreviveram às dificuldades iniciais e já
podem ser considerados bem sucedidos. Mas, o que difere estes da
imensa maioria, que vê seu negócio falir antes mesmo de completar
dois ou três anos?
Foi para identificar essas características que José Dornelas e Caio
Cezar decidiram fazer um estudo qualitativo com 399 entrevistas de
empreendedores de sucesso, trabalho apresentado durante o XVI
Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadora de
Empresas.
Para ler o estudo completo acesse: http://www.universia.com.br/
materia/materia.jsp?materia=12058
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
23
Conforme você pode observar, há muitas idéias preconcebidas a respeito
do que é um empreendedor, que não refletem a realidade. Essas idéias, entretanto,
precisam ser criteriosamente analisadas, para que possamos construir uma nova
consciência em relação aos empreendedores, fugindo da falácia comum que,
como vimos, muitos defendem sem conhecimento.
Desmitificar essas idéias, portanto, deve ser o ponto de partida dos
pesquisadores para o estudo das condições que levam o empreendedor ao
sucesso. Nessa perspectiva, o estudo do perfil de empreendedores, atual foco
das pesquisas na área, tem sido fundamental. A definição do perfil do
empreendedor, de acordo com Dolabela (1999a, p.36), é importante "para que
possamos aprender a agir, adotando comportamentos e atitudes adequadas".
Na visão Dornelas (2001), o primeiro passo para a definição do perfil
empreendedor é conhecer as habilidades e características comportamentais
empreendedoras. De acordo o autor, as habilidades requeridas de um
empreendedor podem ser classificadas em três áreas:
- Técnicas - envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e captar
informações, ser um bom orador, ser organizado, saber liderar e trabalhar
em equipe e possuir know-how técnico na sua área de atuação.
- Gerenciais - incluem as áreas envolvidas na criação, desenvolvimento
e gerenciamento de uma nova empresa: marketing, administração, finanças,
operacional, produção, tomada de decisão, controle das ações da empresa
e ser um bom negociador.
- Características pessoais - inclui ser disciplinado, assumir riscos, ser
inovador, orientado para mudanças, persistente e ser um líder visionário.
Ao contrário do que se pensava até pouco tempo, o sucesso de um
empreendedor depende mais do seu comportamento, características e
atitudes do que de suas habilidades técnicas, conforme comprovam as
últimas pesquisas na área.
Nesse sentido, surgem algumas perguntas:
Quais são as características dos empreendedores de sucesso?
O que eles têm de diferente dos outros?
Antes de respondermos essas questões, que tal uma reflexão?
Para Pensar!
Apesar das conhecidas dificuldades para se iniciar um
empreendimento no Brasil, algumas pessoas têm tido sucesso nas
suas investidas e você, certamente, conhece algumas delas, não é
mesmo? Muito bem. Pense em um empreendedor que você conhece
e que considera bem-sucedido e identifique:
O que ele faz de diferente?
Quais são as suas principais características?
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
24
Conforme você deve ter constatado, os empreendedores não são pessoas
de outro mundo. São pessoas normais que fizeram acontecer,
reconhecidamente, algo de sucesso, concorda? Pois bem. Vamos então
prosseguir nosso estudo abordando as questões anteriormente levantadas: Quais
as principais características dos empreendedores de sucesso? O que os
diferencia dos demais?
As pesquisas demonstram que não há diferenças substanciais de
conhecimento entre os empreendedores que fracassam e os que são bem
sucedidos. Mas demonstram, também, que há características comportamentais
específicas entre os empreendedores de sucesso (MOREIRA, 2007).
Essas características comportamentais que marcam o perfil do
empreendedor são chamadas de "qualidades" essenciais ao sucesso do
empreendimento, ou seja, o perfil do empreendedor é baseado num conjunto de
fatores de comportamentos e atitudes que contribuem para o seu sucesso.
Segundo Dolabela (1999a), não é possível estabelecer cientificamente o
perfil psicológico do empreendedor, devido às inúmeras variáveis que influenciam
na sua formação: as características do período e do lugar em que vive, a cultura
familiar, o nível da educação, da religião, da experiência de trabalho e de muitas
outras variáveis.
Partindo dessas premissas, podemos concluir que:
- O empreendedor é um ser social, produto do meio em que vive (época e
lugar). Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor é
visto como algo positivo, então terá motivação para criar o seu próprio
negócio.
- É um fenômeno regional, ou seja, existem cidades, regiões, países
mais - ou menos - empreendedores do que outros. O perfil do
empreendedor (fatores do comportamento e atitudes que contribuem para
o sucesso) pode variar de um lugar para outro.
(DOLABELA, 1999a, p. 28)
Contudo, afirma o autor, hoje há certa concordância entre os teóricos
sobre as principais características dos empreendedores de sucesso: traços de
personalidade, atitudes e comportamentos que ajudam a alcançar êxito nos
negócios (DOLABELA, 1999b).
Na prática, isso significa que algumas características comumente são
encontradas nos empreendedores, demonstrando que eles são pessoas
visionárias, dinâmicas, determinadas, dedicadas, independentes, conhecedoras
do negócio, otimistas e assumem riscos moderados (DORNELAS, 2001).
Oliveira (1995, p.33) também apresenta resultados de uma pesquisa
desenvolvida pelo SENAC, com empresários, em que foram atribuídas catorze
características ao empreendedor, dentre as quais se destacam “a autoconfiança,
dedicação, necessidade de conhecimento, inovação, improvisação e iniciativa”.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
25
Mas atenção: não podemos afirmar, com isso, que a existência de tais
características são determinantes para o sucesso de um empreendimento, ou
seja, que o sucesso será conseqüência desse conjunto de qualidades. O que
podemos, entretanto, é afirmar que estas condições, presentes no indivíduo,
seguramente contribuirão para o seu sucesso como empreendedor.
Quer um exemplo? Veja o caso do Coronel Harland Sanders, criador da
KFC. O KFC ou Kentucky Fried Chicken é uma rede de restaurantes de comida
rápida estadunidense, que explora a antiga receita de frango frito de Kentucky,
criada pelo Coronel Harland Sanders, em 1939. Atualmente, a Rede KFC possui
restaurantes em mais de 80 países, sendo 4 deles no Brasil.
Em razão do seu sucesso, o Coronel Harland Sanders passou a ser
considerado um símbolo do empreendedroismo. Confira:
O Coronel Harland Sanders, nascido
em 9 de setembro de 1890, começou
ativamente o negócio de franquia de
frango frito com a idade 65 anos. Hoje,
o negócio da KFC® iniciado por ele,
cresceu e é um dos maiores sistemas
de serviço de comida rápida no mundo.
E o Coronel Sanders, um pioneiro de
restaurante de serviço rápido, se tornou
um símbolo de espírito empreendedor.
Mais de um bilhão de finger lickin' good (bons jantares de frango) do
Coronel são servidos anualmente. E não só na América do Norte. A
arte culinária do Coronel está disponível em mais de 80 países e
territórios ao redor do mundo.
Quando o Coronel tinha seis anos, seu pai faleceu. A sua mãe foi
obrigada a trabalhar, e Sanders ainda jovem teve que cuidar do seu
irmão de três anos e de sua irmã ainda bebê. Isto o ajudou a conhecer
a arte da culinária familiar. Com sete anos de idade ele era mestre de
vários pratos regionais. Com dez anos ele arrumou o seu primeiro
emprego em uma fazenda próxima para ganhar US$ 2 por mês.
Quando ele tinha 12 anos, a sua mãe casou-se novamente e ele se
mudou de sua casa perto de Henryville, para um trabalho em uma
fazenda em Greenwood. Ele teve vários tipos de trabalhodurante os
anos seguintes, primeiro como um condutor de bonde aos 15 anos de
idade em New Albany, e então com 16 anos, como soldador durante
seis meses em Cuba.
Depois disso ele foi bombeiro de via férrea, estudou direito por
correspondência, praticou o advocacia na corte da paz, foi vendedor
de seguros, dirigiu bote de transporte no rio Ohio, vendeu pneus, e
trabalhou nas estações de serviço. Aos 40 anos, o Coronel começou
a cozinhar para viajantes famintos que pararam em sua estação de
serviço em Corbin, Kentucky. Ele não tinha um restaurante ainda, mas
CORONEL
SANDERS
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
26
servia as pessoas na sua própria mesa jantando com eles nos
trimestres em que a estação de serviço operava.
Como muitas pessoas começaram a vir só para comer, ele mudou
para o outro lado da rua para um hotel e restaurante que cabiam 142
pessoas sentadas. Durante os próximos nove anos, ele aperfeiçoou a
sua mistura secreta de 11 ervas e temperos e a técnica da arte culinária
básica que ainda são usados hoje.
A fama de Sanders cresceu. O Governador Ruby Laffoon lhe fez
Coronel de Kentucky em 1935 em reconhecimento de suas
contribuições para a culinária do estado. E em 1939, o seu
estabelecimento foi listado em primeiro lugar por Duncan Hines,
(Adventures in Good Eating).
No inicio de 1950 uma nova rodovia interestadual foi planejada para
evitar a cidade de Corbin. Vendo um fim do seu negócio, o Coronel
vendeu suas instalações. Depois de pagar suas contas, ele se manteve
com o cheque de US$ 105 de sua aposentadoria.
Em 1952, confiante na qualidade do seu frango frito, o Coronel se
dedicou ao negócio de franchising de frango. Ele viajou pelo país de
carro, de restaurante em restaurante, cozinhando frango para os donos
de restaurantes e os seus empregados. Se a reação fosse favorável,
ele entrava em um acordo de aperto de mão em uma transação que
estipulou um pagamento a ele de um níquel para cada frango vendido
no restaurante.
 Antes das 1964, Coronel Sanders teve mais de 600 pontos de
franchising para o seu frango nos Estados Unidos e Canadá. Ele
vendeu suas ações da companhia norte-americana por US$ 2 milhões
para um grupo de investidores naquele ano, inclusive John Y. Brown
Jr., que foi o governador de Kentucky de 1980 a 1984. O Coronel
permaneceu como porta-voz da companhia. Em 1976, uma pesquisa
independente classificou o Coronel o segundo do mundo como a
celebridade mais reconhecida.
Sob a nova direção, Kentucky Fried Chicken Corporation cresceu
rapidamente. Abriu seu capital no dia 17 de março de 1966, e ingressou
na Bolsa de valores de Nova Iorque no dia 16 de janeiro de 1969. Mais
de 3.500 franquias e restaurantes próprios estavam em operação no
mundo quando o Heublein Inc. adquiriu a KFC no dia 8 de julho de
1971, por US$ 285 milhões.
Kentucky Fried Chiken se tornou uma subsidiária de R.J. Indústrias da
Reynolds, Inc. (agora RJR Nabisco, Inc.), quando o Heublein Inc. foi
adquirida por Reynolds em 1982. KFC era comprada em outubro de
1986 da RJR Nabisco, Inc. pela PepsiCo, Inc., por aproximadamente
US$ 840 milhões.
Em janeiro de 1997, PepsiCo, Inc. anunciou a subsidiária de seus
restaurantes de serviço rápidos, KFC, Taco Bell e Pizza Hut, em uma
companhia de restaurante independente, Tricon Global Restaurants,
Inc.
Em maio de 2002, a companhia anunciou que recebeu a aprovação
dos acionistas para mudar o nome de corporação para Yum Brands,
Inc. A companhia que possui A&W All-American Food, KFC, Long John
Silvers, Pizza Hut e Taco Bell restaurantes se tornou a maior companhia
de restaurante do mundo em termos de unidades de sistema com
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
27
quase 32,500 em mais de 100 países e
territórios.
Mesmo enfermo de leucemia em 1980 a 1990,
o Coronel viajou 250,000 milhas por ano
visitando os restaurantes da KFC ao redor do
mundo.
E tudo começou com um cavalheiro de 65
anos de idade que usou o cheque de $105 de
sua aposentadoria para começar um negócio.
Fonte: OLIVEIRA, C. A. Quando começar.
Disponível em:
http://www.professorcezar.adm.br/Textos/
Quando%20Começar.pdf
Para finalizar, conheça as características que, segundo Oliveira (2008),
fazem parte do perfil de uma pessoa empreendedora:
1. Autoconfiança. Sentir-se seguro em relação aos seus propósitos,
ao seu projeto. Mesmo tendo muitas opiniões contrárias podendo agir
com firmeza e determinação para atingir o seu objetivo.
2. Automotivação. Não necessita do "empurrão" de outros para se
animar. Encontra forças em si mesmo diante dos desafios. Mesmo
diante de algum fracasso encontra sempre um motivo para recomeçar.
3. Criatividade. Capacidade de encontrar soluções viáveis para
solução de problemas. Capacidade de criar novos produtos e serviços.
Capacidade de encontrar novos caminhos, novos processos. Tem
sempre uma sugestão, mesmo que não seja a melhor.
4. Flexibilidade. Pessoas inflexíveis têm muitos problemas para o
recomeço quando necessário. A flexibilidade habilita para rever
posições, assumir o novo, ceder quando preciso. Ouvir as idéias e
sugestões e aceitá-las quando for o caso, mesmo que isso signifique
uma grande mudança no projeto.
5. Energia. Que tem seu negócio próprio, dificilmente trabalhará oito
horas por dia. Serão doze, senão catorze horas de trabalho diariamente.
É preciso ter "pique", muita energia até o negócio poder caminhar sem
necessidade de acompanhamento "full time". Tem que suar a camisa.
6. Iniciativa. Capacidade para agir de maneira oportuna e adequada
sobre a realidade, apresentando soluções, influenciando
acontecimentos e se antecipando às situações.
7. Perseverança. Capacidade de manter-se firme e constante em
seus propósitos, porém, sem perder a objetividade e clareza frente às
situações (saber perceber limites).
8. Resistência à frustração. Este é um item de muita importância no
perfil do empreendedor. Não são poucos que abrem um negócio que
não tem vida longa. Há sempre um recomeço. Este item está muito
ligado à perseverança e à motivação.
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
28
9. Disposição para assumir riscos. São muitos os riscos que o
empreendedor assume ao criar seu negócio. Risco do abandono do
emprego, riscos financeiros, riscos psicológicos pela possibilidade de
fracassar.
Muito bem. Chegamos ao final do nosso capítulo. Agora que você já sabe
o significa ser um empreendedor e quais características compõem o perfil
empreendedor, reflita sobre as questões abaixo e, em seguida, faça o teste para
conhecer seu perfil empreendedor:
Lembre-se: Você não precisa provar nada a ninguém. Apenas aproveite
a oportunidade de se conhecer melhor.
Você se julga uma pessoa empreendedora?
Dentre as características que compõem o perfil empreendedor,
quais você já possui?
Quais você ainda precisa desenvolver?
Distribua cinco pontos em cada par de afirmações a seguir, destinando
uma pontuação maior para aquela afirmação que você mais concorda.
Por exemplo: na questão 1, se você concorda plenamente com a afirmação
A e discorda totalmente da afirmação B, escolha a combinação 5-0 (cinco pontos
para A e nenhum ponto para B). Se concorda muito com a afirmação A e um
pouco com a afirmação B, escolha então a combinação 4-1 (quatro pontos para
A e um ponto para B). Se concordar apenas ligeiramente com a afirmação A em
relação à afirmação B, use a combinação 3-2 (três pontos para A e dois pontos
para B). A mesma lógica vale para o caso de você concordar mais com a afirmação
B, claro. E não se esqueça: seja verdadeiro consigo mesmo!
TESTE: Você é empreendedor?
Luiz Fernando Garcia é consultor
especialista em manejo comportamental
e empreendedorismo em negócios. É
metodologista, empresário, palestrante e
autor dos livros "Pessoas de Resultado"
e "Gente que faz", da Editora Gente. É
um dos quatro consultores certificados
pela ONU (Organização das Nações
Unidas) para coordenar os seminários e
capacitar os coordenadores,
facilitadores e trainees do EMPRETEC/
SEBRAE. Coordenou a equipe
responsável pelo desenvolvimento do
T.O.T (Training of Trainers) da
metodologia EMPRETECno Brasil,
América Latina e África (ano 2002 / 2003).
Disponível em:
<http://www.ethesis
.inf.br/index.php?
option=com_content
&task=view&id=1897
&Itemid=96>.
Acesso em: 15 abr.
2008.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
29
Conteudista e responsável técnico pelo projeto
de Educação Empreendedora no Ensino Médio-
Técnico MEC(Ministério da Educação e
Cultura)/SEBRAE - 2000, qualificando mais de
12.000 educadores no Brasil, além da
certificação Notório Saber em comportamento
empreendedor (MEC). É pioneiro no Brasil, na
abordagem de Orientação para Resultados e
equipes e empresas e pelo desenvolvimento da
metodologia de Manejo Comportamental como
no Projeto APL - Arranjos Produtivos Locais para
a Fiesp - Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo.
Questão 1.
A) A capacidade de um empreendedor acaba tendo pouca influência
sobre o sucesso que ele obtém, por isso depende de muitos outros
fatores.
B) Um empreendedor capaz sempre consegue definir o destino de seu
negócio.
Questão 2.
A) Empreendedorismo é um dom que nasce com a pessoa.
B) É possível desenvolver o empreendedorismo ao longo da vida.
Questão 3.
A) A competência dos concorrentes define se um vendedor conseguirá
vender seus produtos.
B) Um vendedor capaz sempre consegue vender seus produtos, mesmo
com bons concorrentes.
Questão 4.
A) O planejamento é um fator determinante para o sucesso de um
empreendimento.
B) O planejamento não define o sucesso de um empreendimento,
porque sempre surgem fatores inesperados que se tornam mais
decisivos.
Questão 5.
A) A condição econômica da pessoa é essencial para que ela se
transforme em uma empreendedora de sucesso.
B) Um empreendedor pode se tornar um sucesso, independente da
condição econômica.
Questão 6.
A) Os erros dos empreendedores surgem principalmente da sua própria
falta de habilidade e de percepção.
B) Os erros dos empreendedores surgem principalmente de fatores
sobre os quais ele não tem controle.
Questão 7.
A) Os empreendedores são freqüentemente vitimados por fatores
conjunturais que sequer chegam a compreender plenamente.
B) A informação e o envolvimento em temas sociais, políticos e
econômicos podem levar os empreendedores a compreender todos
os fatores que afetam o seu negócio.
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
30
Questão 8.
A) Obter um empréstimo depende sobretudo da boa vontade do banco.
B) Obter um empréstimo depende sobretudo da viabilidade do plano de
negócio.
Questão 9.
A) Buscar informações com vários fornecedores antes de comprar
matéria prima é essencial para obter o melhor produto.
B) Não há porque perder tempo coletando informações: a qualidade do
produto que se compra está diretamente relacionada ao valor que se
paga.
Questão 10.
A) Ter ou não ter lucro depende da sorte.
B) Ter ou não ter lucro depende da competência.
Questão 11.
A) Há pessoas que, por suas características, jamais terão
sucesso como empreendedoras.
B) É possível desenvolver capacidade empreendedora em
pessoas com qualquer tipo de perfil.
Questão 12.
A) As origens sociais de uma pessoa definem se ela terá sucesso
como empreendedora.
B) Não importam as origens sociais; o esforço e a capacidade
da pessoa podem levá-la ao sucesso como empreendedora.
Questão 13.
A) Não há como escapar dos entraves causados pela burocracia
(órgãos do Governo, funcionários públicos, bancos).
B) É possível não depender da burocracia.
Questão 14.
A) O mercado se tornou tão imprevisível que é aceitável
empreendedores de visão errarem.
B) Um empreendedor deve culpar a si próprio pelos seus erros
de percepção.
Questão 15.
A) O destino de cada um depende de seus próprios esforços.
B) Tentar mudar o destino de alguém é inútil. O que tiver que ser,
será.
Questão 16.
A) Há muitas circunstâncias que escapam do controle do
empreendedor.
B) Os empreendedores fazem suas próprias circunstâncias.
Questão 17.
A) Não importa o quanto nos esforçamos, só conseguimos
realizar o que está reservado pelo destino.
B) Os resultados que obtemos dependem dos nossos esforços.
Questão 18.
A) A eficácia de uma organização depende sobretudo da
existência das pessoas competentes.
B) Por mais competentes que sejam os profissionais de uma
empresa, as condições socioeconômicas podem levá-la a
enfrentar sérios problemas.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
31
Conhecendo o total de
cada coluna, divida a
soma da COLUNA 1 pelo
total da COLUNA 2.
COLUNA 1 ( )
___________ = Total
COLUNA 2 ( )
___________ = Total
Resultado:
Abaixo de 1,0 - Indica que você possui um alto nível de orientação por
controle externo, ou seja, depende da influência externa para tomar
decisões, de alguém dizendo "faça isso, não faça aquilo". Isso dificulta
suas possibilidades de iniciar uma atividade como empreendedor ou
de se destacar profissionalmente.
Questão 19.
A) Às vezes, é melhor deixar as coisas se encaminharem
sozinhas, ao acaso.
B) Agir para resolver os problemas é sempre melhor do que
deixá-los ao acaso.
Questão 20.
A) A competência no trabalho sempre será reconhecida.
B) Por mais que alguém seja competente, ele dependerá dos
contatos para crescer.
Agora transfira a pontuação para a tabela abaixo e faça a soma
no final:
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
32
Entre 1,0 e 2,9 - Indica que você até pode vir a ser um empreendedor,
mas é importante aumentar seu poder de iniciativa.
Entre 3,0 e 4,9 - Indica que você tem um bom nível de controle interno:
capacidade para eleger prioridades, tomar iniciativas e andar rumo ao
foco.
Entre 5,0 e 6,9 - Indica que você tem um excelente nível de controle
interno, com grandes possibilidades de iniciar uma atividade como
empreendedor ou de se destacar profissionalmente.
De 7,0 em diante - Você possui um nível de controle interno fora do
comum. Dificilmente suportará estruturas corporativas muito rígidas.
Pela experiência com a aplicação do formulário de Rao, os
empreendedores francos, que possuem personalidade
empreendedora, alcançam essa última faixa de pontuação, entre 7 e
9 pontos. São características dessas pessoas: a facilidade em instalar
confiança nas outras pessoas, criatividade, liderança, orientação em
direção aos resultados.
Atividade Complementar
ENTREVISTA COM UM EMPREENDEDOR
1. Identifique uma pessoa do seu relacionamento, que você reconheça
como empreendedor.
2. Realize uma entrevista com essa pessoa.
3. Após a entrevista, elabore um texto com as principais descobertas
que você fez.
OBS: Deixe claro o contexto de características empreendedoras
presentes no entrevistado e o seu envolvimento com o negócio.
A seguir, será apresentado um guia de perguntas para entrevista, que
deve ser entendido como uma sugestão e adaptado às circunstâncias.
Dicas
- Deve-se explicar ao entrevistado que ele estará livre para não
responder às perguntas que julgar de natureza confidencial (caso
ocorra este fato, registrar no seu texto).
- A entrevista deve ser feita, preferencialmente, fora do local de trabalho
do entrevistado, para evitar interrupções. Tudo deve ser programado
para que a entrevista seja conduzida sob condições favoráveis.
Capítulo 1 As Bases do Empreendedorismo
33
SUGESTÃO DE ROTEIRO DA ENTREVISTA COM
EMPREENDEDOR:
Fonte:
h t t p : / / w w w . p l a n o d e n e g o c i o s . c o m . b r / f i l e s /
empreendedorismo7.pdf
1.Que fatores influenciaram a pessoa a se tornar
empreendedor(a)?
2.Ele/ela criou seu próprio negócio durante a faculdade/colégio?
3.Que pessoas/empreendedoras o inspiraram?
4.Alguém de sua família era empreendedor?
5.Como o empreendedor encontrou a oportunidade?
6.Que experiência de trabalho anterior o empreendedor teve
antes de abrir o negócio?
7.Quais são suas forças e fraquezas?
8.Que educação formal ele teve? Foi relevante para o negócio?
9.Como ele avaliou a oportunidade?
10.Ele teve sócios?
11.Pergunte sobre os sócios; eles complementaram suas
habilidades para tocar o negócio?
12.Que recursos (econômicos/financeiros) ele precisou para
implementar o negócio?
13.Onde e como ele obteve estes recursos?
14.Houve algum eventode "disparo" para iniciar o negócio
(demissão? aposentadoria? outro?...)
15.Ele tinha um plano de negócios? Se não, ele fez algum tipo
de planejamento? Peça para explicar
16.Quando ele obteve seu primeiro cliente?
17.Qual foi o momento mais crítico no início do negócio ou
mesmo depois de sua criação? Como foi superado?
18.Qual foi o momento de maior satisfação?
19.Qual é o lado positivo de ser empreendedor? E o negativo?
20.De que mandeira a carreira como empreendedor afetou sua
família?
21.Pergunte se ele faria isso de novo? Caso positivo, o que faria
diferente?
22.Que conselhos ele daria a uma pessoa que quer se tornar
um empreendedor?
35
C
A
P
ÍT
U
LO
2
2 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem:
- Estabelecer a relação entre criatividade e inovação.
- Reconhecer a influência das ações criativas e inovadoras para o
empreendedorismo.
- Identificar as barreiras que impedem o processo criativo e inovador.
- Conceituar intra-empreendedorismo.
- Situar a figura do intra-empreendedor no contexto mais amplo das
organizações corporativas.
INTRODUÇÃO
Estamos vivendo, conforme vimos no capítulo anterior, na "era da
produtividade". Desde a revolução industrial, um dos principais objetivos para a
viabilização econômica das empresas, segundo Sohsten (2003), tem sido: "fazer
mais, com menos". Esse "menos", segundo o autor, é composto pelos principais
meios de produção: capital, trabalho e pessoas.
Houve um tempo em que o poder de uma empresa era medido pela quantidade
de funcionários que para ela trabalhava. Hoje em dia essa medida é mais
um sinônimo de ineficiência e desatualização tecnológica (SOHSTEN, 2003).
Podemos inferir, com isso, que uma das conseqüências dessa espantosa
produção de bens e serviços que alcançamos (a maior já registrada em toda
história da humanidade), foi a diminuição do número de trabalhadores não-
qualificados nas empresas. Isso porque, para superar os desafios da competição
global, é imprescindível ter conhecimento para promover as inovações
necessárias à sobrevivência das empresas, ou seja, as empresas precisam
inovar para se manterem competitivas. Caso contrário, certamente não
sobreviverão, pois conforme afirma Druker (apud CYGLER, 2008), "no futuro
só existirão dois tipos de empresas: as rápidas e as mortas", e essa
diferenciação será estabelecida pela sua capacidade de inovar.
É nessa hora que a criatividade se faz presente, pois diante da
necessidade que as empresas têm de reagir às mudanças ou mesmo de
promover o próprio crescimento, é preciso usar a criatividade, pensar diferente,
usar o talento e a imaginação na busca de novas alternativas.
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
36
Num mercado absolutamente competitivo, portanto, ser criativo e inovador
não são apenas características desejáveis, mas sim fundamentais para a
sobrevivência de qualquer organização.
 Além dessas condições certamente existem outras, mas sem dúvida, a
criatividade e a inovação são importantes diferenciais competitivos que distingue
as empresas empreendedoras das demais. Vamos constatar? Faça o seguinte
teste sugerido por Silva (2008a):
De quantas empresas você se lembra que foram líderes ou importantes
no passado e que encolheram ou desapareceram porque algo melhor,
mais inovador foi lançado?
Analise uma das empresa de que você se lembrou e questione: o que
ela fez para manter-se atualizada? O que ela inovou? Como ela tratou
o potencial criativo de suas equipes? Como ela valorizava a
colaboração dos funcionários com idéias inovadoras?
Suas respostas, provavelmente, coincidem com a previsão do autor.
Confira:
"Eu até arrisco a dar uma resposta. Eram empresas que tinham a
postura de dizer: 'sempre fizemos assim e deu certo',
'você não está aqui para pensar, você está aqui para trabalhar',
'não invente moda'.
'em time que está ganhando, não se mexe'".
(SILVA, 2008a)
Situações como essas ilustram bem o pensamento de Alonso (2008),
quando afirma que "a dificuldade de toda da inovação começa no próprio
comportamento do ser humano".
Nesse sentido, novas posturas se impõem às pessoas que atualmente
pretendem ter sucesso em qualquer empreendimento - tanto profissional, quanto
pessoal. Essas posturas estão diretamente relacionadas à criatividade e inovação
e são temas deste capítulo. Vamos prosseguir?
2.1 CRIATIVIDADE
"Imaginação é o inicio da criação. Nós imaginamos o que desejamos; nós
seremos o que imaginamos; e, no final, nós criamos o que nós seremos".
George Bernard Shaw
Atualmente, fala-se muito em criatividade. Nos mais diversos setores e
organizações sociais, inclusive no mundo empresarial, tem se ressaltado a
importância de sermos criativos.
Capítulo 2 Criatividade e Inovação
37
Mas o que é criatividade? Como podemos definir uma
atitude criativa? Será que todas as pessoas são
criativas? Nós já nascemos criativos ou desenvolvemos
esse potencial? É possível ser criativo sempre?
Como você pode perceber, são muitas as perguntas e, em sua grande
maioria, várias são as respostas possíveis. Vamos começar, então, tentando
definir o termo criatividade.
No dicionário, encontramos que criatividade é:
1. qualidade ou característica de quem ou do que é criativo.
2. inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar,
inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo
etc.
3. Rubrica: lingüística. Capacidade que tem o falante de produzir e
compreender um número imenso de enunciados, mesmo aqueles que
não tinham sido por ele ouvidos ou pronunciados anteriormente. Decorre
da competência lingüística, que é o conhecimento intuitivo que todo
falante possui dos princípios e regras da sua língua.
Observe como é amplo o campo de idéias utilizadas para explicar o que
é o fenômeno criativo. Se continuarmos pesquisando, vemos ainda que ela pode
ser abordada, diferentemente, sob vários pontos de vista: o ponto de vista
psicológico, neurológico, cognitivo, organizacional e humano dentre outros.
Vejamos, então, o que alguns autores dizem a esse respeito:
Segundo Vervalin (1975), a criatividade está presente na música, literatura
e artes, que são as áreas onde tradicionalmente se aplica o conceito, mas
também existe a criatividade científica, tecnológica e em diversas outras áreas,
caracterizando a criatividade, portanto, como um conceito de difícil definição.
Para Gardner (1996), analisar a criatividade vai além da competência de
uma única disciplina, sendo necessários diferentes níveis de análise para se
entender o fenômeno. Assim sendo, sua melhor compreensão se dá pela
interação de todas essas dimensões. Portanto, para o autor, a criatividade não
está apenas na idéia, no processo ou na habilidade do artista, nem no domínio
de prática ou no grupo de juízes, mas sim em todo esse conjunto.
Considerando a dificuldade de se estabelecer esse conceito, propomos
que você leia o texto a seguir e, então, elabore as suas conclusões. Vamos lá?
Dicionário Eletrônico
Houaiss da Língua
Portuguesa
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
38
O que é criatividade?
Francisco Wilson Dias Miranda
"Quando eu era bem pequeno, sonhava em ser um grande pintor,
pegava meus lápis de cera e saia pintando tudo que via, no meu
jardim de infância, por exemplo, minha mãe vivia sendo chamada
à atenção porque as paredes estavam sempre pintadas,
particularmente, acho que não gostavam de um "artista".
Completei então meus nove anos de idade, meus pais não
tinham condição o suficiente para dar-me um presente de
aniversário, eu sempre fui compreensivo, e entendia bem a
situação. Veio-me assim a incrível idéia de construir meu próprio
presente, peguei papéis, plásticos, madeira, ferro e construir
um brinquedo que nem eu sabia o que era. A partir daí, comecei
a pensar em ser um inventor como Thomas Edson, futuramente.
Ingressei no ginásio ainda com apenas 12 anos de idade, tive
que acostumar com vários professores e saber me comportar
com cada um, eu achava-me um homenzinho, e não teria mais
que perder tempo pintando papéis, paredes ou mesmopegar
um monte de bagulho pra brincar.
Nas aulas de Português sempre líamos textos bastante
interessantes antes de vermos o conteúdo. Quase sempre nossa
atividade de casa era trazer uma redação. No dia seguinte,
fazíamos concursos sobre qual redação merecia nota mais alta,
quase sempre eu ganhava! Descobri que teria um futuro brilhante
como escritor.
Fiz dezenas de textos, cada um mais significante do que o outro,
formariam um belíssimo livro.
O gosto pela escrita de textos acabou assim que ingressei no
teatro municipal de minha cidade, já tinha meus 14 anos, o prazer
pela escrita não era o mesmo que sentia na 1ª série do 1º grau,
e meus pais viviam dizendo que era bastante envolvente e que
acostumaria logo. E a verdade é que me acostumei bem antes
do que imaginava, meus professores de teatro eram
superlegais, meus colegas viraram depressa meus amigos, e o
melhor de tudo era participar de teatro!
Meses se passaram, ficava cada vez mais "profissional" no
teatro, fazia personagens bem criativos, cheguei a conclusão
de que o teatro era a minha "vida".
Anos mais tarde derramei muitas lágrimas por terem "arrancado"
a escola de teatro da cidade, motivo que até hoje desconheço.
Nessa época, já tinha 18 anos, deixei de fazer o que fazia todos
os dias. Por isso, fiquei bastante decepcionado.
Passei muitos meses sem fazer teatro. Acabei esquecendo, e
percebi que teatro não seria a profissão ideal para mim. Nesse
mesmo ano, terminei o 2º grau, e em razão de meu ótimo
desempenho, conquistei o direito de passar direto pra faculdade.
Meus pais ainda não tinham recursos para suprir minhas
Capítulo 2 Criatividade e Inovação
39
necessidades dentro de uma faculdade, e por isso, ingressei
na faculdade pública para professor. Não era o que eu almejava,
mas a vida não é como se quer, e sim as coisas como são!
Formei-me em professor muito cedo, e passei assim a ensinar
em uma escola pública estadual. Casei-me com uma também
professora, comprei uma casa e com ela fui morar. Comecei a
"namorar" com a responsabilidade. Não tinha mais tempo pra
nada, conforme iam passando os anos, meu tempo encurtava,
passava o dia todo estressado, minha cabeça doía em pensar
em problemas, era terrível. Hoje sou um velho de 69 anos, tive
uma vida muito criativa, porém devia ter sonhado mais,
acreditado mais, e não ter desistido quando pensei que não
havia mais chances, deixando abrigar em mim um ser que nunca
fui, esquecendo meu lado "infantil" e a criatividade. Não me
arrependo pelo que fiz, e sim pelo que deixei de fazer. Minha
mulher morreu faz dois anos e eu vivo sozinho em minha casa.
Aposentei-me como professor há dezoito anos. Não faço mais
nada e, por isso, sentindo a necessidade de ser útil, criei uma
escola que abrange pintura, criações, escrita e teatro para as
crianças que, por meio da criatividade indispensável à vida,
sonham com seu futuro bem distante, mas alcançável, pois a
criatividade é o “ binóculo” do futuro.
In: Revista on line: Gosto de Ler, coluna Crônicas e Poesias.
Disponível em:
http:/ /www.gostodeler.com.br/frame.php?ver=http:/ /
w w w . g o s t o d e l e r . c o m . b r / m a t e r i a / 4 9 8 5 /
O_que_%C3%A9_Criativ.html
O que podemos concluir com esse relato, em relação à criatividade?
Ainda que de forma bastante tímida, a criatividade esteve presente em
diversos momentos da vida de nosso personagem. Porém, como geralmente
acontece, teve seu auge na infância ou na juventude e acabou se ausentando na
idade adulta. Nosso professor viveu essa transformação da criatividade em sua
vida, mas percebeu, reagiu e superou essa ausência, construindo outras
alternativas para seu futuro.
Com isso, podemos, então, compreender a criatividade como o
poder de encontrar novas alternativas para os problemas do dia a dia,
ainda que sejam simples e adaptadas de outras já existentes.
Ser criativo, portanto, não é apenas ter idéias brilhantes e originais o
tempo todo, como muitas pessoas pensam.
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
40
Na verdade, esclarece Navega (2000),
exercitamos a criatividade toda vez que utilizamos nosso raciocínio para
encontrar uma forma diferente de fazer determinada tarefa, quando idealizamos
uma nova utilidade para algo já existente ou quando expressamos nossas
idéias e opiniões de maneira interessante e divertida, visto que o humor também
é uma forma criativa de expressão.
Com isso, podemos chegar a uma outra conclusão: a criatividade é
algo que se encontra ao alcance de qualquer pessoa. Todos nós somos
criativos, sem exceção. O que diferencia uma pessoa da outra, explica Araújo
(2003), é a forma como cada um conviverá com isso, pois a criatividade é uma
função psicológica e tem apenas que ser reativada, reanimada, treinada..
Mas o que isso significa, na prática? O que é possível ser feito para
estimular o potencial criativo?
Segundo Fiaschetti (2008), todo ser humano tem um potencial criativo a
ser desenvolvido e esse potencial deve ser estimulado com exercícios e
convivência com pessoas criativas. Ser criativo, então, é um hábito que pode
ser desenvolvido diariamente. Nas palavras do autor,
o ato de inovar nas tarefas mais simples, pelo mero prazer de fazer diferente,
é um treinamento que nos torna mais aptos a improvisar em situações críticas,
para as quais não existe um modelo a ser seguido. Abandonar modelos, ou
substituí-los freqüentemente, preserva a flexibilidade mental e mantém reflexos
treinados e percepção aguçada para agir criativamente, sempre que
necessário. (FIASCHETTI, 2008)
Saiba Mais
Para conhecer as sugestões do autor sobre como exercitar sua
criatividade, acesse o site http://www.msd-brazil.com/msdbrazil/hcp/
farmaceuticos/gestao/marketing_0405.html
Exercitar a nossa criatividade, portanto, é algo de devemos fazer sempre,
pois, como já dizia Walt Disney
Criatividade é como fazer ginástica:
quanto mais o corpo se exercita mais forte fica.
Conscientes disso, algumas empresas começaram a valorizar bem mais
o potencial criativo de seus funcionários. Um exemplo é a Mercedes-Benz, que
regularmente oferece cursos de criatividade aos seus funcionários. Durante três
dias, um grupo formado por cerca de 30 funcionários é destacado da empresa
para desenvolver dinâmicas que favoreçam o surgimento de idéias e estimulem
o potencial inovador dos participantes.
Isso porque, conforme explica Teixeira (2008),
Capítulo 2 Criatividade e Inovação
41
se a criatividade dos funcionários não estiver bem desenvolvida e treinada,
esta empresa está perdendo competitividade para aquelas que estão
valorizando a criatividade de seus colaboradores. A empresa moderna já
abandonou a velha premissa de que é preciso gastar ou investir mais do que
o concorrente. Ela sabe que seu grande patrimônio é o potencial de seus
funcionários. (TEIXEIRA, 2008)
Mas atenção: ser criativo não que dizer, necessariamente,
ser inovador.
Para compreender melhor essa afirmativa, leia o texto a seguir e veja
como Wollheim (2005) explica essa diferença:
Criatividade x inovação
O que se pode fazer para ser mais inovador (e criativo) no universo
dos negócios e do empreendedorismo
Você já ouviu alguém dizer que somos um povo criativo?
Independentemente das razões - miscigenação, africanos, calor
tropical, povo de excluídos e assim por diante -, somos uma nação
reconhecidamente de gente criativa. Talvez até seja justamente a
capacidade criativa que explique a nossa capacidade de viver e ser
feliz num Brasil tão sofrido, difícil e nos exigindo mais e mais.
Encontramos sempre um "bico" (ou frila, usando uma expressão mais
atual) para ajudar no orçamento. Sempre temos uma solução criativa
pra turma do leão. E é com uma destreza criativa impressionante, por
exemplo, que nos livramos de um chato que nos pára na estrada quando
estamos correndo acima do limite permitido!
Tem um provérbio chinês que diz que a nossa grande virtude é também
o nosso maior defeito. Grande e simples verdade, daquelas que só os
chineses são capazes de formular - apesar de não seguirem a maior
parte delas - e que de fato nosalerta para coisas importantes na vida.
Nossa enorme criatividade como povo também é o que nos inibe de
sermos mais inovadores. O jeitinho brasileiro vem da criatividade e
não da inovação. Somos certamente novidadeiros, mas também pouco
inovadores. Inovar requer trabalho, pensar muito, quebrar regras e
padrões, não se prender ao que já foi feito ou a modelos que já existem
e criar tudo novo. Não é a nossa praia. Preferimos resolver as coisas
quando elas acontecem. Somos mais "resolvedores" de problemas
(criativamente) do que formuladores de novas perguntas. Aspectos
culturais e de educação nos impulsionam pra frente dessa maneira,
penso eu. Estamos mudando com o mundo, claro. Globalização,
americanização, competição, resultados, são fatos que também nos
afetam e nos cobram novos olhares, novos modos de vida mas, assim
mesmo, temos o nosso jeito que - bem ou mal - funciona há 500 anos!
É ou não é assim que pensamos?
Brincadeiras à parte, o mundo de hoje pede que, além de criativos,
sejamos inovadores de fato. Quem souber pensar à frente do resto do
mundo - e agir dessa maneira - terá a capacidade de crescer, progredir
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
42
e participar da riqueza do planeta. Quem, por outro lado, permanecer
à margem desse processo, ficará à margem do progresso e da renda.
Inovar em um mundo capitalista é saber alimentar constantemente o
processo. Entender isso é mistér. Não há país que tenha virado de
primeiro mundo sem que o processo de inovação tenha acontecido
em sua sociedade. De verdade.
(WOLLHEIM, 2005)
Para quem ainda não está seguro da sua criatividade, apresentamos
algumas dicas. Mas lembre-se: este é um processo lento, que exige muita
dedicação:
1ª) Procure romper suas "verdades únicas", por mais doloroso que isto
seja para você
2ª) Procure aprender com seus erros, não fique martirizando a si próprio
3ª) Valorize as experiências pessoais daqueles que estão próximos de
você
4ª) Desenvolva o hábito de leitura
5ª) Procure reciclar tudo o que você faz ( tudo pode e deve ser
melhorado)
6ª) Amplie seus horizontes. Leia com atenção a frase abaixo:
"Não é porque da sua janela você enxerga até o horizonte, que o mundo
não continua depois dele".
Fonte: http://www.gte.xpg.com.br/Teatro/Criatividade.html
Além de promover a sua criatividade pessoal, busque ainda aumentar a
criatividade do seu grupo de trabalho, pois seguramente todos irão se beneficiar
com isso. Como?
Suponha que você queira ser um atleta. Você pode começar a se
comportar como um, treinando todos os dias, por exemplo. Provavelmente, você
não irá para as Olimpíadas, mas vai tornar-se muito mais atleta do que qualquer
outra pessoa que não tenha treinado. Da mesma maneira, as pessoas numa
empresa podem tornar-se mais criativas se começarem a se comportar
criativamente.
Michael Michalko (apud CANDELORO, 2006), indica 16 maneiras de
estimular a criatividade numa empresa. Veja qual delas pode ser aplicada à sua
realidade.
1. Melhore todos os dias: Peça para os membros da sua equipe
melhorarem um aspecto de seu trabalho todos os dias, focando nas
áreas que estejam sob seu controle. Ao final do dia, faça com que se
Capítulo 2 Criatividade e Inovação
43
reúnam e pergunte o que fizeram de maneira diferente ou de melhor
que o dia anterior. Isso também pode ser feito por períodos um pouco
mais longos, como uma semana ou mês. Basta você escolher um
tema - prospecção, por exemplo. Promova a 'Semana da Prospecção
Criativa', ou coisa parecida. As melhores histórias podem ser
aproveitadas pelo resto da equipe. Depois, é só escolher outro tema,
e assim por diante. Depois de certo tempo, vocês vão descobrir
dezenas de técnicas criativas e eficientes de vender melhor.
2. Pendure um edital de brainstorming: Coloque um quadro de avisos
numa área central e encoraje as pessoas a participarem com idéias.
Escreva um tema ou problema numa cartolina colorida e cole-a no
centro do quadro. Providencie notas do tipo Post-it (autocolantes) para
que as pessoas possam escrever e colar suas idéias no quadro.
Exemplo: suponhamos que os vendedores da sua empresa deparem-
se regularmente com um certo tipo de objeção. Descreva a situação
na cartolina colorida, cole-a no quadro criativo, e deixe todos os
funcionários da empresa participarem com idéias e sugestões.
3. Promova uma Loteria de Idéias: Dê um cartão numerado para cada
pessoa que tiver uma idéia criativa. No final do mês, compartilhe todas
as idéias com sua equipe. Faça um sorteio e dê um prêmio para quem
tiver o cartão premiado. Crie um Cantinho da Criatividade: Crie na sua
empresa um local (de preferência uma sala) onde as pessoas possam
ir para pensar criativamente. Coloque no local livros, vídeos e jogos
que estimulem a criatividade. Algumas empresas chegam a decorar
esse tipo de área com fotos de funcionários quando eram bebês,
reforçando a idéia de que todos nascemos espontâneos e criativos.
4. Inspire através de ícones: Peça às pessoas para colocarem em
suas mesas objetos que representem sua própria interpretação pessoal
do que é a criatividade no trabalho. Por exemplo, uma bola de cristal
para representar o planejamento do futuro, pilhas ou baterias novas
para simbolizar energia criadora, etc.
5. Almoce com propósito: Encoraje almoços semanais, com no máximo
5 pessoas, só para fazer um brainstorming. Primeiro, solicite que leiam
alguma coisa sobre criatividade. Se for um livro, peça que cada um
leia um capítulo diferente. Assim, cada pessoa terá uma perspectiva
diferente sobre como aplicar a criatividade na empresa. Convide
pessoas criativas da sua cidade para almoçar com o grupo. Peça-
lhes para sugerirem como ser mais criativo no que vocês fazem na
empresa.
 6. Use Agendas de Idéias Brilhantes: Dê a todos uma agenda de 'idéias
brilhantes', e peça que escrevam três idéias por dia, durante um mês,
sobre como melhorar as vendas. No final do mês, recolha as agendas
e categorize as idéias. Discuta-as depois com seu grupo, decidindo
quais as melhores e como implantá-las.
7. Organize a Semana das Idéias Estúpidas: Faça com que ter idéias
seja divertido. Com a 'Semana das Idéias Estúpidas', promova um
Empreendedorismo FURB / ASSEVALI
44
concurso. Coloque as idéias em algum lugar visível, e depois selecione
a idéia mais estúpida apresentada. Todos vão se divertir e, no
processo, você vai descobrir que algumas idéias não eram tão
estúpidas assim.
8. Cultive a Criatividade por Comitês: Estabeleça voluntariamente um
'Comitê Criativo' para discutir e implantar boas idéias apresentadas
pelos funcionários. O comitê pode ter alguma forma pública de
demonstrar como andam as idéias na empresa (um termômetro, por
exemplo). Reconheça e premie as pessoas de acordo com a
quantidade e a qualidade de suas contribuições criativas.
 9. Crie o Clube dos Campeões: Pegue um corredor da sua empresa
e transforme uma de suas paredes no 'Clube dos Campeões'. Coloque
fotos das pessoas cujas idéias tenham sido implantadas, junto com
um parágrafo descrevendo a idéia e os benefícios que ela trouxe para
a empresa.
10. Misture cérebro esquerdo e direito: Quando fizer um brainstorming
em grupo, tente dividir as pessoas em pensadores com o lado esquerdo
(racionais) e lado direito (intuitivas). Peça aos racionais sugestões
práticas, convencionais e lógicas. Peça aos intuitivos para sugerirem
coisas ilógicas e pouco convencionais. Depois combine os grupos e
discutam as sugestões.
11. Proponha cotas de idéias: Garanta a criatividade dando a cada
funcionário uma cota semanal (por exemplo, uma idéia por semana).
Thomas Edison usava este sistema. Sua cota pessoal era uma
invenção pequena a cada 10 dias e uma grande invenção a cada 6
meses.
12. Exija ingressos criativos: Faça com que seja necessário trazer
uma nova idéia para poder participar de qualquer reunião. A idéia deveria
focalizar algum aspecto de seu trabalho diário, e como isso pode ser
melhorado.
13. Mude de 'Sim, mas...' para 'Sim, e...': Alguém oferece uma idéia
durante alguma reunião, e as pessoas já começam a dizer

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