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EMPREENDEDORISMO Evandro Paes dos Reis Álvaro Cardoso Armond Mas o que é empreendedorismo? Como ele funciona? A pessoa já nasce empreendedora? Como ser um empreendedor? Quais são os tipos de empreendedorismo? O que diz a lei a respeito do empreendedorismo? Como fazer um plano de negócios? A ideia de escrever este livro nasceu da necessidade de responder a essas e outras perguntas que circundam o universo do empreendedorismo. G es tã o E M P R E E N D E D O R IS M O E va nd ro P ae s d os R ei s Á lv ar o C ar d os o A rm on d Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-3234-1 Evandro Paes dos Reis Álvaro Cardoso Armond IESDE BRASIL S/A Curitiba 2016 Empreendedorismo CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ R299e Reis, Evandro Empreendedorismo / Evandro Paes dos Reis, Álvaro Cardoso Armond. - 1.ed., reimpressão. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2016. 348 p. : il. ; 21 cm. ISBN 978-85-387-3234-1 1. Empreendedorismo. I. Armond, Álvaro. II. Título. 12-7498 CDD: 658.42 CDU: 658.42 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. © 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Produção FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão IESDE Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Imagem Capa Shutterstock.com/MoonRock Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Carta ao Aluno | 5 1 Conceituando o empreendedorismo | 7 2. Comportamento empreendedor | 23 3. Empreendedorismo de start-up | 49 4. Aquisições de empresas | 79 5. Plano de negócios | 103 6. Oportunidades e financiamentos | 133 7. Empreendedorismo corporativo | 159 8. Planejamento financeiro | 189 9. Inovação | 217 10. Franquias | 241 11. Aspectos legais | 263 12. Revisão e exploração do case Advance Marketing | 293 Gabarito | 311 Referências | 325 Carta ao aluno Empreendedorismo. Uma palavra relativamente simples que esconde um conceito muito poderoso, move a economia mundial e permite às pessoas realizarem seus sonhos e mudarem o mundo para a melhor. Mas o que é empreendedorismo? Como ele funciona? A pes- soa já nasce empreendedora? Como ser um empreendedor? Quais são os tipos de empreendedorismo? O que diz a lei a respeito do empreendedorismo? Como fazer um plano de negócios? A ideia de escrever esse livro nasceu da necessidade de res- ponder a essas e outras perguntas que circundam o universo do empreendedorismo. – 6 – Empreendedorismo Com mais de 20 anos de experiência na gestão e montagem de negócios, os professores Evandro Paes dos Reis e Álvaro Cardoso Armond procuram explicar ao leitor os principais conceitos do empreendedorismo. O objetivo é permitir algo prático que possa ser aplicado imediatamente por aqueles que se interessarem em entrar no mundo dos empreendimentos ou desejam se aperfeiçoar por já estarem “embriagados” com as características de ser empreendedor. Nos temas abordados o leitor poderá encontrar as principais defini- ções sobre o empreendedorismo, bem como ideias e formas de encarar esse mundo, além de entender o “comportamento empreendedor”, e ter respostas para perguntas como: “Quem é o empreendedor? Qual seu perfil? É possível aprender a ser empreendedor?” São perguntas simples, mas que embutem um profundo conhecimento sobre como deve ser aquele que se diz empreendedor. Em start-up, o leitor aprenderá como iniciar um negócio do zero. Em 90% dos casos, quando falamos de empreendedorismo, estamos falando de start-up, e isso requer uma análise detalhada dos conceitos. Será apresentada uma nova forma de empreender, ou seja, através de aquisições, uma modalidade até pouco tempo não muito utilizada no país por pequenos empresários, mas que hoje toma corpo e começa a ser uma alternativa real. Planos de negócios são muito importantes para o sucesso de empreen- dimentos, portanto, saber em detalhes como fazê-los é de primordial impor- tância para um empreendedor que deseja sucesso. O capítulo “empreendedorismo corporativo” mostra como aplicar os conceitos de empreendedorismo em sua empresa. Planejamento financeiro, também aqui abordado, é talvez o assunto mais importante em um negócio e muitas vezes relegado em segundo plano. O livro mostra o quanto ele é importante e como fazê-lo de forma correta. Outro assunto que anda de mãos dadas com o empreendedorismo é a inovação. E de nada adianta um planejamento adequado sobre uma ideia revolucionária se os aspectos legais não são levados em consideração, assunto esse a ser abordado em “aspectos legais”. Quais são as regras que um empreen- dedor deve seguir? O que diz a legislação? Que impostos pagar? Essas e outras perguntas serão abordadas e explicadas neste livro. Esperamos que o livro seja muito prazeroso em sua leitura, assim como ele foi prazeroso para nós no processo de escrita. Bons negócios. Conceituando o empreendedorismo Alguns homens veem as coisas como são, e perguntam: “Por quê?” Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: “Por que não?” Bernard Shaw O que é empreendedorismo? Quem é o empreendedor? Quais as opções para quem quer criar um negócio? É possível ser empreen- dedor sem ser empresário? Esses e outros tópicos serão abordados de forma clara e objetiva, embasando todo o conteúdo do livro. 1 Empreendedorismo – 8 – 1.1 O que é empreendedorismo? Mas afinal, o que é empreendedorismo? Mais do que uma palavra da moda no Brasil e no mundo hoje, empreendedorismo é uma estilo de vida que pode ser aplicado no mundo profissional das mais diversas formas. Há diversas definições para a palavra empreendedorismo. 2 Robert Menezes, professor de Empreendedorismo da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), define: “Empreendedorismo é aprendizado pessoal que, impulsionado pela motivação, criativi- dade e iniciativa, busca a descoberta vocacional, a percepção de oportunidades e a construção de um projeto de vida ideal. Ser empreendedor é preparar-se emocionalmente para o cultivo de ati- tudes positivas no planejamento da vida. É buscar o equilíbrio nas realizações considerando as possibilidades de erros como um pro- cesso de aprendizado e melhoramento. Ser empreendedor é criar ambientes mentais criativos, transformando sonhos em riqueza.” 2 Para Eder Luiz Bolson1, autor do livro Tchau, Patrão! (Editora Senac) “Empreendedorismo é um movimento educacional que visa desenvolver pessoas dotadas de atitudes empreendedoras e mentes planejadoras”. 2 Louis Jacques Fillion2 disse que o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. 2 Jeffry Timmons3 disse que o empreendedor é alguém capaz de iden- tificar, agarrar e aproveitar a oportunidade, buscando e gerenciando recursos para transformá-la em negócio de sucesso. 2 Do ponto de vista etimológico, a palavra empreendedorismo vem do francês entrepreneur e quer dizer “aquele que está entre” ou “intermediário”. Ao contrário do que muitos pensam, o termo é 1 Disponível em: <www.tchaupatrao.com.br/autor.htm>. 2 Professor de empreendedorismo da H.E.C. Montreal Business School, do Canadá. 3 Jeffry A. Timmons é consi derado uma das maiores au to ridades mundiais em empreendedo- rismo. É doutor em administração de empre sas, professor emérito de em pre endedorismo do Babson College e autor do livro New Ven ture Creation, um dos dez mais da lista da revista Inc. dos EUA. – 9 – Conceituando o empreendedorismo usado desde a Idade Média e definia pessoas que eram encarregadas de projetos de produção em larga escala. 2 Uma das definições mais aceitashoje em dia e embasadora deste livro é dada pelo estudioso de empreendedorismo, Robert Hisrich4, em seu livro Empreendedorismo. Segundo ele, empreendedorismo “é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal”. 1.1.1 Síndrome do empregado O termo síndrome do empregado nasceu com o personagem “Seu André,” do livro O Segredo de Luísa, do autor brasileiro Fernando Dolabela. “Seu André”, preocupado em explicar a ineficácia de grande parte dos empregados da sua indústria, disse: “eles estão contaminados com a síndrome do empregado”. A síndrome do empregado designa um empregado: 2 desajustado e infeliz, com visão limitada; 2 que tem dificuldade para identificar oportunidades; 2 é dependente, necessita de alguém para se tornar produtivo; 2 sem criatividade; 2 sem habilidade para transformar conhecimento em riqueza, des- cuida de outros conhecimentos que não sejam voltados à tecnolo- gia do produto ou à sua especialidade; 2 tem dificuldade de autoaprendizagem, não é autossuficiente, exige supervisão e espera que alguém lhe forneça o caminho; 2 domina somente parte do processo, não busca conhecer o negócio como um todo: a cadeia produtiva, a dinâmica dos mercados, a evolução do setor; 4 Professor de Global Entre preneurship e Diretor do Glo bal Entrepreneurship Center em Thunderbird. Empreendedorismo – 10 – 2 não se preocupa com o que não existe ou não é feito: tenta enten- der, especializar-se a melhorar somente no que já existe; 2 mais faz do que aprende; 2 não se preocupa em formar sua rede de relações, estabelece baixo nível de comunicações; 2 tem medo do erro, não trata como uma aprendizagem; 2 não se preocupa em transformar as necessidades dos clientes em produtos/serviços; 2 não sabe ler o ambiente externo: ameaças; 2 não é proativo. 1.2 O empreendedor O que é um empreendedor? Na mais estreita definição da palavra, um empreendedor é aquele indivíduo que empreende, ou seja, que busca realizar tarefa difícil e trabalhosa. Embora um empreendedor ideal não tenha seu perfil facilmente defi- nido, ele deve ter algumas características inerentes ao desafio: deve ser tole- rante a riscos; ter disciplina e capacidade planejadora; ser capaz de visualizar mentalmente seu empreendimento antes que o mesmo tenha iniciado; ter capacidade de liderar pessoas e processos; ser flexível e tolerar erros, apren- dendo com os mesmos. Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, querendo ser reconhecidas e admiradas. Alguns exemplos de empreendedores famosos: 2 Bill Gates, Microsoft. 2 Antonio Ermírio de Moraes, Grupo Votorantim. 2 Jorge Gerdau Johannpeter Gerdau, Grupo Gerdau. 2 Steve Jobs, Apple. – 11 – Conceituando o empreendedorismo 2 Anita Roddick, The Body Shop. 2 Henry Ford, Ford Motor Co. 2 Sam Walton, Wal-Mart. 2 Akio Morita, Sony. 2 Thomas Watson, IBM. 1.3 Visão histórica do empreendedorismo O mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos de tempo, principalmente pelas invenções criadas no século XX, revolucionando o estilo de vida das pessoas. Por trás dessas invenções, existem pessoas ou equipes de pessoas com características especiais, que são visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer, enfim, empreendem. Algumas invenções e conquistas do século XX feitas por empreendedores: Tabela 1 – Invenções do século XX 1903 Avião motorizado 1915 Teoria geral da relatividade de Einstein 1923 Aparelho televisor 1928 Penicilina 1937 Náilon 1943 Computador 1945 Bomba atômica 1947 Descoberta da estrutura do DNA abre caminho para a engenharia genética 1957 Sputnik, o primeiro satélite 1958 Laser 1961 O homem vai ao espaço 1967 Transplante de coração 1969 O homem chega à Lua; início da internet, Boeing 747 Empreendedorismo – 12 – 1970 Microprocessador 1993 Clonagem de embriões humanos 1997 Primeiro animal clonado: a ovelha Dolly 2000 Sequenciamento do genoma humano 2 O primeiro uso do conceito de empreendedorismo é creditado a Marco Polo, que tentou estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Marco Polo5, um viajante veneziano do fim da Idade Média, juntamente com o seu pai, Nicolau Polo, e o seu tio, Maffeo, foi um dos primeiros ocidentais a percorrer a Rota da Seda. O seu relato detalhado das viagens pelo Oriente, incluindo a China, foi durante muito tempo uma das poucas fontes de informação sobre a Ásia no Ocidente. Suas aventuras têm todos os ingredientes de um empreendimento moderno: uma visão (de que o mundo pos- sui riquezas inexploradas), uma missão (trazer essas riquezas para a Itália), investidores (Marco Polo obteve dinheiro da corte italiana bem como empresários locais), riscos (ninguém jamais havia feito suas viagens) e expectativa de retorno (as riquezas trazidas por Marco Polo seriam muitas vezes maior que o investimento feito). 1.3.1 Idade Média Na Idade Média, o termo empreendedorismo foi utilizado para definir aquele que gerenciava os grandes projetos de produção. Esses indivíduos não assumiam grandes riscos, apenas gerenciavam os projetos, utilizando os recursos disponíveis, geralmente provenientes do governo do país. 1.3.2 Século XVII Os primeiros indícios de empreendedorismo ocorreram quando o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar alguns serviços ou fornecer produtos. 5 Disponível em: <http://geography.about.com/cs/marcopolo/a/marcopolo.htm>. – 13 – Conceituando o empreendedorismo 1.3.3 Século XVIII Nesse século, o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferen- ciados, devido ao início da industrialização que ocorria no mundo. Como exemplo, temos o caso de pesquisas referentes à eletricidade e química, de Thomas Edison, que contou com o auxílio de investidores que financiavam os seus experimentos. 1.3.4 Século XIX e XX No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores (o que ocorre até hoje), sendo analisados meramente sob o ponto de vista eco- nômico, como aqueles que organizam as empresas, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. 1.4 Empreendedorismo no Brasil No Brasil, o empreendedorismo começou a ganhar força na década de 1990, durante a abertura da economia. A entrada de produtos importados ajudou a controlar os preços, uma condição importante para o país voltar a crescer, mas trouxe problemas para alguns setores que não conseguiam com- petir com os importados, como foi o caso dos setores de brinquedos e de confecções, por exemplo. Para ajustar o passo com o resto do mundo, o país precisou mudar. Empresas de todos os tamanhos e setores tiveram que se modernizar para poder competir e voltar a crescer. O governo deu início a uma série de reformas, controlando a inflação e ajustando a economia. Em poucos anos, o país ganhou estabilidade, planejamento e respeito. A econo- mia voltou a crescer. Só no ano 2000, surgiu um milhão de novos postos de trabalho. Investidores de outros países voltaram a aplicar seu dinheiro no Brasil e as exportações aumentaram. Juntas, essas empresas empregam cerca de 40 milhões de trabalhadores. Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos mostram que o sucesso nos negócios depende principalmente de nossos próprios comportamentos, Empreendedorismo – 14 – características e atitudes, e não tanto do conhecimento técnico de gestão como se imaginava até pouco tempo atrás. No Brasil, apenas 14% dos empreendedo- res têm formação superior e 30% sequer concluíram o Ensino Fundamental, enquanto que nos países desenvolvidos, 58% dos empreendedores possuem formação superior. Quanto mais alto for o nível de escolaridadede um país, maior será a proporção de empreendedorismo por oportunidade. Com o seu crescimento, o empreendedorismo começou a receber apoio mais estruturado, como de entidades de apoio como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Tais entidades visavam dar uma formatação mais profissional ao uso do empreendedorismo como forma de negócios. O Sebrae surgiu em 1972 como resultado de iniciativas pioneiras de diversas entidades que estimularam o empreendedorismo no país. Desde então, o Sebrae vem contribuindo significativamente para o desenvolvimento do Brasil, na medida em que dá suporte a um segmento responsável por 99,23% dos negócios do país e que gera 28,7 milhões de empregos: as micro e pequenas empresas. São cerca de 14,9 milhões de empreendimentos, sendo 4,5 milhões for- mais e mais de 10,3 milhões informais. Apoiando a abertura e a expansão dos pequenos negócios, o Sebrae transforma a vida das pessoas e contribui para o desenvolvimento sustentável das comunidades. Ou seja, é um serviço essen- cialmente cidadão e comprometido com a construção de um país melhor e uma sociedade mais justa e equilibrada. Tomando como base o Sebrae, outras instituições de classe resolvem formatar seus próprios órgãos. Na indústria de software temos a Softex, criada na década de 1990, com o intuito de levar as empresas de software do país ao mercado externo, por meio de várias ações que proporcionavam ao empresá- rio de informática a capacitação em gestão e tecnologia. Mas o Brasil não parou por aí. Entre 1999 e 2002, o programa Brasil Empreendedor, criado pelo Governo Federal, capacitou mais de 6 milhões de empreendedores de todo o país e ofereceu mais de R$8 bilhões em cré- dito em mais de 5 milhões de operações financeiras. Não é um número para se desprezar. – 15 – Conceituando o empreendedorismo Já no âmbito de capacitação do empreendedor, um dos mais famosos e bem-sucedidos programas disponíveis ao empreendedor brasileiro é o cha- mado Empretec. O Empretec é um programa internacional que reúne a ONU, a Agência Brasileira de Cooperação, órgão do Ministério das Relações Exteriores, e o Sebrae, como responsável pela sua execução no Brasil. A figura central do programa é o empreendedor que, ao participar, encontra as condições para aperfeiçoar suas características individuais. O principal objetivo do Empretec é promover o desenvolvimento das empresas existentes, bem como o surgimento de novas, treinando-as e pres- tando a assistência técnica necessária ao seu crescimento e viabilização econô- mica e social, de forma a estimular sua competitividade no mercado. O projeto Empretec é desenvolvido, basicamente, por um intensivo pro- grama de treinamento, combinando aspectos comportamentais do empreen- dedor e exercícios práticos que visam o aperfeiçoamento das habilidades do empreendedor voltadas para criação e gestão de negócios. O workshop tem uma carga horária intensiva com duração de nove dias subsequentes e oito horas/dia. O número de participantes do Empretec varia de no mínimo 25 e no máximo de 32 participantes. Participando do Empretec, empreendedores podem: 2 detectar oportunidades de negócios; 2 estabelecer metas desafiadoras; 2 melhorar sua eficiência; 2 aumentar seus lucros em situações complexas; 2 satisfazer seus clientes; 2 fornecer produtos e serviços de alta qualidade; 2 utilizar múltiplas fontes de informação; 2 desenvolver planos de negócios; Empreendedorismo – 16 – 2 tomar e sustentar decisões frente a adversidades; 2 calcular e correr riscos; 2 aumentar seu poder pessoal. 1.5 Tipos de empreendedorismo Existem dois tipos de empreendedorismo: o empreendedorismo de start- up (ou de criação de empresas) e o intraempreendedorismo (ou empreende- dorismo corporativo). O mais comum e conhecido tipo de empreendedorismo é o empreen- dedorismo de start-up, que consiste na criação de empresas que viabilizarão o sucesso de um negócio. Sempre que escutamos que alguém é um empreende- dor logo temos na mente a imagem de uma pessoa que é dona de uma empresa. Muitas pessoas abandonam sua vida empresarial para iniciar seus pró- prios negócios na esperança de poder empreender. O empreendedorismo de start-up oferece maiores recompensas e apre- senta os maiores riscos para o empreendedor, afinal ele deve suportar todas as necessidades de seu negócio. A decisão de iniciar um novo empreendimento não é uma decisão fácil. Mesmo assim, todos os anos, milhões de empresas novas são criadas no mundo, independente de recessão ou conjuntura econômica. As razões pelas quais um indivíduo decide iniciar um novo empreendi- mento podem variar, mas todos têm em comum o desejo de fazer algo novo e obter uma recompensa quando do momento apropriado. O primeiro passo que um empreendedor precisa dar em um start-up é definir se existe realmente uma oportunidade de negócio para a ideia que se teve. A análise de oportunidade é fator preponderante antes que qualquer investimento seja feito. Conversar com potenciais clientes e parceiros, analisar pesquisas de mer- cado e validar através de protótipos são algumas das técnicas usadas para vali- dar uma oportunidade. – 17 – Conceituando o empreendedorismo Porém, há um outro tipo de empreendedorismo cada vez mais forte em nossa sociedade, o empreendedorismo corporativo ou intraempreende dorismo. Ele é caracterizado pelo emprego das técnicas de empreendedorismo por fun- cionários em empresas estabelecidas. A diferença básica é que nesse modelo o ambiente é mais controlado e os riscos mitigados com maior precisão. 1.6 Oportunidades e financiamentos Antes de iniciar qualquer atividade mais comprometedora relativa a um empreendimento devemos dar dois importantes passos iniciais: definir se realmente o empreendimento apresenta uma oportunidade de negócios e como financiá-lo. Como saber se minha ideia é um bom negócio? Não existe fórmula mágica para definir com precisão se uma ideia pode se tornar um bom negó- cio, até porque um bom negócio depende da implementação e esforço con- tínuo do empreendedor. Entretanto, algumas fontes podem servir de base para a identificação: associações de classe, amigos empresários, pesquisas de mercado, experiência prévia, potenciais clientes, entre outros. Intuição também é algo fortemente presente em empreendedores e con- fiar nela pode, em alguns casos, servir como ponto de início de uma investi- gação mais profunda. O mais importante é saber se os riscos serão suportáveis. Para isso, o tama- nho de mercado e a duração da janela de oportunidade devem ser definidos e medidos contra o nível de tolerância, habilidades do empreendedor e plane- jamento financeiro. É aqui que entra o plano de negócios, ou o business plan. 1.7 Plano de negócios (business plan) Você já deve ter escutado a frase: “Para que esse negócio saia do papel...”. Ela é muito usada em nosso dia a dia, mas nunca prestamos muito atenção ao seu real significado: que um negócio antes de existir fisicamente deve existir no papel, ou seja, deve ser planejado cuidadosamente. Para isso serve o plano de negócio. Empreendedorismo – 18 – Ele procura organizar e demonstrar todas as ideias do empreendedor, desde como o negócio irá se comportar, passando pela descrição de produtos, serviços, sócios, mercado, concorrentes, visão e missão de um negócio. Sem falar de todo o lado financeiro, como quanto de dinheiro o negócio irá gerar, quanto de capital ele irá necessitar e como esse capital será usado. Tudo isso deve ser bem documentado de forma a dar subsídios a potenciais investidores para uma tomada de decisão rápida e precisa. Aliás, o planejamento estratégico e financeiro é muito importante na obtenção de capital para o novo empreendimento. Mesmo que o dinheiro investido seja próprio, o planejamento deve ser cuidadoso e profundo (não precisa ser muito detalhado, mas precisa ser consistente). Uma vez feito o planejamento, devemos nos preocupar emcomo finan- ciar o empreendimento. Embora existam diversas formas de financiamento, nem sempre é claro qual a melhor em determinadas fases do negócio. Mas uma máxima do empreendedorismo é válida: se o negócio for bom sempre haverá capital disponível para ele. Entre as formas disponíveis de financiamento temos: capital próprio, doações de membros da família, empréstimos familiares e de amigos, emprés- timos bancários, sociedade capitalista (em que um sócio recebe parte do negó- cio em troca de participação no mesmo), subsídios públicos, entre outros. O mais importante é saber se o financiamento será capaz de sustentar o negócio até que o mesmo gere receitas suficientes para sua sobrevivência, o chamado lucro operacional. O financiamento deve ser capaz de cobrir despesas iniciais, tais como instalações, equipamentos, documentação etc. e despesas operacionais, aque- las que dizem respeito à operação do negócio no dia a dia, tais como salários, administração, manutenção de equipamentos, despesas com vendas, entre- gas, logísticas etc. 1.8 Planejamento financeiro De acordo com portal de empreendedores do Sebrae, planejamento é o trabalho de preparação para qualquer empreendimento, no qual se – 19 – Conceituando o empreendedorismo estabelecem os objetivos, os recursos utilizados para atingi-los, as políticas que deverão governar a aquisição, utilização e disposição desses recursos, as etapas, os prazos e os meios para sua concretização. É um processo no qual se organizam as informações e dados importantes para manter a sua empresa funcionando, e poder atingir determinados objetivos. A segunda parte da definição de planejamento, das políticas que deverão governar a aquisição, utilização e disposição dos recursos, trata de como devem ser feitas as compras e o uso das mercadorias da empresa, segundo a decisão de seu dono. Em poucas palavras: é a forma como a empresa deve funcionar. O planejamento otimiza a chance de sucesso. Ele não garante o sucesso, mas colabora para a diminuição dos riscos. Isso porque, com o planejamento, os riscos são efetivamente calculados. Um planejamento mostra como o empresário pode aproveitar uma grande oportunidade. Mostra também como otimizar os recursos disponí- veis, pois, quando se planeja, pode-se visualizar cada parte da empresa. Ao mesmo tempo, o planejamento nos permite ver a empresa como um todo, o que vai nos ajudar a desenvolver métodos e estratégias eficientes para o cres- cimento da empresa. A parte financeira é, para muitos empreendedores, a parte mais difícil de um negócio. Isso porque ela deve refletir em números tudo o que o empreen- dedor prega a respeito de seu negócio. Porém, após alguma prática e um perfeito entendimento dos objetivos do negócio, a parte financeira do plano acaba sendo feita de maneira simples e fácil, mas ainda, de forma trabalhosa. Ao contrário do que muitos pregam, o plano financeiro pode ser feito de duas formas: logo no início do planejamento estratégico, servindo de bali- zador do mesmo; ou, ao seu final, adequando-se às necessidades do negó- cio. Independente do modelo escolhido, nenhum negócio deve sair do papel antes do término de um plano financeiro. 1.9 Aspectos legais Por mais que falemos sobre as partes estratégicas e financeiras de um empreendimento e que elas são as mais importantes para o mesmo, é chegado Empreendedorismo – 20 – o momento de materializarmos todos os conceitos definidos na forma de contratos e compromissos. Um empreendedor deve ter em mente que por mais inovadora e revo- lucionária que seja sua empresa e seus produtos, de nada servirão se o arca- bouço jurídico não estiver correto e adequado. É necessário o cumprimento de regras bem-definidas por governos e instituições, para que os investimen- tos do empreendedor sejam protegidos e para que ele possa colher os frutos e evitar dores de cabeça. Outro aspecto legal diz respeito às proteções as quais os empreendedores têm direito quando da criação de produtos ou serviços, tais como proprie- dade intelectual, marcas e patentes, licenciamentos; e obrigações, tais como questões ambientes. Um empreendedor é um líder de um grupo “azeitado” em busca de um objetivo. Durante sua jornada esse grupo depara-se com uma série de situações onde a tomada de decisão deve ser embasada em questões jurídicas e contábeis. Os profissionais que ajudam um empreendedor nessas tarefas são o advogado e o contador. Nenhum empreendedor deve tentar tomar decisões sem ajuda desses profissionais. 1.10 Os 10 mandamentos de um bom empreendedor Toda e qualquer profissão tem sua lista de “como se dar bem”. No empreendedorismo isso não é diferente. O Sebrae lista os 10 mandamentos de um bom empreendedor que replicamos aqui. 2 Esteja sempre atento às mudanças no mercado e às expectativas dos clientes. 2 Nesses tempos de crise, é bom ser prudente e analisar a situação antes de tomar decisões. 2 Faça constantes pesquisas de preços junto aos fornecedores, procu- rando negociar também prazos e formas de pagamento. 2 Busque diferenciais para seus produtos e serviços, pesquisando a atuação de seus concorrentes. – 21 – Conceituando o empreendedorismo 2 Mantenha-se persistente, não se deixando abater pelos problemas do dia a dia. 2 Ofereça o máximo de opções de pagamento ao cliente, como che- ques, dinheiro, cartões de crédito, pré-datados e, no caso de restau- rante, tíquetes. 2 Seja o melhor vendedor de sua empresa. Treine também sua equipe para que ela faça um market share, ou seja, venda o maior número possível de produtos a cada cliente. 2 Desenvolva promoções que ajudem a cativar o cliente e a divulgar o seu produto ou serviço. 2 Aprenda a planejar o futuro, definindo seus objetivos e um plano de ações para alcançá-los. 2 Atue de forma ágil e rápida, mas sem precipitações. A agilidade mui- tas vezes é um importante diferencial das pequenas empresas junto aos grandes concorrentes. Usando imaginação e criatividade, será mais fácil solucionar os problemas e aproveitar as oportunidades. 1.11 Conclusão Empreendedorismo é hoje muito mais que uma profissão, é um modo de vida. Ao entender o comportamento de um empreendedor e os mecanis- mos que estão ao seu dispor, futuros empreendedores obterão mais controle e sucesso sobre esse modo de vida. Ampliando seus conhecimentos Uma das grandes fontes de informação sobre o empreendedo- rismo, principalmente no Brasil, é o estudo chamado Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Concebido em 1999, o GEM é o maior estudo independente sobre a atividade empreendedora, cobrindo mais de 40 países consorciados, o que representa 90% do PIB e 2/3 da população mundial. Empreendedorismo – 22 – O GEM é atualmente administrado por uma holding – Global Entrepreneurship Research Association (GERA) – e está fortemente ligado a suas duas instituições fundadoras, a London Business School e a Babson College, Boston. No site do GEM Brasil (Disponível em: <www.gembrasil. org.br>), além de ter acesso a todas as publicações nacio- nais e internacionais do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), você encontra projetos, entrevistas e dicas sobre os mais variados temas voltados ao empreendedorismo. A pro- posta é compartilhar o conhecimento disponível e evidenciar ainda mais a importância dessa atividade como propulsora de desenvolvimento social e econômico. Uma boa dica de leitura para complementar este capítulo é o livro O Segredo de Luísa, de Fernando Dolabela, Editora de Cultura. O livro apresenta em forma de conto os diversos desafios que uma empreendedora enfrenta em sua jornada para criar seu negócio. Outra dica é acessar o site <www.startup.com> que oferece uma ampla gama de informações sobre empreendedorismo no mundo. Um filme de título Startup.com apresenta, do ponto de vista do empreendedor, todos os passos para se montar um negó- cio na era da internet. O filme é um documentário feito por alunos de Harvard que retrata fielmente todas asfases da cria- ção e fechamento de um site, o govworks.com. Atividades 1. O que é empreendedorismo? 2. O que é ser empreendedor? 3. Qual a importância do plano de negócios no processo empreendedor? 4. Qual o principal objetivo do Empretec? Comportamento empreendedor Quem é o empreendedor? Qual seu perfil? É possível aprender a ser em-preendedor? Com The Achieving Society (A Sociedade Competitiva), McClelland abriu caminho para a abordagem comportamental nas pesquisas sobre empre-endedorismo. O que se viu, a partir daí, foi a busca pela definição do perfil do empreendedor com base em suas características pessoais. 2 Empreendedorismo – 24 – Empreendedor é o termo utilizado para qualificar ou especificar, princi- palmente, aquele indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de se dedicar às atividades de organização, administração, execução; principalmente na geração de riquezas, na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos – mercadorias ou serviços – gerando um novo método com o seu próprio conhecimento. É o profissional inovador que modifica, com sua forma de agir, qualquer área do conhecimento humano. Também é utilizado – no cenário econômico – para designar o fundador de uma empresa ou entidade, aquele que construiu tudo a duras custas, criando o que ainda não existia. Embora um empreendedor ideal não tenha seu perfil facilmente defi- nido, ele deve ter algumas características inerentes ao desafio: deve ser tole- rante a riscos; ter disciplina e capacidade planejadora; ser capaz de visualizar mentalmente seu empreendimento antes que o mesmo tenha iniciado; ter capacidade de liderar pessoas e processos; ser flexível e tolerar erros, apren- dendo com os mesmos. O principal comportamento de um empreendedor está em liderar pes- soas e processos em busca de uma visão ou sonho. No início, seu empreen- dimento é apenas isso e ele precisa ter argumentos fortes para convencer seus colaboradores de que o mesmo pode ser realizado com sucesso. Sabendo disso, devemos nos perguntar: qual o perfil de um empreende- dor? Empreendedorismo é para qualquer um? Para refletir Antes de analisar o comportamento de um empreendedor, escreva no papel qual o seu perfil. Depois compare os dois. As habilidades requeridas de um empreendedor podem ser classificadas em três áreas: 2 Técnicas: envolve saber escrever, ouvir as pessoas e captar informa- ções, ser organizado, saber liderar e trabalhar em equipe. 2 Gerenciais: incluem as áreas envolvidas na criação e gerenciamento da empresa (marketing, administração, finanças, operacional, pro- dução, tomada de decisão, planejamento e controle). – 25 – Comportamento empreendedor 2 Características pessoais: ser disciplinado, assumir riscos, ser ino- vador, ter ousadia, ser persistente e visionário, ter iniciativa, cora- gem, humildade e, principalmente, ter paixão pelo que faz. De acordo com o prof. Dr. José Dornelas, um dos maiores especialis- tas nacionais em empreendedorismo e plano de negócios, autor do best-seller Empreendedorismo, transformando ideias em negócios, em um dos seus mais recentes artigos, o empreendedor precisa ter características bem-definidas. Algumas serão citadas a seguir. Assumir riscos Essa é a primeira e uma das maiores qualidades do verdadeiro empreen- dedor. Arriscar conscientemente é ter coragem de enfrentar desafios, de tentar um novo empreendimento, de buscar, por si só, os melhores caminhos. É ter autodeterminação. Os riscos fazem parte de qualquer atividade e é preciso aprender a lidar com eles. Identificar oportunidades Ficar atento e perceber, no momento certo, as oportunidades que o mer- cado oferece e reunir as condições propícias para a realização de um bom negócio é outra marca importante do empresário bem-sucedido. Ele é um indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances melho- ram quando seu conhecimento aumenta. Conhecimento Quanto maior o domínio de um empresário sobre um ramo de negó- cio, maior é sua chance de êxito. Esse conhecimento pode vir da expe- riência prática, de informações obtidas em publicações especializadas, em centros de ensino, ou mesmo de dicas de pessoas que montaram empreen- dimentos semelhantes. Organização Ter capacidade de utilizar recursos humanos, materiais financeiros e tec- nológicos de forma racional. Resumindo: ter senso de organização. É bom não esquecer que, na maioria das vezes, a desorganização, principalmente no iní- cio do empreendimento, compromete seu funcionamento e seu desempenho. Empreendedorismo – 26 – Tomar decisões O sucesso de um empreendimento, muitas vezes, está relacionado com a capacidade de decidir corretamente. Tomar decisões acertadas é um pro- cesso que exige o levantamento de informações, a análise fria da situação, a avaliação das alternativas e a escolha da solução mais adequada. O verdadeiro empreendedor é capaz de tomar decisões corretas, na hora certa. Liderança Liderar é saber definir objetivos, orientar tarefas, combinar métodos e procedimentos práticos, estimular as pessoas no rumo das metas traçadas e favorecer relações equilibradas dentro da equipe de trabalho, em torno do empreendimento. Dentro e fora da empresa, o homem de negócios faz con- tatos. Seja com clientes, fornecedores e empregados. Assim, a liderança tem que ser uma qualidade sempre presente. Dinamismo Um empreendedor de sucesso nunca se acomoda, para não perder a capacidade de fazer com que simples ideias se concretizem em negócios efeti- vos. Manter-se sempre dinâmico e cultivar um certo inconformismo dian te da rotina é um de seus lemas preferidos. Outra característica é a independên- cia. Determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos, ser seu próprio patrão, enfim, buscar a independência é meta importante na busca do sucesso. O empreendedor deve ser livre, evitando protecionismos que, mais tarde, possam se transformar em obstáculos aos negócios. Só assim surge a força necessária para fazer valer seus direitos de cidadão-empresário. Otimismo Essa é uma característica das pessoas que enxergam o sucesso, em vez de imaginar o fracasso. Capaz de enfrentar obstáculos, o empresário de sucesso sabe olhar além e acima das dificuldades. Tino empresarial O que muita gente acredita ser um “sexto sentido”, intuição, faro empre- sarial, típicos de gente bem-sucedida nos negócios é, na verdade, na maioria das vezes, a soma de todas as qualidades descritas até aqui. Se o empreendedor reúne a maior parte dessas características terá grandes chances de ter êxito. – 27 – Comportamento empreendedor Quem quer se estabelecer por conta própria no mercado brasileiro e, princi- palmente, alçar voos mais altos, na conquista do mercado externo, deve saber que clientes, fornecedores e mesmo os concorrentes só respeitam os que se mostram à altura do desafio. Outras abordagens surgiram, enfocando comportamento e contexto. Dois estudiosos, Lau e Chan (1994), propõem a categorização dos trabalhos orientados pela perspectiva comportamental dos empreendedores em: 2 abordagem dos traços; 2 abordagem demográfica; 2 abordagem atitudinal. A primeira se baseia no trabalho pioneiro de McClelland e se refere ao perfil psicológico e aos atributos de predisposição e se baseia na teoria da personalidade dos empreendedores, que assim poderiam ser identificados e diferenciados. A segunda abordagem, por sua vez, procura utilizar informações demo- gráficas como idade, sexo, nível de educação, ordem de nascimento entre os irmãos, ídolos, entre outras, para construir um perfil típico de empreendedor que poderia, então, ser comparado com as características demográficas de qualquer indivíduo e definir sua propensão para empreender. A terceira e última abordagem nasceu das limitações das duas anterio- res e, segundo Robinson et al. (1991) seria mais adequada para o estudo do empreendedor por ser orientada para a identificação de comportamentos típi- cos dos empreendedores,ao invés de suas características específicas. O foco nas atitudes conferiria a essa abordagem uma vantagem em rela- ção às outras, pois a colocaria em posição muito mais próxima do comporta- mento do empreendedor. É, portanto, uma alternativa melhor para prever a ocorrência do empreendedorismo. A abordagem dos traços ocupou expressivo espaço no estudo do empreendedorismo ao longo dos anos 1960 e 1970, e foi responsável pela identificação da necessidade de conquista e realização, do foco no controle, da propensão para tomada de risco, da tolerância à ambiguidade e à incerteza, entre outras, como características individuais marcantes dos empreendedores. Empreendedorismo – 28 – Apesar do grande interesse que essa perspectiva despertou no meio aca- dêmico, as pesquisas baseadas na abordagem dos traços não foram capazes de desenvolver um consenso sobre o fenômeno do empreendedorismo. Estudos afirmam que basear a pesquisa sobre o empreendedor na teo- ria da personalidade acarreta quatro problemas fundamentais. Primeiro, as metodologias de pesquisa associadas à teoria da personalidade não foram desenvolvidas especificamente para mensurar empreendedorismo, tendo sido adaptadas da Psicologia nem sempre de forma adequada e eficaz, produzindo assim resultados de significância marginal ou não significativos. O segundo se refere à ausência de validade convergente entre os diferentes instrumen- tos de mensuração utilizados para avaliar um mesmo conceito. A correlação entre esses instrumentos é, em geral, pobre, e a origem do problema estaria no fato de que diferentes instrumentos utilizariam o mesmo vocabulário com diversos significados, aliado ao fato de que diferentes instrumentos mediriam diferentes dimensões de um mesmo conceito. O terceiro problema se refere à característica das teorias de personalidade terem sido desenvolvidas para uso genérico, ou seja, em uma gama enorme de situações, e de perderem sua eficá- cia quando aplicadas num âmbito mais restrito, como o empreendedorismo, por exemplo. O quarto e último problema se refere ao questionamento que os modelos tradicionais de personalidade receberam. Psicólogos defendem a ideia da interatividade nas pesquisas sobre comportamento humano, ou seja, a necessidade de utilização de modelos teóricos que influenciem e sejam influenciados por atividades do ambiente, o que não acontece com os mode- los tradicionais relacionados com a teoria da personalidade. A abordagem demográfica busca, em última análise, a determinação do perfil do empreendedor típico, e parte da premissa de que indivíduos com a mesma formação, entendida aqui de maneira bastante ampla, teriam as mesmas características básicas. A partir daí, conhecendo-se as caracterís- ticas demográficas de indivíduos reconhecidos como empreendedores, seria possível, por comparação, identificar na população em geral indivíduos com potencial para se transformarem em empreendedores, antecipando-se assim à ocorrência do fenômeno do empreendedorismo. As características mais enfo- cadas por essa abordagem seriam a formação familiar, a ordem de nascimento entre os irmãos, o estado civil, as referências (ídolos, exemplos), a idade, a escolaridade (do pesquisado e dos pais), a situação socioeconômica, a expe- riência profissional e os hábitos no trabalho. – 29 – Comportamento empreendedor Seriam três as fraquezas da abordagem demográfica. A primeira se refere à premissa utilizada nessa abordagem, e contestada há muito tempo pelos psicólogos, de que as experiências pelas quais um indivíduo passa na vida, em tese, derivadas de suas características demográficas, seriam o maior deter- minante das suas ações no futuro. Outra fraqueza vem do fato de alguns pesquisadores assumirem que características demográficas produzem traços de personalidade. O uso dos modelos de personalidade para o estudo do empreendedorismo apresenta as limitações já discutidas anteriormente. O terceiro fator é a incompatibilidade conceitual entre características demográ- ficas e empreendedorismo, já que as primeiras são estáticas e o segundo um fenômeno complexo e multifacetado. Embora tenham produzido um arcabouço conceitual considerável para o estudo do empreendedorismo, segundo o paradigma psicológico que pressupõe estabilidade situacional e temporal, tanto a abordagem dos traços quanto a perspectiva demográfica se exauriram antes de conseguirem explicar ou prever a atividade empreendedora de forma satisfatória. Ambas as aborda- gens parecem guardar uma incompatibilidade intrínseca com o caráter dinâ- mico do empreendedorismo e com a instabilidade que marca o ambiente com o qual o empreendedor interage. 2.1 A abordagem comportamental e seus desdobramentos A ideia central da perspectiva comportamental do empreendedorismo é a de que criar um negócio seria o comportamento mais típico de um empreendedor; portanto, aquele que melhor o definiria. Assim, o melhor caminho para definir o empreendedor seria entender a maneira pela qual ele se comporta, ou seja, entender as consequências das interações entre o indi- víduo e as situações. Robinson et al. (1991), por exemplo, propõem olhar para o empreen- dedor segundo uma abordagem atitudinal. Para eles, a teoria da atitude seria a melhor alternativa para superar as limitações das abordagens dos tra- ços de personalidade e demográfica, e avançar na identificação de tendên- cias empreendedoras nos indivíduos, pois a atitude teria um caráter mais Empreendedorismo – 30 – dinâmico, sofrendo alterações ao longo do tempo e em função de diferentes situações por conta dos processos de interação com o ambiente. Atitude, no contexto da Psicologia Social, significa a predisposição para reagir de maneira favorável ou desfavorável a um determinado objeto, enten- dido aqui como uma pessoa, coisa, lugar, evento, atividade, conceito mental, orientação cognitiva, estilo de vida ou mesmo uma combinação desses ele- mentos. Para interpretar a natureza da atitude, os autores decidiram adotar a chamada abordagem tripartite, que define a existência de três tipos de reação a qualquer coisa – afeto, cognição e ação. “Atitude é a combinação das três”. O elemento afetivo é o que se refere às sensações positivas ou negativas em relação a um dado objeto; já o componente cognitivo diz respeito às crenças e concepções que um indivíduo tem acerca de um objeto, enquanto a ação está relacionada a intenções de comportamento e predisposições para se com- portar de uma certa maneira diante de um dado objeto de atitude. É essa natureza tripartite que define a existência de uma relação causal entre atitude e comportamento, que, embora não seja perfeita principalmente por conta da característica flexível da atitude, tem sido confirmada empiricamente. Com base nesse arcabouço teórico, os autores desenvolveram uma escala para mensurar atitude, e, com base nas pesquisas orientadas pela abordagem dos traços de personalidade, selecionaram quatro construtos mais fortemente associados ao perfil comportamental do empreendedor, aos quais foram rela- cionadas subescalas de atitude: 2 conquista e realização: referentes ao nível de resultados obti- dos pelo negócio/empreendimento, em termos de implantação e crescimento; 2 inovação: relativa à capacidade de o empreendedor reconhecer e agir de forma única em relação a atividades e funções do negócio; 2 controle: relacionado com a percepção do empreendedor sobre o grau de influência e controle que ele tem sobre os resultados do negócio; e 2 autoestima: que se refere à autoconfiança e percepção que o empreendedor tem sobre sua competência para tratar de questões relativas ao negócio. – 31 – Comportamento empreendedor A aplicação das subescalas foi feita a uma amostra composta por dois tipos de indivíduos: 2 os que tinham iniciado mais de um negócio, tendo sido o mais recente criado nos últimos cinco anos, e fazendo uso de alguma inovação (empreendedores); e 2 outras pessoas foradesse critério (não empreendedores). Os resultados revelaram significativa capacidade da atitude, relacio- nada aos quatro conceitos abordados, para diferenciar, dentro da amostra, os empreendedores dos não empreendedores. Outros autores, trabalhando na linha comportamental, buscam ir além da antecipação de tendências empreendedoras e afirmam que “[...] Prever quem tem mais probabilidade de iniciar um negócio ou o que eles fazem no pro- cesso de decidir iniciar um negócio é apenas uma visão parcial do processo empreendedor. Uma visão expandida do empreendedorismo deveria incluir a experiência empreendedora por inteiro, ou seja, os comportamentos necessá- rios para a operação do negócio, sua performance, e os produtos psicológicos e não psicológicos resultantes da propriedade do negócio” (sic). Os autores propõem um modelo de motivação empreendedora baseado numa visão inte- grada do empreendedorismo. De acordo com esse modelo, um indivíduo decide se comportar de forma empreendedora pela influência conjunta de cinco fatores: 2 características pessoais: traços de personalidade que, indepen- dentemente do fato de serem ou não considerados diferenciado- res entre empreendedores e não empreendedores, são tidos como elementos importantes no processo de criação de novos negócios; 2 ambiente pessoal: características ligadas à abordagem demográ- fica, vista anteriormente; 2 objetivos pessoais: relativos às expectativas e metas que seriam únicas e típicas para cada empreendedor, em função dos dois fato- res anteriores; 2 ambiente de negócios: ou seja, o contexto político, jurídico, macro- econômico e setorial que cerca o negócio; Empreendedorismo – 32 – 2 a ideia do negócio: a centelha conceitual que dispara o processo de criação do novo negócio. Basicamente, a visão inicial sobre o que será o novo negócio. Essa decisão de se comportar de forma empreendedora origina, então, a definição de uma estratégia empreendedora, que produz uma gestão empreendedora, responsável pela performance do negócio, que irá gerar, no empreendedor, uma percepção sobre os resultados do negócio. A percepção será comparada com a expectativa existente sobre os resultados do negócio, que, por fim, irão realimentar ou desestimular a decisão de se comportar de forma empreendedora. A figura a seguir sintetiza o modelo proposto. Figura 1 – Modelo de motivação empreendedora baseado na visão integrada. CP AP OP AN Ideia Decisão de se comportar de forma empreendedora Estratégia empreendedora Gestão empreendedora Resultados do negócio Recompensas intrínsecas e extrínsecas CP = Características pessoais AP = Ambiente pessoal OP = Objetos pessoais AN = Ambiente de negócios Comparação entre expectativas e resultados Percepção sobre a relação Implementação versus Resultados Com base nesse modelo, suportado por sua abordagem motivacional, os autores hipotetizam que o comportamento empreendedor seria realimentado na medida em que fosse percebido como instrumental para o atingimento – 33 – Comportamento empreendedor dos objetivos do negócio, já que, segundo eles, o negócio tenderia a se tornar uma parte ou, ainda, uma extensão do empreendedor; e, portanto, haveria uma convergência natural entre os objetivos pessoais e os do negócio. Outro trabalho que combina uma abordagem psicológica com conceitos comportamentais e princípios organizacionais é o de Shaver e Scott (1991). As autoras partem da ideia de que “a dicotomia entre aqueles que enfatizam as abordagens centradas no indivíduo versus aqueles que enfatizam as abor- dagens centradas no comportamento parece exagerada”. E assim se alinham com uma série de outros pesquisadores que defendem que as pesquisas em empreendedorismo não podem prescindir do foco no indivíduo; que esse foco deve combinar os avanços produzidos pelos defensores das abordagens psicológicas, entendidas aqui como as relacionadas aos traços de personali- dade, com a perspectiva comportamental e ainda serem amplas o suficiente para incorporar uma visão contextual, ou seja, considerar elementos ambien- tais e situacionais. Shaver e Scott afirmam que, sob uma perspectiva psicológica clássica, o comportamento é função do indivíduo e do ambiente, e que nenhum desses dois elementos tomados isoladamente seria capaz de explicar qualquer com- portamento observável das pessoas, inclusive o relacionado à criação de um novo empreendimento. Daí a opção por olhar para o fenômeno do empreen- dedorismo de forma mais ampla, através da lente da Psicologia, focando a pessoa, com seus traços, suas motivações, os processos de decisão e escolha, as atitudes e comportamento, e o contexto que a cerca. Sob essa ótica, a criação de um novo negócio surge como um evento complexo para o qual [...] circunstâncias econômicas são importantes, redes de relaciona- mento são importantes, equipes empreendedoras são importantes, marketing é importante, finanças são importantes; até o suporte de agentes públicos é importante. Mas nada disso, sozinho, irá criar um novo empreendimento. Para isso nós precisamos de uma pessoa, em cuja mente todas as possibilidades irão se combinar, que acredita que inovação é possível, e que tem motivação para prosseguir até a tarefa estar encerrada. Pessoa, processo e opção: para isso nós precisamos de uma abordagem realmente psicológica sobre a criação de novos empreendimentos. (SHAVER; SCOTT, 1991, p. 39) Empreendedorismo – 34 – A mesma linha teórica é seguida por outros pesquisadores (MACHADO et al., 2002, p. 22) em um trabalho que utiliza a abordagem comportamental para discutir a questão do gênero no empreendedorismo. Trabalhando com uma amostra de empreendedores do estado brasileiro do Paraná, os autores se propõem a entender “como características individuais podem ser associa- das com valores pessoais, estilos gerenciais, características da organização, e motivos para iniciar um negócio”, para determinar uma visão geral do com- portamento do empreendedor e identificar diferenças e semelhanças compor- tamentais entre empreendedores dos sexos masculino e feminino. A história de vida dos empreendedores foi levantada com o objetivo de apurar infor- mações, como origem familiar, experiência profissional, entre outras, além de identificar as razões que levaram os empreendedores a iniciar um negócio. Informações, como dados demográficos, valores pessoais, estilo de liderança e de tomada de decisão, referências e exemplos valorizados, atitude com relação à mudança compuseram o conjunto de características pessoais. O negócio de cada empreendedor foi caracterizado através de informações sobre estrutura organizacional, hierarquia e formalismo, e práticas de planejamento. Por fim, as relações entre os empreendedores e o negócio foram tratadas através da percepção sobre o ambiente competitivo e as decisões estratégicas. Os resulta- dos, se avaliados sem levar em conta a distinção de gênero, apontaram alguns comportamentos e aspectos associados a comportamentos salientes entre os empreendedores pesquisados. 2 Os principais fatores citados como motivadores para a decisão de ini- ciar o negócio foram autorrealização e percepção de oportunidade. 2 Vida confortável e felicidade foram os valores pessoais terminais citados como os mais valorizados pelos empreendedores. 2 Os critérios para tomada de decisão mais importantes são análise de dados, informações e tendências. 2 Inovação e eficiência foram apontados como os elementos estraté- gicos mais importantes. 2 A liderança participativa é o estilo preferido entre os empreendedores. 2 Os negócios são dirigidos pela família com um número variável de profissionais. – 35 – Comportamento empreendedor 2 Um grau significativo de formalismo marca o estilo gerencial dos empreendedores. 2.2 O empreendedor e sua formação O economista Schumpeter1 descreveu a contribuição dos empreendedo- res, na formação da riqueza do país, como o processo de “destruição criativa”(que tornou obsoleta a caneta tinteiro em favor da esferográfica, a válvula em favor do transistor, a régua de cálculo em favor da calculadora eletrônica, a locomotiva a vapor em favor da elétrica ou a diesel etc.). Esse processo que, de acordo com ele, “é o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista”, produz constantemente novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; revoluciona sempre a estrutura econômica, destrói sem cessar a antiga e, continuamente, cria outras. Os empreendedores substituem um produto ou serviço mais caro e menos eficiente por outro mais barato e efetivo, identificam oportunidades de negócio e geram riquezas. Com o processo de destruição criativa está se desenvolvendo a capacidade do país em produzir, em quantidade suficiente e a preços cada vez mais acessíveis, os bens e serviços necessários ao bem-estar da população. Ser empreendedor significa ter, acima de tudo, a necessidade de realizar coisas novas, pôr em prática ideias próprias, características de personalidade e comportamento, o que nem sempre é fácil de se encontrar. O que se aprende na escola, na universidade, no trabalho e através da observação do mundo, do que gira em volta, é acumulado ao longo da vida. A maioria aprende mais rapidamente na juventude, quando tudo é novidade, diminuindo esse ritmo à medida que os anos avançam. Portanto, o preparo de uma pessoa para iniciar um negócio próprio cresce com seu domí- nio sobre as tarefas necessárias para o seu desenvolvimento, com o aumento de sua capacidade gerencial, com o crescimento de sua visão empreendedora refletida no seu domínio sobre a complexidade do negócio. O pesquisador K. H. Vesper em seu trabalho, New Venture Experience, afirma que o desenvolvimento de alguns tipos de conhecimentos é vital para se iniciar um novo negócio. Utilizando-se esses fundamentos, gerou-se um novo quadro, conforme ilustra a tabela a seguir. 1 Joseph Alois Schumpeter (8 de Fevereiro de 1883, 8 de Janeiro de 1950) foi um dos mais importantes economistas do século XX. Empreendedorismo – 36 – Tabela 1 – Conhecimentos fundamentais para abertura de um novo negócio Conhecimento Descrição Em administra- ção e negócios. Conhecimentos administrativos básicos: gestão de talentos humanos, marketing, produção/operações, noções, legislação, noções contábeis, finanças etc. Em empreendimentos. Conhecimentos específicos sobre o negócio/produto/ serviço que se pretende montar, network, conhecimentos sobre as áreas de negócios em que se pretende atuar. Sobre a oportuni- dade identificada. Conhecimentos sobre o potencial da oportu- nidade, como fazer para que ela gere um pro- duto ou serviço que faça o negócio crescer. Um indivíduo para iniciar um empreendimento pode desenvolver os conhecimentos necessários de três modos: trabalhar no mesmo tipo de negó- cio e/ou na mesma área em que pretende atuar; iniciar um negócio e aprender o passo a passo ou desenvolver um plano de negócio e estudar todas as etapas detalhadamente. Vesper frisa, ainda, que os conhecimentos sobre administra- ção, empreendedorismo e identificação de oportunidade são mais facilmente aprendidos e ensinados, enquanto aqueles ligados à ação, à concretização e à implantação efetiva do empreendimento estão ligados a questões pessoais, tempo e circunstâncias do indivíduo. Ensinando empreendedorismo A tese de que o empreendedor é fruto de hereditariedade já não tem muitos adeptos nos meios acadêmicos, é possível aprender a ser empreen- dedor, mediante uso de políticas diferenciadas do ensino tradicional. O empreendedor é com frequência considerado uma pessoa que sabe identi- ficar as oportunidades de negócios, os nichos do mercado e que sabe se orga- nizar para progredir. Assim, a essência do trabalho do empreendedor consiste em definir contextos, o que exige uma análise e imaginação, um equilíbrio entre as funções dos lados direito e esquerdo do cérebro. No entanto, nosso sistema escolar é concebido para aprender a dominar as questões analíticas, aquelas que estão ligadas ao lado esquerdo do cérebro. O estudante passa – 37 – Comportamento empreendedor anos, do Ensino Fundamental à universidade, numa relação quase de pas- sividade com relação ao aprendizado. Dessa forma, ele evolui dentro de um sistema no qual os pontos de referência foram tão bem estabelecidos que ele se sente inseguro quando se encontra dentro de um sistema no qual as coisas não estão claramente definidas. Além disso, o conhecimento tácito existente na empresa (intuição, regras não escritas etc.) e o conhecimento explícito de uma organização (projetos técnicos, manuais, bancos de dados etc.) são a base da decisão do empreen- dedor. Como o sistema escolar valoriza apenas o aprendizado do saber (saber ser), o saber fazer (habilidade, perícia) fica relegado a um segundo plano. Os estudantes de empreendedorismo, que seguem um curso para a criação de empresas têm decisões a tomar a cada semana, o que exige muita reflexão e, na maioria das vezes, um acompanhamento pessoal. Para saber se o empreendedorismo pode ser ensinado, deve-se adap- tar a abordagem pedagógica à lógica de cada disciplina do curso ou campo de estudo. Ao que se sabe, não se pode ensinar empreendedorismo como se ensinam outras matérias. Mas o empreendedorismo se aprende. É possí- vel conceber programas e cursos com sistemas de aprendizado adaptados à lógica desse campo de estudo. Nesse sentido, pode-se citar a obra de Andrade Filho (2000), a qual descreve o processo de desenvolvimento e implantação de um curso a distância pela internet, para formação de empreendedores, utilizando-se a tecnologia da informação e da comunicação, tendo como base o modelo presencial do curso, que foi desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados – IEA. No seu trabalho, o autor identifica as principais questões relativas à utilização da tecnologia da informação e da comunicação na apren- dizagem aberta e a distância, com vista ao desenvolvimento do referido curso, e descreve o modelo presencial do curso Iniciando seu Próprio Negócio – IPN. Converte o modelo didático do IPN para uma versão a distância com suporte da internet. Projeta e realiza a interface do curso a distância, segundo uma abordagem de desenvolvimento de sistemas interativos e implementa e experimenta a interface do mesmo. O Programa de Desenvolvimento do Empreendedor – PDE – dentro do qual se insere o curso IPN é um programa de disseminação do espírito empreendedor, de estímulo à criação de novos negócios e de desenvolvimento de micro e pequenos empresários. Empreendedorismo – 38 – Empreendedor versus administrador Todo empreendedor necessariamente deve ser um bom administrador para que possa obter sucesso, no entanto, nem todo bom administrador é empreendedor. O empreendedor tem algo a mais que o administrador, sendo que algu- mas características e atitudes os diferenciam. Empreendedor Administrador Planejar Planejar Organizar Organizar Dirigir Dirigir Empreendedor Administrador Controlar Controlar Liderar Liderar Alocar recursos Criar ideias Tomar riscos Desenvolver características sociológicas e ambientais Formar equipes Formar equipes Características dos empreendedores de sucesso: 2 são visionários; 2 sabem tomar decisões; 2 são indivíduos que fazem a diferença; 2 sabem explorar ao máximo as oportunidades; 2 são determinados e dinâmicos; 2 são dedicados; 2 são otimistas e apaixonados pelo que fazem; – 39 – Comportamento empreendedor 2 são independentes e constroem o próprio destino; 2 ficam ricos; 2 são líderes formadores de equipes; 2 são bem relacionados (networking); 2 planejam; 2 possuem conhecimento; 2 assumem riscos calculados; 2 criam valor para a sociedade. Em um ambiente corporativo podemos traçar um paralelo entre um empreendedor e um gerente para podemos ter uma visão melhor de seus per- fis. Em momento nenhum a comparação visa definir se um papel é melhorque o outro, pois ambos têm sua importância no sucesso de um empreendimento. Gerente Empreendedor Motivação Poder. Liberdade de ação, automotivação. Atividades Delega a sua autoridade. Arregaça as mangas, cola-bora com os outros. Competência Administração, política. Negócios, gerência e política. Interesses Acontecimentos inter-nos da empresa. Tecnologia e mercado. Erros Evitar erros. Aprendizagem com erros. Decisões Interage com o assunto para depois delegar. Visão e decisão própria, ação versus discussão. Sistema Burocracia o satisfaz. Se o sistema não o satis-faz, constrói o seu. Relações Hierarquia. Negociação. Empreendedorismo – 40 – Ampliando seus conhecimentos Apesar da controvérsia, a base teórica apresentada neste capítulo será útil para o desenvolvimento do entendimento sobre o que é empreendedorismo. Elencaram-se, aqui, carac- terísticas de personalidade e padrões comportamentais que, embora ainda careçam de desenvolvimento empírico e concei- tual, através de novas pesquisas e novas abordagens teóricas, podem sim ser considerados como elementos importantes da atividade empreendedora e parte integrante daquilo que se convencionou chamar de comportamento empreendedor. Uma excelente recomendação de leitura é o livro Empreendedorismo, Transformando Ideias em Negócios, do prof. Dr. José Carlos Assis Dornelas, Editora Campus. Outro livro interessante é o Meu Jeito de Fazer Negócios, de Anita Roddick (Negócio Editora), fundadora da The Body Shop. Além disso, recomenda-se a leitura da biografia de grandes empreendedores como Bill Gates, Richard Branson, Henry Ford, Barão de Mauá e Anita Roddick (vide entrevista com ela abaixo). Anita Roddick2: Uma mulher de fibra com um jeito muito pessoal de fazer negócios (ZANIM, 2004) Ela não era comum e não fazia a mínima questão de ser. Nunca frequentou uma escola de Administração e criou uma das maiores empresas de cuidados para a pele e rosto do mundo. Ela não aceitava as regras caso essas 2 Anita Roddick faleceu em 10 de setembro de 2007 vítima de uma hemorragia cerebral, aos 64 anos, em Chichester, Inglaterra. – 41 – Comportamento empreendedor não levassem em consideração os seus valores. Não tinha medo de cara feia e tinha um enorme respeito pelo mundo e pela humanidade. Anita Roddick nasceu na Inglaterra em 1942 e era a pro- prietária da The Body Shop (ainda sem previsão para ter uma franquia no Brasil) que vende produtos de extrema qualidade, eficientes, e o mais importante, socialmente responsáveis. Cresceu ouvindo a mãe dizer sempre: “seja especial. Seja qualquer coisa, menos medíocre.” E assim ela o fez. Mas a história nem sempre foi tão bela. Anita já passou por maus bocados por causa de sua personalidade forte e por jamais ter aberto mão de suas ações ativistas, visando a uma sociedade mais justa e com mais respeito ao meio ambiente. Como ela mesma descreveu, sua visão e esperança eram de que cada vez mais os líderes e empreendedores enxer- gassem o papel decisivo que suas empresas têm na forma- ção do espírito humano, não se limitando a produzir bens e serviços, pois há muitos aspectos da vida que não podem ser reduzidos a um lançamento contábil. Henry Ford, fun- dador da Ford, disse que as empresas precisam sim ter o lucro como objetivo, senão elas morrem. Mas se tiverem a empresa orientada apenas para o lucro, também morrerão, pois não têm mais nenhum motivo para existir. “Qualquer um pode ter uma opinião – as pessoas com poder para conseguir com que as coisas sejam feitas e suas visões realizadas são as pessoas que sabem do que estão falando. Informação é poder de várias formas. A missão da comunicação da The Body Shop – através de livros, sites, campanhas e palestras, é levar a informação correta no tempo e de forma correta para as pessoas certas, para que elas possam usar tudo isso para mudar significativamente suas próprias vidas e o mundo.” Empreendedorismo – 42 – Uma nova consciência dos consumidores Anita Roddick defendia a nova consciência do consumidor, a mudança causada pelo acesso mais fácil e rápido da infor- mação e pela sua própria noção e sentimento de sociedade e respeito por tudo isso. “As pessoas começam a entender que essas preocupações, ou ao menos essas preservações, só trazem benefícios e que, sem eles, muito em breve o mundo estaria numa pior”. Para ela, quem faz as regras não são as empresas e sim os consumidores, que estão mais vigilantes e exigentes com os produtos e serviços oferecidos, com a qualidade do atendimento e começam a valorizar e apoiar empresas socialmente responsáveis. Empreender, criar novas oportunidades Entender essa nova consciência do consumidor é importante para qualquer pessoa que pensa em montar seu próprio negó- cio ou que quer implementar na empresa em que trabalha novas ideias e valores. Anita foi uma empresária bem-sucedida, deixa muitas referên- cias e dois importantes conselhos para empreendedores: ser oportunista e apaixonar-se pelas suas ideias. As pessoas não querem apenas comprar um produto, querem também ter sim- patia pela empresa. “Às vezes o dinheiro não é a coisa mais importante. O Brasil tem um povo empreendedor e criativo. Eu entendo o ato de empreender como um pacote: primeiro, você tem de ter uma ideia. Depois você tem de transformar essa ideia em realidade. Você vai precisar de uma boa dose de otimismo. Terá de processar o seu trabalho e saber muito bem onde aplica o dinheiro que tem. Por último, acho muito importante valorizar as pessoas e empresas locais, para contri- buirmos para a comunidade em que estamos”, enfatiza Anita. – 43 – Comportamento empreendedor Mulheres empreendedoras Anita deixou um grande exemplo para que todos possam entender o poder de uma mulher nos negócios. Ela acreditava que se uma mulher tem capacidade para decidir para quem dar a última bala, se para o filho de quatro anos, ou para o de seis, então ela será capaz de negociar qualquer contrato do mundo. Nós que o digamos, não é mesmo? Ela também demonstrou uma certa insatisfação ao falar dos movimentos feministas que ocorreram no mundo todo há 35 anos, acreditando que nada mudou muito desde então. As coisas para ela continuam iguais, pois defende o fato – até pela própria experiência – de ser muito mais fácil para nós mulheres conseguirmos dinheiro para trocar de carro, ou para comprar uma cozinha nova, do que para abrirmos uma empresa. E, infelizmente, não podemos discordar. “As mulheres são diferentes... elas são ótimas em formar equi- pes, não gostam de hierarquia, valorizam uma administração participativa. É um tanto estranho ver que até mesmo nas melhores escolas de Administração, poucas se preocupam em ter em seu currículo a matéria de estilo de gestão feminino. Estou certa de que todos poderiam aprender muito com essa diferença”, completa. The Body Shop A empresa é hoje uma das maiores redes de produtos de beleza e serve como referência e inspiração para muitas outras, até de diferentes ramos. Tanto que Anita Roddick viajou pelo mundo dando palestras, contando exatamente essas histórias e expondo o case de sucesso da The Body Shop. Tudo começou com Anita querendo abrir o seu próprio negócio, que unisse ética e lucros. Ela sempre foi uma ati- vista, em prol da natureza, dos animais, do meio ambiente ou de qualquer coisa que agredisse a humanidade e seus valores esquecidos por tanta gente! Empreendedorismo – 44 – “A verdadeira criatividade, aquela que é responsável pelas grandes mudanças na nossa sociedade, sempre contraria as regras” – Richard Farson. E assim surgiu a The Body Shop, com critérios bem definidos de atuação, com uma missão e visão inovadoras para a época. Eliminavam qualquer possibilidade de utilização de produtos testados em animais (muito comum na área de cosméticos), que não tivessem reflorestamento da matéria-prima, que utili- zassem o trabalho infantil, que agredissem qualquer trabalha- dor ou o colocassemem situações de alto risco, que não fossem biodegradáveis ou recicláveis e assim por diante. Tanto que uma das maiores frustrações de Anita foi conti- nuar sendo avaliada pelos lucros e vendas de sua empresa, ao invés de serem julgadas suas ações e o que fez de diferente, positivamente. “Desde o início, o que a The Body Shop gera de mais importante não são os produtos, mas sim os princí- pios”, defendia Anita. Talvez o mais correto seria que fossem avaliados pela maneira como tratam as comunidades mais fracas e desamparadas. Anita Roddick prefere assim, por maiores que sejam seus lucros, prin- cipalmente porque ela acredita que se todos os empresários estivessem comprometidos com isso, coisas muito importantes poderiam acontecer. De novo, não podemos discordar. Algumas campanhas realizadas pela The Body Shop, entre tantas de sucesso, valem a pena citar aqui para entendermos o quão envolvida a empresa está com os valores sociais. Por exemplo, ela utilizava a carreta de seus caminhões não para fazer propaganda de seus produtos, mas sim incentivar as pes- soas a se engajarem em campanhas sociais e acreditarem no seu poder de mudarem o mundo, ou para colocar fotos de crianças desaparecidas. Outra muito importante foi a questão de como a The Body Shop tratou, e trata até hoje, a beleza das mulheres. Em um – 45 – Comportamento empreendedor estudo psicológico realizado em 1995, descobriu-se que 70% das mulheres têm sentimentos de depressão, culpa e vergonha quando olham fotografias de modelos. E as revistas femininas e os grandes negócios em torno da beleza da mulher conti- nuam a nos bombardear com imagens de mulheres sorriden- tes, magras, sem celulite ou qualquer imperfeição, numa men- sagem que parece ser “faça uma plástica e pare de comer”. Não condizente com essas mensagens, Anita decidiu fazer algo diferente na sua empresa, mais uma vez. Veiculou uma campanha que conceituava a beleza como parte integrante do dia a dia da mulher, como algo proveniente de nosso caráter, curiosidade, imaginação e humor. Beleza como uma expres- são ativa e exterior de tudo o que gostamos em nós mesmas. Segundo Anita, temos que dizer a nós mesmas: “Se você realmente não queria ter rugas, deveria ter deixado de sorrir há muitos anos”. “Existem três bilhões de mulheres que não se parecem com supermodelos e apenas oito que se parecem. Conheça sua mente, ame o seu corpo.” – Mensagem de anúncio veiculado pela The Body Shop. Essas e demais campanhas causaram grande alvoroço, como era de se esperar. Mas a The Body Shop não abriu mão de suas causas sociais, não se deixando intimidar por todos aque- les que viam na empresa, e na própria Anita, uma ameaça. Como ela mesma defendia, a empresa descobriu há muito tempo que a política é algo muito importante para ser entregue aos políticos. “Nenhum dos nossos produtos é questão de vida ou morte. Por isso, para mim, fazer campanhas tornou- -se o método pelo qual podíamos introduzir valores numa indústria sem valores”, dizia Anita, por compreender que por trás de um produto na loja, há a criação de meios de sobrevi- vência, a união e educação das comunidades e o incentivo a assistências e avanços econômicos. Empreendedorismo – 46 – Ela não estava preocupada em aumentar a sua empresa, em criar uma organização inchada. Estava mais preocupada em deixá-la melhor, mais voltada para valores. Com a The Body Shop, há uma responsabilidade maior agora: manter a compa- nhia apaixonada, mantendo-se fiel à vocação para a qual foi criada, com pessoas motivadas e envolvidas em desafios, ins- pirando-as e ajudando-as a amar as mudanças e o crescimento humano. “Deixarei a The Body Shop quando ela começar a agir e pensar como uma grande corporação, ou ficar menos radical. Se não fico por alguma coisa, vou-me embora por qualquer coisa – e nesse caso, será a mediocridade. Não desejo ser previsível e cuidadosa. Desejo estar pronta para enfrentar acidentes brilhantes, continuando a fazer nossa famí- lia – nossos parceiros em todo o mundo – tão vital quanto os nossos produtos”. Responsabilidade social A responsabilidade social não pode ser vista como um modismo. Deve ser vista como a real missão das organizações e das pessoas que trabalham nela. Ações indispensáveis para o bom funcionamento das comunidades, da diminuição das desigualdades sociais, da oferta de oportunidades para todos. Mas Anita Roddick mesma diz não ficar surpresa com tão poucas empresas se preocuparem com esses aspectos sociais, com essa responsabilidade. “Tem de ter pulso firme, tem de estar preparada para enfrentar resistências de todos os lados, frutos de um mundo capitalista”. Para ela, outra desvantagem de ser considerado socialmente responsável em toda e qual- quer esfera, é que o público e a mídia tendem a botar você num pedestal de onde você não pode ir a parte alguma, exceto para baixo. “Mas o mais importante aqui não é a mídia. É o bem que está sendo feito e o incentivo que está sendo dado às sociedades de menos recursos, aos animais e ao meio ambiente”, declara. – 47 – Comportamento empreendedor “Qualquer empresa orientada por princípios pode esperar reações extremas – ou ser elevada acima dos anjos, ou ser rebaixada com os demônios, com o inimigo grudado no seu traseiro, para dar um pontapé. Isso é um fato da vida para qualquer um que luta por aquilo em que acredita.” Anita Roddick tem muitas convicções e faz delas o trilho para ela e seus seguidores, fornecedores, colaboradores e clientes passarem. Com certeza uma locomotiva com valores nobres, com uma mentalidade muito mais aberta, com pensamentos globais e ações locais, como já defendia o guru da adminis- tração Peter Drucker, mesmo que ela jamais tenha lido um de seus livros. Uma lição de empreendedorismo atrelado a um enorme senti- mento social e a busca pelo fim das desigualdades, do desres- peito com a humanidade e com o nosso planeta. Anita tem esperança de que a velha imagem do mundo dos negócios como uma selva, onde só os corruptos sobrevivem, seja subs- tituída por uma nova, onde só os responsáveis terão espaço. Como ela mesma dizia, “se os seus valores são expostos e seu coração está no lugar certo, se os seus sentimentos são compreendidos e você acredita no que faz, então creio que tudo isso seja a indicação de um caminho para todos”. Algumas lições de empreendedorismo de Anita Roddick: 1. Seja criativo nas diferentes formas de vender. 2. Esqueça a marca idêntica. 3. Interprete o produto de uma maneira ampla. 4. Crie parcerias com comunidades, principalmente as locais. 5. Continue sendo humano e avalie o sucesso de forma diferente. 6. Seja aberto. 7. Faça da ética parte da sua herança. Empreendedorismo – 48 – 8. Seja diferente e conte histórias. 9. Lembre-se de que as pessoas desejam mais do que dinheiro. 10. A qualidade mais importante de um líder é ser reconhecido como tal. Atividades 1. O que leva uma pessoa a se tornar um empreendedor? 2. Quais as diferenças básicas entre um empreendedor e um adminis trador? 3. Quais as diferenças básicas entre um empreendedor e um gerente? 4. Quais são os traços comportamentais apontados por Lau e Chan no que diz respeito à perspectiva comportamental dos empreendedores? Empreendedorismo de start-up PuT your money where your mouth is (Ponha seu dinheiro onde está sua boca). Ditado americano Como planejar e abrir uma empresa depois de se ter uma ideia que se mostra uma excelente oportunidade. Logo que escutamos a palavra empreendedor, imagina- mos um dono de empresa ou pessoa que inicia um novo negócio. Isso ocorre devido à grande semelhança entre os atributos de um empreendedor e uma empresa: criação de valor, geração de riqueza, inovação, gestão de riscos, entre outras. 3 Empreendedorismo – 50 – O mais comum tipo de empreendedorismo, mas não o único, é o empreendedorismo de start-up (ou criação de negócios). Ele visa a formação de empresas ao redor de
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