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Karl Marx sociologia by Octavio Ianni

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_ Huiluuú 1 mdulufll 135.-I3-EIHII1
_ Sniiühlil. 3411
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.-°LETI-L lI`flp‹:.' F.1it`u:-. .fizndrualu
Prnƒrrn f_E'r¿i,fIz'z:: Virgirxia 'Fujiwara
Prmfrrgfiim G`r-:íƒicfl.' E.Iaine ]¬?_‹:g,i1'|:-L 411: CIM'-'uiríl
I¬.`:.i'.í¬1'.z¡‹.1 de _.-irrf: .-*zdumir Úurlus Schneidcr
Fura dv m¡m.' Juãü Bittar
1980
Tndus us dir-:itus resenfadns pela Edimra .Mica SA.
R. Barãu de lgmlapfl. IIEI _ Tel.: PEI ZTE-9322 (SD Ramaial
C. Pnfital E6515 - End. Telegráficn "E›Dmlh.fm" - S. Paula
J
-_}-J'¿:f _
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
[par Eiata-.-ia Iannli. T
|_ A Pnaauçm na aaclaaàaa
 
1. Fundamantaa da Hiatdrla. 45
 
2. Eiandlçõaa hiatdricaa da rapraduaãa
aaaial, E2
EI. Earactariatlcaa aaaanclala da
alatama capitaliata. 'HL
4. Infra-aatrutura a auparaatrutura, E2
II. CLÀSSES SOCIAIS E
GÚHTHAIIHÇÚES DE CLASSES
5. Aa claaaaa aaciaia. 95
E. A aatrutura da ciaaaaa na Alamanha. 102
T. Ciaaaaa aaciaia a banapartlama, W
B. U aaarclta induatrial da raaarva. 125
E. üuaatianaria aahra a altuaaãa
aparária na Franca. 133
 
III. EIISTENCIA E ÚDIIISCIENCIA
1EI. A praduçãa da aanaciëncia. 145
11. Fatichlama al raiilcaaãa. 159
 
12. idaalagia a ciência. 1'i'5
12. Fiaalidada aaaiai a panaarnanta. 1T'i"
W. EETADD E SDCIEDADE
14. Eatacia. aaciadada civil a raiigiãa. 153
15. D cidadão. 155
19915. A canatituicãa.
2ü311'. D padar aatatal.
INDICE ANALÍTIGÚ E DNDMÀSTICD. 211
Tazllaa para :ali adiçin axtmídaa da:
|-_1 _
Mani-:. K.. Caniribuiçãa ai C'rí1|`ca da Ecanamia Paiiiiaa. Sia Paula, Ed. Film*
I9-115.
]'1.-'[a.It1›:. Iii.. Ei' capitai. México. Funda da Cultura Eccindmica, 1945-41'.
Mitltií. H.. La sagrada ƒamiiia. Méxica, Editarlal Grijalba. 1959.
Mana, H.. Miséria .-:ia Fiiasaƒia. Ria da Ianaitn. Ed. Leitura, I9155.
Malu-:. I'-Í. Ú Capiiai. Trad. par Raginalda 5anI'.-Iinna. Ria da Ianaira.
É-Ívililaçäü BI':El5iIEÍ1'a, 1955.
E'='r-i'¬=¬-
Mint:-1:. Ii.. O .id Brumdria c Cartas a Kugaimana. Ria da Janaira. Ed. Faz I
Ta fra, 19159.
}|,|'|,q,¡|_z|{_| H" Rgvflfufiflfl .naiÉfluntar-Ravfliuliflfl fflƒ Gdfmflfljl' III .id"'“Íl'I'.i- LDIIÚIÍÉI:
Gaza:-gi: Alian and Unwin. 1952.
i'vI.|.¡t_;¡._ K.. Trabaƒha .dsaaiariada a Capital. 1.* Ed. Riu da Ialtairn, Editüfi
'Ii-'ítd-ria. 19153.
Mana. E.. a EHGELS. F. Escrita.: Ecaad-mícas Várias. México. Edilarial ürii-'
jalba. 19152.
Mana. 111. a EHaa|_a. F. L'íd'éaiagia aiiamnda. Paris. Eidtüaaa Saciatai. 1953.
Mana. E.. a Eaaaca. F. übras ascagidaa. Maacau. Edicicmaa an Lcnguaa Ex-
tranjcraa. 1951.
Capa: Grava das Metalúrgicas am Sia Paula (1973).
¶'¡'|-f-“"“'-"-ESL..
_._--'~a;=-f:a=›-
* Octavioianni
Plnfauar da Eacialagia na Cursa da Fda-Graduaçiü
-I1'I'l Cllnctaa Saciaiu {PUc)
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1. A praduçaa da saciadada capitalista
A analisa da ragimc. capitalista
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ralacaas acanüinicas, sa bcm qua
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ras da aprnpriaczin acaniimiaa a
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dam a cristaiiaar-sc aquaias rala-
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Hflfllfllltlllllllrltl, da lfllarprataaha da cama a mada capitalista
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um aantradiaaas.
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Ilal alatni. da saciaiisma uldpica irancas a da acanamia pnliiiaa
alllllca lnilasa. Mars aiabnrnu. simuitancamcntc, a matada da
treis
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anälisa a a intarpratacão do capitalismo. 1 Esta é um aspacto
assancial do pansamanto da Mars: a matariaiisma dialética a o
matariaiisma histórico são as dois alantantos principais a oonju-
gados da masmo procasso taórico-pratico da railaitao sobra a
capitalismo. Na abra da lvtars. a capitalismo é lavado a pansar-sc
a si masmo. da manaira global a cama um modo fundamental-
manta antagónico da dasanvolvimanto histórico. Da masma forma
qua o mada capitalista da producao. a dialética marsista funda-sa
nas ralaaóas da antagonismo. Cl principio da contradição govarna
a mada da pausar a o mada da sar. lvlasmo porqua. ambas são
manjfastaçócs da masma época histórica. As ralaaó-as da antago-
rdsmo ocorram am todas as épocas históricas. aparaaarn am todos
os modos da produçao. Em cada época. no antanto. adquiram
configura-çóas particularas. Em cada época. as datanninaaóas
aconómicas. politicas. raligiosas ou outras organizam-sa a datcr-
minam-sa raciprocamanta da modo divarsa. No capitalismo. os
sntagonismos fundados nas ralacóas aconómicas adquiram praami-
néncia sobra todos os outros. anquanto datarminação astrutural.
Em asséncia. o capitalismo tl: um sistama da maroantiliaação
univarsal a da produçao da mais-valia. Eta marcantiliaa as
ralaaóas. as passoss c as coisas. Ao masmo tampo. pois. marcan-
tiliaa a forca da trabalho. a anargia humana qua produz valor.
Por isso masmo. transforma as próprias passoas am marcadorias.
tomando-as adjativas da sua forca da trabalha. Vajamos o qua
dia Mara. num dos últimos capítulos da O Capital. ao chamar a
atançao para duas catagorias básicas do ragima. Como catagorias
dialóticas. alas asprtmam datarminaaóas assancisis do raglma_
"Dasda o primairo instantc. sito duas as caraataristicas qua dis-
tinguam o modo capitalista da produçao.
Primeira. Ela pro-dus os scus produtos como marcadorias. U
fato da qua produz marcadorias não o distingua da outros modos
da produção; o qua o distingna é a circunstância da qua o sat
marcadoria constitui o caratar dominanta a datarminanta das sans
produtos. Isto implica. autos da tudo. o fato da qua o próprio
oparario somente aparoca oomo vandotlor da marcadorias. ou
saja. como trabalhador livra assalariado. da tal manaira qua o
trabalho aparaca. am garal. oomo trabalho assalariado. ij. _ .1 Ds
1 L1H|i~t:a. "v'. "K.|.rl lrlartt." ln: Úaavras clto.|'s1'as'. lidoacau. Edition: du Pro-
aril. 1911. v. 1. p. 19-49; "Las trois pardal constitutivos du mar:dsma.“
api- fit. P. 5E"6:|-
_-Ç-I-11¬|1-1-n-_-1-.
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principais agentes deste medo de produção, e capitalista e o
operário assalariado, não sao, como tais, senio encarnações de
capital e do traballio assalariado, determinados característicos
sociais que e processo social de prodnçio imprime nas pessoas,
produtos destas relações determinadas de produção. [. . .l
D segundo característico do modo capitalista de produção é a
produção de mais-valia, como a finalidade direta e o movel de-
terminante da produçõo. Ú capital produz essencialmente capital
e isto somente na medida em que ele produz mais-valia." 2
A mais-valia e a mercadoria são a condição e o produto
das relações de dependencia, alienação e antagonismo do operário
c do capitalista, um em face do outro. A forma mercadoria
cristaliza tanto o produto do Írabalho necessário à reprodução
do produtor (traballio pagoi, como o produto do trabalho eitce-
dente (não pago) e apropriado pelo capitalista, no processo de
compra e venda de força de trabalho. A mais-valia e a mer-
cadoria, pois, não podem ser compreendidas em si, mas como
produtos das relações de produção que produzem o capitalismo.
Na analise dialética, elas surgem como realmente são, isto e,
como sistemas de relações antagõnicas. Nisto se funda o caráter
essencial do regime: os seus componentes mais característicos,
seja a mais-valia e a mercadoria, seja o operário c o capitalista,
produzem-sc, desde o principio, antagonicamente.
A descoberta desse antagonismo, pois, não É alheia ã cons-
tituição interna do capitalismo. As relações antagõnicas não
podem resolver-se a não ser que o proprio capitalismo seja
tambem pensado. É necessario que o capitalismo se transforme
em concreto pensado, pleno de suas determinações, para resolver-
-se. Ele precisa transformar-se em componente da consciencia
de classe do proletariado, que É o polo negativo do antagonismo,
para que o proprio antagonismo se desenvolva e resolva. U
processo de troca, sem o qual a mercantilização universal não
se realiza, e, simultaneamente, o processo por intermédio do quai
as pessoas, os grupos e as classes sociais realizam-se e pensam-se
como categorias sociais reciproeamente referidas e antagõnicas.
Não d por acaso que todo processo de reflesão de Marx, sobre
as relações, os processos c as estruturas capitalistas, e, tambem,
 líIí#
iltlnlst, E. "Eelaciones de distrlbuciñn v relacione: de prodnccidn.“ In:
ll' enpliai. lsleitlco, -Fertelo de Cultura Eeondmiea, llhtl-Ef-›l'l'. t. Ill, cap. Ll,
p. ltlld-11.
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ll!
uma sistemática, profunda e contundente critica de todas as
interpretações, doutrinas, idéias ou conceitos preesistentes sobre
os mesmos fenomenos. E que as representações sobre o real são
parte necessária do real; são *“sombras“, "reflesos", “formas
invertidas" das relações, processos e estruturas do capitalismo.
lvlarit estava consciente da relação de necessidade entre o mate-
rialismo dialético e o materialismo historico, na interpretação do
capitalismo.
"Ú descobrimento tardio de que os produtos do trabalho, consi-
derados como valores, não são mais que espressões materiais do
trabalho humano investido na sua produção, e um descobrimento
que marca época na historia do progresso humano lj. . .]|" E
Seria enganosa pensar que a critica da dialética hegeliana,
do materialismo feuerbacbiano, do socialismo utopico franeés e
da economia politica inglesa foi realizada segundo uma separação
entre questões de método e problemas específicos do capitalismo
ou ao acaso das oportunidades. Com isto não queremos sugerir
que lvfars prefignrou e programou todo o seu trabalho. E
evidente que foi desenvolvendo, passo a passo, uma compreensão
cada vez mais clara de problemas que tinha pela frente. Houve,
inclusive, desenvolvimentos ou saltos revolucionários no interior
da revolução cientifica realizada por Mars. Toda a sua obra é um
documento vivo sobre a maneira pela qual foi percebendo, deli-
mitando, eliminando, enfrentando e resolvendo as questões. Hesse
processo, a atividade politica de lvlars desempenhou, as vezes,
um papel decisivo. Ú que interessa aqui, no entanto, é que, ao
longo da sua obra, produz, simultaneamente, o método e a inter-
pretação do capitalismo. Não é por mero acaso que, em todas as
suas análises, aborda, sempre e conjuntamente, os problemas do
capitalismo e os do método de análise. Para mencionar tres
esemplos, no "Prefácio" e “Posfácio“` da Contribuição ri Critica
ria Econonno Politico i _ posfãcio esse publicado depois como
introdução de Eiemenros Fnneiarnenrais para a Cririco ria Econo-
mic Politica lürundrissej _ e no posfãeio da segunda edição do
primeiro tomo de Cl Capital, lvlars preocupou-se em esplicitar
alguns aspectos da dialética materialista. Compreendia que o
 í*í
ii Mans, Iii.. El' cn,pitu.l. t. I, p. El!-E3; D Cupiroi- Rio de Janeiro, Ed. Civi-
lização Brasileira, Iálõã. liv. l, p. E3. Trad. por Reginaldo Santh-anna.
" ltzfsasr, li.. Conrribaiçdo ri Crlrice do Eeonrnnia Puliricn. São Paulo, Ed.
Filnut, 1946. p. Sli-31. Trad. por Florestan Fernanrlea.
11
objeto e o método de seu trabalho eram elementos necessarios
e encadeados do mesmo processo de conhecimento. Enquanto
que, para Hegel, o processo do pensamento é o "demiurgo do
real", para lviarx “o ideal não é senão o material traduzido e
transposte na mente do homem".i*` lvlarx havia descoberto os
eneadeamentos e as deterrninações reciprocas entre as condições
de existencia social e as idéias que expressam essas condições na
mente do Homem. Isso era crucial para o entendimento e a
transformação do regime capitalista, ja que este possui, desenvol-
vida em grau excepcional, a faculdade de divoreiar as dimensões
e as figuraçoes que compõem os movimentos do real. Essa é a
razão por que a análise marxista da mercadoria passa pela análise
do seu fetiehismo.
"Toda ciencia seria supérilua, se a aparencia exterior e a essencia
*idas coisas coincidissem diretarnente." '
Nessas condições, a análise dialética torna transparentes as
relações, os processos e as estntturas capitalistas. Clpera como
uma técnica de desrnascaramento, pois que exige a critica das
idéias, conceitos ou representações, sob os quais as pessoas, as
classes sociais e as coisas aparecem na consciencia e na Ciencia.
Não seria possivel explicar a mercadoria, como um sistema de
relações (dos homens com a natureza e entre si, na produção e
reprodução de si mesmosj sem desvendar o seu "caráter místico".
Depois de mostrar como o valor-de-uso esconde o valor-de-troca
e ambos escondem o valor-trabalho, de mostrar, portanto, que a
mercadoria é trabalho social cristalizado e alienado, lvlarx se
dedica a examinar o seu fetiehismo. Isto é, depois de ver a
mercadoria na perspectiva do seu produtor, o operário, ele se
dedica a examinar como a mercadoria é vista e apresentada pelo
capitalista, ou a sua Ciencia, a Economia política. Ha consciencia
e na ciencia da burguesia, a mercadoria aparece como ela não é;
apresenta-se ooisificada, como se tivesse propriedades exclusivas,
independentes do produtor e das relações de produção. A classe
dominante tende a projetar e impor essa maneira de ver a todas
as outras classes, inclusive e principalmente ao proletariado.
"D caráter misterioso da mercadoria assenta, pura e simples-
mente, em que proteja ante os homens o caráter social dos seus
lltbrlnt, K.. Ei capital. t. l, p. 11'; Ú Capital. Iiv. l, p. lá.
ilslsrut, it. Ei capital. t. lil, p. san.
 .
'II
trabalhos como se fosse um ctirater`materiaI dos proprios pro-
dutos do trabalho. um dom social natural desses objetos; e como
se, portanto, a relação social, que media os produtores e o tra-
balho coletivo da sociedade, fosse uma relação social estabelecida
entre os proprios objetos, ã margem dos seus produtores. Este
aaist pro çno e que converte os produtos de trabalho em mer-
cadoria, em objetos fisicamente metafisicos ou em objetos so-
ciais. |[. . .J Úcorre que a forma mercadoria e a relação de valor
dos produtos do trabalho, em que essa forma toma corpo, não tem
absolutamentenada que ver com seu carãter fisico. nem com as
relações materiais que derivam desse carãter. D que aqui toma,
aos olhos dos homens. a forma fantasmagorica de uma relação
entre objetos materiais não e mais do que uma relação social
concreta estabelecida entre os proprios homens. Assim, se que-
remos encontrar uma analogia com esse fenomeno, precisamos
elevar-nos ãs regiões nebnlosas do mundo da religião, onde os
produtos da mente humana assemelham-se a seres dotados de
vida propria, de existencia independente, mantendo tanto relações
entre si como com os homens. isto é o que ocorre no mundo
das mercadorias, com os produtos da mão do Homem. E isto
é o que eu chamo o fetichismo que adere aos produtos do tra-
balho, tão logo são criados sob a forrna de mercadorias, e que
e inseparável, por conseguinte, deste sistema de produção." T
E obvio que os fctichismos de todo o tipo são indispensáveis
it existencia e it persistencia das relações alienadas que as pessoas,
os grupos e as classes sociais desenvolvem entre si e com os
produtos das suas atividades. Entretanto, na ocasião em que se
realiza a descoberta cientifica do verdadeiro caráter dessas rela-
ções, quando se desvendam e desmasearam as suas significações,
nessa ocasião os fctichismos começam a perder eficácia. A nova
interpretação adere ãs relações sociais como algo que também lhe
é intrínseco, e tende a desvendar os reflexos, as formas invertidas,
us fctichismos que encobrcm ou sombreiam as determinações
essenciais, particularmente as contradições, que governam essas
relações. E na análise de lvlarx que todo capitalismo se toma
transparente, desde as figurações da mercadoria até its figurações
das relações entre as pessoas, desde os eneadeamentos entre a
sociedade e o Estado até as contradições de classes.
".-*to Homem. de certa forma, ocorre o mesmo que ãs mercado-
rias- Como não vem ao mundo provido de um mpelho, nem pro-
7 H.t.It.lt. Iii.. El' capital. t. I, p. Eli-fil; Ci Capital. Iiv. 1, p. El.
IHU*É'-í-CII-lr
'III
clamando filosoficamcnte. como Fichte, "cu sou eu". o Homem
se ve e reconhece primeiramente em seu semelhante. Para
referir-se a si mesmo como Homem, o homem Pedro tem que
começar por referir-se ao homem Paulo como seu igual. Assim
fazendo, o tal Paulo é. para ele, com os seus cabelos e sinais. e
toda sua corporeidade panlina, a forma ou a manifestação sob
a qual se reveste o genero homem." 'i
"Quando se examina mais de perto a situação c os partidos, desa-
parece essa aparencia superficial que dissimula a litro de cl'n.tre.r
e a fisionomia peculiar da epoca-" 1'
A análise dialética ao mesmo tempo constitui e transforma
o objeto. Adere destrutivamente ao objeto, na medida em que
desvenda e desmascara os seus fctichismos, as suas ctintradições
e os seus movimentos. Desde o instante em que se formula, a
interpretação marxista do capitalismo torna-se imprescindível ã
existencia historica deste. Ao tomar transparente o encadeamento
dos homens e dos produtos da sua atividade, entre si e recipro-
camente, a análise desvenda o caráter e as tendencias dos antago-
nismos que governam o andamento revolucionário e historico do
capitalismo. bla essencia do capitalismo estão, ao mesmo tentpo,
a mais-valia, que funda a acumulação de capital, e o proletariado,
que produz a mais-valia. Desde o momento em que descobre
que é ele quem produz o capital. ao produzir mais-valia, o
proletariado começa a libertar-se da dominação burguesa. Esse é
o primeiro momento no processo de realização da sua hegemonia.
1. Classes sociais e contradições de classes
`- lvlarx realizou várias descobertas revolucionárias, envolvendo
a Historia, a Economia politica, a Logica, bem como outros
campos das Ciencias Sociais e da Filosofia. CI que-singulariza
essas descobertas, no entanto, é o fato de que todas são relaciona-
das entre si, todas estão reciprocamentc encadeados. Ainda que
se possa discutir a "juventude" e a "maturidatle" ou a "ruptura"
e a "continuidade" na obra de lvlarx, as suas descobertas exigem.
onde quer que as tomemos, que as vejamos sempre em seus des-
dobramentos e determinações mútuos. E isso nos parece evidente,
H Hitler, lti.. El capitoi. t. l, p. 59; Li' Crtpitat- liv. l. p. ED.
¡ ltllaldt. lá.. fl id firtrmririo tie Lois iilonupnrte. São Paulo, Ed. Escriba.
IHS. p- -ill. _
 -I
'Il
seja quandu examinamus a sua ubra au lcngu du prucessu da sua
pruduçau, seja quandu a tumarnus em termus du seu encadea-
mentu ldgicu internu. Para cuncreliaat* um puucu a discusaäu das
duas perspectivas sugeridas, vejamus cumu se revelam na furmu-
lacãn da teuria da luta de classes.
Em quase tudas as ubras de Mars: há uma pren-cupacãu
persistente e prepunderante eum c carater das classes suciais,
istu e, as cundicües e uuuseqllencias dus seus autagunismus e lutas
na suciedade capitalista. Para lvlars, em última instância, a
histuricidade-, uu seja, a trausitcriedade du capitalismu, depende
du desenvulvimentu desses antagunismus e lutas. Fundamental-
mente, u cunlfruntu pur meiu du qual u capitalismu entra em
culapsu final e u cunfruntu entre u pruletariadu e a burguesia,
puis que. para ele, essas sãc as duas classes substautivas du
reglme.f Uma, a burguesia, e a classe revulucien:-'iria que cunstrdi
u capitalismu, depuis de ter surgidu eum u desenvulvimentu e a
desagregacãc das relações de pruducãu du feudalismuffi A uutra,
u pruletariadu, e a classe revcluciunaria que nega u capltalismu
e luta para criar a suciedade sem classes, nn sucialismullt prec-
cupacae cum essa prublemática surge e ressurge em muitas
ucasiües e sub us seus diferentes aspectus. E inegável, nu entautu,
que a teuria da luta de classes furmulada pur lvlant li uma centri-
buicãu revuluciumíria, tantu nu cuntestu da sua ubra cumu
relativamente_ a tudu u que se estava peusandu na sua epuca uu
se havia ditu anteriurmente. Ele prdpriu situa essa cuntribuicãu
cum clareza.
“l'~lu que me dia respeite, uenbum creditu me cabe pela descu-
berta da existencia de classes na sueiedade muderna uu da luta
entre elas. lvluitu antes de mim, hlsturiadures burgueses haviam
descritu u desenvulvimentu histuricu da luta de classes, e eeunu-
mistas burgueses, a anatumia ecundmiea das classes. Ú que fi:
de nuvu fui pruvar: ll» que a existência de classes sumente tem
lugar em rlerermlnarlrrs ƒses lrlstdrícas ele desenvulvimentu da
prurlaçüu; 2] que a luta de classes necessariamente cundus a
ditadura rln prnlerarlada; 3) que esta mesma ditadura niu cunsti-
tui senau a transiciu nu sentida da almllçiln de tr.-elas tu classes
e da .tucletltttle sem classes." 1°
1°lvl.1u1.:1t. lt. "lvlarit tu J. Wevdemever in New '!1"urlt." (Casta datada de 5
de rnar1;.u de IE.51.]1 In: hlseet, Ill.. e Ettuecs, F. Selected -Eurrespanrleace.
Hulleuu, Pruiresa Publishers, l'il55. p. 159.
íl__.__il.-.í._.li
.Li-_
Aqui devemus reculucar a prablema inicial: em que medida
a teuria da luta de classes de Mara vai se praduainda aa luugc
da sua abra e em que medida ela respunde aa desenvulvimentu
ldgícu da sua interpretaçãa du capitalismu. Vejamas, agara, a
primeira mavimenta da refleaãa de Mars subre a tema.
Já nas seus primeiras escritas, lvlarit revela uma preucupaçãa
cunstante e prep-anderante cam as questões suciais geradas cum a
farmacia c a espansãa da capitalismu. Desde a inicia, ele abarda
a alienacãa das gentes na aplica da divisaa sacial da trabalha.
Encara esse pracessa sacial cama uma eaadicãa da alienaeãa
que marca a esistencia sacial na regime capitalista. Em .d lrlealagla
.-rllemd, ande as pruhlemas sãu pustus freqüentemente em termas
de primeiras priacípias, encuntramas uma refleitãa cumu estat
"JL partir da mamenta em que cameca a dividir-se a trabalha,
nada um se mave num circula determinada e eselusiva de ativi-
dldfl, que lhe I impestu e da qual nau pude sair; a hamem e
aleadar, peaeadur, pastur, au critica crítica. e nia ha remedia
eenlu euatlnuer a se-Ia, se aaa quiser ver-se privada das meias
da 1rlda". 1'
Nessa fpaca, cuafarme ele própria a indica, aa referir-se
iranicamente au "critica crítica", lvlarxesta palemiaaridu aum as
neu-hegelianas de direita. Sab certa aspecta, ele está levanda a
critica da pensamenta hegeliana, na medida em que reaparece na
linguagem e nas temas das seus discípulas, as últimas canse-
qüencias. .eta mesma tempa, na entaatu, lvlarx já esta retiranda
as canseqiiencias suciais da cuncepcãa atimista da eaunumia
pulítica classica inglesa subre a divisãa sacial da trabalha. En-
quanta Adam Smith via na divisãu sacial da trabalha a pracessa
par meia da qual as furcas pradutivas pediam desenvalver-se e
generalizar as beneficias du capitalisma, inclusive em iimbita
internacíunal, llrlars jd a fucalizava cama uma das furmas pelas
quais se cancretiltam as relações de alienaçãa e antagunismu que
estaa na base da capitalismu. Tanta assim que retuma as impli-
cações ecanõmicas e suciais da divisãa sacial da trabalha em
Cl Capital, na mesma busca das relações que fundamentam a
alienacãa da prudutur na sistema capitalista. Para Mars, a farca
1' lvlsttlt, ls'.. e Ervaets, F. Lu ldealagla alemuaa. l'1-'IufnIevideu. Edieíunes
Fueblus Unidas, 1955. p. 33-.
ll
individual de trabalha permanece inativa. esteril, se nãa se vende
aa capital. Ela samente pade funcianar, criar valar, quanda sc
articula, dcpais de vendida. as antras farcas pradutivas, nas
qtiadras da divisàa sacial da trabalha, arganiaada também cama
farca pradtttiva, segunda as exigências da praduçaa de mais-valia.
Ista É. a l'art;a individual de trabalha samentc pode luncianar em
beneficia da trabalhadar se fuacianar tambem em beneficia da
capitalista. Ha divisaa sacial da trabalha, que impera na indústria.
a pracessa de dissaciaqaa entre a pradutar e a prupriedade das
meias de prtidueàtt alcança as seus rnaiares desenvalvimentas.
Esse e a eantesta em que a aperária se transfarma em aperdria
parcial. em peca adjetiva da maquina. Devida ii fragmentaciia
da pracessa pradutiva, na desenvulvimentu da divisaa sacial da
trabalha, a aperaria e levada a utiliaar apenas uma parte das suas
faculdades criativas. Tada a sua energia tende a esgatar-se na
succati de trabalha viva pela trabalha marta. ista ti. na cristaliza-
cãa de trabalha viva segunda as determinar,-aes da capital. Muitas
veses. pais, a divisaa sacial da trabalha true cansiga distarcões
na desenvulvimentu e na expressividade fisica c espiritual da
aperaria_ l'~lesscs sentidas e que a maquina aparece metafarica-
mente digerinda a aperaria. Esse grau de alienaqãa, que passa
pela divisaa sacial da trabalha na fabrica. em cada setar eca-
ttõniica e na saeiedadc. É uma determiaacãa da prada-r;aa de
mais-valia relativa.
"I]ecampanda 1.1 alicia manual, cspecialiaanda as ferramentas.
larmanda as trabalbadures parciais. grupanda-as c cambiaanda-as
r1L1|n mceanistna única. a dit-'isãa manttfatttreitu da trabalha cria
tt sitbdivisãa qualitativa e a prap-urciartalidadc qttantilativa das
praeessas suciais de praclucãa; cria. assim, determinada rirgrriilec-
t;-da da rrnl:-allta sacial e. cam issu. desenvalve aa mesma tampa
nava farca pratlutiva sacial da trabalha. .et divisãa maaufatttrcira
da trabalha, nas bases histdricas dadas. sd padaria surgir sab
farrna especificamente r'api'rall.rrrr. Carna farma capitalista da
pracessa sacial de praduçãa, e apenas tttn meta-da especial tic
praduair i.nnl.r-valia relativa au de expandir as ganhas de capital.
a que se chama de rlqireta sacial. "Wealth af l"~latians“ etc., as
castas da trabalhadar. Ela descnvalvc a lares pradativa da tra-
halba caletivu para a capitalista e nfta para a trabalhadar e, altittt
dissa. defarma a trabalhadar individual. Pradua navas candielies
da daminia da capital sabre n trabalha. lslevela-se, de um Iadu,
1?
prugrcssa hislúrica e fatal' necessária da desenvalvirnenla ecanñ-
mica da saeiedadc. e, de aulra. meia eivilizada e refinada de
explaraeac." W
Pauca a pauca. lvlarx delineia a sua visaa da capitallsma
cama uma saciedade na qual a burguesia e a praletariada san
classes suciais revalucianarias e antagõnicas. llevalucitinarias e
antagftnicas parque eaquanta uma instaura a capitalisma, a autra
eameea a lutar pela destruicaa da regime na prdpria instante em
que aparece. Parque aparece alienada na praduta da seu trabalha.
aa praduair mais-valia. a praletariada lutará para suplantar essa
situaqaa. Parque aparece. desde a principia, cama a classe que
se aprapria da mais-valia. a burguesia cameça a deisar de ser
rlvelueluttüria na aeasiau em que se canstitui. Hesse instante.
l_ preucupar-se principalmente cum a preservaeaa e a aper-
c Itsttus qua. Fur dentre tia revalueaa burguesa
.l rlvuiucle pruletaria.
th ltlltftrll da indústria e da earnercia alta
Il l"I'h'tl-lltt das fcretts pradutivas mn-dernas
H IIIQBIII de prudaela e de prupriedade. que eaadicia-
l'Ill'll H lltlllllnllitt dit hurgftesltt e sua daminaciu. l . . .l .-*ts iarcas
predutisftts de que dispõe la saeiedadel ntla favareeem mais a
dci-envulvintenla das et'1r1|tlit,1t'ies da ptapricdttdc burguesa; pela
canlrdria. larnttrant-se patlerasus demais para essas eandicfies.
que se transfarmam em entraves; c tadas as veses que as lareas
pradutivas sa-eiais se libertam desses entraves. precipitam na
desardent u saeiedade inteira e ameaeam a esistència da pruprie-
dade burguesa. l. . .i
As armas de que a burguesia se serviu para abater a fettdalis-111:*
'ttallam-se baile cantra a prtlpria. burguesia.
Mas a burguesia nau farjau samente as armas que lhe daraa a
marte: criau tambdm as hamens que mancjarãa essas armas _
-as ttpcrtirial tnatl-ernul. as `,nraletrirt'a.s'. l. . .l
Dra, a in-.zlúatr-ig, dqaanvalvcndc-se, nie semente engrassa n
númera das praletirlcs. mas caneentra-as em massas cada ver
mais cansidertiveilt us pralllirlas aumentam em larea c adqui-
rem mais clara tltlttlltillnttlil dl I-tt-I fcrça. l. . .l Ds ehu-qucs i11-
dividuals ettlrl a tlillfliliil I.Il l'tt.l|*|,i|fi tnrnarn cada vez mais a
caráter de eltuqtila lntll little cllllltt. Ds apertirias carnecant
mim I I | 'fl-
"-' retsas. ls'.- l':?l1'c,pltelà~l. l.'I.!1l-llsl-l fl flapltal. llv. I. ri. -11?-ttl.
 ---._
il
par unir-se cantra as burgueses para manter seus salarias. Van
ate tarmar assaciações permanentes. na prevlsau de lutas even-
tuais. Far vezes a resistencia translarma-se em revalta." ii*
dia mesma tempa que se desenvalve a eapitalisma industrial,
as trabalhadares assalariadas da indústria vãa se arganiaandu em
assaeiaaões, eaalizöes, sindicstas e, par fim, em partida pulitiea.
Puuca a paaca eles aampreendem as suas candições semelhantes
de vida as suas relações suciais imediatas de trabalha, as suasI'
relações entre si, cam as autras classes suciais e, em especial, aum
a hur esia blesse pracessa, as trabalhadares individuais trans-gu .
farmam-se na praletariada; a classe ecunõmica na classe palítica
au a classe em si' numa classe para sí. Essa E a acasiiia em que a
praletariada se transfarma numa classe sacial ltegemõniea tpara
si au palítica), passanda a lutar paliticamente pela destrulçaa da
Estuda burguês e instauraçiia da "ditadura revalueianaria da
praletariada", cama fase de transiçaa para a saciedade sem classes.
Ha uma determinaçãa recipruca entre alienaçaa, antaganisma e
revuluçau. Dentre tadas as farças pradutivas, a maiar E s pra-
pria classe aperaria; partanta, a unica que pede transfarmar a
sistema. H
'v'ejamus, agcra, a segunda mavimenta da pensamenta de
lvlarx, ista ti, cama a sua teuria da luta de classes cat-respunde a
uma decarrëncia lõgica da sua analise da eapitalisma. “Hate-se,
alias, que alguns aspectus dessa cangruëncia lógica intema já
aparecem, implícitas, na análise da mavimenta anteriar. Agara
vamas explicita-la melhar.
Sabemas que lvlarx elabarau a interpretaçau da eapitalisma
realieanda uma integraçaa critica e desenvalvida das cantribuições
da filasafia hegeliana, da saeialisme utdpica e da eaunumia
palítica classica. Hate-se, entretanta, que ele se apraveitau desse
trabalha critica tante para desenvalver e integrar a seu pen-
samenta cama para apreender, isalar e aprafundar a analise
de questões que aquelas carrentes de pensamentaaaa faram
cspaaes de resalver au resalveram em direções que ele aunsiderau
Ui lldiaut, lt.. e F.1~1a|si.e, F. ll-lanlƒesre da partt eemmunlsre. Paris, Etlitians
Saclales. l9tiü. p. 1121-23; Hantƒesta da Partida Camunlstu. Ilia de laneiru,
Editarial 'v'itaria, 19-l-li. p. 18-Ilfl.
H telsax, lt... .K-l'l.sere de ta plrilasapliie. Paris, Éditians Su-eiales, 19-til- p. lili;
.l'rl't.nirla1 da Filasuƒle. Elia de laneira. Ed. Leitura, 19155. p. llid-455.
hccmpletas au falacicsas. Hesse pracessa, essencialmente prática-
-tttftlea lvlarx pradua a sua interpretaçau da eapitalisma; interpre
'llela ella que parece eurrespander aa mamenta mais desenvalvida
da Illltencia da regime e, aa mesma tempa a candiçaa da sua
Ittpetaçla pur autra regime pradutiva.
Ha cursa desse trabalha intelectual, Marx deseabre que a
Illltcldprta se singulariea par exprimir, em ultima instancia, uma
l;¡l'|l!cIu detenninada de alienaçaa entre u cperaria e a capitalista.
te, a mereaduria aparece cama valar de usa. lvlas essa
I elpressãa, par assim diaer, subjetiva da mereaduria, eaquanta
tllaçlu entre a prudutur e a praduta de seu trabalha. .-lt.
que a analise pragzride, na entantu, fica evidente que par
É ct lttllar de usa esta a valer de traca, e de que par sab este
tt ttllar trabalha, ista ti., a trabalha sacial nela cristaliaada.
l traca de mercadarias eseande a traca de trabalhas suciais
bla medida em que semente a farça de tra-
'l1Il1l1I'. pela que a valar e energia humana sacialmente
clsjetu sacial, a acumulaçaa de capital pela capi-
fitlelvel pela exprapriaçaa. De seja, a capitalista
quantidade de farça de¬traballta da aperariu, mas
Ill praduta maiar quantidade de valur da que a
sab a furma de saltiria. D segreda da acumu-
pull., e a diferença entre a trabalha necessaria a
'ttldl de aperarialu que 1! paga) e a trabalha
,Ç illllll-llldflr E ebtigada a realizar lnaa paga).
ql! prada: mais-valia; quanda resulta da
predua a mais-valia absaluta,
trlbllh , p a cnaagi ,
tas earnbinadas.
vetada da sua farça
ptaduçla, tais cume
ústme
Ile. Hc cursa dessa
HI lIlI.iI cattcreta, Marx
Ie ese. valer de traca, vruar
. individual, aeletiva),
mais-valia absaluta, mais-
Halle delle precessu explicativa E a
slttlll uma relaçac detenninada de
III qtlll se encadeiam e upõem u apera-
qulttdu resulta da peten
u el te l a
ils
ill
“blaa e a aperriria quem emprega as meias de praduçiu: site cs
meias de praduçäu que empregam a aperária. Han e a trabalha
viva que se realiza na trabalha materializada, cama em seu drgãa
abicliva; É u trabalha malerialittada que se canserva e aumenta
pela sttcçãa da trabalha viva, graças aa qual canvertc-se em um
velar que se valarlza, em caƒtltrrl, e funciana cama tal. Ds meias
de praduçlia aparecem, pais, unicamente cume sttgadarer de
quantidades crescentes de trabalha viva. l. . .Il
Em realidade, a darnittacãa das capitalistas sabre as aperdrias É
sarncntc a daminia das carttllrries' de traliullta sabre estes lentrc
as quais cantam-sc, também, além das candições abjetivas da
pracessa de praduçäa _ ista ti, as rtteitt.r de pradaçda -, as
candições ubjetivas dc manutençãa e de eficiencia da farça de
trabalha, a1.| seja, das rtrci'a.r tle .sttl.1.tt's'tëricltr]1, candições de traba-
lha que se tarnarum autdnamas, e precisamente frente aa ape-
raria. l. . -l
t'1. daminaçsa da capitalista sabre u apcrtiria E. par canseguinte,
a da caisa sabre a hamcm. da trabalha marta sabre a trabalha
viva, da praduta sabre a prudutur, pais que, na realidade. as mer-
cadarias, que se canvertem em meias de daminaçäa sabre as
aperarias lmas semente cama meias da daminaçãa da capital
prcpriamentel. nec sua nada mais que meras rcsultadas da pra-
cessa de praduçãa. as pradutas da mesma. Ha praduçãa matc-
rial. na verdadeira pracessa da vida sacial - pais este e a pra-
cessa da praduçãa -- da-se exatamente a tnarma relaçaa que, na
terrena idealagicu, apresenta-se na rellglda: a canversãa da sujeita
na abjeta e vice-verstt.” ""'
Par intermédia desse mavimente analítica, quanda as cate-
garias vãa espriminda relações necessarias, que se impõem cam
férrea necessidade, surge pragressivamente a verdadeira candiçãa
da classe apertlrla, aa mesma tempa que surge a candiçãa ver-
dadeira da elasse capitalista, desde a pracessa pradutiva, em
sentida estrita, até às suas relações palíticas de antaganisma e
l"lEEH=Ç'l1l'.'.l.
Entretanta, a candiçaa critica da classe aperaria nau É in-
dependente da sua perspectiva critica. A mesma candiçaa alienada
da sua existencia, cama classe, eanstitui a base da sua pasiçaa
crltiea. Pauca a pauca a classe aperaria se da canta da sua
. 
'-`*lvIxa.s, lt.. Et' capital. Buenas Aires. Edicianes Sigrtas, l9?l. liv. 1.
cup.'v'l tinedituj, p- IT, ll'l e I9.
f"'Ç¡'¡-"Í"""-"'l
MBLIUTECÀN*
pasiçia histariea priv ` luta
palítica cantra a burguesia. Desde as primeiras escritas, Mars:
esteve interessada na pracessa palítica par meia da qual se da a
melarnarfase da classe aperaria de classe em si a classe para si.
Esse e um mavitnenta crucial na pracessa de desenvalvimenta
da cantradiçãa de classes na eapitalisma.
“A grande indústria eaneentra, em um mesma lugar, uma massa
de pessaas que nas se eanheeem entre si. Hs ennearrëneia divide
as seus interesses. ivlas a defesa da salaria, esse interesse camum
a tadas elas perante seu patria, une-as em uma idéia eamum de
resistencia: a easllaãa. Partanta, a eaaliaäa persegue, sem-
pre, uma dupla finalidade: aeah-ar eam a cancarrencia entre as
aperärias para pader faser uma eanearrëncia geral aas eapita-
listas. Se a primeira fim da resistencia se redusia a defesa da
salaria, depais, a medida que, par sua ves.. as capitalistas se as-
saciam, mavidas pela ideia da repressäa, as eaaliañes, inieial-
mente isaladas, farmam grupas. e a defesa pelas aperarias de
suas assaeiaçñes, diante da capital sempre unida, acaba senda
para eles mais necessária que a defesa da salaria.
_ {. . .It Hesse luta - verdadeira guerra civil _ via-se uninda e
” desenvalvenda tadas as elernentas para a batalha f1.lTl.I1'a- dia
f~ chegar a esse pauta, e eaaliaaa tema carater palítica. As ean-
diçües eeanñmieas transfarmaram primeira a massa da papulaçaa
da pais em trabalhadares. EI daminia da capital criau para essa
massa uma situaeia eamum, interesses camuns. Assim, pais, essa
massa já E uma classe relativamente ea capital, mas ainda nda e
uma classe para si. Ha luta, da qual nãa assinalemas mais que
algumas fases, essa massa se une, eanstituinda-se numa classe para
si mesma." W
Vlmas, pais, que a tearia marsista da luta de classes é a
cambinada de dais mavimentes da pensamenta de
Par um lada, ele elaliara a sua campreensãa das classes
seus antaganismas e iutas a medida que se desenvalvem
reflexões, desde a critica das filasafias hegelian e
até a critica da sacialisma utdpiea franeës e da
palltiea classica inglesa. Hate-se que tadas essas re-
Illlrlsn enriquecidas e desenvalvidas inclusive pela sua
palítica direta em lutas apcrarias da tempa. Em tada
Hisdra de ia pflfiaeaphfs. p. 134; .|H'.i.nfrtlc da Fila-ntlƒfn. |'l. 1153-154.
esse trabalha ele vai deparanda as mais diferentes aspectas das
relaedes capitalistas, desde a carater alienante da dlvisãa sacial
da trabalha na fabrica e na saciedade ate a prablema da superacaa
da regime capitalista par uma saciedade sem classes. Par autra
lada -- mas aa mesma tempa - lvlarx mergulha e demara
na analise das relações de praducãa especificas da eapitalisma.
Aa realiaar esse trabalha, reencantra as classes saciais em suas
relaeiies necessarias e antaganicas. Um c autra mavimenta
eneadeiam-se na cursa da pradueaa da interpretacãa critica da
eapitalisma.
3. Existência e eansclêneia
Para Mars, a cansciëncia sacial exprime e eanstitui, aa
mesma tempa, as relacaes saciais. Par issa, a analise dialética das
relações capitalistas exige que a interprctaeãa apanhe sempre a
maneira pela qual as hamens pensam-se a si mesmas e uns aas
autras. A autacansciencia samente e passível na espelha da autra.
A candigäa de aperaria e de capitalista samentese revela nas
relaeaes que um e autra estabelecem entre si. Mas essas relaçacs
nãa se realizam, a nãa ser que um e autra se pensem na pracessa
de aampra e venda de farça de trabalha, de praducãa de merca-
daria, de intercambia entre trabalha necessária (paga) e exce-
dente (niia paga). Naa se campleta a campreensña da existencia
da aperaria e da capitalista, a nãa ser quanda a analise passe pela
farma pela qual um e autra se aampreendem a si próprias e
recipraeamente. Para recanheccr-se cama aperária, e indispen-
savel que a aperaria recanheea a capitalista cama tal e vice-versa.
Esse reeanhecimenta e, aa mesma tempa, uma candicãa funda-
mental da existencia e negacaa recipracas. Para afirmar-se cama
capitalista, a capitalista precisa nãa só aprapriar-se da praduta
da trabalha excedente (aaa paga), mas tanibém recanheccr a
pradutar de valar excedente, a mais-valia, que aparece na sua
cansciëncia cama lucra. Recipracamente, para afirmar-sc cama
tal, a apcraria precisa nãa só afirmar-se cama pradutar de merca-
daria au vendedar de farca de trabalha, mas também recanheccr
a prapriet:-iria das meias de praducãa que se aprapria da praduta
da trabalha niia paga. Essas sãa as relaçües basicas de depen-
dência, alienacaa e antaganisma, que fundem a existencia e al“~› .cansciência da aperaria e da capitalista.
I-
Cema vemas, e essencial que a analise dieletica campreenda
a maneira pela qual se relacianam, encadeiam e determinam,
recipracamente, as aandições de existencia sacial e as distintas
madalidades de aansciencia. Naa se trata de canferir autanamia
a uma au autra dimensaa da realidade sacial. E evidente que
as madalidades de cansciencia fazem parte das aandições de
existencia sacial. Par issa e que Marx examina, sempre, as
diversas mamentaa e expressões das relações capitalistas. Ele reca-
nheee que "a anatamia da saciedade deve ser pracurada na ecana-
mia palítica", ista ez, na análise das relações de praduçiia. lvlas
entende que, para cunhecer as relações de praduçaa, É precisa
examinar desde_a grau de dcsenvalvimenta das farças pradutivas
e das relações de praduçaa até as relações e estruturas juridica-
-palíticas, jamais perdenda de vista as suas especificidades e as
seus encadeamentas recipracas. Inclusive as interpretações prece-
dentes e cantemparãneas saa examinadas criticamente. cama di-
mensões au expressões idealdgicas e tearicas desse mada de pra-
duçãa. Tada esse trabalha intelectual esta arientada pela canvic-
çãa de que naa se pade campreender a saciedade se naa se exanti-
uam as encadeamentas, desdabramentas e determinações recfpracas
das farças pradutivas, relações de praduçaa. estruturas palíticas
e madalidades de cansciencia.
"bla pmdnçla sacial da prdpria existencia, as hamens entram em
relações determinadas, necessarias, independentes de sua vantade;
estas relações de praduçia carrcspandem a um grau determinada
de desenvalvimenta de suas farças pradutivas materiais. Ú can-
junta dessas relações de praduçia eanstitui a estrutura ecanamica
da saciedade, a bsse real sabre a qual se eleva uma superestrutura
juridica e palitica e a qual carrespandem farmas saciais determi-
nadas de aanscaiencia. 'Ú mada de praduçäa da vida material
eaadiciana a pracessa de vida sacial, palítica e intelectual.LHia
E a aansciencia das hamens que determina a realidade; aa can-
traria, É a realidade sacial que determina sua eanscienciaƒ' *LI
Úaarre, na entanta, que as madalidades da cansciencia e as
de existência sacial nãa se exprimem nem se relacianam
mada harmônica. Tanta as pessaas cama as grupus e as
saciais apreendem as suas relações saciais reais de maneira
Ill. Éaarríhaf;-da si frfrit-a :fa ffcarrnmia Falitirrr. p. 3ll-Íll.
ím
24
diversa e antaganica, quanda nan de farma ineampleta, parcial,
invertida au fetiehiaada. bla saciedade capitalista, as relações de
praduçaa tendem a eanfigurar-se em ideias, caneeitas, dautrinas
au tearias, que evadcm as seus fundamentas reais. lvlas nia
evadcm par deliberaçãa. .ea cantraria, evadcm, em geral, as
aandições reais de vida sem que essa seja a sua finalidade cu
intençãa. A finalidade precípua das ideias, caneeitas, dautrinas
au tearias e exprimir e canstituir as relações saciais. Dcarre que
as varias madalidades de cansciencia (eu ciencia), mais au menas
lfmpidas au abscurecidas, invertidas au fetichisadas, canstituem-se,
segunda as pasiçõcs relativas das pessaas, grupas e classes saciais,
nas relações de dependencia, alienaçaa e antaganisma em que se
acham inseridas.
"E assim came na vida privada se diferencia a que um Hamem
pensa e dia de si mesma da que ele realmente e e fax, nas lutas
hlstõricas, deve-se distinguir, mais ainda, as frases e as fantasias
das partidas de sua farmacia real e de seus interesses reais, a
canceite que fazem de si, da que sea, na realidade". 'H
Aqui, navamente, lvlarx nas cclaca a prablema das descam-
passas e divdrcias entre as aparencias e as cssencias das caisas.
Ú que tarna necessária a analise dialetica e que as caisas aaa siia
transparentes; e muita menas quanda elas-sea as relações capita-
listas de praduçaa. Na eapitalisma, as relações de dependencia,
alienaçãa e antaganisma estãa na centra das relações entre a
aperária e a capitalista. lvlas essas relaçõ-es aaa surgem.claras,
ardenadas e transparentes nas ações e na cansciencia das pessaas.
As ideias, caneeitas, dautrinas au tearias exprimem as relações
saciais de mada incampleta au, mesma, invertida. Elas niia
padem elidlr as pasiçõcs das pessaas, gmpas au classes nas
relações de praduçãa, mas aaa as reflctem, a nan ser de maneira
incampleta an evasiva. E sabida que a revaluçaa burguesa
praclamau a liberdade de cansciencia, inclusive a religiasa. Esse
principia, na entanta, nda fas sense instaurar mais um campa-
nente da pracessa de mercantiliaaçaa universal das relações,
pessaas e caisas. As prdprias praticas religiasas, inclusive cerimõ-
nias e imagens, sea mercantiliaadas.
U Ivlzttmt. K. U' .id Brsrmelrfa de Luis Bamtpnrte. p. 49.
25
“As ideias de liberdade religiasa c de liberdade de cansciëncia
nãa fixaram mais que praciamar a reina da livre cancarrencia na
daminia da canhecimenta". "'
Na cansciencia burguesa, a maiar parte das prablemas
tende a ser equacianada a partir da princípia da mercantiliaaçaa
universal das relações, pessaas e caisas. Par issa, a liberdade
religiasa surge de par cam a canstituiçaa da mercada de trabalha,
que supõe a direita de livre circulaçaa das pessaas e mercadarias.
A liberdade religiasa e tamada cama uma candiçaa maral
necessária it livre circulaçfta da trabalhadar na mercada naciansl
e internacianal de farça de trabalha. lvlarx natau que a prates-
tantisma havia transfarmada a maiar parte das festas tradicianais
em dias de trabalha. Aa mesma tempa, a pratestantisma transfe-
riu para as pessaas a respansabilidade pela cumprimenta das
principias da fe.
"Lnrera venceu efetivamente u servidãa pela elrvaçrirr. parque a
substituiu pela servidãa da ea.av.|`es;'eia. Acabau cam a fe na
autaridade, parque restaurau a autaridade da fe. Canverteu
sacerdates em leigas. parque tinha canvertida Ieigas em sacer-
dates. Libertan a Hamem da religiasidade externa, parque
instituiu u religiasidade na interiar da Hamem. Ernanaipau ti
carpa das cadeias parque aarregau de cadeias a caraçãa". 2"'
Esse fenõmena acarreu principalmente na epaca de farmaçãa
da capitalisma, quanda se verificava a acumulaçiia primitiva na
Inglaterra e autras paises eurapeus. Fer. parte da pracessa sacial
mais ampla de mctamarfase da pradutar autõnama lcampanes,
artesãa au autra) em trabalhadar livre assalariada. Esse fenõ-
mena, repetimas, fai uma das primeiras manifestações da cans-
ciencia burguesa em farmaçaa. E acampanhau a ruptura das
relações e estruturas feudais, nas quais as pessaas pertenciam
fisicamente aa feuda e espiritualmente it igreja Catalica de Rama.
,¡,íz1.¡_¡.í¬ía¡
I" lvlsitx, lt.. e Er-iu|;|_s. F, .tffaaƒh-.rrs ala parti «|'rmr.v|nrrí.'-'fr~'- rt- 33; |"i'fHtI¡ft'#í-'1
||l'.r.| Fm-ri¡.|'.|i {'rmsrim'.rte|. p. 41-44.
'-"' lvlsax, li..“En tarna a la critica de la Íiluaafla del dflivhv dfl Hvlll-H 1":
Haltx, if.. c Er-«I-aELs, F. La .rer,t,u'ad'a ,fr.trrr.|`J'i'r.|. Mexica, Ed- Í.'.¡I'ilHllZ'HJ.. |"=l'5'-IL
p. I-IS. cituçita da p'. Ill; lvtsttx. H.. “lntraducaa is Critica da Filasafiu da
Direita de Hegel." ln: .-I I2ac.-rala J'rafai`r.'n. Itia de Iuneira, Ed. Laemmerl.
l'iiõ'i't. p- lili-IT. citacita da p. Itil. Trad. par Wladimir Gamide. Cansultar
tambem: Miss. x. El t-apitar- 1. I. e- BHS: U' 'I`ar›tf‹íl. lis- I. a- Í'-H: Hels-
Ili.. e Erval-;|..s. F. l'J'a ftsfigfriii. lvlascau. Pragress Publishers. Iliõõ.
 
25
.el perspectiva de classe naa e a única, mas e a determinante.
na pradnçaa da cansciencia das pessaas e grupas saciais. Ei
nperaria nau pude elidir a alienaçiia da praduta da seu trabalha
excedente tnaa paga), da mesma farma que a capitalista nau
pude elidlr essa alicnaçaa. Sab as mais diversas farmas, um luta
para ma-dificar essa situaçfta, cnquantu que a autra luta para
mente-Ia. .
E clara que as ideias da classe daminante mia exprimem
sempre e diretamente as seus interesses de classe. Elas aparecem
sub as mais variadas Iineamentas au cares, canfarme se trate de
questões ecanõmicas au palíticas. filasõficas au artísticas. Em
geral. na entanta. elas tendem a ser as ideias predaminantes na
cpa-ca_ Ista significa que sea generaliaadas as autras classes,
inclusive a praletariada, transfurmanda-se, as vezes, em ideias
"naturais" an “definitivas".
“rlts ideias da classe daminante siia as ideias daminantes em cada
epaca; uu, dita em autras termas, a classe que exerce a puder
rrrrrferitti t2lt.`t~tTtiI'IH.|'ltI: rta. 'sttaiedtlde É, att TI'tt:sl't'IU t-Et't'l]JCt, sell Padel'
e.rptri'rllul' daminante. A classe que tem a sua dispasiçãta as meias
para a praduçaa material dispõe, cam issa, aa mesma tempa,
das meias para a praduçãa espiritual, a qtte fas cam que se lhe
submetem, na devida tempa. u media prnaa. as ideias daqueles
que carecem das meias necessarias para pra-duair espiritual-
mente". '-*'
Parece, na entantu, que a cansciencia burguesa tende a
arganiaar-sc, principalmente, segunda as prablemas e as interpre-
tações da Ecanamia paiitica. A Ciencia e a cansciencia, nesse
casa, tendem a rebater mais au menas diretamente uma na autra.
Cl liberalisma ingles, na epaca de Marx, estava prafundamente
impregnada das ensinamentas e das fubulaçõcs da Ecanamia
palítica inglesa, classica e vulgar. Cama dautrina sacial, palítica
e ecanõmica - mas impregnada principalmente pelas categarias
da Ecanamia palítica - a liberalisma gcneraliaau-se tanta na
saciedade inglesa cama entre as classes daminantes nas paises
calaniais e dependentes da imperialisma ingles. "v'cjamas, um
pauca melhar, cama lvlarx situa a Ecanamia palítica, quanta as
relações capitalistas de praduçaa. `
'H lvlsax, lt. e l-`;t~|ua|.s, F. La rdealtigia nlrvnane. p. 43--is.
ET
lvlarx salienta que a Ecanamia palítica clássica (A. Smith.
D. Ricarda e alguns autrasl estava interessada em pesquisar as
nexas causais internas da regime capitalista de praduçaa. Ela
descabre, par cxcmpla, que a trabalha cria valar. mas nãa extrai
dessa descaberta as suas canseqtlencias ecanõmicas e palíticas, aa
passa que a Ecanamia palítica vulgar tlvlalthus, J. lvlill, Sismandi
e muitas autras) cantentava-se em sistematiaar, tarnar pedantes
e praclamar, cama se fassem verdades etemas, as ideias banais
que farmulavam sabre a capitalisma. Esta se aferrava muita mais
its aparencias, em lugar de pracurar campreender as leis que
regem as fenõmenas. Aquela elabarava algumas leis, ainda que
nãa pudesse leva-las as suas canseqtlencias lõgicas. Ha canjuma.
na entanta, as ccanamias clássica e vulgar elidiam a essencial.
“.»flt Ecanamia palítica eseande a alienaçaa cantida na prapria
essencia da trabalha, pela fata de que nau cansidera a relaçia
direta entre a apertiria la trabalha] e a praduçia". '-"-'
E passivel afirmar-se que a passagem da Ecanamia palítica
classica a vulgar carrespande, ate certa grau, a dais mavimcntas
cambinadas na desenvalvimenta da capitalisma. Primeira: Ft.
ecanamia classica canstituiu-se cama a ciencia da capitalisma em
farmaçaa. Par issa, estava mais diretamente valtada para a
campreensaa das relações, pracessas e estruturas que distinguiam
a capitalisma de qualquer autra sistema. .eta mesma tempa,
devida aa fata de que se inseria na prdpria revaluçãa burguesa
que acampanhava a farmaçaa da saciedade industrial, essa eca-
namia era glabaliaante e, muitas veces, parecia uma tearia da
saciedade capitalista. A._ ecanamia vulgar surge diretamente na
perspectiva da burguesia cama farma de pensamenta da burguesia
na pader. Dai a raaaa par que ela e muita mais ldealegica.
.espanha a realidade de maneira fragmentária e tende para a
apalagia da munda burgues. Mas esse e apenas um das mavi-
mcntas envalvidas na mctamarfase da ciencia ecanõmica em
idealagia. Segunda: Pede-se afirmar, tambem e principalmente,
que a passagem da Ecanamia palítica classica it vulgar carrespande
a um passa decisiva na desenvalvimenta das cantradições de
classes, na seia da sistema capitalista ingles. Ha medida em que
se desenvalvia esse sistema, desenvalviam-se as suas relações de
W Maxx. li.. .|'|-'frrrtu.rcrit'.s' de ftiee. Paris, Editians 5-acittles. lilfsii. p. 59.
IB
uliensçãa e antaganisma. Ctuanta mais se desenvalvem e apra-
fundam as cantradições de classes - expressas nas agitações,
greves, farrnaçãa de assaciações, sindicatas e surgimenta de
carrentes paliticas aperarias - mais intensa e a mavimcnta da
cansciencia burguesa na sentida de adatar fõrmulas ilusõrias au
simplesmente apalagéticas. Os dais mavimcntas cambinadas pa-
recem ter pravacada a flarescimenta da Ecanamia palítica vulgar.
“A Ecanamia palitica, quanda e burguesa, ista e, quanda ve na
regime capitalista nan uma fase histaricamentc transitõria de
desenvatvimema, mas a farma absaluta e definitiva da praduçia
sacial, semente pade manter a sua eategaria de Ciencia enquanta
a luta de classes permanece latente au aparece apenas em mani-
festações isaladas". `-'"
A verdade e que, desde que cameçau a farmar-sc, a prale-
tariada teve de lutar cantra a exprapriaçãa inerente as relações
capitalistas de praduçãa. Ha principia, ele se viu na abrigaçaa
de lutar, principalmente, par sua sabrevivencia fisica. Encantrava-
-se tatalmcnte daminada pela capital e sem qualquer experiencia
de arganizaçaa e luta. As suas candições de trabalha e vida ainda
nãa lhe permitiam sacializar au calctivizar a experiencia camum,
arganizanda assaciações, caalizões, sindicatas au partidas, para
lutar par seus interesses ecanõmicas e palíticas. Essa e a epaca
em que surgem, difundem-se e predaminam seitas e dautrinas
sacialistas, mais au menas utõpicas. 'H CI praletariada se encantra
sab a influencia de palíticas e ideõiagas de filiaçãa refarmista e
humanitária, incapazes de se libertarem das categarias da ecana-
mia palítica burguesa au das quadras idealegicas burgueses.
Acresce que, nessa epaca, a prõpria burguesia ainda este lutanda
para impar-se cama classe hegemõnica; inclusive apela para alian-
ças cam a praletariada. Par issa, ela prõpria calabara na pracessa
de palitizaçea da praletariada, danda-lhe a cantragasta elementas
para tarnar-se uma classe palitica.
“Em geral, as cheques que se praduzem na velha saciedade
favarecem de diversas mudas a desenvalvimenta da praletariada.
A burguesia vive num estada de guerra perpetua: primeira,
 --iíl
“ii Maxx, is.. El capital- t. 1, p. 1; Ú Capital. Iiv. I, p. ID. Em termas mais
garala. a mesma ideia havia sida apresentada em: Maxx, K. e Et-taEt.s, F.
.Lrr irfrratagia ulrrnanu. p- 313.
1" Maxx, ii.. e Et‹Iattt-s. F- rvfaniteste da parti carnrmrnisre- p. 1-ie-dei; Mani-
,festrr da Partida E.'arrrtrnt'.ttu. p. 47-59.
29
contra a aristocracia; depois, contra as camadas da propria
burguesia cujos interesses se encontram em conflito com os pro-
gressos da indústria: e, sempre, finalmente, contra a burguesia
dos paises estrangeiros. Em todas cieas lutas, vê-se forçada a
apelar para o proletariado,usar seu concurso e arrasto-lo no
movimento politico, de modo que a burguesia fornece aos prole-
tários os elementos de sua propria educaçao politica, isto o.
armas contra cla propria”. '-'ll
.it medida que socialiaam as suas experiências comuns, no
eontesto das suas relaçoes de trabalho e das suas esperiencias de
vida cotidianas, os operários compreendem de modo cada ves
mais claro o caráter alienado e antagonico da sua condição.
Pouco a pouco, tendem a organizar as suas atividades politicas em
função dessa compreensão. Ho curso da formaçao de sua cons-
ciência politica, o proletariado pode confundir a máquina com o
seu inimigo ou aceitar a aliança com a burguesia nascente, para
lutar contra os inimigos do seu inimigo. E também pode ser
levado a aceitar seitas e doutrinas do socialismo utopieo. Paulati-
namente, no entanto, a classe operária vai elaborando a sua
consciência politica. Essa o a ocasião em que começa a com-
preender a burguesia oomo a sua elasse antagonica. E obvio que
esse processo de tomada de consciência da elasse operária desen-
volve-se ao longo das suas proprias lutas, como elasse. isto o, a
classe operária não se constitui apenas porque o regime capitalista
se desenvolve; ela se forma na medida em que luta contra as
relaçoes de alienação em que se acha inserida. E no curso dessa
luta que ela acaba por identificar toda a hierarquia dos seus
inimigos, ato compreender o Estado burguês como o núcleo do
regime em que se funda a sua alienação.
“.1t.ssim, alám dos distintos movimentos economicos dos operários,
surgem em todos os lugares movimentos politicos, isto E, movi-
mentos de classe, com o objetivo de impor os seus interesses de
forma geral, de uma forma que possui força coercitiva social
geral. Se bem que estes movimentos pressupõem certo grau de
organização prévia, em compertsaçlo eles igualmente significam
meios de desenvolver essa organização". 2”
-- í'í?I
E-'~ ra. p- as-1-tz rs. 1-.. sr. _
il" lvl.-slot. lt. “Mara to F. litolte in New 'lr'orIt.“ (Carta datada de 13 de
novambrn de 1E'i'l.]| In: Haus. lt.- e EHoar_s, F. .5'er'r=t'ted Forresponeiorrcc.
lvloscon, Progress Publishers, 1955. p. Zoli-TI. citação da p- ITI.
 ._
ãll
4. Estado e sociedade
Seria equívoco pensar que lvlarx não elaborou uma interpre-
tação do Estado capitalista, simplesmente porque não a vemos
sistematiaada em algumas páginas, num ensaio ou livro. A inter-
pretação do Estado capitalista apareoe bastante bem dclineada
nos vários passos da sua análise do regime capitalista de produção.
Naturalmente a sua concepção de Estado vai se explicitando ou
desenvolvendo ã medida que estuda as imbricaçoes ou os desdo-
bramentos sociais, politicos e economicos das forças produtivas
e das relaçoes de produção, em seus desenvolvimentos especifica-
mente capitalistas. Cl conjunto do processo de produção de
mais-valia, de reprodução ampliada do capital ou de mercantili-
aação universal das relaçoes, pessoas e coisas, somente pode ser
compreendido se a análise apreende também o Estado, como uma
dimensão essencial do capitalismo. A teoria da luta de classes
seria uma simples abstração, se as relações e os antagonismos
de classes não implicassem no Estado capitalista como expressão
e condição dessas mesmas relaçoes e antagonismos. Quando se
refere as estruturas jurídicas e politicas, que expressam as relaçoes
de produção, está se referindo ã “superestrut'ura" da sociedade,
ao poder estatal. Todas as contradições fundamentais do capita-
lismo envolvem o Estado, como expressão nuclear da sociedade
civil. Em síntese, s análise marxista do capitalismo seria inin-
teligivel, se lvlarx não tivesse elaborado, também e necessaria-
mente, uma compreensão dialética do Estado.
Em seus primeiros escritos, lvlarx discute e procura superar
as concepções hegeliana e liberal do Estado. *" Para ele, o Estado
nem paira sobre a “sociedade civil" nem exprime a “vontade
geral". Entende o Estado inserido no jogo das relaçoes entre as
pessoas, os grupos e as classes sociais. Com isto não queremos
diaer que lvlarx teve, já no principio, uma compreensão nova e
acabada do Estado. Nada disso. A sua compreensão nova ele
a elaborou a medida que desenvolvia os três núcleos principais e
combinados da sua atividade: ri) a critica da dialética hegeliana,
do socialismo otopico e da economia politica clássica-, li] a
5"' Consultar, em especial: Msax, li.. Critica da Filosofia alo Direito de
Hegel. Lisboa, Editorial Presença [s. d.]¡. lvlsax, it.. e Etsoues, F. La ideo-
logia olrmorar. esp. p. ill-11.
_-afr-_'-r-I-I¬.l=Çl-I-
31
análise do capitalismo; cj a participação prático-critica nas lutas
politicas do proletariado. Note-se que, aqui, falamos da forma
pela qual a interpretação de lvlarx surge em suas obras. Dutra
questão é saber qual foi ou quais foram as ocasioes exatas em que
ele realizou a sua compreensão dialética do Estado. Este é um
problema da sua biografia intelectual, da qual não estamos
tratando. Aqui falamos principalmente da exposição e desenvol-
vimento do seu pensamento. E importante reconhecer, sob qual-
quer das suas perspectivas, que, desde os seus primeiros escritos,
lvfarx estã preocupado com as relaçoes e determinaçoes recipro-
cas entre o Estado e a sociedade, numa otica diferente daquelas
propostas anteriormente, não apenas por Hegel. Hesse processo
crítico, formula a chave da sua concepção, quando diz que o
Estado precisa ser compreendido, simultaneamente, como uma
“colossal superestrutura" do regime capitalista e como o “poder
organizado de uma classe" social em sua relação com as outras. 1"*
No inicio, a discussão realizada por lvlarx sobre as relaçoes
do Esttido com a sociedade civil ou com os individuos, os grupos
e as classes sociais apreende, principalmente, as dimensoes poli-
riear dessas relaçoes. .afirma que o Estado e a sociedade não são
politicamente distintos; que “o Estado é a estrutura da sociedade":
mas o Estado nao é a expressão harmonica e abstrata da socie-
dade. .r'-'l.o contrário, jo se constitui como um produto de contra-
diçoes politicas. Esta ti a primeira e mais geral contradição na
qual se funda o poder estatal: “Cl Estado se funda na contradição
entre o priolizco e a vide privado, entre o interesse geral e o
pnrricarinr". W
Para realizar-se, no entanto, o Estado não pode aparecer aos
cidadãos e as associaçoes (ou gmpas, classes, exército, igreja etc.)
dessa forma, simplesmente como um produto de antagonismos, ou
como um feixe de oontradiço-es. lsto seria muito transparente e,
'-*" lh'lsII, If.. tfortrrloalpdo ri Crlris-tr da Eeorrornin Politica. São Paulo, Ed.
Flama, l'5l-l-E. p. El-l. Trad. por Florestan Fernandes. Ver, também: lvlslur.
It. c EJ-recta, F. Maníƒesre da pzrrn' r:ommrrnr'.rre. p. ll' e 35: rlrl'n.rri,ie.t.ro do
Frrrrirfo lÍ.'rJ=rrt.rer|t'.r.lt.r. pr. 21 cl -Il-5.
“il ltfslsr, E. "üliservaçroes Criticas ã. lvfargem do Artigo: 'Ú Rei da Prtissia
e a Reforma 5ocisJ'. " In: Fnrwdrrs. T de agosto de 184-l. Texto transcrito
parcialmente em Bo't1"oi-sorte, T. B. e EUBEL, lvl. Jfari Prfcra. Selected
I-Hriríngs ir: .litocioiogjr ond' Social Pirilosophy. Londres, Penguim Books,
1963. p. 221-Eli e citaçliers da p. 121.
3!
assim, insuportável para os cidadãos c as associar,-oes. implicaria
uma guerra aberta e ininterrupta entre uns e outros. Elcorre, no
entanto, que, no mesmo processo de sua realização, o Estado já
se constitui fetichizado. Na consciência c na prática das pessoas,
tende a aparecer sob uma forma abstrata, como um ato de vontade
coletiva ou como a forma externa da sociedade civil.
“Ú Estado anula, a seu modo. as diferenças de rrnscínlenro, de
c.vrr.ral'o sr.rcial, de cirlrrrrtr c de ocupação, ao declarar o nasci-
mento, o estado social, a cultura e a ocupação do homem como
diferenças .rr-rio poiiricus; ao proclamar todo membro do povo,
sem atender a estas diferenças, participante da soberania popular
em base de igualdade: ao abordar todos os elementos da vida real
do povo do ponto de vista do Estado. Contudo, o Estado deixa
que a propriedade privada, a culturae a ocupação rrrrrein r.r seu
rrrorlo, isto e, como propriedade privada, como cultura e como
ocupação, e façam valer a sua natureza rs-,rrecr'nl'." ii"
“t;`omo o Estado é a forma sob a qual os individuos de uma
classe dominante fazem valer os seus interesses comuns, na qual
se condensa toda a sociedade civil de uma época, segue-se disso
que todas as instituiçoes comuns têm como mediador o Estado e
adquirem, através dele, uma form.a politica. Dai a ilusão de que
a lei se baseia na vontade e, além disso, na vontade separada de
sua base real, na vontade livre. E, da mesma maneira, por sua
vez. se reduz o direito ã lei." il'
Em seguida, lvlarx apanha as dimensoes politicos e econo-
rair-rxr do Estado, ao compreender o Estado burguês como uma
expressão essencial das relaçoes de produção especificas do capi-
talismo. .ao aprofundar a anãlise do regime capitalista, mostra
como o Estado é, em última instãncia, um orgão da classe domi-
nante. D monopólio do aparelho estatal, diretamente ou por meio
de grupos interpostos, é a condição básica do exercicio da domi-
nação. “Ú governo moderno não é senão um comitê adminis-
trativo dos negocios da classe burguesa", o que significa, em
¿'"lvIsax, li.. “Sobre Ia cuestion judia." In: La sgrodn ƒarnilirr. lvlé:-tico.
F.ditoriaI ürijalho, lãáii. p. lo-44, citação da p. 13. ver, também: Mass.
ls.- .il Questão Jrrdnlcn. Rio de ianeiro, Ed. Laemmert, 19159. p, 25. Trad.
por Wladimir Gomide.
-"' lvlsax, ls.. e Ersoars. F. La iderrlrigln olerrrona. p. tiãt.
ímlIÍ"-'I'"_'i_I'¡'
i
l
r
l-
*-*c-=I"I-arcar*
33
outros termos, que “o poder politico, na verdade, é o poder
organizado de uma classe para a opressão de outras". 3”
r'-'to estudar o golpe dc Estado de 1852, na França, lvlarx se
viu obrigado a aprofundar a análise do Estado burguês nesse
pais. Examinou as relaçoes e estruturas juridico-politicas e buro-
cráticas do poder estatal. Inclusive dedicou-se a uma analise
interna rigorosa da constituição vigente na época, para apanhar
a cstrtttura de poder por ela definida, além das congruências e
contradiçoes entre essa estrutura formal e as forças sociais reais
na sociedade francesa. Ha pesquisa, ele recupera a historia do
poder estatal burguês, conforme se constitui e aperfeiçoa ao longo
das décadas posteriores ã Revolução de liliii. As lutas sociais
entre grupos c classes sociais, nos anos l'l'li'ã-tããã, são também
momentos importantes na forrnação do Estado, como uma con-
dição e um produto das relaçoes de dependência, alienação e
antagonismo das classes sociais e suas facçoes. Uma parte dessa
anãlise pode ser sintetizada aqui, nas palavras de lvlarx.
“Esse poder executivo, com sua imensa organização burocrática
e militar, com sua engenhosa máquina de Estado, abrangendo
amplas camadas com um exército de funcionários totalizando
meio milhão, além dc mais de meio milhão de tropas regulares.
esse tremendo corpo de parasitos, que envolve como uma leia
o corpo da sociedade francesa e sufoca todos os seus poros, sur-
giu ao tempo da monarquia absoluta, com o declínio do sistema
fsndal, que contrihulu para apressar. Ds privilégios senhoriais
dos proprietários de terras e das cidades transformaram-se em
outros tantos atributos do poder do Estado, os dignitãrios feu-
dais em funcionários pagos e o variegado mapa dos poderes
absolutos medievais em conflito entre si, no plano regular de um
poder estatal cuja tarefa está dividida e centralizada como em
uma fábrica. A primeira revolução francesa. em sua tarefa de
quebrar todos os poderes independentes - locais, territoriais.
urbanos e provinciais - a fim de estabelecer a unificação civil
da nação, linl1a forçosamente que desenvolver o que a monarquia
absoluta começara: a centralização, mas, ao mesmo tempo, am-
pliou o ãmbiro, os atributos e os agentes do poder governa-
mental. Napoleão aperfeiçoara essa máquina estatal. .-'lt monarquia
legitimista e a monarquia de Julho nada mais fizeram do que
 í
"i lt-'lslütt ii.- e EHoE|.s. F. il-i'rnriƒe.rre da pnrrr' r-orinr1rrru'.sre. p. -ll' e 35:
i|rforir`,fe.'-'ro do Pnrririri tC`n.rnani.rrrr_ ¡-|. EI e -io.
ííím
do
acrescentar maior divisão do trabalho, que crescia na mesma
proporção em que a divisão do trabalho dentro da sociedade
burguesa criava novos grupos de interesses e, por conseguinte,
novo material para a administração do Estado. Todo interesse
oornurn era imediatamente cortado da sociedade, oontraposto a
ela como um interesse superior, genti, retirado da atividade dos
proprios membros da sociedade e transformado em objeto da
atividade do govemo, desde a ponte, o edificio da escola e pro-
priedade comunal de uma aldeia, até as estradas de ferro, a
riqueza nacional e as universidades da França. Finalmente, em
sua luta contra a revolução, a República parlamentar viu-se for-
çada a consolidar, juntamente com as medidas repressivas, os
recursos e a centralização do poder governamental. Todas as
revoluçoes aperfeiçoaram essa mliquina, ao invés de destroçá-la.
Us. partidos que disputavam o poder encaravam a posse dessa
imensa estrutura do Estado como o principal espolio do ven-
cedor." il"
“Llnicamente sob o segundo Bonaparte o Estado parece tornar-
-se completamente autonomo. A máquina do Estado consolidou
a tal ponto a sua posição em face da sociedade civil que lhe
basta ter ã frcnte o chefe da Sociedade de Iii de Dezembro, um
aventureiro surgido de fora f. . . ]›." iii
“E, não obstante, o poder estatal não está suspenso no ar."i'“
“Bonaparte gostaria de aparecer como benteitor patriarcal de
tn-das as classes. lvias não pode dar a uma classe sem tirar de
outra". il"
.oz partir de certo momento, o aparelho estatal está de tal
forma constituído em sua composição, estrutura e concepção, que
o chefe do governo pode ser um aventureiro, preposto ou membro
de outra classe. A forma pela qual o poder estatal burguês se
constitui o torna intrínseca e necessariamente um orgao da bur-
guesia Tanto assim que, nas ocasiocs de crise de hegemonia,
quando a propria burguesia ou alguma das suas facçoes nao está
em condiçoes de exercer o poder, mesmo nessas ocasiocs o Estado
não deixa de exprimir-se em conformidade com as determinaçoes
_-I
iii-' Msait, ii.. U id Hrrrrnririri rir- Luis iirrrrapdrre. São Paulo, Ed. Escriba,
lilotl. p. ti-ft-3-l.
ii* iirid. p. till.
ãliioiri. p. li-2.
ll ilriri. p. t-til.
SS
básicas do regime. rã crise de hegemonia está na base do golpe
de Estado de Iã5.."i, por meio do qual se instaura o bonapartismo,
como governo que aparentemente paira sobre todas as classes
sociais.
“rir burguesia conservava a França resfolegando de pavor ante
os futuros terrores da anarquia vermelha. (...] A burguesia
fez a apoteose da espada; a espada a domina. Destruiu a im-
prensa revolucionária; sua imprensa foi destmida. Colocou as
reuniêies populares sob a vigiiincia da policia; seus saio-es estão
sob tt vigilãncia da policia. t- _ _) Fteprimiu todos os movimentos
da sociedade mediante o poder do Estado: todos os movimentos
de sua sociedade são repriroidos pelo poder do Estado." "i
i'~lote-se que não se trata apenas de crise de hegemonia, mas
também do receio de que o poder burguês viesse a ser destroçado
pelos trabalhadores. A burguesia francesa se achava atemorizada
diante do aparecimento do proletariado como força política. Esse
temor era tanto mais forte e real porquanto ela tinha a experiência
recentíssima das lutas havidas nos anos Iilriã-fill. "" Hem por isso.
entretanto, o capitalismo francês deixou de desenvolver-se. Ao
contrário, sob o Império de Luis Bonaparte, nos anos liiiiã-Til,
cresceu intensamente.
"Em realidade, era a única forma de goverrrn possivel, em um
momento em que a burguesia havia perdido a faculdade de
governar o pais e a classe operária ainda não a havia adquirido,
tl império foi aclamado no mundo inteiro como o salvador da
sociedade. Sob a sua égide. a sociedade burguesa, livre de preo-
cupaçoes politicas, conseguiu um desenvolvimento que nem ela
mesma esperava. Sua indústria e seu comércio alcançaram
proporçoes gigantescas; tr especulaçãofinanceira realizou orgias
cusmopolitas; tt miséria das massas destacava-se sobre a osten-
ração desaforada de um luxo suntuoso, falso e abjero. Ú
poder do Estado, que aparentemente fiutuava por sobre a socia-
dttdc, era na realidade o maior cscãnclalo, atttêntico viveiro de
corru pção." il"
¡.__.íí._._._._- -._ _
"T ilr'iá.I~tlE. lá. f-l foi ffrirtttririo tie Lrris' fiorroporte. p. lãi.
7"* l|rl.s.t-t.1t, li.- .-'l.r .f.rrru.r ele t'Í'frr.r.s'r'.r ir.-.r F,rrrrr¡,'r.| fid'-#5 tr idjfijl, Rio ele Janeiro,
Editorial "li"ii|fIT'iu. I'-.ião-; .I[.r'.v f.|r¡'re.1- tie' t'irr.r.sr'.t en France fifl-II-il'-i-rS5I'il,i- Paris,
Editions Sücirsles, i'iI'tl-fi,
iii' lsfsax. li.. Lo grrrrrr i-irile rvt f`rnnr'e. Paris. Editions Sociales, lilliiz.
p. sn--ll.
Cama vemas, para lvfara, a Estada e, aa mesma tempa,
canstituída e aartstituinte aas relações de dependência, alieaaçãa
e antaganisma, que estaa na essencia das relações capitalistas de
praduçaa. Par issa, lvfarir. nãa reduziria a pader estatal a apenas
uma das suas expressões, ainda que fundamental. A candiçõa de
õrgac de classe e uma determinaçaa basica, canferinda-lhe as
candições essenciais de desenvalvimenta e crise; mas naa é a única
nem aparece cam exclusividade. D Estada é. a “calassal superes-
trutura" da saciedade capitalista, aa mesma tempa que a "pader
arganisada de uma classe" sacial, a burguesia, sabre as autres.
bla medida em que aa relações de pra-duçãa saa, simulta-
neamente, relações de dependência, alienaçãa e antaganisma, nãa
padem ser preservadas, a nãa ser que uma das classes saciais seja
hegemõnica au dispunha de elementas para definir as estntturas e
as atividades da aparelha estatal. lata usa impede, entretanta,
que a Estada eaprima, simultaneamente, as interesses da burguesia
e alguns interesses de autras classes saciais. Ú que se verifica, em
situações cancretas, 6 que as classes aaa representadas diferencial-
mente na Estada burguês. Cama se farma e aperfciçaa a medida
que se desenvalvem as farças pradutivas e as relações de
praduçaa, a Estada burguês esta canstitutivamente arganiaada e
arientada pelas exigências da acumulaçãa capitalista. Naa se pade
dar a uma classe sem tirar de autra, da mesma farma que nãa
se pade tirar tuda de uma classe, sab pena de eatingui-la. É
precisa ter em canta que a puder estatal varia canfarme a canja-
gaçãa das farças ecanõmicas e palíticas. Ha acasiões em que a
burguesia manapaliza tatalmcnte a aparelha estatal, cama na
ditadura; ha acasiões nas quais esse mcnap-õlia nãa pade eaeraer-
-se de mada eaclusiva, cama na demacracia burguesa. As veces
a burguesia É abrigada a transigir, fazenda aancessões à classe
media au, mesma, aa praletariada. Alem da mais, a mavimcnta
interna da saciedade capitalista gera, freqüentemente, descam-
passas entre as farças palíticas da praletariada, da classe media e
da burguesia, na cidade e na campa, em suas relações internas e
ettternas.
Ja nas primeiras mamentaa da capitalisma, a burguesia
ascendente tende a usar tada a pader da Estada para acelerar a
repraduçaa da capital e, aa mesma tempa, destruir au incarparar
as remanescentes da feudalisma. Desde a epaca da acamulaçaa
ariginaria, a pader estatal surge vinculada a burguesia. Essa
3?
supremacia e facilitada pela fata de que, na epaca, as trabalha-
dares catia senda surpreertdidas pelas transfanrtações saciais que
accmpanbam a eapansaa da rnercantilisaçaa geral das relaaões,
pessaas e caisas. Nessa epaca, está em cursa a revaluçãa~ burguesa.
"Ha transcursa da prcduçla capitalista. desenvalve-se uma classe
trabalhadara que, par educaçaa, tradiçaa e castume, aceita as
esrlgencias desse mada de praduçia cama leis naturais evi-
dentes. A arganiaaçia da pracessa de praduçia capitalista. em
leu plena deaenvalvinaanta, quebra tada resistencia; a praduçia
cantlrlua de uma auparpcpulaçia relativa mantem a lei da aferta
e da pracura de trabalha a, partanta, a saldria em barmania cam
al rteelllldades de eapanlla da capital; e a caaçaa surda das
_I"IIIp5Il acc-rlñtuleaa cmtlallda a darnlnia da capitalista sabre a
""`"""""|1'II'Il|llI|ifI'r. dtlnda ea e-:rltpregari a vialencia direta, a margem
Iflllñldeal, lula dcravanta apenas ern carater ascepcia-
Illltlll-l dll eailal, baata deixar a trabalhadar
III- pleducIe'. ista e, a sua dependencia
fl|| próprias candições de pra-tluçaa.
pela aaaaa eestdlçõcs. lvfas, as caisas
durante a girteae histórica da praduçia
Ilalaeltte precisava e ernpregava a farça
**I'I|tIl¡r' a lataria, Ista e, camprimi-Ia deatra das
I prcducia de mais-valia, para pralangar a
da Irllillhc a para manter a prõprla trabalhadar num
fliqllidb de dependencia. Temas al um fatar fundamental
acumulaçlic arlginaria."'°
¿I¿I Illllllllrll de aprapriaçaa ifecanõmicas) e da-
eperar da farma adequada e integrada,
daminante, e indispensável que as
e praletariada, sejam subjugadas
fccltdlelo essencial da própria
da mais-valia. cama praduta
IH"pIIt. aumente pade eaercer-se
fltlfi aupcrtlvala, fisica e sacialmente,
I Ilúlflldldl de que a Estuda burgulla
all grau mínima, e cama refleaa da própria
algum interesse da praletariada. Nesse jaga
para a sabrevivencia da Estada burguês, cama
I candlpla das relações capitalistas de praduçaa. A
 -
-lilica. at. It captar. r. 1, ¡-_.. sat; a capital. uv. 1. p. ssa-ss.
3!
aaaciliaçãa de interesses desiguais e cantraditdrias, cama as da
burguesia, da classe media e da praletariada, ê siraultaueameute
uma candiçfia para subjuga-las. aas interesses da burguesia au a
sua facçaa mais farte. Acresce que a canciliaçäa taata prapicia
a cantinuidade e acclcraçãa da praduçãa de mais-valia aama
permite evitar a agravamenta das cantradições de classes além
das limites canvenientes a vigência da regime.
.Aa examinar a praduçaa de mais-valia absaluta e mais-valia
relativa, l'vlar¬.s demanstra que ht'-l um mamenta em que a praleta-
riada cameça a lutar par sua sabrevivencia física. El regime
inicialmente estava dizimanda uma parte da classe aperaria, Em
canseqiiência, esta ensaia algumas reações. ainda que de farma
anarquica au paliticamente pauca eficaz. Esse ê a sentida básica
da mavimcnta luddita, que precanizava a destnsiçãa das máquinas.
“Fai necessaria passar tempa e acumular experiência, ant que
a praletariada saubesse distinguir entre a maquinaria e a seu usa
capitalista, aprendenda assim a dirigir as seus ataques nau cantra
as meias materiais de pra-duçaa, mas cantra a mada pela qual
eram usadas." *1
dia mesma tempa, certas setares da aparelha estatal, inclusive
cama representantes da burguesia, cameçum a campreender que
as perspectivas de eapansaa das relações capitalistas paderiam
ver-se prejudicadas, se fassern mantidas as niveis entãa vigentes
de eaplaraçäa da farça de trabalha. Nessa êpaca, ainda era
impartante a praduçãa de mais-valia absaluta, resultante da
errtensãa da jamada de trabalha. Alem dissa, a aperariada era
campasta tambem de crianças, alem de adalescentes e adultas de
ambas as serras. Entãa cameça-se a pôr em pratica a legislacõa
fabril, que "limita" a jarnada de trabalha de crianças, adalescentes
e adultas, beni cama '*prafbe" que certas atividades pra-dutivas
sejam desempenhadas par crianças au mulheres. Tarnara-se ine-
vitável que a pader estatal farraulasse e pusesse em prática uma
legislaçia fabril, para a “prateçãa fisica e espiritual da classe
aperaria". *Í
“rir legislaçãa fabril, essa primeira reaçaa cansciente e sistemática
da saciedade cantra a marcha espantanea da pracessa de pra-
 
H lvLI.|ar, H. Ei capital, 1. 1, p. -HI: Ú Capital- Iiv. l, p. dllll-SIL
W Hasta. ff.. El capital. t. 1, p. 551; Ú t.'I'apr'rul. liv. l, p. 575.
35
duçãa ê, pais, um praduta tia necessaria a indústria maderna
cama a fiaçia de algadäa, a sclƒ-acrar e a tclêgrafa eIêtrica."*='
Para lvlarx, pais, a Estada nãa e apenas e exclusivamente
um drgãa da classe daminante; respunde tambem aas mavimcntas
da aanjunta da saciedade e das autras classes saciais, segunda, ê
õbvia, as determinações das relações capitalistas. Canfarme a
grau de desenvalvimenta das

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