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.I"I|:_ Q . I - ' Iii . ...-- - íí"'__ _. ürganizadurz Úctauiu Ianni SO0IOLOGII\ FEEunLE É É ri. ff. Ea ¿=.';1=.-; ar- CIP-Bruil. -Lhnllullfllzu-nn-Furl: Clrmra Bruzllleira -:In Llwfl. EF Hlfl, llilrl. 1fl1I-'Il-E-3. M3-!;¶k Ihrl Hu: 1 mczlnluiin |' urpnlzldn-r [_-da mh- lnd Llllnl] EI-|:I|r.I|:r [mui ; I'I:|1-tluçln dl Hill: Elim h'Iur.ulr|h||, 'In-M tl: .|'u'H:I1'l:Ie- u Fl||.u^I:›:|- H. 1':]I:- p|m11_ _ :_ nú. - sin Puuú : Aun, mn- z-:tmzum zizmlm mui. ; um lnúhd munduçziú mhu Hum pm üum-iu Iu1.n.i_ 1. I_';1.|un |u:u:L|h 1. Çumunlnmn 3. Eumunhiqu :I inuhdldu -l. Mun. lhrl.. Ill!-1iIE3 3. E-D-Iriulugm I. lmui.. D'I:h'In. 1916- II. Timbu. CDU-3H.4!l3flI -Hi -$EIl_‹H -!1l.'l.53|1 Ifl-WDS --I-T! -3 Indian pin c|.ti.'I|:||: nlltlurilium _ Chun nuclnl-1. : .I|.|¡|-nclcri pul.'I|I|u|:|| 323-.El _ C] ` ' L Sud In 3|DI.=Hinn inclui I: |li _ Cluiu nunirllll -I Eltndfl- : EI.Im:i|. |:n:I[I.I|:¡ 315.3- Eflnlu :I :iliifl add: 5 Etluch puI.'[|L:I. 31!-.1 _ Muxllnin : Cilnuil puI.'ÍIi|:n 3i.0..'I3-1 _ Huiluuú 1 mdulufll 135.-I3-EIHII1 _ Sniiühlil. 3411 . Eüflülüfll mflfilll !|3.5¬~I3EH|'1|::¬.i:I-.u-|-I=-'-|H-- EDIÇ.¡.Ú Tf'n'dn;-:ifl_' Minriu. Elisa Ma5r:a|'=:nhus. Inn: dr: An-Llrudt E Fmlalu- H. Pellugrini C'-:1¡Ja`‹.!`z*:qrr‹'_- F-f'Iit51|n I'+'I‹Jri5.:=.zl¬.1›'L1 E M. '|É":mnIin11 du A. Ilmuhí «["urJr:¡`ú*m1|;':ifr .'_'.1r.E:`4'flr.í.::|': Insé A. D1: ürafv.-ilifl.: Fmnlwt 11`-rJn.'m.I`:wfu G‹'rrr.': |“'rnI`. I-'I|_H'|:~.tun F|.'|'|1aLmi¢:.~'. .-°LETI-L lI`flp‹:.' F.1it`u:-. .fizndrualu Prnƒrrn f_E'r¿i,fIz'z:: Virgirxia 'Fujiwara Prmfrrgfiim G`r-:íƒicfl.' E.Iaine ]¬?_‹:g,i1'|:-L 411: CIM'-'uiríl I¬.`:.i'.í¬1'.z¡‹.1 de _.-irrf: .-*zdumir Úurlus Schneidcr Fura dv m¡m.' Juãü Bittar 1980 Tndus us dir-:itus resenfadns pela Edimra .Mica SA. R. Barãu de lgmlapfl. IIEI _ Tel.: PEI ZTE-9322 (SD Ramaial C. Pnfital E6515 - End. Telegráficn "E›Dmlh.fm" - S. Paula J -_}-J'¿:f _ SUMÁRIO INTRODUÇÃO [par Eiata-.-ia Iannli. T |_ A Pnaauçm na aaclaaàaa 1. Fundamantaa da Hiatdrla. 45 2. Eiandlçõaa hiatdricaa da rapraduaãa aaaial, E2 EI. Earactariatlcaa aaaanclala da alatama capitaliata. 'HL 4. Infra-aatrutura a auparaatrutura, E2 II. CLÀSSES SOCIAIS E GÚHTHAIIHÇÚES DE CLASSES 5. Aa claaaaa aaciaia. 95 E. A aatrutura da ciaaaaa na Alamanha. 102 T. Ciaaaaa aaciaia a banapartlama, W B. U aaarclta induatrial da raaarva. 125 E. üuaatianaria aahra a altuaaãa aparária na Franca. 133 III. EIISTENCIA E ÚDIIISCIENCIA 1EI. A praduçãa da aanaciëncia. 145 11. Fatichlama al raiilcaaãa. 159 12. idaalagia a ciência. 1'i'5 12. Fiaalidada aaaiai a panaarnanta. 1T'i" W. EETADD E SDCIEDADE 14. Eatacia. aaciadada civil a raiigiãa. 153 15. D cidadão. 155 19915. A canatituicãa. 2ü311'. D padar aatatal. INDICE ANALÍTIGÚ E DNDMÀSTICD. 211 Tazllaa para :ali adiçin axtmídaa da: |-_1 _ Mani-:. K.. Caniribuiçãa ai C'rí1|`ca da Ecanamia Paiiiiaa. Sia Paula, Ed. Film* I9-115. ]'1.-'[a.It1›:. Iii.. Ei' capitai. México. Funda da Cultura Eccindmica, 1945-41'. Mitltií. H.. La sagrada ƒamiiia. Méxica, Editarlal Grijalba. 1959. Mana, H.. Miséria .-:ia Fiiasaƒia. Ria da Ianaitn. Ed. Leitura, I9155. Malu-:. I'-Í. Ú Capiiai. Trad. par Raginalda 5anI'.-Iinna. Ria da Ianaira. É-Ívililaçäü BI':El5iIEÍ1'a, 1955. E'='r-i'¬=¬- Mint:-1:. Ii.. O .id Brumdria c Cartas a Kugaimana. Ria da Janaira. Ed. Faz I Ta fra, 19159. }|,|'|,q,¡|_z|{_| H" Rgvflfufiflfl .naiÉfluntar-Ravfliuliflfl fflƒ Gdfmflfljl' III .id"'“Íl'I'.i- LDIIÚIÍÉI: Gaza:-gi: Alian and Unwin. 1952. i'vI.|.¡t_;¡._ K.. Trabaƒha .dsaaiariada a Capital. 1.* Ed. Riu da Ialtairn, Editüfi 'Ii-'ítd-ria. 19153. Mana. E.. a EHGELS. F. Escrita.: Ecaad-mícas Várias. México. Edilarial ürii-' jalba. 19152. Mana. 111. a EHaa|_a. F. L'íd'éaiagia aiiamnda. Paris. Eidtüaaa Saciatai. 1953. Mana. E.. a Eaaaca. F. übras ascagidaa. Maacau. Edicicmaa an Lcnguaa Ex- tranjcraa. 1951. Capa: Grava das Metalúrgicas am Sia Paula (1973). ¶'¡'|-f-“"“'-"-ESL.. _._--'~a;=-f:a=›- * Octavioianni Plnfauar da Eacialagia na Cursa da Fda-Graduaçiü -I1'I'l Cllnctaa Saciaiu {PUc) hlambra da caattar ii :'91 | -'--+1}..¡1> Ut .«¬_f.._.'_ fz 1 'IQ ÍÍÍ.: ,1<W z pari. E _"-_ ¬.`.|‹{‹.L~“'*` ¡ "i nl' . .-I' .-I Í Ja. ;-I .|-¡.|r II. "I' F-z 'il 'n `- 1. A praduçaa da saciadada capitalista A analisa da ragimc. capitalista da priiduçãti nan sa rcstringa as ralacaas acanüinicas, sa bcm qua paraaa iniciar-sc ncssa pantn. Aa analisar a capitalisma. Mais apa- nha ns fandmcnns cama fanümanas snciais tatais. nas quais sabias- saam n acanamicn a a palitica. :_-.nina duas nianifastaaiics cambi- nadas a mais impartantcs das ra- laçücs alltra |Ja55i.1as, grtlpas E: Elas- sas i-iniciais. Pal' lssa É qua a sua analisa apanha sc-mprc as cstruttl- ras da aprnpriaczin acaniimiaa a damiiiaçaa palitica. am qua tan- dam a cristaiiaar-sc aquaias rala- çilas a ns antaganismns qua cam flfl ll Duda l crítica da dialética hcgaliana ii analisa H I|iI|,lII›I fil India, tadtis as trabalhas da Mais sina. Hflfllfllltlllllllrltl, da lfllarprataaha da cama a mada capitalista Ú |lll'I}l€lI.1ÇIfl I'ItlIrI:lrItlll2.i1 Ei raluçiias. as passaas a as ctiisas. cm Illtblta nlalanal a mundial. aa masrnn tampa qua dasaiwatvc. as um aantradiaaas. Jia intagrur critlcarnantc as cantrihuiañcs da Fílasnfia clas- Ilal alatni. da saciaiisma uldpica irancas a da acanamia pnliiiaa alllllca lnilasa. Mars aiabnrnu. simuitancamcntc, a matada da treis Highlight treis Highlight treis Highlight treis Highlight treis Highlight anälisa a a intarpratacão do capitalismo. 1 Esta é um aspacto assancial do pansamanto da Mars: a matariaiisma dialética a o matariaiisma histórico são as dois alantantos principais a oonju- gados da masmo procasso taórico-pratico da railaitao sobra a capitalismo. Na abra da lvtars. a capitalismo é lavado a pansar-sc a si masmo. da manaira global a cama um modo fundamental- manta antagónico da dasanvolvimanto histórico. Da masma forma qua o mada capitalista da producao. a dialética marsista funda-sa nas ralaaóas da antagonismo. Cl principio da contradição govarna a mada da pausar a o mada da sar. lvlasmo porqua. ambas são manjfastaçócs da masma época histórica. As ralaaó-as da antago- rdsmo ocorram am todas as épocas históricas. aparaaarn am todos os modos da produçao. Em cada época. no antanto. adquiram configura-çóas particularas. Em cada época. as datanninaaóas aconómicas. politicas. raligiosas ou outras organizam-sa a datcr- minam-sa raciprocamanta da modo divarsa. No capitalismo. os sntagonismos fundados nas ralacóas aconómicas adquiram praami- néncia sobra todos os outros. anquanto datarminação astrutural. Em asséncia. o capitalismo tl: um sistama da maroantiliaação univarsal a da produçao da mais-valia. Eta marcantiliaa as ralaaóas. as passoss c as coisas. Ao masmo tampo. pois. marcan- tiliaa a forca da trabalho. a anargia humana qua produz valor. Por isso masmo. transforma as próprias passoas am marcadorias. tomando-as adjativas da sua forca da trabalha. Vajamos o qua dia Mara. num dos últimos capítulos da O Capital. ao chamar a atançao para duas catagorias básicas do ragima. Como catagorias dialóticas. alas asprtmam datarminaaóas assancisis do raglma_ "Dasda o primairo instantc. sito duas as caraataristicas qua dis- tinguam o modo capitalista da produçao. Primeira. Ela pro-dus os scus produtos como marcadorias. U fato da qua produz marcadorias não o distingua da outros modos da produção; o qua o distingna é a circunstância da qua o sat marcadoria constitui o caratar dominanta a datarminanta das sans produtos. Isto implica. autos da tudo. o fato da qua o próprio oparario somente aparoca oomo vandotlor da marcadorias. ou saja. como trabalhador livra assalariado. da tal manaira qua o trabalho aparaca. am garal. oomo trabalho assalariado. ij. _ .1 Ds 1 L1H|i~t:a. "v'. "K.|.rl lrlartt." ln: Úaavras clto.|'s1'as'. lidoacau. Edition: du Pro- aril. 1911. v. 1. p. 19-49; "Las trois pardal constitutivos du mar:dsma.“ api- fit. P. 5E"6:|- _-Ç-I-11¬|1-1-n-_-1-. treis Highlight treis Highlighttreis Highlight treis Highlight treis Highlight principais agentes deste medo de produção, e capitalista e o operário assalariado, não sao, como tais, senio encarnações de capital e do traballio assalariado, determinados característicos sociais que e processo social de prodnçio imprime nas pessoas, produtos destas relações determinadas de produção. [. . .l D segundo característico do modo capitalista de produção é a produção de mais-valia, como a finalidade direta e o movel de- terminante da produçõo. Ú capital produz essencialmente capital e isto somente na medida em que ele produz mais-valia." 2 A mais-valia e a mercadoria são a condição e o produto das relações de dependencia, alienação e antagonismo do operário c do capitalista, um em face do outro. A forma mercadoria cristaliza tanto o produto do Írabalho necessário à reprodução do produtor (traballio pagoi, como o produto do trabalho eitce- dente (não pago) e apropriado pelo capitalista, no processo de compra e venda de força de trabalho. A mais-valia e a mer- cadoria, pois, não podem ser compreendidas em si, mas como produtos das relações de produção que produzem o capitalismo. Na analise dialética, elas surgem como realmente são, isto e, como sistemas de relações antagõnicas. Nisto se funda o caráter essencial do regime: os seus componentes mais característicos, seja a mais-valia e a mercadoria, seja o operário c o capitalista, produzem-sc, desde o principio, antagonicamente. A descoberta desse antagonismo, pois, não É alheia ã cons- tituição interna do capitalismo. As relações antagõnicas não podem resolver-se a não ser que o proprio capitalismo seja tambem pensado. É necessario que o capitalismo se transforme em concreto pensado, pleno de suas determinações, para resolver- -se. Ele precisa transformar-se em componente da consciencia de classe do proletariado, que É o polo negativo do antagonismo, para que o proprio antagonismo se desenvolva e resolva. U processo de troca, sem o qual a mercantilização universal não se realiza, e, simultaneamente, o processo por intermédio do quai as pessoas, os grupos e as classes sociais realizam-se e pensam-se como categorias sociais reciproeamente referidas e antagõnicas. Não d por acaso que todo processo de reflesão de Marx, sobre as relações, os processos c as estruturas capitalistas, e, tambem, líIí# iltlnlst, E. "Eelaciones de distrlbuciñn v relacione: de prodnccidn.“ In: ll' enpliai. lsleitlco, -Fertelo de Cultura Eeondmiea, llhtl-Ef-›l'l'. t. Ill, cap. Ll, p. ltlld-11. !___í _ ll! uma sistemática, profunda e contundente critica de todas as interpretações, doutrinas, idéias ou conceitos preesistentes sobre os mesmos fenomenos. E que as representações sobre o real são parte necessária do real; são *“sombras“, "reflesos", “formas invertidas" das relações, processos e estruturas do capitalismo. lvlarit estava consciente da relação de necessidade entre o mate- rialismo dialético e o materialismo historico, na interpretação do capitalismo. "Ú descobrimento tardio de que os produtos do trabalho, consi- derados como valores, não são mais que espressões materiais do trabalho humano investido na sua produção, e um descobrimento que marca época na historia do progresso humano lj. . .]|" E Seria enganosa pensar que a critica da dialética hegeliana, do materialismo feuerbacbiano, do socialismo utopico franeés e da economia politica inglesa foi realizada segundo uma separação entre questões de método e problemas específicos do capitalismo ou ao acaso das oportunidades. Com isto não queremos sugerir que lvfars prefignrou e programou todo o seu trabalho. E evidente que foi desenvolvendo, passo a passo, uma compreensão cada vez mais clara de problemas que tinha pela frente. Houve, inclusive, desenvolvimentos ou saltos revolucionários no interior da revolução cientifica realizada por Mars. Toda a sua obra é um documento vivo sobre a maneira pela qual foi percebendo, deli- mitando, eliminando, enfrentando e resolvendo as questões. Hesse processo, a atividade politica de lvlars desempenhou, as vezes, um papel decisivo. Ú que interessa aqui, no entanto, é que, ao longo da sua obra, produz, simultaneamente, o método e a inter- pretação do capitalismo. Não é por mero acaso que, em todas as suas análises, aborda, sempre e conjuntamente, os problemas do capitalismo e os do método de análise. Para mencionar tres esemplos, no "Prefácio" e “Posfácio“` da Contribuição ri Critica ria Econonno Politico i _ posfãcio esse publicado depois como introdução de Eiemenros Fnneiarnenrais para a Cririco ria Econo- mic Politica lürundrissej _ e no posfãeio da segunda edição do primeiro tomo de Cl Capital, lvlars preocupou-se em esplicitar alguns aspectos da dialética materialista. Compreendia que o í*í ii Mans, Iii.. El' cn,pitu.l. t. I, p. El!-E3; D Cupiroi- Rio de Janeiro, Ed. Civi- lização Brasileira, Iálõã. liv. l, p. E3. Trad. por Reginaldo Santh-anna. " ltzfsasr, li.. Conrribaiçdo ri Crlrice do Eeonrnnia Puliricn. São Paulo, Ed. Filnut, 1946. p. Sli-31. Trad. por Florestan Fernanrlea. 11 objeto e o método de seu trabalho eram elementos necessarios e encadeados do mesmo processo de conhecimento. Enquanto que, para Hegel, o processo do pensamento é o "demiurgo do real", para lviarx “o ideal não é senão o material traduzido e transposte na mente do homem".i*` lvlarx havia descoberto os eneadeamentos e as deterrninações reciprocas entre as condições de existencia social e as idéias que expressam essas condições na mente do Homem. Isso era crucial para o entendimento e a transformação do regime capitalista, ja que este possui, desenvol- vida em grau excepcional, a faculdade de divoreiar as dimensões e as figuraçoes que compõem os movimentos do real. Essa é a razão por que a análise marxista da mercadoria passa pela análise do seu fetiehismo. "Toda ciencia seria supérilua, se a aparencia exterior e a essencia *idas coisas coincidissem diretarnente." ' Nessas condições, a análise dialética torna transparentes as relações, os processos e as estntturas capitalistas. Clpera como uma técnica de desrnascaramento, pois que exige a critica das idéias, conceitos ou representações, sob os quais as pessoas, as classes sociais e as coisas aparecem na consciencia e na Ciencia. Não seria possivel explicar a mercadoria, como um sistema de relações (dos homens com a natureza e entre si, na produção e reprodução de si mesmosj sem desvendar o seu "caráter místico". Depois de mostrar como o valor-de-uso esconde o valor-de-troca e ambos escondem o valor-trabalho, de mostrar, portanto, que a mercadoria é trabalho social cristalizado e alienado, lvlarx se dedica a examinar o seu fetiehismo. Isto é, depois de ver a mercadoria na perspectiva do seu produtor, o operário, ele se dedica a examinar como a mercadoria é vista e apresentada pelo capitalista, ou a sua Ciencia, a Economia política. Ha consciencia e na ciencia da burguesia, a mercadoria aparece como ela não é; apresenta-se ooisificada, como se tivesse propriedades exclusivas, independentes do produtor e das relações de produção. A classe dominante tende a projetar e impor essa maneira de ver a todas as outras classes, inclusive e principalmente ao proletariado. "D caráter misterioso da mercadoria assenta, pura e simples- mente, em que proteja ante os homens o caráter social dos seus lltbrlnt, K.. Ei capital. t. l, p. 11'; Ú Capital. Iiv. l, p. lá. ilslsrut, it. Ei capital. t. lil, p. san. . 'II trabalhos como se fosse um ctirater`materiaI dos proprios pro- dutos do trabalho. um dom social natural desses objetos; e como se, portanto, a relação social, que media os produtores e o tra- balho coletivo da sociedade, fosse uma relação social estabelecida entre os proprios objetos, ã margem dos seus produtores. Este aaist pro çno e que converte os produtos de trabalho em mer- cadoria, em objetos fisicamente metafisicos ou em objetos so- ciais. |[. . .J Úcorre que a forma mercadoria e a relação de valor dos produtos do trabalho, em que essa forma toma corpo, não tem absolutamentenada que ver com seu carãter fisico. nem com as relações materiais que derivam desse carãter. D que aqui toma, aos olhos dos homens. a forma fantasmagorica de uma relação entre objetos materiais não e mais do que uma relação social concreta estabelecida entre os proprios homens. Assim, se que- remos encontrar uma analogia com esse fenomeno, precisamos elevar-nos ãs regiões nebnlosas do mundo da religião, onde os produtos da mente humana assemelham-se a seres dotados de vida propria, de existencia independente, mantendo tanto relações entre si como com os homens. isto é o que ocorre no mundo das mercadorias, com os produtos da mão do Homem. E isto é o que eu chamo o fetichismo que adere aos produtos do tra- balho, tão logo são criados sob a forrna de mercadorias, e que e inseparável, por conseguinte, deste sistema de produção." T E obvio que os fctichismos de todo o tipo são indispensáveis it existencia e it persistencia das relações alienadas que as pessoas, os grupos e as classes sociais desenvolvem entre si e com os produtos das suas atividades. Entretanto, na ocasião em que se realiza a descoberta cientifica do verdadeiro caráter dessas rela- ções, quando se desvendam e desmasearam as suas significações, nessa ocasião os fctichismos começam a perder eficácia. A nova interpretação adere ãs relações sociais como algo que também lhe é intrínseco, e tende a desvendar os reflexos, as formas invertidas, us fctichismos que encobrcm ou sombreiam as determinações essenciais, particularmente as contradições, que governam essas relações. E na análise de lvlarx que todo capitalismo se toma transparente, desde as figurações da mercadoria até its figurações das relações entre as pessoas, desde os eneadeamentos entre a sociedade e o Estado até as contradições de classes. ".-*to Homem. de certa forma, ocorre o mesmo que ãs mercado- rias- Como não vem ao mundo provido de um mpelho, nem pro- 7 H.t.It.lt. Iii.. El' capital. t. I, p. Eli-fil; Ci Capital. Iiv. 1, p. El. IHU*É'-í-CII-lr 'III clamando filosoficamcnte. como Fichte, "cu sou eu". o Homem se ve e reconhece primeiramente em seu semelhante. Para referir-se a si mesmo como Homem, o homem Pedro tem que começar por referir-se ao homem Paulo como seu igual. Assim fazendo, o tal Paulo é. para ele, com os seus cabelos e sinais. e toda sua corporeidade panlina, a forma ou a manifestação sob a qual se reveste o genero homem." 'i "Quando se examina mais de perto a situação c os partidos, desa- parece essa aparencia superficial que dissimula a litro de cl'n.tre.r e a fisionomia peculiar da epoca-" 1' A análise dialética ao mesmo tempo constitui e transforma o objeto. Adere destrutivamente ao objeto, na medida em que desvenda e desmascara os seus fctichismos, as suas ctintradições e os seus movimentos. Desde o instante em que se formula, a interpretação marxista do capitalismo torna-se imprescindível ã existencia historica deste. Ao tomar transparente o encadeamento dos homens e dos produtos da sua atividade, entre si e recipro- camente, a análise desvenda o caráter e as tendencias dos antago- nismos que governam o andamento revolucionário e historico do capitalismo. bla essencia do capitalismo estão, ao mesmo tentpo, a mais-valia, que funda a acumulação de capital, e o proletariado, que produz a mais-valia. Desde o momento em que descobre que é ele quem produz o capital. ao produzir mais-valia, o proletariado começa a libertar-se da dominação burguesa. Esse é o primeiro momento no processo de realização da sua hegemonia. 1. Classes sociais e contradições de classes `- lvlarx realizou várias descobertas revolucionárias, envolvendo a Historia, a Economia politica, a Logica, bem como outros campos das Ciencias Sociais e da Filosofia. CI que-singulariza essas descobertas, no entanto, é o fato de que todas são relaciona- das entre si, todas estão reciprocamentc encadeados. Ainda que se possa discutir a "juventude" e a "maturidatle" ou a "ruptura" e a "continuidade" na obra de lvlarx, as suas descobertas exigem. onde quer que as tomemos, que as vejamos sempre em seus des- dobramentos e determinações mútuos. E isso nos parece evidente, H Hitler, lti.. El capitoi. t. l, p. 59; Li' Crtpitat- liv. l. p. ED. ¡ ltllaldt. lá.. fl id firtrmririo tie Lois iilonupnrte. São Paulo, Ed. Escriba. IHS. p- -ill. _ -I 'Il seja quandu examinamus a sua ubra au lcngu du prucessu da sua pruduçau, seja quandu a tumarnus em termus du seu encadea- mentu ldgicu internu. Para cuncreliaat* um puucu a discusaäu das duas perspectivas sugeridas, vejamus cumu se revelam na furmu- lacãn da teuria da luta de classes. Em quase tudas as ubras de Mars: há uma pren-cupacãu persistente e prepunderante eum c carater das classes suciais, istu e, as cundicües e uuuseqllencias dus seus autagunismus e lutas na suciedade capitalista. Para lvlars, em última instância, a histuricidade-, uu seja, a trausitcriedade du capitalismu, depende du desenvulvimentu desses antagunismus e lutas. Fundamental- mente, u cunlfruntu pur meiu du qual u capitalismu entra em culapsu final e u cunfruntu entre u pruletariadu e a burguesia, puis que. para ele, essas sãc as duas classes substautivas du reglme.f Uma, a burguesia, e a classe revulucien:-'iria que cunstrdi u capitalismu, depuis de ter surgidu eum u desenvulvimentu e a desagregacãc das relações de pruducãu du feudalismuffi A uutra, u pruletariadu, e a classe revcluciunaria que nega u capltalismu e luta para criar a suciedade sem classes, nn sucialismullt prec- cupacae cum essa prublemática surge e ressurge em muitas ucasiües e sub us seus diferentes aspectus. E inegável, nu entautu, que a teuria da luta de classes furmulada pur lvlant li uma centri- buicãu revuluciumíria, tantu nu cuntestu da sua ubra cumu relativamente_ a tudu u que se estava peusandu na sua epuca uu se havia ditu anteriurmente. Ele prdpriu situa essa cuntribuicãu cum clareza. “l'~lu que me dia respeite, uenbum creditu me cabe pela descu- berta da existencia de classes na sueiedade muderna uu da luta entre elas. lvluitu antes de mim, hlsturiadures burgueses haviam descritu u desenvulvimentu histuricu da luta de classes, e eeunu- mistas burgueses, a anatumia ecundmiea das classes. Ú que fi: de nuvu fui pruvar: ll» que a existência de classes sumente tem lugar em rlerermlnarlrrs ƒses lrlstdrícas ele desenvulvimentu da prurlaçüu; 2] que a luta de classes necessariamente cundus a ditadura rln prnlerarlada; 3) que esta mesma ditadura niu cunsti- tui senau a transiciu nu sentida da almllçiln de tr.-elas tu classes e da .tucletltttle sem classes." 1° 1°lvl.1u1.:1t. lt. "lvlarit tu J. Wevdemever in New '!1"urlt." (Casta datada de 5 de rnar1;.u de IE.51.]1 In: hlseet, Ill.. e Ettuecs, F. Selected -Eurrespanrleace. Hulleuu, Pruiresa Publishers, l'il55. p. 159. íl__.__il.-.í._.li .Li-_ Aqui devemus reculucar a prablema inicial: em que medida a teuria da luta de classes de Mara vai se praduainda aa luugc da sua abra e em que medida ela respunde aa desenvulvimentu ldgícu da sua interpretaçãa du capitalismu. Vejamas, agara, a primeira mavimenta da refleaãa de Mars subre a tema. Já nas seus primeiras escritas, lvlarit revela uma preucupaçãa cunstante e prep-anderante cam as questões suciais geradas cum a farmacia c a espansãa da capitalismu. Desde a inicia, ele abarda a alienacãa das gentes na aplica da divisaa sacial da trabalha. Encara esse pracessa sacial cama uma eaadicãa da alienaeãa que marca a esistencia sacial na regime capitalista. Em .d lrlealagla .-rllemd, ande as pruhlemas sãu pustus freqüentemente em termas de primeiras priacípias, encuntramas uma refleitãa cumu estat "JL partir da mamenta em que cameca a dividir-se a trabalha, nada um se mave num circula determinada e eselusiva de ativi- dldfl, que lhe I impestu e da qual nau pude sair; a hamem e aleadar, peaeadur, pastur, au critica crítica. e nia ha remedia eenlu euatlnuer a se-Ia, se aaa quiser ver-se privada das meias da 1rlda". 1' Nessa fpaca, cuafarme ele própria a indica, aa referir-se iranicamente au "critica crítica", lvlarxesta palemiaaridu aum as neu-hegelianas de direita. Sab certa aspecta, ele está levanda a critica da pensamenta hegeliana, na medida em que reaparece na linguagem e nas temas das seus discípulas, as últimas canse- qüencias. .eta mesma tempa, na entaatu, lvlarx já esta retiranda as canseqiiencias suciais da cuncepcãa atimista da eaunumia pulítica classica inglesa subre a divisãa sacial da trabalha. En- quanta Adam Smith via na divisãu sacial da trabalha a pracessa par meia da qual as furcas pradutivas pediam desenvalver-se e generalizar as beneficias du capitalisma, inclusive em iimbita internacíunal, llrlars jd a fucalizava cama uma das furmas pelas quais se cancretiltam as relações de alienaçãa e antagunismu que estaa na base da capitalismu. Tanta assim que retuma as impli- cações ecanõmicas e suciais da divisãa sacial da trabalha em Cl Capital, na mesma busca das relações que fundamentam a alienacãa da prudutur na sistema capitalista. Para Mars, a farca 1' lvlsttlt, ls'.. e Ervaets, F. Lu ldealagla alemuaa. l'1-'IufnIevideu. Edieíunes Fueblus Unidas, 1955. p. 33-. ll individual de trabalha permanece inativa. esteril, se nãa se vende aa capital. Ela samente pade funcianar, criar valar, quanda sc articula, dcpais de vendida. as antras farcas pradutivas, nas qtiadras da divisàa sacial da trabalha, arganiaada também cama farca pradtttiva, segunda as exigências da praduçaa de mais-valia. Ista É. a l'art;a individual de trabalha samentc pode luncianar em beneficia da trabalhadar se fuacianar tambem em beneficia da capitalista. Ha divisaa sacial da trabalha, que impera na indústria. a pracessa de dissaciaqaa entre a pradutar e a prupriedade das meias de prtidueàtt alcança as seus rnaiares desenvalvimentas. Esse e a eantesta em que a aperária se transfarma em aperdria parcial. em peca adjetiva da maquina. Devida ii fragmentaciia da pracessa pradutiva, na desenvulvimentu da divisaa sacial da trabalha, a aperaria e levada a utiliaar apenas uma parte das suas faculdades criativas. Tada a sua energia tende a esgatar-se na succati de trabalha viva pela trabalha marta. ista ti. na cristaliza- cãa de trabalha viva segunda as determinar,-aes da capital. Muitas veses. pais, a divisaa sacial da trabalha true cansiga distarcões na desenvulvimentu e na expressividade fisica c espiritual da aperaria_ l'~lesscs sentidas e que a maquina aparece metafarica- mente digerinda a aperaria. Esse grau de alienaqãa, que passa pela divisaa sacial da trabalha na fabrica. em cada setar eca- ttõniica e na saeiedadc. É uma determiaacãa da prada-r;aa de mais-valia relativa. "I]ecampanda 1.1 alicia manual, cspecialiaanda as ferramentas. larmanda as trabalbadures parciais. grupanda-as c cambiaanda-as r1L1|n mceanistna única. a dit-'isãa manttfatttreitu da trabalha cria tt sitbdivisãa qualitativa e a prap-urciartalidadc qttantilativa das praeessas suciais de praclucãa; cria. assim, determinada rirgrriilec- t;-da da rrnl:-allta sacial e. cam issu. desenvalve aa mesma tampa nava farca pratlutiva sacial da trabalha. .et divisãa maaufatttrcira da trabalha, nas bases histdricas dadas. sd padaria surgir sab farrna especificamente r'api'rall.rrrr. Carna farma capitalista da pracessa sacial de praduçãa, e apenas tttn meta-da especial tic praduair i.nnl.r-valia relativa au de expandir as ganhas de capital. a que se chama de rlqireta sacial. "Wealth af l"~latians“ etc., as castas da trabalhadar. Ela descnvalvc a lares pradativa da tra- halba caletivu para a capitalista e nfta para a trabalhadar e, altittt dissa. defarma a trabalhadar individual. Pradua navas candielies da daminia da capital sabre n trabalha. lslevela-se, de um Iadu, 1? prugrcssa hislúrica e fatal' necessária da desenvalvirnenla ecanñ- mica da saeiedadc. e, de aulra. meia eivilizada e refinada de explaraeac." W Pauca a pauca. lvlarx delineia a sua visaa da capitallsma cama uma saciedade na qual a burguesia e a praletariada san classes suciais revalucianarias e antagõnicas. llevalucitinarias e antagftnicas parque eaquanta uma instaura a capitalisma, a autra eameea a lutar pela destruicaa da regime na prdpria instante em que aparece. Parque aparece alienada na praduta da seu trabalha. aa praduair mais-valia. a praletariada lutará para suplantar essa situaqaa. Parque aparece. desde a principia, cama a classe que se aprapria da mais-valia. a burguesia cameça a deisar de ser rlvelueluttüria na aeasiau em que se canstitui. Hesse instante. l_ preucupar-se principalmente cum a preservaeaa e a aper- c Itsttus qua. Fur dentre tia revalueaa burguesa .l rlvuiucle pruletaria. th ltlltftrll da indústria e da earnercia alta Il l"I'h'tl-lltt das fcretts pradutivas mn-dernas H IIIQBIII de prudaela e de prupriedade. que eaadicia- l'Ill'll H lltlllllnllitt dit hurgftesltt e sua daminaciu. l . . .l .-*ts iarcas predutisftts de que dispõe la saeiedadel ntla favareeem mais a dci-envulvintenla das et'1r1|tlit,1t'ies da ptapricdttdc burguesa; pela canlrdria. larnttrant-se patlerasus demais para essas eandicfies. que se transfarmam em entraves; c tadas as veses que as lareas pradutivas sa-eiais se libertam desses entraves. precipitam na desardent u saeiedade inteira e ameaeam a esistència da pruprie- dade burguesa. l. . .i As armas de que a burguesia se serviu para abater a fettdalis-111:* 'ttallam-se baile cantra a prtlpria. burguesia. Mas a burguesia nau farjau samente as armas que lhe daraa a marte: criau tambdm as hamens que mancjarãa essas armas _ -as ttpcrtirial tnatl-ernul. as `,nraletrirt'a.s'. l. . .l Dra, a in-.zlúatr-ig, dqaanvalvcndc-se, nie semente engrassa n númera das praletirlcs. mas caneentra-as em massas cada ver mais cansidertiveilt us pralllirlas aumentam em larea c adqui- rem mais clara tltlttlltillnttlil dl I-tt-I fcrça. l. . .l Ds ehu-qucs i11- dividuals ettlrl a tlillfliliil I.Il l'tt.l|*|,i|fi tnrnarn cada vez mais a caráter de eltuqtila lntll little cllllltt. Ds apertirias carnecant mim I I | 'fl- "-' retsas. ls'.- l':?l1'c,pltelà~l. l.'I.!1l-llsl-l fl flapltal. llv. I. ri. -11?-ttl. ---._ il par unir-se cantra as burgueses para manter seus salarias. Van ate tarmar assaciações permanentes. na prevlsau de lutas even- tuais. Far vezes a resistencia translarma-se em revalta." ii* dia mesma tempa que se desenvalve a eapitalisma industrial, as trabalhadares assalariadas da indústria vãa se arganiaandu em assaeiaaões, eaalizöes, sindicstas e, par fim, em partida pulitiea. Puuca a paaca eles aampreendem as suas candições semelhantes de vida as suas relações suciais imediatas de trabalha, as suasI' relações entre si, cam as autras classes suciais e, em especial, aum a hur esia blesse pracessa, as trabalhadares individuais trans-gu . farmam-se na praletariada; a classe ecunõmica na classe palítica au a classe em si' numa classe para sí. Essa E a acasiiia em que a praletariada se transfarma numa classe sacial ltegemõniea tpara si au palítica), passanda a lutar paliticamente pela destrulçaa da Estuda burguês e instauraçiia da "ditadura revalueianaria da praletariada", cama fase de transiçaa para a saciedade sem classes. Ha uma determinaçãa recipruca entre alienaçaa, antaganisma e revuluçau. Dentre tadas as farças pradutivas, a maiar E s pra- pria classe aperaria; partanta, a unica que pede transfarmar a sistema. H 'v'ejamus, agcra, a segunda mavimenta da pensamenta de lvlarx, ista ti, cama a sua teuria da luta de classes cat-respunde a uma decarrëncia lõgica da sua analise da eapitalisma. “Hate-se, alias, que alguns aspectus dessa cangruëncia lógica intema já aparecem, implícitas, na análise da mavimenta anteriar. Agara vamas explicita-la melhar. Sabemas que lvlarx elabarau a interpretaçau da eapitalisma realieanda uma integraçaa critica e desenvalvida das cantribuições da filasafia hegeliana, da saeialisme utdpica e da eaunumia palítica classica. Hate-se, entretanta, que ele se apraveitau desse trabalha critica tante para desenvalver e integrar a seu pen- samenta cama para apreender, isalar e aprafundar a analise de questões que aquelas carrentes de pensamentaaaa faram cspaaes de resalver au resalveram em direções que ele aunsiderau Ui lldiaut, lt.. e F.1~1a|si.e, F. ll-lanlƒesre da partt eemmunlsre. Paris, Etlitians Saclales. l9tiü. p. 1121-23; Hantƒesta da Partida Camunlstu. Ilia de laneiru, Editarial 'v'itaria, 19-l-li. p. 18-Ilfl. H telsax, lt... .K-l'l.sere de ta plrilasapliie. Paris, Éditians Su-eiales, 19-til- p. lili; .l'rl't.nirla1 da Filasuƒle. Elia de laneira. Ed. Leitura, 19155. p. llid-455. hccmpletas au falacicsas. Hesse pracessa, essencialmente prática- -tttftlea lvlarx pradua a sua interpretaçau da eapitalisma; interpre 'llela ella que parece eurrespander aa mamenta mais desenvalvida da Illltencia da regime e, aa mesma tempa a candiçaa da sua Ittpetaçla pur autra regime pradutiva. Ha cursa desse trabalha intelectual, Marx deseabre que a Illltcldprta se singulariea par exprimir, em ultima instancia, uma l;¡l'|l!cIu detenninada de alienaçaa entre u cperaria e a capitalista. te, a mereaduria aparece cama valar de usa. lvlas essa I elpressãa, par assim diaer, subjetiva da mereaduria, eaquanta tllaçlu entre a prudutur e a praduta de seu trabalha. .-lt. que a analise pragzride, na entantu, fica evidente que par É ct lttllar de usa esta a valer de traca, e de que par sab este tt ttllar trabalha, ista ti., a trabalha sacial nela cristaliaada. l traca de mercadarias eseande a traca de trabalhas suciais bla medida em que semente a farça de tra- 'l1Il1l1I'. pela que a valar e energia humana sacialmente clsjetu sacial, a acumulaçaa de capital pela capi- fitlelvel pela exprapriaçaa. De seja, a capitalista quantidade de farça de¬traballta da aperariu, mas Ill praduta maiar quantidade de valur da que a sab a furma de saltiria. D segreda da acumu- pull., e a diferença entre a trabalha necessaria a 'ttldl de aperarialu que 1! paga) e a trabalha ,Ç illllll-llldflr E ebtigada a realizar lnaa paga). ql! prada: mais-valia; quanda resulta da predua a mais-valia absaluta, trlbllh , p a cnaagi , tas earnbinadas. vetada da sua farça ptaduçla, tais cume ústme Ile. Hc cursa dessa HI lIlI.iI cattcreta, Marx Ie ese. valer de traca, vruar . individual, aeletiva), mais-valia absaluta, mais- Halle delle precessu explicativa E a slttlll uma relaçac detenninada de III qtlll se encadeiam e upõem u apera- qulttdu resulta da peten u el te l a ils ill “blaa e a aperriria quem emprega as meias de praduçiu: site cs meias de praduçäu que empregam a aperária. Han e a trabalha viva que se realiza na trabalha materializada, cama em seu drgãa abicliva; É u trabalha malerialittada que se canserva e aumenta pela sttcçãa da trabalha viva, graças aa qual canvertc-se em um velar que se valarlza, em caƒtltrrl, e funciana cama tal. Ds meias de praduçlia aparecem, pais, unicamente cume sttgadarer de quantidades crescentes de trabalha viva. l. . .Il Em realidade, a darnittacãa das capitalistas sabre as aperdrias É sarncntc a daminia das carttllrries' de traliullta sabre estes lentrc as quais cantam-sc, também, além das candições abjetivas da pracessa de praduçäa _ ista ti, as rtteitt.r de pradaçda -, as candições ubjetivas dc manutençãa e de eficiencia da farça de trabalha, a1.| seja, das rtrci'a.r tle .sttl.1.tt's'tëricltr]1, candições de traba- lha que se tarnarum autdnamas, e precisamente frente aa ape- raria. l. . -l t'1. daminaçsa da capitalista sabre u apcrtiria E. par canseguinte, a da caisa sabre a hamcm. da trabalha marta sabre a trabalha viva, da praduta sabre a prudutur, pais que, na realidade. as mer- cadarias, que se canvertem em meias de daminaçäa sabre as aperarias lmas semente cama meias da daminaçãa da capital prcpriamentel. nec sua nada mais que meras rcsultadas da pra- cessa de praduçãa. as pradutas da mesma. Ha praduçãa matc- rial. na verdadeira pracessa da vida sacial - pais este e a pra- cessa da praduçãa -- da-se exatamente a tnarma relaçaa que, na terrena idealagicu, apresenta-se na rellglda: a canversãa da sujeita na abjeta e vice-verstt.” ""' Par intermédia desse mavimente analítica, quanda as cate- garias vãa espriminda relações necessarias, que se impõem cam férrea necessidade, surge pragressivamente a verdadeira candiçãa da classe apertlrla, aa mesma tempa que surge a candiçãa ver- dadeira da elasse capitalista, desde a pracessa pradutiva, em sentida estrita, até às suas relações palíticas de antaganisma e l"lEEH=Ç'l1l'.'.l. Entretanta, a candiçaa critica da classe aperaria nau É in- dependente da sua perspectiva critica. A mesma candiçaa alienada da sua existencia, cama classe, eanstitui a base da sua pasiçaa crltiea. Pauca a pauca a classe aperaria se da canta da sua . '-`*lvIxa.s, lt.. Et' capital. Buenas Aires. Edicianes Sigrtas, l9?l. liv. 1. cup.'v'l tinedituj, p- IT, ll'l e I9. f"'Ç¡'¡-"Í"""-"'l MBLIUTECÀN* pasiçia histariea priv ` luta palítica cantra a burguesia. Desde as primeiras escritas, Mars: esteve interessada na pracessa palítica par meia da qual se da a melarnarfase da classe aperaria de classe em si a classe para si. Esse e um mavitnenta crucial na pracessa de desenvalvimenta da cantradiçãa de classes na eapitalisma. “A grande indústria eaneentra, em um mesma lugar, uma massa de pessaas que nas se eanheeem entre si. Hs ennearrëneia divide as seus interesses. ivlas a defesa da salaria, esse interesse camum a tadas elas perante seu patria, une-as em uma idéia eamum de resistencia: a easllaãa. Partanta, a eaaliaäa persegue, sem- pre, uma dupla finalidade: aeah-ar eam a cancarrencia entre as aperärias para pader faser uma eanearrëncia geral aas eapita- listas. Se a primeira fim da resistencia se redusia a defesa da salaria, depais, a medida que, par sua ves.. as capitalistas se as- saciam, mavidas pela ideia da repressäa, as eaaliañes, inieial- mente isaladas, farmam grupas. e a defesa pelas aperarias de suas assaeiaçñes, diante da capital sempre unida, acaba senda para eles mais necessária que a defesa da salaria. _ {. . .It Hesse luta - verdadeira guerra civil _ via-se uninda e ” desenvalvenda tadas as elernentas para a batalha f1.lTl.I1'a- dia f~ chegar a esse pauta, e eaaliaaa tema carater palítica. As ean- diçües eeanñmieas transfarmaram primeira a massa da papulaçaa da pais em trabalhadares. EI daminia da capital criau para essa massa uma situaeia eamum, interesses camuns. Assim, pais, essa massa já E uma classe relativamente ea capital, mas ainda nda e uma classe para si. Ha luta, da qual nãa assinalemas mais que algumas fases, essa massa se une, eanstituinda-se numa classe para si mesma." W Vlmas, pais, que a tearia marsista da luta de classes é a cambinada de dais mavimentes da pensamenta de Par um lada, ele elaliara a sua campreensãa das classes seus antaganismas e iutas a medida que se desenvalvem reflexões, desde a critica das filasafias hegelian e até a critica da sacialisma utdpiea franeës e da palltiea classica inglesa. Hate-se que tadas essas re- Illlrlsn enriquecidas e desenvalvidas inclusive pela sua palítica direta em lutas apcrarias da tempa. Em tada Hisdra de ia pflfiaeaphfs. p. 134; .|H'.i.nfrtlc da Fila-ntlƒfn. |'l. 1153-154. esse trabalha ele vai deparanda as mais diferentes aspectas das relaedes capitalistas, desde a carater alienante da dlvisãa sacial da trabalha na fabrica e na saciedade ate a prablema da superacaa da regime capitalista par uma saciedade sem classes. Par autra lada -- mas aa mesma tempa - lvlarx mergulha e demara na analise das relações de praducãa especificas da eapitalisma. Aa realiaar esse trabalha, reencantra as classes saciais em suas relaeiies necessarias e antaganicas. Um c autra mavimenta eneadeiam-se na cursa da pradueaa da interpretacãa critica da eapitalisma. 3. Existência e eansclêneia Para Mars, a cansciëncia sacial exprime e eanstitui, aa mesma tempa, as relacaes saciais. Par issa, a analise dialética das relações capitalistas exige que a interprctaeãa apanhe sempre a maneira pela qual as hamens pensam-se a si mesmas e uns aas autras. A autacansciencia samente e passível na espelha da autra. A candigäa de aperaria e de capitalista samentese revela nas relaeaes que um e autra estabelecem entre si. Mas essas relaçacs nãa se realizam, a nãa ser que um e autra se pensem na pracessa de aampra e venda de farça de trabalha, de praducãa de merca- daria, de intercambia entre trabalha necessária (paga) e exce- dente (niia paga). Naa se campleta a campreensña da existencia da aperaria e da capitalista, a nãa ser quanda a analise passe pela farma pela qual um e autra se aampreendem a si próprias e recipraeamente. Para recanheccr-se cama aperária, e indispen- savel que a aperaria recanheea a capitalista cama tal e vice-versa. Esse reeanhecimenta e, aa mesma tempa, uma candicãa funda- mental da existencia e negacaa recipracas. Para afirmar-se cama capitalista, a capitalista precisa nãa só aprapriar-se da praduta da trabalha excedente (aaa paga), mas tanibém recanheccr a pradutar de valar excedente, a mais-valia, que aparece na sua cansciëncia cama lucra. Recipracamente, para afirmar-sc cama tal, a apcraria precisa nãa só afirmar-se cama pradutar de merca- daria au vendedar de farca de trabalha, mas também recanheccr a prapriet:-iria das meias de praducãa que se aprapria da praduta da trabalha niia paga. Essas sãa as relaçües basicas de depen- dência, alienacaa e antaganisma, que fundem a existencia e al“~› .cansciência da aperaria e da capitalista. I- Cema vemas, e essencial que a analise dieletica campreenda a maneira pela qual se relacianam, encadeiam e determinam, recipracamente, as aandições de existencia sacial e as distintas madalidades de aansciencia. Naa se trata de canferir autanamia a uma au autra dimensaa da realidade sacial. E evidente que as madalidades de cansciencia fazem parte das aandições de existencia sacial. Par issa e que Marx examina, sempre, as diversas mamentaa e expressões das relações capitalistas. Ele reca- nheee que "a anatamia da saciedade deve ser pracurada na ecana- mia palítica", ista ez, na análise das relações de praduçiia. lvlas entende que, para cunhecer as relações de praduçaa, É precisa examinar desde_a grau de dcsenvalvimenta das farças pradutivas e das relações de praduçaa até as relações e estruturas juridica- -palíticas, jamais perdenda de vista as suas especificidades e as seus encadeamentas recipracas. Inclusive as interpretações prece- dentes e cantemparãneas saa examinadas criticamente. cama di- mensões au expressões idealdgicas e tearicas desse mada de pra- duçãa. Tada esse trabalha intelectual esta arientada pela canvic- çãa de que naa se pade campreender a saciedade se naa se exanti- uam as encadeamentas, desdabramentas e determinações recfpracas das farças pradutivas, relações de praduçaa. estruturas palíticas e madalidades de cansciencia. "bla pmdnçla sacial da prdpria existencia, as hamens entram em relações determinadas, necessarias, independentes de sua vantade; estas relações de praduçia carrcspandem a um grau determinada de desenvalvimenta de suas farças pradutivas materiais. Ú can- junta dessas relações de praduçia eanstitui a estrutura ecanamica da saciedade, a bsse real sabre a qual se eleva uma superestrutura juridica e palitica e a qual carrespandem farmas saciais determi- nadas de aanscaiencia. 'Ú mada de praduçäa da vida material eaadiciana a pracessa de vida sacial, palítica e intelectual.LHia E a aansciencia das hamens que determina a realidade; aa can- traria, É a realidade sacial que determina sua eanscienciaƒ' *LI Úaarre, na entanta, que as madalidades da cansciencia e as de existência sacial nãa se exprimem nem se relacianam mada harmônica. Tanta as pessaas cama as grupus e as saciais apreendem as suas relações saciais reais de maneira Ill. Éaarríhaf;-da si frfrit-a :fa ffcarrnmia Falitirrr. p. 3ll-Íll. ím 24 diversa e antaganica, quanda nan de farma ineampleta, parcial, invertida au fetiehiaada. bla saciedade capitalista, as relações de praduçaa tendem a eanfigurar-se em ideias, caneeitas, dautrinas au tearias, que evadcm as seus fundamentas reais. lvlas nia evadcm par deliberaçãa. .ea cantraria, evadcm, em geral, as aandições reais de vida sem que essa seja a sua finalidade cu intençãa. A finalidade precípua das ideias, caneeitas, dautrinas au tearias e exprimir e canstituir as relações saciais. Dcarre que as varias madalidades de cansciencia (eu ciencia), mais au menas lfmpidas au abscurecidas, invertidas au fetichisadas, canstituem-se, segunda as pasiçõcs relativas das pessaas, grupas e classes saciais, nas relações de dependencia, alienaçaa e antaganisma em que se acham inseridas. "E assim came na vida privada se diferencia a que um Hamem pensa e dia de si mesma da que ele realmente e e fax, nas lutas hlstõricas, deve-se distinguir, mais ainda, as frases e as fantasias das partidas de sua farmacia real e de seus interesses reais, a canceite que fazem de si, da que sea, na realidade". 'H Aqui, navamente, lvlarx nas cclaca a prablema das descam- passas e divdrcias entre as aparencias e as cssencias das caisas. Ú que tarna necessária a analise dialetica e que as caisas aaa siia transparentes; e muita menas quanda elas-sea as relações capita- listas de praduçaa. Na eapitalisma, as relações de dependencia, alienaçãa e antaganisma estãa na centra das relações entre a aperária e a capitalista. lvlas essas relaçõ-es aaa surgem.claras, ardenadas e transparentes nas ações e na cansciencia das pessaas. As ideias, caneeitas, dautrinas au tearias exprimem as relações saciais de mada incampleta au, mesma, invertida. Elas niia padem elidlr as pasiçõcs das pessaas, gmpas au classes nas relações de praduçãa, mas aaa as reflctem, a nan ser de maneira incampleta an evasiva. E sabida que a revaluçaa burguesa praclamau a liberdade de cansciencia, inclusive a religiasa. Esse principia, na entanta, nda fas sense instaurar mais um campa- nente da pracessa de mercantiliaaçaa universal das relações, pessaas e caisas. As prdprias praticas religiasas, inclusive cerimõ- nias e imagens, sea mercantiliaadas. U Ivlzttmt. K. U' .id Brsrmelrfa de Luis Bamtpnrte. p. 49. 25 “As ideias de liberdade religiasa c de liberdade de cansciëncia nãa fixaram mais que praciamar a reina da livre cancarrencia na daminia da canhecimenta". "' Na cansciencia burguesa, a maiar parte das prablemas tende a ser equacianada a partir da princípia da mercantiliaaçaa universal das relações, pessaas e caisas. Par issa, a liberdade religiasa surge de par cam a canstituiçaa da mercada de trabalha, que supõe a direita de livre circulaçaa das pessaas e mercadarias. A liberdade religiasa e tamada cama uma candiçaa maral necessária it livre circulaçfta da trabalhadar na mercada naciansl e internacianal de farça de trabalha. lvlarx natau que a prates- tantisma havia transfarmada a maiar parte das festas tradicianais em dias de trabalha. Aa mesma tempa, a pratestantisma transfe- riu para as pessaas a respansabilidade pela cumprimenta das principias da fe. "Lnrera venceu efetivamente u servidãa pela elrvaçrirr. parque a substituiu pela servidãa da ea.av.|`es;'eia. Acabau cam a fe na autaridade, parque restaurau a autaridade da fe. Canverteu sacerdates em leigas. parque tinha canvertida Ieigas em sacer- dates. Libertan a Hamem da religiasidade externa, parque instituiu u religiasidade na interiar da Hamem. Ernanaipau ti carpa das cadeias parque aarregau de cadeias a caraçãa". 2"' Esse fenõmena acarreu principalmente na epaca de farmaçãa da capitalisma, quanda se verificava a acumulaçiia primitiva na Inglaterra e autras paises eurapeus. Fer. parte da pracessa sacial mais ampla de mctamarfase da pradutar autõnama lcampanes, artesãa au autra) em trabalhadar livre assalariada. Esse fenõ- mena, repetimas, fai uma das primeiras manifestações da cans- ciencia burguesa em farmaçaa. E acampanhau a ruptura das relações e estruturas feudais, nas quais as pessaas pertenciam fisicamente aa feuda e espiritualmente it igreja Catalica de Rama. ,¡,íz1.¡_¡.í¬ía¡ I" lvlsitx, lt.. e Er-iu|;|_s. F, .tffaaƒh-.rrs ala parti «|'rmr.v|nrrí.'-'fr~'- rt- 33; |"i'fHtI¡ft'#í-'1 ||l'.r.| Fm-ri¡.|'.|i {'rmsrim'.rte|. p. 41-44. '-"' lvlsax, li..“En tarna a la critica de la Íiluaafla del dflivhv dfl Hvlll-H 1": Haltx, if.. c Er-«I-aELs, F. La .rer,t,u'ad'a ,fr.trrr.|`J'i'r.|. Mexica, Ed- Í.'.¡I'ilHllZ'HJ.. |"=l'5'-IL p. I-IS. cituçita da p'. Ill; lvtsttx. H.. “lntraducaa is Critica da Filasafiu da Direita de Hegel." ln: .-I I2ac.-rala J'rafai`r.'n. Itia de Iuneira, Ed. Laemmerl. l'iiõ'i't. p- lili-IT. citacita da p. Itil. Trad. par Wladimir Gamide. Cansultar tambem: Miss. x. El t-apitar- 1. I. e- BHS: U' 'I`ar›tf‹íl. lis- I. a- Í'-H: Hels- Ili.. e Erval-;|..s. F. l'J'a ftsfigfriii. lvlascau. Pragress Publishers. Iliõõ. 25 .el perspectiva de classe naa e a única, mas e a determinante. na pradnçaa da cansciencia das pessaas e grupas saciais. Ei nperaria nau pude elidir a alienaçiia da praduta da seu trabalha excedente tnaa paga), da mesma farma que a capitalista nau pude elidlr essa alicnaçaa. Sab as mais diversas farmas, um luta para ma-dificar essa situaçfta, cnquantu que a autra luta para mente-Ia. . E clara que as ideias da classe daminante mia exprimem sempre e diretamente as seus interesses de classe. Elas aparecem sub as mais variadas Iineamentas au cares, canfarme se trate de questões ecanõmicas au palíticas. filasõficas au artísticas. Em geral. na entanta. elas tendem a ser as ideias predaminantes na cpa-ca_ Ista significa que sea generaliaadas as autras classes, inclusive a praletariada, transfurmanda-se, as vezes, em ideias "naturais" an “definitivas". “rlts ideias da classe daminante siia as ideias daminantes em cada epaca; uu, dita em autras termas, a classe que exerce a puder rrrrrferitti t2lt.`t~tTtiI'IH.|'ltI: rta. 'sttaiedtlde É, att TI'tt:sl't'IU t-Et't'l]JCt, sell Padel' e.rptri'rllul' daminante. A classe que tem a sua dispasiçãta as meias para a praduçaa material dispõe, cam issa, aa mesma tempa, das meias para a praduçãa espiritual, a qtte fas cam que se lhe submetem, na devida tempa. u media prnaa. as ideias daqueles que carecem das meias necessarias para pra-duair espiritual- mente". '-*' Parece, na entantu, que a cansciencia burguesa tende a arganiaar-sc, principalmente, segunda as prablemas e as interpre- tações da Ecanamia paiitica. A Ciencia e a cansciencia, nesse casa, tendem a rebater mais au menas diretamente uma na autra. Cl liberalisma ingles, na epaca de Marx, estava prafundamente impregnada das ensinamentas e das fubulaçõcs da Ecanamia palítica inglesa, classica e vulgar. Cama dautrina sacial, palítica e ecanõmica - mas impregnada principalmente pelas categarias da Ecanamia palítica - a liberalisma gcneraliaau-se tanta na saciedade inglesa cama entre as classes daminantes nas paises calaniais e dependentes da imperialisma ingles. "v'cjamas, um pauca melhar, cama lvlarx situa a Ecanamia palítica, quanta as relações capitalistas de praduçaa. ` 'H lvlsax, lt. e l-`;t~|ua|.s, F. La rdealtigia nlrvnane. p. 43--is. ET lvlarx salienta que a Ecanamia palítica clássica (A. Smith. D. Ricarda e alguns autrasl estava interessada em pesquisar as nexas causais internas da regime capitalista de praduçaa. Ela descabre, par cxcmpla, que a trabalha cria valar. mas nãa extrai dessa descaberta as suas canseqtlencias ecanõmicas e palíticas, aa passa que a Ecanamia palítica vulgar tlvlalthus, J. lvlill, Sismandi e muitas autras) cantentava-se em sistematiaar, tarnar pedantes e praclamar, cama se fassem verdades etemas, as ideias banais que farmulavam sabre a capitalisma. Esta se aferrava muita mais its aparencias, em lugar de pracurar campreender as leis que regem as fenõmenas. Aquela elabarava algumas leis, ainda que nãa pudesse leva-las as suas canseqtlencias lõgicas. Ha canjuma. na entanta, as ccanamias clássica e vulgar elidiam a essencial. “.»flt Ecanamia palítica eseande a alienaçaa cantida na prapria essencia da trabalha, pela fata de que nau cansidera a relaçia direta entre a apertiria la trabalha] e a praduçia". '-"-' E passivel afirmar-se que a passagem da Ecanamia palítica classica a vulgar carrespande, ate certa grau, a dais mavimcntas cambinadas na desenvalvimenta da capitalisma. Primeira: Ft. ecanamia classica canstituiu-se cama a ciencia da capitalisma em farmaçaa. Par issa, estava mais diretamente valtada para a campreensaa das relações, pracessas e estruturas que distinguiam a capitalisma de qualquer autra sistema. .eta mesma tempa, devida aa fata de que se inseria na prdpria revaluçãa burguesa que acampanhava a farmaçaa da saciedade industrial, essa eca- namia era glabaliaante e, muitas veces, parecia uma tearia da saciedade capitalista. A._ ecanamia vulgar surge diretamente na perspectiva da burguesia cama farma de pensamenta da burguesia na pader. Dai a raaaa par que ela e muita mais ldealegica. .espanha a realidade de maneira fragmentária e tende para a apalagia da munda burgues. Mas esse e apenas um das mavi- mcntas envalvidas na mctamarfase da ciencia ecanõmica em idealagia. Segunda: Pede-se afirmar, tambem e principalmente, que a passagem da Ecanamia palítica classica it vulgar carrespande a um passa decisiva na desenvalvimenta das cantradições de classes, na seia da sistema capitalista ingles. Ha medida em que se desenvalvia esse sistema, desenvalviam-se as suas relações de W Maxx. li.. .|'|-'frrrtu.rcrit'.s' de ftiee. Paris, Editians 5-acittles. lilfsii. p. 59. IB uliensçãa e antaganisma. Ctuanta mais se desenvalvem e apra- fundam as cantradições de classes - expressas nas agitações, greves, farrnaçãa de assaciações, sindicatas e surgimenta de carrentes paliticas aperarias - mais intensa e a mavimcnta da cansciencia burguesa na sentida de adatar fõrmulas ilusõrias au simplesmente apalagéticas. Os dais mavimcntas cambinadas pa- recem ter pravacada a flarescimenta da Ecanamia palítica vulgar. “A Ecanamia palitica, quanda e burguesa, ista e, quanda ve na regime capitalista nan uma fase histaricamentc transitõria de desenvatvimema, mas a farma absaluta e definitiva da praduçia sacial, semente pade manter a sua eategaria de Ciencia enquanta a luta de classes permanece latente au aparece apenas em mani- festações isaladas". `-'" A verdade e que, desde que cameçau a farmar-sc, a prale- tariada teve de lutar cantra a exprapriaçãa inerente as relações capitalistas de praduçãa. Ha principia, ele se viu na abrigaçaa de lutar, principalmente, par sua sabrevivencia fisica. Encantrava- -se tatalmcnte daminada pela capital e sem qualquer experiencia de arganizaçaa e luta. As suas candições de trabalha e vida ainda nãa lhe permitiam sacializar au calctivizar a experiencia camum, arganizanda assaciações, caalizões, sindicatas au partidas, para lutar par seus interesses ecanõmicas e palíticas. Essa e a epaca em que surgem, difundem-se e predaminam seitas e dautrinas sacialistas, mais au menas utõpicas. 'H CI praletariada se encantra sab a influencia de palíticas e ideõiagas de filiaçãa refarmista e humanitária, incapazes de se libertarem das categarias da ecana- mia palítica burguesa au das quadras idealegicas burgueses. Acresce que, nessa epaca, a prõpria burguesia ainda este lutanda para impar-se cama classe hegemõnica; inclusive apela para alian- ças cam a praletariada. Par issa, ela prõpria calabara na pracessa de palitizaçea da praletariada, danda-lhe a cantragasta elementas para tarnar-se uma classe palitica. “Em geral, as cheques que se praduzem na velha saciedade favarecem de diversas mudas a desenvalvimenta da praletariada. A burguesia vive num estada de guerra perpetua: primeira, --iíl “ii Maxx, is.. El capital- t. 1, p. 1; Ú Capital. Iiv. I, p. ID. Em termas mais garala. a mesma ideia havia sida apresentada em: Maxx, K. e Et-taEt.s, F. .Lrr irfrratagia ulrrnanu. p- 313. 1" Maxx, ii.. e Et‹Iattt-s. F- rvfaniteste da parti carnrmrnisre- p. 1-ie-dei; Mani- ,festrr da Partida E.'arrrtrnt'.ttu. p. 47-59. 29 contra a aristocracia; depois, contra as camadas da propria burguesia cujos interesses se encontram em conflito com os pro- gressos da indústria: e, sempre, finalmente, contra a burguesia dos paises estrangeiros. Em todas cieas lutas, vê-se forçada a apelar para o proletariado,usar seu concurso e arrasto-lo no movimento politico, de modo que a burguesia fornece aos prole- tários os elementos de sua propria educaçao politica, isto o. armas contra cla propria”. '-'ll .it medida que socialiaam as suas experiências comuns, no eontesto das suas relaçoes de trabalho e das suas esperiencias de vida cotidianas, os operários compreendem de modo cada ves mais claro o caráter alienado e antagonico da sua condição. Pouco a pouco, tendem a organizar as suas atividades politicas em função dessa compreensão. Ho curso da formaçao de sua cons- ciência politica, o proletariado pode confundir a máquina com o seu inimigo ou aceitar a aliança com a burguesia nascente, para lutar contra os inimigos do seu inimigo. E também pode ser levado a aceitar seitas e doutrinas do socialismo utopieo. Paulati- namente, no entanto, a classe operária vai elaborando a sua consciência politica. Essa o a ocasião em que começa a com- preender a burguesia oomo a sua elasse antagonica. E obvio que esse processo de tomada de consciência da elasse operária desen- volve-se ao longo das suas proprias lutas, como elasse. isto o, a classe operária não se constitui apenas porque o regime capitalista se desenvolve; ela se forma na medida em que luta contra as relaçoes de alienação em que se acha inserida. E no curso dessa luta que ela acaba por identificar toda a hierarquia dos seus inimigos, ato compreender o Estado burguês como o núcleo do regime em que se funda a sua alienação. “.1t.ssim, alám dos distintos movimentos economicos dos operários, surgem em todos os lugares movimentos politicos, isto E, movi- mentos de classe, com o objetivo de impor os seus interesses de forma geral, de uma forma que possui força coercitiva social geral. Se bem que estes movimentos pressupõem certo grau de organização prévia, em compertsaçlo eles igualmente significam meios de desenvolver essa organização". 2” -- í'í?I E-'~ ra. p- as-1-tz rs. 1-.. sr. _ il" lvl.-slot. lt. “Mara to F. litolte in New 'lr'orIt.“ (Carta datada de 13 de novambrn de 1E'i'l.]| In: Haus. lt.- e EHoar_s, F. .5'er'r=t'ted Forresponeiorrcc. lvloscon, Progress Publishers, 1955. p. Zoli-TI. citação da p- ITI. ._ ãll 4. Estado e sociedade Seria equívoco pensar que lvlarx não elaborou uma interpre- tação do Estado capitalista, simplesmente porque não a vemos sistematiaada em algumas páginas, num ensaio ou livro. A inter- pretação do Estado capitalista apareoe bastante bem dclineada nos vários passos da sua análise do regime capitalista de produção. Naturalmente a sua concepção de Estado vai se explicitando ou desenvolvendo ã medida que estuda as imbricaçoes ou os desdo- bramentos sociais, politicos e economicos das forças produtivas e das relaçoes de produção, em seus desenvolvimentos especifica- mente capitalistas. Cl conjunto do processo de produção de mais-valia, de reprodução ampliada do capital ou de mercantili- aação universal das relaçoes, pessoas e coisas, somente pode ser compreendido se a análise apreende também o Estado, como uma dimensão essencial do capitalismo. A teoria da luta de classes seria uma simples abstração, se as relações e os antagonismos de classes não implicassem no Estado capitalista como expressão e condição dessas mesmas relaçoes e antagonismos. Quando se refere as estruturas jurídicas e politicas, que expressam as relaçoes de produção, está se referindo ã “superestrut'ura" da sociedade, ao poder estatal. Todas as contradições fundamentais do capita- lismo envolvem o Estado, como expressão nuclear da sociedade civil. Em síntese, s análise marxista do capitalismo seria inin- teligivel, se lvlarx não tivesse elaborado, também e necessaria- mente, uma compreensão dialética do Estado. Em seus primeiros escritos, lvlarx discute e procura superar as concepções hegeliana e liberal do Estado. *" Para ele, o Estado nem paira sobre a “sociedade civil" nem exprime a “vontade geral". Entende o Estado inserido no jogo das relaçoes entre as pessoas, os grupos e as classes sociais. Com isto não queremos diaer que lvlarx teve, já no principio, uma compreensão nova e acabada do Estado. Nada disso. A sua compreensão nova ele a elaborou a medida que desenvolvia os três núcleos principais e combinados da sua atividade: ri) a critica da dialética hegeliana, do socialismo otopico e da economia politica clássica-, li] a 5"' Consultar, em especial: Msax, li.. Critica da Filosofia alo Direito de Hegel. Lisboa, Editorial Presença [s. d.]¡. lvlsax, it.. e Etsoues, F. La ideo- logia olrmorar. esp. p. ill-11. _-afr-_'-r-I-I¬.l=Çl-I- 31 análise do capitalismo; cj a participação prático-critica nas lutas politicas do proletariado. Note-se que, aqui, falamos da forma pela qual a interpretação de lvlarx surge em suas obras. Dutra questão é saber qual foi ou quais foram as ocasioes exatas em que ele realizou a sua compreensão dialética do Estado. Este é um problema da sua biografia intelectual, da qual não estamos tratando. Aqui falamos principalmente da exposição e desenvol- vimento do seu pensamento. E importante reconhecer, sob qual- quer das suas perspectivas, que, desde os seus primeiros escritos, lvfarx estã preocupado com as relaçoes e determinaçoes recipro- cas entre o Estado e a sociedade, numa otica diferente daquelas propostas anteriormente, não apenas por Hegel. Hesse processo crítico, formula a chave da sua concepção, quando diz que o Estado precisa ser compreendido, simultaneamente, como uma “colossal superestrutura" do regime capitalista e como o “poder organizado de uma classe" social em sua relação com as outras. 1"* No inicio, a discussão realizada por lvlarx sobre as relaçoes do Esttido com a sociedade civil ou com os individuos, os grupos e as classes sociais apreende, principalmente, as dimensoes poli- riear dessas relaçoes. .afirma que o Estado e a sociedade não são politicamente distintos; que “o Estado é a estrutura da sociedade": mas o Estado nao é a expressão harmonica e abstrata da socie- dade. .r'-'l.o contrário, jo se constitui como um produto de contra- diçoes politicas. Esta ti a primeira e mais geral contradição na qual se funda o poder estatal: “Cl Estado se funda na contradição entre o priolizco e a vide privado, entre o interesse geral e o pnrricarinr". W Para realizar-se, no entanto, o Estado não pode aparecer aos cidadãos e as associaçoes (ou gmpas, classes, exército, igreja etc.) dessa forma, simplesmente como um produto de antagonismos, ou como um feixe de oontradiço-es. lsto seria muito transparente e, '-*" lh'lsII, If.. tfortrrloalpdo ri Crlris-tr da Eeorrornin Politica. São Paulo, Ed. Flama, l'5l-l-E. p. El-l. Trad. por Florestan Fernandes. Ver, também: lvlslur. It. c EJ-recta, F. Maníƒesre da pzrrn' r:ommrrnr'.rre. p. ll' e 35: rlrl'n.rri,ie.t.ro do Frrrrirfo lÍ.'rJ=rrt.rer|t'.r.lt.r. pr. 21 cl -Il-5. “il ltfslsr, E. "üliservaçroes Criticas ã. lvfargem do Artigo: 'Ú Rei da Prtissia e a Reforma 5ocisJ'. " In: Fnrwdrrs. T de agosto de 184-l. Texto transcrito parcialmente em Bo't1"oi-sorte, T. B. e EUBEL, lvl. Jfari Prfcra. Selected I-Hriríngs ir: .litocioiogjr ond' Social Pirilosophy. Londres, Penguim Books, 1963. p. 221-Eli e citaçliers da p. 121. 3! assim, insuportável para os cidadãos c as associar,-oes. implicaria uma guerra aberta e ininterrupta entre uns e outros. Elcorre, no entanto, que, no mesmo processo de sua realização, o Estado já se constitui fetichizado. Na consciência c na prática das pessoas, tende a aparecer sob uma forma abstrata, como um ato de vontade coletiva ou como a forma externa da sociedade civil. “Ú Estado anula, a seu modo. as diferenças de rrnscínlenro, de c.vrr.ral'o sr.rcial, de cirlrrrrtr c de ocupação, ao declarar o nasci- mento, o estado social, a cultura e a ocupação do homem como diferenças .rr-rio poiiricus; ao proclamar todo membro do povo, sem atender a estas diferenças, participante da soberania popular em base de igualdade: ao abordar todos os elementos da vida real do povo do ponto de vista do Estado. Contudo, o Estado deixa que a propriedade privada, a culturae a ocupação rrrrrein r.r seu rrrorlo, isto e, como propriedade privada, como cultura e como ocupação, e façam valer a sua natureza rs-,rrecr'nl'." ii" “t;`omo o Estado é a forma sob a qual os individuos de uma classe dominante fazem valer os seus interesses comuns, na qual se condensa toda a sociedade civil de uma época, segue-se disso que todas as instituiçoes comuns têm como mediador o Estado e adquirem, através dele, uma form.a politica. Dai a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, além disso, na vontade separada de sua base real, na vontade livre. E, da mesma maneira, por sua vez. se reduz o direito ã lei." il' Em seguida, lvlarx apanha as dimensoes politicos e econo- rair-rxr do Estado, ao compreender o Estado burguês como uma expressão essencial das relaçoes de produção especificas do capi- talismo. .ao aprofundar a anãlise do regime capitalista, mostra como o Estado é, em última instãncia, um orgão da classe domi- nante. D monopólio do aparelho estatal, diretamente ou por meio de grupos interpostos, é a condição básica do exercicio da domi- nação. “Ú governo moderno não é senão um comitê adminis- trativo dos negocios da classe burguesa", o que significa, em ¿'"lvIsax, li.. “Sobre Ia cuestion judia." In: La sgrodn ƒarnilirr. lvlé:-tico. F.ditoriaI ürijalho, lãáii. p. lo-44, citação da p. 13. ver, também: Mass. ls.- .il Questão Jrrdnlcn. Rio de ianeiro, Ed. Laemmert, 19159. p, 25. Trad. por Wladimir Gomide. -"' lvlsax, ls.. e Ersoars. F. La iderrlrigln olerrrona. p. tiãt. ímlIÍ"-'I'"_'i_I'¡' i l r l- *-*c-=I"I-arcar* 33 outros termos, que “o poder politico, na verdade, é o poder organizado de uma classe para a opressão de outras". 3” r'-'to estudar o golpe dc Estado de 1852, na França, lvlarx se viu obrigado a aprofundar a análise do Estado burguês nesse pais. Examinou as relaçoes e estruturas juridico-politicas e buro- cráticas do poder estatal. Inclusive dedicou-se a uma analise interna rigorosa da constituição vigente na época, para apanhar a cstrtttura de poder por ela definida, além das congruências e contradiçoes entre essa estrutura formal e as forças sociais reais na sociedade francesa. Ha pesquisa, ele recupera a historia do poder estatal burguês, conforme se constitui e aperfeiçoa ao longo das décadas posteriores ã Revolução de liliii. As lutas sociais entre grupos c classes sociais, nos anos l'l'li'ã-tããã, são também momentos importantes na forrnação do Estado, como uma con- dição e um produto das relaçoes de dependência, alienação e antagonismo das classes sociais e suas facçoes. Uma parte dessa anãlise pode ser sintetizada aqui, nas palavras de lvlarx. “Esse poder executivo, com sua imensa organização burocrática e militar, com sua engenhosa máquina de Estado, abrangendo amplas camadas com um exército de funcionários totalizando meio milhão, além dc mais de meio milhão de tropas regulares. esse tremendo corpo de parasitos, que envolve como uma leia o corpo da sociedade francesa e sufoca todos os seus poros, sur- giu ao tempo da monarquia absoluta, com o declínio do sistema fsndal, que contrihulu para apressar. Ds privilégios senhoriais dos proprietários de terras e das cidades transformaram-se em outros tantos atributos do poder do Estado, os dignitãrios feu- dais em funcionários pagos e o variegado mapa dos poderes absolutos medievais em conflito entre si, no plano regular de um poder estatal cuja tarefa está dividida e centralizada como em uma fábrica. A primeira revolução francesa. em sua tarefa de quebrar todos os poderes independentes - locais, territoriais. urbanos e provinciais - a fim de estabelecer a unificação civil da nação, linl1a forçosamente que desenvolver o que a monarquia absoluta começara: a centralização, mas, ao mesmo tempo, am- pliou o ãmbiro, os atributos e os agentes do poder governa- mental. Napoleão aperfeiçoara essa máquina estatal. .-'lt monarquia legitimista e a monarquia de Julho nada mais fizeram do que í "i lt-'lslütt ii.- e EHoE|.s. F. il-i'rnriƒe.rre da pnrrr' r-orinr1rrru'.sre. p. -ll' e 35: i|rforir`,fe.'-'ro do Pnrririri tC`n.rnani.rrrr_ ¡-|. EI e -io. ííím do acrescentar maior divisão do trabalho, que crescia na mesma proporção em que a divisão do trabalho dentro da sociedade burguesa criava novos grupos de interesses e, por conseguinte, novo material para a administração do Estado. Todo interesse oornurn era imediatamente cortado da sociedade, oontraposto a ela como um interesse superior, genti, retirado da atividade dos proprios membros da sociedade e transformado em objeto da atividade do govemo, desde a ponte, o edificio da escola e pro- priedade comunal de uma aldeia, até as estradas de ferro, a riqueza nacional e as universidades da França. Finalmente, em sua luta contra a revolução, a República parlamentar viu-se for- çada a consolidar, juntamente com as medidas repressivas, os recursos e a centralização do poder governamental. Todas as revoluçoes aperfeiçoaram essa mliquina, ao invés de destroçá-la. Us. partidos que disputavam o poder encaravam a posse dessa imensa estrutura do Estado como o principal espolio do ven- cedor." il" “Llnicamente sob o segundo Bonaparte o Estado parece tornar- -se completamente autonomo. A máquina do Estado consolidou a tal ponto a sua posição em face da sociedade civil que lhe basta ter ã frcnte o chefe da Sociedade de Iii de Dezembro, um aventureiro surgido de fora f. . . ]›." iii “E, não obstante, o poder estatal não está suspenso no ar."i'“ “Bonaparte gostaria de aparecer como benteitor patriarcal de tn-das as classes. lvias não pode dar a uma classe sem tirar de outra". il" .oz partir de certo momento, o aparelho estatal está de tal forma constituído em sua composição, estrutura e concepção, que o chefe do governo pode ser um aventureiro, preposto ou membro de outra classe. A forma pela qual o poder estatal burguês se constitui o torna intrínseca e necessariamente um orgao da bur- guesia Tanto assim que, nas ocasiocs de crise de hegemonia, quando a propria burguesia ou alguma das suas facçoes nao está em condiçoes de exercer o poder, mesmo nessas ocasiocs o Estado não deixa de exprimir-se em conformidade com as determinaçoes _-I iii-' Msait, ii.. U id Hrrrrnririri rir- Luis iirrrrapdrre. São Paulo, Ed. Escriba, lilotl. p. ti-ft-3-l. ii* iirid. p. till. ãliioiri. p. li-2. ll ilriri. p. t-til. SS básicas do regime. rã crise de hegemonia está na base do golpe de Estado de Iã5.."i, por meio do qual se instaura o bonapartismo, como governo que aparentemente paira sobre todas as classes sociais. “rir burguesia conservava a França resfolegando de pavor ante os futuros terrores da anarquia vermelha. (...] A burguesia fez a apoteose da espada; a espada a domina. Destruiu a im- prensa revolucionária; sua imprensa foi destmida. Colocou as reuniêies populares sob a vigiiincia da policia; seus saio-es estão sob tt vigilãncia da policia. t- _ _) Fteprimiu todos os movimentos da sociedade mediante o poder do Estado: todos os movimentos de sua sociedade são repriroidos pelo poder do Estado." "i i'~lote-se que não se trata apenas de crise de hegemonia, mas também do receio de que o poder burguês viesse a ser destroçado pelos trabalhadores. A burguesia francesa se achava atemorizada diante do aparecimento do proletariado como força política. Esse temor era tanto mais forte e real porquanto ela tinha a experiência recentíssima das lutas havidas nos anos Iilriã-fill. "" Hem por isso. entretanto, o capitalismo francês deixou de desenvolver-se. Ao contrário, sob o Império de Luis Bonaparte, nos anos liiiiã-Til, cresceu intensamente. "Em realidade, era a única forma de goverrrn possivel, em um momento em que a burguesia havia perdido a faculdade de governar o pais e a classe operária ainda não a havia adquirido, tl império foi aclamado no mundo inteiro como o salvador da sociedade. Sob a sua égide. a sociedade burguesa, livre de preo- cupaçoes politicas, conseguiu um desenvolvimento que nem ela mesma esperava. Sua indústria e seu comércio alcançaram proporçoes gigantescas; tr especulaçãofinanceira realizou orgias cusmopolitas; tt miséria das massas destacava-se sobre a osten- ração desaforada de um luxo suntuoso, falso e abjero. Ú poder do Estado, que aparentemente fiutuava por sobre a socia- dttdc, era na realidade o maior cscãnclalo, atttêntico viveiro de corru pção." il" ¡.__.íí._._._._- -._ _ "T ilr'iá.I~tlE. lá. f-l foi ffrirtttririo tie Lrris' fiorroporte. p. lãi. 7"* l|rl.s.t-t.1t, li.- .-'l.r .f.rrru.r ele t'Í'frr.r.s'r'.r ir.-.r F,rrrrr¡,'r.| fid'-#5 tr idjfijl, Rio ele Janeiro, Editorial "li"ii|fIT'iu. I'-.ião-; .I[.r'.v f.|r¡'re.1- tie' t'irr.r.sr'.t en France fifl-II-il'-i-rS5I'il,i- Paris, Editions Sücirsles, i'iI'tl-fi, iii' lsfsax. li.. Lo grrrrrr i-irile rvt f`rnnr'e. Paris. Editions Sociales, lilliiz. p. sn--ll. Cama vemas, para lvfara, a Estada e, aa mesma tempa, canstituída e aartstituinte aas relações de dependência, alieaaçãa e antaganisma, que estaa na essencia das relações capitalistas de praduçaa. Par issa, lvfarir. nãa reduziria a pader estatal a apenas uma das suas expressões, ainda que fundamental. A candiçõa de õrgac de classe e uma determinaçaa basica, canferinda-lhe as candições essenciais de desenvalvimenta e crise; mas naa é a única nem aparece cam exclusividade. D Estada é. a “calassal superes- trutura" da saciedade capitalista, aa mesma tempa que a "pader arganisada de uma classe" sacial, a burguesia, sabre as autres. bla medida em que aa relações de pra-duçãa saa, simulta- neamente, relações de dependência, alienaçãa e antaganisma, nãa padem ser preservadas, a nãa ser que uma das classes saciais seja hegemõnica au dispunha de elementas para definir as estntturas e as atividades da aparelha estatal. lata usa impede, entretanta, que a Estada eaprima, simultaneamente, as interesses da burguesia e alguns interesses de autras classes saciais. Ú que se verifica, em situações cancretas, 6 que as classes aaa representadas diferencial- mente na Estada burguês. Cama se farma e aperfciçaa a medida que se desenvalvem as farças pradutivas e as relações de praduçaa, a Estada burguês esta canstitutivamente arganiaada e arientada pelas exigências da acumulaçãa capitalista. Naa se pade dar a uma classe sem tirar de autra, da mesma farma que nãa se pade tirar tuda de uma classe, sab pena de eatingui-la. É precisa ter em canta que a puder estatal varia canfarme a canja- gaçãa das farças ecanõmicas e palíticas. Ha acasiões em que a burguesia manapaliza tatalmcnte a aparelha estatal, cama na ditadura; ha acasiões nas quais esse mcnap-õlia nãa pade eaeraer- -se de mada eaclusiva, cama na demacracia burguesa. As veces a burguesia É abrigada a transigir, fazenda aancessões à classe media au, mesma, aa praletariada. Alem da mais, a mavimcnta interna da saciedade capitalista gera, freqüentemente, descam- passas entre as farças palíticas da praletariada, da classe media e da burguesia, na cidade e na campa, em suas relações internas e ettternas. Ja nas primeiras mamentaa da capitalisma, a burguesia ascendente tende a usar tada a pader da Estada para acelerar a repraduçaa da capital e, aa mesma tempa, destruir au incarparar as remanescentes da feudalisma. Desde a epaca da acamulaçaa ariginaria, a pader estatal surge vinculada a burguesia. Essa 3? supremacia e facilitada pela fata de que, na epaca, as trabalha- dares catia senda surpreertdidas pelas transfanrtações saciais que accmpanbam a eapansaa da rnercantilisaçaa geral das relaaões, pessaas e caisas. Nessa epaca, está em cursa a revaluçãa~ burguesa. "Ha transcursa da prcduçla capitalista. desenvalve-se uma classe trabalhadara que, par educaçaa, tradiçaa e castume, aceita as esrlgencias desse mada de praduçia cama leis naturais evi- dentes. A arganiaaçia da pracessa de praduçia capitalista. em leu plena deaenvalvinaanta, quebra tada resistencia; a praduçia cantlrlua de uma auparpcpulaçia relativa mantem a lei da aferta e da pracura de trabalha a, partanta, a saldria em barmania cam al rteelllldades de eapanlla da capital; e a caaçaa surda das _I"IIIp5Il acc-rlñtuleaa cmtlallda a darnlnia da capitalista sabre a ""`"""""|1'II'Il|llI|ifI'r. dtlnda ea e-:rltpregari a vialencia direta, a margem Iflllñldeal, lula dcravanta apenas ern carater ascepcia- Illltlll-l dll eailal, baata deixar a trabalhadar III- pleducIe'. ista e, a sua dependencia fl|| próprias candições de pra-tluçaa. pela aaaaa eestdlçõcs. lvfas, as caisas durante a girteae histórica da praduçia Ilalaeltte precisava e ernpregava a farça **I'I|tIl¡r' a lataria, Ista e, camprimi-Ia deatra das I prcducia de mais-valia, para pralangar a da Irllillhc a para manter a prõprla trabalhadar num fliqllidb de dependencia. Temas al um fatar fundamental acumulaçlic arlginaria."'° ¿I¿I Illllllllrll de aprapriaçaa ifecanõmicas) e da- eperar da farma adequada e integrada, daminante, e indispensável que as e praletariada, sejam subjugadas fccltdlelo essencial da própria da mais-valia. cama praduta IH"pIIt. aumente pade eaercer-se fltlfi aupcrtlvala, fisica e sacialmente, I Ilúlflldldl de que a Estuda burgulla all grau mínima, e cama refleaa da própria algum interesse da praletariada. Nesse jaga para a sabrevivencia da Estada burguês, cama I candlpla das relações capitalistas de praduçaa. A - -lilica. at. It captar. r. 1, ¡-_.. sat; a capital. uv. 1. p. ssa-ss. 3! aaaciliaçãa de interesses desiguais e cantraditdrias, cama as da burguesia, da classe media e da praletariada, ê siraultaueameute uma candiçfia para subjuga-las. aas interesses da burguesia au a sua facçaa mais farte. Acresce que a canciliaçäa taata prapicia a cantinuidade e acclcraçãa da praduçãa de mais-valia aama permite evitar a agravamenta das cantradições de classes além das limites canvenientes a vigência da regime. .Aa examinar a praduçaa de mais-valia absaluta e mais-valia relativa, l'vlar¬.s demanstra que ht'-l um mamenta em que a praleta- riada cameça a lutar par sua sabrevivencia física. El regime inicialmente estava dizimanda uma parte da classe aperaria, Em canseqiiência, esta ensaia algumas reações. ainda que de farma anarquica au paliticamente pauca eficaz. Esse ê a sentida básica da mavimcnta luddita, que precanizava a destnsiçãa das máquinas. “Fai necessaria passar tempa e acumular experiência, ant que a praletariada saubesse distinguir entre a maquinaria e a seu usa capitalista, aprendenda assim a dirigir as seus ataques nau cantra as meias materiais de pra-duçaa, mas cantra a mada pela qual eram usadas." *1 dia mesma tempa, certas setares da aparelha estatal, inclusive cama representantes da burguesia, cameçum a campreender que as perspectivas de eapansaa das relações capitalistas paderiam ver-se prejudicadas, se fassern mantidas as niveis entãa vigentes de eaplaraçäa da farça de trabalha. Nessa êpaca, ainda era impartante a praduçãa de mais-valia absaluta, resultante da errtensãa da jamada de trabalha. Alem dissa, a aperariada era campasta tambem de crianças, alem de adalescentes e adultas de ambas as serras. Entãa cameça-se a pôr em pratica a legislacõa fabril, que "limita" a jarnada de trabalha de crianças, adalescentes e adultas, beni cama '*prafbe" que certas atividades pra-dutivas sejam desempenhadas par crianças au mulheres. Tarnara-se ine- vitável que a pader estatal farraulasse e pusesse em prática uma legislaçia fabril, para a “prateçãa fisica e espiritual da classe aperaria". *Í “rir legislaçãa fabril, essa primeira reaçaa cansciente e sistemática da saciedade cantra a marcha espantanea da pracessa de pra- H lvLI.|ar, H. Ei capital, 1. 1, p. -HI: Ú Capital- Iiv. l, p. dllll-SIL W Hasta. ff.. El capital. t. 1, p. 551; Ú t.'I'apr'rul. liv. l, p. 575. 35 duçãa ê, pais, um praduta tia necessaria a indústria maderna cama a fiaçia de algadäa, a sclƒ-acrar e a tclêgrafa eIêtrica."*=' Para lvlarx, pais, a Estada nãa e apenas e exclusivamente um drgãa da classe daminante; respunde tambem aas mavimcntas da aanjunta da saciedade e das autras classes saciais, segunda, ê õbvia, as determinações das relações capitalistas. Canfarme a grau de desenvalvimenta das
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