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LIMITES MATERIAIS DO PODER CONSTITUINTE

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LIMITES MATERIAIS DO PODER CONSTITUINTE 
 
Como muitas vezes registrado, as Constituições 
não podem aspirar à perenidade do seu texto. Se não 
tiverem plasticidade diante de novas realidades e 
demandas sociais, sucumbirão ao tempo. Por essa 
razão, comportam mecanismos de mudança formal e 
informal, pressupostos de sua continuidade histórica. 
Nada obstante, para que haja sentido na sua 
preservação, uma Constituição deverá conservar a 
essência de sua identidade original, o núcleo de 
decisões políticas e de valores fundamentais que 
justificaram sua criação. 
Essa identidade, também referida como o espírito 
da Constituição, é protegida pela existência de 
limites materiais ao poder de reforma, previstos de 
modo expresso em inúmeras Cartas. Esse tipo de 
restrição à aprovação de emendas referentes a 
determinados objetos ou conteúdos vem desde a 
Constituição americana, de 1787. 
O Estado poderia ser privado, sem seu consentimento, 
de sua igualdade de sufrágio no Senado. 
Por sua vez, a Constituição francesa de 1884 
vedava que a forma republicana de governo fosse 
objeto de revisão. Sem embargo desses antecedentes, 
foi sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, como 
reação aos modelos totalitários do nazismo e do 
fascismo, que a inclusão de limites materiais expressos 
nos textos constitucionais se difundiu. 
Nela se previu, no art. 79.3, a vedação às 
modificações constitucionais que afetassem a 
Federação, a cooperação dos Estados membros na 
legislação, a proteção da dignidade do homem e o 
Estado democrático e social. Apesar de a fórmula 
haver sido seguida por diferentes países, não é banal 
a justificação da imposição de uma restrição de 
caráter absoluto ao poder das maiorias políticas de 
reformarem a Constituição. 
 
Referência Bibliográfica: 
Barroso, Luís Roberto ; Curso de direito constitucional 
contemporâneo: os conceitos fundamentais e a 
construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. – 
9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.

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