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Patologias do sistema Digestório Parte 1

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Patologias do sistema Digestório Parte 1
02/09/2021 - Marília
● Cavidade Oral
Queilosquise
Afeta o lábio superior e é decorrente da não fusão do processo maxilar e do processo nasal
medial, podendo ser uni ou bilateral.
A queilosquise é uma malformação que cursa com desenvolvimento incompleto dos lábios,
deixando uma linha vertical aberta no sulco nasolabial e que ocorre pela falha na junção do
processo maxilar com processo nasal medial, podendo ser uni ou bilateral, e ainda
associada à palatosquise, outra malformação que acomete a cavidade oral e caracteriza-se
por uma fissura na região dos palatos vulgarmente conhecida como fenda palatina.
Palatosquise
A fenda palatina, ou palatosquise, é um defeito da fusão longitudinal, de comprimento
variável, e que afeta o osso e a mucosa na linha média do palato duro. Esse defeito na
fusão das prateleiras palatinais laterais desde os processos maxilares resulta numa fenda
aberta entre as cavidades oral e nasal
Trata-se de uma anomalia congênita de ocorrência
infrequente em animais domésticos. Cães de raças
braquicefálicas (Bulldog Francês, Pug, Boston
Terrier, Pequinês, Boxer, Bulldog, Shih Tzu) estão
sob maior risco que outras raças. Os fatores
considerados como envolvidos na sua patogênese
são: fatores hereditários, deficiências nutricionais
maternas, ingestão de medicamentos, agentes
químicos, ou plantas tóxicas teratogênicas durante
a gestação, e interferência mecânica com o embrião em desenvolvimento.
Agnatia
Ausência de mandíbula, é uma anomalia mais frequentemente observada em ovelhas e,
com frequência, associada à microglossia ou aglossia, subdesenvolvimento ou ausência de
língua.
- Micrognatia => Diminuição do tamanho da mandíbula
- Macrostomia => Boca grande
- Microstomia => Boca pequena
Febre Aftosa
>A febre aftosa é uma doença aguda e altamente contagiosa causada por um vírus da
família Picornaviridae, gênero Aphtovirus.
>É considerada a enfermidade mais contagiosa do mundo, com morbidade alta, porém
mortalidade e letalidade baixas. Os poucos animais que morrem da doença espontânea são
bovinos lactentes.
>A febre aftosa afeta animais de cascos fendidos, incluindo bovinos, ovinos, caprinos e
suínos, além de ruminantes selvagens, como veados. Os sinais clínicos mais proeminentes
em bovinos são diminuição na ingestão de alimentos e água, febre e claudicação, com
rápida perda de peso. A maioria das lesões macroscópicas é observada clinicamente, como
vesículas íntegras ou, mais frequentemente, rompidas, formando erosões ou úlceras na
cavidade oral, especialmente na língua
>Alterações microscópicas : Nas células do estrato espinhoso podemos ver lesões com
aglomerado / acúmulo de líquido essas células vão se rompendo e formando grandes
estruturas vesiculares que caracteriza a febre aftosa
>Alterações macroscópicas : Aftas na mucosa oral / Úlceras nos pilares do rúmen / áreas
esbranquiçadas no músculo esquelético e miocárdio
Diarreia Viral Bovina
>é um complexo de doenças relacionadas com o vírus da diarreia viral bovina (BVDV,
bovine viral diarrhea virus) que afeta principalmente bovinos, ocorrendo em todas as partes
do mundo.
>O agente etiológico é um vírus RNA que pertence ao gênero Pestivirus da família Flaviviridae.
BVD pode ser dividida em diferentes formas.
>Há dois genótipos – BVD tipo 1 e BVD tipo 2 – com diferenciação baseada na sequência
de genes. Há variações na virulência dentro de ambos os genótipos. Existem também dois
biótipos, não citopático (NCP) e citopático (CP), baseados na habilidade dos vírus de
provocar a vacuização citoplasmática e morte das células em cultivo. Citopatogenicidade in
vitro nem sempre está relacionada com a virulência do vírus in vivo. Ambos os BVDV, tipos
1 e 2, contêm algumas cepas NCP e CP.
>Epitélio intestinal amplamente necrosado / Criptas de lieberkuhn apresentam dilatação ,
acúmulo de muco
Estomatite vesicular
>Caracteriza-se pela formação de vesículas nas camadas superficiais do epitélio ou entre o
epitélio e a lâmina própria. / Zoonose
> É estomatite típica de algumas infecções virais, como: febre aftosa, em bovinos, suínos e
ovinos; diarreia viral bovina (BVD, bovine viral diarrhea), em bovinos e suínos; febre catarral
maligna (FCM), em bovinos e ruminantes selvagens; estomatite vesicular, em bovinos,
suínos e equinos; doença vesicular dos suínos, em suínos; exantema vesicular, em suínos;
calicivirose felina e doenças autoimunes, como pênfigo vulgar e penfigóide bolhoso.
Ectima contagioso
>O ectima contagioso é também conhecido como dermatite pustular contagiosa. Orf é como
a doença é designada em seres humanos, portanto seu uso tem sido evitado em medicina
veterinária.
>É uma doença zoonótica causada pelo parapoxvirus ovino, da família Poxviridae, gênero
Parapoxvirus. O vírus infecta principalmente ovinos e caprinos jovens, mas também tem
sido descrito em camelos, gazelas e outros pequenos ruminantes selvagens.
>Animais adultos imunocomprometidos também podem desenvolver a doença. Tem sido
observado o acometimento de ovinos e caprinos por surtos de ectima contagioso em todas
as regiões do Brasil.
>Macroscopicamente, o que caracteriza o ectima contagioso são lesões proliferativas
crostosas e ulceradas na comissura dos lábios, no focinho ou nas narinas. Menos
frequentemente, podem ser encontradas nas mucosas orais (gengiva, palatos e língua).
Cordeiros infectados em fase de amamentação podem disseminar a lesão para as tetas e
úbere da mãe. Lesões no esôfago, rúmen, omaso, pulmões e pele também são descritas.
>Microscopicamente, há hiperplasia da camada espinhosa da epiderme (acantose), com
espessamento da camada córnea (hiperqueratose ortoqueratótica) e degeneração
balonosa, mais predominantemente observada nos acantócitos mais superficiais. Áreas de
necrose de acantócitos, assim como pústulas intracorneais, crostas serocelulares com
bactérias e ulceração, são frequentemente observadas. Inclusões eosinofílicas
intracitoplasmáticas nem sempre estão presentes, mas, quando estão, podem ser mais
facilmente encontradas nas regiões de transição entre as áreas de acantose e o epitélio
intacto.
Actinobacilose
>é uma doença crônica que frequentemente apresenta-se como estomatite profunda.
Ocorre principalmente em bovinos, mas outros ruminantes e suínos também podem ser
acometidos. O agente etiológico, Actinobacillus lignieresii, está presente na microbiota
normal da cavidade oral de animais saudáveis.
>Quando há lesão da mucosa oral, esse organismo tem acesso a estruturas mais
profundas, nas quais pode provocar reação inflamatória crônica.
>A língua é a estrutura da cavidade oral mais comumente afetada. Casos mais graves
costumam ser acompanhados de intensa fibroplasia, com substituição de fibras musculares
da língua por tecido conjuntivo fibroso denso, levando o nome comum da doença, “língua de
pau”.
>O sulco da língua é o local em que as lesões se desenvolvem preferencialmente, talvez
por ser onde fibras de plantas se alojam naturalmente, causando trauma.
>Macroscopicamente, as lesões presentes na submucosa variam em tamanho e,
normalmente, são centralizadas por pequenos grânulos amarelos, chamados de “grânulos
de enxofre”.
>Microscopicamente, as lesões aparecem como piogranulomas, com cordões de
cocobacilos no centro, de onde irradiam estruturas eosinofílicas que consistem em
complexos imunes, frequentemente chamados de club colonies
Actinomicose
>A actinomicose é causada por bactérias do gênero Actinomyces, que fazem parte da
microbiota normal da cavidade oral e da mucosa nasofaríngea. Os agentes são bastonetes
Gram-positivos que podem se apresentar filamentosos ou ramificados. São comensais de
baixa patogenicidade e que penetram nos tecidos por meio de lesões traumáticas.
> forma clássica da doença aparece nos bovinos e é causada pelo A. bovis. A lesão
característica é o aumento de volume irregular da mandíbula ou, menos frequentemente, da
maxila, devido ao comprometimento das estruturas ósseas por um processo de evolução
longa e progressiva, de característicaspiogranulomatosas.
>A introdução do agente se dá por meio de ferimentos penetrantes nos tecidos moles da
região da mucosa oral, como as gengivas e o periodonto, sendo produzidos por arames,
fragmentos grosseiros de vegetais ou de madeira. O envolvimento do tecido ósseo
acontece posteriormente
>As lesões se caracterizam por exsudato purulento viscoso envolvido por tecido de
granulação proliferado que comprime os tecidos normais da região. O aumento de volume
da estrutura óssea é resultado da reação inflamatória e da proliferação do tecido ósseo.
>As áreas de reabsorção óssea coincidem com os focos supurativos presentes na lesão. A
superfície de corte da área da lesão apresenta coloração branco-acinzentada na qual se
destacam as áreas de supuração, de coloração amarela, em meio à qual estão presentes
grânulos amarelos, denominados de “grânulos de enxofre”.
Papilomatose oral
>O papiloma, ou papilomatose oral, é uma neoplasia benigna transmissível, originária das
células da camada espinhosa, induzida pela infecção causada por um papilomavírus. O
período de incubação geralmente é de 30 a 33 dias. Massas tumorais persistem por um
período que varia de 1 mês e meio a 3 meses, quando normalmente ocorre remissão
espontânea e desenvolvimento de imunidade.
>Caracterizam-se por crescimentos verrucosos, elevações papilares lisas e solitárias, no
princípio, passando a crescimentos múltiplos, firmes, branco-acinzentados e semelhantes à
couve-flor, localizados principalmente nas junções mucocutâneas (comissura labial). As
espécies mais comumente afetadas são os caninos e os bovinos.
> Em cães, é causado pelo papilomavírus oral canino e acomete principalmente animais
jovens ou adultos em contato direto com indivíduos infectados. Nos bovinos, a causa é o
papilomavírus bovino tipo 4 (BPV-4).
>Histologicamente, observam-se projeções papiliformes ou digitiformes finas e
pedunculadas, que crescem para a superfície da mucosa ou para a derme, revestidas por
epitélio espesso devido à proliferação das camadas espinhosa (acantose), granulosa
(hipergranulose) e corneal (hiperqueratose ortoqueratótica).
Carcinoma de células escamosas
>O carcinoma de células escamosas, ou carcinoma espinocelular, é um tumor maligno de
queratinócitos da camada espinhosa, muito comum nos animais domésticos.
>No gato, é a neoplasia mais frequente da cavidade oral; nos cães, só é menos frequente
que o melanoma; e nos bovinos, tem ocorrência elevada em determinadas regiões e está
relacionado com o consumo de samambaia (Pteridium aquilinum) por longos períodos.
>É um tumor extremamente invasivo, destrutivo e de crescimento rápido. Produz
metástases nos linfonodos regionais e, mais raramente, em outros órgãos. Atinge
principalmente as tonsilas em cães, a língua em gatos e bovinos, a gengiva em cães e
equinos e, às vezes, o palato duro em equinos. Nos bovinos, atinge principalmente a base
da língua.
● Esofago
Megaesôfago
>O megaesôfago é mais comumente observado na espécie canina, mas já foi descrito em
felinos, equinos e bovinos.
>Caracteriza-se pela atonia, flacidez e dilatação do lúmen esofágico devido a distúrbios no
peristaltismo por disfunção motora segmentar ou difusa. Com isso, há dificuldades para que
o bolo alimentar seja propulsionado para o estômago, resultando em acúmulo de ingesta no
lúmen esofágico, propiciando esofagites, regurgitação de alimento não digerido,
pneumonias aspirativas e perfuração esofágica.
>Normalmente, atinge o segmento imediatamente cranial à porção obstruída ou estenótica.
Em quase todos os casos, a dilatação apresenta-se cranialmente ao estômago, exceto
quando é causado pela persistência do arco aórtico direito, pois, nesse caso, a dilatação
ocorre cranialmente ao coração, uma vez que o anel vascular que obstrui o esôfago está na
altura do coração.
Esofagite
>Distúrbio inflamatório agudo ou crônico da mucosa do esôfago que ocasionalmente
envolve as camadas submucosa e muscular.
>– Substâncias químicas – Corpos estranhos – Refluxogastroesofágico
● Estômago
Timpanismo
É a distensão dos pré-estômagos por acúmulo excessivo de gases, devido à sua não
eliminação, decorrente de falha na eructação. Em condições normais, qualquer quantidade
de gás produzida nos pré-estômagos é eliminada na eructação. O processo da eructação,
nos ruminantes, compreende cinco estádios ou fases:
● Estádio de separação, quando as bolhas gasosas formadas durante a fermentação ruminal
normal atravessam a ingesta e se coalescem com o gás livre do saco dorsal
● Estádio de deslocamento, em que, por uma contração do rúmen, o gás livre é deslocado
para a frente e para baixo, em direção à cárdia
● Estádio de transferência, quando a cárdia se abre e o gás passa para o esôfago
● Estádio esofágico, em que, por uma contração retrógrada do esôfago, o gás é empurrado
para a faringe
● Estádio faringopulmonar, no qual, pela abertura do esfíncter nasofaringiano, o gás passa aos
pulmões, onde parte é absorvida e parte é exalada na expiração.
RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA
>A retículo pericardite traumática é uma doença causada pela perfuração do retículo e
pericárdio, geralmente ocasionado pela ingestão de um corpo estranho, podendo causar
extravasamento de conteúdo reticular para o peritônio, pleura e pericárdio, tendo como
consequência severa inflamação nos órgãos acometidos e septicemia.
>O hábito de alimentação dos bovinos com baixa seletividade predispõe a ocorrência da
doença que tem grande importância econômica devido à perda dos animais e a diminuição
da produção comuns da doença são: apatia, anorexia, perda de peso, respiração
abdominal, ingurgitamento das jugulares, pulso jugular, abafamento das bulhas cardíacas,
edema pré esternal e timpanismo crônico
>Os achados laboratoriais geralmente encontrados são leucocitose por neutrofilia com
desvio à esquerda e linfopenia. O tratamento preconizado na maioria das vezes é cirúrgico
com a técnica da laparo ruminotomia exploratória.
Torção gástrica em cães
>Torção gástrica em cães, também conhecida como síndrome da dilatação vólvulo gástrico
ou torção do estômago. É uma doença aguda e grave, que se não for tratada pode levar
(cerca de 60% dos animais tratados tardiamente) ao óbito em poucas horas. Com causas
primárias ainda desconhecidas, a enfermidade tem como fator desencadeador a
alimentação feita de maneira errada e exagerada.
>Quando o cão ingere uma quantidade exagerada de alimentos fermentáveis ou líquidos
ocorre uma dilatação em seu estômago, e consequentemente pode haver a sua torção. O
órgão distendido tende a girar bruscamente sobre si mesmo, cortando qualquer tipo de
acesso sanguíneo local e impede que os gases que produz sejam expulsos.
Gastrite
>Gastrite é um termo mal empregado tanto do ponto de vista do clínico como do patologista,
uma vez que geralmente é utilizado no contexto de animais que apresentam quadro clínico
de vômito ou para lesões macroscópicas da mucosa gástrica, como erosão, ulceração,
hemorragia ou necrose, sem que necessariamente ela apresente inflamação
microscopicamente. Essas lesões são comumente resultantes de lesões químicas,
mecânicas ou isquêmicas.
Estenose
>ocorrem quando alimentos grandes ou inadequadamente mastigados e insalivados são
retidos no seu lúmen.
>Os locais de obstrução geralmente são aqueles em que o esôfago apresenta desvios
normais, com o lúmen naturalmente mais estreito (segmento sobre a laringe, entrada da
cavidade torácica, base do coração e imediatamente antes do hiato esofágico). As
complicações das obstruções por obturação incluem necrose compressiva e ulceração da
mucosa e, às vezes, perfuração

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