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Bioquímica - Matriz Extracelular (MEC) - Complexos macromoleculares produzidos e exportados por células e que conferem a tecidos suas características particulares em morfologia e função. É abundante em tecidos conjuntivos. - Três tipos de componentes: fibrilares (colágenos fibrilares e fibras elásticas), não fibrilares (proteoglicanos e glicoproteínas não colágenas) e microfibrilas (colágeno tipo VI). 1. Colágenos - Componentes majoritários na MEC, contando com 24 tipos com variadas características químicas e de organização estrutural. - Formam fibrilas, fibras e feixes, fornecendo grande resistência mecânica a tecidos. Tendões, muito fortes, são 90% colágeno. - Também estão envolvidos em diferenciação e adesão celular e podem ser meios de transmissão de informações às células sobre o que ocorre no meio extracelular (por meio da fibronectina, uma proteína de adesão). - Características bioquímicas e estruturais - Formados por três cadeias alfa (95% da cadeia constituem em tripla hélice). Cada cadeia contém repetições de uma sequência típica de AAs. Essas moléculas são glicosiladas, processo que ocorre nos resíduos de hidroxilisinas. Normalmente, quanto maior o número de glicosilações, menor o diâmetro das fibrilas de colágeno. - O que é essencial à função do colágeno é a hidroxilação dos resíduos de prolina e lisina, pois impactam na estabilidade de sua forma helicoidal (prolina) e na capacidade de estabelecer ligações cruzadas (lisina), conferindo resistência mecânica a tecidos. - Os processos de hidroxilações mencionados são dependentes de duas enzimas, sendo uma delas dependente da presença de ácido ascórbico. Sem essa vitamina (C), a hidroxilação não ocorre de forma apropriada, portanto, a capacidade de estabelecimento de ligações cruzadas fica comprometida e, por fim, a resistência mecânica é rebaixada. O quadro clínico correspondente é o escorbuto, conhecido por hemorragias e possível queda de dentes. - Essas ligações cruzadas são, então, de suma importância para que tecidos desempenhem suas funções, mas o seu aumento leva à rigidez de estruturas. Isso ocorre com o aumento da idade de um organismo, associado à diminuição da síntese de proteínas, como o colágeno. Assim, ocorre enrijecimento de estruturas como tendões (que, por isso, passam a se recuperar mais lentamente de lesões) e o aparecimento de rugas e pregas na pele. Síntese de Colágeno - Ocorre em ribossomos aderidos RE. À medida que a síntese ocorre, muitas outras reações vão ocorrendo também, como as já mencionadas glicosilações e hidroxilações. Essas moléculas são secretadas para o meio extracel. na forma de procolágeno e logo são convertidas em colágeno pela retirada de grupos N- propeptídeo e C-propeptídeo. Alterações durante a síntese são a causa de muitas doenças. Fonte: CARVALHO, RECCO-PIMENTEL. A célula. 3. ed. - cap.27 - A presença desses propeptídeos impedem que um colágeno se associe a outro, prematuramente, no interior da célula. Fonte: CARVALHO, RECCO-PIMENTEL. A célula. 3. ed. - cap.27 2. Proteoglicanos - São componentes não fibrilares (como proteoglicanos e glicoproteínas estruturais não colagênicas), associados, muitas vezes, a fibrilares, como fibrilas de colágeno. - Proteoglicanos são formados por uma proteína central ligada covalentemente a um glicosaminoglicano (GAG, carboidratos formados por estrutura dissacarídica repetitiva), que apresenta carga negativa. - Essa carga é fundamental, pois permite interações com cátions, auxiliando a retenção de água nos tecidos. Isso explicita a importância dos grupos “laterais” GAG. Já a cadeia protéica central desempenha a função de molde em que se ligarão os GAG, além de poderem interagir com outros açúcares, proteínas e membranas. - Glicosaminoglicanos (GAG) são açúcares de cadeia longa sem ramificações, que conta com a presença de grupos carboxílicos e sulfato por dissacarídeo, faz com que sua carga seja densamente negativa. São adicionados uma proteína central a vão sofrendo sulfatações no Golgi. - Ácido hialurônico (AH, mas é um GAG também): tem três características que o diferenciam dos outros GAG - não se associa com proteínas centrais, não é sulfatado e sua síntese ocorre por ação de enzimas na membrana de células. É liberado no meio extracel. à medida que é sintetizado. É flexível e muito longo, formando soluções muito viscosas, como as do humor vítreo, além de desempenhar função de migração celular, necessária nos processos de cicatrização e desenvolv. A unidade dissacarídica repetitiva é composta por ácido glicurônico e um N-acetilglicosamino. - Condroitin sulfato e dermatan sulfato (GAG). - Heparan sulfato/heparina (GAG) - heparina está presente em grânulos dos mastócitos, enquanto HS está presente em proteoglicanos presentes em membranas de células e em alguns elementos da MEC. - Ligação dos GAG à proteína central: À exceção do AH, todos os GAGs estão ligados a uma proteína central. CS, DS, HS e heparina ligam-se à proteína em resíduos de serina e são chamados de açúcares O-ligados. - O Proteoglicanos do espaço intercelular: há os grandes e os pequenos. - Grandes: agrecam (resistência à compressão) e versicam. Agrecam recebeu este nome por sua grande capacidade de se ligar ao AH, formando grandes agregados, com participação de uma link protein (proteína de ligação). Esse complexo ternário é bem estável e formam agregados essenciais à retenção de líquidos nas cartilagens, submetidas aos ciclos de compressão-relaxamento. Quando a compressão é realizada, a água presente no agregado de proteoglicanos é drenada para o espaço sinovial. Quando há relaxamento, essa água volta por osmose novamente aos proteoglicanos, pela suas fortes cargas negativas criadoras de pressão osmótica. - Pequenos: decorim (importância na fibrilogênese - regulando espssura de fibrilas), biglicam e fibromodulim (ambos importantes na morfogênese). - Proteoglicanos da membrana basal: tipo especializado de MEC, formado junto a superfície basal de células epiteliais e endoteliais. Componentes desse membrana basal são o colágeno IV, laminina e os proteoglicanos, sobretudo, perlecam, que forma, com diferentes componentes da membrana uma estrutura firme e flexível, útil para filtração - glomérulos renais-, guia para inervação de músculos, etc. - Proteoglicanos da superfície celular: sua proteína central tem domínios intra, trans e extracelular. Este último domínio pode ter um sítio para ação de proteases, fundamental para liberação do proteoglicano da superfície celular. Exemplos: sindecam, fibroglican, etc. Fonte: CARVALHO, RECCO-PIMENTEL. A célula. 3. ed. - cap.27 3. Sistema Elástico - Muitas estruturas são capazes de deformarem-se e voltarem à sua forma original depois de cessada força distensora. Nesses tecidos há abundância de sistemas elásticos.Exemplo: pele, parede artérias (em lâminas elásticas), sendo o nº de lâminas dependente da pressão sanguínea de cada organismo. Arteríolas, sob menor pressão, por exemplo, têm menos elementos elásticos. - Fibras elásticas estão também presentes em cartilagens elásticas, como a epiglote. - Duas proteínas principais: elastina e fibrilina (principal constituinte das microfibrilas). - Fibrila é a principal proteína das microfibrilas do sistema elástico: é uma glicoproteína. Pontes dissulfeto têm um papel importante na formação das estruturas componentes de um sistema elástico, pois estabilizam a estrutura nativa propícia para a formação de microfibrilas. Além disso, há ligações cruzadas estabelecidas por meio de alterações no AA ácido glutâmico. Assim, microfibrilas são insolúveis. - Abaixo, foto de microfibrila associada à elastina (que será abordada no próximo tópico). Fonte: CARVALHO, RECCO-PIMENTEL. A célula. 3. ed. - cap.27 - Elastina - Características fundamentais que garantem função elástica: presente na porção amórfica das fibras e lâminas elásticas. Não sofre glicosilação, ao contrário, praticamente, de todas as proteínas da MEC. Elastina é também insolúvel e possui grande quantidade de ligações cruzadas.A sua sequência primária é a intercalação de lisinas e alaninas, que formam um arranjo termodinamicamente mais estável, considerando a vizinhança aquosa. Quando uma força distensiva é aplicada, aminoácidos hidrofóbicos são expostos ao meio aquoso, algo não termodinamicamente favorável. Então, eles tendem a se reagrupar, fugindo do meio aquoso a que foram expostos. Fonte: CARVALHO, RECCO-PIMENTEL. A célula. 3. ed. - cap.27 Fonte: CARVALHO, RECCO-PIMENTEL. A célula. 3. ed. - cap.27 Referência CARVALHO, Hernandes F.; RECCO-PIMENTEL, Shirlei Maria. A célula. 3. ed. – Barueri, SP: Manole, 2013. Recomendação de Leitura A célula - capítulo 27 - 3ª edição - Matriz Extracelular - pg. 445-466..
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