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Prévia do material em texto

Programa 
ABC Cerrado
Sistema Plantio Direto 
30 horas
2019 - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR
1a. Edição - 2019
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui viola-
ção dos direitos autorais (Lei nº 9.610).
A coleção ABC Cerrado é uma iniciativa do Senar com objetivo de manter disponível 
ao público rural os cursos elaborados no âmbito do Projeto ABC Cerrado e demais 
tecnologias sustentáveis de produção agropecuária preconizadas no Plano ABC.
 
Fotos
Banco de imagens do SENAR
Banco Multimídia Embrapa
iStock
Shutterstock
Informações e contato 
SENAR Administração Central 
SGAN 601 – Módulo K Edifício Antônio Ernesto de Salvo – 1º andar 
Brasília – CEP 70830-021 
Telefone: 61 2109-1300 
www.senar.org.br
Presidente do Conselho Deliberativo do SENAR
João Martins da Silva Junior
Diretor Geral do SENAR
Daniel Klüppel Carrara
Diretora de Educação Profissional e Promoção Social
Andréa Barbosa Alves
Coordenadora de Programas Especiais
Janei Cristina Santos Resende
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância
Ana Ângela de Medeiros Sousa
Coordenador Técnico do Projeto ABC Cerrado
Mateus Moraes Tavares
Equipe técnica Senar
Dyovanna Depolo de Souza Pinto
Larissa Arêa Sousa
Sumário
Apresentação .......................................................................................................................... 4
Módulo 1: O Bioma Cerrado ..............................................................................................16
Aula 1: Caracterização do cerrado .................................................................................................18
Clima..................................................................................................................................................................19
Solo ....................................................................................................................................................................21
Topografia e Fitofisionomia ........................................................................................................................24
Aula 2: A colonização do cerrado ...................................................................................................26
Programas governamentais .......................................................................................................................30
Aula 3: Revolução Verde no Brasil .................................................................................................32
Atividade de aprendizagem .............................................................................................................36
Módulo 2: O Sistema Plantio Direto ................................................................................39
Aula 1: Sistema Plantio Direto (SPD) ............................................................................................41
Sistema Plantio Direto: princípios ............................................................................................................44
Sistema Plantio Direto: benefícios do SPD ...........................................................................................55
Aula 2: Boas práticas para a implantação do SPD .....................................................................68
Diagnóstico da área ......................................................................................................................................68
Calagem ...........................................................................................................................................................70
Gessagem ........................................................................................................................................................76
Práticas de conservação do solo ..............................................................................................................78
Atividade de aprendizagem .............................................................................................................85
Módulo 3: Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades ..90
Aula 1: Práticas de manejo e conservação ...................................................................................92
Adubação de culturas em sistemas já estabelecidos .........................................................................92
Adubação de sistemas ................................................................................................................................94
Manejo de plantas daninhas ......................................................................................................................95
Manejo de pragas ..........................................................................................................................................99
Aula 2: O SPD em sistemas integrados com a pecuária ou iLPF ......................................... 103
Aula 3: Oportunidades para conversão de áreas em SPD .................................................... 108
Plantio convencional em SPD................................................................................................................. 109
Pastagens ou pastagens degradadas em SPD ................................................................................. 112
Plantio Direto em SPD .............................................................................................................................. 115
Aula 4: Desafios e ações para fortalecer e desenvolver o SPD no cerrado ....................... 120
Atividade de aprendizagem .......................................................................................................... 127
Encerramento ..................................................................................................................... 132
Referências ......................................................................................................................... 133
Apresentação
Bem-vindo(a) ao curso Sistema Plantio Direto!
Você verá, neste curso, que o cerrado tem características de clima, solo 
e topografia que o tornam conhecido como a savana brasileira. A região, 
que abriga um bioma rico e bastante específico, teve sua colonização ini-
ciada ainda no século 16, com a chegada dos portugueses, mas apenas 
com a mineração de ouro, no século 18, é que ela passou a ocorrer em 
maiores proporções.
A mineração e a agricultura na região estão intimamente relacionadas, 
pois foi para suprir a alimentação das minas com menos custos que os 
trabalhadores passaram a cultivar alimentos.
A partir daí, especialmente com a construção e instituição de Brasília como 
a nova capital do país, diversos esforços do governo foram despendidos 
para incentivar tanto a colonização como a agricultura no cerrado, que se 
tornou um importante produtor do agronegócio brasileiro.
Siga em frente e acompanhe um pouco da história do cerrado! Ela é fun-
damental para compreender a região, sua formação e as bases da agricul-
tura da região.
Fonte: CNA Brasil / Foto: Adriano Brito
Apresentação
5
O curso está organizado em três módulos. 
Confira as aulas que compõem cada um.
Aula 1 – Caracterização do cerrado
Aula 2 – A colonização do cerrado
Aula 3 – Revolução Verde no Brasil
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
Aula 1 – Sistema Plantio Direto (SPD)
Aula 2 – Boas práticas para a implantação do SPD
Módulo 2 – O Sistema Plantio Direto
Aula 1 – Práticas de manejo e conservação
Aula 2 – O SPD em sistemas integrados com pecuária ou iLPF
Aula 3 – Oportunidades para conversão de áreas em SPD
Aula 4 – Desafios e ações para fortalecer e desenvolver o SPD no Cerrado
Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo 
e Oportunidades
Este curso faz parte da Coleção ABC Cerrado – Tecnologias Sustentáveis 
de Produção Agropecuária no Bioma Cerrado. Essa coleção, que é com-
posta de sete cursos,é fruto do Projeto ABC Cerrado, que foi implemen-
tado durante os anos de 2014 a 2019. Vamos conhecer um pouco mais 
sobre esse projeto?
Apresentação
6
O Projeto ABC Cerrado
O Brasil ocupa um lugar de destaque entre os maiores produtores de ali-
mentos do mundo, além de ser um dos países que mais preserva o meio 
ambiente – consegue produzir em apenas 27,7% do seu território, en-
quanto mantém 61% coberto com vegetação nativa.
Mesmo assim, durante a 15ª Conferência das Partes (COP-15), em 2009, 
o País assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito 
estufa (GEE). De lá para cá, a agricultura de baixa emissão de carbono 
(ABC) passou a receber uma atenção maior por parte do Governo e de 
diversas instituições, que criaram programas para incentivar o produtor 
rural brasileiro a adotar técnicas sustentáveis.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) participa dessas 
iniciativas que contribuem com a meta nacional de redução de emis-
são de gases do efeito estufa pela atividade agropecuária. É o caso do 
Projeto ABC Cerrado, que disseminou práticas de agricultura de baixa 
emissão de carbono e estimula o produtor a investir na sua propriedade, 
para impulsionar a produtividade e a renda, ao mesmo tempo em que 
preserva o meio ambiente.
Oito estados do bioma Cerrado participaram do Projeto: Bahia, Distrito 
Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí e 
Tocantins.
O projeto foi desenvolvido em parceria com o Ministério 
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) 
e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(Embrapa), com recursos do Programa de Investimento 
em Florestas (FIP) e o Banco Mundial.
O SENAR atuou como responsável pela transferência de tecnologias aos 
produtores rurais do bioma Cerrado por meio de capacitação, pela formação 
de instrutores e de técnicos de campo, além de fornecer assistência técnica 
e gerencial à atividade rural, com foco em tecnologias preconizadas pelo 
Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).
Apresentação
7
Desde a sua criação, o SENAR levou aos agricultores e pecuaristas bra-
sileiros os avanços da ciência e da tecnologia. Com esse curso, espera 
contribuir para o crescimento do seu empreendimento e da produção de 
alimentos com sustentabilidade.
No ambiente virtual de aprendizagem (AVA), você poderá 
assistir ao vídeo que conta a história de sucesso do Senhor 
Alcides e de sua família que foram beneficiados pelo 
Projeto ABC Cerrado.
Vale a pena conferir!
Os Cursos
A coleção ABC Cerrado é composta por um conjunto de sete cursos:
Recuperação de Pastagens Degradadas
Carga horária: 20 horas
Sistema Plantio Direto
Carga horária: 30 horas
Florestas Plantadas
Carga horária: 30 horas
Apresentação
8
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Carga horária: 30 horas
Tratamento de Dejetos Animais
Carga horária: 20 horas
Fixação Biológica de Nitrogênio
Carga horária: 20 horas
Mudanças Climáticas e Agricultura
Carga horária: 20 horas
Esses cursos foram desenvolvidos com o objetivo de 
levar a você e aos demais produtores do bioma Cerra-
do a atualização sobre novas técnicas que favorecem a 
redução na emissão de gases de efeito estufa que pro-
movem o aquecimento global, ao mesmo tempo que 
entregam ao produtor maior produtividade e retorno 
econômico na atividade.
Apresentação
9
Fazenda Rio Novo
Para facilitar sua compreensão dos assuntos e das técnicas abordadas 
nos sete cursos, apresentaremos o caso fictício da fazenda Rio Novo. Ela 
é de propriedade da família do Sr. Antônio e da Sra. Teresa e fica no esta-
do de Goiás, em uma região onde predomina o bioma Cerrado.
Todos dessa família vão se empenhar em adotar práticas sustentáveis na 
propriedade, que trarão maior produtividade e ainda contribuirão para re-
duzir a emissão dos GEEs. Cada membro será o responsável principal por 
uma ação específica na fazenda e acompanhará os participantes dos dife-
rentes cursos. Conheça um pouco dessa família.
Antônio
76 anos
Teresa
72 anos
João
49 anos
Carmen
47 anos
Rogério
28 anos
Natália
24 anos
Mariana
20 anos
Apresentação
10
Antônio
76 anos
Ensino fundamental completo
No final da década de 1960, Antônio herdou um pedaço de terra no interior de 
Goiás, região de Cerrado, e lá iniciou um discreto plantio de milho. Alguns anos 
mais tarde, passou também a criar gado na mesma propriedade.
Sem muito estudo, viu sua propriedade crescer, fruto de seus esforços e de 
sua esposa, Dona Teresa. No entanto, junto com o crescimento da propriedade 
também veio a degradação das pastagens pelo gado e pelo manejo incorreto 
da própria pastagem.
Hoje, o Sr. Antônio quer reintegrar as áreas degradadas pela pastagem ao pro-
cesso de produção de alimentos. Com isso, quer evitar a abertura de novas 
áreas para a pastagem, o que é benéfico ao meio ambiente, além de trazer 
economia para o próprio bolso.
Para isso, pretende aplicar práticas que recuperem a capacidade produtiva do 
solo degradado na fazenda Rio Novo.
Você pode acompanhar essa empreitada do Sr. Antônio no curso Recuperação 
de Pastagens Degradadas.
Teresa
72 anos
Ensino fundamental completo
Ao lado do Sr. Antônio, Teresa plantou as primeiras sementes de milho na pro-
priedade Rio Novo ainda na década de 1960. Juntos, trabalharam duro para 
que essa propriedade crescesse e fosse produtiva.
Ela é uma pessoa muito observadora e gosta de conversar com outros produ-
tores da região. Sempre em contato com os vizinhos e “antenada” em tudo que 
acontece por ali.
Apesar de não ter tido a oportunidade de estudar além do ensino fundamental, 
viu que seus vizinhos utilizavam uma técnica muito interessante para proteger 
o solo e evitar erosões. Quem sabe a técnica não daria certo na fazenda Rio 
Novo? Resolveu testar e... deu!
Agora, Dona Teresa quer aprimorar ainda mais a aplicação da técnica para re-
solver os problemas de conservação de água e solo, como a erosão na fazenda 
Rio Novo. Você pode conferir mais sobre a técnica e os resultados que ela ob-
teve no curso Sistema Plantio Direto.
Apresentação
11
João
49 anos
Técnico agrícola
João cresceu vendo seus pais, Antônio e Teresa, darem duro na fazenda Rio 
Novo e presenciou o grande crescimento da propriedade.
Inspirado pela dedicação e amor dos pais pela terra, nunca passou pela sua 
cabeça deixar o campo para exercer outra atividade... Queria fazer a diferença 
no campo!
Assim, ao terminar o Ensino Médio, matriculou-se em um curso técnico agrí-
cola. Lá teve a ideia, junto com Carmen, hoje sua esposa, de plantar árvores 
comerciais de rápido crescimento na fazenda, como uma alternativa de renda 
para a família.
Acompanhe o João no curso Florestas Plantadas.
Carmen
47 anos
Técnica agrícola
Carmen conheceu seu marido João ainda na adolescência, no colégio onde es-
tudavam. Ao se casar com João, mudou-se para a fazenda Rio Novo, de pro-
priedade de seu sogro Antônio.
Fizeram juntos o mesmo curso técnico agrícola, onde tiveram a ideia de plantar 
espécies florestais na propriedade.
Para fazer a ideia dar ainda mais certo, Carmen tem se empenhado em integrar 
a lavoura e as pastagens à nova área florestal.
Sempre cuidadosa, quer aumentar a renda da propriedade, mas sem descuidar 
da legislação ambiental vigente.
Você pode acompanhar o passo a passo de suas ações no curso integração 
Lavoura-Pecuária-Floresta.
Apresentação
12
Rogério
28 anos
Engenheiro agrônomo
Rogério é o filho mais velho do casal João e Carmen, primeiro neto de Antônio 
e Teresa.
Apaixonado pela terra, formou-se engenheiro agrônomo.
Durante a graduação, percebeu que o dejeto de animais pode se tornar uma 
potencial fonte de energia e até mesmo de renda.
Por isso, tem se empenhado em tratar esses dejetos da forma correta na pro-
priedade Rio Novo.
Você pode aprender a técnica utilizada pelo Rogério no curso Tratamento de 
Dejetos Animais.
Natália
24 anos
Bióloga
Natália é filha do casal João e Carmen e neta de Antônio e Teresa. Sempre mui-
to curiosa, desde criança desejava ser “cientista”.
Influenciadapelo ambiente em que cresceu, e enxergando uma oportunidade 
para colocar em prática toda a sua curiosidade sobre as plantas e animais, tor-
nou-se bióloga.
Seu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre o ciclo do nitrogênio na natu-
reza. Com base nos amplos conhecimentos obtidos em seus estudos, tem de-
fendido o plantio, na fazenda Rio Novo, de propriedade da família, de espécies 
que possibilitem a fixação de nitrogênio no solo. Isso permitirá uma melhora na 
fertilidade do solo da propriedade.
Você também pode ter acesso a esses conhecimentos da Natália realizando o 
curso Fixação Biológica de Nitrogênio.
Apresentação
13
Mariana
20 anos
Estudante de Engenharia Ambiental
Filha mais nova do casal João e Carmen, defende o meio ambiente com unhas 
e dentes, mas sem se descuidar do setor produtivo da fazenda!
Está no terceiro ano da faculdade de Engenharia Ambiental e deseja especiali-
zar-se na área de sustentabilidade no campo.
Quer permanecer na propriedade Rio Novo da família, adaptando a produ-
ção às mudanças climáticas e fiscalizando a adoção de práticas sustentá-
veis por todos!
O curso Mudanças Climáticas e Agricultura fala sobre esse assunto e apre-
senta as práticas sustentáveis defendidas pela Mariana.
A família do Sr. Antônio contará com a ajuda do Marcos, 
técnico do SENAR que atende à região. Você perceberá que, 
em diferentes momentos dos cursos, o técnico Marcos enviará 
dicas e orientações por meio de áudios. Portanto, ao se 
deparar com o ícone ao lado nos cursos, não deixe de ouvir 
suas valiosas dicas!
Mas aqui na apostila vamos facilitar para você e colocar a 
transcrição dos áudios.
Por isso que é tão importante você acessar o ambiente virtual 
de aprendizagem e passar por essa experiência de interação 
com o conteúdo.
Apresentação
14
Recursos educacionais e interativos
Ao longo do curso, você encontrará imagens, áudios e vídeos. O objeti-
vo é tornar seu aprendizado mais interessante e prazeroso. Além disso, 
também se deparará com recursos interativos que ajudarão a aplicar da 
melhor forma os novos conhecimentos.
No AVA, sempre que você vir um ícone com alguma 
animação, principalmente com setas, significa que 
uma informação será exibida ao clicar sobre ele. Não 
deixe de conferi-la, pois esses elementos fazem parte 
de uma experiência de aprendizagem completa!
Outro exemplo de recurso interativo são as palavras destacadas, que exi-
birão sua definição ou uma explicação extra quando forem acionadas. Veja 
como vai aparecer lá no AVA.
A maioria dos solos no cerrado é muito antiga, bas-
tante modificada pela ação de processos químicos e 
físicos, e possui baixa fertilidade, com sérias limita-
ções à produção.
Durante todo o curso, você terá a companhia da dona 
Teresa. Como você já viu, ela também é proprietária da 
fazenda Rio Novo, ao lado do seu marido, sr. Antônio. 
Ela implantou o Sistema Plantio Direto na propriedade 
e está sempre antenada com as novidades da região.
Então, sempre preste muita atenção no que a dona Te-
resa tem a dizer!
Processos 
químicos e físicos
Também chamados 
de intemperismo.
Apresentação
15
Atividades de aprendizagem
A navegação pelo conteúdo deste curso é sequencial e linear. Isso signifi-
ca que você deve acessar o primeiro módulo e conferir todos as aulas. Ao 
final, você realizará a atividade de aprendizagem para, então, liberar o 
conteúdo do módulo seguinte.
As atividades de aprendizagem têm o objetivo de verificar 
se você teve um bom aproveitamento em relação ao con-
teúdo do módulo. Por isso é tão importante acessar o AVA 
e responder à atividade para liberar o módulo seguinte.
Canais de comunicação
Este é um curso autoinstrucional, mas isso não significa que você está 
sozinho nesta jornada!
Durante seus estudos, você poderá utilizar os canais de comunicação dis-
ponibilizados no seu AVA para esclarecer dúvidas técnicas com a monito-
ria do curso.
Os monitores dão o suporte necessário às dúvidas de cunho 
mais técnico relacionadas ao AVA e às regras de conclusão do 
curso.
Siga em frente e bom estudo!
Módulo 1: 
O Bioma Cerrado
A região do cerrado brasileiro engloba o estado de Goiás, o Distrito Fe-
deral e parte dos estados de Minas Gerais, Rondônia, Mato Grosso, Mato 
Grosso do Sul, Bahia, Tocantins, Maranhão, Piauí e Pará, além de peque-
nas porções isoladas em Roraima, São Paulo e Paraná.
São cerca de 2,04 milhões de hectares, ou 22% do território nacional, com 
densidade populacional de 8,8 habitantes por km², menos da metade da 
média nacional em 2000, que era de 19,9 habitantes/km². (MYERS et al., 
2000; SANTOS et al., 2010.)
Cerrado brasileiro e sua abrangência.
Neste primeiro módulo, falaremos sobre as características do cerrado. 
Veja o que preparamos para cada aula deste módulo:
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
17
Aula 1 - 
Caracterização do 
cerrado
• Clima
• Solo
• Topografia e 
Fitofisionomia
Aula 2 - 
Colonização do 
cerrado
• Colonização
• Programas 
governamentais 
de colonização 
do cerrado
Aula 3 - 
Revolução Verde 
no Brasil
• Aspectos da 
Revolução 
Verde no Brasil
• Segunda 
Revolução 
Verde
Você pode buscar mais conhecimentos com a Embrapa!
Visite a Unidade da Embrapa mais próxima de sua pro-
priedade. Todas elas possuem biblioteca com muitas pu-
blicações disponíveis para leitura, além de pesquisadores 
para poder conversar.
No site da Biblioteca da Embrapa, também é possível en-
contrar muitas informações. Acesse:
• https://www.embrapa.br/biblioteca
O serviço Informação Tecnológica em Agricultura (Info-
teca-e) dá acesso a informações técnicas na forma de car-
tilhas, livros para transferência de tecnologia, programas 
de rádio e de televisão editados com linguagem adaptada 
de modo que produtores rurais, extensionistas, técnicos 
agrícolas, estudantes e professores de escolas rurais, co-
operativas e outros segmentos da produção agrícola pos-
sam assimilá-los com maior facilidade. Visite:
• https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br
Você também poderá comprar livros publicados pela Em-
brapa diretamente no site de comunicação. Acesse:
• http://vendasliv.sct.embrapa.br/liv4/principal.
do?metodo=iniciar
Pronto(a) para começar a primeira aula? 
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
18
Aula 1: 
Caracterização 
do cerrado
O cerrado ocupa quase 25% do território brasileiro e 
está presente nos estados de Minas Gerais, Goiás, 
Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato 
Grosso do Sul, Piauí, São Paulo, Paraná e no Distrito 
Federal – segundo dados da Embrapa Cerrados e do 
Projeto Biomas.
É um bioma que, em sua extensão, abri-
ga um terço da biodiversidade brasilei-
ra e 5% da flora e da fauna do planeta, 
sendo considerada a savana mais biodi-
versa existente.
Nesta primeira aula, veremos alguns dos 
elementos que compõem o bioma cerra-
do e que são essenciais para o agronegó-
cio: clima, solo, topografia e população. 
Siga em frente para conhecer o clima 
desse espetacular bioma brasileiro.
Embrapa Cerrados
Unidade Cerrados, 
da Empresa 
Brasileira 
de Pesquisa 
Agropecuária.
Bioma
Um bioma é um conjunto 
de diferentes ecossistemas 
que possuem certo nível de 
homogeneidade. Ou seja, é o 
conjunto de comunidades naturais 
semelhantes de uma região (incluindo 
animais, vegetais, bactérias, o clima 
etc.) e a relação entre os elementos 
que a formam. Por exemplo, os 
animais, a vegetação, o solo, o 
sol, a chuva, o vento e tudo aquilo 
que encontramos no cerrado e a 
forma como esses elementos se 
relacionam compõem esse bioma.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
19
Clima
Segundo a classificação de Koeppen (1948), o clima do cerrado é, na maior 
parte de seu território, do tipo tropical de savana (ou AW), com inverno 
seco e verão chuvoso.
As mudanças dos padrões climáticos entre uma estação úmida e uma es-
tação seca são consequências da localização continental da região, que 
fica entre 1.400 km e 2.000 km do Oceano Atlântico.
Janeiro 
Fevereiro 
Março 
Abril 
Maio 
Junho 
Julho 
Agosto 
Setembro 
Outubro 
Novembro 
Dezembro
Estação úmida
Estação secaEstação úmida
Considerando as divisões 
regionais, os climas pre-
dominantes no domínio do 
cerrado são os Tropicais 
Megatérmico e o Mesotér-
mico. A seguir, confira algu-
mas das características que 
encontramos no cerrado.
Tropicais Megatérmico
Megatérmico apresenta estação chuvosa no 
verão, de novembro a abril, e estação seca no 
inverno, de maio a outubro. A temperatura 
média do mês mais frio é superior a 18ºC.
Mesotérmico
Mesotérmico ou temperado quente, apresentando 
temperatura média do mês mais frio entre -3°C e 18°C.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
20
A radiação solar no cerrado é geralmente bastante intensa, podendo reduzir-se devido 
à alta nebulosidade nos meses excessivamente chuvosos do verão. Por essa possível 
razão, em certos anos, outubro costuma ser mais quente do que dezembro ou janeiro. 
Como o inverno é seco, quase sem nuvens, e as latitudes são relativa-
mente pequenas, a radiação solar nessa época também é intensa. 
Em agosto e setembro, essa intensidade pode reduzir-se um pouco, 
em virtude da abundância de névoa seca produzida pelos incêndios 
e pelas queimadas da vegetação, muito frequentes nesse período do 
ano (SETTE, 2005). 
Estações
Temperaturas
Radiação solar
Estação das chuvas
A grande extensão latitudinal altera a dis-
tribuição sazonal, fazendo que a estação 
chuvosa no extremo meridional geralmen-
te se inicie com um a dois meses de ante-
cedência (setembro–outubro), enquanto 
no extremo norte ocorre um atraso (no-
vembro e dezembro). (SETTE, 2005).
Em geral, a precipitação média anual fica 
entre 1200 mm e 1800 mm. Ao contrá-
rio da temperatura, a precipitação média 
mensal apresenta uma grande estacio-
nalidade, concentrando-se nos meses de 
primavera e verão (de outubro a março). 
A ocorrência de geadas também é ob-
servada na porção meridional e em áreas 
elevadas. Em meio a essa estação de chu-
vas, acontecem curtos períodos de seca, 
chamados de veranicos.
A temperatura média anual fica em torno de 22–23 graus Celsius. 
As máximas variam ao longo dos meses, podendo chegar a mais de 
40 graus Celsius. Já as mínimas absolutas mensais variam bastante, 
atingindo valores próximos ou até abaixo de zero nos meses de maio, 
junho e julho, em algumas regiões.
Estação de seca
O início da estação seca também é anteci-
pado em um a dois meses no sul (março–
abril), enquanto no extremo norte o verão 
amazônico só se inicia em entre os meses 
de maio e junho (SETTE, 2005).
A estação seca apresenta de três a cinco 
meses de duração. No início desse perí-
odo, a ocorrência de nevoeiros é comum 
nas primeiras horas das manhãs, for-
mando-se grande quantidade de orvalho 
sobre as plantas. Já no período da tarde, 
os índices de umidade relativa do ar caem 
bastante, podendo atingir valores extre-
mamente baixos, próximos a apenas 15% 
(SETTE, 2005).
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
21
Lá na fazenda Rio Novo
Uma das maiores limitações para a prática de uma 
agricultura avançada aqui na nossa região é distribui-
ção desuniforme das chuvas. Os períodos de verani-
cos estão cada vez mais prolongados e em momentos 
diferentes. 
Mesmo nos meses de dezembro e janeiro, que apre-
sentam a maior intensidade de chuvas, é muito comum 
acontecer veranicos prolongados, podendo chegar a 
várias semanas sem chuva.
Essa situação, aliada à alta radiação solar, à alta 
 evapotranspiração potencial e à baixa capacidade de 
retenção de água dos solos, assim como às condições 
químicas limitantes e ao inadequado desenvolvimen-
to radicular, podem causar sérios prejuízos às culturas 
sensíveis ao estresse hídrico.
Evapotranspiração
Perda de água do 
ecossistema para a 
atmosfera causada 
pela evaporação 
a partir do solo e 
pela transpiração 
das plantas.
Siga em frente para conhecer mais dos solos presentes no cerrado.
Solo
Os solos do cerrado são bastan-
te variados. Os latossolos repre-
sentam aproximadamente 50% da 
área dos cerrados, sendo o restan-
te coberto, principalmente, por ar-
gissolos, neossolos (em especial os 
 quartzarênicos), plintossolos, cam-
bissolos, havendo ainda porções de 
chernossolos, gleissolos e outros. 
Quartzarênicos
Em geral, são solos originados de 
depósitos arenosos, apresentando textura 
de areia ou areia franca ao longo de 
pelo menos 2 m de profundidade. Esses 
solos são constituídos essencialmente 
de grãos de quartzo, sendo, por 
conseguinte, praticamente destituídos de 
minerais primários pouco resistentes ao 
intemperismo. (SOUSA; LOBATO, 2018).
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
22
Solos do Brasil, com destaque para a região do cerrado.
 ARGISSOLOS
 CAMBISSOLOS
 CHERNOSSOLOS
 ESPODOSSOLOS
 GLEISSOLOS
 LATOSSOLOS
 LUVISSOLOS
 NEOSSOLOS
 NITOSSOLOS
 PLANOSSOLOS
 PLINTOSSOLOS
 ORGANOSSOLOS
 VERTISSOLOS
LEGENDA
Fonte: Embrapa.
 
Os latossolos são os mais utilizados para a agricultura intensiva. A maior 
parte desses solos apresenta textura média ou argilosa. Entretanto, há ain-
da latossolos de textura mais arenosa, os quais demandam especial aten-
ção quando manejados para cultivos agrícolas ou mesmo com pastagens.
Os latossolos mais arenosos têm valores de argila bem 
próximos aos neossolos quartzarênicos. A fração argila é 
dominada por caulinita, gibbsita caulinita, ghoetita e óxi-
dos de ferro e alumínio. A predominância dessas argilas 
de baixa atividade é que determina o comportamento 
desses solos, especialmente com relação à Capacidade de 
Troca Catiônica (CTC), capacidade de retenção de água e 
adsorção de fosfatos.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
23
Uma das principais limitações da região de cerrado no Brasil é a baixa fer-
tilidade natural dos seus solos, sendo o fósforo o nutriente mais deficitário. 
Além disso, os solos do cerrado são predominantemente ácidos, com altos 
teores de alumínio (Al) trocável. 
Assim, a calagem é a primeira prática de manejo 
para o cultivo de plantas não tolerantes à acidez.
A grande maioria desses solos 
apresenta teores extremamente 
baixos de cálcio (Ca) e magnésio 
(Mg) trocáveis, evidenciando a im-
portância da utilização de calcá-
rios magnesianos ou dolomíticos 
nesses sistemas, com o objetivo de 
corrigir a acidez do solo e fornecer 
Ca e Mg às plantas (LOPES; GUI-
LHERME, 1994).
Sendo o nível de bases como Ca e Mg extremamente baixo, o Al trocável 
tende a ser o cátion dominante nesses solos; apesar da condição ácida, os 
valores absolutos para acidez trocável não são muitos elevados. Sabe-se 
que a produção da maioria das plantas sensíveis ao Al3+ é diminuída em 
solos com mais de 20% de saturação por Al. Nesse contexto, a grande 
maioria dos solos do cerrado se apresenta nesse nível, e boa parte com 
saturação por Al superior a 40%, ponto no qual a maioria das plantas cul-
tivadas já começa a sofrer com a toxicidade do Al (KAMPRATH, 1967).
Que tal compreender melhor as formações geográficas do cerrado? Siga 
em frente e entenda a topografia da região.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
24
Topografia e Fitofisionomia
Estima-se que aproximadamente 50% da região sejam cobertos por ter-
ras aráveis. Ao todo, são cerca de 1 milhão de km2.
A mecanização agrícola nos solos dessa região é facilitada pela combina-
ção de declives suaves com uma boa estabilidade de agregados do solo, 
bem como boas condições de profundidade e drenagem.
Há uma relação intrínseca entre solo e topografia no cerrado. Veja a seguir.
Altitude
As altitudes variam desde 1000 m até menos de 200 m. Ada-
moli et al. (1986) estimam que aproximadamente 73% da 
área de cerrado estejam entre as altitudes de 300 m e 900 m.
Área plana
Em áreas relativamente planas, onde o relevo é um fator de 
formação de solos passivos, eles tendem a ser mais profun-
dos, visto que o processo de formação e evolução são maio-
res que os processos de perdas de solo. 
Área plana 
movimentada
Por outro lado, em regiões de topografia mais movimentada, 
dependendo das condições de cobertura e do processo ero-
sivo, os solos tendem a ser mais jovens quando comparados 
àqueles de topografia mais suavizada.
Chapadas
De maneirageral, na região das chapadas, muito comuns no 
Planalto Central brasileiro, a ocorrência de solos mais intem-
perizados é quase que uma regra. Nesses tipos de solos, em 
condições naturais, observa-se que as propriedades físicas, 
como a porosidade, a permeabilidade, a menor resistência do 
solo à penetração de raízes, a agregação etc. são normalmen-
te melhores, ao passo que as condições químicas do solo ten-
dem a ser restritivas, conforme descrito anteriormente. (OLI-
VEIRA, 2009)
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
25
Chapadas
As chapadas dão um visual bastante impactante ao cerrado e, mais do 
que isso, são áreas com topografia e solo com características bastante 
importantes de se conhecer.
Nessas áreas ocorrem os solos mais velhos e pobres da paisagem, quase 
sempre sustentando a vegetação de cerrado. 
As partes rejuvenescidas, mais baixas, e na maioria das vezes mais decli-
vosas, já apresentam solos mais jovens. Os solos mais novos, desde que 
os demais fatores de formação do solo sejam semelhantes, tendem a se 
localizar em relevos mais movimentados. Esse fato tem implicações dire-
tas na facilidade de mecanização, na conservação do solo e na infiltração 
de água no solo, mostrando que cuidados adicionais devem ser tomados 
quanto ao uso e ao manejo do solo nessas condições. (OLIVEIRA, 2009).
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
26
Aula 2: 
A colonização 
do cerrado
Para Funes (1986), a exploração do cerrado do Brasil central teve alguns 
marcos. 
A exploração é iniciada pelos portugueses, com 
a chegada da Bandeira de Antônio Macedo e 
Domingos Luiz Grau à região leste de onde hoje se 
encontra o Tocantins.
1590 a 1593
Acontece a real ocupação com a mineração de ouro.
1726
A ocupação e exploração do cerrado chega ao 
seu auge.
1750
Ocorreu o evento de transição entre a mineração e 
a agropecuária.
A partir de 1750
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
27
A transição da mineração para a agropecuária, no 
cerrado, ocorreu quando antigos mineradores tentaram 
diminuir os seus custos, cultivando os produtos de que 
mais necessitavam para alimentação em suas minas.
No século XX, foi iniciado o período de substituição de exportação, e a 
parte sul do cerrado foi objetivo de políticas intermitentes de expansão de 
fronteiras, como a Marcha para o Oeste e a Fundação do Brasil Central nos 
anos 1940, bem como o processo de ocupação espontânea, especialmen-
te nas áreas de mata, como “Mato Grosso de Goiás” (NEIVA, 1984).
A produção e a interiorização resultaram na necessidade de muitos traba-
lhadores, tanto nas minas quanto nas lavouras e em todas as outras ativi-
dades, uma vez que em todas elas a mecanização era quase inexistente. 
As atividades demandavam quase que 
exclusivamente mão de obra braçal, o que alterou 
também o fluxo de pessoas na região.
Apesar de a densidade demográfica mostrar valores crescentes, são ainda 
muito baixos, principalmente se comparados aos obtidos para o total do 
País. No Censo Demográfico de 2000, por exemplo, o Brasil apresentou 
uma densidade demográfica de 19,94 habitantes por quilômetro quadra-
do, enquanto para a região do cerrado brasileiro foi de apenas 8,82. Só 
a população residente na região metropolitana de Goiânia e no Distrito 
Federal já totalizava mais de 3,69 milhões de pessoas, ou seja, 20,5% da 
população total do cerrado.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
28
Confira a evolução da população e a densidade demográ-
fica na área do cerrado brasileiro.
Ano População (em 1000)
Densidade 
demográfica 
(hab./km²)
1872 221 0,11
1890 320 0,16
1900 373 0,18
1920 759 0,37
1940 1259 0,62
1950 1737 0,85
1960 3007 1,47
1970 5167 2,53
1980 7545 3,7
1991 12600 6,18
2000 18000 8,82
Fonte: Adaptado de Klink e Moreira (2002).
A partir da década de 1950, com o surgimento de Brasília e de uma po-
lítica de expansão agrícola por parte do Governo Federal, iniciou-se uma 
acelerada e desordenada ocupação da região do cerrado, em um modelo 
de exploração de forma fundamentalmente extrativista e, em muitos ca-
sos, predatória. 
Segundo Felippe e Souza (2006), os resultados obtidos a partir na década 
de 1960 iniciaram a transformação dos solos do Cerrado, que, por meio 
da calagem, gessagem e uso de adubações, tiveram sua baixa fertilidade 
natural revertida ao longo dos anos. 
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
29
Investimentos governamentais em pesquisa e desenvolvi-
mento tiveram notória influência no desenvolvimento da 
região, com destaque para a criação da Embrapa.
Em 1973, o Governo começou um alto investimento em 
pesquisa nas áreas da agricultura e da pecuária por meio 
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embra-
pa). Quando a Embrapa iniciou suas atividades, a região 
era considerada inadequada para agropecuária, e uma de 
suas maiores conquistas foi transformar o cerrado em ce-
leiro nacional.
Iniciou-se, assim, a agricultura comercial mecanizada e altamente produ-
tiva que transformaria o cerrado em grande potência agrícola a partir de 
meados da década de 1980. 
A topografia predominantemente plana do cerrado, facilitando a mecani-
zação, e a precipitação pluvial, que, apesar de concentrada, é adequada 
para a produção agrícola em pelo menos parte do ano, com grande esta-
bilidade do clima, transformaram o cerrado em uma área de grande poten-
cial agrícola (FELIPPE; SOUZA, 2006).
Norman Borlaug, um cientista americano da área vegetal, frequentemente 
chamado de “pai da Revolução Verde”, disse ao The New York Times que 
“ninguém imaginou que esse solo seria produtivo”. O solo parecia ácido 
demais e pobre em nutrientes.
Muitos programas do governo contribuíram para a colonização e o de-
senvolvimento do cerrado. Siga em frente para conferir mais sobre esse 
assunto.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
30
Programas governamentais
O processo de ocupação do Cerrado foi fortemente impactado, de forma 
positiva, pela construção de Brasília. As obras levaram ao aumento da po-
pulação, e rodovias foram construídas, cortando a região para ligar a nova 
capital brasileira às demais grandes cidades do País.
Apesar disso, o processo rural era basicamente ligado à pecuária exten-
siva ou ao crescimento industrial estimulado pelos governos militares. Foi 
apenas no início da década de 1970 que o Governo brasileiro mirou suas 
atenções no cerrado com o objetivo de expandir suas fronteiras agrícolas. 
Com a possibilidade de mecanização, a região representava 
a possibilidade de se implantar uma agricultura moderna, 
altamente competitiva e voltada às commodities.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
31
Nesse período, algumas políticas governamentais estimularam a ocupação 
da região. Foram os chamados “projetos de colonização agrícola”, como o:
• Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba;
• Programa de Desenvolvimento dos Cerrados;
• Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento dos 
Cerrados.
A ocupação agrícola também começou com esses proje-
tos, por meio da agricultura convencional, que na época 
era o sistema de produção mais desenvolvido tecnologi-
camente e o único com produtos, processos, máquinas e 
implementos disponíveis. 
Ele se caracterizou pela mecanização intensa e pelo grande uso de capi-
tal, de fertilizantes e de agrotóxicos.
Mesmo com todo o investimento e a audácia dos programas governamen-
tais, o cerrado brasileiro sempre teve poucos investimentos em infraes-
trutura. Por conta disso, a população e o setor agropecuário da região en-
frentam limitações e dificuldades desde o início da ocupação do território.
Apesar de ter uma rede viária bem estabelecida, somente 
uma pequena parte é asfaltada, ainda assim, com más con-
dições de conservação. Isso torna o transporte de insumos 
(fertilizantes, sementes e combustíveis) demorado e caro, 
além de prejudicar o escoamento de grãos e carne para os 
portos exportadores. As estradas ruins tornam os insumos 
e os produtos agropecuários caros na região, reduzindo a 
competitividade em relação aos produzidos em regiões que 
possuem melhores condiçõesde tráfego.
Isso significa que ainda há excelentes possibilidades de melhorias para a 
infraestrutura do cerrado. A exploração das hidrovias e ferrovias, que agi-
lizariam o transporte dos insumos agropecuários e também o escoamento 
da produção, é uma das oportunidades. Além disso, o acesso pleno à re-
gião permite a expansão empresarial, gerando a possibilidade de implan-
tação de indústrias de processamento, o que agregaria valor aos produtos.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
32
Aula 3: 
Revolução Verde 
no Brasil
Revolução Verde foi definida por Goodman et al. (1990) como o conjunto 
de avanços no setor industrial agrícola e de pesquisas cientificas, nas áre-
as da química, da bioquímica, da genética e da mecânica, ocorrido no final 
dos anos 1960 e início dos anos 1970.
Seu principal fundamento era a melhoria da produtividade 
agrícola por meio da evolução nos produtos e nos 
processos convencionalmente utilizados.
 A revolução pregava a adoção de um conjunto de práticas que contavam 
com a utilização de variedades melhoradas geneticamente e mais bem 
adaptadas às regiões produtivas e, por outro lado, eram mais exigentes 
em fertilizantes e produtos químicos (GOODMAN et al., 1990).
O sucesso produtivo da Revolução Verde é exemplificado pela comparação 
do crescimento da produção mundial de cereais:
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
33
Produção mundial de cereais
Crescimento: 2,7 % ao ano
Disponibilidade de
alimentos por habitante 40%
1950
700 milhões
de toneladas
1,8 milhões 
de toneladas
1985
Fonte: CMMAD (1991).
Esse sucesso foi rapidamente cedendo lugar às preocupações com os im-
pactos socioambientais e energéticos do modelo.
No Brasil, a partir da década de 1970, a adoção de um novo padrão de 
agricultura representado pelo Primeiro Plano Nacional de Desenvolvi-
mento ficou conhecida como Segunda Revolução Verde, baseada na 
agricultura moderna e mais sustentável, com a utilização de fertilizantes e 
corretivos, que foi a base para a adoção do SPD no País.
A Segunda Revolução Verde começou por causa das elevadas perdas de 
solo por erosão, o que estava inviabilizando economicamente a agricultura 
em escala industrial. 
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
34
No Rio Grande do Sul e no Centro Sul do Paraná, por 
exemplo, a produção principalmente de soja e trigo acon-
tecia com base na ausência de restos culturais, no fogo 
e no revolvimento do solo. Aliado às chuvas, isso gerou 
um resultado catastrófico que precisava urgentemente ser 
substituído.
Como consequência da Revolução Verde, nos anos 1970, em meio à eu-
foria do chamado “milagre econômico”, a adoção de um novo padrão tec-
nológico na Segunda Revolução Agrícola significava o início da abertu-
ra de um considerável mercado de máquinas, implementos, sementes e 
insumos agroquímicos. A estratégia agrícola expressa no Primeiro Plano 
Nacional de Desenvolvimento era “desenvolver a agricultura moderna de 
base empresarial que alcance condições de competitividade internacional 
em todos os principais produtos” (NOVAES, 1993).
O crédito agrícola teve um papel fundamental para uma 
melhor competitividade internacional. O Governo criou li-
nhas especiais de crédito atreladas à compra de insumos 
agropecuários, mecanismo que ampliou a dependência 
do setor produtivo agrícola em relação ao setor produtor 
de insumos. A agricultura passaria a exercer uma nova 
função na criação de mercado para a indústria de insu-
mos agrícolas.
No entanto, o processo que ocorreu no Brasil no início na década de 1970 
levou à intensificação do sistema produtivo agrícola com uso de grandes 
quantidades de fertilizantes, mecanização e poucas estratégias tecnoló-
gicas sustentáveis. Todas essas ações elevaram muito o consumo de re-
cursos naturais, como adubos e combustíveis, e implantaram um negócio 
baseado nas monoculturas e na alta mecanização.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
35
Dessa forma, a agricultura nacional 
operou por muito tempo de forma 
negativa, ambientalmente falando, 
consumindo recursos preciosos, 
especialmente o solo e nutrientes. 
Foram esses impactos que primei-
ro despertaram nos pioneiros do 
plantio direto o interesse e a neces-
sidade por uma agricultura mais 
sustentável.
Você vai ver
No próximo módulo, você vai compreender o Sistema Plantio Direto 
(SPD), seus princípios e os efeitos positivos no solo. Além disso, vai ver 
as boas práticas para implantar esse sistema na sua propriedade rural! 
Mas, antes, você deverá acessar o AVA e realizar a atividade de aprendi-
zagem obrigatória. 
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
36
Atividade de 
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos apresen-
tados até aqui. Todas as atividades do curso serão baseadas na história 
que apresentaremos a seguir. Por isso, leia com atenção:
A história do Seu João
Seu João é proprietário da fazenda “Palmeiras” em Lucas do Rio Verde, 
no Mato Grosso. Essa fazenda, ele herdou de seu pai, assim como o amor 
ao cerrado e à agricultura. Seu João precisou aprender a lidar desde cedo 
com as exigências e necessidades da região: o latossolo de baixa fertili-
dade natural, a alta lixiviação, o clima tropical sazonal, no qual as chuvas 
concentram-se na primavera e no verão, e o inverno é seco.
Seu Francisco, o pai de João, criava gado nelore em sistema extensivo, 
deixava os animais soltos, sem controle do manejo da pastagem, nem su-
plementava os animais.
Na época que Seu João assumiu a fazenda, ele ouviu falar de uma cultura 
muito promissora: a soja. Decidiu, então, investir no cultivo dela, fez investi-
mentos em maquinários e estrutura. Seu João estava sentindo-se no cami-
nho certo, mas percebeu que a forma como estava produzindo monocultura 
de soja sob sistema convencional de preparo do solo ao longo dos anos não 
estava sendo benéfica para o rendimento do seu negócio, tampouco para a 
sustentabilidade dos recursos ambientais que ele usufruía.
Assim, Seu João decidiu procurar ajuda do Senar, que é o Serviço Nacional 
de Aprendizagem Rural, e começou a frequentar palestras sobre técnicas 
conservacionistas do solo, foi a dias de campo e recebeu a visita da assis-
tência técnica.
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
37
As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler 
e respondê-las com mais tranquilidade. 
Entretanto, você deverá acessar o AVA e resolver lá as 
questões. Você terá duas tentativas para realizar cada 
questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que:
1. acertar as questões; ou
2. usar todas as suas tentativas.
Questão 1
Seu João é proprietário de uma fazenda, que, em sua história, já está com 
mais de 50 anos de degradação do solo. Agora, seu João quer virar essa 
página e entender as necessidades da sua produção para tornar a agricul-
tura mais rentável e sustentável!
Seu João quer conhecer o solo de sua região e como pode melhorá-lo.
Assinale a alternativa que melhor caracteriza os solos do cerrado visto 
que umas das principais limitações da região de cerrado é a baixa ferti-
lidade natural.
a) Solos pobres em fósforo, cálcio e magnésio, com altos teores de 
alumínio (Al) trocável.
b) O ferro e o magnésio são os nutrientes mais limitantes.
c) Solos com alta disponibilidade de fósforo, porém pobres em cálcio 
e magnésio.
d) Embora haja pouca disponibilidade de fósforo, o pH fica próximo à 
neutralidade.
Questão 2
Quando Seu João era criança, no início na década de 1970, chegou ao 
Brasil o que chamaram de revolução verde! Ele acompanhou de perto e viu 
crescer a intensificação dos sistemas produtivos agrícolas, que dispunha 
de um pacote tecnológico aos produtores: fertilizantes, maquinário, agro-
químicos e poucas estratégias tecnológicas sustentáveis. 
Módulo 1 – O Bioma Cerrado
38
Como consequência, elevou-se muito o consumo de recursos naturais, 
como adubos e combustíveis, e os produtores implantaram um negócio 
baseado nas monoculturas e na alta mecanização. Com Seu João não foi 
diferente, pois produzia monocultura de soja com sistema convencional de 
preparo de solo.Qual(is) a(s) consequência(s) possível(is) que anos de monocultura pode 
trazer ao solo e ao meio ambiente?
1. Solos compactados.
2. Solos erodidos.
3. Redução da fauna natural do local.
4. Aumento da incidência de pragas e doenças.
5. Desequilíbrio ecológico e perda de biodiversidade.
Assinale a alternativa que contenha as consequências corretas:
a) Apenas 1, 2 e 3.
b) Apenas 3, 4 e 5.
c) 1, 2, 3, 4 e 5.
d) Apenas 2, 3 e 4

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