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Módulo 3: Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades Bem-vindo ao Módulo 3 Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Ma- nejo e Oportunidades! Aqui você conhecerá as práticas de manejo e conservação em sistemas já estabelecidos, como é feito o SPD em sistemas integrados com a pecuá- ria, quais as principais oportunidades para conversão de áreas agrícolas ou pecuárias em SPD e os principais desafios e ações para fortalecimento e desenvolvimento do SPD no Cerrado. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 91 Confira o conteúdo de cada aula deste módulo: Aula 1 - Práticas de manejo e conservação • Adubação de culturas em sistemas já estabelecidos • Adubação de sistemas • Manejo de plantas daninhas • Manejo de pragas Aula 2 - O SPD em sistemas integrados com a pecuária ou iLPF Aula 3 - Oportunidades para conversão de áreas em SPD • Plantio convencional em SPD • Pastagens ou pastagens degradadas em SPD • Plantio Direto em SPD Aula 4 - Desafios e ações para fortalecer e desenvolver o SPD do Cerrado Pronto(a) para começar a primeira aula deste módulo? Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 92 Aula 1: Práticas de manejo e conservação Adubação de culturas em sistemas já estabelecidos As necessidades de adubações são definidas a partir da diferença entre o que as plantas precisam para atingir as produtividades desejadas e a quantidade de nutrientes que o solo pode fornecer... A disponibilidade de nutrientes presentes no solo, que são absorvidos pelas plantas, é estimada a partir das análises de solo, levando-se em consideração as variáveis bióticas e abióticas que definem a eficiência de absorção de cada um dos nutrientes. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 93 A necessidade das culturas é definida a partir da extração e da exportação de nutriente pela cultura para uma determinada expectativa de produtividade. Em áreas que apresentam sistemas de produção já estabelecidos, ou seja, com níveis adequados e altos de nutrientes no solo, as adubações são realizadas com base na manutenção dos nutrientes no solo. Dessa for- ma, pela expectativa de produtividade, recomenda-se a quantidade de nutrientes que serão exportados pela cultura, ou seja, os nutrientes que serão retirados da lavoura na forma de grãos/forragem. As extrações e exportação variam entre culturas, mas normalmente ob- servam-se maiores extrações e exportações de nitrogênio, seguidas de potássio e fósforo. Para as culturas da soja e do milho são apresentadas a extração e a exportação segundo a expectativa de produtividade. Confira na tabela as estimativas de extração e exportação totais de ma- cronutrientes (kg ha-1) e micronutrientes (g ha-1) da cultura da soja, em função da produtividade esperada. Tabela 3 - Porcentagem exportada em relação ao extraído da cultura de soja Nutrientes Concentração de nutrientes e Matéria Orgânica (MO) 3,0 t ha-1 ou 50 sc ha-1 3,6 t ha-1 ou 60 sc ha-1 4,2 t ha-1 ou 70 sc ha-1 Extraído Exportado Extraído Exportado Extraído Exportado kg ha1 Nitrogênio (N) 249 153 299 184 349 214 Fosfato (P2O5) 46 30 55 36 65 42 Óxido de potássio (K2O) 114 60 137 72 160 84 Enxofre (S) 46 16 55 19 65 23 Cálcio (Ca) 37 9 44 11 51 13 Magnésio (Mg) 20 6 24 7,2 28 8 g ha-1 Molibdênio (Mo) 21 15 25 18 29 21 Zinco (Zn) 183 120 220 144 256 168 Manganês (Mn) 390 90 468 108 546 126 Cobre (Cu) 78 30 94 36 109 42 Boro (B) 231 60 277 72 323 84 Fonte: Broch & Ranno (2013). Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 94 Agora veja a tabela que mostra a extração e exportação de nutrientes na cultura do milho. Tabela 4 - Porcentagem exportada em relação ao extraído da cultura de milho Nutriente Extração Exportação % kg t-1 de grão Nitrogênio (N) 24,9 15,8 63 Fosfato (P2O5) 9,8 8,7 89 Óxido de potássio (K2O) 21,8 5,8 26 Cálcio (Ca) 3,9 0,5 12 Magnésio (Mg) 4,4 1,5 36 Enxofre (S) 2,6 1,1 45 g t-1 de grão Ferro (Fe) 235,7 11,6 5 Manganês (Mn) 42,8 6,1 14 Cobre (Cu) 10 1,2 12 Zinco (Zn) 48,4 27,6 57 Boro (B) 18 3,2 18 Molibdênio (Mo) 1 0,6 63 Fonte: Broch & Ranno (2013). Adubação de sistemas A adubação do sistema é uma prática de recomendação que, além dos resultados da análise de solo (teores disponíveis), considera: • os créditos de nutrientes deixados pelos restos culturais anteriores; • as expectativas de produtividades para cálculo da extração e da exportação de nutrientes; • as demandas nutricionais de cada cultura; • a eficiência de aproveitamento dos fertilizantes; e • a evolução da fertilidade do solo. Evolução da fertilidade do solo Nutrientes que estão sendo acumulados e nutrientes que estão sendo esgotados. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 95 A principal diferença desse modelo de recomendação de adubação está no fato de se considerar o efeito residual das adubações anteriores sobre as culturas seguintes, ou seja, os créditos da ciclagem de nutrientes. Dessa forma, há mais flexibilidade na recomendação de adubação, por meio de pré-planejamento integrado, aplicando os fertilizantes à cultura principal (safra) com maior potencial de resposta, inclusive em quantida- des acima das exigidas e minimizando ou eliminando a aplicação na cultu- ra seguinte com menor resposta à adubação. A adubação do sistema produtivo será definida pelo conheci- mento dos teores no solo, dos créditos de ciclagem da cultura anterior, do cálculo da demanda nutricional da cultura em fun- ção da expectativa de produtividade e do fator de eficiência da adubação (BORIN, 2013). Manejo de plantas daninhas Agora vamos falar sobre outro assunto importante: o manejo de plantas daninhas. O Plantio Direto nos cerrados já é considerado uma técnica consagrada, embora muitos fatores técnicos ainda necessitem de ajustes. Dentre as dificuldades, destacam-se: Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 96 • as poucas opções de espécies vegetais para a formação da cober- tura morta; e • o desconhecimento de opções de programas de rotação de culturas que proporcionem a otimização do sistema. De acordo com Ruedell (1995), o controle de plantas daninhas é conside- rado o item de maior dificuldade a ser dominado pelos usuários do Plantio Direto, comparativamente à mecanização e à fertilização. O controle químico, apesar de ser uma forma eficiente de eliminar as plantas daninhas, se usado de maneira inade- quada, pode onerar o custo de produção e/ou não apresen- tar eficácia. Por isso que o uso integrado do Plantio Direto e da rotação de culturas é tão importante para sua produção. A aplicação dessa técnica pode resul- tar na redução das infestações de plantas daninhas ao longo dos anos. A rotação de culturas no inverno e no verão possibilita o empre- go de técnicas diferenciadas de controle de plantas daninhas e o uso de herbicidas com eficiência e mecanismos de ação dife- renciados, diminuindo os riscos com falhas de controle e o de- senvolvimento do processo da resistência de plantas daninhas a herbicidas (BIANCHI, 1998). Pela presença permanente de co- bertura sobre o solo, e pela melho- ra nos níveis de carbono no solo por meio do aumento dos níveis de matéria orgânica, o Sistema Plan- tio Direto reduz sensivelmente a infestação de plantas daninhas nas culturas. Plantio Direto Fonte: CNA Brasil. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 97 A cobertura funciona como um elemento isolante que reduz a amplitude tér- mica do solo e a luz solar que atinge o solo. Esses fatores estão intimamente relacionados com o processo de germinação de plantas daninhas, e o resul- tado é a redução substancialmente do crescimento dessas plantas nocivas. Quando se deixa de preparar o solo, grandes quantidades de sementes de invasoras permanecem a profundidades. Isso impede a germinaçãoe o crescimento dessas plantas nocivas. Além disso, o processo de decompo- sição da cobertura morta na superfície libera gradualmente uma série de compostos orgânicos, e muitos deles interferem diretamente na germina- ção e na emergência das plantas indesejáveis. A escolha de espécies de maior cobertura e mais intensidade do efeito alelopático re- duz significativamente a incidência de inva- soras e facilita muito o controle sem o uso de herbicidas. Para o manejo eficiente de plantas daninhas em Plantio Direto, devem ser congregados todos os métodos de controle possíveis, ou seja, utilizar-se do manejo integrado de plantas daninhas, compondo estratégia tecnica- mente eficiente e economicamente viável para manter a sustentabilidade do sistema. A adoção do SPD como meio potencial para reduzir o uso de herbicidas e a contaminação ambiental é viável por várias razões, entre as quais estão: • o surgimento, no mercado, de herbicidas modernos, sistêmicos, ca- pazes de dessecar os restos culturais e as plantas daninhas, tanto as anuais quanto as bianuais e perenes, sem ação residual no solo; • a formação e o acúmulo de palha na superfície do solo, com efeito físico e alelopático sobre a população de plantas daninhas; • a redução do processo erosivo do solo, possibilitando redução no risco de contaminação de sedimentos do solo no processo de es- corrimento superficial; e • o acúmulo de sementes de plantas daninhas na superfície do solo, ficando expostas à ação do clima e de predadores. A aquisição de resistência a herbicidas por diversas espécies vegetais deu-se em decor- rência da utilização de superdoses e da falta de rotação dos princípios ativos. Alelopático Alelopatia é a capacidade das plantas de produzir substâncias prejudiciais ou benéficas para outras plantas. Vegetais Notadamente a buva e o amargoso no cerrado. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 98 O adequado controle de plantas daninhas por meio de agrotóxicos no Plan- tio Direto pode ser realizado em pré-semeadura e em pós-semeadura. Pré-semeadura Na pré-semeadura, as plantas daninhas são eliminadas antes da implantação das culturas. No manejo, geralmente são utiliza- dos produtos de ação total. Pós-semeadura Em pós-semeadura, utilizam-se os mesmos herbicidas recomen- dados para o sistema convencio- nal, incluindo-se os pré-emer- gentes e os pós-emergentes, e excluindo-se os que necessitam de incorporação. Para controle efetivo das plantas daninhas predominan- tes em áreas sob Sistema Plantio Direto, as estratégias de controle devem ser elaboradas para cada caso particular, buscando sempre a integração dos métodos de controle. A rotação de culturas, associada ao controle químico, é indispensável para o controle das plantas daninhas em áreas de SPD. Inúmeras tecnologias têm sido desenvolvidas tentando obter maior efici- ência na aplicação de herbicidas e redução dos impactos no meio ambien- te. Entretanto, grande parte das pesquisas associadas à agricultura de precisão no controle de plantas daninhas tem sido realizada no exterior. Os estudos na área de biologia das plantas daninhas e de alelopatia das Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 99 culturas de cobertura, associados com a tecnologia de aplicação de herbi- cidas e com a agricultura de precisão, poderão contribuir para a otimiza- ção do controle das plantas nocivas em áreas de Plantio Direto (GOMES; CHRISTOFFOLETI, 2008). Manejo de pragas No passado, o controle de pragas baseava-se no método de aplica- ção em larga escala e continuada de inseticidas, devido ao baixo cus- to e ao largo espectro. Entretanto, com o tempo, verificou-se que essa prática era inadequada por provo- car contaminação no agroecossis- tema, causando, dessa maneira, seu desequilíbrio. Algumas espécies tornaram-se resistentes, outras ressurgiram mesmo estando previamente controladas. Ocorreram surtos epidêmicos de pra- gas historicamente de importância secundária e redução da população de insetos benéficos. Além disso, passaram a ser observados efeitos danosos em animais selvagens, domesticados e no homem, bem como acúmulo de resíduos tóxicos no solo, na água e nos alimentos. Entretanto, progressos foram obtidos durante os últimos 30 anos devido à formulação da teoria do controle biológico, por meio do manejo do ecos- sistema, baseado num maior conhecimento de ecologia aplicada e de di- nâmica populacional. Nas décadas de 50 e 60, surgiu o conceito controle integrado de pragas, cuja caracte- rística é empregar com maior amplitude as táticas de controle dos agentes nocivos. Com o passar dos anos, esse conceito tornou-se mais abrangente, até chegar à definição adotada pela FAO. Controle integrado de pragas Controle aplicado de pragas que combina e integra os controles químico e biológico. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 100 Controle integrado é definido como um sistema de manejo de organismos nocivos que utiliza todas as técnicas e métodos apropriados da maneira mais compatível possível para manter as populações de organismos nocivos em níveis abaixo daque- les que causam injúria econômica. Por essa definição, o controle integrado visa a integração de todas as téc- nicas apropriadas de manejo com os elementos naturais limitantes e regu- ladores do ambiente (CARVALHO; BARCELLOS, 2012). Já o termo “manejo” implica a utilização de todas as técnicas disponíveis dentro de um programa unificado, de modo a manter a população de or- ganismos nocivos abaixo do limiar de dano econômico e a minimizar os efeitos colaterais deletérios ao meio ambiente. Conheça as bases e pilares de um programa de manejo integrado de pragas. Fonte: Gallo et al., 2002. Na prática, o manejo integrado envolve três principais ações. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 101 Determinar como o ciclo de vida de uma praga pode ser mo- dificado, de modo a mantê-lo em níveis toleráveis, ou seja, abaixo do limiar de dano econômico. Combinar o conheci- mento biológico com tecnologia disponível para alcançar a mo- dificação necessária, ou seja, exercer a ecologia aplicada. Desenvolver mé- todos de controle adaptados às tec- nologias disponíveis e compatíveis com aspectos econômicos e ecológico-sociais. O MIP está fundamentado em 4 bases e possui 6 pilares norteadores. Atualmente, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) leva em conta as pre- ocupações econômicas, dos produtores, da ecologia, da sociedade e do meio ambiente. Isso é conseguido por meio do uso compatível de diversas táticas, de modo a manter a redução abaixo do limiar de dano econômico, sem causar danos ao homem, aos animais e ao ambiente. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 102 O MIP deve assegurar uma agricultura forte e um ambiente viável. No ambiente virtual de aprendizagem (AVA), você poderá assistir ao vídeo que explica as táticas utilizadas para o MIP. Vale a pena conferir! Para o desenvolvimento e a implantação do MIP, são fundamentais três etapas: • avaliação do ecossistema; • tomada de decisão; e • escolha da estratégia de controle a ser adotada. A avaliação do agroecossistema e seu planejamento são fundamentais para conhecer as pragas-chave e os períodos críticos da cultura em rela- ção ao ataque de pragas. Por meio dos históricos da área e da cultura, da capacidade ou da possibi- lidade de se poder fazer previsões da ocorrência e do estabelecimento de pragas em função dos fatores ecológicos, é possível fazer uso de outros métodos que não os químicos. Depois de uma cultura implantada, as etapas seguintes, de tomada de decisão e escolha da estratégia de controle, dizem respeito basicamente à utilização de inseticidas. Assim, medidas culturais como a utilização de variedades resistentes, rota- ção de culturas, preparo do solo, alteração da épocade plantio ou colheita, adubação, manejo das plantas daninhas, manejo da água e da adubação etc., devem ser previstas antes da instalação da cultura, como também os métodos biológicos e genéticos (CARVALHO; BARCELLOS, 2012). Siga em frente e confira na próxima aula o SPD em sistemas integrados com a pecuária ou iLPF. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 103 Aula 2: O SPD em sistemas integrados com a pecuária ou iLPF Frequentemente, a falta de opções para a rotação de culturas é apontada como um problema para a consolidação dos três princípios do SPD. Em diversas regiões do País, faltam espécies agrícolas com uma cadeia estru- turada que possibilite a implantação, o manejo e a comercialização a pre- ços compatíveis. Dessa forma, as “rotações” mais comuns passam a ser a soja na safra e o milho na safrinha. Por sua frequente repetição ao longo dos ciclos agrícolas, o sistema atinge o status de sucessão de culturas, deixando de cumprir um dos preceitos do SPD. iLPF Fonte: CNA Brasil. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 104 No final da década de 80, no Mato Grosso do Sul, mais especificamente em Maracaju, produtores que já utilizavam o Plantio Direto e possuíam pecuária em suas propriedades iniciaram testes de integração entre os dois sistemas. Apoiados pela Embrapa, iniciaram trabalhos do que chamamos hoje de integração Lavoura-Pecuária (iLP), sistema em que a pastagem faz parte da rotação das culturas, sucedendo a agricultura e incluindo a atividade pecuária na área após a agricultura. Várias podem ser as formas de integrar as atividades agrícola e pecuá- ria, no entanto dois sistemas são comumente utilizados e consolidados no cerrado: Sistema soja + milho safrinha O sistema soja + milho safri- nha é plantado juntamente com uma forrageira e pastejado após a colheita do milho. A utiliza- ção pela pecuária se dá por um período, em seguida a pasta- gem é dessecada para dar lugar ao componente agrícola, que é plantado em SPD. Sistema soja + milho e capins Você pode utilizar o sistema soja + milho e capins por um período, e pastagem por outro período. Nesse sistema, a soja e o milho + capins são cultivados por dois ou três anos consecutivos e, em seguida, dão lugar à pecuária por um período similar, de forma que o componente agrícola retorna à área também em SPD. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 105 Mão no bolso Olá! Vale lembrar que os sistemas podem ser manejados com diversas combinações temporais de acordo com o planejamento do produtor, podendo atender, inclu- sive, a demandas de mercado. Caso um componente esteja mais valorizado no mer- cado naquele período, ele pode permanecer no siste- ma por mais tempo ou, caso haja queda de preço, ser substituído! A utilização da integração Lavoura-Pecuária (iLP) talvez seja o sistema tecnológico mais desenvolvido que esteja ligado ao SPD. Por meio dela, a propriedade rural diversifica sua matriz econômica e os benefícios são mútuos aos dois sistemas. Na agricultura, a rotação com a pastagem quebra as chamadas pontes verdes, utilizadas por diversas pragas e doenças para permanecer na área e recolonizar a cultura em seu retorno. De forma similar, o ciclo das plantas daninhas é quebrado, uma vez que a gramínea forrageira coloniza rapida- mente, competindo com as invasoras. A utilização da rotação de culturas que incluem as gramíneas da pastagem, que possuem raí- zes mais profundas do que a maioria das cultu- ras agrícolas, provoca ampla colonização da subsuperfície por suas raízes, permitindo o tráfego de nutrientes e água no perfil do solo por meio de seus processos fisiológicos. Uma vez dessecada para posterior plantio da cultura de verão, as plan- tas de braquiária, além de cobrir o solo, trazendo todos os benefícios já destacados anteriormente, vão passar por um processo de decomposi- ção, promovendo a ciclagem de nutrientes. Além disso, muito possivel- mente, grande parte das raízes dessa forrageira morrerá, transformando o espaço ora ocupado por elas em dutos no solo, melhorando a aeração, facilitando a infiltração de água e agindo, de certa forma, como agente descompactador do solo. Gramíneas da pastagem Em geral, braquiárias. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 106 Veja na imagem o sistema de integração com soja em área de pós-braqui- ária à direita, e plantio solteiro à esquerda. Perceba a exploração radicular da soja após a decomposição da gramínea. Foto: João K. Para a pecuária, além do alto ganho econômico provocado pela abun- dante pastagem formada após a agricultura, o ciclo da maioria das verminoses e dos ectoparasitas também é quebrado pela ausência dos animais na área durante o pe- ríodo agrícola. Além disso, a reforma de pastagens também pode ser feita em Plantio Direto, sem que haja mecanização da área. Para que esse procedimento seja empregado, a área precisa possuir algumas características: Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 107 Fonte: CNA Brasil. Ter baixa necessida- de de correção, de forma que o calcário e o gesso possam ser adicionados via superfície. Fonte: CNA Brasil. Estar bem nivelada, sem buracos ou carreadores, não necessitando de nenhuma operação de grade, de forma que seja possível a operação com plantadeira na área. Fonte: SENAR Nacional Estar com os terraços em boas condições. Nessas condições, a área poderá receber a nova pastagem, que pode ser de outra espécie, ou da mesma, em Plantio Direto. O procedimento é bas- tante simples, no entanto demanda mais tecnologia, tanto em máquinas quanto em conhecimento do produtor. Uma plantadora/ adubadora es- pecífica para sementes finas faz o plantio do capim e aplica os nutrientes necessários, via adubação formulada. A utilização do SPD reduz os custos com mecanização e insumos, especialmente pela otimização no uso dos ferti- lizantes, pela redução no consumo de combustíveis e por possíveis reduções no emprego de produtos químicos. Além disso, a utilização de sementes é de, aproximada- mente, 60% do que é recomendado quando é feita seme- adura a lanço. Naturalmente reduz-se a emissão de gases de efeito estufa e melhora-se e estrutura do solo, pois a cobertura (viva ou morta) é mantida ao longo de todo o período e não há revolvimento. Siga em frente e conheça, na próxima aula, as principais oportunidades para conversão de áreas agrícolas ou pecuárias em SPD. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 108 Aula 3: Oportunidades para conversão de áreas em SPD Vamos dar início à terceira aula do Módulo 3, que trata das principais oportunidades para conversão de áreas agrícolas ou pecuárias em Siste- ma Plantio Direto. O Plantio Direto, por tratar-se de um sistema, demanda de uma série de condições para que seja empregado, como mão de obra qualificada, assis- tência técnica, investimento inicial em corretivos e máquinas e implemen- tos, entre outras. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 109 As principais situações de emprego do SPD são: a) substituição de área de plantio convencional para Plantio Direto; b) implantação da atividade agrícola em áreas de pecuária com ou sem degradação; e c) evolução do Plantio Direto para um Sistema Plantio Direto. Em cada uma das condições citadas, uma série de ações deve ser exe- cutada para que o processo de conversão ou melhoria do sistema ocorra e os resultados sejam positivos para produtor, propriedade rural e meio ambiente. Em todas as práticas de conversão, o processo se inicia pela coleta de solos, que deve ser feita com bastante ri- gor técnico, garantindo o resultado de acordo com o que realmente há no solo. Essa coleta deverá ser feita por um técnico experiente e capaz. A seguir, conheça mais detalhes sobre cadauma das situações. Plantio convencional em SPD Uma boa possibilidade para empre- go do SPD é em áreas de Plantio Convencional (PC), nas quais ocor- re a mecanizada frequentemente, não possui cobertura vegetal nem a rotação de culturas. Apesar des- sas áreas terem diminuído muito no Brasil devido ao sucesso do Plan- tio Direto, ainda há diversas regi- ões que empregam esse sistema de produção, seja por necessidade, falta de conhecimento ou de recur- sos para a conversão para o SPD. Fonte: SENAR Nacional Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 110 Dica do Técnico Oi, dona Teresa! Tudo bem com a senhora? Pois é, ainda bem que vocês perceberam a tempo que o plantio convencional não é uma boa opção para sua propriedade. É que o preparo convencional do solo, quando adotado de forma inadequa- da na região tropical, promove aceleração do processo erosivo, com elevadas perdas de solo e água, bem como compactação, custos elevados e redução da produtividade. Além disso, arar ou gradear o solo promove oxidação da matéria orgânica do solo, aumento da sua decomposição e diminuição do seu teor, e aumento das emissões de Gases de Efeito Estufa. A condição geral dessas áreas é de solo descoberto e, geralmente, não há ro- tação de culturas. Tais fatores são potenciais geradores de problemas, como o encrostamento superficial e as erosões, no caso da ausência de terraços. E como eu já havia orientado a senhora e o sr. Antônio, a adoção do sistema plantio direto e as técnicas de cultivo são uma oportunidade para aumentar a produtividade e, consequentemente, diminuir os custos. Se precisar, é só chamar, dona Teresa. Um abraço! Mão na Terra Lá na fazenda Rio Novo não era diferente! Também tra- balhávamos com o Plantio Convencional. Mas naquele momento achávamos que era o melhor a se fazer conforme nossas necessidades. Porém, percebemos que o preparo convencional do solo que estávamos fazendo era inadequado e, com isso, ocorreram erosões em algumas áreas. E, conse- quentemente, nossos custos foram mais altos e a pro- dutividade baixa. Até que, em um dia, recebemos a visita do Marcos, téc- nico do SENAR que presta assistência nas proprieda- des daqui da região. Ele nos orientou quanto às conse- quências negativas do Plantio Convencional. Confira a explicação dele!. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 111 Existem algumas medidas que devem ser realizadas antes da implantação do SPD. Primeiro, deve-se diagnosticar a condição química e física do solo por meio de uma análise. Ela deve ser feita com a maior antecedência possível, vi- sando à realização do planejamento, da aquisição dos insumos e para que haja tempo hábil para a execução do trabalho. Por já haver agricultura na área, espera-se que o espaço esteja corrigido e com bons níveis de fertilidade. Do contrário, deve ser corrigido. Em seguida, deve-se planejar a sequência de culturas que ocupará a área durante o maior período possível, de preferência ao longo de todos os anos. Deve-se atentar para o fato de que a necessidade de inserção de cober- tura vegetal na área é grande, buscando, assim, as espécies que possam produzir matéria seca suficiente para o adequado recobrimento do solo. A sequência de espécies e sua rotação ao longo do tempo deverão ser compostas por plantas adaptadas à região e com características agronô- micas conhecidas. Deve-se ainda avaliar a disponibilidade de máquinas e implementos para a implantação de culturas em áreas não revolvidas, especialmente plantadeiras, que são específicas e diferentes para o plantio convencio- nal e o SPD. Uma sequência temporal para a conversão de PC em SPD seria: Planejamento Amostragem de solo, definição das espé- cies, aquisição de insumos, definição das operações. Mecanização Construção de ter- raços e condiciona- mento do solo em profundidade por meio da incorpora- ção dos corretivos e fertilizantes. Plantio Implantação das espécies conforme planejamento. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 112 Pastagens ou pastagens degradadas em SPD É sabido que, no Brasil, boa parte das áreas de pastagens encontra-se em algum estágio de degradação. Somente no cerrado, a Embrapa estima que haja aproximadamente 32 milhões de hectares em que o pasto está pro- duzindo abaixo do esperado. Boa parte dessa área possui condições de ser trabalhada com agricultura, desde que haja o emprego de tecnologias adequadas. De acordo com estudo feito por Martha Junior e Vilela (2009) na região do cerrado, a intervenção nas pastagens por meio da recuperação direta ou indireta com sistemas de produção integrados provocaria um efeito cha- mado “poupa-terra”. Segundo os autores, se 10% da área de pastagem da região fosse recuperada com sistema iLP com 50% pastagem e 50% lavoura no verão, geraria um efeito de 3,55 hectares poupados para cada hectare reformado. Está disponível na biblioteca do curso um texto sobre o Efeito poupa-terra de integração Lavoura-Pecuária. Acesse o AVA e baixe o texto. Boa leitura! Nesses casos de conversão da área de pastagem degradada para a agricultura, a utilização do SPD é fator decisivo no sucesso do siste- ma. Além de significar uma evolu- ção tecnológica, o emprego de um sistema de cultivo poderá repre- sentar consideráveis ganhos eco- nômicos e ambientais. Área de pastagem degradada em Mato Grosso do Sul. Fonte: SENAR Nacional. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 113 Como principais características naturais, ou em decorrência do manejo ina- dequado da pastagem, essas áreas apresentam baixa fertilidade, compac- tação superficial, presença de espécies invasoras, altos teores de alumínio, pouca cobertura vegetal etc. Tais condições demandariam ações específicas de mecanização e correção para sua conversão em agricultura. É importante ainda que o produtor avalie se a área apresenta aptidão para a agricultura, bem como quais espécies vegetais podem ser cultivadas. Os principais as- pectos observados são a condição física e química do solo, o regime hídrico, se há ou não veranicos, bem como temperatura e altitude adequadas. As informações citadas podem ser obtidas em institui- ções de pesquisa locais, como fundações e universidades, ou regionais, como a Embrapa, que possui unidades em todos os estados do Brasil. Tal conhecimento será de alta confiabilidade e alta aplicabilidade no local, melhorando a assertividade das ações e os resultados da conversão. Geralmente essas áreas apresentam carreadores, vegetação arbustiva de cerrado, restos vegetais e necessidade de aplicação de calcário, o que de- manda adequação inicial da área. Além disso, as pastagens em degra- dação normalmente possuem terraços malconservados ou inadequados, que devem ser reconstruídos com base no componente agrícola, evitando o aumento das perdas de solo por erosão, que pode ser maior na área agrícola em relação à pastagem. A principal ação para a conversão é o reestabelecimento da capacidade produtiva da área, por meio da melhoria de sua condição química, física e de conservação do solo. No entanto, muitas vezes a condição de infraestrutura e de localização da área (especialmente estradas, pontes, distância de centros urbanos etc.) torna-se fator limitante para o transporte de corretivos e fertilizantes, o que impede a melhoria nas áreas, mesmo onde há desejo e capacidade de investimento por parte do produtor. Em alguns casos, por questões climáticas ou de solo, ou mesmo com o intuito de reduzir o risco de perdas, o componente agrícola não é implan- tado de imediato. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 114 • Primeiro reforma-se a pastagem, com toda a mecanização e a cor- reção do solo necessárias, depois forma-se pasto e um ambiente fí- sico-químico mais favorável para a agricultura, utilizando-se a área com pecuária porum ou dois anos. • Em seguida, implanta-se o componente agrícola em Plantio Direto na pastagem já recuperada, integrando os sistemas produtivos. Um exemplo dessa sequência é o Sistema São Mateus, desenvolvido no Mato Grosso do Sul. A sequência de ações para a conversão de áreas de pastagem degrada- das em SPD seria: Avaliação da aptidão da área para agricultura Aptidão agrícola do solo, clima, altitude e outros fatores que influenciam a produtividade das culturas agrícolas. Planejamento Amostragem de solo, planeja- mento de aquisição de insumos, definição das operações e esco- lha das espécies a serem culti- vadas. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 115 Mecanização Construção de terraços e condi- cionamento do solo em profun- didade por meio da incorporação dos corretivos e fertilizantes. Fonte: SENAR Nacional Plantio Implantação da cultura agrícola ou da pastagem. Plantio Direto em SPD Diferença entre PD e SPD: Já o Sistema Plantio Direto necessita que os três princí- pios sejam respeitados: • não revolvimento do solo; • cobertura permanente do solo; e • rotação de culturas. Conforme já definido concei- tualmente, o Plantio Direto trata simplesmente da inser- ção de uma cultura vegetal sem que haja revolvimento do solo. Ao avaliar uma área agrícola quanto ao manejo utilizado, devem-se sempre observar esses três itens, no intuito de avaliar se há ou não SPD. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 116 Geralmente observamos áreas em Plantio Direto ou cultivo mínimo, por- que se nota redução no uso de implementos que revolvem o solo. Porém, nota-se que a rotação de culturas na área concentra um pequeno número de espécies, com destaque para o binômio soja-milho no cerrado. Mão na Terra Não estava ainda muito claro pra mim, as diferenças entre Plantio Direto e Sistema Plantio Direto, então, fa- lei com o Marcos e ele me enviou um áudio explicando. Veja a explicação dele. Dica do Técnico Oi, dona Teresa! Então, muitas vezes, por falta de planejamento, a vegetação que recobre a área agrícola é voluntária, podendo surgir inclusive as plantas daninhas. Essa vegetação é dessecada para o plantio da cultura sequente, ignoran- do os princípios básicos do SPD, executando cultivo mínimo ou somente o Plantio Direto. Um dos grandes desafios da conversão do PD para o SPD é a rotação de cul- turas. Frequentemente, vemos o binômio soja-milho sendo utilizado ano após ano, sem que haja inserção de novas espécies. Deu-se um passo importante com a adição da braquiária, já que há possibili- dade de consórcio com o milho. No entanto, grande parte das áreas agrícolas ainda é cultivada com as duas espécies inicialmente citadas. Questões comerciais, climáticas e agronômicas limitam o leque de opções para o produtor fazer a rotação na região do cerrado. Além da falta de chuvas no inverno, poucas espécies são comercialmente viáveis como terceira cultura. Uma boa alternativa para o SPD, na região do cerrado, é a utilização do sistema integração Lavoura–Pecuária. Dessa forma, para que haja de fato o Sistema Plantio Direto, o produtor deve realizar um planejamento de longo prazo para a utilização de sua área. Nele, devem constar as espécies que vão compor o sistema ao longo dos anos, bem como as adubações e correções que serão efetuadas. E lembrar de fazer o mo- nitoramento das condições física e química do solo na área. Um abraço! Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 117 O resultado da conversão do PD para SPD será a longo prazo, espe- cialmente pelo efeito das diferen- tes culturas no solo, que serão bem mais marcantes do que aquelas do sistema soja/milho. A alternância das culturas subsequentes, com seus diferentes sistemas radicula- res, propicia diferentes horizontes de exploração do solo: há algumas raízes com grande volume superficial (até 20cm) e outras com exploração das camadas profundas (até 1,5m no solo), contribuindo com a ciclagem e com o reaproveitamento de nutrientes que, porventura, foram lixiviados. Além da rotação de culturas, no SPD necessita-se de cobertura no solo ao longo de todo o ano, fator que o binômio soja/milho não é capaz de forne- cer no cerrado. Por mais que todo o resto cultural da segunda cultura seja mantido na área, sua decomposição é rápida, de forma que, no plantio sub- sequente, a área estará descoberta, ou pior, coberta por plantas daninhas. Assim, é fundamental que uma terceira cultura seja inserida no sistema, seja em consórcio com a segunda ou plantada na sequência. Um bom exemplo de cultura que fornece cobertura para o solo e muitos outros benefícios são as braquiárias, que podem, inclusive, ser implantadas em consórcio com o milho, quando este é a segunda cultura. Na imagem a seguir, você pode conferir um consórcio de milho com bra- quiária. O milho encontra-se pronto para colheita e o capim permanece- rá na área. Fonte: SENAR Nacional Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 118 Outro pré-requisito do Sistema Plantio Direto que tem sido negligenciado, transformando-o em somente Plantio Direto, é o revolvimento do solo, atu- almente muito empregado com certa negligência por muitos produtores. É importante considerar que mesmo no Sistema Plantio Direto pode haver problemas de compactação, pois as características texturais e estruturais do solo continuam as mesmas, necessitando, muitas vezes, de ações corre- tivas. O principal desafio é reconhecer que há realmente compactação no solo, uma vez que ela pode ser con- fundida com agregação ou ter seus efeitos similares a outros problemas. Outro ponto que merece atenção são as possíveis ações para a redução da compactação. Nem sempre é necessário revolver o solo para que o pro- blema seja solucionado. Vale salientar que, nos primórdios da agricultura, o revolvimento era necessário para o controle de invasoras, e não por mo- tivos ligados à compactação. Como opções, têm-se a rotação de culturas e a utilização de espé- cies com sistema radicular profun- do, como as braquiárias, o milheto ou as leguminosas como o feijão guandu e a crotalária. Além da ocupação do solo, tais es- pécies podem ser planejadas para compor o sistema agrícola de for- ma que a área permaneça coberta o ano todo, favorecendo a atividade biológica e radicular, contribuindo para a redução da compactação super- ficial e incrementando a matéria orgânica do solo. Em contrapartida, o revolvimento afeta diretamente o processo de mine- ralização da matéria orgânica, podendo comprometer ainda a quantidade de palha na superfície e resultar em processos erosivos. O revolvimento deve ser empregado em casos específicos: Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 119 • calagens pesadas (acima de 3 toneladas por hectare); • necessidade de descompactação grave previamente diagnosticada; ou • presença de invasoras em que não haja forma de controle químico ou biológico. Em áreas em que há compactação leve ou adensamento e naquelas suscetíveis a erosão, o revolvimento é comple- tamente condenado. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 120 Aula 4: Desafios e ações para fortalecer e desenvolver o SPD no cerrado Chegamos à última aula do Módulo 3, e você conhecerá os principais de- safios e ações para fortalecimento e desenvolvimento do Sistema Plantio Direto no Cerrado. Como sistema de produção, o Plantio Direto evoluiu consideravelmente desde sua concepção no cerrado, conservando solo, água e melhorando índices produtivos de diversas culturas agrícolas. Além disso, seus princí- pios possibilitaram o aperfeiçoamento do sistema iLPF e outros de agri- cultura conservacionista. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 121 Porém, é razoável admitir que há muito o que melhorar, tanto por novas técnicasde cultivo quanto para se recuperar de retrocessos como: • a confusão conceitual entre PD e SPD; • o rebaixamento de terraços; • a pouca utilização do controle biológico; e • o revolvimento do solo em áreas consolidadas. Inicialmente, deve-se avaliar e refletir se o sistema de produção agrícola que consideramos Sistema Plantio Direto adota realmente os princípios básicos que o sis- tema exige, ou se temos somente o Plantio Direto. Sabe-se que os três princípios têm sido negligenciados no sistema produ- tivo atual, levando-o para um declínio de sua sustentabilidade, especial- mente em longo prazo. A rotação de culturas, limitada muitas vezes pela falta de planejamento, tem sido substituída pela sucessão de componen- tes, em especial soja e milho, com algodão em algumas regiões do cerrado. Nesse sentido, houve muito progresso com a adição da pecuária, ou das braquiárias como cobertura do solo via integração. Esse fator contribui tam- bém para a cobertura do solo ao longo de todo o ano. No entanto, deve-se ainda explorar outras espécies e avaliar sua viabilidade considerando os ga- nhos a longo prazo, especialmente aquelas que são adubos verdes. Scivittaro et al. (2000) observaram que o rendimento de grãos do milho obtido pela utilização de mucuna preta associada a 100 kg ha-1 de N-u- reia foi superior em 82% ao verificado para a testemunha sem adubação verde e química. Resultado semelhante foi encontrado por Spagnollo et al. (2002), onde o uso de leguminosas como o feijão-de-porco, aumentaram o rendimento do milho de 17% a 93% (423 a 2.256 kg ha-1). Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 122 Embora a rotação de culturas seja tecnicamente recomendada pelos seus benefícios no controle da propagação de pragas e doenças e na ciclagem de nutrientes, a decisão final fica por conta do agricultor. Ele se preocupa muito mais com a questão econômica do que com o aspecto da susten- tabilidade do sistema como um todo, comprometendo sua longevidade e rentabilidade futuras. Essa questão merece mais pesquisa e difusão, especialmente no cerrado, que possui bem menos opções já conhecidas para a rotação do que a re- gião Sul, por exemplo. Além disso, a difusão dos resultados já existentes é fundamental para o aumento da adoção da rotação de culturas. Outro aspecto que merece es- pecial atenção é o aumento das áreas de Plantio Direto já consoli- dado que estão sendo revolvidas, sob pretextos operacionais e sem argumentação técnica, compro- metendo a estabilidade do sistema e também a conservação do solo. Essa ação vem acompanhada de um frequente rebaixamento ou retirada de terraços, com intuito de facilitar e agilizar o plantio e a colheita, que vêm sendo feitos com máquinas cada vez maiores. Dessa forma, os produtores estão adaptando seu terreno às máqui- nas, e não o contrário, que é o que deveria acontecer. A partir de observações práticas, foi disseminada a percepção de que o Sistema Plantio Direto constitui prática suficiente para controlar integral- mente a erosão. Em decorrência, o terraceamento passou a ser conside- rado supérfluo, induzindo ao abandono da semeadura em contorno e à adoção da semeadura paralela ao maior comprimento do plantio, inde- pendentemente do sentido do declive. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 123 Como resultante dessas atitudes, tem-se notado que a observância par- cial das práticas conservacionistas, requeridas para as condições de solo e clima dessas regiões do País, fundamentadas apenas na ausência de preparo de solo e na cobertura do solo, não tem propiciado condição sufi- ciente para conter o potencial erosivo de chuvas intensas ocorrentes. A associação de práticas conservacionistas ao Sistema Plantio Direto, com eficiência para impor barreira física ao livre escoamento da enxurra- da, assume relevância, em lavouras configuradas por declives acentuados e pendentes longas. Movidos pela necessidade de agilizar o plantio, a colheita e as demais operações mecânicas, muitos produtores desconsideram a condição de umidade do solo para a entrada de máquinas. Em situações em que não há adaptação de pneus diferenciados e em que a condição de umidade do solo é deixada de lado, especialmente em solos com maiores teores de argila, o resultado é uma área com forte compactação superficial, prejudi- cando a infiltração de água e nutrientes, culminando no menor desenvol- vimento e na menor produtividade da cultura implantada. Fonte: SENAR Nacional. A concentração de nutrientes na superfície não é só por conta de pro- váveis áreas compactadas. Além disso, muitos pesquisadores não costu- mam dizer que compactação é sinônimo de adensamento. Com a mesma justificativa de ter agilidade operacional, diversos agricultores têm feito a aplicação de nutrientes a lanço em suas áreas, gerando problemas de concentração, especialmente com o fósforo. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 124 Esse elemento é pouco móvel no solo, e ainda sob con- dições e compactação limita-se à cama de 0cm a 5cm no solo. Essa superdose nutricional, aliada novamente à compactação superficial, faz que também haja raízes su- perficiais, o que torna as plantas muito mais suscetíveis aos veranicos, frequentes no cerrado. Diversas podem ser as formas de evoluir, melhorar e otimizar o SPD. Em especial, destacam-se ações de pesquisa por meio da Embrapa, de Uni- versidades, Fundações, empresas privadas e produtores, que devem ser seguidas pela transferência de tecnologias. 5º Workshop do projeto Biomas Cerrado Fonte: CNA Brasil. Sabe-se que há muita informação gerada, bem como muitos processos já bem estabelecidos. No entanto, para que eles atinjam de fato o produtor rural, é preciso que as tecnologias sejam transferidas, por isso a impor- tância de ações de difusão como cursos, dias de campo e outros eventos. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 125 Mão na Terra É isso que eu falo para os produtores vizinhos! Bus- quem informações, se atualizem, procurem as coopera- tivas, o SENAR, o técnico. Sempre podemos melhorar nossa produção usando as tecnologias certas. O Marcos é ótimo! Ele sempre explica direitinho as mi- nhas dúvidas. A última explicação que ele me mandou foi sobre o Sis- tema Qualidade do Plantio Direto na Palha. Confira!. Dica do Técnico Oi, dona Teresa! Tudo bem com a senhora? Hoje vou falar sobre o Sistema Qualidade do Plantio Direto na Palha, que tem sido destaque entre os programas que contribuem para fortalecer e desenvolver o SPD no cerrado. Essa é uma tecnologia que permite a gestão da qualidade por meio de um sistema que possibilita o cadastro de parâmetros necessá- rios à identificação da forma de manejo do solo das propriedades rurais, estabelecendo indicadores parametrizados e calculados au- tomaticamente. Os cálculos geram o Índice de Qualidade do Plantio, associado a cada propriedade rural registrada no sistema. Além disso, possibi- lita a visualização geográfica das informações, identificadas em um mapa interativo. O sistema está baseado na metodologia desenvolvida pela Fe- deração Brasileira de Plantio Direto na Palha, em parceria com a Itaipu Binacional, e vem sendo empregado no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Se precisar, é só chamar. Um abraço! Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 126 E assim concluímos os estudos do Módulo 3. Aqui você pode conhecer as práticas de manejo e conservação em siste- mas já estabelecidos, como é realizada a adubação de culturas e o manejo de plantas daninhas e pragas. Falamos também sobre o SPD em sistemas integrados com a pecuária ou iLPF, bem como as principais oportunidades para conversão de áreas agrícolas ou pecuárias em Sistema Plantio Direto. Por fim, você conheceu os principais desafios e ações para fortalecimento e desenvolvimento do Sistema Plantio Diretono cerrado. Agora, avance para realizar a última atividade de aprendizagem do curso! Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 127 Atividade de aprendizagem As questões a seguir são baseadas na história que apresentamos no Mó- dulo 1. Relembre a história do seu João. A história do Seu João Seu João é proprietário da fazenda “Palmeiras” em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Essa fazenda, ele herdou de seu pai, assim como o amor ao cerrado e à agricultura. Seu João precisou aprender a lidar desde cedo com as exigências e necessidades da região: o latossolo de baixa fertili- dade natural, a alta lixiviação, o clima tropical sazonal, no qual as chuvas concentram-se na primavera e no verão, e o inverno é seco. Seu Francisco, o pai de João, criava gado nelore em sistema extensivo, deixava os animais soltos, sem controle do manejo da pastagem, nem su- plementava os animais. Na época que Seu João assumiu a fazenda, ele ouviu falar de uma cultura muito promissora: a soja. Decidiu, então, investir no cultivo dela, fez investi- mentos em maquinários e estrutura. Seu João estava sentindo-se no cami- nho certo, mas percebeu que a forma como estava produzindo monocultura de soja sob sistema convencional de preparo do solo ao longo dos anos não estava sendo benéfica para o rendimento do seu negócio, tampouco para a sustentabilidade dos recursos ambientais que ele usufruía. Assim, Seu João decidiu procurar ajuda do Senar, que é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, e começou a frequentar palestras sobre técnicas conservacionistas do solo, foi a dias de campo e recebeu a visita da assis- tência técnica. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 128 As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler e respondê-las com mais tranquilidade. Entretanto, você deverá acessar o AVA e resolver lá as questões. Você terá duas tentativas para realizar cada questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que: 1. acertar as questões; ou 2. usar todas as suas tentativas. Questão 1 No módulo anterior, vimos que Seu João está ávido por informações para implantar o sistema plantio direto da forma adequada para poder desfru- tar dos benefícios que essa técnica trará à propriedade. Conversando com o técnico do Senar, Seu Carlos, ele fez o seguinte questionamento: “Seu Carlos, quando eu já tiver meu sistema estabelecido, como serão re- alizadas as adubações para as diferentes culturas?” Analise as possíveis resposta do técnico Carlos: 1. “Como as extrações de nutrientes são bem diferentes, dependendo do tipo da cultura, sempre faça as adubações em grandes quantida- des, visando quantidades maiores. Não importa a safra.” 2. “Como as produções principais são aquelas do período da safra, não há necessidade alguma de adubação para a segunda safra, ou safrinha.” 3. “O sistema plantio direto considera o efeito residual da adubação, portanto, há uma maior flexibilidade nas quantidades. A cultura seguinte por exemplo, poderá requerer uma adubação em menor quantidade.” Agora, responda qual ou quais afirmativas correspondem às recomenda- ções de adubação adequadas para o sistema plantio direto (SPD)? a) 1, 2 e 3. b) Apenas 2. c) Apenas 3. d) 2 e 3. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 129 Questão 2 Seu João viu que seu vizinho utilizou uma técnica muito interessante para auxiliar a conter a água da enxurrada e, consequentemente, a erosão do solo. Como ele ainda não implantou o sistema, está se informando para saber qual o tipo de terraço é mais adequado para sua propriedade. Analise as sentenças a seguir sobre terraços: 1. O tipo Nichols deve apresentar uma boa palhada para sua execução. 2. Deve-se usar grade aradora na construção do terraço tipo Man- ghum. 3. Podem ter terraços de base larga, média ou estreita, todos movi- mentam uma pequena faixa de solo. 4. Terraços de base estreita são mais comuns em pequenas proprie- dades, nas quais o nível tecnológico é menor. 5. Os terraços tipo Manghum mais largos, são construidos revolvendo faixas de terra de ambas os lados, superior e inferior. Qual(is) alternativa(s) está(ão) correta(s)? a) Alternativas 1, 2, 3 e 5. b) Alternativas 1, 3, 4 e 5. c) Alternativas 1, 4 e 5. d) Alternativas 2 e 3. Questão 3 Até agora, Seu João já conseguiu avançar bastante! Aprender técnicas de como conter a erosão é realmente fantástico! Entretanto, ele quer evoluir ainda mais! Pois, quando ele cultivava soja, em monocultura, ele realizava o controle de pragas aplicando inseticidas em larga escala. Hoje, ele não quer mais proceder dessa forma, pois percebeu que essa prática é inadequada. Ela contamina e desequilibrava o meio ambiente. Seu João pretende realizar o manejo integrado de pragas, o que permite aplicar técnicas que possibilitam maior controle populacional de insetos sem trazer prejuízos ao produtor nem ao meio ambiente. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 130 Ajude Seu João a entender sobre o assunto. Analise as alternativas a se- guir e assinale a que corresponde corretamente a uma ação do manejo integrado. a) Determinar como o ciclo de vida de uma praga pode ser modificado, de modo a mantê-lo em níveis acima do limiar de dano econômico. b) Desenvolver métodos de controle eficientes de alto custo que se- jam compatíveis com aspectos ecológicos. c) Desenvolver métodos que aumentem a resistência das pragas às ações antrópicas. d) Combinar o conhecimento biológico com tecnologia disponível para exercer a ecologia aplicada. Questão 4 Seu João participou junto de seus vizinhos de um dia de campo do Senar. Nesse evento, eles foram levados a uma cidade próxima para conhecer uma propriedade que adotou o sistema de integração lavoura-pecuária (ILP). Seu João gostou muito do resultado que viu e se animou em voltar a criar gado de corte. Sobre as formas de integração entre as atividades agrícola e pecuária para o cerrado, analise as sentenças abaixo: 1. O sistema soja + milho safrinha, plantado juntamente com uma for- rageira e pastejado após a colheita do milho. 2. O sistema soja + milho e capins por um período e pastagem por outro período. 3. O sistema milho + sorgo granífero é plantado juntamente com uma forrageira e pastejado após a colheita do sorgo. Assinale a alternativa que contém a sequência correta com a(s) senten- ça(s) que representa(m) corretamente as formas de integrar as atividades agrícola e pecuária consolidadas para o cerrado. a) Apenas 1. b) 1, 2 e 3. c) Apenas 1 e 2. d) Apenas 2 e 3. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 131 Questão 5 Com todo apoio e orientações recebidos, Seu João já está convencido a implementar em sua propriedade o sistema plantio direto com integração com a pecuária. Agora, ele vai receber a visita do técnico do Senar para definir os próximos passos. Ajude Seu João a entender a sequência temporal correta para a conversão do plantio convencional da soja em um sistema plantio direto (SPD): 1. Mecanização 2. Plantio 3. Planejamento A sequência temporal correta é: a) 3, 2 e 1. b) 3, 1 e 2. c) 1, 2 e 3. d) 1, 3 e 2. Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 132 Encerramento Muito bem! Você chegou ao final do curso Sistema Plantio Direto! Aqui, você conheceu algumas técnicas para implantação do SPD, bem como os benefícios que este sistema traz para sua propriedade, além de favorecer a diminuição de gases de efeito estufa que promovem o aque- cimento global. Para terminar, que tal relembrar alguns pontos importantes que vimos ao longo dessa jornada? Então acesse o AVA e assista ao vídeo de encerramento. Vale a pena conferir! Um bom trabalho e até a próxima! Módulo 3 – Implantação do SPD no Cerrado: Práticas, Manejo e Oportunidades 133 Referências ADAMOLI, J.; MACEDO, J.; AZEVEDO, L. G.; MADERA NETO, J. Caracterizaçãoda região dos cerrados. In: GOEDERT, W. J. (ed.). Solos dos cerrados: tecnologia e estratégia de manejo. São Paulo: Editora Nobel, 1986. p. 33-74. ALMEIDA, F. S. de. Influência da cobertura morta do plantio direto na biologia do solo. In: FANCELLI, A. L.; TORRADO, R. V. (Coord.). Atualização em plantio direto. Campinas: Fundação Cargill, 1985. Cap. 6, p. 103-144. ALTMANN, N. Plantio Direto no Cerrado: 25 anos acreditando no Sistema. Passo Fundo, RS: Aldeia Norte Editora, 2010. 568p. AMADO, T. J. C. et al. 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