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PROPEDÊUTICA EM UROLOGIA ANATOMIA CIRÚRGICA E RELAÇÕES ANATÔMICAS • Cada rim é envolvido gordura perirrenal e pela fáscia renal (Gerota). Há ainda outra camada de tecido adiposo (gordura pararrenal). As artérias renais têm origem na aorta abdominal e as veias renais transportam o sangue de volta até a veia cava inferior. ANAMNESE • História pregressa → Comorbidades, doenças pregressas, uso de medicações, cirurgias prévias, manipulação do trato urinário e antecedentes familiares. - Tabagismo e exposição ocupacional – • Queixa principal → É importante avaliar duração, severidade, cronicidade, periodicidade e grau de limitação gerada. • Manifestações sistêmicas → As principais manifestações sistêmicas de patologias urológicas são febre e perda de peso. • Dor → Geralmente associada à obstrução ou inflamação. Tumores geralmente não causam dor (exceto se obstrução ou extensão adjacente). • Hematúria → Geralmente é indolor. Quando dolorosa está relacionada a processos inflamatórios ou obstrutivos. • Armazenamento → Frequência, Noctúria, Urgência, Disúria, Incontinência de urgência. • Esvaziamento → Jato fraco, Hesitância, Intermitência, Esforço miccional, Gotejamento terminal, Esvaziamento incompleto. • Incontinência → Incontinência contínua, Incontinência de esforço , Incontinência de urgência, Incontinência por transbordamento ou paradoxal, Enurese (perda urinaria noturna). • Outros sintomas → Poliúria, Polaciúria, Oligúria, Anúria, Pneumatúria (gás na urina), Fecalúria , Quilúria Urina turva, Descarga uretral. • Disfunção sexual → Perda de libido , Disfunção erétil, Ejaculação precoce, Anejaculação, Anorgasmia, Hematospermia (ou hemospermia). EXAME FÍSICO RIM • Palpação : distopia renal, rins policísticos, hidronefrose e tumor renal. → exame bimanual do rim, ao paciente inspirar. Pode fazer também a punho-percussão ou giordano, onde o paciente relata dor se houver inflamação na loja renal, tal como pielonefrite aguda. • O sinal de Giordano: capaz de identificar processos inflamatórios renais, distinguindo-os de outras causas. Pielonefrite aguda, abscesso renal e pielonefrite xantogranulomatosa etc. BEXIGA • Não é palpável com volume < 150 ml. • Exame bimanual é fundamental para avaliar a mobilidade vesical, e pode ajudar na diferenciação de tumores infiltrativos. ESCROTO Inspeção: Infecção, HPV, varicoceles de graus avançados, hidroceles, hérnia inguino-escrotal. Palpação: Posição, consistência e tamanho dos testículos. Presença de nódulos testiculares ou epididimários, dilatação do plexo pampiniforme. Avaliação de hérnias inguinais. Nódulos. Cistos. PÊNIS A inspeção: Doenças infecciosas, corrimentos uretrais, lesões sugestivas de neoplasias, estenoses do meato uretral, fimose, parafimose, hipospádias e epispádias, entre várias outras. A palpação: Presença de placas endurecidas que auxiliam no diagnóstico de doença de Peyronie. PRÓSTATA Avaliar: Tamanho; Consistência; Superfície; Contornos; Mobilidade. Polpa digital voltada para anterior do paciente. AVALIAÇÃO LABORATORIAL IMAGENS RX SIMPLES UROGRAFIA EXCRETORA ULTRASSOM DE RINS E VIAS URINÁRIAS Precisa falar para o médico o que você quer ver, ser específico. Não é o melhor exame para cálculo. Ótimo para avaliar os testículos. Rins: Cálculos renais, cistos renais simples e complexos (não é possível classificar os cistos complexos). Espessura do parênquima renal, Hidronefrose, trauma renal leve. Ureteres: Cálculos de JUP e JUV (não é bom para cálculos de ureter médio) e dilatações. Se associado ao Doppler, é possível identificar a ejaculação de urina pelos meatos ureterais. Bexiga: Espessura da parede, resíduo pós-miccional, lobo mediano prostático (projeção vesical), cálculos vesicais, divertículos vesicais, tumores de bexiga. • Controle de tratamentos após litotripsia extracorpórea. • Implante de cateteres duplo J na via excretora urinária. • Baixo valor diagnóstico Urocultura é o exame confirmatório para uma infecção urinária. • UGE deixou de ser utilizada em larga escala. • Utilizada principalmente para o estudo do sistema coletor. Atualmente já é mais obsoleto. ULTRASSOM ESCROTAL Tem 90x mais sensibilidade que uma tomografia de escroto Parede: Espessamento, invasão tumoral, síndrome de Fournier, hérnias inguino-escrotais. Testículos e Epidídimos: Tumores, hidrocele, abscesso testicular, cistos testiculares, cistos de epidídimo, tumores de epidídimo, trauma contuso/penetrante. Associado ao Doppler, define diagnósticos diferenciais de escroto agudo, (torção de testículo e orquiepididimite). Cordão espermático: Varicocele, tumores, cistos de cordão, hérnias inguino-escrotais. ULTRASSOM PENIANO Ultrassonografia é uma modalidade de imagem que, além de bem tolerada e facilmente disponível, é considerada excelente método para a avaliação de muitas doenças penianas. • Trauma peniano • Priapismo • Doença de Peyronie • Disfunção erétil] TC DE ABDOME Com ou sem a injeção do contraste intravenoso. • Padrão-ouro para diagnóstico da litíase urinária. Sem contraste pois o cálculo já é branco na tomografia. ( 98% de sensibilidade e 99% de especificidade). Avalia ainda condições associadas. (Pielonefrite obstrutiva, abscesso renal etc.) • Tumores urológicos, avaliação de nódulos de adrenal, processos obstrutivos não litiásicos, trauma do sistema urinário (principalmente rins e ureteres), entre outros. Nesses vai contraste. • Quando os cortes possibilitam a visualização do meio de contraste nos rins e sistema coletor (cortes coronais) ela é denominada Uro-TC. URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL URETROCISTOGRAFIA RETRÓGRADA • São úteis para avaliar estruturas periuretrais. identifica lesões traumáticas, doenças inflamatórias e estenoses da uretra masculina. RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA • Vasta possibilidade de aquisição de imagens para investigação e estabelecimento de condições que alteram anatomia do trato urogenital. • É o método de escolha para estadiamento locorregional do Câncer de Próstata, com acurácia acima de 85% tanto em relação à extensão extracapsular quanto à invasão de vesículas seminais. • Em geral, os tumores apresentam-se como áreas de baixo sinal em T2 na zona periférica. URETROCISTOSCOPIA E URETEROSCOPIA • Um dos procedimentos endoscópicos mais comuns na prática urológica. • Diagnóstico de bexiga neurogênica, e alterações relacionadas à discinesia do esfíncter. • Avaliação diagnóstica primária de refluxo vesicoureteral. ESTUDO URODINÂMICO • Objetivo de avaliar a função do trato urinário inferior (responsável pelo armazenamento de urina em baixas pressões e posterior eliminação de forma voluntária com fluxo normal). • É um exame invasivo, desconfortável, dependente da compreensão do paciente e da interpretação do examinador, devendo assim ser indicado de forma direcionada • O estudo urodinâmico é dividido em 3 fases principais: urofluxometria livre, fase de enchimento vesical (ou fase cistométrica) e fase miccional (ou estudo fluxo-pressão). DIAGNÓSTICOS COMUNS EM UROLOGIA FIMOSE, PARAFIMOSE E BALANOPOSTITE FIMOSE: É a incapacidade de retrair o prepúcio e expor a glande. → Retração do prepúcio: • 5% ao nascimento • 15% aos 6 meses • 50% em 1 ano • 80% em 2 anos • 90% em 3 anos PARAFIMOSE: Incapacidade de redução do prepúcio, com constrição da glande pelo anel fibrótico da fimose. Glande isquêmica. BALANOPOSTITE: Processo inflamatório/infeccioso da glande e prepúcio. Geralmente relacionado a fimose e falta de higiene. PRIAPISMO • Definição: Ereção total ou parcial geralmente dolorosa que continua por mais de 4 horas com ou semestimulação sexual. • Classificação: Três tipos: Isquêmico (veno-oclusivo ou de baixo fluxo), Recorrente (ou intermitente) e Não isquêmico (arterial ou de alto fluxo). Priapismo isquêmico: É o tipo mais frequente. Ereção persistente dolorosa que não é aliviada com a ejaculação ou terapia farmacológica. É a oclusão do retorno venoso peniano e diminuição ou cessação de fluxo arterial, que leva à hipóxia. Exame físico: Rigidez do corpo cavernoso, sem acometimento do corpo esponjoso e da glande. A causa mais frequente é idiopática. Os maiores fatores de risco são afecções hematológicas, uso de facilitadores ou indutores da ereção e drogas ilícitas. A preservação da função erétil é de 100% para até 12 h de evolução, 78% para 12-24 h, 44% para 24-36 h e 0% para evolução maior que 36 h. • Permite a visualização direta de todas as porções da uretra e bexiga. • Possibilita a avaliação do trato urinário alto através da cateterização ureteral e instilação de contraste iodado retrógrado (pielografia retrógrada). ESCROTO AGUDO Dor local (em repouso ou à palpação) e edema (aumento do testículo). Não existe um tempo de início dos sintomas para caracterização do escroto agudo. Normalmente, o escroto agudo tem início súbito com evolução em poucas horas. Existem inúmeros diagnósticos diferenciais; cerca 0,5% dos atendimentos no P.A. TORÇÃO TESTICULAR • Classifica-se em extravaginal e intravaginal. • A intravaginal é muito mais comum, típica de adolescentes, e está associada a uma anomalia das estruturais. Torção intravaginal: Excesso de mobilidade testicular pela deformidade em “badalo de sino”. Existe evidência de predisposição familiar. O fator desencadeante é desconhecido. O principal sintoma é dor testicular de intensidade variável. O vômito ocorre 10% e 60% dos casos e o edema e eritema testicular dependem da duração e grau de torção. Sinais semiológicos: Horizontalização do testículo (Sinal de Angell positivo); Testículo elevado na bolsa testicular (Sinal de Brunzel positivo); Ausência de reflexo cremastérico (Sinal de Rabinowitz positivo); Não melhora da dor com elevação manual do testículo (Sinal de Prehn negativo). TORÇÃO DE APÊNDICE TESTICULAR É a causa mais comum de escroto agudo em crianças. O apêndice testicular/epididimal, ou hidátide de Morgagni, é um resquício embriológico do ducto de Müller. O sinal clínico clássico é o “blue dot”. ORQUIEPIDIDIMITE • Início dos sintomas é insidioso e é associado com sintomas sistêmicos. • Causada geralmente por via ascendente. Existe um aumento do epidídimo e/ou testículo e o reflexo cremastérico está preservado. O diagnóstico é confirmado por ultrassom com Doppler, que evidencia aumento do volume testicular e do fluxo sanguíneo. GANGRENA DE FOURNIER (FASCEÍTE NECROTIZANTE) Mais comum em pacientes em diabéticos, etilistas e obesos. • Infecção multibacteriana grave que evolui rapidamente para sepse com risco de morte. • Sua progressão é rápida (2-3 mm/hora) e pode se disseminar superficialmente pela fáscia de Colles (períneo), Buck (pênis), Dartos (escroto) e Scarpa (abdome). RETENÇÃO URINÁRIA AGUDA • É um quadro súbito e muito doloroso caracterizado pela incapacidade do paciente realizar micção voluntária. É a emergência urológica mais comum. • Em homens na oitava década de vida, 10% podem apresentar um episódio em um período de 5 anos, chegando a 33% em 10 anos Etiologia → Podem ser divididas em alguns grupos: obstrutiva, infecciosa, inflamatória, farmacológica, neurológica e outros. Pode ser precipitada por : Anestesia geral ou locorregional; Excesso de hidratação, distensão vesical; ITU; Prostatite; Ingesta de álcool ou uso de drogas (simpatomiméticas, anticolinérgicas, antidepressivos, antipsicóticos, relaxante muscular, anti-histamínicos, antiparkinsonianos, entre outros). Quadro clínico: Dor em hipogástro, incapacidade de urinar e globus vesical palpável e maciço à percussão. A bexiga é percutível com mais de 150 ml e palpável com mais de 200 ml. O exame físico deve incluir toque retal. Hematúria macroscópica → É a micção com presença de hemácias na urina. Existem diversas classificações para hematúria. ➔ Diagnósticos diferenciais: Colúria ou pigmentúria (bilirrubinas, mioglobina, porfirinas, alimentos – beterraba e ruibardo) e sangramento vaginal Hematúria macroscópica de origem no trato urinário superior → Doenças glomerulares são condições em que o dano ao glomérulo pode causar hematúria de origem glomerular. Proteinúria e dismorfismo eritrocitário, insuficiência renal e anasarca podem estar presentes. ➔ Aproximadamente metade dos pacientes tem causa identificável, e 20% a 25% apresentarão cânceres urológicos. ➔ Pacientes sem história de trauma ou ITU documentada devem ser avaliados com citologia urinária oncótica, cistoscopia e URO- TC. ➔ A história clínica e exame físico são de grande importância. ➔ Sangramento uretral: A uretrorragia é definida como a exteriorização de sangue pelo meato uretral, sem micção. ➔ O diagnóstico deve ser realizado através de minuciosa história clínica e exame físico. Na mulher, a diferenciação entre sangramento vaginal e uretral pode ser um desafio. ➔ Entre os principais diagnósticos, estão: trauma uretral, trauma peniano (com lesão uretral), uretrite, carúncula e tumores uretrais. ➔ Os principais exames utilizados são uretrocistografia retrógrada e miccional, e uretrocistoscopia.
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