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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Autora: Mara Regina Zluhn 341.481 Z827e Zluhn, Mara Regina Educação em direitos humanos na educação básica / Mara Regina Zluhn. Indaial : Uniasselvi, 2013. 132 p. : il ISBN 978-85-7830-681-6 1. Direitos humanos. 2. Educação. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Profa. Célia Regina Appio Revisão Gramatical: Profa. Camila Thaisa alves Bona Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © Editora UNIASSELVI 2013 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: Sou Pedagoga, Especialista em Orientação Educacional e Mestre em Educação e Cultura. Já atuei na Educação Infantil, na Educação Básica, em Cursos de Graduação e Pós-Graduação, tecendo minha prática docente numa perspectiva interdisciplinar. Atualmente trabalho como docente no Ensino Superior, em Cursos de Especialização - lato sensu, em Formações e Capacitações docentes e sou Orientadora Educacional na Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina. Minhas experiências na Educação Básica, relacionadas com as vivências no Ensino Superior, me possibilitam tecer uma extensa trama de refl exões acerca do processo educacional, porém, como Paulo Freire (1996) afi rma, educador e educandos são sujeitos de um mesmo processo, se educam, se avaliam e crescem juntos. Assim, me considero uma eterna aprendiz e nessa condição, quero convidá-lo (a) para iniciarmos nossas refl exões acerca de um tema tão inquietante e necessário no nosso cotidiano escolar: direitos humanos, violência e avaliação escolar. Mara Regina Zluhn Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7 CAPÍTULO 1 DireitoS HumanoS e CiDaDania ..................................................... 9 CAPÍTULO 2 ViolênCiaS na eSCola ................................................................ 57 CAPÍTULO 3 aValiação Da aprenDizagem eSColar ........................................ 105 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Quero desejar-lhe as boas vindas nesta nova disciplina, almejando que os conceitos aqui elaborados, as sínteses efetuadas e as reflexões realizadas possam contribuir para que as relações interpessoais e as vivências da escola sejam pautadas na paz, no respeito e na equidade. Neste momento da história, apesar de todas as evoluções científicas e tecnológicas, do aumento do nível de escolaridade das pessoas, do nosso país ter se desenvolvido significativamente nas questões econômicas, ainda convivemos com muitas situações de injustiça, miséria, discriminação e violência. Não podemos omitir que parte desses problemas atravessa os muros da escola e, com muita frequência, professores são ameaçados, alunos são espancados, escolas são destruídas. Talvez a escola, até bem pouco tempo atrás, fosse uma das últimas instituições sociais preservadas das ações violentas que permeiam o meio social. No entanto, os tempos mudaram, e assim como nas ruas, no trânsito, nas casas, o meio escolar passa a integrar as estatísticas de violência, deixando gestores, professores, pais e alunos preocupados e em busca de soluções para preservar esse ambiente, que tem, por excelência, o papel de educar. Muitos estudos e pesquisas destacam a importância da educação para favorecer a cultura da paz, da não violência e da solidariedade. Sabemos que muitos dos nossos alunos provêm de situações sociais e familiares adversas e caóticas, e que acabam por reproduzir na escola aquilo que vivem em seus lares. Na grande maioria das vezes, os pais estão distantes da vida escolar de seus filhos e a escola se vê só e incapaz de resolver todos os conflitos que a assolam. A Educação Básica em Direitos Humanos aparece como uma alternativa para que possamos buscar respostas para os inúmeros conflitos existentes no cotidiano das nossas unidades escolares. Embora a Declaração dos Direitos Humanos tenha sido aprovada em 1948, os estudos acerca dos seus encaminhamentos continuam mais atuais do que nunca, tendo em vista a premência de provocar discussões e estudos sobre a temática. Ao entender-se que a escola é o germe de modificação do indivíduo, que traz em si a essência dessa modificação, por meio das suas potencialidades, temos que colocá-lo no centro desse processo e pensar em uma educação que possa valorizá-lo, respeitá-lo em suas diferenças e mostrar que o seu futuro pode ser construído com base na cidadania. Nosso texto estará dividido em três capítulos: no primeiro faremos uma breve conceituação acerca dos direitos humanos, destacando alguns fundamentos da cidadania e da democracia, bem como das políticas sociais de proteção às crianças e adolescentes. No segundo capítulo iremos aprofundar as formas de violência presentes na sociedade, e de maneira mais peculiar aquelas presentes no cotidiano escolar, e no terceiro e último capítulo iremos discutir o papel da avaliação da aprendizagem na perspectiva da educação para os direitos humanos, apresentando os seus fundamentos teórico-práticos. Estou muito grata em poder compartilhar com você esses momentos de estudo e reflexão. Seja bem-vindo (a)! A autora. CAPÍTULO 1 DireitoS HumanoS e CiDaDania A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender alguns conceitos de educação em direitos humanos; Conhecer os elementos básicos para a introdução dos estudos sobre direitos humanos, ressaltando o signifi cado humano e social; Reconhecer os marcos normativos estabelecidos pelas Políticas Públicas através dos diversos programas, projetos e agendas (Programas Nacional, Estaduais e Municipais de Direitos Humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, as legislações de combate à discriminação racial e à tortura, bem como as recomendações das Conferências Nacionais de Direitos Humanos e Programa Mundial para a Educação em Direitos Humanos); Direcionar a educação para o pleno desenvolvimento humano e às suas potencialidades, na defesa do meio ambiente, dos outros seres vivos e da justiça social. 10 Educação em direitos humanos na educação básica 11 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 ConteXtualização Caro (a) pós-graduando (a), neste primeiro capítulo abordaremos alguns conceitos referentes aos Direitos Humanos e cidadania, pois entendemos que a escola, enquanto uma das mais importantes organizações sociais, constrói, através das relações que se estabelecem no seu interior, inúmeros princípios concernentes a uma sociedade mais justa e igualitária. Em contrapartida, somos protagonistas de um cenário de violências, indisciplina e afrontamentos que deixam os (as) professores (as) perplexos (as), em busca de respostas para garantir uma prática pedagógica permeada por valores de respeito, de diálogo e de tolerância. Para pensarmos uma educação baseada nos Direitos Humanos, devemos iniciar falando em Cidadania e Integração Social. O que signifi ca ser cidadão na sociedade brasileira? E no mundo globalizado, quando sabemos que a grande parte da população vive à margem dos benefícios vitais? E na sua escola, como se vive a cidadania? Para garantir a igualdade e a equidade entre os indivíduos, o Estado estabeleceu ao longo da história várias políticas sociais de proteção às crianças e adolescentes. De certa forma, as escolas se sentem refénsdessas legislações, não conseguindo, em muitos casos, estabelecer relações de parceria para enfrentar as suas difi culdades. Assim, faz-se necessário aprofundar essa temática, no sentido de buscar propostas e encaminhamentos que sustentem a prática pedagógica na busca de um espaço educativo que contribua para a construção de um presente mais solidário e de um futuro permeado por sonhos e valores de uma sociedade efetivamente mais justa e igualitária, numa ação conjunta de todos os órgãos sociais. Se considerarmos que a escola é um espaço de circulação de culturas, de diferenças, de singularidades, devemos garantir que os direitos humanos se transformem na base das nossas relações e que a falta de entendimento, a ausência de escuta do outro, a destruição, a morte amplamente divulgados pelos adultos e pela mídia se transformem em objeto de diálogo e refl exão, colocando o presente numa situação crítica, para que nossas crianças e adolescentes possam manter a esperança da solidariedade, da generosidade e da justiça social a partir de práticas diárias do meio escolar, pois entendemos que não basta ensinar os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é necessário vivenciá-los. 12 Educação em direitos humanos na educação básica eDuCação em DireitoS HumanoS: FunDamentoS teÓriCo- metoDolÓgiCoS Não se deve nunca esgotar de tal modo um assunto, que não se deixe ao leitor nada a fazer. Não se trata de fazer ler, mas de fazer pensar. (MONTESQUIEU, do Espírito das leis, livro Xi, capítulo XX) Vamos iniciar nossos estudos refl etindo sobre o sempre atual tema dos Direitos Humanos e Cidadania: para uns esse assunto pode mostra-se útil e necessário, para outros pode parecer dispensável e supérfl uo, depende da ótica que você vê. Antes de aprofundarmos nossa discussão, convido-o (a) para ler o seguinte texto : O FRIO PODE SER QUENTE? As coisas têm muitos jeitos de ser. Depende do jeito da gente ver. [...] Por que será que numa noite a lua é tão pequena e fi ninha e outra noite ela fi ca tão redonda e gordinha para depois fi car de novo daquele jeito estreitinha? Depende do quê? Depende do dia que a gente vê. Que comprido que é o rabo de uma vaca. Mas se uma mosca sentar lá em cima do focinho não adianta nem tentar. O rabo fi ca curtinho e só dá para abanar até o meio do caminho. Quem já se queimou num pedaço de gelo e sentiu muito frio depois de um banho quente, não pode se espantar do frio poder queimar e o quente também esfriar. 13 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Uma árvore é tão grande se a gente olha lá para cima. Mas do alto de uma montanha ela parece tão pequeninha. Grande ou pequena depende do quê? Depende de onde a gente vê. O domingo é tão curto, os outros dias duram tanto. Nas horas eles são iguais, a diferença deve estar naquilo que a gente faz. O amanhã de ontem é hoje, o hoje é o ontem de amanhã. Dentro dessa complicação, quem tem uma explicação? Dá até para imaginar se o amanhã nunca chega. E também para pensar hoje, ontem, amanhã depende do quê? Depende do jeito que você vê. Como será que pode uma colher cheia de doce parecer tão pouquinho que não dá nem para sentir? E cheia de remédio fi car tanto que não dá nem para engolir? O pouco pode ser muito. O quente pode ser frio. Será que tudo está no meio e não existe só o bonito ou só o feio? O comprido pode ser curto, o fi no pode ser redondo. Parece mesmo que no fi m o bom pode ser ruim. E neste caso por que não o ruim pode ser bom? Curto e comprido. Bom e ruim. Vazio e cheio. Bonito e feio. São jeitos das coisas ser. Depende do jeito da gente ver. Ver de um jeito agora e de outro depois. Ou, melhor ainda, ver na mesma hora os dois. Fonte: Masur (2009, apud CORBETTA, 2011, p.6) Muito bem.... podemos afi rmar que o modo como compreendemos o mundo que nos cerca depende do modo como o vemos, das nossas histórias de vida, dos nossos valores, observações e experiências. Da mesma forma, o modo como percebemos a educação será defi nido a partir da tendência pedagógica que escolhemos para pautar nossa prática, das teorias que baseiam nossas opções teóricas e pedagógicas, dos recortes do conhecimento que fazemos para defi nir os conceitos científi cos e as competências para o desenvolvimento de aprendizagens signifi cativas, geradoras de novas aprendizagens e propiciadoras da formação do cidadão consciente e agente de mudanças. 14 Educação em direitos humanos na educação básica Diante de todos esses fatores, qual o seu olhar diante de uma proposta de educação baseada nos direitos humanos na educação básica? Quais óculos você irá escolher para analisar essa temática? Serão uns óculos bem escuros, para combinar com todas as obscuridades da questão, ou serão uns óculos coloridos, que representem as possibilidades e questionamentos? Figura 1 - Qual o seu olhar? Fonte: Disponível em: <http://migre.me/byumN>. Acesso em: 30 jun. 2012 Antes de prosseguirmos, convido-o (a) a fazer uma viagem pelo tempo. Você reconhece algumas das fi guras abaixo: Figura 2 - Equipamentos eletrônicos do passado Fonte: Disponível em: <http://migre.me/byuQT>. Acesso em: 03 jul. 2012 15 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Qual foi sua reação: riso, saudade, curiosidade? Se você nasceu nas décadas de 60 / 70 deve estar cheio de lembranças e se você for mais jovem, deverá estar rindo desses objetos de “museu”. Como nossos alunos do século XXI reagiriam se fossem postos à frente desses equipamentos? Saberiam manuseá-los? Demonstrariam interesse em vê- los em funcionamento? E se fi zéssemos uma breve seleção dos equipamentos tecnológicos presentes no cotidiano de muitos deles, quais seriam? Figura 3 - Equipamentos eletrônicos da atualidade Fonte: Disponível em: <http://migre.me/bzwii>. Acesso em: 03 jul. 2012. São muitas opções, não é? E dentro de pouco tempo, quais serão as novas tecnologias que estarão disponíveis? Quais as novas frentes de trabalho que existirão? Quais as competências que serão exigidas pelo mercado de trabalho? E assim poderíamos listar muitos questionamentos que nos assolam diante da complexidade e velocidade do desenvolvimento científi co e tecnológico. Estamos diante de um novo contexto social e de um novo aluno, que é bombardeado em seu dia a dia por novidades tecnológicas, apelos consumistas, cenas de violência exacerbadas e que absorvem todas essas informações de forma imediata, refl etindo-as em sua forma de ser, de entender e de se relacionar com as pessoas e o mundo a sua volta. Assim, junto com as tecnologias, diversas outras modifi cações estão presentes no nosso cotidiano, trazidos pelos ventos da modernidade: imediatismo, consumismo, superfi cialidade das relações, excesso de tarefas, jornada de trabalho ampliada, entre tantas outras que poderíamos elencar. 16 Educação em direitos humanos na educação básica Como educadores, temos que ter conhecimento da realidade sociocultural da nossa clientela, suas contradições, confl itos, necessidades e desafi os. A partir do momento em que conhecemos a realidade da comunidade onde a escola está inserida, podemos desenvolver o respeito às características e as diferenças individuais, desenvolvendo a habilidade de nos relacionarmos de forma mais humana e solidária, trabalhar cooperativamente e em função dos interesses e necessidades dos alunos, pois não podemos imaginar um projeto de educação em direitos humanos único e infl exível, que deva ser aplicado uniformemente nas diferentes realidades sociais brasileiras. Vamos voltar ao texto de abertura desse capítulo: o frio pode ser quente? As coisas têm muitos jeitos de ser. Depende do jeito da gente ver [...]. Qual a escola que você vê: um ambiente repleto de problemas, com pessoas descontentes e insatisfeitas, com defasagens salariais, pais ausentes, difi culdades de aprendizagem, falta de recursos materiais, instalações físicas inadequadas? Ou você a enxerga como possibilidade para modifi car a vidade muitas crianças e jovens, transformando-se em um caminho de mudança social e cultural? Para pensarmos uma escola democrática e cidadã, temos que ir muito além de uma prática pedagógica engessada e baseada no formalismo, onde predominam as tarefas de planejar, executar e avaliar os conteúdos de ensino. A escola atual tem mostrado diariamente que não está mais dando conta dos desafi os da contemporaneidade, por isso somos chamados a repensá-la. Gostaria de chamá-lo (a), inicialmente, para resgatarmos um documento que foi elaborado em 1948 e cujas prerrogativas ainda mantêm-se válidas, atuais e desafi adoras. Você sabe do que se trata? Nessa década sabemos que se defl agrou a Segunda Guerra Mundial, foram estabelecidas a ONU, a OTAN, o FMI, o Banco Mundial, foi criado o primeiro computador e em 10 de dezembro de 1948 foi aprovada, pela ONU, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Trata-se de um documento muito comentado, citado e noticiado. Porém, quero lhe fazer uma pergunta: você já fez a sua leitura? Como educador, que tal conhecê-lo na íntegra? Lembre-se de que estamos trabalhando na ótica de construir novos olhares para a realidade escolar, por isso, vamos colocar uns “óculos 3D” e tentar visualizar o cotidiano escolar no interior de cada artigo que segue? 17 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Você pode acessar o documento em: http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ ddh_bib_inter_universal.htm Figura 4- Declaração Universal dos Direitos Humanos Fonte: Disponível em: <http://migre.me/bzxh7>. Acesso em: 06 ago. 2012. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 18 Educação em direitos humanos na educação básica Artigo III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfi co de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo V Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo VI Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo VII Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo VIII Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo IX Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo X Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. 19 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Artigo XI 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo XII Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. Artigo XIII 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. Artigo XIV 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo XV 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. 20 Educação em direitos humanos na educação básica Artigo XVI 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. Artigo XVII 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Artigo XVIII Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. Artigo XX 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacífi cas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo XXI 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 21 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Artigo XXII Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo XXIII 1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo XXIV Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. Artigo XXV 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive 22 Educação em direitos humanos na educação básica alimentação,vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. Artigo XXVI 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profi ssional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus fi lhos. Artigo XXVII 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científi co e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científi ca, literária ou artística da qual seja autor. Artigo XXVIII Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. 23 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Artigo XXIV 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fi m de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo XXX Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. Fonte: Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ ddh_bib_inter_universal.htm>. Acesso em: 06 ago. 2012. Temos que considerar que o documento é datado, por isso não dá conta de algumas especifi cidades da atualidade, como por exemplo as questões da sustentabilidade, do papel da mulher no mundo contemporâneo, do desenvolvimento acelerado das tecnologias, deixando um contingente de mão- de-obra excedente, o direito a diversidade cultural e as diferenças, entre outros. Porém, como aponta Alencar (1998, p. 28): [...] é preciso conhecer os direitos humanos não como um dogma, como um conjunto de artigos prontos, acabados, defi nitivos. A Declaração cinquentenária é muito boa, merece ser lida, conhecida, vivida e cumprida, mas tem lacunas – resultantes da época em que foi escrita, de sua temporalidade. Por isso, celebrar e valorizar a Declaração Universal dos Direitos Humanos [...] é entender que ela precisa ser acrescida, complementada, aperfeiçoada. Além de cumprida, é óbvio. 24 Educação em direitos humanos na educação básica Devemos refl etir, porém, que ao longo da história da humanidade nem sempre houve a preocupação com o bem estar, igualdade e segurança dos povos. De acordo com Alencar (1998, p.21): A noção de direitos humanos está diretamente ligada ao contexto de cada época. Quando não havia escrita e a fala humana ainda se estruturava com sons guturais, primais, os ‘direitos humanos’ eram inexistentes como conceito e como prática: a luta pela sobrevivência era bruta, dura, e favorecia os mais fortes. E assim foi durante séculos. Alguns acontecimentos marcaram a história e entre muitas transitoriedades, avançou-se no reconhecimento da humanização. Podemos citar o cristianismo, com o seu princípio de amor ao próximo, a luta da burguesia contra os senhores feudais e a aristocracia absolutista, a Revolução Francesa de 1789, que pregava a igualdade, liberdade e fraternidade entre os homens, as Constituições Nacionais que foram elaboradas nos diversos países do planeta e as diversas legislações complementares que surgiram para garantir a paz entre os povos. Desta forma, diversos fatores são responsáveis pelo estabelecimento dos direitos humanos em diferentes momentos da história da humanidade, entre eles fatores sociais, históricos, fi losófi cos, econômicos, que por sua vez estão em constante processo de modifi cação, de acordo com as exigências e aprimoramento intelectual e cultural da sociedade. Neste sentido, Bobbio (1992, p.24) afi rma que “o problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justifi cá-los, mas o de protegê-los”. O QUE É EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS? Segundo Tavares (2007, p.488), a educação em diretos humanos por sua vez, é o que possibilita sensibilizar e conscientizar as pessoas para a importância do respeito ao ser humano, apresentando-se na atualidade, como uma ferramenta fundamental na construção da formação cidadã, assim como na afi rmação de tais direitos. Sua fi nalidade é a de atuar na formação da pessoa em todas as suas dimensões a fi m de contribuir com o desenvolvimento de sua condição de cidadão e cidadã, ativos na luta por seus direitos, no cumprimento de seus deveres e na fomentação de sua humanidade. As questões da sustentabilidade, do papel da mulher no mundo contemporâneo, do desenvolvimento acelerado das tecnologias, deixando um contingente de mão-de-obra excedente, o direito a diversidade cultural e as diferenças, entre outros. Bobbio (1992, p.24) afi rma que “o problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justifi cá-los, mas o de protegê-los”. 25 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Diante da história da humanidade e de seus diversos momentos, a educação em direitos humanos sempre se mostrou necessária e relevante. Podemos buscar em Tavares (2007, p.488) o seu conceito: A educação em diretos humanos por sua vez, é o que possibilita sensibilizar e conscientizar as pessoas para a importância do respeito ao ser humano, apresentando- se, na atualidade, como uma ferramenta fundamental na construção da formação cidadã, assim como na afi rmação da tais direitos.[...] A fi nalidade maior da EDH, portanto é a de atuar na formação da pessoa em todas as suas dimensões a fi m de contribuir ao desenvolvimento de sua condição de cidadão e cidadã, ativos na luta por seus direitos, no cumprimento de seus deveres e na fomentação de sua humanidade. Se você quiser aprofundar essa temática, não deixe de ler o livro a “A era dos extremos- o breve século XX”, de Eric Hobsbawn. O autor divide a história do século XX em três “eras”, vale a pena conferir. HOBSBAWN,E. A era dos extremos: o breve século XX. 1914- 1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Atividade de Estudos: 1) Qual a sua impressão sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Após 64 anos, a declaração se mantém atual? Em nossas escolas vivemos situações cotidianas que se refl etem nesse documento? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________ 26 Educação em direitos humanos na educação básica CiDaDania, integração SoCial e DemoCraCia A escola não pode ser considerada somente como transmissora de conteúdos, mas como local privilegiado de aprendizagens e vivências cidadãs e democráticas, e quando falamos na defesa, na efetivação e na universalização dos direitos humanos, precisamos considerar os seres humanos/ nossos alunos, enquanto seres sociais, inseridos em uma organização social, onde devem ser asseguradas as condições para que ele se desenvolva e tenha condições de viver com dignidade, igualdade e justiça. No entanto, temos que ressaltar que o conceito de igualdade não signifi ca que todos tenham de ter as mesmas características físicas, intelectuais ou psicológicas, tampouco os mesmos hábitos e costumes. Este conceito está imbuído das diferenças culturais entre os povos, pois, mesmo tratando-se de pessoas diferentes, continuam iguais como seres humanos, apresentando as mesmas necessidades e faculdades essenciais a todos. Dallari (2004, p.15) afi rma: O respeito pela dignidade humana deve existir sempre, em todos os lugares e de maneira igual para todos. O crescimento econômico e o progresso material de um povo têm valor negativo se forem conseguidos à custa de ofensas à dignidade de seres humanos [...]. Comparato (2007) faz uma importante refl exão acerca da autonomia do ser humano, destacando que o mesmo deve ser considerado como um fi m em si e não como um meio para determinar a consecução de um objetivo. O autor afi rma (2007, p. 22): “[...] todo homem tem dignidade e não preço, como as coisas. A humanidade como espécie, e cada ser humano em sua individualidade, é propriamente insubstituível: não tem equivalente, não pode ser trocado por alguma coisa”. Considerando então que o homem não pode pensar somente em si e que os seus fi ns devem também considerar os fi ns dos outros, ele torna- se eminentemente social e precisa dos seus pares para viver. A fragilidade humana está diretamente relacionada com a necessidade da solidariedade. Com exceção de alguns eremitas e pessoas que optam pela clausura, estamos diariamente nos relacionando com inúmeras pessoas, ligados a elas por nossas necessidades materiais (alimentos, roupas, remédios, educação etc.). Porém, também necessitamos de comunicação intelectual, afetiva e espiritual, pois, o amor, o afeto, a fé, a esperança e mais uma extensa lista de necessidades compõem essa maravilhosa e complexa criatura: a fi gura humana. O respeito pela dignidade humana deve existir sempre, em todos os lugares e de maneira igual para todos. 27 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Como você defi ne as formas atuais de relações interpessoais? Houve alguma alteração na forma das pessoas se relacionarem? Há uma característica da pós–modernidade que destaca o isolamento e a individualidade do ser humano. Hoje, vemos inúmeras situações em que as pessoas estão “on line” durante 24 horas do dia, utilizando-se dos mais diversos recursos tecnológicos para manter-se em conexão com sua extensa rede de amigos virtuais. Há locais em que as pessoas entram, sentam-se em uma mesa, ligam seus computadores e permanecem por longo tempo navegando em seu mundo paralelo, enquanto nas mesas ao lado a cena se repete. Casais que saem para se divertir, mas não se esquecem de verifi car seus aparelhos a cada minuto, a fi m de detectar novas mensagens ou manter-se atualizados acerca das últimas informações. Jovens que quando se encontram de fato, não conseguem estabelecer diálogos, pois seu repertório linguístico está empobrecido. Bem, embora estejamos vivendo um momento de transição nas relações sociais, os direitos humanos continuam mais indispensáveis do que nunca, pois devido ao vertiginoso desenvolvimento dos centros urbanos e seus índices populacionais, as regras de convivência são fundamentais e precisam ser cada vez mais especializadas, para dar conta de tamanha diversidade. Bobbio nos ajuda a pensar essa transitoriedade quando afi rma: [...] os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas (BOBBIO, 1992, p.5). Imagine a sua cidade, o seu bairro, o seu edifício sem um regulamento que disciplinasse as ações dos seus usuários? Teríamos uma nova versão da Torre de Babel, não é? Toda regra é importante, porque ela defi ne o que uma pessoa pode ou não fazer, porém é importante que ela venha respaldada por um princípio, que é o que explica os motivos, as razões de determinada regra existir. Há uma característica da pós–modernidade que destaca o isolamento e a Há uma característica da pós–modernidade que destaca o isolamento e a Há uma característica da pós–modernidade que destaca o isolamento e a Há uma característica da pós–modernidade que destaca o isolamento e a Há uma característica da pós–modernidade que destaca o isolamento e a Há uma característica da pós–modernidade que destaca o isolamento e a Os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas (BOBBIO, 1992, p.5). 28 Educação em direitos humanos na educação básica Assim, a escola também conta com suas normatizações: é obrigatório o uso do uniforme, o aluno poderá contestar, dizendo que não quer usar o uniforme porque é feio, a cor é horrorosa, o modelo é ultrapassado. Porém, temos que argumentar com os princípios que sustentam essa regra: o uso do uniforme é obrigatório por uma questão de segurança (todos são capazes de identifi car um aluno da escola X, o que facilita o reconhecimento e a segurança dos mesmos no caminho da escola. A escola parte do princípio da igualdade, assim, todos devem vir uniformizados, a fi m de não haver destaque de um ou outro aluno. Com os diversos apelos de ordem sexual, manter a discrição da vestimenta é fundamental no ambiente escolar e assim por diante). O aluno passará a cumprir a regra porque entendeu o seu signifi cado e não somente pela exigência estabelecida. Dallari (2004, p. 30) afi rma, em relação a um conjunto sistemático e harmonioso de regras: Desde a Antiguidade, especialmente na Grécia, vem sendo procurada a ordem mais conveniente para a convivência humana. Aristóteles observou que a sociedade pode ser governada por um só indivíduo, por um grupo de indivíduos ou por muitos, considerando essa última forma, que está mais próxima da moderna concepção de democracia, a mais justa e conveniente. Diante dessas regulamentações e das refl exões que fi zemos até aqui, podemos concluir que todos os segmentos da sociedade acabam sendo imbuídos de uma função social, não somente o Estado, mas também a família, a igreja, a mídia, as ONG’s precisam revestir-se de uma consciência ética coletiva, buscando o consenso através do diálogo como forma de promover e valorizar os direitos numa perspectiva que valorize as singularidades e as diferenças. Atividade de Estudos: 1) No seu curso de graduação você estudou sobre a função social da sua escola? Tente relembrar esses conceitos e os articule com os princípios que compõem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. É possível fazer essa relação? Em sua opinião, a escola consegue executar o que está previsto na sua função social? 29 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Pesquise no PPP e veja se esta questão foi contemplada. Caso não haja referência ao tema, leve essa discussão para a próxima reunião pedagógica. __________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Depois de compreender a realidade escolar em que está inserido, você considerou que a escola precisa ser vivida em bases democráticas e para isso precisa reconhecer e valorizar a diversidade, a pluralidade e o multiculturalismo previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, não perdendo de vista a sua principal fi nalidade, que é a elaboração de novos conhecimentos. Para isso, a garantia de uma gestão participativa, através dos órgãos colegiados, da elaboração coletiva do PPP, da manutenção dos canais de diálogo, constitui-se em importantes caminhos de democratização e de efetivação da função social da escola, que tem como maior objetivo formar e não segregar. 30 Educação em direitos humanos na educação básica Muito bem, caro(a) pós-graduando (a), se temos uma sociedade organizada por meio de códigos, regulamentações e leis baseados nos direitos fundamentais da pessoa humana, conjugando-se aspectos individuais e sociais inerentes a cada ser, estaremos favorecendo o desenvolvimento da cidadania, que é um dos fundamentos da democracia. Segundo o sociólogo Herbert de Souza (Betinho) (apud OLIVEIRA, 2008, p. 89): [...] cidadão é um indivíduo que tem consciência dos seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação [....]. É importante sabermos que a noção de cidadania é anterior à Idade Moderna, ela teve suas origens na Grécia e em Roma antigas. Com a queda do Império Romano (476 d.C.) desapareceu o conceito de cidadania na Europa. Na Idade Média, não havia cidadãos. Os senhores feudais tinham servos da gleba (feudo), as cidades tinham burgueses, a igreja comungantes e o rei vassalos e súditos. Com a Revolução Americana (1776) e a Francesa (1789), o conceito de cidadania voltou a ocupar um lugar central na vida política. A partir de então, ampliou-se e aprofundou-se cada vez mais o seu conceito, até agregar todos os indivíduos das sociedades democráticas modernas. Você se considera um cidadão? Consegue expressar suas ideias livremente? Você devolve um produto com defeito e recebe o dinheiro de volta? Vive a sua opção sexual sem sofrer discriminação? Por outro lado, respeita as leis de trânsito, não joga papel na rua, desliga o celular durante uma reunião? E você, como educador (a), consegue viver a cidadania na sala de aula, exercitando os princípios da igualdade e equidade com seus alunos (as)? Fica atento (a) para mobilizar comportamentos solidários, pois considera que os princípios da ética e da moral são mais facilmente incorporados quando vivenciados, discutidos e refl etidos no dia-a-dia? E as políticas públicas de valorização do magistério, têm destinado a devida importância ao reconhecimento social e fi nanceiro do professor? Cidadão é um indivíduo que tem consciência dos seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Na Idade Média, não havia cidadãos. Os senhores feudais tinham servos da gleba (feudo), as cidades tinham burgueses, a igreja comungantes e o rei vassalos e súditos. 31 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Milton Santos (1997) denomina algumas dessas questões como situações de marginalidade dos direitos de cidadanias mutiladas. Segundo ele, cidadão é o indivíduo que tem a capacidade de entender o mundo, a sua situação no mundo e de compreender os seus direitos para poder reivindicá-los. Bem, caro (a) educador (a), como viver a democracia e a cidadania no cotidiano escolar? Uma das respostas possíveis está na transversalização dessas temáticas com os conteúdos previstos no seu planejamento, permitindo a aderência dos mesmos a todas as esferas da vida do aluno, evitando o entendimento de que somente na sala de aula e na escola, mediante a supervisão da professora, o mesmo precise apresentar um comportamento adequado ao seu papel de cidadão, revestidos de direitos e deveres. Sabemos que no Brasil ainda temos avanços e recuos, progressos e retrocessos quanto à implantação dos direitos de cidadania e democracia, devido a uma herança histórica que estabelece distinções, discriminações e preconceitos, não só no plano material, mas também cultural, social, de raça, sexo e idade. O princípio de que todos são iguais perante a lei não suprime os problemas sociais que ainda vivemos em nosso país. Muitos desses problemas se refl etem diretamente na ação pedagógica da escola, pois os fi lhos vivem e sofrem as mazelas causadas pelo desemprego, falta de moradia, falta de alimentação, entre tantas outras difi culdades. A escola é parte integrante da sociedade e não consegue viver apartada dela, seus muros não conseguem impedir o refl exo das desigualdades, violências e tragédias. Por isso, precisamos conhecer a comunidade na qual a escola está inserida (quem são esses homens e mulheres que vivem aqui? Qual sua formação? Qual seu emprego? Seu nível salarial? Suas ambições e sonhos?). Somente a partir desse perfi l poderemos adequar nossa prática pedagógica para atender as suas necessidades e especifi cidades, já que os conhecimentos construídos na escola devem contribuir para a formação do aluno cidadão que está previsto no Projeto Político Pedagógico. Paulo Freire (1983, p. 22) nos ajuda a pensar sob essa ótica quando diz: “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”. Conhecer e discutir a realidade da comunidade na qual a escola está inserida é importante, porém temos que ter o cuidado para não cair num esvaziamento pedagógico, fazendo recortes de conhecimento e cultura que são essenciais para o nosso aluno (a), pois deve ser dada a ele (a) a oportunidade de conhecer e saber muito mais do que as coisas do seu meio. Eliot (1947, apud FORQUIN, 1993, p.32) considera que: 32 Educação em direitos humanos na educação básica [...] na nossa precipitação por querer que todos estudem, reduzimos nossos níveis de exigência e abandonamos cada vez mais o estudo destas matérias que servem para transmitir os elementos fundamentais de nossa cultura – ou ao menos parte da cultura que é transmissível escolarmente [...]. Assim, temos que considerar que estamos vivendo um momento de reestruturações e reavaliações culturais e sociais, de mutações importantes nas experiências coletivas (o Brasil é atualmente a 8ª economia mundial). Temos que adequar nossa prática pedagógica, dando ênfase aos conteúdos historicamente construídospela humanidade e retirando extratos, para fi ns didáticos, de uma educação que expresse as verdades humanas e seus dilemas fundamentais, com vistas para a implantação de uma escola democrática e cidadã, já que nas sociedades contemporâneas a escola é o principal lugar de estruturação de concepções de mundo e da consciência social, de consolidação de valores, da formação para a cidadania, de constituição de sujeitos sociais e de desenvolvimento das práticas pedagógicas. De acordo com o Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2004), para atingir esse objetivo, a educação básica deve incorporar o incentivo a estudos e pesquisas sobre as violações de direitos humanos no sistema de ensino (confl itos, violências e discriminações, dentre outros temas); e desenvolver ações fundamentadas em princípios de convivência para que se construa uma escola livre de preconceitos, violência, abuso sexual, intimidação e punição corporal, incluindo procedimentos para a resolução de confl itos e modos de lidar com a violência e perseguições/intimidações entre os estudantes. É na escola que se formam valores, atitudes e práticas de respeito aos direitos humanos e, neste contexto, a educação para diversidade é fundamental. Quero convidá-lo para um momento de descontração e, para isso, vamos assistir ao vídeo “Representação social dos direitos humanos”, que tem como ponto de partida o olhar de um taxista que acredita que «os direitos humanos só servem para ajudar os bandidos». O programa mostra as origens históricas deste pensamento e como a informação pode mudar esta visão. Advogados, professores e sociólogos contam como a Declaração dos Direitos Humanos foi criada e explicam sua importância para a humanidade. A educação básica deve incorporar o incentivo a estudos e pesquisas sobre as violações de direitos humanos no sistema de ensino (confl itos, violências e discriminações, dentre outros temas); e desenvolver ações fundamentadas em princípios de convivência para que se construa uma escola livre de preconceitos, violência, abuso sexual, intimidação e punição corporal, incluindo procedimentos para a resolução de confl itos e modos de lidar com a violência e perseguições/ intimidações entre os estudantes. 33 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://univesptv. cmais.com.br/etica-valores-e-cidadania/evc-representacao-social- dos-direitos-humanos. polÍtiCaS SoCiaiS De proteção ÀS CriançaS e aDoleSCenteS Só se educa em direitos humanos quem se humaniza e só é possível investir completamente na humanização a partir de uma conduta humanizada. Ricardo Ballestreri Figura 5 - Crianças e adolescentes do século XXI Fonte: Disponível em: <http://migre.me/bzBJ5>. Acesso em: 1 jul. 2012. São inúmeras as modifi cações percebidas nas crianças e adolescentes de hoje. Com frequência, os adultos afi rmam que elas já “nascem falando” e vão desenvolvendo uma compreensão fantástica acerca das coisas que as cercam, porém está cada vez mais complexo educá-las, pois facilmente elas tornam-se indisciplinadas e sem limites. Os (as) professores (as), por sua vez, afi rmam que sentem saudades daquela escola do passado, na qual os alunos eram disciplinados e respeitavam ordenadamente as regras estabelecidas. 34 Educação em direitos humanos na educação básica Mas podemos aqui fazer um questionamento: as crianças eram obedientes por acreditarem e concordarem com os valores educativos da época, ou obedeciam por medo e coação? Com o avanço da ciência, das pesquisas e da tecnologia, passou-se a conhecer muito melhor o desenvolvimento infantil e vários elementos foram substituindo a forma de educar, muito diferentes da submissão, da disciplina e do formalismo de tempos passados. Por outro lado, novas políticas públicas foram implantadas para dar conta de todas as modifi cações da infância e adolescência, exigindo que os paradigmas educacionais também estejam em constante processo de análise, a fi m de atender as especifi cidades dessa nova geração. Não podemos acreditar que, diante de tantos avanços em todas as áreas do conhecimento, tenhamos regredido no nosso papel de educar, o que talvez esteja faltando é um certo equilíbrio entre as coisas boas do passado e os ranços que devem ser descartados, para dar lugar a novas possibilidade de ver e viver o mundo. Esse nosso saudosismo acaba mascarando uma série de barbáries que eram cometidas contra as crianças e adolescentes no passado. Basta fazer um breve retrospecto na história para lembrar-nos da forma como as crianças eram tratadas por seus pais e professores. As escolas eram regidas por severos códigos de conduta e, ao menor sinal de transgressão, os castigos eram aplicados (orelha de burro, palmatória, cheirar parede, ajoelhar no milho, cadeira do pensamento, humilhações etc.). Você já se perguntou sobre os efeitos desses atos? Eles são capazes de educar as crianças para uma relação humana de respeito e solidariedade? Atualmente, as diversas políticas públicas e legislações tentam resguardar as crianças e adolescentes das violações dos seus direitos, porém muitos ainda vivem em um mundo cercado de violência, maus-tratos, exclusões e privações e acabam reproduzindo no contexto escolar comportamentos da sua vida social e familiar. De acordo com Martins (2011, p. 20-21), podemos citar o conjunto de ordenamentos legais que constituem as políticas de educação, prevenção, atenção e atendimento às violências, para que você possa conhecer todos os recursos que a escola pode contar para lidar com as situações de confl ito no seu cotidiano: 35 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Quadro 1 - Ordenamentos legais que constituem as políticas de educação, prevenção, atenção e atendimento às violências Declaração Universal dos Direitos Humanos Declaração Universal dos Direitos da Criança Constituição Federal de 1988 Constituição do Estado de Santa Catarina Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/ LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 Programa Nacional de Direitos Humanos/ PNDH-3, instituído pelo Decreto Presidencial nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009 Programa Mundial para a Educação em Direitos Humanos (2004) Plano Nacional de Direitos Humanos / PNEDH ( 2009) Lei Estadual nº 14.651/2009, que institui o programa de combate ao Bullying Resolução nº4/2010, que define as diretrizes curriculares nacionais gerais para a Educação Básica Resolução nº 7/2010, que fixa as diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006/ Lei Maria da Penha Lei nº 11.525, de 25 de setembro de 2007, que inclui o conteúdo dos direitos das crianças e dos adolescentes na Lei nº 9394/96/LDB Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais/LGBT 2009 Plano Nacional de Educação/PNE 2011 a 2020 Fonte: Martins (2011, p. 20-21). Considerando as políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente, devemos ter um olhar sobre seu processo evolutivo. Iniciaremos com a Constituição da República Federativa do Brasil (SANTOS, 1990, p.07), em seu Capítulo I, Art. 5º, que afi rma: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Já o tratamento mostra-se diferenciado aos direitos das crianças e adolescentes. A Constituição Brasileira seguiu a tendência da Convenção dos Direitos das Crianças (aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em 1989), que estabelece: 36 Educação em direitos humanos na educação básica A obrigatoriedade dos Estados em assegurarem a toda criança sujeita à jurisdição, sem discriminação de qualquer tipo, independentede raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra origem nacional, étnica, ou social, posição econômica, impedimentos físicos, nascimento ou qualquer outra condição da criança, seus pais ou representantes legais, os direitos nela previstos (MORAES, 2003, p.55). Um marco histórico para a promoção de justiça social às crianças e jovens brasileiros foi o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL. Acesso em 2 ago. 2012), Lei nº 8.069, de 1990, que trouxe muitos avanços e direitos como, por exemplo: “o direito de toda criança brasileira à vida, à saúde, à alimentação, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária” (Art.4). Figura 6 – Estatuto da criança e do adolescente Fonte: Disponível em: <http://migre.me/bzE2S>. Acesso em: 17 ago. 2012. Vamos conhecer a Lei? Acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Na década de 1980, que antecede a promulgação do ECA, houve um movimento internacional para estudar, revisar e ampliar códigos referentes aos direitos da criança. No Brasil não foi diferente, e por meio de uma intensa mobilização social, que envolveu a sociedade civil, profi ssionais das mais diversas áreas, estudantes, ativistas, entre outros, que contribuíram para pensar esse momento histórico em relação aos direitos das crianças, implantou-se esse novo paradigma na construção de uma política pública para crianças e adolescentes. 37 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Fonseca; Terto Junior; Alves (2004, p. 106) assinalam que: Fala-se tanto nos ‘direitos das crianças’ a partir do ECA. Será que foi a primeira vez na história que surgiu essa noção? [...] Parece que muitas pessoas acreditam na força mágica das palavras – como se o mero fato de falar da criança enquanto ‘sujeito de direitos’ pudesse trazer uma mudança revolucionária na vida dos jovens brasileiros. Aprender que tais conceitos existem no mínimo desde o início do século passado, traria, pelo contrário, a realização de que existe uma vasta gama de interpretações possíveis desses conceitos, e que suas consequências dependem antes de tudo da particular fi losofi a política que subjaz em determinado momento. Vejam que o conceito acima remete a uma importante refl exão: antes do ECA havia uma série de outras regulamentações, que ao longo do tempo foram se esgotando e necessitando de novas versões e ampliações. Deste modo, o ECA é fruto de uma trajetória histórica e procura transpor as contradições e confl itos existentes nas relações humanas. Desta feita, segundo Bazílio & Kramer (2003), o Estatuto da Criança e do Adolescente introduziu mudanças signifi cativas em relação à legislação anterior, o chamado Código de Menores, instituído em 1979. Crianças e adolescentes passam então a ser considerados cidadãos, com direitos pessoais e sociais garantidos, desafi ando os governos municipais a implementarem políticas públicas, especialmente dirigidas a esse segmento. No Brasil, defi nitivamente substituiu-se o termo “menor” por “criança e adolescente”, já que menor traz a ideia de uma pessoa sem direitos. Esta palavra foi banida do vocabulário de quem defende os direitos da infância, a fi m de evitar relembrar o direito penal do menor e toda a carga discriminatória negativa, por quase sempre se referir a crianças e adolescentes autores de atos infracionais. Com o reordenamento político do país e a ampliação dos espaços de discussão sobre os direitos da população brasileira, foi posta em cheque a legislação dirigida à infância e juventude, conhecida como Código de Menores. Tratava-se de um conjunto de leis que tinha a atenção dirigida apenas sobre uma parcela da população infanto- juvenil, justamente aquela oriunda das camadas mais desfavorecidas do país. O sentido geral desse código era disciplinar condutas para crianças e adolescentes pobres, que vivessem em condições precárias (os chamados “carentes”) e aqueles que fossem reconhecidos pela transgressão às normas sociais (os “infratores”). Conhecida como “Doutrina da Situação Irregular”, servia para discriminar e segregar crianças e adolescentes já estigmatizados por suas condições de pobreza (GRANDINO, Biblioteca Digital. Acesso em: 20 jul. 2012 ). 38 Educação em direitos humanos na educação básica Bazílio (2003, p. 30) lembra que o Estatuto da Criança e do Adolescente propõe a transformação de dois grandes eixos de atendimento/educação de crianças e adolescentes: [...] um primeiro grupo de ações denominadas “medidas protetivas”, o qual busca resgatar ou dar oportunidade de correção de trajetória de vida, priorizando aquisição de direitos básicos que foram violados – realizadas em grande parte por conselhos tutelares. O segundo eixo descreve um conjunto de procedimentos denominados ‘medidas socioeducativas’, de acordo com os quais o adolescente em confl ito com a lei (anteriormente denominado de autor de ato infracional) teria possibilidade de reorganizar sua existência numa dinâmica prioritariamente educativa. Ao ser promulgado, o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a criação de Conselhos Tutelares e de Direitos, órgãos destinados a garantir a execução do que é preconizado pela lei. De acordo com dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos (BRASIL, 2007. Acesso em 20 jul. 2012): [...] mais de 90% dos municípios brasileiros já contam com CMDCA’s e Conselhos Tutelares. O cenário é favorável, quando se analisa a implementação desses órgãos no País. Mas, quando se avalia a atuação dessas instâncias, em termos de infraestrutura e competência técnica, a precariedade ainda é grande. Mesmo com a implantação dos Conselhos Tutelares em todos os municípios brasileiros, existem, contudo, muitos problemas a serem sanados. Os avanços dos conselhos continuam sendo impedidos por culturas técnicas e administrativas que mantêm práticas ultrapassadas. A falta de estrutura física, a ausência de capacitações e/ou qualidade dos treinamentos oferecidos, as questões referentes à representação política dos conselheiros, a ausência das redes de proteção (o que impede o devido encaminhamento do caso), a burocracia, o corporativismo, o clientelismo e o fi siologismo seguem impedindo a participação e a transparência que o novo direito da infância e da juventude exige. Também o acesso aos recursos fi nanceiros é um entrave importante para a implantação das políticas necessárias (VIEIRA, 2012). Percorrendo a linha do tempo no que se refere à temática dos Direitos da Criança e do Adolescente, em 2006 houve a aprovação do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e do Sistema Nacional Socioeducativo (Sinase). De acordo com a Secretaria Especial de Direitos Humanos (BRASIL, 2007. Acesso em 20 jul. 2012), os dois documentos buscam solução para direitos garantidos pelo Estatuto, mas que ainda encontram difi culdades para sua efetivação. 39 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Apesar dos inúmeros avanços, estudos mostram que apenas 10% do Estatuto têm sido implementado e cumprido nesses últimos anos, tendo em vista os inúmeros problemas sociais e educacionais que necessitam ser combatidos, o que nos permite dizer que o ECA ainda passa por um lento processo de assimilação pela sociedade e pelo Estado. Diante das várias críticas que se mantêm sobre o ECA, a mais comum de todas refere-se à opinião de que a lei trouxe um afrouxamento dos deveres destinados às crianças e adolescentes, fazendo uma apologia aos seus direitos. Grandino (Biblioteca Digital. Acesso em: 20 jul. 2012) contrapõe: A leitura atenta da lei permite compreender que ali não estão artigos que fragilizam a autoridade dos adultos em relação às crianças e adolescentes, mas que o empenho necessário para garantir seus dispositivos está no interior das instituições que trabalham com essa população: a família, a escola, as organizações sociais e ofi ciais, entre outras. Trata-se depoder consolidar os modos condizentes aos contextos democráticos, de participação, reconhecimento de todos como sujeitos de direitos e, principalmente, de fortalecimento das instâncias de mediação. Mais ainda, trata-se de fortalecer os adultos, que carregam pesadas responsabilidades em relação aos mais novos, sem serem reconhecidos, no mais das vezes, como sujeitos de direitos também. Digiácomo (Biblioteca Digital. Acesso em 20 jul. 2012) faz sua análise da seguinte maneira: Os pais que se mostrarem omissos no cumprimento de tal DEVER, estarão sujeitos a duras sanções, previstas no próprio Estatuto e legislação correlata, sempre lembrando que cabe a cada um de nós impedir que crianças e adolescentes tenham ameaçado ou violado seu DIREITO À EDUCAÇÃO, que compreende o DIREITO A RECEBER LIMITES de seus pais ou responsável, que no entanto não podem abusar dos meios de correção e disciplina, sob pena de incorrer no crime de maus-tratos, previsto no Código Penal (que é de 1940). As críticas ao Estatuto da Criança e Adolescente, na maioria das vezes, surgem pelo desconhecimento da lei e pela falta de preparo das pessoas em garantir a sua aplicação. [...] também se enganam aqueles que pensam ter o Estatuto de qualquer modo interferido no relacionamento pai-fi lho, no sentido de impedir este de exercer sua autoridade em relação aquele. Longe disso, o Estatuto, sempre com respaldo na Constituição Federal, REAFIRMA o DEVER dos pais em EDUCAR seus fi lhos, o que evidentemente extrapola os conteúdos curriculares das escolas e abrange o “pleno 40 Educação em direitos humanos na educação básica desenvolvimento da pessoa” e “seu preparo para o exercício da cidadania” (art. 205 da C.F.), estando aí incluído o ESTABELECIMENTO DE LIMITES e o ensino de lições elementares de CIDADANIA e relacionamento interpessoal, o que compreende o respeito às leis e ao próximo. (DIGIÁCOMO). Desta feita, a família e a escola devem ter muita clareza do seu papel educativo, ambos devem resgatar sua autoridade, estabelecer limites e sustentar regras e princípios que regem as relações sociais, a fi m de que possam ter uma convivência mais harmoniosa, capaz de levar a resolução dos confl itos. Diante das citações acima, fi ca claro que a família não pode eximir-se da sua função educativa, repassando para a escola e para os Conselhos Tutelares a responsabilidade de educar seus fi lhos. No senso comum, criou-se a ideia de que os pais não podem mais exercer autoridade sobre os seus fi lhos, não podem fazer exigências, impor regras, estabelecer limites, a ponto de que alguns afi rmam: “Não sei mais o que fazer com meu fi lho! A escola tem que dar um jeito, senão vou entregá-lo para o Conselho Tutelar”. Vimos que a lei é bem clara quando afi rma que a família não pode omitir- se do seu papel educativo, sob pena de ser punida pelo próprio Estatuto da Criança e do Adolescente. Desta forma, podemos refl etir que respeito, disciplina e limites se constroem e não se impõem. Se desde pequeno o bebê não mantém a convivência com seus pais, não cria vínculos com os mesmos. Ao crescer, vai buscar na televisão, no vídeo-game, no computador e nos amigos suprir a ausência dos pais, que estão sempre envolvidos em seus crescentes compromissos profi ssionais, em sua jornada de trabalho ampliada e nos demais acontecimentos sociais e culturais. Ao tornarem-se adolescentes, muitos pais não conhecem seus fi lhos: não sabem das suas preferências, das suas ansiedades, dos seus problemas, dos seus sonhos. Há casos em que vão se dar conta de uma situação de confl ito somente quando são chamados pela escola e fi cam atônitos dizendo: “Mas lá em casa ele é um anjo”. Os pais precisam reconhecer que a sua ausência não pode ser preenchida com presentes, breves passeios ao Shopping ou com concessões inadequadas. A verdadeira educação se inicia desde o nascimento, com o acompanhamento constante das diversas etapas de evolução da criança, para que possa se estabelecer uma relação de reciprocidade e respeito, e acima de tudo, que a família possa estar unida para enfrentar todos os desafi os que a vida lhe impõe. A participação das famílias se estende ao cotidiano escolar, pois a escola não pode ser responsabilizada, sozinha, por educar as crianças e adolescentes, já que estes são papéis complementares. 41 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 Desta maneira, a participação das famílias se estende ao cotidiano escolar, pois a escola não pode ser responsabilizada, sozinha, por educar as crianças e adolescentes, já que estes são papéis complementares. Não podemos continuar com o dedo indicador apontado, buscando culpados para a indisciplina, a violência e o baixo rendimento escolar. Cada segmento deve responsabilizar-se por suas obrigações e, se cada um cumprir o seu papel, todos poderão caminhar juntos, como parceiros, na tarefa de educar nossos futuros cidadãos. Para aprofundarmos a discussão da participação da família na escola, sugiro que você assista ao vídeo “Família & Educação”, disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.youtube. com/watch?v=3NJEp3M1Jjo. Atividade de Estudos: 1) A relação entre escola e família está muito fragilizada. Os pais, na sua maioria, estão ausentes e omissos da vida escolar dos fi lhos. A escola, por sua vez, sente-se sozinha e incapaz de exercer tantos papeis e enfrentar confl itos de todas as ordens. Convido (a) a acessar os sites da Escola de Pais e da Escola Virtual para Pais e pensar em uma ação que possa contribuir com o acompanhamento dos pais na vida escolar de seus fi lhos. http://escolavirtualparapais.com.br/ava/ http://www.escoladepais.org.br/index.php/sobre-a-epb Boa leitura! __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 42 Educação em direitos humanos na educação básica __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ DireitoS HumanoS e eDuCação: aBorDagem interDiSCiplinar e multiDimenSional Figura 7- Educação em direitos humanos Fonte: Disponível em: <http://migre.me/bzEEU>. Acesso em: 01 jul. 2012. A educação em direitos humanos se confi gurou de forma mais estruturada no Brasil a partir da segunda metade da década de 80, junto ao processo de (re)democratização do país. Neste contexto, o reconhecimento e a afi rmação dos direitos humanos emergiram como importantes instrumentos para a construção de uma cidadania ativa. Atualmente vivemos sob o paradoxo de popularizar e universalizar os direitos humanos frente às cotidianas e sangrentas violações que assistimos ao vivo na mídia e que são amplamente exploradas por A educação em direitos humanos se confi gurou de forma mais estruturada no Brasil a partir da segunda metade da década de 80, junto ao processo de (re) democratização do país. 43 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 todos os meios de comunicação, naturalizando-as e mostrando quão frágeis se constituem os mecanismos que zelam pela efetivação dos direitos. Desta forma, a escola e seus atores necessitam pensar sobre essa realidade social repleta de fragilidades, que precisam ser expostas e refl etidas, a fi m de que possamos implantar projetos e programas que nos coloquem no lugar do outro, estendam pontes entre as milharesde ilhas egocêntricas, que nos permitam visualizar para além da nossa geografi a individual. No entanto, esse ideal só será alcançado quando todos os agentes pedagógicos (escolas, igrejas, Ong’s, Estado, empresas privadas, movimentos sociais, entre outros) sejam capazes de pensar em uma pedagogia para os direitos humanos. A partir dessa necessidade, surge a seguinte pergunta: como implementar uma proposta educativa para os direitos humanos na Educação Básica? Que metodologia adotar? Quem pode colaborar? Como envolver as pessoas? Primeiramente, vamos analisar o percurso histórico da trajetória de implantação de uma educação em direitos humanos, por isso, passaremos a uma breve revisão dos principais documentos normativos que permearam esse movimento O grande divisor de águas foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), já abordada anteriormente, que, em seu artigo XXVI, trata especifi camente do direito à educação. Na sequência, a Conferência Mundial de Direitos Humanos, proclamada em Viena, no ano de 1993, defi ne o objetivo da paz mundial pela educação, bem como destaca a importância de treinamentos e capacitações para atuar nessa área. Solicita a todos os Estados e instituições que incluam os direitos humanos, o direito humanitário, a democracia e o Estado de Direito como matérias dos currículos de todas as instituições de ensino dos setores formal e informal. A Constituição da República de 1988 discutiu o tema sob a mesma ótica, defi nindo em seu Art. 205. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho” (BRASIL, 1988). 44 Educação em direitos humanos na educação básica A Lei nº 9.394/1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (BRASIL,1996) também trouxe algumas referências que ligam-se à educação em direitos humanos. Em seu art. 1º, o termo educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Com relação aos princípios, fi nalidades da educação e dever de educar, a LDB (BRASIL,1996) defi ne em seus art. 3º, IV, X, XI): a) respeito à liberdade e apreço pela tolerância; b) valorização da experiência extra-escolar; c) vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Dando continuidade, podemos destacar o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos – PNEDH, que traça diversos programas para a promoção da educação em direitos humanos. Esse é um importante marco regulatório para a efetivação de uma prática pedagógica focada nos direitos humanos. Esta nova perspectiva educacional de interpretação dos fenômenos sociais, culturais e políticos proposta é um estímulo à confi guração de sociedades democráticas abertas, pautadas em uma nova consciência capaz de compreender a condição do mundo humano, defi nindo novos caminhos para a construção da cidadania. Este processo resgata as duas esferas do ser humano: o conhecimento racional, empírico e técnico de um lado, e o simbólico, poético, mágico e mítico de outro. É no entrelaçamento destas duas dimensões que a educação para a cidadania encontra seu ancoradouro e sua potencialidade em relação ao futuro (BRASIL, 2003, p.12). O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos apresentou meios de concretização da educação em direitos humanos, possibilitando o início de um trabalho sistemático e institucionalizado para possibilitar e promover uma educação voltada para a promoção da igualdade, da justiça, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. O PNEDH apresenta, inicialmente, seus objetivos e linhas gerais de ação para, em seguida, distribuir as metas e ações propostas em cinco eixos: educação básica; educação superior; educação não-formal; educação dos profi ssionais dos sistemas de justiça e segurança e educação e mídia. O documento aponta os seguintes princípios para a Educação Básica: • a educação básica, como um primeiro momento do processo educativo ao longo de toda a vida, é um direito social inalienável da pessoa humana e dos grupos socioculturais; 45 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACapítulo 1 • a educação básica exige a promoção de políticas públicas que garantam a sua qualidade; • a construção de uma cultura de direitos humanos é de especial importância em todos os espaços sociais. A escola tem um papel fundamental na construção dessa cultura, contribuindo na formação de sujeitos de direito, mentalidades e identidades individuais e coletivas; • a educação em direitos humanos, sobretudo no âmbito escolar, deve ser concebida de forma articulada ao combate do racismo, sexismo, discriminação social, cultural, religiosa e outras formas de discriminação presentes na sociedade brasileira; • a promoção da educação intercultural e de diálogo inter-religioso constitui componente inerente à educação em direitos humanos; • a educação em direitos humanos deve ser um dos eixos norteadores da educação básica e permear todo o currículo, não devendo ser reduzida à disciplina ou à área curricular específi ca (BRASIL, 2003, p.17). Diante da importância do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, vamos passar a analisar algumas das suas linhas de ação: Quadro 2 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos – linhas de ação Universalizar o acesso e a permanência das crianças e adolescentes na escola com equidade e qualidade. Estimular experiências de interação da escola com a comunidade que contribuam na formação da cidadania democrática. Apoiar e incentivar as diversas formas de acesso e inclusão aos estudantes com necessidades educacionais especiais. Inserir, efetivamente, a leitura e a discussão do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei nº 8.242/91) nos projetos pedagógicos a serem elaborados nas escolas. Desenvolver projetos culturais e educativos de luta contra a discriminação racial, de gênero e outras formas de intolerância. Apoiar e incentivar a inserção das questões do meio ambiente no currículo escolar. Trabalhar questões relativas aos direitos humanos e temas sociais nos processos de formação continuada de educadores, tendo como referência fundamental as práticas educativas presentes no cotidiano escolar. A educação em direitos humanos deve ser um dos eixos norteadores da educação básica e permear todo o currículo, não devendo ser reduzida à disciplina ou à área curricular específi ca 46 Educação em direitos humanos na educação básica Promover e produzir materiais pedagógicos orientados para educação em direitos humanos, assim como sua difusão e implementação. Incentivar programas e projetos pedagógicos, junto aos sistemas de ensino, que busquem combater a violência doméstica com crianças, adolescentes, jovens e adultos. Apoiar e incentivar a produção e manifestação cultural dos jovens. Garantir a formação inicial e continuada aos profissionais da educação básica na perspectiva dos direitos humanos. Promover experiências de formação dos estudantes como agentes promotores de direitos humanos. Introduzir a perspectiva da educação em direitos humanos como componente da formação inicial dos educadores. Fonte: PNEDH (BRASIL, 2003, p.18). Acesse o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos no endereço eletrônico abaixo: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_co ntent&view=article&id=14772%3Aeducacao- em-direitos-humanos&catid=194%3Asecad- educacao-continuada&Itemid=640 . A questão que surge quando refl etimos sobre esse tema é muito comum: será realmente possível pensarmos em uma educação para os direitos humanos em uma sociedade tão dividida, individualista e pautada nos princípios capitalistas? Talvez um dos caminhos possa ser reconhecido através das recomendações
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