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Rio 2 de setembro de 2011 - Julian Chediak

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Rio, 2 de setembro de 2011 
Direito Societário I
Sobre a constituição das Sociedades Anônimas
Focaremos esse estudo em conceitos, não em procedimentos.
Qualquer um pode criar uma Sociedade Anônima. Não há restrição a sua criação, bem como não existe necessidade de autorização do poder público. Para criar uma S.A., porém, são necessárias determinadas formalidades, muito maiores do que no caso das Sociedades Limitadas, por exemplo. 
A lei divide a formação de uma Companhia, presente no artigo 80 e seguintes, em três partes: Requisitos Preliminares, Modalidades de Constituição e Formalidades Complementares.
Os requisitos preliminares são: subscrição, por pelo menos duas pessoas, de todas as ações da sociedade. Sendo assim, uma S.A. deve possuir pelo menos 2 sócios. Pode-se ter uma sociedade com um sócio só? Isso tem sido cada vez mais permitido em ordenamentos do mundo afora. A EIRELI, criada recentemente, é exemplo de implementação dessa inovação no ordenamento brasileiro. Julian acredita que a EIRELI é uma sociedade. Uma sociedade com um sócio só permite o melhor aproveitamento da atividade empresária. 
Existem duas hipóteses em que uma sociedade anônima pode ter apenas um sócio. O primeiro caso é das subsidiárias integrais de sociedade anônima, caso citado no artigo 251 da lei das S.A. O único acionista da subsidiária integral deve ser uma sociedade brasileira (não necessariamente uma S.A.) – assim, a sociedade que constitui a subsidiária integral deve possui pelo menos dois sócios. Uma subsidiária integral também pode criar outra subsidiária integral. Questiona-se se uma EIRELI pode constituir uma subsidiária integral. A segunda exceção, que permite um só sócio, é a da unipessoalidade temporária. A unipessoalidade não tem relação com a constituição da sociedade, mas sim com uma circunstância que faz com que a sociedade passe a ter um sócio só. Nessa situação, ela não será imediatamente liquidada, restando um prazo para reconstituir a pluralidade de acionistas (artigo 106, inciso I, alínea d). 
Assim, dois ou mais sócios são o primeiro requisito para criação de uma sociedade anônima. O segundo requisito é a integralização do pagamento de pelo menos 10% do capital subscrito. Para que isso seja devidamente obedecido, a lei exige que seja criada uma conta com esse capital integralizado antes mesmo da apropriada criação da sociedade no Banco do Brasil. Caso a sociedade não seja constituída, o Banco devolverá o dinheiro para o subscritor. O depósito de entrada deve ser demonstrado para que uma sociedade seja criada na Junta. 
As modalidades de Constituição: pode ser constituída por subscrição pública ou por subscrição particular. Caso por subscrição pública, constitui-se uma companhia aberta. A Constituição, nesse caso, depende também de registro na CVM. Por outro lado, caso se constitua por inscrição particular, surge uma companhia fechada. 
Para a subscrição pública, é necessária determinada burocracia prevista na lei das S.A. O estatuto de uma S.A. pode ser comparado com o contrato social de uma sociedade limitada, porém são distintos, tendo algumas diferenças. O estatuto deve ser apresentado para a CVM no caso de uma companhia aberta, bem como ocorre com o prospecto. Em matéria de informações necessárias, a CVM exige muito mais do que o previsto. Isso está previsto no artigo 82. O prospecto é um documento que informa ao público a respeito de algum produto. 
O boletim de subscrição de capital, um título executivo extrajudicial, também precisa ser criado para permitir a criação da Companhia. Deve-se, após a criação da Companhia, convocar uma Assembléia para apreciar os bens e deliberar sobre a constituição da Companhia, indicando os seus primeiros administradores. A particularidade dessa Assembléia é que, nesse caso, para que as deliberações sejam aprovadas, deve não existir objeção de subscritores que possuam mais da metade do capital social. A subscrição pública, porém, não ocorre muito na prática no Brasil. Geralmente, cria-se uma Companhia Fechada e depois ela é transformada em Companhia Aberta. 
A constituição de uma sociedade por subscrição particular, muito mais comum, deve respeitar os requisitos preliminares e simplesmente é gerada a parte de uma ata de assembléia de criação da companhia. 
Quanto às formalidades complementares, em primeiro lugar ocorre o arquivamento e a publicação. Uma vez assinada a ata e os boletins de subscrição, deve-se levar à Junta Comercial da sede da Sociedade. A Junta analisará esses documentos para verificar se o processo todo se deu de acordo com a lei. 
Além do arquivamento na Junta, os atos também devem ser publicados. Todos os atos de uma S.A. devem ser publicados tanto no Diário Oficial quanto em outro jornal de grande circulação. Existem projetos no Congresso para que essas publicações em jornais e no D.O. não sejam mais obrigatórias. Carvalhosa, porém, defende que isso seria inconstitucional por violar o princípio da publicidade. Chediak é favorável a abolição dessa obrigação. 
Outra formalidade complementar relevante é que os administradores tem a responsabilidade solidária por implementar todos os atos necessários para que a Companhia inicie sua cooperação. Essa é uma obrigação secundária. Avisar ao banco onde foi feita a integralização que a sociedade já foi constituída é uma dessas obrigações complementares.

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