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Psicanálise I -- Sexualidade

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PSICANÁLISE I - 2ª AVALIAÇÃO – 1º SEMESTRE 2020
1. Qual é a concepção de sexualidade para a psicanálise e como ela se diferencia da sexualidade do senso comum?
A concepção de sexualidade no senso comum difere muito daquela apresentada por Freud. Na opinião popular, a sexualidade estaria ausente na infância e apareceria na puberdade, manifestando-se através da atração de um sexo pelo sexo oposto e sua meta seria a união sexual. Essa concepção está ligada à divisão fantasiosa do ser humano em duas metades, o homem e a mulher, que tentam se unir novamente no amor. Para a psicanálise, essa perspectiva encontra-se repleta de erros e imprecisões.
A sexualidade, para Freud, é mais do que apenas o ato sexual e a função procriadora, está além disso, e diz respeito a ideia de busca pelo prazer e a evitabilidade do desprazer. A sexualidade freudiana, portanto, não é exclusivamente sexo, mas aprender a habitar o próprio corpo, ser si mesmo e relacionar-se com o outro e com o mundo. Nesse sentido, o primeiro erro que pode ser apontado em relação ao pensamento do senso comum é a inexistência da sexualidade infantil. O instinto e as atividades sexuais são inatos às crianças, para a psicanálise. À medida que a criança amadurece, ela vai desejando coisas diferentes e encontrando formas diferentes de gratificar seus desejos. Busca-se a obtenção de diferentes sensações de prazer, por meio de conexões e analogias denominadas de prazer sexual. A principal forma de prazer infantil é a excitação de partes do corpo chamadas de zonas erógenas - partes do corpo que propiciam prazer de forma privilegiada -, sem a presença de um objeto estranho, trata-se, portanto, do autoerotismo.
A sexualidade humana não é um percurso linear, único e previamente determinado pela biologia. Em grande parte, ela é determinada pelos fatores acidentais, ou seja, pelos encontros e desencontros da nossa vida cotidiana, com os objetos, as pessoas, as experiências e com as sensações, regidos pelo prazer e desprazer que esses objetos e experiências provocam em nós. O princípio do prazer e desprazer é o fundamento de todo o movimento psíquico do sujeito, que motiva e explica quase todos os comportamentos humanos. Nossa história libidinal diz respeito a um complexo sistema de formação de marcas psíquicas, por exemplo, como o indivíduo foi aprendendo a se alimentar, a se relacionar com os outros, a se vestir, a ler e escrever, relacionando essas marcas com os genitais, ânus, pele, uretra etc. Os fatores disposicionais – genéticos – são despertos pela experiência, ou seja, os genes entram em ação e começam a influenciar o indivíduo apenas se encontrarem certos gatilhos e estímulos externos que o levam a ser acionados, caso contrário ficam dormentes. 
Um conceito de extrema importância para entender a sexualidade psicanalítica é o de pulsão. A pulsão é a exigência de trabalho que o corpo faz à mente no sentido de representar as experiências que saciam uma determinada necessidade corporal (fisiológica) e o registro de uma experiência de prazer e é, portanto, a marca de diferenciação entre o psíquico e o físico. Ela movimenta o organismo na busca da realização de um prazer e de uma nova satisfação, e está para além da necessidade, mesmo que se apoie nela. A pulsão pode ser definida, portanto, como o representante psíquico de uma fonte endossomática de estímulos que não para de fluir - sempre relacionados a algum objeto, pessoa, experiência, fantasia, nunca aparece sozinha -, à diferença de estímulo, que é produzido por excitações isoladas oriundas de fora. Ela não é inata ao ser humano e não é biologicamente determinada, mas em algum momento da vida essa relação é feita e, a partir de então, é ela que nos rege. A pulsão teria quatro características, segundo Freud: a fonte, que é o processo excitatório de um órgão; a meta, que é a remoção do estímulo excitatório, ou seja, experimentar o prazer e satisfazer-se (queda da tensão); o objeto, que é altamente varável; e a pressão, que é constante e não cessa, pois a satisfação não é completa.
 No que diz respeito ao objeto sexual – pessoa da qual vem a atração sexual –, o senso comum também apresenta conceitos errôneos. Isso ocorre pois o objeto sexual não pode ser resumido a atração de um sexo ao sexo oposto. Existem desvios da pulsão sexual no desenvolvimento do objeto sexual, como a predisposição sexual na inversão, ou seja, a homossexualidade, em que a pessoa se atrai por outra do mesmo sexo. Também existem desvios da meta sexual – ação à qual a pulsão impele –, como os fetichistas que não tem como objeto de desejo as genitais, mas sim outros órgãos do corpo, peças de roupa, situações específicas que sentem prazer em olhar. Portanto, percebe-se diferenças importantes entre o conceito de sexualidade adotada pela opinião popular e a sexualidade freudiana. 
2. Como a teorização acerca da perversão joga luz sobre a sexualidade infantil?
A perversão está relacionada a qualquer forma de desvio da sexualidade que não está ligada a finalidade reprodutiva (todo tipo de satisfação sexual que não envolva contato de genitais). A perversão, porém, para a psicanálise, não tem sentido reprovativo, uma vez que nenhum indivíduo são estaria livre, em sua meta sexual normal, de características denominadas perversas. 
Desde o princípio, a criança é marcada por determinadas sensações prazerosas e desprazerosas que vão gerar os registros psíquicos e mnêmicos, que estão na base daquilo que Freud chama de representante pulsional. Então o indivíduo vai sendo marcado por esses registros de prazer e desprazer, as quais ele vai tentar encontrar novamente posteriormente, mas sempre vai reencontrar algo diferente da primeira satisfação. 
A imagem prototípica da primeira satisfação de um bebê é o momento em que ele está mamando, ali ele está experimentando diversas sensações relacionadas a satisfação de uma necessidade vital e também uma estimulação da boca contatando o mundo externo, que traz satisfações relacionadas a sucção (estágio oral das fases psicossexuais). Em um determinado momento, o bebê abandona o seio materno e passa a sugar e erotizar partes de seu próprio corpo, como o dedo, obtendo prazer sem a necessidade de concessão do mundo externo (autoerotismo). A fase oral, portanto, seria um desvio em relação a sexualidade genital e faz parte da história de cada indivíduo, não tendo um sentido moralmente negativo.
As marcas ligadas a sexualidade deixam seus representantes psíquicos – traços de memória –, e essa memória permanece quando o sujeito é adulto. Pensando, então, na vida sexual “comum”, os prazeres preliminares, como o beijo, são derivados dessa história. A utilização sexual da boca tocando outra boca não é considerada perversa, mas o é considerado quando os lábios (ou a língua) de uma pessoa entram em contato com os genitais da outra. A sexualidade infantil é considerada perversa para Freud, portanto, devido ao autoerotismo de partes do corpo que não sejam as genitais nas primeiras fases de seu desenvolvimento sexual.
Além disso, Freud explica a resistência por trás da descoberta. A sociedade tenta, por meio da educação, reprimir a sexualidade infantil, para que o indivíduo transforme sua libido em energia voltada para os processos civilizatórios. A tarefa da educação (vergonha, culpa, nojo) se realiza pela repressão de pulsões selecionadas. Surge, então, um tabu acerca da sexualidade infantil, fazendo com que a opinião popular negue sua existência. É a repressão dos desejos sexuais na fase infantil – onde surgem forças mentais como a moral e a repugnância – e perturbações no desenvolvimento sexual que vão formar os sintomas do neurótico.
O caráter patológico da perversão não se acha no conteúdo da nova meta sexual, mas na sua relação com o normal. Se a perversão não surge ao lado da meta e objeto sexual normal, havendo exclusividade e fixação, é um sintoma patológico. ​ O neurótico tem uma tendência inata à uma perversão pulsante, ela reprime e toma o lugar do normal em todas as situações. Além disso, o neurótico mantémo estado infantil de sua sexualidade ou são remetidos a ele, assim precisa-se voltar à vida sexual das crianças. A neurose é, portanto, o negativo da perversão, ou seja, a vida sexual do neurótico fica recalcada em termos das satisfações das pulsões parciais e o sintoma neurótico é o substituto de uma satisfação sexual, em que a partir da falta da satisfação real, cria-se uma satisfação substituta.
BIBLIOGRAFIA:
FREUD, S. Cinco Lições de Psicanálise (1909) Vol. XI
FREUD, S. Três Ensaios Sobre a Sexualidade (1905) Vol. VI
Monitoria de Psicanálise PUC-SP: https://monitoriapsicanalisepuc.wordpress.com/

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