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A psicose, muito conhecida como loucura no dia-a-dia, foi, e é muito discutida pela psicanálise. Para Freud a psicanálise não era indicada para tratar as psicoses devido a dificuldade da transferência com o analista, Lacan vai trazer uma nova reflexão sobre a questão. Para Lacan, no caso dos psicóticos a transferência se dá pela erotomania, que é uma forma de amor delirante que necessita de manejo para que o paciente psicótico possa produzir na sua análise uma solução subjetiva. A psicose é para Freud uma doença de defesa, é uma tentativa radical que o eu faz para se preservar e livrar-se de uma ideia intolerável. O aparelho psíquico é alimentado pelos afetos e investidos nas representações. As representações das coisas serão registradas no inconsciente, e somando com as representações das palavras será constituída a representação do objeto, que é utilizado pela linguagem e o pensamento racional. Acontece que na psicose o trauma é vivido tão intensamente que não é possível a ocorrência de uma representação para o escoamento desse superinvestimento. Assim, o eu rejeita a representação e o afeto a ela vinculado e substitui por um delírio. O mecanismo específico da psicose é a rejeição, ao rejeitar toda realidade externa o inconsciente e suas manifestações predominam. Voltando ao primeiro parágrafo, normalmente a libido no indivíduo deveria ter uma parte investida no eu e outra no mundo externo, na psicose toda libido do indivíduo fica presa no eu. Lacan vai mostrar que na psicose existe a foraclusão do significante, o problema tanto do neurótico como o do psicótico será com a linguagem. Na psicose não existe a inclusão do significante do Nome-do-Pai e consequentemente da lei,. Sem resposta diante da castração devido a precariedade do registro simbólico, o sujeito sem suporte simbólico tentará uma resposta subjetiva que o levará ao encontro do real. Assim se sucederá uma psicose. O tratamento das psicoses será diferente dos casos de neuroses, mas tem o fato comum da linguagem ser a matriz comum tanto da neurose, perversão e psicose. Por não ter resposta diante da castração, o psicótico resiste à falta-de- ser. Antes de tudo é essencial que o analista busque entender a estrutura clínica do paciente, Lacan diz que “O psicanalista não deve recuar diante da psicose”, e entender a estrutura é importante para o direcionamento do tratamento. Antes de mais nada é essencial entender que é o psicótico que vai direcionar o tratamento, o analista deve sempre se assegurar de estar na posição de escuta, o que o paciente diz não deve ser interpelado buscando um sentido lógico, mas dando um senso de importância ao que está sendo dito. O analista deve se portar como o “Secretário do Alienado” de acordo com Lacan. É importante estar ciente que na psicose o inconsciente está aberto, o analista vai trabalhar com o delírio, que é uma tentativa de restabelecimento. Ao contrário da neurose, na psicose não existe o recalcamento, o inconsciente é desvelado. Por isso é importante que o analista dê liberdade para o psicótico falar, é o sujeito que encontrará soluções particulares através da metáfora delirante, e assim construir uma significação. Outra forma de posição que o analista pode tomar é retirando o sujeito de lugar de subordinação ao grande Outro, mas para isso o analista não pode assumir a posição de suposto saber, devendo se colocar em uma posição de vazio de gozo, produzindo um corte para que surja o sujeito da psicose.