Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA! Olá! Seja muito bem-vindo(a) à disciplina de Direito do Estado, vamos estudar juntos? Meu nome é Marialva de Souza Silva, sou professora de Direito no Instituto Federal de Rondônia, Campus Porto Velho Zona Norte, e atuo na docência há três anos. Sou mestranda em Direito Internacional e da Integração Latino-Americana; especialista em Metodologias Ativas aplicadas ao Ensino Superior e em Gestão de Educação a Distância; e possuo Formação Pedagógica para Graduados Não Licenciados. Acredito que os aprendizados que obtive até aqui são de imensa importância para a construção do conhecimento nesta graduação de Gestão Pública. Será um prazer estar com você nesta disciplina de Direito do Estado, em que iremos estudar os seguintes conteúdos: A supremacia da Constituição; Princípios e regras; O poder constituinte originário e derivado; A aplicabilidade das normas constitucionais; Direitos fundamentais (individuais e sociais) e cidadania; Os direitos difusos e coletivos na Constituição Federal; O controle de constitucionalidade sobre as leis e os atos normativos do poder público; controle de constitucionalidade difuso e concentrado; Os princípios constitucionais voltados para a administração pública; A organização administrativa; administração direta, indireta e terceiro setor; A responsabilidade do Estado; Os servidores, seu regime jurídico e previdenciário; O controle sobre a administração pública: legalidade e transparência; participação popular e os Tribunais de Contas; Discricionariedade e controle judicial sobre a administração pública; O papel do Ministério Público no controle da administração pública; Os regimes políticos e a participação popular; A teoria da representação; Os partidos políticos; Os partidos e a escolha do governante; Os partidos e a representação da opinião pública; Os sistemas eleitorais; O voto e as distorções; A igualdade eleitoral e o acesso ao poder; O direito eleitoral no Brasil; A justiça eleitoral; Os recursos em matéria eleitoral. Nosso estudo tem o objetivo de fazer com que você, estudante, tenha condições de compreender a importância do direito constitucional, do direito administrativo e, ainda, noções de direito eleitoral; o significado dos institutos fundamentais; o domínio de conceitos e da terminologia jurídica, bem como a argumentação, a interpretação e a valorização dos fenômenos jurídicos e sociais pertinentes ao direito em geral. Faremos nosso estudo de forma a abordar os pontos mais utilizados no seu dia a dia como gestor púbico. Não esqueça de observar a bibliografia recomendada no plano de ensino da disciplina, e procure sempre estar atualizado acerca das matérias, pois o direito é muito dinâmico e está em constante transformação. Outra dica não menos importante é a leitura da legislação indicada, isso é fundamental! Ademais, a disciplina está organizada em seis unidades temáticas e é composta por duas atividades de percurso, avaliação regular, avaliação em segunda chamada e exame final. A disciplina foi elaborada para que você realize os estudos de forma gradual e de acordo com a ementa. Bons estudos! Professora Marialva de Souza Silva 😊 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm UNIDADE I: A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO; PRINCÍPIOS E REGRAS; PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DERIVADO; APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Prezado(a) aluno(a), Nesta unidade temática, estudaremos a supremacia da Constituição; seus princípios e regras; o poder constituinte originário e derivado; e a aplicabilidade das normas constitucionais. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: Reconhecer o conceito do direito constitucional; Identificar o conceito de Constituição; Entender a supremacia da Constituição Federal; Conhecer a diferença entre normas, princípios e regras; Reconhecer os fundamentos e reflexos do poder constituinte originário e derivado; Descrever a aplicabilidade das normas constitucionais e a ductibilidade principiológica dos direitos fundamentais. 1.1 A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO Antes de falarmos mais especificamente sobre a Constituição, é importante destacar que o direito constitucional é o tronco do qual derivam todos os demais ramos da grande árvore jurídica, e seu objeto de estudo é a Constituição Federal. Já a Constituição é a lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela que determina a organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as competências SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do poder. E, segundo o professor Alexandre de Moraes (2010), cabe também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e as garantias fundamentais. É importante ressaltar que a doutrina1 não tem um entendimento exato (uníssono) quanto à definição do conceito de Constituição, que pode ser analisado a partir de diversas concepções. Isso porque o direito não pode ser estudado isoladamente de outras ciências sociais, como sociologia e política, por exemplo. Para estudarmos a supremacia da Constituição, é imprescindível conhecer um pouco do trabalho do doutrinador austríaco Hans Kelsen, criador da teoria pura do direito. No sistema proposto por Kelsen, o fundamento de validade das normas está na hierarquia entre elas. Toda norma apoia sua validade na norma imediatamente superior. Para compreender bem a supremacia da Constituição, é fundamental que estudemos a hierarquia das normas, através do que a doutrina denomina “pirâmide de Kelsen”. Essa pirâmide foi concebida pelo jurista para fundamentar a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jurídicas superiores (normas fundantes). Atenção! Nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas infraconstitucionais. Veja a ilustração abaixo: 1 Trata-se de um conjunto de princípios, ideias e ensinamentos de autores e juristas que, no caso, servem de base para o direito e que influenciam e fundamentam as decisões judiciais. É fonte do direito, utilizada também para a interpretação das leis, fixando as diretrizes gerais das normas jurídicas. Fonte. Dicionário Net. SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO Fonte: Próprio autor. Vale destacar que na Constituição há normas constitucionais originárias, que não podem ser declaradas inconstitucionais, e normas constitucionais derivadas, que podem sofrer controle de constitucionalidade. As normas constitucionais originárias são produto do poder constituinte originário (o poder que elabora uma nova Constituição); elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. Já as normas constitucionais derivadas são aquelas que resultam da manifestação do poder constituinte derivado (o poder que altera a Constituição); são as chamadas emendas constitucionais, que também se situam no topo da pirâmide de Kelsen. Estudaremos de forma mais aprofundada sobre poder constituinte logo adiante, no item 1.2. Anote: Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias; SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas; No Brasil, embora as cláusulas pétreas* sejam, de certa forma, diferenciais, elas se encontram no mesmo patamar hierárquico das demais normas constitucionais originárias. Cláusulas pétreas são normas que não podem ser objeto de emenda constitucional (EC) tendente a aboli-las. As cláusulas pétreas estão previstas no art. 60, § 4º da CF/1988. Os direitos e as garantias individuais são cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, inciso IV). Sobre essa temática, assista ao vídeo da AGU: https://youtu.be/_XCpXd3T-5A Outro fator importante que garante a supremacia da Constituição está na classificação, pois a doutrina apresenta diversos critérios para classificá-la. Na classificação das constituições quanto à estabilidade, considera-se o grau de dificuldade para a modificação do texto constitucional. A CF/88 é rígida, pois exige procedimento especial para sua modificação por meio de emendas constitucionais, qual seja: votação em dois turnos, nas duas casas do Congresso Nacional, e aprovação de pelo menos três quintos dos integrantes das casas legislativas (art. 60, §2º, CF/88). Assim, da rigidez constitucional decorre o princípio da supremacia da Constituição. É que, em virtude da necessidade de processo legislativo especial e mais complexo para que uma norma seja inserida no texto constitucional, fica claro, por https://youtu.be/_XCpXd3T-5A SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO consequência lógica, que as normas constitucionais estão em patamar hierárquico superior ao das demais normas do ordenamento jurídico. 1.2 PRINCÍPIOS E REGRAS Você sabe a diferença entre regras e princípios? Pois bem; primeiro, é importante saber que as NORMAS se dividem em dois tipos: 1. Regras e; 2. Princípios. NORMAS são o GÊNERO, e regras e princípios são espécies. Quando estivermos tratando de regras e princípios (implícitos e explícitos) previstos na Constituição, estaremos nos referindo às espécies de NORMAS CONSTITUCIONAIS. Segundo o professor Ricardo Vale2, as regras são mais concretas e servem para definir condutas. Já os princípios são mais abstratos: não definem condutas, mas sim diretrizes para que se alcance a máxima concretização da norma. As REGRAS não admitem o cumprimento ou descumprimento parcial e seguem a lógica do “tudo ou nada”; ou seja, se uma regra vale, então, deve-se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos. Portanto, quando duas regras entram em conflito, cabe ao aplicador do direito determinar qual delas foi suprimida pela outra. Vale destacar que as regras servem para impor, permitir ou proibir uma situação. Exemplos de regras: Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. [...] 2 Professor de direito constitucional do Estratégia Concursos (2019). SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. (BRASIL, 1988). Por outro lado, os princípios podem ser cumpridos apenas parcialmente. No caso de colisão entre princípios, o conflito é apenas aparente, ou seja, um NÃO será excluído pelo outro. Assim, apesar de a Constituição, por exemplo, garantir a livre manifestação do pensamento (art. 5º, IV, CF/88), esse direito não é absoluto. Ele encontra limites na proteção à vida privada (art. 5º, X, CF/88), outro direito protegido constitucionalmente; outro conflito muito comum é o que ocorre entre o princípio do desenvolvimento nacional e o princípio do meio ambiente sadio. É por isso que, segundo o dicionário da língua portuguesa, dúctil significa algo que se consegue distender ou comprimir sem que haja rompimento; flexível e maleável – assim são os princípios, que podem ser aplicados de forma apenas parcial, quando houver conflito entre eles. Assim, quando houver conflito entre os princípios, este será resolvido pela autoridade julgadora, sendo observado o caso concreto para definir qual princípio sofrerá limitação em detrimento do outro. De certo que o magistrado fará juízo de ponderação/balanceamento (atribuindo pesos), a concordância prática e a proibição de excesso, destacando o postulado da igualdade, o da razoabilidade e o da proporcionalidade. Veja um exemplo de princípio: art. 1º, III da CF de 1988: a dignidade da pessoa humana. Veja o esquema abaixo: SINFO Fonte: Próprio autor. Importante que você saiba que a doutrina afirma que os princípios têm função normogenética, pois eles dão origem às regras, ou seja, eles estão na gênese de várias regras. Assim, nas palavras do professor Pedro Lenza (2019)3, não se pode dizer nem que os princípios são mais importantes do que as regras, nem que as regras são mais necessárias que os princípios. Cada espécie normativa desempenha funções diferentes e complementares, não se podendo sequer conceber uma sem a outra, e a outra sem a uma. Em resumo, nas palavras do professor Nunes Júnior4, enquanto as regras são normas de conteúdo mais determinado, delimitado, claro, preciso, os princípios são normas de conteúdo mais amplo, vago, indeterminado, impreciso. O que diferencia a 3 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. (Coleção Esquematizado). 4 NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de direito constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. SINFO Lembrar: o princípio é verificado no caso contrato, e não no plano abstrato.� regra do princípio não é o assunto da norma jurídica, mas a forma através da qual ela é tratada. Para saber mais sobre essa temática, assista aos vídeos: https://youtu.be/oCpVnGdWMsU e https://youtu.be/BANmMU36SuU Leia LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 167-170. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 1.3 PODER CONSTITUINTE A primeira informação é a seguinte: poder constituinte, basicamente, é aquele que cria a Constituição, ou seja, é aquele que inaugura um novo ordenamento jurídico. Indo mais além, podemos dizer que o poder constituinte pode criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade política. Mas quem é o titular do poder constituinte? A titularidade do poder constituinte é do povo, pois só ele pode determinar a criação ou modificação de uma Constituição. Lembramos que nosso estudo será voltado à Constituição Federal de 1988. Segundo o Professor Ricardo Vale5, a forma democrática de exercício pode se dar tanto diretamente quanto indiretamente. Na primeira, o povo participa diretamente do 5 Professor de direito constitucional do Estratégia Concursos (2019). https://youtu.be/oCpVnGdWMsU https://youtu.be/BANmMU36SuU https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ SINFO SINFO SINFO processo de elaboração da Constituição, por meio de plebiscito, referendo ou proposta de criação de determinados dispositivos constitucionais. Na segunda, mais frequente, a participação popular se dá indiretamente, por meio de assembleia constituinte, composta por representantes eleitos pelo povo (grifos nossos). 1.3.1 Espécies de poder constituinte O poder constituinte classifica-se em poder constituinte originário ou de primeiro grau e poder constituinte derivado, constituído ou de segundo grau. Fonte: Próprio autor. Importante dizer que é possível apontar duas formas básicas de expressão do poder constituinte originário: assembleia nacional constituinte (promulgação) e movimento revolucionário/revolução (outorga). A outorga é o estabelecimento da Constituição por declaração unilateral do agente revolucionário, que autolimita seu poder. É imposta. Por exemplo, as Constituições de 1824. A assembleia nacional constituinte, também denominada convenção, nasce da deliberação da representação popular, devidamente convocada pelo agente revolucionário, para estabelecer o texto organizatório e limitativo de poder. Por exemplo, a CF de 1988. SINFO SINFO SINFO SINFO 1.3.2 Poder constituinte originário ou de primeiro grau Segundo o professor Alexandre de Moraes, O poder constituinte originário estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. Tanto haverá poder constituinte no surgimento de uma primeira Constituição, quanto na elaboração de qualquer Constituição posterior. Ademais, o poder constituinte originário apresenta algumas características que o distinguem do derivado: é político, inicial, ilimitado juridicamente, incondicionado, e autônomo. Político: anterior ao direito; é ele que cria o ordenamento jurídico de um Estado; Inicial: a Constituição é a base da ordem jurídica, bem como dá início a uma nova ordem jurídica, rompendo com a anterior (se houver); ou seja, o poder constituinte originário inaugura a ordem jurídica, não encontra limites em norma de direito positivo anterior; Ilimitado juridicamente: não está limitado pelo direito anterior; Incondicionado: não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade; não tem que seguir qualquer procedimento determinado para realizar sua obra de constitucionalização; Autônomo: tem liberdade para definir o conteúdo da nova Constituição; Permanente: o poder constituinte não esgota sua titularidade, que permanece latente, manifestando-se novamente mediante uma nova assembleia nacional constituinte ou um ato revolucionário. SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO Atenção! Em que pese o poder constituinte originário ser ilimitado, é importante destacar os ensinamentos do professor Canotilho6: o poder constituinte originário deverá obedecer a “padrões e modelos de conduta espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na consciência jurídica geral da comunidade”. Isso porque não devemos abrir mão de certos direitos que foram conquistados com muitos esforços, sob pena de configurar um verdadeiro retrocesso jurídico da humanidade. Curiosidade: você sabia que o abade francês Emmanuel Sieyès foi um dos precursores dessa doutrina (poder constituinte)? Emmanuel Joseph Sieyès (1748-1836) é o autor do livro Qu’est-ce que le tiers État? (O que é o terceiro Estado?), verdadeiro manifesto da Revolução Francesa, onde expõe as reivindicações da burguesia, definindo-a como a nação e, consequentemente, titular do poder constituinte. 1.3.3 Poder constituinte derivado ou de segundo grau O poder constituinte derivado deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo, nesse sentido, jurídico (pois é regulado pela Constituição e está, portanto, previsto no ordenamento jurídico vigente); limitado (deve obedecer às regras impostas pela Constituição e não pode desrespeitá-la, sob pena de inconstitucionalidade); e condicionado (a forma de seu exercício é determinada pela Constituição). Conforme a doutrina majoritária, subdivide-se em poder constituinte reformador, decorrente e revisor. Vamos ver cada um deles? Poder constituinte reformador: consiste na possibilidade de se alterar o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal, e tem natureza jurídica. Importante: a manifestação do 6 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003. SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO poder constituinte reformador verifica-se por meio das emendas constitucionais (arts. 59, I, e 60 da CF/88). Vale destacar que o poder constituinte originário permitiu a alteração de sua obra, mas obedecidos alguns limites como: quorum qualificado de 3/5, em cada casa, em dois turnos de votação para aprovação das emendas (art. 60, § 2.º); proibição de alteração da Constituição na vigência de estado de sítio, defesa ou intervenção federal (art. 60, § 1.º); um núcleo de matérias intangíveis: as cláusulas pétreas do art. 60, § 4.º, da CF/88 etc. Poder constituinte decorrente: consiste na possibilidade que os Estados- membros têm, em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se auto-organizarem por meio de suas respectivas CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS, sempre respeitando as regras limitativas estabelecidas pela Constituição Federal. Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-membros; Poder constituinte revisor: o processo de revisão está limitado por uma força maior que é o poder constituinte originário, ou seja, a este está vinculado. Nas palavras do professor Pedro Lenza (2019), “O art. 3.º do ADCT determinou que a revisão constitucional seria realizada após 5 anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. Assim, o art. 3.º do ADCT introduziu verdadeira competência de revisão para “atualizar” e adequar a Constituição às realidades que a sociedade apontasse como necessárias. Ainda nas palavras de Lenza (2019), “Como o próprio texto constitucional prescreve, após 5 anos, contados de 05.10.1988, seria realizada uma revisão na Constituição. Desde já observamos que referida revisão constitucional deveria dar-se após, pelo SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO menos, 5 anos, podendo ser 6, 7, 8... e apenas uma única vez, sendo impossível uma segunda produção de efeitos”. Você sabe o que são os ADCT? Para melhor ilustrar essa temática, primeiro você precisa saber que a Constituição se divide em três partes: preâmbulo, parte dogmática e os atos das disposições constitucionais transitórias (ADCT). O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que prevê os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo permanente da Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1º ao 250. O ADCT visa integrar a ordem jurídica antiga à nova quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Assista ao vídeo a partir dos 23 min: https://youtu.be/RBnwmRdo_Eo 1.4 EFEITOS DA ENTRADA EM VIGOR DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO A entrada em vigor de uma nova Constituição gera três efeitos básicos: No Brasil, a Constituição anterior é integralmente revogada; ela é inteiramente retirada do mundo jurídico, deixando de ter vigência e, consequentemente, validade; As normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição anterior que forem materialmente compatíveis (compatibilidade de conteúdo) com a nova Constituição são por ela recepcionadas; As normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição anterior que forem materialmente incompatíveis com a nova Constituição são por ela revogadas tácita e automaticamente. https://youtu.be/RBnwmRdo_Eo SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO SINFO Assim, a entrada em vigor de uma nova Constituição não torna inconstitucionais as normas infraconstitucionais com ela materialmente incompatíveis. Perceba: não há inconstitucionalidade porque elas são de plano revogadas (inexistência de recepção). Como exemplo, lembramos o Código Tributário Nacional (CTN – Lei 5.172/1966, criado sob a égide da Constituição de 1946), que, embora tenha sido elaborado com natureza jurídica de lei ordinária (incompatibilidade formal), foi recepcionado pela nova ordem como lei complementar, sendo que os ditames que tratam das matérias previstas no art. 146, I, II e III da CF só poderão ser alterados por lei complementar, aprovada com o quórum da maioria absoluta (art. 69). Perceba, trata-se de incompatibilidade formal, ou seja, compatibilidade formal não é necessária. Vamos fazer um resumo, conforme as palavras do professor Pedro Lenza (2019). Para uma lei ser recepcionada pelo novo ordenamento jurídico, deverá preencher os seguintes requisitos: Estar em vigor no momento do advento da nova Constituição; Não ter sido declarada inconstitucional durante a sua vigência no ordenamento anterior; Ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência ela foi editada (no ordenamento anterior); Ter compatibilidade somente material perante a nova Constituição, pouco importando a compatibilidade formal. Para fixar esse conteúdo, veja o vídeo da AGU Explica: https://youtu.be/l9GA1bXQPBQ Leitura obrigatória em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 210-224. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 1.5 A APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Sobre essa temática, podemos dizer que, se uma lei pode produzir efeitos, tem eficácia, mas essa eficácia pode variar quanto a sua intensidade. De fato, as normas constitucionais têm eficácia variada. Algumas normas constitucionais produzem muitos efeitos e outras normas constitucionais produzem poucos efeitos. Em razão da eficácia das normas, surgem importantes classificações, das quais destacaremos duas delas (NUNES JÚNIOR, 2019, p. 402). Segundo o doutrinador José Afonso da Silva, classificam-se as normas constitucionais em três modalidades: Norma constitucional de eficácia plena; Norma constitucional de eficácia contida; Norma constitucional de eficácia limitada. https://youtu.be/l9GA1bXQPBQ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ SINFO SINFO Leia mais em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 238-246. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ UNIDADE II: DIREITOS FUNDAMENTAIS E CIDADANIA; DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Nesta unidade, estudaremos de forma objetiva os direitos fundamentais (individuais e sociais) e cidadania e os direitos difusos e coletivos na Constituição Federal; porém, para ter sucesso, a leitura do texto constitucional é imprescindível. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: Reconhecer os direitos fundamentais (individuais e sociais); Descrever os vários aspectos da cidadania, especialmente o conceito jurídico; Explicar e os direitos difusos e coletivos na Constituição Federal. 2.1 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Não há direitos fundamentais absolutos. Trata-se de direitos relativos, limitáveis, no caso concreto, por outros direitos fundamentais. No caso de conflito entre eles, há uma concordância prática ou harmonização: nenhum deles é sacrificado definitivamente, ou seja, em caso de conflito entre dois direitos, não haverá o sacrifício total de um em relação ao outro, mas redução proporcional de ambos, buscando-se, com isso, alcançar a finalidade da norma. Até mesmo a vida, que é o maior bem jurídico, não é um direito absoluto. A CF abre a possibilidade de pena de morte em caso de guerra declarada, bem como a legislação brasileira infraconstitucional estabelece uma série de hipóteses em que a vida deixa de ser juridicamente tutelada e pode ser violada, em alguns casos. Exemplo: o bem-estar sentimental e a dignidade da pessoa da gestante que foi estuprada. Inúmeros outros direitos podem ser limitados pela lei ou por outros direitos. A liberdade de manifestação encontra limites na intimidade, na honra alheia, por exemplo. A liberdade de religião igualmente não é absoluta, pois jamais admitiríamos uma seita que adote como prática religiosa o sacrifício humano etc. Vejamos as características principais, apontadas pela doutrina pátria: historicidade; universalidade; concorrência; inalienabilidade; irrenunciabilidade; imprescritibilidade; efetividade e proibição do retrocesso (leia LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1174-1175. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/). Por fim, vale dizer que os direitos fundamentais vinculam não somente o Estado, como também os particulares (em maior ou menor grau, de acordo com a teoria adotada). 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS GERAÇÕES/DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Mas antes de nos aprofundarmos no que é pertinente à CF de 1988, é oportuno dizer que a doutrina nos apresenta a classificação das gerações/dimensões dos direitos fundamentais, baseando-se na ordem histórica, cronológica, em que passaram a ser constitucionalmente reconhecidos. Eles são frutos de uma evolução histórico-social, de conquistas progressivas da humanidade. Vejamos: Primeira geração/dimensão: também chamados liberdades negativas: traduzem a liberdade de não sofrer ingerência abusiva por parte do Estado. Segunda geração/dimensão: são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos indivíduos (políticas e serviços públicos). Terceira geração/dimensão: são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade (direitos transindividuais ou supraindividuais). Curiosidade: percebeu como as três primeiras gerações seguem a sequência do lema https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ da Revolução Francesa, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”? Quarta geração/dimensão: para Paulo Bonavides7, estes incluiriam os direitos relacionados à globalização: o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Quinta dimensão: representados pelo direito à paz. Curiosidade: os direitos de uma geração seguinte se acumulam aos das gerações anteriores. Em virtude disso, parte da doutrina tem preferido usar a expressão “dimensões de direitos”. Teríamos, então, os direitos de primeira dimensão, segunda dimensão e assim por diante. Leia: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1170-1173. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 2.3 DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Conforme os ensinamentos do professor Alexandre de Moraes (2017), a Constituição Federal de 1988 trouxe, em seu Título II, os direitos e garantias fundamentais, subdivididos em cinco capítulos: Direitos individuais e coletivos (art. 5º da CF); Direitos sociais (art. 6º ao 11 da CF); Nacionalidade (arts. 12 e 13 da CF); Direitos políticos (arts. 14 a 16 da CF); e 7 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2008. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ Partidos políticos (art. 17 da CF). Assim, a classificação adotada pelo legislador constituinte estabeleceu cinco espécies ao gênero direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos; e direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos. Direitos individuais e coletivos (art. 5º da CF) - LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1183-1305. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 2.3.1 Remédios constitucionais É importante que você saiba que os remédios Constitucionais estão elencados dentro do rol do artigo 5º da CF, e é imprescindível que o estudante conheça cada uma de suas peculiaridades. São eles: habeas corpus; habeas data; mandado de segurança; mandado de injunção; ação popular. Leia tudo sobre os remédios constitucionais em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1307- 1343. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 2.4 DIREITOS SOCIAIS https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ Nos termos do art. 6º, são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados na forma da Constituição de 1988. Importante destacar que direitos sociais têm aplicação imediata. Segundo Pedro Lenza 20198, os direitos sociais são direitos de segunda dimensão e apresentam-se como prestações positivas a serem implementadas pelo Estado (social de direito) e tendem a concretizar a perspectiva de uma isonomia substancial e social na busca de melhores e adequadas condições de vida, estando, ainda, consagrados como fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1.º, IV da CF/88). Dentro do contexto dos direitos sociais, é importante destacar a natureza da “reserva do possível”, que é considerada uma condição da realidade que impacta na eficácia dos direitos fundamentais, sendo considerada também um princípio, bem como uma cláusula ou postulado – ou seja, a reserva do possível corresponde a um dado de realidade, um elemento do mundo dos fatos que influencia na aplicação do direito. Assim, entendemos que a “reserva do possível” é uma situação fática que limita a aplicação e a eficácia dos direitos sociais. Muitas vezes, a reserva do possível tem sido utilizada entre nós como argumento impeditivo da intervenção judicial e desculpa genérica para a omissão estatal no campo da efetivação dos direitos fundamentais, especialmente os de cunho social. A aplicação dos direitos fundamentais sociais está condicionada pela realidade; é certo que o intérprete não poderá demandar dos poderes públicos o que for logicamente impossível, ou seja, não se pode exigir o absurdo. 8 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 2014. (Coleção Esquematizado). Mas é importante saber que, segundo o Supremo Tribunal Federal, o Estado, a administração pública, não pode alegar a “reserva do possível” (limitações financeiras e orçamentárias) para descumprir o “mínimo existencial” dos direitos fundamentais: a cláusula da reserva do possível não pode ser invocada, pelo poder público, com o propósito de fraudar, frustrar e inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própria Constituição. Não deixe de fazer a leitura da CF (art. 6º ao 11º), que foi disponibilizada no início da disciplina. Leia tudo sobre os direitos sociais (art. 6º da CF) em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1347- 1354. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 2.5 DIREITOS RELATIVOS AOS TRABALHADORES Fonte: Lenza (2020). https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ Leia mais sobre os direitos dos trabalhadores (art. 7º até 11º da CF) em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1355-1362. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 2.6 NACIONALIDADE (arts. 12 e 13 da CF) Segundo o professor Pedro Lenza, “nacionalidade pode ser definida como o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo desse Estado e, por consequência, desfrute de direitos e se submeta a obrigações”. Leia mais sobre nacionalidade (arts. 12 e 13 da CF) em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1372- 1404. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 2.7 DIREITOS POLÍTICOS (arts. 14 a 16 da CF) Nas sábias palavras do professor Pedro Lenza, os direitos políticos nada mais são que instrumentos por meio dos quais a CF garante o exercício da soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa pública, seja direta, seja indiretamente. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ Leia mais sobre direitos políticos (arts. 14 e 16 da CF) em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1405- 1431. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. 2.8 PARTIDOS POLÍTICOS (art. 17) Partido político pode ser conceituado como uma “organização de pessoas reunidas em torno de um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e de mantê-lo ou, ao menos, de influenciar na gestão da coisa pública através de críticas e oposição”. Leia mais sobre partidos políticos (arts. 17 da CF) em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 1433- 1452. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/. Atenção! Além das leituras recomendadas acima, você deve acessar o site do planalto e fazer a leitura de todo o art. 5º da Constituição Federal de 1988, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 2.9 CIDADANIA Segundo definição do site Politize (2016), ser cidadão é https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ ter consciência de que é um sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Entretanto, cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem que ser consciente das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade e, para que alcancemos o bom funcionamento, todos têm que dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum. A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá a pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo do seu povo. Ainda conforme essa definição de cidadania, A Constituição da República de 1988 foi, sem dúvida, um dos marcos deste avanço. Apelidada de Constituição Cidadã, foi a partir de 1988 que novos instrumentos foram colocados à disposição daqueles que lutam por um país cidadão, como por exemplo, o sufrágio universal, o voto direto e secreto, além do surgimento de estatutos como o Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, etc. (POLITIZE, 2016). Para o nosso estudo, interessa dizer que a cidadania está relacionada ao “direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública” (BRASIL ESCOLA, S/D). Deste modo, nas palavras do professor Tercio Sampaio Ferraz Junior, ...a cidadania, na Constituição brasileira, tem um sentido amplo, equivalente a todos os direitos e obrigações decorrentes da nacionalidade, bem como um sentido estrito referente à participação no governo. No sentido amplo é preciso, pois, examinar sua expansão no campo econômico e social. Fonte: Câmara dos Deputados. A cidadania é uma conquista diária. Não há como compreender o conceito de cidadania sem considerar seus vários aspectos e sem relacioná-los aos direitos humanos, direitos de nacionalidade, direitos políticos, à democracia e à ética. Para saber mais, acesse os links: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-cidadania.htm; https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/cidadania.htm; http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista3/rev1.htm Assista ao vídeo: https://youtu.be/xF0JJ-fosys I https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-cidadania.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/cidadania.htm http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista3/rev1.htm UNIDADE III: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE SOBRE AS LEIS E OS ATOS NORMATIVOS DO PODER PÚBLICO Prezado(a) aluno(a), Nesta unidade temática, estudaremos o controle de constitucionalidade. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: Reconhecer os aspectos gerais do controle de constitucionalidade sobre os atos normativos do poder público; Identificar o controle de constitucionalidade difuso e concentrado; Entender a supremacia da Constituição Federal; Conhecer a diferença entre o controle de constitucionalidade difuso e concentrado. O legislador constituinte originário criou mecanismos por meio dos quais se controlam os atos normativos, verificando sua adequação aos preceitos previstos na “Lei Maior”. Segundo Nunes Júnior (2019), o controle de constitucionalidade consiste na verificação da compatibilidade das leis e dos atos normativos com a Constituição. Decorre da supremacia formal da Constituição sobre as demais leis do ordenamento jurídico de um país. Ora, se a Constituição é a lei mais importante do ordenamento jurídico, sendo o pressuposto de validade de todas as leis, para que uma lei seja válida ela precisa ser compatível com a Constituição. Caso a lei ou o ato normativo não sejam compatíveis com a Constituição, serão inválidos, inconstitucionais. Importante destacar que a supremacia da Constituição, a hierarquia normativa da Constituição sobre as demais leis, só se verifica em países de constituição rígida (que possuem um procedimento de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis), como é o caso do Brasil. 3.1 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DIFUSO Segundo Nunes Júnior (2019), algo difuso é algo espalhado, disperso, disseminado. Controle difuso de constitucionalidade é aquele que pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal, observadas as regras de competência. Todavia, há importantes condições: no controle difuso, qualquer juiz ou tribunal poderá declarar uma lei inconstitucional, desde que haja um caso concreto e que a inconstitucionalidade seja matéria incidental. Sobre o caso concreto: primeiramente, só se pode exercer o controle difuso de constitucionalidade desde que haja um caso concreto. Dessa maneira, não é possível iniciar um processo perante o juiz de primeira instância com o único objetivo de declarar uma lei (municipal, estadual ou federal) inconstitucional. Por exemplo, se alguém está sendo processado criminalmente pelo crime de porte de drogas (art. 28 da Lei 11.343/2006), em sua sentença, o magistrado poderá absolver o réu pela atipicidade da conduta (art. 386, III, CPP), sob o argumento de que a lei é inconstitucional. Sobre matéria incidental: no controle difuso, é imperioso afirmar que a inconstitucionalidade é matéria incidental (incidenter tantum). Ou seja, qualquer juiz ou tribunal pode apreciar, no caso concreto, a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, desde que a inconstitucionalidade NÃO seja a matéria principal do processo. No sistema de controle pela via incidental (também chamada de via de exceção ou defesa), o controle será exercido como questão prejudicial e premissa lógica do pedido principal. Exemplo: na época do Presidente Collor, os interessados pediam o desbloqueio dos cruzados fundando-se no argumento de que o ato que motivou tal bloqueio era inconstitucional. O pedido principal não era a declaração de inconstitucionalidade, mas sim o desbloqueio (LENZA, 2019). O controle incidental de constitucionalidade se dá no curso de qualquer ação submetida à análise do poder Judiciário em que haja um interesse concreto em discussão. Assim, são legitimados ativos (competentes para provocar o Judiciário) todas as partes do processo e eventuais terceiros intervenientes no processo, bem como o Ministério Público, que atua como fiscal da lei (custos legis). 3.1.1 Controle difuso nos tribunais e a cláusula de reserva de plenário (full bench), art. 97 da CF/88 Quando o controle difuso é feito pelos tribunais, é necessário que seja obedecida a cláusula de reserva de plenário (ou regra do full bench), nos termos do art. 97 da CF/88. Desde a Constituição de 1934, a apreciação da constitucionalidade feita pelos tribunais (estaduais ou federais) deve obedecer a esse procedimento. Vejamos: Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo do Poder Público. (BRASIL, 1988). Assim, os tribunais somente poderão declarar uma lei inconstitucional pela maioria absoluta de todos os seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial. Note: a regra do art. 97 é estabelecida para tribunal; não está, portanto, direcionada para o juízo monocrático, mesmo que, incidentalmente, no controle difuso, declare a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo. Assim, a norma inscrita no art. 97 da Carta Federal, porque exclusivamente dirigida aos órgãos colegiados do poder Judiciário, não se aplica aos magistrados singulares quando no exercício da jurisdição constitucional. Efeitos da decisão: o objetivo do controle difuso não é, portanto, proteger a ordem constitucional, mas sim proteger direitos subjetivos das partes. Com base nessa lógica, a decisão no controle de constitucionalidade incidental só alcança as partes do processo, ou seja, tem eficácia inter partes. Além disso, não vincula os demais órgãos do Judiciário e a administração; por isso, diz-se que as decisões no controle de constitucionalidade difuso são não vinculantes. 3.2 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONCENTRADO No Brasil, o controle abstrato é realizado pelo Supremo Tribunal Federal (tendo como parâmetro a Constituição Federal) ou pelos Tribunais de Justiça (tendo como parâmetro as respectivas Constituições Estaduais). Em razão disso, diz-se que o controle abstrato é efetuado de modo concentrado. O controle abstrato de constitucionalidade é aquele que busca examinar a constitucionalidade de uma lei em tese. Não há um caso concreto em análise; é a lei, em abstrato, que tem sua constitucionalidade aferida pelo poder Judiciário. No controle abstrato, a constitucionalidade da lei ou ato normativo é arguida na via principal, por meio de ação direta. O controle concentrado/abstrato de constitucionalidade face à Constituição Federal deve ser feito ao STF por meio de algumas ações, das quais destacamos a ação direta de inconstitucionalidade genérica (ADI). A pergunta que fazemos, agora, é a seguinte: quem pode propor ação direta de inconstitucionalidade perante o STF? A resposta está no art. 103, CF/88, que relaciona os legitimados a proporem ADIn perante o STF. Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. (BRASIL, 1988). As decisões de mérito em ADI (decisões definitivas) têm os seguintes efeitos: Eficácia erga omnes: a decisão em sede de ADI terá eficácia contra todos, ou seja, alcança indistintamente a todos. Isso se deve ao fato de que a ADI é um processo de caráter objetivo, no qual inexistem partes; a ADI tem como finalidade tutelar a ordem constitucional (e não interesses subjetivos); Efeitos retroativos (ex tunc): a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo terá, em regra, efeitos retroativos (ex tunc). Aplica-se, aqui, a teoria da nulidade, segundo a qual se considera que a lei já “nasceu morta”. Em razão disso, os efeitos por ela produzidos são todos considerados inválidos; assim, é meramente declaratória de uma situação que já existia: a nulidade da norma; Efeito vinculante: a decisão definitiva de mérito proferida pelo STF em ADI terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Observe que o STF não estará vinculado às decisões que ele próprio tomar em ADI. É perfeitamente possível, dessa maneira, que o STF mude a orientação firmada em julgados anteriores. O efeito vinculante também não alcança o poder Legislativo, que poderá editar nova lei de conteúdo idêntico ao da norma declarada inconstitucional pelo STF. Leia mais sobre controle de constitucionalidade em: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 255-478. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619306/ UNIDADE IV: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E O TERCEIRO SETOR. A RESPONSABILIDADE DO ESTADO Prezado(a) aluno(a), Nesta unidade temática, estudaremos matérias sobre o direito administrativo dentro da Constituição Federal. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: Apontar os princípios constitucionais voltados à administração pública; Descrever a organização administrativa: administração direta, indireta e terceiro setor; Identificar como se dá a responsabilidade do Estado. Não esqueça de acompanhar nossa disciplina por meio da bibliográfica recomendada! Vamos lá? Para iniciar o estudo acerca dos princípios, é importante destacarmos que eles determinam o alcance e o sentido das regras, servindo de parâmetro para a exata compreensão delas e para a própria produção normativa. Eles não se restringem a fixar limites ou a fornecer soluções exatas, e sim consagram os valores a serem atingidos. Dessa forma, os princípios não fornecem solução única, mas propiciam um elenco de alternativas, exigindo, por ocasião de sua aplicação, que se escolha por uma dentre diversas soluções. Feitas essas considerações acerca dos princípios e regras, devemos destacar dois princípios basilares na definição deste conceito, quais sejam: A SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO e A INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO pelos administradores do Estado. 4.1 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO Para Matheus Carvalho (2017)9, considera-se a supremacia do interesse público uma pedra fundamental na noção de Estado organizado, sendo relevante para a formação de qualquer estrutura organizacional de poder público, como condição de convívio social no bojo da sociedade organizada. Não se trata de princípio expresso, ou seja, não está escrito no texto constitucional, embora existam inúmeras regras que impliquem suas manifestações de forma concreta; para isso, podemos nos referir a institutos correlatos dispostos na Constituição da República, como a possibilidade de desapropriação (5°, XXIV), a requisição administrativa (5°, XXV) entre outras prerrogativas que submetem os direitos do cidadão às restrições impostas pelo Estado. 4.1.2 Princípio da indisponibilidade do interesse público Ao administrador, não pertencem os bens da administração; ou seja, ele não é o titular do interesse público – portanto, não tem livre atuação, fazendo-o, em verdade, em nome de terceiros. Assim, podemos dizer que a indisponibilidade do interesse público se configura como um contrapeso do princípio da supremacia estatal. O princípio da Indisponibilidade serve para limitar a atuação desses agentes públicos, evitando o exercício de atividades com a intenção de buscar vantagens individuais. Assim, podemos afirmar que a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público alicerçam o sistema administrativo que se resume nas prerrogativas de que o Estado goza para satisfazer as necessidades coletivas. A administração só pode atuar dentro do limite do interesse público, não 9 CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 4. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2017. obstante goze de vantagens amparadas no próprio interesse coletivo. Desses dois princípios acima referidos decorrem todos os demais. Saiba mais em: CAMPOS, Ana Cláudia. Direito administrativo facilitado. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 21-25. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/. 4.1.3 Princípios expressos (LIMPE) A administração pública, em todos os seus níveis, deverá observar certos princípios constitucionais em sua atuação. Esses princípios estão expressos no art. 37, CF/88: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) Legalidade: representa a submissão do Estado à lei; Impessoalidade: finalidade ou isonomia; Moralidade: atuação ética e honesta dos agentes públicos na gestão da coisa pública; Publicidade: eficácia e transparência da administração em sua atuação; Eficiência: deve-se buscar a melhoria da qualidade dos serviços públicos e a racionalidade dos gastos públicos. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/ Leitura obrigatória em: CAMPOS, Ana Cláudia. Direito administrativo facilitado. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 26-39. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/. 4.2 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: ADMINISTRAÇÃO DIRETA, INDIRETA E O TERCEIRO SETOR A organização administrativa é a estruturação do Estado. Seu estudo é o conhecimento acerca de pessoas, entidades e órgãos que irão desempenhar a função administrativa para formação do modelo do aparelho administrativo do Estado. Assim, a função administrativa abarca a prestação dos serviços públicos essenciais à vida em coletividade, bem como o controle das atividades privadas. A organização é feita, primordialmente, mediante leis ou por meio de decretos e outros atos normativos. Isso porque, para o melhor funcionamento estatal, alguns serviços são prestados diretamente pelos entes federativos, sem que seja transferida a execução a outrem; porém, em determinadas situações, as pessoas políticas transferem a prestação dos serviços a outros entes. 4.2.1 Administração direta Administração direta é o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (União, estados, Distrito Federal e municípios), aos quais foi atribuída a competência para o exercício de atividades administrativas, de forma centralizada. Em outras palavras, na administração direta, “a administração pública é, ao mesmo https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/ tempo, a titular e a executora do serviço público10”. São, portanto, entidades da administração direta: A União; Os estados; Os municípios; O Distrito Federal. Fonte: Campos (2019). Por ostentarem personalidade jurídica de direito público, essas entidades gozam de todas as prerrogativas inerentes à administração e se submetem a todas as limitações estatais que decorrem da indisponibilidade do interesse público. As pessoas que aí exercem atividades internas e externas, valendo-se para isso de seus órgãos, que possuem competência própria e específica, são os servidores públicos. Ressalte-se que o órgão público não tem personalidade jurídica; logo, não tem vontade própria. Todos eles são meros instrumentos de ação do Estado, e não podem ser sujeitos de direitos e obrigações. Pode-se dizer que são centros de competência 10 Carvalho Filho (2014, p. 459). especializada, dispostos, na intimidade de uma pessoa jurídica, com a intenção de garantir especialização nas atividades prestadas e, consequentemente, maior eficiência. Nas situações em que as atividades são exercidas diretamente pelos entes políticos, a prestação não é transferida a nenhuma outra entidade. Nesse caso, a prestação é feita diretamente pelos entes federativos; denomina-se essa execução de prestação centralizada do serviço. Assim, a União, os estados, municípios e o Distrito Federal executam as atividades diretamente, por meio de seus agentes e órgãos e, nesse sentido, essas entidades são chamadas pela doutrina de entes da administração direta ou entes da administração centralizada. 4.2.2 Administração pública indireta Já a transferência dos serviços a pessoas jurídicas diversas recebe o nome de descentralização, haja vista o fato de que a prestação, até então centralizada, é entregue a outra entidade. A descentralização pode ser executada com a transferência na prestação do serviço a pessoas jurídicas criadas pela própria administração pública, especializadas na execução daquela atividade. São os chamados entes da administração indireta ou entes da administração descentralizada, os quais se dividem em: Autarquias (incluindo as associações públicas); Fundações públicas; Empresas públicas; Sociedades de economia mista. Isso porque o Estado pode transferir a responsabilidade dos exercícios que lhes são pertinentes, ao criar pessoas jurídicas especializadas e autorizar que elas executem a prestação dos serviços. Isso é feito porque a transferência a pessoa especializada na prestação de determinado serviço garante uma maior eficiência no desempenho da atividade administrativa, sempre na busca do melhor ao interesse da coletividade. Por outro lado, quando a União se responsabiliza pela prestação, por exemplo, do serviço de saúde, o faz mediante a distribuição interna de competência entre órgãos responsáveis por essa atividade, como o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde, os hospitais públicos, entre outros. Essa distribuição interna de competências, entre órgãos e agentes de uma mesma pessoa jurídica, é denominada de desconcentração administrativa. ATENÇÃO! Não confunda descentralização X desconcentração! A descentralização é realizada entre pessoas jurídicas diversas, enquanto a desconcentração se configura pela distribuição interna de competências no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, mediante especialização interna (há hierarquia). Na descentralização não há hierarquia, mas se sujeitam a controle finalístico a ser exercido pelas entidades da administração centralizada. Saiba mais em: CAMPOS, Ana Cláudia. Direito administrativo facilitado. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 108 e seguintes. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/. Saiba mais sobre administração direta e indireta em: ALMEIDA, Fabricio Bolzan de. Manual de direito administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 115-117. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/ Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553618422. Saiba mais sobre autarquias, fundações públicas e empresas estatais (empresas públicas, sociedades de economia mista) em CAMPOS, Ana Cláudia. Direito administrativo facilitado. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 121- 164. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/. 4.3 TERCEIRO SETOR A primeira informação acerca dessa temática é que o terceiro setor não integra o sistema da administração pública formal, direta ou indireta: ele coopera com o governo, prestando serviços de utilidade pública; são entidades paraestatais. As entidades paraestatais são aquelas pessoas jurídicas que atuam ao lado e em colaboração com o Estado, sem com ele se confundirem. Trata-se de pessoas privadas, vale dizer, instituídas por particulares, sem fins lucrativos, que exercem função típica, embora não exclusiva, do Estado, se sujeitando ao controle direto ou indireto do Poder Público. (ALVES, 2018).11 Por atuarem na prestação de serviços, estas entidades recebem incentivos do poder público, mediante dotação orçamentária, cessão de bens públicos, entre outros benefícios e, consequentemente, se submetem às restrições de controle impostas ao 11 ALVES, Erick. Direito Administrativo. Estratégia Concursos, 2018. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553618422 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/ ente estatal. Sendo assim, se sujeitam à regulação financeira efetivada pelo Tribunal de Contas, além de se submeterem aos princípios básicos que norteiam a atuação administrativa. São cinco as espécies de entes do terceiro setor tratados no direito brasileiro, a saber: Entidades do serviço social autônomo; Organizações sociais (OS); Organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip); Organizações da sociedade civil; Entidades de apoio. Para saber tudo sobre o TERCEIRO SETOR, leia: CAMPOS, Ana Cláudia. Direito administrativo facilitado. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 169- 199. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/. Assista ao vídeo sobre o terceiro setor da AGU explica: https://youtu.be/U5sWpSKoZdk 4.4 A RESPONSABILIDADE DO ESTADO Passaremos agora a estudar a reponsabilidade civil do Estado enquanto sujeito de direito. A Constituição Federal assevera que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/ seus agentes causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. A responsabilidade civil do Estado no Brasil, hoje, está prevista no art. 37, § 6º, que dispõe: § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. (BRASIL, 1988). Ressalta-se que a responsabilidade objetiva é a regra no país, acatada como padrão a teoria do risco administrativo. A doutrina e a jurisprudência admitem ser possível compatibilizá-la com a responsabilidade subjetiva, nos casos de danos decorrentes de atos omissivos (teoria da culpa do serviço). A responsabilidade civil, também denominada responsabilidade extracontratual, tem sua origem no direito civil. Consubstancia-se na obrigação de indenizar um dano patrimonial ou moral decorrente de um fato humano. 4.4.1 Responsabilidade objetiva do Estado Segundo Alexandrino (2016, p. 851), a fundamentação da responsabilidade estatal reside na busca de uma repartição isonômica, equânime, do ônus proveniente de atos ou dos efeitos oriundos das atividades da administração. Para o autor, evita-se, com a repartição entre todos os cidadãos, o ônus financeiro da indenização, visto que somente alguns suportam os prejuízos ocorridos por causa de uma atividade desempenhada pelo Estado no interesse de todos. Em resumo, significa dizer que, se todos são beneficiados pelos fins visados pela administração, todos devem igualmente suportar os riscos decorrentes dessa atividade, ainda que essa atividade tenha sido praticada de forma irregular, porém em nome da administração. Observa-se que a responsabilidade objetiva reconhece a desigualdade jurídica existente entre o particular e o Estado, decorrente das prerrogativas de direito público a este inerentes, prerrogativas estas que, por visarem à tutela do interesse da coletividade, sempre assegurarão a prevalência jurídica destes interesses diante dos interesses particulares. Partindo dessa premissa, seria injusto que aqueles que sofrem danos patrimoniais ou morais decorrentes da atividade da administração precisassem comprovar a existência de culpa da administração ou de seus agentes para que vissem assegurado seu direito à reparação. 4.4.2 Responsabilidade subjetiva da administração É equivocado afirmar que, diante de qualquer situação, a responsabilidade da administração pública seja sempre objetiva (ALEXANDRINO, 2016, p. 858). Nesse contexto, o art. 37, § 6º da CF/88 atribui responsabilidade extracontratual objetiva ao Estado apenas na hipótese de danos que decorram direta e imediatamente de alguma atuação, de alguma conduta comissiva de seus agentes. A Constituição de 1988 não traz qualquer regra expressa relativa a responsabilidade civil por eventuais danos ocasionados por omissões do poder público. Nesse sentido, construiu o entendimento jurisprudencial respaldado na doutrina de que é possível configurar a responsabilidade extracontratual do Estado nos casos de danos ensejados por omissão do poder público. Embora haja controvérsias, a jurisprudência entende que o Estado responde com base na teoria da culpa administrativa (responsabilidade civil subjetiva). Contudo, a pessoa que sofreu o dano tem que provar (o ônus da prova é dela) que houve falta na prestação de um serviço que deveria ter sido prestado pelo Estado, provando, também, que existe nexo causal entre o dano e essa omissão estatal. Nesse caso, aplica-se a teoria da culpa administrativa (ou culpa anônima), em que o particular, para ser indenizado, tem que comprovar omissão de agente público, dano, nexo causal e a culpa do Estado. Imagine, por exemplo, uma situação em que a polícia seja avisada de que um grupo armado está realizando um assalto em determinada localidade da cidade e, mesmo estando próxima ao local e com bastante tempo disponível para agir, não tome nenhuma providência para evitar o dano ao patrimônio privado. Para ensejar a responsabilização, a pessoa que sofreu o dano deve provar que houve falta no serviço que o Estado deveria ter prestado (nas modalidades omissivas inexistência do serviço, deficiência do serviço ou atraso na prestação do serviço). Nas hipóteses de danos decorrentes de atos de terceiros ou de fenômenos da natureza, para se configurar a obrigação estatal de indenizar, há necessidade de comprovação de que determinada omissão culposa da administração pública concorreu para o resultado danoso. O ônus da prova de todos esses elementos é da pessoa que sofreu o dano. 4.4.3 Ação de reparação do dano (art.37, §6º, CF/88) O particular que sofreu dano decorrente de atuação do agente público, que estivesse agindo nessa qualidade, deverá ajuizar ação de indenização contra a administração pública, e não contra o agente causador do dano. Por exemplo: se um servidor público federal causar algum dano a um particular, digamos, numa colisão de veículos, a ação de indenização movida pelo particular será contra a União, e não contra o servidor. Na ação de indenização, bastará ao particular demonstrar a relação direta de causa e consequência entre a atuação lesiva e o dano, bem como o valor patrimonial desse dano. Nesse caso, a responsabilidade da administração pública (ou da delegatária de serviço público) é do tipo objetiva, bastando, para a configuração da sua obrigação de indenizar, que a vítima comprove estarem presentes os pressupostos: DANO + NEXO CAUSAL DIRETO E IMEDIATO Cabe à administração pública (ou à delegatária), para afastar ou atenuar a obrigação de indenizar, comprovar, se for o caso, que o particular concorreu com dolo ou culpa para o evento danoso, ou provar a ocorrência de força maior ou caso fortuito, o que pode resultar em três situações. Vejamos: Se não conseguir provar, responderá integralmente pelo dano, devendo indenizar o particular; Se comprovar culpa exclusiva do particular, ou ocorrência de força maior ou caso fortuito, ficará eximida da obrigação de reparar; Se comprovar que houve culpa recíproca (parcial de ambas as partes), a obrigação será atenuada proporcionalmente. Frisa-se que é de cinco anos o prazo de prescrição da ação de reparação que o particular tem para ajuizar a ação contra a pessoa jurídica de direito público, ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, visando obter a indenização dos danos causados pela atuação dos agentes dessas pessoas jurídicas (art. 1º-C da Lei 9.494/1997). 4.4.4 Ação regressiva contra o agente causador do dano A Constituição Federal, no seu art. 37, § 6º, autoriza a ação regressiva da administração pública (ou da legatária de serviço público) contra o agente cuja atuação acarretou o dano, desde que seja comprovado dolo ou culpa na atuação do agente. Fonte:<http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAgPpIAI-4.jpg No que tange à responsabilidade subjetiva, os seguintes aspectos devem ser destacados: Aspectos A entidade pública (ou delegatária de serviço público), para voltar-se contra o agente, deverá comprovar já ter sido condenada a indenizar, pois seu direito de regresso nasce com o trânsito em julgado da decisão judicial condenatória, prolatada na ação de indenização. Enquanto a responsabilidade civil da administração (ou da delegatária de serviços públicos) perante o particular que sofreu o dano é objetiva, na modalidade risco administrativo independe de culpa ou dolo. Fonte: Próprio autor. A responsabilidade civil do agente perante a administração (ou a delegatária) só se configura se restar comprovado dolo ou culpa desse agente (responsabilidade subjetiva). A administração pública (ou delegatária) que causou o dano indeniza o particular independentemente de ela ter alguma culpa, mas o agente só será condenado a ressarcir a administração regressivamente se esta comprovar, em ação própria, que ele agiu com dolo ou culpa. A obrigação de ressarcir a administração pública (ou delegatária) em ação regressiva, sendo esta uma ação de natureza cível, transmite-se aos sucessores do agente que tenha atuado com dolo ou culpa. Mesmo após a morte do agente, seus sucessores podem ser chamados a responder pelo valor que a administração (ou a delegatária) foi condenada a pagar na ação de indenização, sempre respeitado o limite do valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, CF/88). 4.4.5 Responsabilidades administrativa, civil e penal do agente público Há possibilidade de cumulação das responsabilidades civil, administrativa e penal do servidor em razão do ato danoso por ele praticado. O ato danoso do agente pode implicar responsabilização nas esferas administrativa, cível e penal. Por exemplo: o agente público, dirigindo a serviço, com imprudência, colide o seu veículo com o de um particular e dessa colisão resulta a morte de uma pessoa. Nesse caso, o agente responderá à administração pública pela infração administrativa cometida, estando sujeito às penalidades disciplinares previstas na lei pertinente (ALEXANDRINO, 2016, p. 335). Vejamos: Responderá civilmente, perante a administração, em ação regressiva, desde que comprovada a culpa dele, devendo ressarci-la pela indenização que a administração tenha sido condenada a pagar às vítimas do acidente; Responderá ainda, no âmbito criminal, pelo ilícito penal praticado – homicídio culposo nesse exemplo. As responsabilidades administrativa, civil e penal são cumulativas e, em princípio, são independentes. No plano federal, essa regra está explicitada no art. 125 da Lei 8.112/1990. Quando a órbita penal está envolvida, é possível ocorrer exceção à regra de independência das esferas de responsabilidade. O julgamento na esfera penal de conduta imputada a um servidor público pode resultar em: Condenação criminal do servidor; Absolvição pela inexistência do fato ou pela negativa de autoria; Absolvição por ausência de tipicidade ou de culpabilidade penal, por insuficiência de provas, ou por qualquer outro motivo. Na hipótese de um mesmo fato estar tipificado em uma lei penal como crime (ou contravenção), enquadrar-se em uma lei administrativa como infração disciplinar e, além disso, causar dano patrimonial ou moral a terceiro (responsabilidade civil), a condenação criminal do servidor por esse fato, uma vez transitada em julgado, interfere nas órbitas administrativa e cível, implicando o reconhecimento automático da responsabilidade do servidor, por esse fato, nessas duas esferas. Isso ocorre porque, sendo o ilícito penal mais do que o ilícito civil ou administrativo, existe a presunção de que a condenação na esfera penal sempre será baseada em uma quantidade de elementos maior do que aquela que seria suficiente para a responsabilização nas esferas civil e administrativa (ALEXANDRINO, 2016, p. 335). A absolvição penal cujo fundamento seja a negativa de autoria ou a inexistência do fato também interfere nas esferas administrativa e civil. Com efeito, se a jurisdição criminal, em que a apreciação das provas é muito mais abrangente e minuciosa, categoricamente afirma que não foi o agente o autor do fato a ele imputado, ou que sequer ocorreu o fato aventado, não há como sustentar o contrário nas outras órbitas. Por exemplo: se, na esfera administrativa, o servidor foi demitido pelo mesmo fato discutido na esfera penal, a sentença absolutória penal que tenha como fundamento a negativa de autoria ou a inexistência do fato acarretará a sua reintegração, pois terá sido cabalmente afirmado, na esfera penal, que não foi ele o autor do fato que acarretou a sua demissão administrativa, ou que esse fato nem mesmo existiu. Logo, a condenação cível também será tornada sem efeito, caso sobrevenha a absolvição penal fundada na negativa de autoria ou na inexistência do fato. A absolvição penal por mera insuficiência de provas ou por ausência de tipicidade ou de culpabilidade penal, ou por qualquer outro motivo, não interfere nas demais esferas. É possível (e bastante frequente) que um determinado fato, ou uma dada conduta, não configure crime ou contravenção, mas caracterize infração administrativa ou cause dano a alguém (ilícito civil). Leia mais sobre responsabilidade do Estado em: CAMPOS, Ana Cláudia. Direito administrativo facilitado. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 507- 534. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/. Assista ao vídeo sobre a responsabilidade do Estado em AGU Explica: https://youtu.be/9ndP2FLVuQ4 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530983819/ UNIDADE V: CONTROLES SOBRE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SERVIDORES PÚBLICOS. Nesta unidade, você irá estudar de forma objetiva os tipos de controle sobre a administração pública. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: Conhecer os tipos de controle sobre a administração pública; Descrever a função dos Tribunais de Contas; Reconhecer o papel do Ministério Público; Conhecer o regime jurídico dos servidores públicos; Entender o regime previdenciário dos servidores públicos. 5.1 O CONTROLE SOBRE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: LEGALIDADE E TRANSPARÊNCIA; PARTICIPAÇÃO POPULAR E OS TRIBUNAIS DE CONTAS No desempenho de suas atribuições, a administração pública sujeita-se a controle por parte dos poderes Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos, em nome do princípio da autotutela. Esse controle abrange não só os órgãos do poder Executivo, incluindo a administração direta e a indireta, mas também os dos demais poderes, quando exerçam função tipicamente administrativa; em outras palavras, abrange a administração pública considerada em sentido amplo. Segundo Di Pietro12, a finalidade do controle é assegurar que a administração pública atue em conformidade com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade, transparência, motivação, impessoalidade etc. Em determinadas 12 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2020. circunstâncias, abrange também o controle chamado de mérito e que diz respeito aos aspectos discricionários da atuação administrativa. Embora o controle seja uma função estatal, o administrado participa dele à medida que pode e deve provocar o procedimento de controle, não apenas na defesa de seus interesses individuais, mas também na proteção do interesse coletivo. Ou seja, é o chamado controle por meio da participação popular. Continue lendo em: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2020. p. 931. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530989736. 5.2 ESPÉCIES DE CONTROLES Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser: administrativo, legislativo ou judicial. Veja cada uma das espécies de controles e suas peculiaridades em: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2020. p. 932- 950. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530989736. 5.3 PARTICIPAÇÃO POPULAR https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530989736 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530989736 A participação popular na gestão e no controle da administração pública
Compartilhar