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1 CREMERJ Assistente Jurídico 1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 1.1 Princípios fundamentais .... 1 2 Aplicabilidade das normas constitucionais. 2.1 Normas de eficácia plena, contida e limitada. 2.2 Normas programáticas. ....................................................................................... 7 3 Direitos e garantias fundamentais. 3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos. ................................. 13 4 Organização político‐ administrativa do Estado. 4.1 Estado federal brasileiro, União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios. ................................................................. 56 5 Administração Pública. 5.1 Disposições gerais, servidores públicos. ............................. 82 6 Poder Executivo. 6.1 Atribuições e responsabilidades do presidente da República. ...... 99 7 Poder Legislativo. 7.1 Estrutura. 7.2 Funcionamento e atribuições. 7.3 Processo legislativo. 7.4 Fiscalização contábil, financeira e orçamentária. 7.5 Comissões parlamentares de inquérito..... .......................................................................................................................... 113 8 Poder Judiciário. 8.1 Disposições gerais. 8.2 Órgãos do poder judiciário. 8.2.1 Organização e competências, Conselho Nacional de Justiça. 8.2.1.1 Composição e competências. ....... 148 9 Funções essenciais à justiça. 9.1 Ministério público, advocacia pública. 9.2 Defensoria pública. ................................................................................................................................ 171 Olá Concurseiro, tudo bem? Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 01. Apostila (concurso e cargo); 02. Disciplina (matéria); 03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 04. Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até cinco dias úteis para respondê-lo (a). Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! Bons estudos e conte sempre conosco! 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Os princípios fundamentais1 encontram-se no título I, artigos 1° a 4° da Constituição Federal. São fundamentais por constituírem um alicerce constitucional e influenciaram a elaboração da Constituição da República, portanto, são aqueles que fundamentam as normas jurídicas informadoras no ordenamento constitucional brasileiro. Tem como finalidade a garantia da unidade da Constituição brasileira, a preservação do Estado Democrático de Direito e orientar a ação dos intérpretes. Os princípios fundamentais foram expressamente inseridos no texto constitucional, assim, nenhuma norma infraconstitucional pode contradize-los, sob pena de inconstitucionalidade. Pode-se dizer que, violar os princípios é, muitas vezes, mais grave que violar uma regra específica, por ofender uma norma informativa que envolve todo ordenamento jurídico. Vejamos a seguir o texto constitucional pertinente ao assunto: TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.784, de 2019) V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Quando no caput do artigo 1º, menciona: República: é a forma de Governo, ideia esta que tem como características2 a periodicidade do mandato dos governantes; a eletividade como forma de condução aos cargos políticos; a possibilidade de responsabilização dos governantes pelos atos praticados no exercício do mandato; e o fato de que os governantes representam diretamente o povo. Federativa: é a forma de Estado, responsabiliza-se pela indissolubilidade dos vínculos federais entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (vedada a secessão) e composta por entidades políticas autônomas. 1PINHO. Rodrigo Cesar Rebello. Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais - 12° edição. 2MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. 27ª edição, 2018. 1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 1.1 Princípios fundamentais. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 2 Outro ponto importante para pontuar é em relação ao Estado Democrático de Direito, assegurando direitos inalienáveis que, sem eles, não teria democracia nem liberdades públicas. Essa expressão traz a ideia do Estado formado a partir da vontade do povo, voltado para o povo e ao interesse do povo (o povo tem uma participação ativa, sempre com o respeito aos Direitos e garantias fundamentais), e tem por fundamentos a: - Soberania: pois não existe Estado sem soberania, o que significa a supremacia do Estado brasileiro na ordem política interna e a independência na ordem política externa, um Estado não deve obediência jurídica à outro Estado, ficando portanto em relação aos demais integrantes do cenário internacional em posição de coordenação e de superioridade aos do seu próprio território. Portanto com um poder político supremo e independente. - Cidadania: abrange tanto a titularidade de direitos políticos, como também os civis. A cidadania alcança o exercício do direito de votar e ser votado e o efetivo exercício dos diversos direitos previstos na Constituição (educação, saúde, trabalho, etc.). - Dignidade da pessoa humana: que é o absoluto respeito aos direitos fundamentais de todo ser humano, assegurando-se condições dignas de existência para todos, independentemente de credo, raça, cor, origem ou status social. O ser humano é considerado pelo Estado brasileiro como um fim em si mesmo, jamais como meio para atingir outros objetivos. - Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: que significa o trabalho e a livre iniciativa foram identificados como fundamentos da ordem econômica estabelecida no Brasil, ambos considerados indispensáveis para o adequado desenvolvimento do Estado brasileiro. A garantia do trabalho engloba empregados e empregadores, autônomos e assalariados. Esses dois fatores (trabalho e livre iniciativa) revelam o modo de produção capitalista vigente. A Constituição pretende estabelecer um regime de harmonia entre capital e trabalho. - Pluralismo político: que é livre para a formação de correntes políticas no País, permitindo a representação das diversas camadas da opinião pública em diferentes segmentos, como partidos políticos, sindicatos, associações, entidades de classe, igrejas, universidades, escolas, etc. Esse dispositivo constitucional veda a adoção de leis infraconstitucionaisque estabeleçam um regime de partido único ou um sistema de bipartidarismo forçado ou que impeçam uma corrente política de se manifestar no País. O parágrafo único do artigo 1º da CF/88, relata o princípio representativo, que significa que todo poder emana do povo, por meio de representantes eleitos, mediante eleições livres e periódicas. Os escolhidos governam exteriorizando a vontade geral. Forma de Estado - Federação; Forma de Governo - a República; Sistema de Governo - o Presidencialista; Regime de Governo - o Democrático. Questões 01. (AL/RS - Técnico Legislativo - FUNDATEC/2018) No que diz respeito aos princípios fundamentais previstos na Constituição Federal, assinale a alternativa correta. (A) A soberania, caracterizada como poder político independente e supremo, é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. (B) A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelo princípio da não intervenção que veda a concessão de asilo político. (C) A erradicação das desigualdades regionais é considerada um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. (D) São considerados poderes harmônicos e dependentes entre si o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (E) A República Federativa do Brasil, quando se trata das suas relações internacionais, não é orientada pelo princípio da independência nacional. 02. (IF/TO - Auditor - IF/TO) Quantos aos princípios do Estado brasileiro constantes na Constituição Federal, assinale a alternativa incorreta. (A) A promoção da cidadania e a dignidade da pessoa humana são exemplos de fundamentos da República Federativa do Brasil. (B) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 3 (C) A República Federativa do Brasil apenas é formada pela união dos Municípios e do Distrito Federal. (D) Construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como garantir o desenvolvimento nacional, são exemplos de objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. (E) A prevalência dos direitos humanos, assim como o repúdio ao terrorismo e ao racismo, são exemplos de princípios que devem reger o Brasil nas relações internacionais. 03. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE) Assinale a opção que apresenta um dos fundamentos da República Federativa do Brasil previsto expressamente na Constituição Federal de 1988. (A) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (B) autodeterminação dos povos (C) igualdade entre os estados (D) erradicação da pobreza (E) solução pacífica dos conflitos 04. (DPE/BA - Defensor Público - FCC) De acordo com disposição expressa da Constituição Federal, a República Federativa do Brasil tem como fundamento (A) desenvolvimento nacional. (B) estado social de direito. (C) defesa da paz. (D) soberania. (E) prevalência dos direitos humanos. Gabarito 01.A / 02.C / 03.A / 04.D Comentários 01. Resposta: A Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS: I - a soberania; 02. Resposta: C Dispõe o caput do art. 1º da CF/88, que “a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito” (...). Deste modo, a alternativa “C” está incorreta, por mencionar que está é constituída “apenas” pela união dos Municípios e do Distrito Federal. 03. Resposta: A Nos termos do artigo 1º da CF/88, são fundamentos da República Federativa do Brasil: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. 04. Resposta: D Conforme art. 1º da CF/88: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Os poderes tem cada qual sua competência Constitucional, sendo eles independentes e harmônicos entre si, com funções típicas: a) O Poder Executivo é incumbido de resolver os problemas concretos e individualizados de acordo com a lei, função administrativa. Implementa ou executa as leis e a agenda diária do governo ou do Estado. Nos países presidencialistas, o poder executivo é representado pelo seu presidente, que acumula as funções de chefe de governo e chefe de estado. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 4 b) O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar leis. O poder legislativo na maioria das repúblicas e monarquias é constituído por um congresso, parlamento, assembleias ou câmaras. O objetivo do poder legislativo é elaborar normas de direito de abrangência geral (ou, raramente, de abrangência individual) que são estabelecidas aos cidadãos ou às instituições públicas nas suas relações recíprocas. c) O Poder judiciário aplica autoritariamente a lei nos casos concretos. Possui a capacidade de julgar, de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras constitucionais em determinado país. Ministros, Desembargadores e Juízes formam a classe dos magistrados (os que julgam). Possuem também as funções atípicas: a) Poder executivo: detém atribuições de caráter legislativo (quando, por exemplo, edita medidas provisórias) e jurisdicional (quando decide litígios em âmbito administrativo). b) Poder Legislativo: julga (o Senado, por exemplo, tem competência para julgar o Presidente da República, nos crimes de responsabilidade) e administra (quando promove um concurso público, para o preenchimento de seus cargos, ou uma licitação, para a celebração de determinado contrato). c) Poder Judiciário: exerce atribuições de caráter legislativo (quando os Tribunais elaboram seus respectivos regimentos internos, por exemplo) e administrativo (quando contrata seu pessoal e organiza os serviços de suas secretarias). Questão 01. (Pref. de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito IOBV) Assinale a alternativa que está incorreta: (A) A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. (B) São Poderes da União, independentes e sucessivos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Conselho Nacional de Justiça. (C) A soberania e o pluralismo político são fundamentos da República Federativa do Brasil. (D) É objetivo fundamental da República Federativa do Brasil garantir o desenvolvimento nacional. Gabarito 01.B Comentário 01. Resposta: B Dispõe o artigo 2º, CF/88: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Assim, observa-se que os Poderes não são sucessivos, mas sim harmônicos entre si. Ademais, no texto foi substituído o Poder Judiciário pelo Conselho Nacional de Justiça. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; Consolidada nos princípios da liberdade, justiça e solidariedade. II - garantir o desenvolvimento nacional; Em todos os sentidos, tanto econômico, como também social. O que explica os diversos programas governamentais. III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Redução e proteção contra as desigualdades entre os estados. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.Preocupa-se com a igualdade e a eliminação da discriminação. Atenção! Observa-se que os objetivos previstos neste artigo, não se confundem com os fundamentos estabelecidos no artigo 1º, tendo em vista que os fundamentos são princípios inerentes ao próprio Estado brasileiro, fazem parte de sua construção, já os objetivos fundamentais são as finalidades a serem alcançadas. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 5 Questões 01. (MPE/RN - Técnico do Ministério Público Estadual - COMPERVE/2017) Os objetivos fundamentais da república brasileira são metas que o Estado deve promover com força vinculante e imediata, servindo como norte a ser seguido em toda e qualquer atividade estatal. Nessa acepção, a Constituição Federal aponta, expressamente, como objetivo fundamental a PROMOÇÃO (A) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo e cor. (B) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio ao racismo e ao terrorismo. (C) da erradicação da miséria e da marginalização e da redução da desigualdade nacional. (D) da autodeterminação dos povos e dos direitos humanos. 02. (IFF - Assistente de Administração - FCM) NÃO é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (A) garantir o desenvolvimento nacional. (B) construir uma sociedade livre, justa e solidária. (C) constituir uma supremacia perante os países da América Latina. (D) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. (E) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 03. (PGE/MT - Técnico Administrativo - FCC) É um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, previsto no art. 3º da Constituição Federal, (A) garantir uma renda mínima a todo cidadão. (B) combater à fome. (C) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (D) erradicar o analfabetismo. (E) garantir a paz no território nacional. Gabarito 01.A / 02.C / 03.C Comentários 01. Resposta: A Considerando o que disciplina o art. 3º, IV, da CF/88, é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Cuidado, embora as demais alternativas mencionem igualmente objetivos da República, o verbo “promover” encontra-se presente apenas no inciso mencionado. 02. Resposta: C Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estão previsto no art. 3º da CF/88, não estando entre eles o de constituir uma supremacia perante os países da América Latina. 03. Resposta: C Nos termos do que prevê o art. 3º da CF/88, é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; Liga-se a ideia de soberania, pois o Estado brasileiro é independente por sua vontade não estar condicionada à ordens externas. II - prevalência dos direitos humanos; Reforça a ideia de que o respeito às prerrogativas do homem também devem guiar as relações exteriores do país. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 6 III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; Neste princípio, o Estado deve repelir qualquer tentativa de ameaça à organização interna que possa prejudicar o desenvolvimento econômico, político, social e cultural. V - igualdade entre os Estados; O Brasil não deve sujeitar-se ao controle econômico, político, social e tecnológico de outras organizações estatais. VI - defesa da paz; Este princípio é inspirador dos relacionamentos do Brasil com outros Estados de ordem mundial. VII - solução pacífica dos conflitos; Acaba com a violência ou coação, garantindo os direitos humanos e a paz entre os povos. VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; Tem como objetivo combater disparidades que impedem o progresso da humanidade. X - concessão de asilo político. Asilo político é o acolhimento de estrangeiro por um Estado que não é seu em razão de perseguições feitas por seu, ou outros países. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Outros princípios fundamentais estão espalhados por todo o texto constitucional, de forma explícita ou implícita. Muitos de forma até repetitiva, para que não sejam desconsiderados. As colisões de princípios são resolvidas pelo critério de peso, preponderando o de maior valor no caso concreto, pois ambas as normas jurídicas são consideradas igualmente válidas. Por exemplo: o eterno dilema entre a liberdade de informação jornalística e a tutela da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (CF/88, art. 220, §1º). Há necessidade de compatibilizar ao máximo os princípios, podendo prevalecer, no caso concreto, a aplicação de um ou outro direito. Questões 01. (TRT 6ª Região - Técnico Judiciário - FCC/2018) À luz do que dispõe a Constituição Federal quanto aos seus princípios fundamentais, A) todo o poder emana de Deus, que o exerce por meio de representantes eleitos pelo povo, nos termos da Constituição. B) são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Moderador. C) constituem, dentre outros, objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. D) a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. E) a República Federativa do Brasil tem como um de seus fundamentos a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. 02. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual - FCC) NÃO consta entre os princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil: (A) A defesa da paz. (B) O repúdio ao terrorismo e ao racismo. (C) A prevalência dos direitos humanos. (D) A redução das desigualdades regionais na América Latina. (E) A autodeterminação dos povos. 03. (Pref. de Araguari/MG - Procurador Municipal - IADHED) Assinale a alternativa que não corresponde a um princípio fundamental que rege a República Federativa do Brasil de 1988 nas relações internacionais, conforme disposição expressa no texto constitucional: (A) Independência nacional; (B) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (C) Repúdio ao terrorismo e ao racismo; (D) Defesa da paz. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 7 04. (CBTU - Assistente Operacional - FUMARC) A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios, EXCETO: (A) Igualdade entre os Estados. (B) Independência nacional. (C) Não intervenção. (D) Pluralismo político. Gabarito 01.D / 02.D / 03.B / 04.D Comentários 01. Resposta: D Alternativa A - Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Alternativa B) Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (O poder moderador não é poder da União). Alternativa C) Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Alternativa D) Art. 4º, Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Alternativa E) Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 02. Resposta: D Considerando o que prevê o art. 4º da CF/88, não consta como um dos princípios que regem as relações internacionais do país a redução das desigualdades regionais na América Latina. Ademais, de acordo com o previsto no parágrafo único, do referido artigo, a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 03. Resposta: B Dentre os princípios fundamentais que regem as relações internacionais previstos no art. 4º da CF/88, não está inserido o previsto na alternativa “B”. Além disso, os valores sociais do trabalho e a livre inciativa são fundamentos da República Federativa do Brasil, previsto no art. 1º. 04. Resposta: D Diante do expresso no artigo 4º da CF/88, o pluralismo político não faz parte dos princípios que regem as relações internacionais. Ademais, este instituto é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. NORMA CONSTITUCIONAL Norma constitucional pode ser conceituada como disposições inseridas numa CF, ou reconhecidas por ela, independentemente de seu conteúdo. Só pelo fato de aderirem a um texto constitucional, ou serem admitidas por ele, essas normas são constitucionais, sejam elas materiais, sejam elas formais; A norma constitucional possui natureza jurídica de normas providas de juridicidade, ou seja, passam a ideia de obrigatoriedade de um comportamento. 2 Aplicabilidade das normas constitucionais. 2.1 Normas de eficácia plena, contida e limitada. 2.2 Normas programáticas. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 8 Vigência constitucional Vigência, em sentido amplo, liga-se ao campo da norma enquanto instância de validade técnico- formal, que ocorre com a sua publicação e entrada em vigor, quando suas disposições passam a ser passíveis de exigência. A vigência possui uma dimensão temporal, podendo dar-se por tempo determinado ou indeterminado e situa-se entre a validade e a eficácia, que é sua aceitação social, podendo abranger e até suplantar esta última (visto que há normas que continuam vigentes, mas perdem sua eficácia em dado momento). Para Paulo de Barros Carvalho3, "Viger é ter força para disciplinar, para reger, cumprindo a norma seus objetivos finais. A vigência é propriedade das regras jurídicas que estão prontas para propagar efeitos, tão logo aconteçam, no mundo fático, os eventos que elas descrevem. Há normas que existem e que, por conseguinte, são válidas no sistema, mas não dispõem dessa aptidão. A despeito de ocorrerem os fatos previstos em sua hipótese, não se desencadeiam as consequências estipuladas no mandamento. Dizemos que tais regras não têm vigor, seja porque já o perderam, seja porque ainda não o adquiriram." Portanto, o termo "vigência" traduz a existência específica de uma norma e não se confunde com a validade. Uma norma pode ser válida, se regularmente completou o processo de integração ao ordenamento jurídico, cumprindo os requisitos de produção para que sua gênese atendesse às exigências do ordenamento, mas pode ainda não ser vigente, por depender da verificação de condição suspensiva ou de vacância, ou mesmo ter tido sua vigência exaurida ou encerrada. Ao contrário, toda norma vigente deverá ser necessariamente válida, porque a validade é sinônimo de integração ao ordenamento, que por sua vez é pressuposto para a vigência. Eficácia constitucional A eficácia, por seu turno, diz respeito às condições fáticas e técnicas da atuação da norma jurídica e, principalmente, ao seu sucesso, como bem ressalta Maria Helena Diniz. É, assim, a qualidade do texto normativo de produzir, ordinariamente, seus regulares efeitos. São importantes as palavras de Maria Helena Diniz quanto à eficácia. Para ela, a eficácia diz respeito ao fato de se saber se os destinatários da norma ajustam, ou não, seu comportamento em maior ou menor grau, às prescrições normativas, ou seja, se cumprem, ou não, os comandos jurídicos, se os aplicam ou não. E explica: casos há em que o órgão competente emite normas, que por violentarem a consciência coletiva não são observadas nem aplicadas, só logrando, por isso, ser cumpridas de modo compulsório, a não ser quando caírem em desuso; consequentemente, têm vigência, mas não possuem eficácia (eficácia social). Como regra geral, todas as normas constitucionais apresentam eficácia, algumas jurídica e social e outras apenas jurídica. - Eficácia social verifica-se na hipótese de a norma vigente, isto é, com potencialidade para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a casos concretos. - Eficácia jurídica, por sua vez, significa que a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações concretas; mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua simples edição resulta na revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitam. Normas constitucionais e inconstitucionais O ordenamento jurídico brasileiro, considerando a aplicação do princípio da supremacia da constituição, deve com ela ser compatível, sob pena de ser a norma considerada inconstitucional. No caso de normas anteriores à nova Constituição, não há revogação pela simples inovação no ordenamento constitucional, ocorrendo o fenômeno denominado Recepção, que é o instituto pelo qual a nova Constituição, independentemente de qualquer previsão expressa, recebe norma infraconstitucional pertencente ao ordenamento anterior, com ela compatível, dando-lhe, a partir daquele instante, nova eficácia. Ressaltando que o termo Recepção pode ser visualizado sob os enfoques macro e stricto sensu, vemos que, no primeiro, o fenômeno da Recepção é aquele em que, quando nasce uma Constituição, a ordem constitucional anterior é revogada, instante em que sobrevém ordem jurídica totalmente nova. Neste instante, a nova Constituição não guarda qualquer vínculo com o ordenamento infraconstitucional anterior, mas abre-se a possibilidade de se aproveitar as normas infraconstitucionais que, porventura, não sejam contrárias à nova ordem. Assim, a partir de uma análise, apura-se quais 3 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: fundamentos jurídicos da incidência, São Paulo, Saraiva, 1998. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 9 normas são e quais não são compatíveis com o novo ordenamento. As compatíveis serão recepcionadas, já as incompatíveis serão revogadas, instante em que cessarão suas eficácias. Dado o fato de a entrada em vigor de uma nova Constituição causar uma ruptura na ordem jurídica, paralisando momentaneamente a eficácia de toda a legislação ordinária existente naquele momento, uma vez que, tecnicamente, na verdade, a legislação infraconstitucional não permanece em vigor, ela perde momentaneamente seu suporte de validade e simultaneamente adquire um novo, se compatível com a nova Constituição, não havendo permanência de eficácia, mas aquisição de nova eficácia, nos termos da nova ordem constitucional. O Supremo Tribunal Federal possui o poder de decidir sobre a constitucionalidade das normas jurídicas que foram aprovadas antes da entrada em vigor da Constituição de 1988. Note-se que no Brasil adota- se modelo misto de controle de constitucionalidade e, portanto, o tema deve ser analisado nos âmbitos do controle difuso e concentrado. O controle de constitucionalidade de norma pré-constitucional frenteà constituição atual é feito por meio do controle concentrado de constitucionalidade. A Constituição de 1988 (art. 102, §1º) previu o instrumento da arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) que, em acordo ao disposto na Lei Federal de n. 9.882/99 que a regulamenta, permite que o controle recaia sobre atos normativos editados anteriormente à atual Carta Magna. É o que dispõe o art. 1º, parágrafo único, I da Lei de n. 9.882/99, segundo o qual a ADPF é cabível mesmo quando o ato ou lei federal, estadual ou municipal, que seja objeto de controvérsia constitucional, viole a constituição atual (1988): Art. 1º A arguição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição; Ou seja, toda lei ou ato do poder público que viole a constituição poderá ser evitado ou reparado por meio de ADPF, mesmo que esta norma pré-constitucional seja anterior à constituição de 1988. Assim, a conformidade à constituição vigente à época da norma pré-constitucional pode até ser eventualmente suscitada; em sede de controle concentrado, porém, o parâmetro de controle a ser adotado é a atual Constituição. Normas constitucionais: rígidas, semirrígidas e flexíveis. Constituição Rígida É aquela que prevê, para modificação de suas próprias regras, um procedimento muito mais formal e solene do que o procedimento que ela prevê para as demais normas não constitucionais. Ex: todas as Constituições Federais foram rígidas, com exceção da de 1824. A Constituição Federal de 1988 só pode ser alterada por iniciativa de 1/3 no mínimo dos membros da Câmara dos Deputados ou Senado Federal; do Presidente; de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades federativas, manifestando-se em cada uma delas por maioria relativa de seus membros. (art. 60, I, II, III da CF/88).Enquanto nas emendas constitucionais a iniciativa é restrita, nas leis ordinárias e complementares, a iniciativa é geral. A proposta de emenda constitucional será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros (art. 60, §2º da CF). – A votação das leis ordinárias e leis complementares dar-se-á em único turno de discussão e votação e será necessária maioria relativa para uma e maioria absoluta para outra. Constituição Flexível (Plástica) É aquela que tem o mesmo procedimento para todas as regras, não havendo hierarquia entre constituição e lei infraconstitucional. Ex: Parte escrita da constituição não escrita. A lei infraconstitucional posterior poderá alterar a Constituição Federal quando assim declarar, ou quando regular inteiramente a matéria que trata a constituição, ou quando com ela for incompatível. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 10 Constituição Semi-rígida (Semiflexível) É aquela que não precisa de apenas um procedimento para modificação de suas regras, mas sim de dois diferentes, um mais formal para as regras materialmente constitucionais postas na Constituição e outro menos formal para as regras formalmente constitucionais. Ex: Constituição do Império de 1824. Classificação - Normas de eficácia plena, contida e limitada Aplicabilidade das normas constitucionais Em relação à classificação e aplicabilidade das normas constitucionais, conforme bem leciona Antônio Henrique Lindemberg4, na esteira da teoria de José Afonso da Silva, temos normas: - De aplicabilidade imediata e eficácia plena: São consideradas aquelas que não dependem de atuação legislativa posterior para a sua regulamentação, isto é, desde a entrada em vigor da Constituição estas normas já estão aptas a produzirem todos os seus efeitos. A título de exemplo podemos apontar as normas referentes às competências dos órgãos (CF, art. 48 e 49) e os remédios constitucionais. - De aplicabilidade imediata e eficácia contida ou restringível: São normas constitucionais em que o legislador constituinte regulou suficientemente a matéria, mas possibilitou ao legislador ordinário restringir os efeitos da norma constitucional. Estas normas constitucionais têm aplicabilidade imediata, quer dizer, com a entrada em vigor da Constituição elas já são aplicáveis, no entanto, uma lei posterior poderá restringir, conter seus efeitos. Como exemplo, pode ser citado o art. 5°, XIII, da CF/88, que diz ser livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Observando este inciso veremos que, se não houver uma lei regulamentado as profissões, qualquer pessoa poderá exercer qualquer tipo de atividade. No entanto, o legislador ordinário poderá, através de lei, estabelecer requisitos para o exercício de algumas profissões, como é o caso da profissão de advogado, onde a Lei 8.906/94, estabelece a necessidade de conclusão do curso de bacharelado em direito, e ainda, a aprovação no exame de ordem para aqueles que pretendam exercer a mencionada profissão, assim, é de se apontar que a lei veio restringir o alcance da norma constitucional, estabelecendo requisitos para o exercício profissional. - De aplicabilidade mediata e eficácia limitada: Classificam-se como normas de aplicabilidade mediata e eficácia limitada aquelas que precisam de atuação legislativa posterior para que possam gerar plenamente todos os direitos e obrigações e podem ser subdividas em: - Normas de eficácia limitada quanto aos princípios institutivos, que são as normas onde o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e atribuições dos órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário os estruture em definitivo, mediante Lei. A previsão de criação do Código de Defesa do Consumidor (CF, art. 5°, XXXII), a regulamentação do direito de greve do servidor público (CF, art. 37, VII), a organização administrativa e judiciária dos Territórios Federais (CF, art. 33), são exemplos de normas de eficácia limitada. - Normas de eficácia limitada quanto aos princípios programáticos, que são “aquelas normas constitucionais, através das quais o constituinte, em vez de regular direta e imediatamente determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado”. São normas que dependem de ações metajurídicas para serem implementadas, temos como exemplo o direito ao salário mínimo digno (CF, art. 7º, IV), o direito à moradia, ao trabalho, a segurança (CF, art. 6º). Pela própria natureza de direitos que exigem do Estado uma conduta prestativa, positiva, nem sempre é possível a sua pronta concretização, haja vista a carência e a limitação de recursos financeiros para a realização dos atos estatais. De acordo com a lição de Gilmar Ferreira Mendes5, estes direitos não dependem apenas de uma decisão jurídica, mas exigem atuações legislativas e administrativas para a sua real concretização, ou seja, são limitados pela conhecida teorização da “Reserva do Financeiramente Possível”. Onde o Estado, não possuindo recursos suficientes para ofertar todas as prestações relacionadas como direitos fundamentais sociais, deve eleger aquelas que julga mais pertinentes de acordo com as condições do momento. 4 Adaptado de: https://www.editoraferreira.com.br/Medias/1/Media/Professores/ToqueDeMestre/AntonioLindemberg/lindemberg_toq11.pdf 5 MENDES, Gilmar. Os direitos fundamentais e seus múltiplos significados na Ordem constitucional. Revista Diálogo Jurídico,Salvador, 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 11 Assim, leciona o citado autor: “Observe-se que, embora tais decisões estejam vinculadas juridicamente, é certo que a sua efetivação está submetida, dentre outras condicionantes à reserva do financeiramente possível”. Não se ignora que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais - além de caracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretização - depende, em grande medida, de um inescapável vínculo financeiro subordinado às possibilidades orçamentárias do Estado, de tal modo que, comprovada, objetivamente, a alegação de incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir, então, considerada a limitação material referida, a imediata efetivação do comando fundado no texto constitucional. Deve ser destacado também que os efeitos normalmente atribuídos a estas normas: a) Acarretam a revogação dos atos normativos anteriores e contrários ao seu conteúdo e, por via de consequência, sua desaplicação, independentemente de um declaração de inconstitucionalidade, ressaltando-se que entre nós o Supremo Tribunal Federal consagrou a tese da revogação, em detrimento da assim chamada inconstitucionalidade superveniente. b) Contêm imposições que vinculam permanentemente o legislador, no sentido de que não apenas está obrigado a concretizar os programas, tarefas, fins e ordens mais ou menos concretas previstas na norma, mas também que o legislador, ao cumprir seu desiderato, não se poderá afastar dos parâmetros prescritos nas normas de direitos fundamentais a prestações. c) Implicam a declaração de inconstitucionalidade (por ação) de todos os atos normativos editados após a vigência da Constituição, caso colidentes com o conteúdo das normas de direitos fundamentais, isto é, caso contrários ao sentido dos princípios e regras contidos nas normas que os consagram. d) Geram um direito subjetivo de cunho negativo no sentido de que o particular poderá sempre exigir do Estado que se abstenha de atuar em sentido contrário ao disposto na norma de direito fundamental prestacional. Cuida-se, portanto, de uma dimensão negativa dos direitos positivos, já que as normas que os consagram, além de vedarem a emissão de atos normativos contrários, proíbem a prática de comportamentos que tenham por objetivo impedir a produção dos atos destinados à execução das tarefas, fins ou imposições contidas na norma de natureza eminentemente programática. e) Por fim, ainda verifica-se a possibilidade de ser exigido do Estado a concretização dos direitos prestacionais, através da ação direta de inconstitucionalidade por omissão (CF, art. 103, § 2º) ou através do mandado de injunção (CF, art. 5º, LXXI). Concluindo, não há, numa Constituição, cláusulas a que se deve atribuir meramente o valor material de conselhos, avisos ou lições. Todas têm a força imperativa de regras, ditadas pela soberania nacional ou popular aos seus órgãos. Muitas, porém, não revestem dos meios de ação essenciais ao seu exercício os direitos, que outorgam, ou os encargos, que impõem: estabelecem competências, atribuições, poderes, cujo uso tem de aguardar que a legislatura, segundo o seu critério, os habilite a se exercerem. Normas programáticas As normas programáticas (ou princípios programáticos) são aquelas normas constitucionais por meio das quais o constituinte, em vez de regular direta e imediatamente determinados interesses, limitou- se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado. As normas programáticas são as que estabelecem programas a serem desenvolvidos mediante a vontade do legislador infraconstitucional.6 São normas que dependem de ações metajurídicas para serem implementadas, temos como exemplo o direito ao salário mínimo digno (CF, art. 7º, IV), o direito à moradia, ao trabalho, a segurança (CF, art. 6º). Normas constitucionais de organização e definidoras de direitos Segundo Luís Roberto Barroso7, a Constituição possui três diferentes tipos de normas, são elas: as normas de organização, as normas definidoras de direitos e as normas programáticas. Normas de organização, também denominadas de estrutura ou de competência, são as que tratam da ordenação, estrutura e competência dos poderes, determinando sua forma, o tipo de governo, o regime político, a separação de poderes e a divisão de competências. As definidoras de direitos são normas que tratam dos direitos fundamentais, a exemplo do artigo 5°. 6 Tavares, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 11 ed. revista e atual. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 102. 7 BARROSO, Luís Roberto. O Direito Constitucional e a efetividade de suas normas - limites e possibilidades da constituição brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2ª edição, 1993. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 12 Questões 01. (DER/CE - Procurador Autárquico - UECE-CE) A norma constante do art. 5º, XX da CF/88, in verbis, “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado", é norma (A) de eficácia contida. (B) de eficácia limitada. (C) de eficácia plena. (D) programática. 02. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE) Quanto ao grau de aplicabilidade das normas constitucionais, as normas no texto constitucional classificam-se conforme seu grau de eficácia. Segundo a classificação doutrinária, a norma constitucional segundo a qual é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer é classificada como norma constitucional (A) de eficácia limitada. (B) diferida ou programática. (C) de eficácia exaurida. (D) de eficácia plena. (E) de eficácia contida. 03. (COMPESA - Analista de Gestão - FGV) Consoante o Art. 5º, inciso XLV, da Constituição da República Federativa do Brasil, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. Com os olhos voltados à classificação das normas constitucionais, é correto afirmar que a interpretação desse comando normativo dá origem a uma norma constitucional (A) de eficácia plena e aplicabilidade integral. (B) de eficácia indireta e aplicabilidade contida. (C) de eficácia plena e aplicabilidade limitada. (D) de eficácia limitada e aplicabilidade mediata. (E) de eficácia contida e aplicabilidade direta. 04. (Prefeitura de Araguari/MG - Procurador Municipal - IADHED) No que diz à teoria da eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, segundo a classificação de José Afonso da Silva, marque a alternativa correta: (A) As normas constitucionais de eficácia contida possuem aplicabilidade direta, imediata, mas possivelmente não integral; (B) As normas constitucionais de eficácia limitada possuem aplicabilidade direta, mediata e diferida; (C) As normas constitucionais de eficácia limitada possuem aplicabilidade indireta, imediata e diferida; (D) As normas constitucionais de eficácia contida possuem aplicabilidade direta, mediata, mas possivelmente não integral. 05. (TRT - 23ª REGIÃO/MT - Analista Judiciário - FCC) Dispõe o artigo 18, § 2°, da Constituição Federal: “Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar". De acordo com a classificação de aplicabilidade das normas constitucionais, o art. 18, § 2° da Constituição Federal de 1988 é uma norma de (A) eficácia contida. (B) eficácia plena. (C) princípio programático. (D) princípio institutivo ou organizativo. (E) eficácia controlada. Gabarito 01. C / 02. E / 03. E / 04. A / 05. D 1654462 E-book gerado especialmentepara MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 13 Comentários 01. Resposta: C A Resposta: “C” é a correta, posto que a norma é de eficácia plena, pois não se necessita de outra norma para aplicabilidade do que dispõe o art. 5º, XX, da CF/88. 02. Resposta: E Estamos diante de uma norma constitucional de eficácia contida, tendo em vista que embora a norma tenha aplicabilidade direta e imediata, não é integral, diante da restrição dos seus efeitos por aquilo que estabelece a lei. Ex.: a necessidade de aprovação no exame da Ordem dos Advogados para o exercício da advocacia. 03. Resposta: E As normas constitucionais de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade direta, imediata, mas não integral, tendo em vista que o legislador pode restringir a sua eficácia. 04. Resposta: A As normas constitucionais de eficácia plena possuem aplicabilidade direta, imediata (autoaplicáveis) e integral, não existindo a necessidade de nenhum complemento legal, basta a previsão do direito na própria Constituição Federal. As normas constitucionais de eficácia contida possuem também aplicabilidade direta, imediata, contudo, estão passíveis de restrições pela atuação do legislador infraconstitucional. Diferentemente das normas anteriores, as normas constitucionais de eficácia limitada possuem aplicabilidade indireta e mediata. Em outras palavras, o legislador constituinte previu um direito na Constituição, mas esse direito não pode ser exercido enquanto não surgir uma lei. 05. Resposta: D As normas de eficácia limitada são aquelas que precisam de atuação legislativa posterior para que possam gerar plenamente todos os direitos e obrigações, sendo subdivididas em: normas de eficácia limitada quanto aos princípios institutivos e normas de eficácia limitada quanto aos princípios programáticos. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS A Constituição Federal de 1988 (CF) trouxe em seu Título II os direitos e garantias fundamentais, subdivididos em cinco capítulos: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, direitos políticos e partidos políticos. Na concepção de Bahia8, Direitos e Garantias podem ser entendidos como, Direito em sua acepção clássica, seria a disposição meramente declaratória que imprime existência legal ao direito reconhecido. É a proteção ao bem, ao interesse tutelado pela norma jurídica configurando verdadeiro patrimônio jurídico. Ao lado dos direitos encontramos os deveres, que são normas de caráter limitativo, que buscam impor comportamento de respeito às normas que definem a proteção ao direito fundamental. A todo direito corresponde um dever. Exemplo: ao lado da norma que declara a liberdade de expressão (art. 5", IV), encontramos o dever de exercício dessa liberdade sem ofensa a terceiros, sob pena de aplicação de sanção a quem dele abusa (art. 5", V). As "garantias", por sua vez, traduzem-se no direito dos cidadãos de exigir dos Poderes Públicos a proteção de seus direitos. Servem para assegurar os direitos através da limitação do poder, possuindo caráter instrumental, atuando como mecanismos prestacionais na tutela dos direitos. As garantias constitucionais, segundo a visão bipartida9 da doutrina, classificam-se em gerais e específicas: 8 BAHIA, Flávia. Direito Constitucional. 2018. 9 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 2004. 3 Direitos e garantias fundamentais. 3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 14 a) garantias fundamentais gerais: são aquelas que vêm convertidas em normas constitucionais que proíbem os abusos de poder e todas as espécies de violação aos direitos que elas asseguram e procuram tomar efetivos. Realizam-se por meio de princípios e preceitos constitucionais como o princípio da legalidade, o princípio da liberdade, princípio do devido processo legal, e pelas cláusulas de inviolabilidade (art. 5°, VI, X, XI, XII etc.); b) garantias fundamentais específicas: são aquelas que instrumentalizam, verdadeiramente, o exercício dos direitos, fazendo valer o conteúdo e a materialidade das garantias fundamentais gerais. Por elas, os titulares do direito encontram a forma, o procedimento, a técnica, o meio de exigir a proteção incondicional de suas prerrogativas, como por exemplo o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data, o mandado de injunção, a ação popular, o direito de petição etc. São chamados de "remédios constitucionais" por designar um recurso àquilo que combate o mal, qual seja, o desrespeito ao direito fundamental Garantias Constitucionais Individuais Diz-se Garantias Constitucionais Individuais para se exprimir os meios, instrumentos, procedimentos e instituições destinados a assegurar o respeito, a efetividade do gozo e a exigibilidade dos direitos de cada um. Direitos estes, que se fazem presente nos incisos do Art.5º da Carta Magna. Garantias dos Direitos , Coletivos, Sociais e Político A Constituição Federal de 1988 tutela os direitos difusos e coletivos; o art. 129, III, da CF/88, ao dispor sobre as funções institucionais do Ministério Público, destaca a de promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. A previsão constitucional, além de reconhecer os interesses difusos e, ao mesmo tempo, destinar a sua proteção ao Ministério Público, demonstra não se tratar de norma meramente programática, mas preceptiva ou atributiva de direitos. A própria Constituição confere os meios de investigação, constantes do inquérito civil, e o instrumento de proteção judicial, a ação civil pública. Dispõe, inclusive, sobre a titularidade da ação, ao conferi-la ao Ministério Público. Nesse sentido, o art. 5.º, LXXIII, da Carta Constitucional, que trata da ação popular, também reconhece a existência de interesses difusos e coletivos e estabelecendo que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A Magna Carta reconhece os interesses difusos e coletivos e impõe a sua proteção pelo próprio cidadão, conforme os direitos e garantias fundamentais, por meio da ação popular. A Constituição Federal não somente reconheceu a existência dos interesses difusos e coletivos, mas também estabeleceu um "sistema de garantia" desses interesses, definindo titulares do direito à proteção e instrumentos jurídicos de proteção, ao conferi-la ao Ministério Público, por intermédio do inquérito civil e da ação civil pública, e ao cidadão, por meio da ação popular. Ao Ministério Público coube a titularidade ampla, uma vez que poderá tutelar, além dos interesses especificamente mencionados pela Constituição, como o meio ambiente e o patrimônio público e social, os demais interesses difusos e coletivos, conforme a fórmula genérica utilizada pelo mencionado art. 129 da CF/88. Aos cidadãos coube também uma titularidade, mas restrita, uma vez que a ação popular somente pode ter por objeto a anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou a entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. O texto constitucional não define os interesses difusos, tarefa realizada pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90), que, em seu art. 82, I, os reconhece como interesses transindividuais, de natureza indivisível, de que são titulares pessoas indetermináveis e ligadas por circunstâncias de fato. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos A CF foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também de grupos sociais, os denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser coletivamente consideradas.Por outro lado, pela primeira vez, junto com os direitos, foram também estabelecidos expressamente deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 15 Analisaremos o Artigo 5º da CF com apontamentos em todos os incisos para melhor compreensão do tema. Constituição Federal: TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Esta norma constitucional protege os bens jurídicos dos cidadãos, que são: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. A relação extensa de direitos individuais estabelecida neste artigo tem caráter meramente enunciativo, não se trata de rol taxativo. Existem outros direitos individuais resguardados em outras normas previstas na própria Constituição (por exemplo, o previsto no art. 150, contendo garantias de ordem tributária). I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Este inciso traz um dos princípios mais importantes existentes, que é o princípio da isonomia ou da igualdade. Tal princípio igualou os direitos e obrigações dos homens e mulheres, porém, deve-se observar que este princípio permite que seja possível as diferenciações na medida das desigualdades de cada um. II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Destacamos o princípio da legalidade. Ele garante a segurança jurídica e impede que o Estado atue de forma arbitrária. Tal princípio tem por escopo explicitar que nenhum cidadão será obrigado a realizar ou deixar de realizar condutas que não estejam definidas em lei. Além disso, se não existe uma lei que proíba uma determinada conduta ao cidadão, significa que ela é permitida. III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Garante que nenhum cidadão será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Fundamenta-se pelo fato de que, o sujeito que cometer tortura estará cometendo crime tipificado na Lei nº 9.455/97. Cabe ressaltar, ainda, que a prática de tortura caracteriza-se como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Não obstante, o crime de tortura ainda é considerado hediondo, conforme explicita a Lei nº 8.072/90. Crimes hediondos são aqueles considerados como repugnantes, de extrema gravidade, os quais a sociedade não compactua com a sua realização. São exemplos de crimes hediondos: tortura, homicídio qualificado, estupro, extorsão mediante sequestro, estupro de vulnerável, dentre outros. IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Estabelece a liberdade de manifestação de pensamento. Não somente por este inciso, mas por todo o conteúdo, que a CF consagrou-se como a “Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser citado neste inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção de eventuais pseudônimos não afeta o conteúdo deste inciso, mas tão somente o anonimato na manifestação do pensamento. V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; O referido inciso assegura o direito de resposta, de forma proporcional ao ocorrido. Exemplo: propagandas partidárias, quando um eventual candidato realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o candidato ofendido possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a resposta deverá ser realizada nos mesmos parâmetros que a ofensa. Assim, se a resposta possuir o mesmo tempo que durou a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de comunicação em que foi realizada a conduta ofensiva. Não obstante, o horário obedecido para a resposta deverá ser o mesmo que o da ofensa. Embora exista o direito de resposta proporcional ao agravo, ainda há possibilidade de ajuizamento de ação de indenização por danos materiais, morais ou à imagem. Assim, estando presente a conduta lesiva, que tenha causado um resultado danoso e seja provado o nexo de causalidade com o eventual elemento subjetivo constatado, ou seja, a culpa, demonstra-se medida de rigor, o arbitramento de indenização ao indivíduo lesado. 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 16 VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Em um primeiro momento, este inciso garante a liberdade de escolha da religião pelas pessoas. A segunda parte resguarda a liberdade de culto, garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e liturgias. Este direito não é absoluto, exemplo: uma determinada religião utiliza em seu culto, alta sonorização, que causa transtornos aos vizinhos do recinto. Aqui estamos diante de dois direitos constitucionalmente tutelados. O primeiro que diz respeito à liberdade de culto e o segundo, referente ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, explicitado pelo artigo 225 da CF/88. Como é possível perceber com a alta sonorização empregada, estamos diante de um caso de poluição sonora, ou seja, uma conduta lesiva ao meio ambiente. Curiosamente, estamos diante de um conflito entre a liberdade de culto e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ambos direitos constitucionalmente expressos. Tal conflito é solucionado por meio da adoção do princípio da cedência recíproca, ou seja, cada direito deverá ceder em seu campo de aplicabilidade, para que ambos possam conviver harmonicamente no ordenamento jurídico brasileiro. O Brasil é um país LAICO ou LEIGO, ou seja, não tem uma religião oficial, não condiciona orientação religiosa específica. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Quando o inciso se refere às entidades civis e militares de internação coletiva está abarcando os sanatórios, hospitais, quartéis, dentre outros. Cabe ressaltar que a assistência religiosa não abrange somente uma religião, mas todas. Logo, por exemplo, os protestantes não serão obrigados a assistirem os cultos religiosos das demais religiões, e vice-versa. VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Este inciso expressa a possibilidade de perda dos direitos pelo cidadão que, para não cumprir obrigação legal imposta a todos e para recusar o cumprimento de prestação alternativa, alega como motivo crença religiosa ou convicção filosófica ou política. Um exemplo de obrigação estipulada por lei a todos os cidadãos do sexo masculino é a prestação de serviço militar obrigatório. Nesse passo, se um cidadão deixar de prestar o serviço militar obrigatório alegando como motivo a crença em determinada religião que o proíba poderá sofrer privação nos seus direitos. IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; Este inciso tem por escopo a proteção da liberdade de expressão, sendo expressamente vedada a censura e a licença. Como é possível perceber, mais uma vez nossa Constituição visa proteger o cidadão de alguns direitos fundamentais que foram abolidos durante o período da ditadura militar. Para melhor compreensão do inciso, a censura consiste na verificação do pensamento a ser divulgado e as normas existentesno ordenamento. Desta maneira, a Constituição veda o emprego de tal mecanismo, visando garantir ampla liberdade, taxado como um bem jurídico inviolável do cidadão. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação; Os direitos da personalidade decorrem da dignidade humana. O direito à privacidade decorre da autonomia da vontade e do livre-arbítrio, permitindo à pessoa conduzir sua vida da forma que julgar mais conveniente, sem intromissões alheias, desde que não viole outros valores constitucionais e direitos de terceiro. A honra pode ser subjetiva (estima que a pessoa possui de si mesma) ou objetiva (reputação do indivíduo perante o meio social em que vive). As pessoas jurídicas só possuem honra objetiva. O direito à imagem, que envolve aspectos físicos, inclusive a voz, impede sua captação e difusão sem o consentimento da pessoa, ainda que não haja ofensa à honra. Neste sentido, a súmula 403 do STJ diz: “Súmula 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”. Este direito, como qualquer outro direito fundamental, pode ser relativizado quando em choque com outros direitos. Por exemplo, pessoas públicas, tendem a ter uma restrição do direito à imagem frente ao direito de informação da sociedade. Também a divulgação em contexto jornalístico de interesse público, 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 17 a captação por radares de trânsito, câmeras de segurança ou eventos de interesse público, científico, histórico, didático ou cultural são limitações legítimas ao direito à imagem. Por outro lado, o inciso em questão traz a possibilidade de ajuizamento de ação que vise à indenização por danos materiais ou morais decorrentes da violação dos direitos expressamente tutelados. Não obstante a responsabilização na esfera civil, ainda é possível constatar que a agressão a tais direitos também encontra guarida no âmbito penal. Tal fato se abaliza na existência dos crimes de calúnia, injúria e difamação, expressamente tipificados no Código Penal Brasileiro. XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; O conceito de “casa” é amplo, alcançando os locais habitados de maneira exclusiva. Exemplo: escritórios, oficinas, consultórios e locais de habitação coletiva (hotéis, motéis etc.) que não sejam abertos ao público, recebendo todos estes locais esta proteção constitucional. O referido inciso traz a inviolabilidade do domicílio do indivíduo. Todavia, tal inviolabilidade não possui cunho absoluto, sendo que o mesmo artigo explicita os casos em que há possibilidade de penetração no domicílio sem o consentimento do morador. Os casos em que é possível a penetração do domicílio são: Durante o dia Durante a noite Consentimento do morador Consentimento do morador Caso de flagrante delito Caso de flagrante delito Desastre ou prestar socorro Desastre ou prestar socorro Determinação judicial -- Note-se que o ingresso em domicílio por determinação judicial somente é passível de realização durante o dia. Tal ingresso deverá ser realizado com ordem judicial expedida por autoridade judicial competente, sob pena de considerar-se o ingresso desprovido desta como abuso de autoridade, além da tipificação do crime de Violação de Domicílio, que se encontra disposto no artigo 150 do Código Penal. XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; - Sigilo de Correspondência: possui como regra a inviolabilidade trazida no Texto Constitucional. Todavia, pode haver limitação na inviolabilidade em caso de decretação de estado de defesa ou estado de sítio. Outra possibilidade de quebra de sigilo de correspondência entendida pelo Supremo Tribunal Federal diz respeito às correspondências dos presidiários, visando a segurança pública e a preservação da ordem jurídica. - Sigilo de Comunicações Telegráficas: assim como a inviolabilidade do sigilo de correspondência, é possível a quebra deste em caso de estado de defesa e estado de sítio. - Sigilo das Comunicações Telefônicas: apesar da inviolabilidade de tal direito, será possível a quebra do sigilo telefônico, desde que esteja amparado por decisão judicial de autoridade competente para que seja possível a instrução processual penal e a investigação criminal. A quebra do sigilo telefônico foi regulamentada por meio da Lei Federal 9.296/96. Isso demonstra que não será possível a quebra dos sigilos por motivos banais, haja vista estarmos diante de um direito constitucionalmente tutelado. A quebra desse tipo de sigilo pode ocorrer por determinação judicial ou por Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O sigilo de dados engloba dados fiscais, bancários e telefônicos (referente aos dados da conta e não ao conteúdo das ligações). Quanto às comunicações telefônicas (conteúdo das ligações), existe reserva jurisdicional, ou seja, a interceptação só pode ocorrer com ordem judicial, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, sob pena de constituir prova ilícita. XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 18 Aqui estamos diante de uma norma de aplicabilidade contida que possui total eficácia, dependendo, no entanto, de uma lei posterior que reduza a aplicabilidade da primeira. Como é possível perceber o inciso em questão demonstra a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou profissão, devendo, no entanto, serem obedecidas às qualificações profissionais que a lei posterior estabeleça. Note-se que essa lei posterior reduz os efeitos de aplicabilidade da lei anterior o que garante a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou profissão. Exemplo: o Exame aplicado pela Ordem dos Advogados do Brasil aos bacharéis em Direito, para que estes obtenham habilitação para exercer a profissão de advogados. Como é notório, a lei garante a liberdade de trabalho, sendo, no entanto, que a lei posterior, ou seja, o Estatuto da OAB, prevê a realização do exame para que seja possível o exercício da profissão de advogado. XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; Aqui estamos tratando do direito de informar e de ser informado. Cabe ressaltar que, o referido inciso traz a possibilidade de se resguardar o sigilo da fonte. Esse sigilo diz respeito àquela pessoa que prestou as informações. Todavia, esse sigilo não possui conotação absoluta, haja vista que há possibilidade de revelação da fonte informadora, em casos expressos na lei. XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; O inciso em questão prega o direito de locomoção. Esse direito abrange o fato de se entrar, permanecer, transitar e sair do país. Quando o texto constitucional explicita que qualquer pessoa está abrangida pelo direito de locomoção, não há diferenciação entre brasileiros natos e naturalizados, bem como nenhuma questão atinente aos estrangeiros. Desta forma, como é possível perceber a locomoção será livre em tempo de paz. Porém tal direito é relativo, podendo ser restringido em casos excepcionais e expressamente dispostos na Constituição, como por exemplo, no estado de sítioe no estado de defesa. XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Neste inciso encontra-se garantido o direito de reunião. A grande característica da reunião é a descontinuidade, ou seja, pessoas se reúnem para discutirem determinado assunto, e finda a discussão, a reunião se encerra. Cabe ressaltar que a diferença entre reunião e associação está intimamente ligada a tal característica. Enquanto a reunião não é contínua, a associação tem caráter permanente. É importante salientar que o texto constitucional não exige que a reunião seja autorizada, mas tão somente haja uma prévia comunicação à autoridade competente. De forma similar ao direito de locomoção, o direito de reunião também é relativo, pois poderá ser restringido em caso de estado de defesa e estado de sítio. XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; Este inciso garante a liberdade de associação. É importante salientar que a associação deve ser para fins lícitos, haja vista que a ilicitude do fim pode tipificar conduta criminosa. O inciso traz uma vedação, que consiste no fato da proibição de criação de associações com caráter paramilitar, ou seja, àquelas que buscam se estruturar de maneira análoga às forças armadas ou policiais. XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; Neste inciso está presente o desdobramento da liberdade de associação, onde a criação de cooperativas e associações independem de autorização. É importante salientar que o constituinte também trouxe no bojo deste inciso uma vedação no que diz respeito à interferência estatal no funcionamento de tais órgãos. O constituinte vedou a possibilidade de interferência estatal no funcionamento das associações e cooperativas obedecendo à própria liberdade de associação. XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; O texto constitucional traz expressamente as questões referentes à dissolução e suspensão das atividades das associações. Neste inciso estamos diante de duas situações diversas. Quando a questão for referente à suspensão de atividades da associação, a mesma somente se concretizará através de decisão judicial. Todavia, quando falamos em dissolução compulsória das entidades associativas só 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 19 alcançará êxito por meio de decisão judicial transitada em julgado (decisão definitiva por ter esgotado todas as fases recursais). Logo, para ambas as situações, seja na dissolução compulsória, seja na suspensão de atividades, será necessária decisão judicial. Entretanto, como a dissolução compulsória possui uma maior gravidade exige-se o trânsito em julgado da decisão judicial. XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI- as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Cabe ressaltar que, de acordo com a legislação processual civil, ninguém poderá alegar em nome próprio direito alheio, ou seja, o próprio titular do direito buscará a sua efetivação. No entanto, aqui estamos diante de uma exceção a tal regra, ou seja, há existência de legitimidade extraordinária na defesa dos interesses dos filiados. Assim, desde que expressamente previsto no estatuto social, as entidades associativas passam a ter legitimidade para representar os filiados judicial ou extrajudicialmente. Quando falamos em legitimidade na esfera judicial, estamos nos referindo à tutela dos interesses no Poder Judiciário. Porém, quando falamos em tutela extrajudicial, pode ser realizada administrativamente (Vale esclarecer, é REPRESENTAÇÃO e não substituição processual). XXII- é garantido o direito de propriedade; De acordo com a doutrina civilista, o direito de propriedade caracteriza-se pelo uso, gozo e disposição de um bem. Todavia, o direito de propriedade não é absoluto, pois existem restrições ao seu exercício, como por exemplo, a obediência à função social da propriedade. Há duas garantias de propriedade, a de conservação (ninguém pode ser privado de seus bens, exceto hipóteses previstas nesta constituição) e a de compensação (se privado de seus bens, há o direito de ressarcimento no valor equivalente ao prejuízo sofrido). XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; A função social é uma das limitações ao direito de propriedade. A propriedade urbana estará atendendo sua função social quando obedecer às exigências expressas no plano diretor (é obrigatório para as cidades que possuam mais de vinte mil habitantes e tem por objetivo traçar metas que serão obedecidas para o desenvolvimento das cidades). Quanto à propriedade rural, deve ser obedecida a preservação do meio ambiente, os critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, à utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e à exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; A Desapropriação é o procedimento pelo qual o Poder Público, fundado na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, compulsoriamente, priva alguém de certo bem, móvel ou imóvel, adquirindo-o para si em caráter originário, mediante justa e prévia indenização. É, em geral, um ato promovido pelo Estado, mas poderá ser concedido a particulares permissionários ou concessionários de serviços públicos, mediante autorização da Lei ou de Contrato com a Administração. Requisitos para desapropriação: 1) Necessidade pública; 2) Utilidade pública; 3) Interesse social; Mediante: 1) justa e prévia indenização; 2) Indenização em dinheiro. XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; Neste caso estamos diante do instituto da requisição administrativa, que permite à autoridade competente utilizar propriedades particulares em caso de iminente perigo público (calamidade pública) - já ocorrido ou prestes a ocorrer. Desta maneira, utilizada a propriedade particular será seu proprietário indenizado, posteriormente, caso seja constatada a existência de dano. Em caso negativo, este não será indenizado. Um exemplo típico do instituto da requisição administrativa é o encontrado no caso de guerras. XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 1654462 E-book gerado especialmente para MAYLA FERREIRA GOMES SILVA 20 Este inciso traz a impenhorabilidade da pequena propriedade rural. É importante salientar que a regra de impenhorabilidade da pequena propriedade rural para pagamento de débitos decorrentes da atividade produtiva abrange somente aquela trabalhada pela família. Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
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