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Kuvinirwa, Ritual da cultura Cisena em Moçambique região centro.

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UNIVERSIDADE LICUNCO – EXTENSÃO DA BEIRA 
FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
Educação Visual 
Tema: KUVINIRWA 
Nome: Luis António Michone Educação Visual 2 ano Turma: 2 
KUVINIRWA 
A sociedade moçambicana é multilíngue, pluri-étnica, multi-racial e socialmente 
estratificada. Em Moçambique existem várias formas de organização social, cultural, política e 
religiosa, há também várias crenças, línguas, costumes, tradições, e várias formas de educação, 
sendo uma dela para povo oriundo da região central de Moçambique, concretamente em Sofala 
intitulada “Kuvinirwa” em língua bantu Cisena, para incutir nas raparigas adolescentes o 
preparo para vida adulta, nas suas inter-relações com o seu semelhante na sociedade em que 
está inserida. 
Kuvinirwa é um dos rituais realizada pelo povo falante da língua Cisena na Província 
de Sofala, com as raparigas na sua primeira menstruarão, vulgo “Donzela” ou “Mwali1”, isto é, 
na língua em referência. Esta actividade normalmente decorrem desde a primeira menstruarão 
até a segunda e para alguns realizam em uma semana, outros em duas ou ainda em três. 
Este ritual é acompanhado com senhoras mais velhas “Sémbwene” que são mestre da 
cerimônia, no número de acordo com o pedido da família com o mínimo de 4 senhoras idosas 
e as restantes das mulheres são denominados de acompanhantes que devem serem pessoas que 
já passaram pelo mesmo ritual principalmente para as meninas jovens. E o restante de pessoal, 
do sexo masculino são dispensados, isto é, não podem fazer parte, se possível devem retirarem-
se para outros lugares, seja nas casas dos familiares até o fim do processo. 
Kuvinirwa visa em primeiro lugar preparar a menina em como lidar com a menstruarão 
e incutir na rapariga a informação, conhecimento e todo processo da vida adulta, desde o 
namoro, casamento, filhos, lidar com os familiares do esposo, com sogros, cozinha, entre outros 
aspectos de âmbito cultural e social. E também, Kuvinirwa tem o papel de informar as pessoas 
que a menina já cresceu “Donzelou”. 
 
1 Mwali é uma denominação atribuída a uma menina que apanha a primeira menstruarão. 
O procedimento de Kuvinirwa 
Quando uma menina ou rapariga apanha a sua primeira menstruarão, sendo algo novo 
para ela, lhe cria preocupação e informa a Mãe e sua vez ela também informa o pai, sendo do 
costuma o pai orienta a mãe para puderem fazer “Kuvinirwa”. E a mãe vai em busca das 
senhoras “Sémbwene” para dirigir esse ritual, isto acontece depois do acordo que se fez junto 
ao pai, onde também se preparou os alimentos para se preparar durante a cerimônia. 
Depois de se reunirem as senhoras “Sémbwene” na hora cominada, isto dentro da casa 
dos pais da menina, a mãe entrega a menina as mesmas para elas fazerem o seu trabalho, onde 
incluirá vários testes que serão realizados em vários dias. As Sémbwene fazem distribuição de 
tarefas a cada um, para poderem intervir ou dirigir no seu próprio tempo devido, onde uma tem 
a tarefa de controlar o movimento, a outra forma de preparo de alimentos, sobre abusos ou 
malcriadez, lidar com os familiares do marido etc. 
ALGUNS ASPECTOS OU CONSELHOS TRATADOS NO KUVINIRWA 
Lidar com menstruarão 
Neste item, a rapariga é ensina em como lidar com a menstruarão, sendo algo novo para 
ela e que irá acompanhar ao longo da sua vida, desde a higiene, maneira de colocar o penso (as 
pessoas do campo que não tem condições de adquirir um penso original, elas fazem com 
pedaços de capulanas, isto é, pegam numa capulana velha cortam em pedaços para taparem o 
seu órgão sexual durante este período evitando assim nodoar a saia). 
Respeito pelos Pais 
Em relação ao respeito pelos pais, a rapariga é abonada de toda matéria do ponto em 
alusão, desde respeito pelos pais que a nasceu, familiares maternos e paternos dos pais e do 
esposo, inclusive o próprio esposo, assim como outras pessoas que não tem laço de sangue com 
ela, todos com igualdade. Na senda de saudação, tem posições especificas quando estiver a 
saudar alguém mais velho seja em casa ou na rua, isto é, a menina fica ajoelhada e com rosto 
inclinada ao chão. 
Abuso ou malcriadez 
Sobre a malcriadez uma das Sémbwene usa qualquer das estratégia para dar a sua lição, 
na maioria das Sémbwene optam em dar uma porrada na menina para ver a sua reação ou criam 
um senário ou uma simulação em forma de uma história onde ela é inclusa como uma das 
participantes ofendida e lhe pergunta qual seria a sua resposta, dependendo da resposta, 
posteriormente explicam em não ser malcriada e dão estratégias de superação caso enfrente 
uma situação que lhe obrigue a responder com malcriadez, que pode ser a chave de sucesso na 
sua família com os seus pais em especial no seu próprio lar. 
Cozinha 
A boa comida é enfatizada com muita persistência, não só no tipo de alimento ou 
quantidade, mas em saber cozinhar e servir, porque quando se trata de alguns alimentos como 
peixe, galinha existem partes do mesmo que não podem faltar no prato do marido, para além 
disso no processo de lavagem das mãos a mulher precisa ajoelhar (símbolo de respeito). Outro 
dado importante é o lanche, a mulher precisa ter uma criatividade para surpreender o marido 
com lanche, onde são instruídas a fazer “maheu de farinha de milho ou de batata (Lipipa)”, 
Massaza2 e Mapungululo3. 
Actividades ou tarefas exercidas pela mulher 
As actividades fazem parte do dia-a-dia da mulher, elas são instruídas para além das 
tarefas de casa (varrer quintal, dentro de casa, lavar pratos, dar banho as crianças, etc.) mas sim 
a ser provedora de alimentos para ajudar nas despesas de casa, fazendo machambas para 
produção de arroz, milho, batata, etc. 
Amar e cuidar o marido 
Sendo um dos objectivo de “Kuvinirwa” é preparar a jovem para a vida adulta e onde o 
seu último estágio da vida o casamento, ela passa muito tempo a aprender sobre o mesmo, 
principalmente amar e cuidar do marido tais como: 
 Respeito “Não lhe interrogar perante as pessoas ou as crianças, resolver as indiferenças no 
quarto ou na ausência das crianças, receber a pasta quando o marido estiver a voltar do serviço 
ou mesmo da machamba, não atender as pessoas com cara estranha quando estiver em contenda 
com o seu marido, irem junto e dar banho o marido, a última palavra é do marido, na cama a 
mulher não pode dar as costa o marido sem primeiro pedir autorização do marido” 
De salientar que “Kuvinirwa” é acompanhada pelas canções e danças “Massesseto” que 
são realizadas dentro da casa ao dia, a noite e pela manhã sedo vão para um rio próximo para 
 
2 Massaza é agua de arroz retirada na panela do arroz enquanto ferve ao lume, faltando alguns minutos de cozedura. 
 
3 Mapungululo é um liquido espesso, em forma de Maheu retirada na panela no processo de se fazer xima, antes de começar a 
amassar. 
darem banho a menina, essa toda trajectória tanto para ir à casa de banho ela é coberta para não 
ser vista. E durante as incursões deste trabalho ela é deixada pelada, isto é, sem roupa até acabar 
o processo e que as coloca se pretende sair fora por forca maior como necessidade biológica. 
No clímax do “Kuvinirwa” é tratado do MUKHO4 que servem de norteador e apraz medo na 
mulher para efetivação do mesmo, dentre eles se destacam os seguintes: 
➢ A mulher antes de estar casada, ela não deve saltar os pés do um rapaz (Dá hérnia); 
➢ Não pode bater o rapaz com a palma da mão quando estiver menstruada (Dá hérnia); 
➢ A mulher antes de estar casada não pode comer ovo (Infertilidade); 
➢ Não pode peneirar contra o homem (Dá azar); 
➢ Não pode comer o resto de comida da noite anterior (Chove no dia de casamento); 
➢ Não pode bater um homem seja criança ou adulto com maçador (Doença como dor de 
coluna). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 MUKHO sao series de proibicoes que se considera grave no seu incrumprimento, trazendo consequencias inreversivel 
futuramente.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
➢ VIEGAS, António Mariana. Depoimento [Set. 2021] Entrevistador, Luis António 
Michone, Entrevista concedida para pesquisa sobre Kuvinirwa. 
➢ Maria Giua Tomocene, Depoimento [Set. 2021] Entrevistador, Luis António Michone, 
Entrevista concedida para pesquisa sobre Kuvinirwa.

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